Ipen na Mídia
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- 19/12/2024 - Ipen FM desmistifica uso de energia nuclearFundada por associado da AFPESP, rádio digital do instituto alcança mais de 2 milhões de ouvintes em todo o mundo
Fundada por associado da AFPESP, rádio digital do instituto alcança mais de 2 milhões de ouvintes em todo o mundo
Fonte: AFPESP
Por Redação
Desde que estreou, em 2022, a web rádio Ipen FM tem como propósito a divulgação científica das atividades nucleares produzidas no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – IPEN de maneira didática. Atualmente, a rádio educativa já alcançou mais de 2 milhões de ouvintes, o que tem contribuído para desmistificar as aplicações da tecnologia em diversos setores.A discussão sobre o desenvolvimento da tecnologia nuclear concentra-se nos meios acadêmicos especializados. Por isso, a rádio Ipen FM lança luz sobre os benefícios proporcionados por essa tecnologia, com fins pacíficos. Assim, amplia o acesso ao tema e "descomplica” o conhecimento científico para a população em geral. Ainda traz entrevistas com pesquisadores da área nuclear e leva música popular brasileira a todos os continentes.O fundador e apresentador da web rádio Ipen FM, André Luiz da Paz, também professor do IPEN-SP e associado da AFPESP, lembra que os fins pacíficos da tecnologia nuclear já fazem parte do dia a dia da sociedade. Alguns exemplos desse tipo de aplicação são: a produção de radiofármacos (medicamentos com propriedades radioativas) para tratamento de inúmeras doenças nas especialidades de cardiologia, oncologia, neurologia e terapia; o diagnóstico de câncer na medicina nuclear; usos odontológicos, alimentícios e industriais.Para saber mais, acesse: Ipen FM e acompanhe a programação da emissora que "nasceu do sonho de um servidor em poder divulgar os avanços da tecnologia nuclear para além da comunidade científica, de forma gratuita, ética, ampla, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida de toda população brasileira”, disse Paz.Sobre o IpenO instituto é uma autarquia vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SCTI) do Governo do Estado de São Paulo e gerida técnica e administrativamente pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), do Governo Federal.Localizado no "campus" da USP (Universidade de São Paulo), ocupando uma área de 500.000 metros quadrados, o Ipen tem hoje uma destacada atuação em vários setores da atividade nuclear entre elas, nas aplicações das radiações e radioisótopos, em reatores nucleares, em materiais e no ciclo do combustível, em radioproteção e dosimetria, cujos resultados vêm proporcionando avanços significativos no domínio de tecnologias, na produção de materiais e na prestação de serviços de valor econômico e estratégico para o país, possibilitando estender os benefícios da energia nuclear à segmentos maiores da população.
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- 18/12/2024 - Centro de Pesquisa e Inovação do IFSP receberá investimento de R$ 5,5 milhõesLaboratório de Materiais se tornará referência e poderá ser usado por pesquisadores de diferentes instituições
Laboratório de Materiais se tornará referência e poderá ser usado por pesquisadores de diferentes instituições
Fonte: Instituto Federal de São Paulo
O Centro de Pesquisa e Inovação em Materiais e Estruturas (Cepimate) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) teve um projeto contemplado na Chamada Pública Mcti/Finep/Fndct - Infraestrutura de Pesquisa - Proinfra 2023 - com R$ 5,5 milhões. O valor será utilizado no investimento em infraestrutura para pesquisa envolvendo diversas instituições.
Composto por pesquisadores dos campi Guarulhos, Itapetininga, São João da Boa Vista e São Paulo do IFSP, além da Faculdade de Engenharia de São João da Boa Vista (FESJ), da Universidade Estadual "Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), do Instituto Mauá de Tecnologia e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), o Cepimate é um dos dez Centros de Pesquisa e Inovação criados no IFSP com o apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRP) (saiba mais aqui).
O projeto"Laboratório Multiusuário para Caracterização de Materiais Metálicos e Não Metálicos (LabMat)”, aprovado na chamada pública, foi uma das três pesquisas selecionadas anteriormente pela PRP e Agência de Inovação (Inova) do IFSP e submetidos à Finep Inovação e Pesquisa.
O plano, que conta com o apoio da Fundação FAI.UFSCar, prevê a reforma e a aquisição de equipamentos úteis para o Laboratório de Materiais – LabMat multicampi, localizado no Campus Itapetininga do IFSP. A reestruturação permitirá a realização de pesquisas e desenvolvimento de materiais. Entre os equipamentos a serem adquiridos estão: microscópio Eletrônico de Varredura de Alta Resolução (MEV-FEG), difratômetro de Raio-X (DRX), fluorescência de Raio-X (XRF), análise térmica simultânea (SDT - TGA/MS/DSC) e NanoIndentador e Microdurômetro.
O LabMat será um laboratório de ponta na análise de materiais metálicos, poliméricos e cerâmicos, representando um marco para o desenvolvimento regional na área, permitindo tanto a realização de atividades relacionadas à pesquisa básica como também à aplicada, com foco na caracterização de diferentes materiais, além de favorecer o desenvolvimento de novos processos de fabricação e a otimização de produtos existentes.
