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- 13/08/2021 - Hidrogel capaz de estocar CO2 no solo será desenvolvido e testado no BrasilFonte: Agência FapespAgência FAPESP – Entre os diversos esforços para diminuir o efeito estufa na atmosfera estão projetos voltados a promover o sequestro de dióxido de carbono (CO2) com soluções baseadas na natureza. No geral, são tecnologias com grande potencial disruptivo e que poderão abrir frente para uma nova cadeia de valor na captura, uso e armazenamento de carbono. É o caso de um hidrogel que está sendo desenvolvido por pesquisadores de diversas instituições da Universidade de São Paulo (USP), sob a liderança do Centro de Pesquisa para Inovação em Gás(RCGI) – um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído por FAPESP e Shell na Escola Politécnica (Poli-USP).
O projeto, denominado Programa Hidrogel, é financiado pela Shell Brasil com recursos da Cláusula de Investimento em P&D dos Contratos de Concessão da ANP.
Composto por material orgânico, o hidrogel será produzido com moléculas sintetizadas a partir de CO2. Uma vez usado no plantio, os grânulos do produto se degradariam e liberariam o carbono para estocá-lo no solo. Segundo Alexandre Breda, executivo da Shell e vice-diretor do RCGI, o produto será desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) a partir de ácido oxálico e um biomonômero. O ácido oxálico, por sua vez, será produzido pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) a partir do CO2.
Uma vez pronto, o hidrogel será testado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP). Em paralelo, o Instituto de Energia e Ambiente (IEE-USP) irá propor os padrões normativos necessários para a entrada do produto no mercado. O IEE-USP já desenvolve um trabalho focado na produção de documentos normativos para a aplicação global desse tipo de tecnologia, em conformidade com as normais internacionais. O trabalho abrange tanto soluções baseadas na natureza como aquelas que permitem transformar CO2 em produtos químicos de alto valor agregado.
Sumidouro de CO2
O CO2 é apontado como um dos principais gases causadores do efeito estufa e das mudanças climáticas. Sua quantidade na atmosfera vem crescendo principalmente devido à queima de combustíveis fósseis. Estocar o excedente desse carbono é uma ação urgente e recomendada para ajudar a mitigar o efeito estufa. E o solo, que já faz o processo de estocagem de forma natural, tem potencial para ser um grande sumidouro de CO2. É aí que entra o papel da Esalq-USP nos testes com o hidrogel.
"Além de quantificar a estocagem de CO2, queremos saber quais são os possíveis benefícios do hidrogel para o solo e para as plantas em condições de clima tropical", conta o coordenador da pesquisa,Carlos Eduardo Pellegrino Cerri, professor do Departamento de Ciência do Solo da Esalq-USP, à Assessoria de Comunicação do RCGI.
Segundo ele, quando um material orgânico se decompõe no solo, parte do dióxido de carbono gerado fica retido na terra e o restante retorna à atmosfera na forma de gás. "Em condições naturais, aproximadamente um terço do carbono fica retido no solo. O que buscamos saber é o quanto do carbono do hidrogel ficará estabilizado no solo em condições tropicais", afirma.
Somada à estocagem do CO2 pelo solo, o ácido oxálico produzido pelo Ipen terá pegada negativa de carbono no processo de captura. Segundo Thiago Lopes, responsável por essa parte da pesquisa, o CO2 será transformado em ácido oxálico pela rota eletroquímica e/ou fotoeletroquímica.
"Com o uso de eletricidade [ou fótons] de fontes renováveis poderíamos capturar perto de duas moléculas de CO2 para produzir o ácido oxálico. Criaríamos um círculo virtuoso de sorvedouro do gás de efeito estufa, promovendo o pagamento da dívida histórica de emissões da nossa sociedade", afirma Lopes.
Relação solo-planta
Outro desafio da pesquisa é avaliar o desempenho do hidrogel na relação solo-planta. A expectativa é que os grânulos do produto, uma vez umidificados, retenham água e a liberem gradualmente para a planta, o que diminuiria a necessidade de irrigação, aumentaria a absorção de macro e micronutrientes pela planta, além de trazer benefícios para as propriedades do solo.
"O fato de o hidrogel ser biodegradável tem vantagens que vão além da questão ambiental. Uma delas é aumentar a taxa de absorção de micronutrientes, algo que só ocorre na solução do solo. Outra é propiciar condições favoráveis para a proliferação de microrganismos benéficos no solo, o que potencialmente aumentaria a competição com patógenos causadores de doenças", afirma Cerri.
Um dos aspectos mais interessantes da pesquisa é referente à troca de cátions no solo. Segundo Cerri, boa parte dos elementos que a planta absorve tem carga positiva (cátions). No entanto, o solo brasileiro tem pouca carga negativa, o que significa que muitos dos nutrientes com carga positiva acabam não se fixando e se perdendo por lixiviação. "A proposta é usar o hidrogel com argilas para aumentar a carga negativa no solo e, assim, otimizar a capacidade de troca de cátions", afirma.
Caberá ao Instituto de Química da UFRGS produzir um hidrogel com essa capacidade. O trabalho está sendo liderado pelo professor Douglas Gamba, do Departamento de Química Orgânica, e prevê o uso do ácido oxálico produzido pelo Ipen, com seus derivados ésteres etílicos, além de produtos de fontes renováveis, como glicerol ou poliglicerol e diferentes hidroxiácidos carboxílicos naturais. Tal composição resultará em um hidrogel com alta capacidade de absorção e retenção de cátions no solo.
Outra aplicação promissora, que poderá ser estudada mais à frente, é fazer do hidrogel um meio de entrega de xenobióticos nas culturas. Em vez de pulverizar grandes quantidades de pesticidas, por exemplo, os produtos químicos seriam disponibilizados pelo hidrogel de forma mais efetiva e controlada.
Inicialmente, os testes na Esalq-USP serão feitos em sistemas fechados, que propiciam melhor controle dos experimentos. Depois é que se partirá para avaliação em campo. Estão previstos testes com cinco culturas, de ciclos diversos: gramíneas, soja, milho, eucalipto e cana-de-açúcar, por exemplo. Os primeiros resultados deverão sair em menos de dois anos. Após quatro anos, o grupo espera ter dados suficientes para subsidiar a tomada de decisão sobre o potencial do uso do hidrogel nos agrossistemas do Brasil.
* Com informações da Assessoria de Comunicação do RCGI.
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- 09/08/2021 - MCTI debate cooperação técnica sobre energia nuclear com Agência InternacionalO titular da pasta da Ciência, Tecnologia e Inovações do Brasil, astronauta Marcos Pontes, conversou com representantes da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em Viena
O titular da pasta da Ciência, Tecnologia e Inovações do Brasil, astronauta Marcos Pontes, conversou com representantes da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em Viena
Fonte: MCTIO ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, astronauta Marcos Pontes, participou na segunda-feira (9) de reuniões com representantes da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O encontro foi em Viena, na Áustria. O ministro conversou sobre a cooperação técnica do Brasil com a AIEA por meio da Comissão Nacional de Energia Nuclear, organização vinculada ao MCTI. Historicamente, o Brasil tem mantido atuação de destaque em questões internacionais sobre a energia nuclear. Um dos exemplos é a participação do país no processo de estabelecimento do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) em defesa do uso pacífico da energia nuclear e do desarmamento.
Os principais marcos da cooperação técnica do Brasil com a AIEA estão em diversas áreas entre elas a saúde, por intermédio do Programa de Cooperação Técnica da AIEA, o país tem avançado na capacidade de colocar à disposição para a população atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) técnicas avançadas de radioterapia. No campo, o Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA-USP) criado com apoio da AIEA, tem sido responsável pela disseminação de técnicas nucleares para outros países no setor. Já no meio ambiente, as técnicas nucleares, por meio do uso de radioisótopos, isótopos estáveis, radiotraçadores e outras tecnologias tem sido utilizadas na preservação e conservação ambiental com objetivo de manter o desenvolvimento sustentável. Na indústria, as técnicas nucleares têm sido aplicadas no desenvolvimento de novos materiais, produtos e processos para a segurança alimentar e nas práticas industriais mais limpas e seguras. Para a geração elétrica, o uso da energia nuclear tem sido uma alternativa para implementar a matriz energética do país.
O ministro astronauta Marcos Pontes, se encontrou primeiro com a Diretora-Geral Adjunta e Chefe do Departamento de Ciências e Aplicações Nucleares da AIEA, Najat Mokhtar. Em seguida, o chefe da pasta da Ciência, Tecnologia e Inovações do Brasil conversou com o Diretor-Geral Adjunto e Chefe do Departamento de Cooperação Técnica da agência, Hua Liu. Em julho deste ano, o ministro Marcos Pontes se encontrou com o Diretor-Geral da AIEA, Rafal Grossi. Na ocasião, o ministro brasileiro reforçou que gostaria de explorar formas de levar as tecnologias nucleares para utilização no dia a dia da população.
AIEA
A Agência Internacional de Energia Atômica foi criada em 1957 com o objetivo de promover o uso pacífico da energia nuclear, a proteção radiológica e a segurança nuclear. A AIEA conta com quatro departamento técnicos, um departamento dedicado à promoção da cooperação técnica e um departamento voltado à gestão. Seus órgãos de tomada de decisão são a Junta de Governadores e a Conferência Geral sendo a primeira integrada por 35 países, dentre eles o Brasil, e a segunda, órgão de nível máximo de deliberação, integrada por todos os Estados-Membros da organização.
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- 03/08/2021 - FAPESP atualiza normas para Bolsa Estágio de Pesquisa no ExteriorFonte: Agência FapespAgência FAPESP – A FAPESP realizou a revisão das normas para a apresentação de solicitações de Bolsas Estágio de Pesquisa no Exterior (BEPE), que passaram a vigorar no último domingo (01/08). Também houve a reformulação e atualização da FAQ da modalidade.
As normas da BEPE contêm as diretrizes do apoio da FAPESP para que bolsistas de Iniciação Científica, Mestrado, Doutorado Direto, Doutorado e Pós-Doutorado realizem estágios de curta ou média duração como parte integrante da bolsa no país, viabilizando o intercâmbio de pesquisadores em formação com grupos de pesquisa no exterior.
A atualização das normas da BEPE incluiu o detalhamento do processo de análise, que reúne a definição dos critérios de análise e uma listagem com as deficiências mais frequentemente observadas nas solicitações.
Foi alterado o processo de análise das BEPEs: as solicitações passarão a ser submetidas a análises colegiadas periódicas, favorecendo a aplicação homogênea dos referenciais de excelência estabelecidos pela FAPESP com base na experiência de análise de grande quantidade de solicitações.
A FAPESP também passa a recomendar que as propostas de BEPE sejam submetidas, sempre que possível, com antecedência de seis meses em relação à data prevista para início do estágio, considerando o tempo necessário para análise da solicitação. Tal recomendação é importante para que, caso a bolsa seja aprovada, o bolsista possa tomar as providências necessárias para a viagem, como obtenção de visto ou compra de passagens, em tempo hábil e sem a necessidade de alteração de vigência.
As novas normas incluem alteração no período mínimo de reativação da bolsa no país exigido no retorno do bolsista ao Brasil, de modo a viabilizar a aplicação e o repasse dos conhecimentos e resultados obtidos no estágio no exterior para o projeto de pesquisa desenvolvido no Estado de São Paulo.
Foram alterados os prazos mínimos de início do estágio (antes do término da bolsa no país) para as bolsas de Mestrado, Doutorado Direto, Doutorado e Pós-Doutorado: bolsistas de Mestrado deverão iniciar o estágio no mínimo seis meses antes do fim da vigência da bolsa no país; bolsistas de Doutorado Direto, Doutorado e Pós-Doutorado deverão iniciar o estágio no mínimo 12 meses antes do fim da vigência da bolsa no país.
Com relação a bolsistas de Iniciação Científica, a atualização das normas BEPE mantém o prazo mínimo exigido de quatro meses.
É importante destacar que os novos prazos se aplicam a bolsas no país submetidas (proposta inicial, solicitação de reconsideração e solicitação de renovação de bolsa) a partir de 1º de agosto de 2021.
Para bolsas no país solicitadas até 31 de julho de 2021, aplicam-se os prazos constantes no item 5 das normas anteriores, disponíveis em www.fapesp.br/14993, e também as orientações publicadas pela FAPESP nos Comunicados sobre a COVID-19 nº 12 e nº 14.
Conforme comunicados, considerando o cenário causado pela pandemia de COVID-19, a FAPESP analisará caso a caso, em caráter excepcional, as propostas de BEPE em que o tempo mínimo restante de vigência da bolsa no país, após o retorno do bolsista, seja inferior àquele definido no item 5 das normas vigentes até 31 de julho de 2021.
Para a análise, o bolsista e o orientador/supervisor deverão apresentar, além dos documentos citados no Comunicado nº 12 e daqueles exigidos para submissão da proposta, um plano de divulgação e transferência do conhecimento adquirido durante seu estágio no exterior, que evidencie sua viabilidade, conforme Comunicado nº 14. A execução dessas atividades será avaliada na submissão dos Relatórios Científicos finais da bolsa no país e da BEPE.
Ademais, a atualização e padronização das normas BEPE seguem as revisões já realizadas em outras modalidades, com relação a itens como requisitos para solicitação, compromissos exigidos, documentos necessários para envio de propostas, roteiros para elaboração de projetos de pesquisa e orientações para envio de Relatórios Científicos.
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- 02/08/2021 - Águas mais limpasIrradiação trata, in situ, efluentes industriais e evita poluição em córregos, rios e águas subterrâneas
Irradiação trata, in situ, efluentes industriais e evita poluição em córregos, rios e águas subterrâneas
Fonte: Revista Brasil Nuclear
Um projeto inovador, voltado para o combate à poluição e para a preservação ambiental, encontra-se em fase final de desenvolvimento no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen/Cnen) e deverá estar disponível a partir de 2022. Trata-se da Unidade Móvel com Acelerador de Elétrons para Tratamento de Efluentes Industriais e sua Reutilização, um sistema para tratar efluentes industriais no local onde são gerados, evitando que sejam lançados in natura em córregos e rios, com grande prejuízo para o meio ambiente e para a saúde pública.De acordo com o superintendente do Ipen, Wilson Calvo, a unidade móvel com acelerador de feixe de elétrons tem potencial para tratar um volume entre 20 m3/dia a 1.000 m3/dia, ao custo de US$ 0,60 a US$ 30,1 por metro cúbico, dependendo da composição química do efluente objeto do tratamento. Ela poderá ser usada para o tratamento de efluentes da produção de petróleo, para a dessulfurização de petróleo (processo de remoção de enxofre) e para a degradação de compostos orgânicos tóxicos em águas residuais com fins de reutilização.
Além de prestar serviços de irradiação na própria empresa, o laboratório móvel permitirá ao Ipen oferecer treinamento em manutenção e operação de aceleradores industriais de elétrons e realizar estudos de viabilidade técnica e econômica entre plantas em escala laboratorial e industrial, demonstrando a eficiência dessa tecnologia para resolver problemas de efluentes industriais no Brasil.
O projeto está sendo desenvolvido pelo Centro de Tecnologia das Radiações (CTR) do Ipen, em parceria com a empresa Truckvan Indústria e Comércio Ltda., especializada na fabricação de unidades móveis para as áreas de saúde, capacitação e treinamento profissional, eventos, serviços, defesa e segurança, e a Nuclebras Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep), responsável pela caixa de blindagem radiológica do acelerador. O empreendimento conta com recursos da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
O projeto do laboratório móvel é fruto de um programa de pesquisa de tratamento de efluentes industriais, iniciado no CTR em 1992, utilizando um dos seus aceleradores industriais de elétrons fabricados pela Radiation Dynamics Inc., com 1,5 milhão de elétron-Volts (1,5 MeV) de energia, 25 mA de corrente de feixe e 37,5 kW de potência. Em setembro de 1993 foi concluída a construção de uma planta piloto, projetada para tratar 3 m3/h de efluentes líquidos por feixe de elétrons no Instituto. As pesquisas foram desenvolvidas em parcerias com empresas como a Companhia de Saneamento de São Paulo (Sabesp) e a Petrobras e indústrias químicas, farmacêuticas e de tintas, dentre outras. Todos os estudos relacionados ao projeto geraram várias teses de doutorado e dissertações de mestrado, mais de 50 trabalhos publicados em revistas científicas e apresentados em congressos internacionais.
O custo total do projeto da Unidade Móvel com Acelerador de Elétrons para Tratamento de Efluentes Industriais e sua Reutilização é de R$ 7 milhões. Desse total, R$ 1,2 milhões estão sendo investidos pelo Ipen. Cerca de R$ 374 mil foram aportados pela Truckvan, por meio do "Acordo de Parceria para Realização de Atividades Conjuntas de Desenvolvimento Tecnológico” (desenho e especificação do chassi da unidade móvel, adequação do projeto às normas e legislação brasileiras de transporte de cargas, dentre outras); a AIEA investiu 250 mil euros, por meio do projeto "IAEA TC Project BRA1035 - Mobile electron beam accelerator to treat and recycle industrial effluents”, destinado ao treinamento dos engenheiros e tecnologistas do Ipen na empresa coreana EB-Tech, fabricante do acelerador industrial de elétrons; a Finep tem financiamento aprovado de US$ 622 mil, por meio do Projeto "Implantação de unidades móveis visando disponibilizar a tecnologia gerada no Ipen para o setor produtivo e a sociedade/troca de equipamentos obsoletos”.
Projeto multidisciplinar
O projeto, a construção e a operação da unidade móvel envolve profissionais com formações multidisciplinares como engenheiros elétricos, eletrônicos e mecânicos, farmacêuticos, químicos, biólogos, físicos e projetistas, dentre outros.
A parte frontal do veículo conta com uma sala com equipamentos multimidia, notebooks e instrumentos analíticos. "Trata-se de um espaço onde a parte teórica e a prática podem ser expostas e demonstradas. Os equipamentos analíticos, por exemplo, viabilizam avaliar no local de tratamento os efluentes industriais antes e após a irradiação”, explica a arquiteta Fabiana de Faria Lainetti, em sua dissertação de mestrado "Desenvolvimento do projeto arquitetônico de uma unidade móvel de irradiação do Ipen para o tratamento de efluentes industriais”, defendida em 2019 no Ipen/USP. De acordo com ela, a unidade móvel pode levar esse tipo de tecnologia específica para diversas partes do Estado de São Paulo, outros estados do Brasil e até outros países da América Latina. "É uma grande oportunidade de apresentar mais uma alternativa para tentarmos minimizar os problemas que afetam o meio ambiente, muitos deles provocados por diversas ações do homem”, diz.
Em função da pandemia de Covid-19, houve atraso na importação e entrega pela Finep/Fundep do acelerador industrial de elétrons (700 keV, 28 mA e 20 kW). Sua instalação na unidade móvel ocorrerá ainda este ano e será realizada por engenheiros e técnicos da EB-Tech, juntamente com uma equipe do Instituto.
Já a fabricação da Caixa de Blindagem Radiológica para o dispositivo de irradiação do acelerador industrial de elétrons acaba de ser concluída pela Nuclep. A Caixa de Blindagem Radiológica pesa cerca de 15,86 toneladas e tem como objetivo fornecer a proteção adequada a trabalhadores e ao meio ambiente durante as operações.
Benefícios e difusão
Fabiana Lainetti aponta "a necessidade de atendimento à legislação, cada vez mais restritiva, e o impacto positivo na imagem pública do empreendimento, por meio das iniciativas de combate à poluição”, como motivos da difusão que vem ocorrendo com a prática de tratamento de efluentes industriais. Ela também destaca as vantagens econômicas, dentre elas a possibilidade de reutilização da água obtida do tratamento dos efluentes nos próprios processos das empresas.
Já o tratamento in situ dos efluentes, realizado através de unidades móveis, oferece o benefício adicional da eliminação dos custos e dos problemas legais relacionados com o transporte de resíduos.
O tratamento de efluentes industriais por feixe de elétrons vem se disseminando em diversos países, com destaque para a Coreia do Sul e, recentemente, a China. Este país conta com plantas de irradiação instaladas em complexos têxteis, para reutilização da água tratada no processo produtivo de tecidos.
Já no Brasil, diversos fatores ainda dificultam sua utilização em escala comercial, dentre eles: a falta de difusão da tecnologia, de produtores nacionais do equipamento, do alto capital inicial de investimento e a falta de infraestrutura nas indústrias para suportar um equipamento nas dimensões requeridas.
No entanto, segundo Wilson Calvo, em outras áreas como nas indústrias de alimentos, eletrônicas e embalagens, verifica-se nos últimos anos uma ampliação das aplicações dos aceleradores de elétrons, principalmente os de baixa energia (ver Múltiplas aplicações).
Opções de tratamento
As águas residuárias industriais podem conter uma variedade de poluentes, incluindo pesticidas, materiais orgânicos, produtos químicos e tintas, que podem ser prejudiciais à saúde e, em alguns casos, muito tóxicos. Seu tratamento permite eliminar ou minimizar a quantidade de contaminantes, buscando evitar a contaminação de recursos hídricos superficiais e subterrâneos.
Diferentes tipos de contaminantes precisam de diferentes métodos de tratamento. A utilização da radiação, combinada com outros métodos, pode eliminar alguns contaminantes e decompor mais facilmente a matéria orgânica (facilitando o tratamento), necessitando de menos produtos químicos e diminuindo os poluentes secundários. A velocidade do processo de tratamento e maior se comparada aos métodos tradicionais de tratamento, gerando melhor custo-benefício no tratamento de grandes volumes de efluentes.
O objetivo do uso da radiação ionizante, por meio de feixe de elétrons de média e alta energias, no tratamento de efluentes industriais é degradar os compostos orgânicos, diminuindo os impactos ambientais. "Ela pode ser utilizada de forma efetiva para o tratamento de águas residuais, destruindo compostos orgânicos e biológicos, minimizando os contaminantes e removendo as cores e odores indesejáveis”, garante Fabiana Lainetti.