Por se tratar de um laboratório multiusuário, poderão acessá-lo usuários e pesquisadores externos, de acordo com regras de acesso a serem definidas. "Com tais equipamentos, poderemos auxiliar diversos colegas em seus trabalhos científicos e tecnológicos, além de servir como uma fonte para atração de recursos para nossa instituição, seja em forma de bolsas de iniciação científica, seja em apoio a futuros projetos”, avalia Bruno Gianelli, coordenador do laboratório contemplado.
O professor Emerson dos Reis, do Campus São João da Boa Vista aponta que "a chave para conquistas desse tipo está na parceria concreta entre pesquisadores de diferentes campi e mesmo instituições".
A aprovação do projeto pela Finep, analisa Wilson Carlos, professor do Campus de Guarulhos, mostra a qualidade dos pesquisadores envolvidos e o trabalho em equipe: "penso no grupo, sem vaidades pessoais. O apoio da PRP foi importante para alcançarmos o objeto”.
Segundo o coordenador do projeto financiado, Pedro Goulart, a iniciativa realça a importância da construção de parcerias entre pesquisadores internos e externos ao IFSP; já a aquisição de novos equipamentos permitirá o desenvolvimento de estudos nas áreas de pesquisa aplicada e acadêmica, além de prestação de serviços.
A aprovação de um projeto do IFSP pela Finep "é um marco no desenvolvimento da pesquisa na Instituição, mostrando um reconhecimento federal aos pesquisadores que duramente se dedicam a aperfeiçoar a pesquisa no Instituto Federal”, comemora Carlos Frajuca, membro sênior do Cepimate.
Julian Avila, professor da Unesp, lembra que o laboratório permitirá o desenvolvimento de pesquisas que contribuirão para diferentes setores da sociedade. "Esse projeto atua como um catalisador para o desdobramento de diversos projetos iniciados no Cepimate, além de impulsionar o impacto dos resultados obtidos em nossas pesquisas. Seu alcance transcende o âmbito científico, gerando contribuições técnicas e industriais significativas. Sem dúvida, trata-se de uma conquista estratégica e multifacetada, com efeitos positivos em múltiplos níveis”.
Professor do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), Rafael Garcia acredita que o LabMat "fornecerá acesso a uma gama mais ampla de equipamentos e permitirá pesquisas mais abrangentes e avançadas, considerando que no Cepimat há especialistas de diversas áreas. Assim, o espaço promove não só uma abordagem multidisciplinar na solução de desafios, mas também estímulo à colaboração e inovação”.
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- 13/12/2024 - Unioeste e IpenFonte: Jornal do Oeste
A recente parceria entre a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen-Cnem) representa um marco promissor para o avanço da pesquisa científica. Ao formalizar um protocolo de entendimento, as duas instituições iniciam uma colaboração que visa alavancar o desenvolvimento de áreas cruciais como o agronegócio, a saúde e o meio ambiente.
Essa união além de ampliar as fronteiras da pesquisa acadêmica da Unioeste, também fortalece a atuação do Ipen, um dos maiores centros de pesquisa energética do país, ao integrar o conhecimento regional da universidade às suas vastas capacidades em energia nuclear.
Com uma infraestrutura e expertise consolidada em energia nuclear, o Ipen oferece à Unioeste os itens necessários para o aprofundamento das pesquisas científicas. Em troca, a universidade contribui com seu vasto conhecimento sobre as necessidades locais e regionais, com um olhar especial para o agronegócio, setor que é um dos pilares da economia do Oeste do Paraná.
A troca de saberes entre os pesquisadores das duas instituições tem um potencial imenso para gerar soluções inovadoras, particularmente nas áreas de transição energética e energias renováveis, dois campos essenciais para enfrentar os desafios ambientais e de sustentabilidade que o Brasil e o mundo enfrentam atualmente.
A parceria começou a tomar forma em 2023, quando representantes do Ipen visitaram Toledo para conhecer as linhas de pesquisa da universidade. Foi a oportunidade para uma colaboração produtiva, especialmente nas áreas de agronegócio e tecnologias nucleares. A importância do conhecimento prévio sobre as pesquisas da Unioeste permitiu identificar áreas de interesse comum, como o uso de radiação para aprimorar a qualidade das sementes e a viabilidade de cultivos agrícolas. Essa identificação precoce das áreas de convergência foi fundamental para o avanço da parceria.
O uso de tecnologias nucleares no setor agrícola, por exemplo, é uma das áreas de maior potencial transformador dessa colaboração. A aplicação de radiação para melhorar a qualidade das sementes e aumentar a produtividade das colheitas pode ter um impacto direto e positivo na sustentabilidade do agronegócio.
O Oeste do Paraná, um dos maiores polos produtores de grãos do Brasil, tem no agronegócio o seu motor econômico. Ao integrar a expertise do Ipen em energia nuclear com o profundo conhecimento da Unioeste sobre as necessidades do setor, essa parceria tem o potencial de transformar a produção agrícola, tornando-a mais eficiente e sustentável.
Essa parceria é um reflexo da necessidade de adaptação do agronegócio brasileiro às exigências de sustentabilidade e eficiência energética. O Brasil, como um dos maiores produtores agrícolas do mundo, enfrenta o desafio de modernizar suas práticas de produção, tornando-as mais ambientalmente responsáveis e economicamente viáveis. Nesse sentido, a colaboração entre a Unioeste e o Ipen, ao integrar novas tecnologias e práticas sustentáveis no setor é um passo para superar esses desafios e criar um futuro mais promissor para o agronegócio brasileiro. -
- 11/12/2024 - Unioeste firma parceria inédita com Instituto de pesquisas energéticas e nucleares em São PauloFonte: Unioeste
A Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste - firmou uma parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas de Nucleares - Ipen-Cnen em São Paulo, para desenvolver pesquisas voltadas às energias nucleares. E neste primeiro momento foi assinado um protocolo de entendimento que permite aos pesquisadores e professores da Unioeste utilizar os laboratórios do Ipen, para desenvolver estudos. A parceria será benéfica para a Unioeste que contará com a estrutura do maior instituto de pesquisas energéticas do país, e ao Ipen que poderá trocar experiência com os professores da Unioeste, principalmente no setor do agronegócio.
A dra. Isolda Costa, diretora do Ipen, falou sobre receber representantes da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, principalmente porque já existia um acompanhamento do que é estudado na Unioeste "Nós já, previamente, conhecíamos parte das pesquisas que estão sendo desenvolvidas na Unioeste e identificamos algumas áreas de pesquisas de interesse comum. Portanto, essa visita foi importante para que a gente estabelecesse novas áreas relacionadas, que fosse visitado os laboratórios onde poderiam ter essas novas áreas e, de fato, checarem se essa era, a linha que poderiam ser mais fortes durante as parcerias. Conseguimos estreitar laços e o futuro é que agora a gente participe de várias ações conjuntas”.
O primeiro contato entre Unioeste e Ipen aconteceu em fevereiro de 2023 quando o Ipen esteve na região Oeste, mais especificamente em Toledo e a partir dali, através da Profa. Mônica Fiorese, percebeu-se que era possível a criação de uma parceria muito relevante "Nós conhecemos a Unioeste no ano passado, faltava conhecerem aqui, felizmente deu certo, conseguimos trazer para nossa satisfação o magnífico reitor da Unioeste, Alexandre Webber, a professora Mônica, além de outros integrantes da direção. Então, a visita, atingiu todos os objetivos propostos, que era fazer que a Unioeste fosse conhecida pelos nossos pesquisadores e a Unioeste conhecer o Ipen. Eu acho que todo mundo ficou bastante entusiasmado com as possibilidades de parceria e o desafio agora é definirmos qual será o nosso projeto conjunto”, contou o Professor Fernando J.F. Moreira, gerente do escritório de gestão de projetos do IPEN.
Neste momento, a Universidade Estadual do Oeste do Paraná, se transforma em parceira do Ipen com o compromisso de pesquisar mais sobre transição energética e energias renováveis. Uma equipe da Unioeste composta pelo reitor Alexandre Webber, a Pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação Sanimar Busse e pelas professoras. Dra. Mônica Lady Fiorese e a Dra. Carina Contini Triques de Almeida pode estreitar este contato e principalmente já idealizar projetos a curto prazo. O reitor da Unioeste, Alexandre Webber acredita que este encontro oficial reitera um compromisso importante para as duas instituições "Encontramos no Ipen uma grande estrutura e com relevância nacional, a partir desse memorando de entendimento que assinamos, não há dúvida que virão parcerias importantes para nós, para nossa região e com certeza também o IPEN que acaba expandindo cada vez mais sua atuação no território nacional”.
Pesquisa e Pós-Graduação
Para a Unioeste essa aproximação reafirma compromissos importantes com o desenvolvimento da sociedade, principalmente porque reforça o papel da pesquisa fundamental dentro do ambiente acadêmico. A pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da Unioeste, Prof. Sanimar Busse, ressaltou que este momento de integração é muito importante para ampliar os direcionamentos em várias áreas de pesquisa "Saúde, meio ambiente, produção de alimentos, agronegócio todas são áreas possíveis de acordos de cooperação entre IPEN e a Unioeste, esta foi mais uma maneira de fortalecermos a pós-graduação, com o setor produtivo e com a sociedade”.
Essa aproximação, ainda em 2023 surgiu durante reunião com representantes do Ipen e a Profa. Mônica Fiorese. Para ela, esse novo encontro possibilita vários trabalhos em conjunto e que principalmente podem ser entregues para a sociedade "Eles entram conosco em uma proposta que submetemos à Fundação Araucária para um novo arranjo de inovação, o NAPI Agritech Symbiosis. O Ipen será nosso parceiro nesse hub para desenvolvimento de pesquisas que envolvam essas áreas. Então, eu acho que a nossa vinda foi muito positiva, vai melhorar muito também áreas como a de sementes, aumentar a viabilidade. Poderemos, por exemplo, fazer testes, alinhar pesquisas, submetê-las para órgãos de produtos, tanto do estado de São Paulo como também do estado do Paraná, que depois possam efetivamente ir para a sociedade”.