Laboratório móvel
A unidade móvel funciona como um laboratório móvel, que tem equipamentos analíticos, e também como um acelerador de elétrons. Essa unidade vai até à empresa, que pode ser uma fabricante de tintas ou petroquímica, por exemplo, coleta efluentes, analisa e, por fim, aplica elétrons que vão degradar compostos orgânicos. "Com isso, conseguimos mostrar para a indústria que existem tecnologias alternativas ao invés de uma incineração ou de um processo convencional”, explica o superintendente do Ipen, Wilson Calvo. Segundo ele, na prestação de serviços tecnológicos de irradiação às indústrias químicas, petroquímicas e de saneamento, a parceria com a empresa Truckvan é fundamental.
Dentre os processos de tratamento de efluentes industriais contendo compostos orgânicos, destacam-se: Adsorção em carvão ativo e resinas, Biodegradação (aeróbia e anaeróbia), Incineração e Processo de oxidação avançada. A irradiação por feixe de elétrons utilizada na Unidade Móvel é classificada entre as tecnologias de oxidação avançada.
"A grande vantagem é que, no tratamento por radiação ionizante (feixe de elétrons), o processo é homogêneo sem efeito de superfície ou concentração, aplicável tanto para substratos polares quanto não polares, e os efeitos de degradação independem do pH do efluente industrial. Nesse sentido, a tecnologia propicia um amplo espectro de utilização no mercado, tais como, no tratamento de efluentes provenientes das indústrias têxteis, farmacêuticas, químicas, petroquímicas, de fábricas de papel e celulose, de aterros sanitários, de estações de tratamento de efluentes domésticos e industriais, dentre outros”, explica Wilson Calvo. "Há estudos no Ipen e internacionais em diversos setores produtivos, os quais comprovam que o tratamento por radiação ionizante oferece benefícios tecnológicos e econômicos em relação às técnicas convencionais de tratamento de poluentes recalcitrantes”, completa.
Múltiplas aplicações
O acelerador utilizado na unidade móvel produz elétrons a partir de um filamento de tungstênio aquecido, do qual são extraídos e acelerados em um tubo em vácuo, com campo elétrico aplicado, até atingirem uma bobina de varredura, gerando um feixe de elétrons, o qual possui energia para atravessar uma janela de titânio e interagir com a superfície do produto a ser processado. O equipamento é alimentado por energia elétrica, e os elétrons acelerados até atingirem a energia de 700.000 elétron-Volts (700 keV), o que faz com que o efluente industrial ou doméstico não se torne radioativo, após o tratamento.
Os aceleradores de partículas são utilizados na medicina e também em diversas aplicações industriais. Um dos usos mais disseminados no mundo inteiro é a produção de diferentes tipos de radioisótopos, para o diagnóstico e tratamento de doenças. Os feixes de elétrons também podem ser utilizados para reduzir a carga microbiana em plaquetas sanguíneas humanas e em enxertos de pele. E, ainda, para radioesterilizar produtos, incluindo os de uso médico.
Na indústria de alimentos, os feixes de elétrons podem eliminar bactérias patogênicas, tais como Escherichia coli, Salmonela e Listeria, insetos e retardar o processo germinativo em produtos vegetais, aumentando a sua vida de prateleira. Eles também são utilizados em sistemas de segurança, gerando raios X e imagens de diferentes tipos de materiais para a inspeção de cargas densas.
Outra aplicação industrial é a modificação de polímeros (a exemplo dos fios e cabos elétricos que são irradiados no Ipen) e outros materiais, na indústria eletrônica e na preservação do meio ambiente, através do tratamento de gases tóxicos de combustão, lodos e águas residuais.
Prêmio Inédito na AL
O projeto da Unidade Móvel foi contemplado com várias premiações, destacando-se o Prêmio "Nuclear Technologies for better life”, concedido pela estatal russa Rosatom, em 2019. Fabiana de Faria Lainetti foi contemplada com o prêmio Master Student Paper Award, na International Meeting on Radiation Processing (IMRP 2019), em Estrasburgo, França.
O Ipen foi o primeiro representante latino-americano a conquistar o prêmio, com o projeto "Multipurpose Gamma Irradiation and Mobile Unit with na Electron Beam Accelerator Developed in Brazil” (Irradiador Gama Multipropósito e Unidade Móvel com Acelerador de Feixe de Elétrons Desenvolvido no Brasil). O Instituto concorreu com outros 10 países, com projetos da iniciativa privada como a General Electric (GE) e instituições como a Universidade da California.
Implementado pelo CTR, o projeto refere-se a duas importantes estruturas para a aplicação da tecnologia nuclear: um irradiador de uso contínuo de Cobalto-60 e um acelerador de feixe de elétrons para tratamento de efluentes industriais.
O irradiador de uso contínuo de Cobalto-60 está em atividade desde 2003 e é prioritariamente utilizado para as necessidades do Instituto, como a esterilização dos recipientes usados para transporte e uso de radiofármacos, esterilização de rações e outros insumos do biotério e irradiações de suporte às pesquisas desenvolvidas no Ipen e nas instituições parceiras. Além disso, promove aplicações pioneiras no Brasil, como a desinfestação e a contenção da proliferação de microrganismos em bens culturais e obras de arte por meio da radiação ionizante do Co60.
No meio ambiente, na agricultura...
Umas das primeiras unidades móveis de irradiação por feixe de elétrons foi construída nos EUA, na década de 1990, por pesquisadores da Universidade de Miami, na Florida. O acelerador foi desenvolvido em parceria com a empresa High Voltage Environmental Applications Inc. e possuia 500 keV de energia e 20 kW de potência.
Atualmente, seu uso foi adotado por países como EUA, China, Alemanha e Coreia, entre outros. Um exemplo é a unidade móvel construída pela coreana Eb-Tech para o tratamento de efluentes. Outro exemplo é a unidade construída pela empresa alemã Evonta, especializada em tratamento de sementes, junto com o Instituto Fraunhofer, que projeta, constrói e comercializa aceleradores de elétrons, como solução para prolongar a vida útil e qualidade das sementes, por meio da desinfecção superficial por irradiacao direta. O tratamento oferece um meio rápido, seguro e ecológico de se livrar dos patógenos das plantas utilizando feixe de elétrons.
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- 02/08/2021 - Deixamos de ser coadjuvantes, agora somos protagonistasFonte: Revista Brasil NuclearUm tratamento de Medicina Nuclear que contribui para aumentar a sobrevida de pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração acaba de ganhar o reconhecimento da comunidade mundial de Oncologia. O estudo "Vision de Fase III” com PSMA-Lutécio177 foi apresentado no American Society of Clinical Oncology (Asco), considerado o mais importante encontro mundial de Oncologia Clínica, realizado no período de 4 a 8 de junho. Para o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), o médico nuclear George Coura Filho, o momento é histórico para a especialidade. "Saímos de uma posição de coadjuvantes, apesar do largo uso e comprovada eficácia da Medicina Nuclear, para a de protagonistas ao ter um trabalho científico da especialidade no Asco 2021”, celebra. "Estamos falando de um tratamento que já está em uso, com resultados preliminares muito positivos e que agora ganha a chancela da comunidade global sobre os benefícios da Medicina Nuclear”, informa o representante da entidade."No passado, quando médico oncologista se deparava com o câncer de próstata avançado, o mais indicado seria o tratamento paliativo. Há mais de uma década, surgiram diversos tratamentos que vêm mostrando benefício na sobrevivência dessa população e a molécula radioativa PSMA-Lutécio177 entra como possibilidade terapêutica de grande peso nesse cenário. Já estamos oferecendo este tratamento nos pacientes brasileiros. Oncologistas clínicos estão tão entusiasmados quanto os médicos nucleares”, revela o presidente da SBMN.Formado em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP) e com doutorado em Ciências pela mesma instituição, o dr. George Coura Filho atua no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo e no centro de diagnóstico médico por imagem Dimen Medicina Nuclear. Nessa entrevista a Vera Dantas, da Brasil Nuclear, ele fala sobre os desafios da Medicina Nuclear no país e as medidas que considera indispensáveis para a sua expansão, dentre as quais destaca a atualização da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), sem reajuste há 12 anos, e a construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB).O que é a terapia com PSMA-Lutécio 177?A terapia com PSMA-Lutécio177 combina um peptídeo que se liga a marcadores expressos por tumores e um isótopo radioativo, causando danos ao DNA, o que inibe o crescimento e a replicação do tumor. Esta abordagem terapêutica permite a distribuição direcionada de radiação ao tumor, enquanto limita os danos ao tecido normal circundante. O câncer de próstata é o tipo mais comum de câncer entre a população masculina, representando 29% dos diagnósticos da doença no Brasil. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam para 65.840 novos casos de câncer de próstata em 2021.Onde essas pesquisas foram realizadas?Vários centros no mundo estavam fazendo pesquisas com o Lutécio PSMA. Mas eram estudos retrospectivos, que mostravam algum benefício mas não o que científicamente se categoriza como a melhor evidência científica, como os estudos randomizados, prospectivos, preferencialmente duplo cegos. Recentemente, a empresa farmacêutica Novartis patrocinou um estudo randomizado, prospectivo, que contou com a contribuição de vários centros de pesquisa em todo o mundo. Esse estudo, que demonstrou o melhor nível de evidência do benefício do tratamento com o PSMA-Lutécio 177, foi apresentado na plenária do maior Congresso de oncologia do mundo, que é o Congresso da Asco.O PSMA-Lutécio 177 utilizado no Brasil é importado?Sim, tanto o PSMA como o Lutécio. Aqui é feita a rádiomarcação, atualmente, realizada pela empresa RPH, porém, com resultados tão positivos, espera-se novas empresas também entrando neste mercado.Existem pesquisas no Brasil?Eu tenho informação que vários centros universitários e de formação médica estão participando de um projeto junto com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).Qual a sobrevida do paciente?Isso vai depender muito de qual fase de tratamento esse paciente foi incluído. Se o Lutécio PSMA é aplicado precocemente, a sobrevida pode ser de alguns anos; já se a medicação é usada mais posteriormente, a sobrevida vai ser de alguns meses a mais do que quem não tomou. Já para o Lutécio 177, segundo dados divulgados, a sobrevida global de 15.3 meses para tratamento versus 11.3 meses para o grupo controle. Em relação a sobrevida livre de progressão é de 8.7 meses para tratamento versus 3.4 meses para o grupo controle. Quando a doença do paciente é resistente à castração, a sobrevida é bastante encurtada e ele vai acabar precisando de sequenciamento de diversas medicações. Mas acho que o Lutécio 177 pode ter um papel muito importante, talvez se tornando uma das drogas protagonistas no câncer de próstata.Qual é o cenário da Medicina Nuclear no país?Não é de hoje que enfrentamos dificuldades para a obtenção de rádiofármacos, mas com a pandemia alguns problemas foram exacerbados. Um deles é a nossa grande dependência da importação de insumos ativos para uso médico. Com a redução do número de vôos vindo para o Brasil, muitas vezes ficamos sem algumas semanas sem receber esses isótopos radioativos de uso médico para distribuição no território brasileiro, deixando muitos pacientes desassistidos. Outro ponto crítico é que a maioria desses itens são dolarizados. Com isso, houve um aumento de custos