Sobre o Ipen
O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) é uma autarquia vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SCTI) do Governo do Estado de São Paulo e gerida técnica e administrativamente pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), do Governo Federal e se destaca nos estudos voltados a este setor, isso fez com que o instituto se tornasse referência no programa de pesquisas e desenvolvimentos em áreas afins e ainda garantir parcerias importantes com instituições como a USP para condução de programas de pós-graduação em nível de mestrado e doutorado.
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- 10/12/2024 - A Economia do Hidrogênio, fatos recentes, por Marcelo LinardiFonte: Blog Tania Malheiros
Em artigos anteriores, descrevi de maneira despretensiosa e sem esgotar o assunto, as principais características e desafios da chamada Economia do Hidrogênio. Neste texto apresento algumas definições importantes da área, como o do Hidrogênio Verde e outros, obstáculos da introdução tecnológica no mercado de energia do binômio hidrogênio/célula a combustível e suas particularidades.Certamente que, um estabelecimento pleno da Economia do Hidrogênio pode mitigar problemas ambientais, agravados ano a ano no mundo todo, devido às mudanças climáticas, causadas pelas emissões de gases de efeito estufa, que, por sua vez, provém da queima de combustíveis fósseis e outras causas de emissões nocivas, todas de caráter antropogênico.
Uma transição energética global se faz urgente em nossa sociedade moderna. Esta mudança de paradigma, que pressupõe mudanças radicais em setores bem estabelecidos da economia e da sociedade, inclui a introdução, em grande escala de um combustível renovável e o melhor candidato é, sem dúvida, o hidrogênio produzido de fonte primária renovável, o chamado hidrogênio verde.
A degradação do meio ambiente é, portanto, a grande força motriz para a implementação da Economia do Hidrogênio, cujas consequências, como o aquecimento global, são catastróficas. Poucos ainda insistem em duvidar deste fato.
Menos tensões políticasOutra observação interessante se faz necessária e diz respeito à geografia. Todos os recursos naturais de fontes de energias primárias estavam ou estão localizados em determinadas regiões do planeta, beneficiando, naturalmente, os países destas regiões. Este fato gerou e gera conflitos político-econômicos e até guerras. Vale, então, a seguinte reflexão: como o hidrogênio pode ser obtido de diversas maneiras, qualquer país ou região do planeta pode obtê-lo. Neste caso, com a introdução da Economia do Hidrogênio, tem-se pela primeira vez na história da humanidade uma democratização das fontes primárias de energia, que seguramente gerará mais progresso e menos tensões políticas.
Define-se uma Economia do Hidrogênio como sendo a economia, cuja fonte energética principal que move essa economia, num certo período da humanidade, provenha do vetor energético hidrogênio. Obviamente, deve haver uma transição mais ou menos rápida entre as duas fontes, dependendo de ações políticas eficientes e/ou um aumento significativo das catástrofes climáticas no globo. Trato dessas ações neste artigo.
Hidrogênio e mudanças climáticasAs mudanças climáticas já são um problema global do nosso tempo, resultado direto do aumento das emissões de gases de efeito estufa, provenientes da queima de combustíveis fósseis, destruição das florestas, entre outras causas. Como consequência, o aumento da temperatura média global, gera eventos climáticos extremos, elevação do nível do mar e perda de biodiversidade. Este ano devemos superar a meta 1,5°C de elevação da temperatura média do planeta (Acordo de Paris). De acordo com o relatório "Global Emission Gaps" da United Nations Environmental Program, lançado na COP29 em Baku, Azerbaijão, com as atuais emissões, estamos indo para uma média de aquecimento global de 3,1°C, ou seja, os compromissos de Paris não só não foram cumpridos, como a situação piorou muito mais. Para limitar esses efeitos, a transição para fontes de energias limpas e sustentáveis é mandatória.
Os hidrogênios verde e azul são excelentes candidatos para a transição energética desejada. O verde, gerado por eletrólise da água usando energia renovável é o mais sustentável e o azul, por sua vez, produzido a partir de gás natural, mas com captura e armazenamento de carbono é uma boa alternativa para a transição, bem como ainda o cinza, obtido da reforma catalítica do gás natural, que gera hoje o hidrogênio mais barato do mercado. O cinza possui uma vantagem não tão óbvia, como a redução pela metade de emissões, devido à alta eficiência energética numa conversão eletroquímica, normalizada por unidade de energia. Ainda temos o hidrogênio rosa, de fonte nuclear, mas este assunto reservamos para outra oportunidade.
O assunto já faz parte da agenda de governos: na União Europeia há planos ambiciosos para o uso de hidrogênio verde até 2050, com investimentos bilionários em infraestrutura; na Ásia, o Japão lidera tecnologias de hidrogênio, incluindo veículos movidos a células a combustível e a Coreia do Sul possui a maior usina de geração centralizada de energia elétrica e calor a célula a combustível do mundo, de 79 MWe, em Shinincheon Bitdream.
O Brasil tem potencial para se tornar líder na produção de hidrogênio verde, exportando para mercados internacionais, principalmente na região nordeste, rica em recursos naturais favoráveis à produção de solar, eólica e de biomassa, com grande potencial para protagonizar a transição energética do país. Dentre os estados nordestinos, o Ceará, Piauí e a Bahia ocupam papel de destaque na produção de energia limpa, graças à posição geográfica privilegiada e à abundância dessas fontes.
Inúmeros investimentosNeste sentido, o Ceará lançou em fevereiro de 2021 o primeiro "HUB” de hidrogênio verde em Pecém, com uma área de 19 mil hectares, atraindo inúmeros investimentos. Em setembro de 2023, o Conselho Estadual do Meio Ambiente aprovou a implementação do HUB. Já em outubro, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente entregou a licença prévia do HUB ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém. Esta ação motivou outros estados, como o Porto do Açú no Rio de Janeiro (Eletrobras e Prumo), Suape em Pernambuco (TechHub Hidrogênio Verde). Há outros, ainda em fase inicial, no Rio Grande do Norte, Piauí e Minas Gerais.
A maior motivação vem do fato de que, em 2023, o estado produziu aproximadamente 2,6 GW de energia eólica, representando cerca de 46% da capacidade total de geração de energia do estado, que é de 5,6 GW. A geração solar fotovoltaica ficou em 1,6 GW, distribuídos em 35 empreendimentos. Como a capacidade instalada de energia eólica no Brasil em 2023 foi de aproximadamente 4,9 GW e a solar fotovoltaica foi de 4,5 GW, o Ceará contribuiu com 53 % em eólica (31% em 2022) e 35 % em solar (27 % em 2022) à matriz energética elétrica brasileira, no ano passado, confirmando sua liderança nacional, de acordo com dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Vale o destaque do rápido crescimento de 2022 para 2023.
Os fatores favoráveis à criação do HUB são além, claro, da disponibilidade abundante de energias limpas, a localização mundial privilegiada para transporte marítimo, os incentivos tributários e a infraestrutura portuária para exportação (parceria com o porto de Roterdã nos Países Baixos, para exportação de hidrogênio verde para a Europa).
O HUB de hidrogênio verde no complexo do Pecém, no Ceará, tem avançado, significativamente, nos últimos meses. Em outubro de 2024, o Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação aprovou o maior projeto de produção de hidrogênio verde em larga escala do país, a ser instalado em Pecém. O projeto, liderado pela Brasil Fortescue Sustainable Industries Ltda, prevê um investimento de R$17,5 bilhões. A fase de operação está prevista para agosto de 2028.
As aplicações do hidrogênio verde como combustível limpo vão além da geração de eletricidade e calor, mais eficientemente, em sistemas de células a combustível. Também podem ser queimados em vários setores da economia em processos físicos e químicos, como na siderurgia verde (principalmente para a produção de aço verde); na pecuária verde (como produção de carne, leite e outros produtos de origem animal, minimizando impactos ambientais), etc. O comércio mundial está cada vez mais exigente sobre estas questões. Exemplo disso são os recentes entraves do acordo comercial Mercosul/União Europeia, onde questões ambientais emperram a desfecho do acordo. Uma ferramenta importante neste contexto de descarbonização do planeta é a ideia do Crédito de Carbono, discutida a seguir, embora o mais importante mesmo seria o abandono do uso de combustíveis fósseis.
Mercado de crédito de carbonoO projeto de lei que cria o Mercado Regulado de Carbono no Brasil foi aprovado no Senado em 13/11/2024 e agora precisa ainda de um período para ser regulamentado, num prazo de dois anos, depois de ser sancionado pelo presidente Lula. O projeto determina limites para emissões de gases do efeito estufa, causadores do aquecimento global e suas recentes catástrofes climáticas associadas. Será obrigatório para empresas que emitem mais de 10 mil toneladas de poluentes por ano.
Assim, se uma empresa ultrapassa essa quota, poderá comprar créditos de carbono de outra empresa que emitiu menos ou deixou de emitir, usando tecnologias limpas. Cada tonelada de carbono que deixa de ser emitida equivale a UM CRÉDITO, que tem um certo valor financeiro que pode ser negociado. Agricultura e pecuária ficaram fora do projeto. Os estados da federação poderão ter seus próprios mercados de carbono. Vale lembrar que o mercado voluntário de Crédito de Carbono já está em operação prática no país para pessoa física, empresa ou governos, sem ser ainda obrigatório.
Desse modo, a Política Brasileira sobre o Clima pode passar a integrar as futuras transações internacionais. Em Baku, Azerbaijão, na COP29 (Conferência do clima da ONU, novembro de 2024) o Brasil se comprometeu a reduzir as emissões de 59% a 67% até 2035. Especialistas e ambientalistas disseram que o Brasil poderia e pode fazer ainda muito mais. Todo esse processo regulatório tende a ser acelerado, de modo que o país chegue na COP30 em Belém do Pará em 2025 com estre trunfo político nas mãos.