significativo, sem o acompanhamento da reposição na tabela SUS, que está sem nenhum reajuste desde 2009, há 12 anos! Já os reajustes do sistema suplementar de saúde ocorrem anualmente, mas, em contrapartida, enfrentamos um aumento considerável do dólar, que quase atingiu 6 reais. Mesmo com essas adversidades a Medicina Nuclear no Brasil tem avançado. A comunidade médica nuclear no Brasil é muito aguerrida. Ela se esforça para conseguir disponibilizar tudo o que o paciente tanto precisa.Quais as últimas novidades na área de medicina nuclear?Podemos citar, nos últimos anos, o uso da tomografia por emissão de pósitrons, o PET-CT, assim como a chegada de demais rádiofármacos para terapia, como o dicloreto de rádio 223. Em 2020, a Anvisa fez uma revisão das normas que regem o registro de radiofármacos, o que fez com que tenhamos uma legislação mais moderna que eu acredito que vai permitir a chegada e o registro de novos radiofármacos de uma forma muito mais ágil. Por exemplo, se antes só tinhamos o PSMA com gálio 68, temos agora o primeiro registro de Fluor 18 PSMA para câncer de próstata, que pode ser produzido em cíclotron e ser distribuído para qualquer parte do território nacional.O sr. poderia citar outro radiofármaco que deve chegar ao mercado?Esperamos que no horizonte dos próximos dois anos possamos ter marcadores específicos para doença de Alzheimer, avaliando a formação de amilóides cerebrais.E quais as novas áreas terapêuticas beneficiadas, tanto para diagnóstico como para tratamento?O leque de aplicações está se abrindo. Por muito tempo, a Medicina Nuclear esteve restrita a tratamentos de câncer de tireóide, hipertireoidismo, a alguns tumores neuroendócrinos como os do trato gastroenteropancreatico, mas começamos a entrar em tumores ainda mais frequentes como o câncer de próstata.E no câncer de mama, houve avanço?Os avanços ocorreram em diagnóstico, não só pelo uso do FDG, mas também através de um novo radiofármaco para PET-CT, o fluroestradiol (18FES). Trata-se de um radiofármaco com afinidade por receptores de estrógeno. A ideia é sempre através de alterações moleculares a gente fazer o diagnóstico mais precocemente antes de ter uma alteração anatômica associada, porque sabemos que quanto mais precoce o tratamento do câncer, mais efetivo será o resultado.O fluroestradiol já está disponível para o público?Aqui no Brasil, ainda não. Mas eu acredito que a perspectiva também seja similar à dos marcadores de placa amilóide para Alzheimer, ou seja, dentro de um a dois anos tenhamos esse diagnóstico disponível.No exterior ele está disponível?Sim, principalmente na Europa. Também no Uruguai e, possivelmente, no Chile.Em sua opinião, qual o cenário desejável para a Medicina Nuclear brasileira? E o que o sr. acredita que vai ser o possível?Eu acho que, entre os fatores desejáveis para que a Medicina Nuclear brasileira possa caminhar daqui para a frente está, em primeiro lugar, o Reator Multipropósito Brasileiro. O RMB é importante porque dará autonomia para que o país vá além da produção em cíclotron e não fique mais refém da produção internacional. Além de atender a demanda brasileira de radiofármacos, podemos pensar até mesmo em exportar para a América Latina. Então, eu acho que para diversos isótopos e principalmente para os isótopos de tratamento, onde se inclui o Lutécio 177, é muito importante o RMB. Outra coisa necessária é reequilibrar os custos e os recebíveis pelas fontes pagadoras para os procedimentos de Medicina Nuclear. Quero frisar novamente que a tabela SUS seja recomposta, que possa sofrer um reajuste capaz de recompor porque o que pode acontecer não vai tendo reajuste, os insumos vão ficando mais caros e chega uma hora que os serviços de medicina nuclear não aguentam e acabam fechando. Isso seria muito ruim. Eu tenho uma expectativa muito grande de que o Ministério da Saúde consiga entender, num curto espaço de tempo, que 2009 para cá é muito tempo para que não se faça nenhum reajuste. Por último, é importante termos drogas protagonistas para as mais diversas doenças. Quando os médicos conhecem mais e melhor os métodos da Medicina Nuclear, mais eles irão solicitar o que podemos fazer na expansão do atendimento dos pacientes. Muitas vezes, o médico não prescreve por não saber que está disponível. Há muitos anos eu digo que não adianta nos limitarmos a dar aula para médico nuclear. Precisamos começar a ter mais acesso aos congressos das outras especialidades para divulgar a Medicina Nuclear para o oncologista, o cardiologista, o neurologista, porque só assim que os pacientes desses especialistas terão acesso a seus benefícios.Já está havendo uma maior visibilidade?Eu acredito que sim, principalmente em algumas áreas como Oncologia e Neurologia. Mas precisamos aproveitar o momento de holofote proporcionado pela disponibilidade dessas drogas tão especiais para divulgar a importância dos exames e tratamentos da Medicina Nuclear para a melhoria da saúde de milhares de pessoas.E o possível?O possível é não medirmos esforços para concretizar o desejável. Acho que devemos continuar insistindo junto aos órgãos governamentais sobre a importância de que o projeto do RMB saia do papel e fazer a nossa parte de solicitar o reajuste da tabela e ampliações no acesso à medicina para os pacientes do SUS, que são cerca de 70% da população brasileira. -
- 01/08/2021 - Instituto de pesquisa nuclear cria caminhão para tratar resíduo industrialFonte: Folha de S. Paulo
O Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) está terminando de fabricar um caminhão que usa irradiação para analisar e limpar efluentes industriais que podem ser reutilizados ou descartados.A unidade móvel com acelerador de elétrons deve ficar pronta a partir do ano que vem para refinaria de petróleo, mas também poderá ser usada em indústrias têxteis, farmacêuticas e químicas e aterros sanitários, segundo o Ipen.
O caminhão tem capacidade para tratar até 1.000 m³ de líquido por dia, e o projeto tem investimento da empresa Truckvan, diz a entidade.
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- 31/07/2021 - Homem é flagrado com material radioativo em BH e autoridades são acionadasPrincipal suspeita de que o conteúdo em recipiente seja Iodo-131. Produto será analisado pelo Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN)
Principal suspeita de que o conteúdo em recipiente seja Iodo-131. Produto será analisado pelo Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN)
Fonte: Correio BrazilienseMilitares do Corpo de Bombeiros foram acionados, na tarde desta sexta-feira (30/7), para verificar um suposto produto perigoso em uma rua do Bairro Heliópolis, na Região Norte de Belo Horizonte. Um balde contendo a palavra "radioativo", que era levado por um morador de rua, chamou a atenção dos moradores, que mobilizaram a instituição.De acordo com os bombeiros, um morador de rua levava um recipiente similar a um balde de tinta de 15 litros. A pessoa tentava esconder o material, mas os moradores viram a ação, que ocorreu na Rua Dinah Rocha Melo. Chegando no local, os militares constataram que o produto acusava 0,2 micro Sv/hora (medida de radiação ionizante sobre seres humanos).Com isso, a guarnição acionou o Núcleo de Emergências Ambientais (NEA) e o Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN). Todo o perímetro chegou a ser isolado em um raio de 100 metros. A principal suspeita é que o recipiente seja de Iodo-131.Por volta de 19h40, o material foi recolhido por técnicos do CDTN, onde será armazenado. Os bombeiros não esclareceram se o homem que portava o material perigoso foi detido. -
- 28/07/2021 - China pode estar expandindo suas capacidades nucleares, diz relatório dos EUACom a expansão de campos de silos para mísseis, o país estaria descumprindo postura de 'dissuasão mínima'; número de ogivas da China aumentou nos últimos anos
Com a expansão de campos de silos para mísseis, o país estaria descumprindo postura de 'dissuasão mínima'; número de ogivas da China aumentou nos últimos anos
Fonte: CNN BrasilA China está construindo um segundo campo de silos de mísseis em seus desertos ocidentais, de acordo com um novo estudo realizado por pesquisadores nucleares dos Estados Unidos. Segundo eles, há sinalização de uma expansão potencial do arsenal nuclear chinês – o movimento questiona o compromisso de Pequim com sua estratégia de "dissuasão mínima".
Identificada por imagens de satélite, a nova base de mísseis na região chinesa de Xinjiang pode incluir 110 silos, disse o relatório divulgado nesta segunda-feira (26) pela Federação de Cientistas Americanos (FAS, na sigla em inglês).
É o segundo campo de silo aparente descoberto este mês por pesquisadores, somando-se a 120 silos que parecem estar em construção na província vizinha de Gansu, conforme detalhado pelo James Martin Center for Nonproliferation Studies.
Juntos, os dois locais significam "a expansão mais significativa do arsenal nuclear chinês de todos os tempos", disse o relatório da FAS. A CNN entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Defesa da China para comentar o último relatório.
Anteriormente, alguns meios de comunicação chineses rejeitaram relatos sobre o campo do silo de mísseis em Gansu, sugerindo que era um parque eólico, mas a alegação não foi confirmada por Pequim.
Adam Ni, diretor do China Policy Center, com sede em Canberra, na Austrália, disse que a descoberta dos campos de silos aparentes é "uma evidência bastante convincente da intenção da China de expandir significativamente seu arsenal nuclear de uma maneira mais rápida do que muitos analistas previram até agora."
Durante décadas, a China operou cerca de 20 silos para seus mísseis balísticos intercontinentais de combustível líquido (ICBMs) chamados DF-5; agora, parece estar construindo 10 vezes mais, possivelmente para abrigar seu mais novo ICBM, o DF-41, de acordo com o relatório da FAS.
"O programa de silo de mísseis chinês constitui a construção de silo mais extensa desde a construção de silo de mísseis dos Estados Unidos e da União Soviética durante a Guerra Fria", disse o relatório. "O número de novos silos chineses em construção excede o número de ICBMs baseados em silos operados pela Rússia e constitui mais da metade do tamanho de toda a força de ICBM dos EUA."
O crescimento aparentemente rápido levantou questões sobre se a China ainda está comprometida em manter seu arsenal nuclear no nível mínimo necessário para impedir um adversário de atacar – uma política que Pequim adotou desde a detonação de sua primeira bomba atômica na década de 1960.
A postura de "dissuasão mínima" historicamente manteve as armas nucleares da China em um nível comparativamente baixo. O Stockholm International Peace Research Institute estima que a China tenha cerca de 350 ogivas nucleares, uma fração das 5.550 possuídas pelos Estados Unidos e 6.255 pela Rússia.
Mas a contagem de ogivas da China aumentou nos últimos anos. O Pentágono prevê que o estoque chinês "pelo menos dobrará de tamanho" na próxima década.
"A postura da força nuclear da China tem evoluído constantemente nos últimos 10 anos com lançadores de mísseis móveis rodoviários recentemente acompanhados pelo bombardeiro H-6N com capacidade nuclear, um novo míssil balístico lançado por submarino e um número crescente de silos estáticos, dando à China um tríade nuclear cada vez mais robusta e com capacidade de sobrevivência ", disse Drew Thompson, ex-funcionário do Departamento de Defesa dos EUA e pesquisador sênior visitante da Escola de Políticas Públicas Lee Kuan Yew da Universidade Nacional de Cingapura.
Em um comunicado fornecido à CNN, um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA descreveu o aparente aumento como "profundamente preocupante", observando que levantava questões quanto à verdadeira intenção da China.