Ainda sobre a recente COP 29, depois de muitas negociações saiu um decepcionante e vago acordo sobre a elevação do fundo de países ricos para países emergentes/pobres de US$100Bilhões para US$ 300 Bilhões, muito aquém dos desejados US$1.300 Bilhões, anuais até 2035, para mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, ou seja, redução das emissões em geral. Marina Silva, nossa Ministra do Meio Ambiente disse em Baku: "Esse valor é insuficiente. Estamos pedindo meios para implementar medidas que são em benefício de todo o planeta, inclusive dos países desenvolvidos”.
Portanto, é consenso que o documento apresenta falhas, pois não deixa explicito de onde vai sair a verba do fundo, referindo-se a fontes públicas e privadas de uma forma genérica, além de não citar limites ao uso de recursos fósseis para gerar energia. O setor privado, por exemplo, não é signatário destes acordos climáticos. Obviamente recursos públicos de países ricos seriam as fontes mais seguras.
Após nove anos de debates, a COP 29 aprovou, entretanto, uma arquitetura de regras de um Mercado Global de Crédito de Carbono, ao qual o Brasil deve agora se adequar, com a sua regulamentação. A maior parte da verba arrecadada pelo Governo Federal com Créditos de Carbono deve ser aplicada em projetos que reduzam a poluição causada pelas atividades econômicas. Muita atitude ficou adiada para a COP 30, em Belém no próximo ano. Presidente Lula disse: "A COP 30 será nossa última chance de evitar uma ruptura irreversível no sistema climático”. A conferir.
Pontos críticosConcluímos que sem a intenção de esgotar o assunto, podemos listar alguns pontos críticos para o estabelecimento da Economia do Hidrogênio globalmente: o hidrogênio, um vetor energético, não está disponível na natureza, tendo de ser obtido de uma fonte primária. Seu custo ainda não é competitivo para fins energéticos, mas este fato pode mudar rapidamente com a produção em grande escala; segurança, manuseio, armazenamento e transporte do hidrogênio (entretanto, a tecnologia pode equacionar estes itens, como ocorreu com outros tipos de combustíveis no passado); redução do preço das células a combustível e também dos eletrolisadores (aumento de escala pode ser a solução); mudança de paradigma na indústria, onde toda uma forma de produção de energia e de meios de transporte têm de ser modificada drasticamente; inserção de carros elétricos no mercado, sendo os de bateria os mais comuns e já existem também os híbridos equipados com células a combustível a hidrogênio.
Quatro notícias recentes demonstram mudanças de cenários: (1) Em 2023, o mundo adicionou 50% mais capacidade geradora em energias renováveis e, em 2028, elas já devem atingir 42% da geração global de energia elétrica (nossaenergia.petrobras.com.br). Estes dados mostram que a transição energética já começou. A sua velocidade de implementação é a incerteza. (2) O preço dos carros de emissão zero (incluindo os elétricos, desprezando emissões da sua produção) tem-se reduzido ano a ano, seguindo a curva de aumento de escala e aprimoramento tecnológico, como ocorreu com os veículos de combustão interna há 100 anos. No Brasil, o Renault Kwid E-Teché o carro elétrico mais barato, com preço de R$ 99.990 (www.quatrorodas.abril.com.br). (3) A empresa Bosch anunciou cortes massivos de mais de 5mil postos de trabalho, alegando que o setor automotivo está em crise, devido à transição para os veículos elétricos. É apenas a ponta do iceberg, com grande parte dos cortes na Alemanha. Esta notícia demonstra, inequivocamente, a mudança no mercado de tecnologias automotivas (www.poder360.com.br). (4) O Brasil acaba de inaugurar sua primeira fábrica de hidrogênio verde, em Minas Gerais. Trata-se da empresa Neuman e Esser Brasil, que incorporou a nossa Startup HYTRON. A nova fábrica tem capacidade para produzir até 70MW/ano de geradores de hidrogênio conteinerizados e poderá entregar até sete vezes mais eletrolisadores na comparação com o volume produtivo atual da empresa (https://www.autodata.com.br/noticias/2024).
Portanto, percebemos que há urgência para a criação de uma nova infraestrutura mundial para este novo vetor energético: o hidrogênio. De uma maneira gradativa e segura deverá surgir uma coexistência entre a geração centralizada e geração distribuída de energia elétrica. Tecnologicamente, este ponto crítico pode ser superado, sem maiores problemas. A Economia do Hidrogênio é uma peça-chave na descarbonização do planeta e na mitigação das mudanças climáticas, embora enfrente ainda desafios tecnológicos e econômicos. Avanços em inovação e políticas públicas adequadas podem transformar o hidrogênio em um pilar da transição energética, promovendo um futuro mais sustentável. Neste contexto o Brasil é privilegiado, pois devido às suas características pode ser um líder na produção e exportação de hidrogênio verde a partir de várias rotas tecnológicas (vento, sol, biomassa), fortalecendo o importante conceito de democratização de fontes primárias de energia.