"Apesar da ofuscação da RPC, este rápido aumento se tornou mais difícil de esconder e destaca como a China está se desviando de décadas de estratégia nuclear baseada na dissuasão mínima", disse o porta-voz, referindo-se à China pela sigla de seu nome oficial, a República Popular da China. "Esses avanços destacam porque é do interesse de todos que as potências nucleares conversem diretamente sobre como reduzir os perigos nucleares e evitar erros de cálculo”, acrescentou o porta-voz.
Dissuasão mínima
O relatório da FAS disse que a criação de 250 novos silos tiraria a China da categoria de "dissuasão mínima". "O aumento é tudo menos 'mínimo' e parece ser parte de uma corrida por mais armas nucleares para competir melhor com os adversários da China", escreveram seus autores do estudo Matt Korda e Hans Kristensen.
"A construção do silo provavelmente aprofundará ainda mais a tensão militar, alimentará o medo das intenções da China, encorajará os argumentos de que o controle de armas e as restrições são ingênuos e que os arsenais nucleares dos EUA e da Rússia não podem ser reduzidos ainda mais, mas devem ser ajustados para levar em conta o sistema nuclear chinês", acrescentaram.
As autoridades chinesas disseram repetidamente que a China não usará armas nucleares a menos que seja atacada primeiro, e que suas forças nucleares são mantidas "no nível mínimo necessário para salvaguardar a segurança nacional".
"Esta é a política básica consistente do governo chinês", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, em janeiro.
Sob essa política, as forças nucleares da China precisam de uma capacidade de segundo ataque confiável como dissuasão mínima. A ideia é garantir a seus adversários que Pequim seja capaz de responder a um ataque nuclear com um contra-ataque poderoso e, assim, dissuadi-los de atacar a China.
Mas o limite "mínimo" parece estar mudando, dizem analistas – um ponto que a mídia estatal chinesa não se esquiva de abordar.
"Os EUA querem que a China siga a linha baseada em uma dissuasão mínima (...) Mas o nível mínimo mudaria conforme a situação de segurança da China mudasse", disse o Global Times, um jornal nacionalista estatal, em um editorial publicado em 2 de julho, depois que o campo do silo em Gansu foi revelado.
O editorial, intitulado "O acúmulo de dissuasão nuclear da China não pode ser amarrado pelos EUA", também defendeu que a China aumentasse sua dissuasão nuclear à luz do que chamou de "pressão militar dos EUA sobre a China", apontando que os EUA tem "pelo menos 450 silos".
"Assim que estourar um confronto militar entre a China e os EUA sobre a questão de Taiwan, se a China tiver capacidade nuclear suficiente para deter os EUA, isso servirá como base para a vontade nacional da China", dizia o editorial.
Ni, especialista do Centro de Políticas da China, disse que a lógica por trás da estratégia nuclear de Pequim não mudou – ela ainda se baseia na ideia de dissuasão, em vez do primeiro uso. Mas ele observou que a avaliação de Pequim sobre sua posição estratégica mudou em meio à deterioração das relações com os EUA – e é essa sensação de insegurança que levou a China à expansão nuclear.
"Parece que está em uma situação estratégica mais perigosa que precisa se armar mais rapidamente com armamento nuclear, e a última descoberta dos silos deve ser colocada nesse contexto", disse ele.
Como são os campos de silos de mísseis
O novo campo de silo aparente está espalhado por 800 quilômetros quadrados de terra árida perto da cidade de Hami, no leste de Xinjiang, e cerca de 380 quilômetros a noroeste do outro campo em Gansu.
Kristensen, diretor do Projeto de Informação Nuclear da FAS, e um dos autores do último relatório, observou que os novos silos estariam longe o suficiente da costa da China para que não pudessem ser atingidos por mísseis de cruzeiro convencionais disparados dos Estados Unidos ou de outro navios de guerra no Pacífico.
"Isso os tornará alvos exclusivos de mísseis nucleares, principalmente Trident", escreveu Kristensen, referindo-se aos mísseis transportados pelos submarinos de mísseis balísticos classe Ohio, da Marinha dos EUA.
Analistas observam que as 350 armas nucleares da China estão distribuídas entre os lançadores terrestres móveis – a China tem cerca de 100 deles, diz o relatório da FAS – uma pequena frota de submarinos de mísseis balísticos e seus bombardeiros com capacidade nuclear. Portanto, é improvável que todos os mais de 200 novos silos supostos recebam um ICBM com uma ogiva nuclear.
Em vez disso, a China poderia jogar um "jogo de arma de fogo" com o míssil, movendo os ativos entre os silos aleatoriamente, disseram analistas após o relatório do primeiro campo de silo.
Os silos em ambos os campos estão localizados a aproximadamente 3 quilômetros um do outro em um padrão de grade, o que significa que os mísseis podem ser movidos rapidamente entre os silos. Isso também apresenta um problema de seleção de alvos para qualquer adversário, dizem os analistas.
Especialistas chineses, por sua vez, rejeitaram a ideia. Song Zhongping, um ex-instrutor do Exército de Libertação do Povo, foi citado pelo Reference News, um jornal estatal, dizendo que o uso de silos terrestres era uma prática "desajeitada" da Guerra Fria que há muito foi considerada "obsoleta". "Agora, a ênfase está no lançamento, e a chave é garantir a invulnerabilidade”, disse ele ao jornal.
Controle de armas
Em seu relatório, Kristensen e Korda alertam os EUA e outras nações sobre a construção de seus arsenais nucleares para conter o aumento da capacidade chinesa.
"Mesmo quando os novos silos se tornarem operacionais, o arsenal nuclear chinês ainda será significativamente menor do que o da Rússia e dos Estados Unidos", disse o relatório. E se os EUA aumentarem seu arsenal nuclear, a China pode fazer o mesmo, disse o relatório.
"É improvável que mais armas nucleares consertem isso e podem até piorá-lo. O controle de armas é um desafio, até porque a China mostra pouco interesse", disse Kristensen.
Thompson, o especialista da Universidade Nacional de Cingapura, disse estar preocupado com a falta de diálogo entre Washington e Pequim sobre a questão nuclear, especialmente à luz da mudança na postura nuclear da China. Esses diálogos são essenciais para que ambos os lados entendam melhor as doutrinas e perspectivas um do outro e para reduzir o risco de erros de percepção e cálculo, disse ele.
Em um artigo na semana passada, Louie Reckford, assessor de política do Foreign Policy for America, um grupo de defesa da política externa, pediu ao governo Biden que levasse a China à mesa de negociações para falar sobre armas nucleares.
"É possível aumentar a transparência e limitar os perigos das armas nucleares engajando-se em um diálogo consistente de controle de armas. A China tem a responsabilidade de responder aos apelos por sua participação em tais negociações. Mas acelerar os gastos dos EUA com armas nucleares apenas endurecerá sua posição. A administração Biden-Harris e os líderes de todo o espectro político deveriam estar pressionando a China para que viesse à mesa. Era uma tradição bipartidária pressionar pelo controle de armas durante a Guerra Fria. Não podemos deixar essa tradição ser esquecida no momento em que mais precisamos ", escreveu ele.
(Este texto é uma tradução. Para ler o original, em inglês,clique aqui)
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- 27/07/2021 - Irã inaugura 1º centro nuclear para uso pacífico de tecnologia atômicaFonte: Defesa.comO Irã inaugurou seu primeiro centro nuclear, denominado RASA, que não só servirá para o uso pacífico de tecnologias nucleares na medicina, agricultura e indústria, mas também comercializará as realizações científicas iranianas neste campo no exterior, informou a agência de notícias Mehr."Na presença do vice-presidente e também chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, Ali Akbar Salehi, bem como da vice-presidente de Assuntos Científicos e Tecnológicos, Sorena Sattari, foi hoje [26 de julho] inaugurado o primeiro Centro Nuclear Especializado Inovador RASA, cujo objetivo é comercializar as realizações de nossos cientistas nucleares”, lê-se o comunicado, citado pela mídia."Na presença do vice-presidente e também chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, Ali Akbar Salehi, bem como da vice-presidente de Assuntos Científicos e Tecnológicos, Sorena Sattari, foi hoje [26 de julho] inaugurado o primeiro Centro Nuclear Especializado Inovador RASA, cujo objetivo é comercializar as realizações de nossos cientistas nucleares”, lê-se o comunicado, citado pela mídia.O centro é o primeiro passo para a formação de um ecossistema inovador na indústria nuclear iraniana. "Esperamos que a sociedade se beneficie das vantagens do desenvolvimento do uso pacífico de tecnologias nucleares na medicina, agricultura e indústria”, diz a nota.REUTERS / Agência de notícias WANARafael Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), durante encontro com Ali-Akbar Salehi, chefe da AIEA iraniana, em Teerã, Irã, 21 de fevereiro de 2021Armas nuclearesRecentemente, autoridades israelenses comunicaram aos EUA que o Irã está prestes a obter armas nucleares."Este ‘limbo’ não pode ser um momento em que o Irã está avançando rapidamente para se tornar um Estado com capacidade nuclear”, um diplomata de alto nível referindo-se às negociações de Viena, onde está sendo discutida a restauração do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês).Em 2018, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, abandonou o acordo nuclear e voltou a impor sanções severas ao Irã, levando Teerã a alegadamente começar a violar alguns dos limites nucleares em 2019.A nação persa já conseguiu refinar urânio até uma pureza de 60%, muito acima do limite estabelecido de 3,67%, estando assim cada vez mais perto dos 90% necessários para a fabricação dos núcleos de bombas atômicas. No entanto, Teerã afirma que apenas pretende dar uso a sua energia nuclear para fins civis. -
- 27/07/2021 - Lattes sai do ar por falha em servidor mas dados estão salvos, diz CNPqFonte: TecmundoO Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) informou, nesta terça-feira (27), que o servidor utilizado para armazenar a plataforma Lattes "queimou". O problema foi notificado ontem (26), quando pesquisadores de todo o Brasil tentaram acessar o Lattes, mas sem sucesso. Nas redes sociais, o governo federal confirma a "indisponibilidade das plataformas". No entanto, não foi citada a possível perda de milhares de dados e produções científicas realizadas no Brasil."O CNPq informa que segue em esforço conjunto com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) para o restabelecimento dos sistemas após evento que causou a indisponibilidade das plataformas. A prioridade é restaurar o acesso aos currículos na Plataforma Lattes o mais rápido possível."Ainda não há previsão para normalização do sistema.
Atualização (às 15h50, 27/07):Em novo comunicado divulgado nesta tarde, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico afirmou que o problema responsável pela falha já foi detectado e está sendo corrigido. Também não houve perda de dados da Plataforma Lattes. "O CNPq já dispõe de novos equipamentos de TI e a migração dos dados foi iniciada antes do ocorrido. Independentemente dessa migração, existem backups cujos conteúdos estão apoiando o restabelecimento dos sistemas". Além disso, o pagamento das bolsas não será afetado.
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- 26/07/2021 - Obras da usina nuclear de Angra 3 serão retomadas sem solucionar a crise de energiaNa avaliação de José Goldemberg, energia nuclear é cara e demorará para ser implantada, por isso é mais viável investir em uma combinação de fontes renováveis
Na avaliação de José Goldemberg, energia nuclear é cara e demorará para ser implantada, por isso é mais viável investir em uma combinação de fontes renováveis
Fonte: Jornal da USPO governo vai retomar as obras da usina nuclear Angra 3, investimento que pode chegar a R$ 15 bilhões. São mais de 30 anos de paralisação desde que começou a ser construída, em 1984, e uma dívida de R$ 9 bilhões em financiamentos com bancos públicos. Se ficar pronta, Angra 3 produzirá 1.200 kW, considerada uma usina de porte médio. Esse valor representa pouco acréscimo na produção brasileira.
Na avaliação de José Goldemberg, ex-reitor da USP, pesquisador na área de energia e desenvolvimento sustentável e ex-secretário do Meio Ambiente, a construção de Angra 3 não contempla a necessidade atual, que é garantir o fornecimento de energia e o enfrentamento da crise hídrica. "Para concluí-la, mesmo que estivesse tudo certo, seriam necessários pelo menos cinco anos, ou seja, não é prioritário”, explica ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição.
Goldemberg também comenta que a produção de energia em usinas nucleares é mais cara. Se comparada, por exemplo, a usinas eólicas e hidrelétricas, o valor da energia nuclear pode ser até duas vezes maior. "Esse é um problema no mundo todo, é por isso que a energia nuclear está perdendo espaço.”
O caminho imediato para evitar uma crise de fornecimento é acionar as usinas térmicas. Entretanto, o Brasil precisa importar o gás que será utilizado, o que deixa a energia mais cara. Segundo o professor, caso o problema se agrave, é possível que haja racionamento, ao contrário do que diz Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia, em suas declarações.
"As declarações do ministro têm sido de tranquilizar demais a população”, afirma. "Nós deveríamos entrar imediatamente em um sinal de alerta para as pessoas começarem efetivamente a economizar”, acrescenta.
A médio prazo, ou seja, aproximadamente dois anos, além do investimento em energia solar e eólica, Goldemberg aponta o melhor tratamento das usinas hidrelétricas como alternativa viável. "É inútil ter usinas hidrelétricas e não poupar água no período chuvoso”, afirma. A combinação dessas diferentes fontes garantirá o fornecimento de energia, mesmo quando faltar água.
Jornal da USP no Ar
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica, a Faculdade de Medicina e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 10h45, 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular.
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- 26/07/2021 - Bolívia e Rússia começam a construir 1º reator nuclear boliviano à maior altitude do mundo (VÍDEO)A Corporação Estatal de Energia Nuclear Rosatom da Rússia começou a construção do Centro de Pesquisa e Tecnologia Nuclear (CNTRD, sigla em inglês), um projeto único para a indústria.
A Corporação Estatal de Energia Nuclear Rosatom da Rússia começou a construção do Centro de Pesquisa e Tecnologia Nuclear (CNTRD, sigla em inglês), um projeto único para a indústria.
Fonte: Sputnik BrasilNesta segunda-feira (26), o presidente boliviano Luis Arce e o vice-diretor da corporação russa Rosatom, Kirill Komarov, deram início à construção de um reator nuclear na Bolívia, um elemento-chave do CNTRD boliviano.
O projeto na cidade boliviana El Alto não tem paralelo no mundo. Ficará localizado 4.000 metros acima do nível do mar, a maior altitude de todas as instalações nucleares até agora construídas. A construção criará mais de 500 empregos altamente qualificados para os moradores de El Alto e La Paz.
"Não existe um reator destas características nesta altitude acima do nível do mar", destacou Arce.
O vice-diretor da Rosatom, Kirill Komarov, confirmou que o centro começará a funcionar em 2024, quando terminar a construção do reator.
"Este reator, que começará a funcionar em 2024, é uma maravilha tecnológica que incluirá a Bolívia na lista de países inovadores, que são poucos no mundo", disse Komarov.
Komarov e Arce visitaram as instalações da primeira e segunda fases do centro - o complexo de pesquisa pré-clínica cíclotron-radiofarmacologia (CRPC, sigla em inglês) – e o centro de irradiação multiuso, que serão colocados em operação nos próximos meses.
O CNTRD garantirá o uso de tecnologias nucleares na agricultura e medicina, entre outros. O centro terá um sistema baseado em um reator de água pressurizada de pesquisa, com potência nominal de 200 kW.
No CNTRD serão produzidos radiofármacos que vão permitir a realização de mais de 5.000 procedimentos de diagnóstico e tratamento de doenças oncológicas por ano.
Além disso, o centro realizará o tratamento por irradiação de produtos agrícolas, o que melhorará sua qualidade, prolongará sua vida útil e aumentará significativamente as exportações.
Ao mesmo tempo, o tratamento de alimentos não afeta suas propriedades gustativas e é absolutamente seguro para o consumidor, por isso é amplamente utilizado em muitos países do mundo.
Por sua vez, o reator de pesquisa e os laboratórios permitirão a pesquisa científica avançada e o treinamento de pessoal altamente qualificado para a indústria nuclear.
O acordo russo-boliviano de construção do centro nuclear na cidade de El Alto foi fechado em 2017 em Viena, na Áustria. É um dos maiores projetos da Rússia na América Latina, fornecendo novas possibilidade de exportação de tecnologias nucleares para os países da região.
Link para o vídeo https://youtu.be/8P-r6bC9NrE
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- 26/07/2021 - Morreu Marco Antonio Raupp, aos 83 anosFonte: Agência FapespAgência FAPESP - Marco Antonio Raupp morreu sábado (24/07) aos 83 anos, em decorrência de um tumor cerebral. Ele foi ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, de janeiro de 2012 a março de 2014, e diretor do Parque Tecnológico de São José dos Campos em duas gestões: de 2009 a 2011 e de outubro de 2014 a junho de 2021.
Ocupou o cargo de diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Instituto Nacional de Computação Científica (LNCC) e presidiu a Agência Espacial Brasileira e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
"Raupp foi uma figura permanente no cenário de ciência, tecnologia e inovação do país nos últimos 35 anos. Nas numerosas instituições que dirigiu, sua atuação foi sempre voltada para a busca de soluções de grandes problemas. Na direção do Inpe fortaleceu nossa autonomia na fabricação e testes de satélites e foi a grande liderança na criação do Parque Tecnológico de São José dos Campos, modelo desse tipo de organização no país”, afirmou Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP.
"Dentre suas várias realizações, considero Raupp, junto com outros colegas, um dos responsáveis pela criação do campus da Unifesp [Universidade Federal de São Paulo] em São José dos Campos. Fomos juntos ao Ministério da Educação e, graças também ao aval do Raupp, então à frente do Parque Tecnológico de São José dos Campos, saímos de uma reunião com o então diretor da SESU [Secretaria da Educação Superior], Nelson Maculan, com as primeiras oito vagas de docentes aprovadas", lembrou Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP, que, na época da criação do campus em São José dos Campos, era pró-reitor de Graduação da Unifesp. "Raupp deixa não só um amplo legado de realizações, mas um modelo e inspiração de dedicação a coisa pública.”
Raupp era gaúcho, nascido em Cachoeira do Sul. Graduou-se em física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Fez o mestrado em matemática na Universidade de Brasília (UnB) e o doutorado na mesma área, na Universidade de Chicago. Foi professor do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (USP).
No Inpe, entre 1985 e 1989, criou o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), o Laboratório de Integração de Testes (LIT) e participou das negociações que resultaram no acordo de cooperação entre Brasil e China para o desenvolvimento dos satélites CBERS-1 e CBERS-2, feito pelo qual recebeu o título de Comendador da Ordem de Rio Branco, concedido pelo Ministério das Relações Exteriores. E, no LNCC, criou o Laboratório de Bioinformática, utilizado por pesquisadores e pela indústria.
Como ministro, criou a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), em 2013, e foi responsável pela formulação e coordenação da política espacial brasileira de 2011 a 2012.
Foi membro titular da Academia Internacional de Astronáutica (IAA), do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e do Conselho Superior da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e presidiu o Conselho de Administração do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). Integrou o Conselho Administrativo da Alcântara Cyclone Space (ACS) e da Associação Brasileira de Tecnologia de Luz Síncrotron (ABTLuS), hoje denominada Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas.
Recebeu os títulos da Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico da Presidência da República; de Grande Oficial da Ordem do Mérito Aeronáutico, da Força Aérea Brasileira; de Grande Oficial da Ordem do Mérito Naval, da Marinha do Brasil; a Medalha de Pacificador, do Exército Brasileiro e a Medalha da Inconfidência, do Governo do Estado de Minas Gerais.
Foi homenageado pelo diretor do Parque Tecnológico de São José dos Campos, Marcelo Nunes: "Perde a ciência e a inovação. Ser humano ímpar, Marco Antonio Raupp é um ícone em nosso país, responsável por atos arrojados, e deixa um legado de desenvolvimento tecnológico e o respeito de todas as pessoas que, assim como ele, tinham a dedicação em aprender sempre. Raupp conseguia entender as dificuldades e necessidades de startups a multinacionais, agia sempre em busca de levar a tecnologia como um diferencial e fez do PqTec o maior e mais respeitado parque do Brasil”.
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- 22/07/2021 - USP investirá R$ 20 milhões em pesquisas com foco em áreas estratégicasOs projetos devem ser inovadores, interdisciplinares e propor ações transformadoras na sociedade
Os projetos devem ser inovadores, interdisciplinares e propor ações transformadoras na sociedade
Fonte: Jornal da USP
A Pró-Reitoria de Pesquisa selecionará projetos de pesquisa inovadores que tenham como foco o desenvolvimento de áreas estratégicas e a implementação de políticas públicas relacionadas, promovendo ações transformadoras na sociedade.Ao todo, serão investidos R$ 20 milhões, distribuídos entre os projetos selecionados de acordo com os itens financiáveis. Os recursos poderão ser utilizados na aquisição de material de consumo, material permanente e serviços, e para custear um ano de bolsas de iniciação científica ou de pós-doutorado.
"Esse edital prioriza o desenvolvimento de pesquisas em áreas estratégicas, estimula a multidisciplinaridade com a integração entre diferentes unidades da USP e reforça a integração dos pós-doutorandos. Esses projetos olham para as demandas da sociedade em rápida transformação, contribuindo para o avanço do conhecimento e para o desenvolvimento socioeconômico do País”, afirmou o pró-reitor de Pesquisa, Sylvio Roberto Accioly Canuto.
São consideradas áreas estratégicas para o edital:
- Tecnologias de mobilidades disruptivas
- Energias limpas e sustentáveis
- Envelhecimento
- Saúde
- Economia azul
- Alimentos
- Água
- Economia criativa e economia circular
- Saúde planetária
- Projetos em Ciência Cidadã
- Tecnologias não poluentes
- Inovações tecnológicas na saúde e no esporte
- Bem-estar animal
- Novos materiais e tecnologias avançadas
- Identidade nacional e desigualdade social
As propostas devem ser enviadas até o dia 30 de julho para a Pró-Reitoria de Pesquisa, por meio da Comissão de Pesquisa da unidade, museu ou instituto especializado do coordenador da proposta. Os projetos devem envolver duas ou mais unidades da USP.
Entre os critérios para a seleção estão a relevância do projeto e o potencial de retorno para a sociedade na forma de desenvolvimento socioeconômico, qualidade de vida ou embasamento para novas políticas públicas dentro do período de sua finalização.