Perfil Marcelo Linardi
Pesquisador Emérito do IPEN, no Centro de Células a Combustível e Hidrogênio; graduado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Campinas (1983), com mestrado em Ciências Nucleares pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (1987), doutorado em Engenharia Química - Universitat Karlsruhe (1992) e Pós-Doc pela Universidade de Darmstadt, Alemanha em 1998; autor de vários livros, entre eles, "O IPEN e a Economia do Hidrogênio”, Editora SENAI, 288p, São Paulo, 2022. Exemplares podem ser solicitados, gratuitamente, em superintendente@ipen.br
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- 05/12/2024 - Especialistas debatem soluções para diferentes setores no primeiro encontro do Distrito de InovaçãoEvento sediado na USP reuniu representantes de universidades e institutos de pesquisa, além de autoridades do governo municipal e estadual. Para as lideranças, propostas devem priorizar bem-estar social e desenvolvimento sustentável
Evento sediado na USP reuniu representantes de universidades e institutos de pesquisa, além de autoridades do governo municipal e estadual. Para as lideranças, propostas devem priorizar bem-estar social e desenvolvimento sustentável
Fonte: Agência FAPESP
Em busca de sugestões inovadoras para segmentos variados, o Distrito de Inovação da Cidade de São Paulo promoveu em 26 de novembro sua primeira conferência. O encontro foi realizado no Centro de Pesquisa e Inovação da Universidade de São Paulo (Inova USP). O Distrito de Inovação fica na região do Butantã, na capital paulista, e busca ser um ecossistema integrado para aproximar academia, governo, empresas e sociedade.
Formado a partir de uma colaboração entre USP, Instituto Butantan, Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), o projeto tem patrocínio da FAPESP e apoio da prefeitura de São Paulo e do governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SCTI). Um dos seus principais objetivos é criar um ambiente colaborativo de desenvolvimento tecnológico.
Na abertura, Carlos Gilberto Carlotti Jr., reitor da USP, destacou o esforço da universidade de incluir inovação em suas atividades. Já o secretário de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, Vahan Agopyan, mencionou o apoio governamental à inovação. "O Distrito de Inovação é parte de uma política pública estratégica para o Estado de São Paulo”, apontou Agopyan. "É um espaço que produz conhecimento, pesquisa e inovação, cuja tarefa é manter esse ciclo contínuo. Queremos realizar eventos estimuladores para incentivar a criação de outros distritos como esse no Estado.”
Em seguida, a pesquisadora Ghissia Hauser, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), abordou os laboratórios vivos (living labs) – ambientes de pesquisa e validação de tecnologias que buscam soluções inovadoras para necessidades existentes. "As soluções tecnológicas devem atender às pessoas e trazer bem-estar social”, ressaltou. "É preciso inovação, participação e governança para superar 200 anos de produção e consumo linear. Se o distrito não dialogar com o território, nada acontece.”
Ghissia descreveu uma experiência de living lab em andamento atualmente em Porto Alegre, no âmbito do Pacto Alegre (programa que busca realizar projetos transformadores e com amplo impacto para a cidade). Instalado em uma comunidade da capital gaúcha, o laboratório faz rastreamento de resíduos. "Temos presença constante na comunidade para obter engajamento dos participantes. Pudemos observar que 30% dos resíduos são rejeitos, ou seja, a cooperativa separa, mas não aproveita. O projeto busca melhorar esses processos.”
Letícia Feres, procuradora-geral de Contas do Estado de São Paulo, por sua vez, ponderou que a inovação é imperativa no mundo pós-pandemia, mas que ainda é necessário superar as barreiras cultural e adaptativa para sua adoção. "Estamos abertos a ouvir ideias”, reforçou. "Investir em tecnologia é economizar e queremos fomentar boas práticas com base em segurança jurídica.”
Ela apresentou, ainda, o painel de inovação elaborado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), que mostra a localização de centros de inovação em municípios do Estado de São Paulo. "Com isso, queremos garantir a transparência dos dados”, diz. "O TCE quer ser parceiro, não obstáculo, na adoção de inovação.”
Uma das finalidades da conferência foi propor sugestões para que as quatro instituições de pesquisa envolvidas atuem de forma integrada, por meio de um pacto de inovação. Isso porque é a sinergia entre elas que melhora a vida de todos na cidade, já que juntas podem ser mais efetivas que isoladas.
Os participantes se reuniram em mesas-redondas para debater temas como segurança institucional para contratação de inovação, transição energética, cidades inteligentes, transformação digital, biotecnologia, descarbonização e outros. Nesses encontros, foram levantados os desafios e as oportunidades para cada setor.
Laboratórios vivos
De forma geral, as propostas, embora elaboradas para setores diferentes, convergiram em vários pontos. Existe um consenso, por exemplo, em relação ao fato de que o distrito deve dialogar com a comunidade do entorno e lhe garantir prosperidade. Diferentes grupos enfatizaram essa necessidade, uma vez que conhecer as demandas da sociedade e desenvolver propostas especificamente para elas é fundamental para garantir o engajamento e a consequente adoção.
Nesse contexto, o conceito de laboratórios vivos esteve bastante presente nas sugestões apresentadas. Boa parte dos participantes sugeriu que essa seja a abordagem prioritária no Distrito de Inovação. Além disso, as comunidades do entorno poderiam servir como metacidade para a experimentação de soluções de infraestrutura urbana. Assim, seria possível avaliar sua viabilidade antes da efetiva aplicação na cidade. O distrito, então, seria uma vitrine para as diferentes propostas de inovação criadas.