Para mais informações, consulte o Edital de Apoio a Projetos Integrados de Pesquisa em Áreas Estratégicas (PIPAE), disponível na página da Pró-Reitoria de Pesquisa.
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- 20/07/2021 - MCTI e AIEA discutem projeto para reduzir poluição no marParceria foi um dos temas de reunião entre ministro Marcos Pontes e diretor-geral da agência sobre cooperações para ampliar uso da tecnologia nuclear no Brasil
Parceria foi um dos temas de reunião entre ministro Marcos Pontes e diretor-geral da agência sobre cooperações para ampliar uso da tecnologia nuclear no Brasil
Fonte: MCTIO MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações quer estabelecer uma cooperação técnica com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em um projeto de redução da poluição por plástico nos oceanos. O tema foi discutido durante encontro do ministro Marcos Pontes com o diretor-geral da AIEA, embaixador Rafael Grossi, nesta terça-feira (20), em Brasília. Na oportunidade, eles também trataram do aprofundamento de parcerias em outros projetos, como prevenção de pandemias e implantação da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN) no Brasil.
O MCTI é o órgão responsável pela política nuclear brasileira, por meio da unidade vinculada Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). O programa nuclear brasileiro é de fins pacíficos. Durante a reunião, o ministro Marcos Pontes ressaltou o interesse em expandir as aplicações da tecnologia nuclear no país, que já ocorrem em áreas como indústria, saúde e energia. "Temos de ampliar as capacidades da energia nuclear para vários campos. Em um país do tamanho do Brasil, com as possibilidades e demandas que temos, há várias aplicações possíveis que podem chegar à população.”
Nesse sentido, um dos objetivos do MCTI é que o Brasil implante um projeto dentro da iniciativa NUTEC Plastics (NUclear TEChnology for Controlling Plastic Pollution), da AIEA, que usa tecnologia nuclear para monitorar a poluição e também para diminuir o volume de resíduos de plástico usando irradiação para complementar os métodos tradicionais de reciclagem de plástico.
O projeto deverá integrar o Programa Ciência no Mar do MCTI, que se insere no contexto da Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, proposta pelas Nações Unidas. Os detalhes da cooperação técnica com a AIEA e a elaboração de um projeto-piloto deverão ser discutidos durante viagem do ministro Marcos Pontes e comitiva a Viena, na Áustria, nos dias 9 e 10 de agosto.
Pandemia
Durante o encontro, o ministro também ressaltou o interesse em aprofundar a parceria com a agência no projeto ZODIAC (Zoonotic Disease Integrated Action), estabelecido pela AIEA em junho de 2020 para ajudar os países a prevenir pandemias causadas por bactérias, parasitas, fungos ou vírus que se originam em animais e podem ser transmitidos a humanos. O projeto conta com a participação de 150 países, entre eles o Brasil. Marcos Pontes disse que o ministério poderá contribuir com a iniciativa por meio da atuação da RedeVírus MCTI e do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.
O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, ressaltou que o Brasil já é parceiro da agência e que novas cooperações podem ser estabelecidas como forma de dar respostas a desafios e demandas do país. "‘Temos uma visão similar no sentido de ampliar nossas cooperações no plano nacional e internacional. Estamos abertos ao diálogo para discutira as possibilidades mais concretas”, destacou.
Outro tema tratados no encontro foi a criação da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN) no Brasil, uma autarquia que terá a função de fiscalizar todas as atividades nucleares promovidas no país. O diretor-geral da AIEA apontou a possibilidade de oferecer uma consultoria e apoio da implantação da Autoridade Nacional para o setor.
Outra possibilidade de parceria poderá ocorrer em um programa internacional de combate ao câncer, que deverá ser lançado pela agência em fevereiro do próximo ano. O MCTI poderá colaborar com o compartilhamento da experiência de implantação de um sistema de diagnóstico de câncer nas regiões Norte e Nordeste do país.
A reunião também contou com a participação do presidente da CNEN/MCTI, Paulo Roberto Pertusi, de secretários do MCTI e de representantes da AIEA e do Ministério das Relações Exteriores.
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- 20/07/2021 - Diretor-Geral da Agência Internacional de Energia Atômica visita instalações do Programa de SubmarinosFonte: DefesaNetO Diretor-Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (DG-AIEA), Embaixador Rafael Mariano Grossi, cumpriu, em 16 de julho, visita oficial às instalações do Programa de Submarinos (PROSUB), no Complexo Naval de Itaguaí (RJ).
A Comitiva do DG-AIEA estava acompanhada pelo Ministro de Minas e Energia, Almirante de Esquadra Bento Albuquerque, e pelo Representante Brasileiro junto àquela Agência, Embaixador Carlos Duarte.
As autoridades foram recepcionadas no Estaleiro de Construção (ESC) pelo Diretor-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, pelo Coordenador-Geral do Programa de Desenvolvimento do Submarino com Propulsão Nuclear (COGESN), Vice-Almirante (RM1-EN) Neves, pelo Diretor da Agência Naval de Segurança Nuclear e Qualidade (AgNSNQ), Contra-Almirante (RM1-EN) Humberto Moraes Ruivo, e por Assessores do PROSUB. Fizeram parte também da visita oficial os Presidentes das empresas AMAZUL, Vice-Almirante (RM1) Antonio Carlos Soares Guerreiro, e da NUCLEP, Contra-Almirante (RM1) Carlos Seixas.O objetivo da visita foi apresentar ao DG-AIEA e representantes daquele Órgão as instalações do Complexo Naval de Itaguaí, onde não apenas avança a construção simultânea de quatro submarinos com propulsão diesel-elétrica (S-BR), segundo diferentes estágios de prontificação, mas com especial ênfase às futuras instalações do Complexo de Manutenção Especializada, onde serão realizadas as atividades de manutenção da plataforma, assim como de transporte e carregamento do combustível nuclear do submarino convencional com propulsão nuclear (SN-BR) "Álvaro Alberto”.O PROSUB é um Programa Estratégico de substancial relevância para o Estado brasileiro. Além de ampliar o perímetro de proteção das águas da Amazônia Azul, esse empreendimento gera empregos que permite capacitar e qualificar mão de obra fortemente especializada, contribuindo para elevar o potencial estratégico de desenvolvimento científico e tecnológico do País. -
- 20/07/2021 - IAEA Director General, Brazilian Ministers Discuss “Rich Agenda” of CooperationFonte: IAEA
Luciana Viegas Assumpcao, IAEA Office of Public Information and CommunicationIn the last part of his visit to Brazil, Director General Rafael Mariano Grossi held meetings today with Brazil’s Minister of Foreign Affairs Carlos Alberto Franco França and other high-level officials in the capital Brasilia.Discussions centred around current global challenges related to nuclear verification, nuclear safety and security, and on ways to intensify cooperation between Brazil and the IAEA to tackle plastic pollution, support early detection of zoonoses and ways to increase access to live-saving nuclear and radiation medicine in remote areas of the country.
Mr Grossi reiterated the IAEA’s readiness to support Brazil with its new energy plans, which includes the completion of the Angra 3 reactor at the Almirante Alvaro Alberto Nuclear Power Plant. "Restarting the construction of a reactor that that has been halted for a number of years brings a host of challenges, but these can be overcome, and the IAEA is ready to support Brazil in this,” Mr Grossi said.
IAEA Director General Rafael Mariano Grossi met with Brazil’s Minister of Science, Technology and Innovation Marcos Pontes to discuss ways to strengthen cooperation in the use of nuclear science for health and development. (Photo: D. Calma/IAEA)Mr Grossi also met with Brazil’s Minister of Science, Technology and Innovation Marcos Pontes, and they discussed the IAEA’s NUTEC Plastic to curb plastic pollution in oceans and the ZODIAC initiative to prevent pandemics of zoonotic origin. ZODIAC aims to build capacities in countries to detect pathogens and monitor zoonotic diseases using nuclear and nuclear-derived techniques, such as RT-PCR tests. Brazil received 3 assistance kits to perform such test under the IAEA’s COVID-19 assistance.
Discussions also included the establishment of Brazil’s new regulatory authority ANSN, and Mr Grossi reiterated IAEA support to Brazil in this effort. He invited Brazil to make full use of the IAEA’s safety and security review and advisory services, such as the Integrated Regulatory Review Service (IRRS), which could provide valuable assistance.
The Director General then met with the Commander of the Brazilian Navy, Fleet Admiral Almir Garnier Santos, and they discussed cooperation in radiation monitoring and environment research at the Comandante Ferraz research station in Antarctica, and IAEA support to the navy’s medical services, such as medical ships that deliver essential services in remote communities in the Amazonas. The IAEA has recently provided such ships with mammographs to facilitate the early detection of breast cancer.
"Brazil is an important IAEA Member State, with a well-developed expertise in the peaceful uses of nuclear technology,” Mr Grossi said. The level of cooperation between the IAEA and Brazil has always been good, he added, and hopes that the visit will help intensify this link. "The IAEA stands ready to assist Brazil and hope to use Brazil’s vast experience in nuclear technology to the benefit of other IAEA Member States, such as lusophone countries in Africa, for example.”
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- 20/07/2021 - Em programação oficial no Brasil, diretor-geral da AIEA visita MCTI e unidades da CNENVISITA DIRETOR-GERAL AIEA
VISITA DIRETOR-GERAL AIEA
Fonte: CNEN
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), embaixador Rafael Mariano Grossi, esteve em missão oficial no Brasil entre os dias 14 e 21 de julho. O programa incluiu reunião com o ministro da Ciência Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, além de visita a três unidades da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN): a sede, no Rio de Janeiro, o Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste (CRCN-NE) e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN).
A programação iniciou no dia 15, quando, junto com sua comitiva, o diretor-geral da AIEA conheceu alguns dos projetos em desenvolvimento pelo CRCN-NE, como a robô Aurora (de combate à Covid-19) e a produção de radiofármacos, que atende a Região Nordeste do Brasil. No encontro, foi mencionada a importância de parcerias entre o CRCN-NE/CNEN e a AIEA por meio dos projetos Arcal (Acordo Regional de Cooperação para a Promoção da Ciência e Tecnologia Nucleares na América Latina e Caribe).
Grossi foi o primeiro mandatário da Agência a estar presente nas instalações do CRCN-NE. Ao descerrar uma placa alusiva à visita histórica ao Centro destacou: "O envolvimento do CRCN-NE/CNEN é muito importante na promoção de técnicas nucleares para a paz e o desenvolvimento. Trabalharemos para aumentar a cooperação entre o Centro Regional e a AIEA”. Para o diretor do Centro, Carlos Alberto Brayner de Oliveira Lira, a parceria com a Agência é de suma importância para o Brasil e deve ser ampliada. "O CRCN-NE/AIEA agradece a cooperação da AIEA e coloca todo o seu potencial em pesquisa, desenvolvimento e inovação a serviço dessa cooperação com a finalidade de promover o uso seguro e pacífico da energia nuclear”.
Ainda em Recife, Grossi e sua comitiva participaram da soltura de mosquitos estéreis. Trata-se de aplicação da radiação ionizante para esterilização destes insetos com vistas à diminuição de sua população. O projeto foi desenvolvido pela empresa Moscamed e conta com apoio da CNEN através de sua unidade em Recife, o CRCN-NE/CNEN.
Visita ao IPEN
Rafael Grossi esteve em visita ao IPEN na manhã do sábado, 17/7/2021. Após breve recepção, o presidente da CNEN, Paulo Roberto Pertusi, fez uma apresentação sobre a estrutura do setor nuclear brasileiro, a CNEN e suas unidades técnico-científicas, os principais projetos desenvolvidos pela instituição, as atividades regulatórias, a futura autoridade de segurança nuclear, além dos mecanismos de cooperação técnica com a AIEA.
A visita teve continuidade percorrendo o Espaço Cultural Marcello Damy, descerrando uma placa alusiva à visita e posterior apresentação da unidade móvel com acelerador de elétrons e um tour pelas alamedas do IPEN e seus centros de pesquisa.
Pertusi, o diretor de pesquisa e desenvolvimento, Madison Almeida, e o diretor do IPEN, Wilson Calvo, também apresentaram os principais projetos estratégicos na área nuclear, com destaque para o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). Grossi ressaltou a importância histórica da participação dos pesquisadores do IPEN/CNEN em projetos desenvolvidos com a AIEA e ressaltou que o Instituto "é um exemplo de excelência em congregar capacidade em pesquisa, ensino e inovação com o compromisso de serviço à sociedade”.
No mesmo dia, a comitiva foi ao Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), em Iperó, que tem o desenvolvimento de tecnologias nucleares como uma de suas principais linhas de atuação. Ele visitou as instalações do Centro Industrial Nuclear de Aramar e sobrevoou o local do empreendimento Reator Multipropósito Brasileiro (RMB).
Visita à Sede da CNEN
No Rio de Janeiro, Grossi e comitiva participaram, no dia 19 de julho, das atividades comemorativas aos 30 anos da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais (ABACC). Na tarde deste dia, estiveram na sede da CNEN. No Salão Nobre foi realizada uma reunião com o presidente, diretores e assessores, na qual o Grossi destacou a parceria privilegiada da AIEA com a CNEN e o especial apoio da Agência nos projetos futuros e de separação das atuais funções da Autarquia. O diretor de radioproteção e segurança, Ricardo Gutterres, destacou a complexidade e dimensão da ação regulatória que vem sendo executada pela CNEN, destacando os desafios frente às inúmeras instalações ativas e à franca expansão do setor nuclear brasileiro.
Na ocasião, o diretor-geral da AIEA gravou uma mensagem lembrando pontos de destaque desta sua primeira visita oficial no cargo, durante a qual teve oportunidade de conhecer melhor as abrangentes e diversificadas atividades da CNEN. Também falou do futuro, pois para ele esse é "o começo de uma era de cooperação renovada e dinamizada”. Para Grossi, juntos – a Agência, o Brasil, a CNEN e todas as instituições do complexo nuclear brasileiro – "poderão enfrentar todos os desafios ligados ao clima, a pandemia e a transição energética e, em tudo isso, a CNEN tem um papel central”.
Após esse momento, o presidente Pertusi presenteou o diretor-geral Grossi com uma placa agradecendo a visita e, junto com coordenadores gerais da sede e assessores, também foi descerrada uma placa ao lado da galeria dos ex-presidentes da instituição.
Visita a outras importantes instalações
Rafael Grossi esteve ainda em outras importantes instalações nucleares do Brasil: visitou a Fábrica de Combustível Nuclear (FCN), unidade da Indústrias Nucleares do Brasil (INB) em Resende (RJ); a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis (RJ), onde estão localizadas as usinas nucleares Angra 1, Angra 2 e o canteiro de obras de Angra 3. Foi ainda ao estaleiro em Itaguaí (RJ) onde está sendo construído o primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear, na Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares(ABDAN).
No dia 20, a programação incluiu reuniões com ministros de três pastas: Marcos Pontes - do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Bento Albuquerque - do Ministério de Minas e Energia (MME) e Carlos Alberto Franco França – do Ministério das Relações Exteriores (MRE). No dia 21, Grossi e comitiva partiram do Brasil.
Fontes: CRCN-NE, IPEN e Sede CNEN.
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- 20/07/2021 - No Brasil, chefe da Aiea elogia projeto que combate o mosquito da dengueDiretor-geral Rafael Mariano Grossi esteve no Recife e em Angra dos Reis; ele prevê impacto positivo no mundo da técnica nuclear contra o agente transmissor da dengue e Zika.
Diretor-geral Rafael Mariano Grossi esteve no Recife e em Angra dos Reis; ele prevê impacto positivo no mundo da técnica nuclear contra o agente transmissor da dengue e Zika.
Fonte: ONU News
Um programa-piloto implementado em Pernambuco e na Bahia, que usa uma técnica nuclear para combater o mosquito que transmite dengue e Zika, está sendo elogiado pelo diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea.
Rafael Mariano Grossi visitou o Brasil e declarou que o projeto terá um impacto importante no mundo todo. Além de acompanhar de perto o programa na cidade de Recife, ele esteve também na usina de energia nuclear de Angra dos Reis.
Inseto Estéril
Esta foi a primeira vez que o chefe da Aiea esteve em um país da América Latina, desde que assumiu o posto, em 2019. Grossi participou, em Recife, da libertação de mosquitos criados com a técnica do inseto estéril.
Com esta técnica, os machos da espécie são criados em massa, recebem radiação e ficam impossibilitados de se reproduzirem. Depois, os insetos são liberados no ar para se acasalarem com as fêmeas. Mas sem poder gerar filhotes, acaba havendo queda na população dos mosquitos que transmitem a dengue.
A Moscamed Brasil é parceira da Aiea e é uma das primeiras empresas no mundo a utilizar a técnica do inseto estéril. Os alvos são os municípios da Bahia e de Pernambuco, que foram muito afetados pela Zika em 2016.
Energia Nuclear
Desde outubro do ano passado, entre 250 mil a 350 mil mosquitos machos estéreis têm sido libertados todas as semanas numa área de 60 hectares. A ação já resultou na redução de 19% na população de mosquitos no local.
Depois de Recife, o chefe da Aiea Rafael Grossi seguiu para Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Ele visitou a estação de energia nuclear com dois reatores com capacidade de 1,884 MW(e), fornecendo pouco mais de 2% da eletricidade do Brasil.
Pesquisas
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica avalia que o Brasil "tem um programa de energia nuclear bem desenvolvido e ambicioso”. No ano passado, o país adotou um plano nacional que prevê, até 2050, um aumento de 10 gigawatts na capacidade nuclear do país.
Grossi destacou que a Aiea continuará cooperando com o país. No fim de semana, ele esteve também no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, Ipen.
Na área funciona o primeiro reator nuclear utilizado pelo Brasil em pesquisas nas áreas da indústria e da saúde, incluindo o uso de radiofarmacêuticos para tratar vários tipos de câncer.
O mosquito aedes aegypti transmite doenças como chikungunya, dengue e zika - Foto: AIEA
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- 20/07/2021 - Agência da ONU quer energia nuclear contra Covid, novas pandemias e mudança climáticaDiretor da AIEA, que visitou programa brasileiro de controle de mosquito, prega ação global em crises
Diretor da AIEA, que visitou programa brasileiro de controle de mosquito, prega ação global em crises
Fonte: Folha de São Paulo
No centro de negociações complexas como a do programa nuclear iraniano, a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) quer ampliar sua atuação no incentivo ao uso de tecnologias do setor para combater a Covid-19, novas pandemias e a mudança climática.
Dar uso diverso à energia nuclear é uma das metas do diretor-geral desta agência da ONU (Organização das Nações Unidas), o argentino Rafael Grossi, no cargo desde dezembro de 2019.
A partir de projetos que já existiam, ele criou a iniciativa Zodiac (acrônimo inglês para Ação Integrada para Doenças Zoonóticas) em junho do ano passado, quando a pandemia da Covid-19 já devastava o planeta.
Cerca de 300 laboratórios em todo o mundo foram interligados pela AIEA para trabalhar em soluções derivadas de aplicações nucleares em relação à pandemia.
Poucos sabem, mas o teste padrão-ouro para detecção do coronavírus Sars-CoV-2, o RT-PCR, em sua origem utilizava isótopos radioativos no processo de identificação do material genético do vírus —agora emprega marcadores fluorescentes.
"A AIEA era uma ferramenta frequentemente subutilizada. Muitas dessas coisas já eram feitas, em escala menor. Há uma quantidade de desafios crescentes. Não podemos continuar fazendo o que estamos fazendo, são coisas que requerem uma resposta diferente da comunidade internacional", afirmou Grossi à Folha, no sábado (17) em São Paulo.
Algumas ideias em estudo no Zodiac incluem a irradiação do sangue, prática comum para inativar leucócitos que podem ser rejeitados por receptores de doações, para atacar vírus.
O argentino citou outro caso, o da Moscamed, biofábrica de moscas de frutas e outros bichos também estéreis, aberta em 2005 em Juazeiro (BA). "A técnica de esterilizar insetos não é nova, mas precisamos ajudar a ofertar esses modelos em grande escala para outros países", afirmou.
Em São Paulo, ele visitou o Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), gerido pela Comissão Nacional de Energia Nuclear.
"Podemos reciclar plástico sem usar solventes. O Ipen tem uma ótima experiência, nós estamos trabalhando com isso na Ásia também. A ferramenta já existe e está sendo paga pelo contribuinte brasileiro. A burocracia internacional irrita, ela tem de dar soluções às pessoas."
Grossi afirma que, obviamente, "não somos salvadores do mundo" e defende os projetos conjuntos que tem com a OMS (Organização Mundial da Saúde) e com a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura).
Energia nuclear já é central em aplicações médicas cotidianas, de exames a terapias diversas, mas a coordenação de esforços é inédita.
Em relação às mudanças climáticas, Grossi é um advogado do uso da energia nuclear e sabe a resistência que ela sofre —particularmente na Europa, onde os partidos verdes são forças consideráveis em alguns países.
Acidentes como o de Fukushima (2011) e Tchernóbil (1986) ajudaram a aumentar o estigma sobre a matriz, e críticos apontam que ela não é tão limpa porque a produção de seus insumos ao fim também gera pegada de carbono.
Pode ser, mas o fato é que as emissões diretas da produção de energia nuclear são zero, e para Grossi ela deve fazer parte do "mix" energético de qualquer nação, seguindo especificidades. No mundo, hoje, 10% da eletricidade e 4% da energia como um todo têm origem atômica.
Ele cita as cheias na Europa Central como um sinal de alerta renovado do problema à frente.
A proatividade desse argentino de 60 anos atrai algumas críticas de que ele estaria tirando o foco do objeto principal da AIEA, que é monitorar a proliferação nuclear entre seus 173 países afiliados e promover a segurança do uso da matriz.
"Estávamos perdendo tempo, não foco. Somos um cão de guarda muito duro, e seguimos sendo. É o mesmo que dizer que um governo não pode cuidar de educação e segurança ao mesmo tempo", afirmou. "A ambição podia ser muito maior. Nosso papel é inspirar, propor coisas que podem ser feitas."
É uma corrida desigual neste campo. Neste ano, o orçamento operacional da AIEA é de € 383 milhões (R$ 2,3 bilhões hoje). Só o programa de modernização de armas nucleares dos Estados Unidos, maior potência do mundo no campo, prevê US$ 57 bilhões (R$ 297 bilhões) anuais, por três décadas.