Outra referência importante foram as cidades inteligentes. Esse conceito não tem necessariamente relação com alta tecnologia: é possível que uma solução com baixa tecnologia (como as baseadas na natureza ou em sabedoria ancestral) ofereça a resposta adequada a uma demanda. O conceito permite garantir transparência, participação de todos os envolvidos e eficiência no uso dos recursos.
Paralelamente, foi apontada a importância do rio Pinheiros nas proximidades do Distrito de Inovação. Para esse equipamento, a sugestão foi criar um plano hidroviário voltado ao transporte tanto de passageiros quanto de logística reversa: assim, o rio seria útil para a integração territorial no Distrito de Inovação.
São Paulo detém, atualmente, a posição de 26ª maior região de inovação do mundo, o que a torna apta a atrair investimentos e talentos globais. Dessa forma, o Distrito de Inovação é mais do que um espaço físico: é um conceito de colaboração em que a soma de esforços de diferentes atores permite obter soluções mais complexas e efetivas para os desafios urbanos contemporâneos.
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- 02/12/2024 - Fiesp e Cietec convocam startups com soluções para desafios das indústriasFonte: TIinside
Inovação para acelerar a indústria brasileira, esse é o mote da chamada para startups solucionarem grandes desafios industriais. A iniciativa, em parceria com o Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), junto com a Incubadora de Base Tecnológica da Universidade de São Paulo (USP) e o Instituto de Pesquisa Energéticas e Nucleares (Ipen), irá selecionar 15 startups deep techs que utilizam descobertas científicas para trazer resoluções para indústria.
Essas deep techs serão desenvolvidas no Programa DNA, metodologia proprietária do Cietec. As inscrições estarão abertas até o dia 15 de janeiro de 2025, no site da Incubadora USP e IPEN [www.inscricoes.cietec.org.br/incubadora-sp].
Neste terceiro batch, ou seja, grupo, do Programa DNA, as startups proponentes deverão atender a uma de três missões do Nova Indústria Brasil priorizadas pela Fiesp: Saúde e Complexo Industrial da Saúde (Missão 2), Descarbonização da Economia (Missão 4), Indústria 4.0 e Digitalização (Missão 5). Lançado pelo Governo Federal, o Nova Indústria Brasil busca estimular o desenvolvimento produtivo e tecnológico e ampliar a competitividade da indústria brasileira.
As 15 startups selecionadas terão oportunidades como acesso a uma rede exclusiva de relacionamento com indústrias associadas aos sindicatos e com indústrias próximas à Fiesp, além da possibilidade de teste de provas de conceito junto a esses parceiros.
Felipe Massami Maruyama, diretor de Operações do Cietec, destaca que a iniciativas como essa são fundamentais para aproximar startups de base científica das demandas reais da indústria, criando um ecossistema de inovação mais integrado e eficiente."Com o Programa DNA, oferecemos às deep techs não apenas o suporte necessário para amadurecerem suas tecnologias, mas também a oportunidade de testarem soluções diretamente em indústrias associadas aos sindicatos e as indústrias que têm proximidade com a FIESP. Esse é um passo estratégico para acelerar o desenvolvimento produtivo e inovativo do Brasil, alinhando ciência, mercado e impacto econômico", avalia Maruyama.
Para Pierre Ziade, diretor titular do Departamento da Micro, Pequena, Média Indústria e Acelera Fiesp, a parceria com o Cietec no Programa DNA reforça o compromisso com a inovação e o fortalecimento da indústria brasileira."Ao conectar deep techs com as demandas reais do setor produtivo, criamos um ambiente propício para o desenvolvimento de soluções tecnológicas que impulsionam a competitividade e a sustentabilidade das empresas. Essa parceria não apenas promove a modernização industrial, mas também posiciona o Brasil como um protagonista no cenário global de inovação", pontua Ziade.
Metodologia exclusiva para deep techs
O Programa DNA oferece trilhas formativas híbridas, combinando experiências online e presenciais. Os empreendedores participarão de uma metodologia única dividida em três ciclos: Descoberta, Negócios e Aceleração. Isso permite que os empreendedores recebam suporte adequado de acordo com a maturidade de seus negócios e tecnologias. As atividades presenciais serão realizadas na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo e na FIESP.
As startups selecionadas receberão um diagnóstico personalizado, avaliando o nível de maturidade do negócio, além de recomendações de especialistas para o desenvolvimento de pontos estratégicos. Por meio do Programa DNA, terão acesso a capacitações, mentoria, oportunidades de negócios e eventos exclusivos.
Candidatura Simplificada
É importante observar que não é necessário possuir CNPJ constituído para se candidatar. O processo é simples: basta preencher o formulário disponível neste link: www.inscricoes.cietec.org.br/incubadora-sp.
As candidaturas serão avaliadas pela Banca Examinadora com base em critérios como grau de inovação, perfil empreendedor, potencial de mercado, risco tecnológico e impacto. O resultado do processo seletivo será divulgado em março de 2024.
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- 27/11/2024 - Brasil e China assinam memorando de entendimento na área de saúde, com foco na produção de radiofármacosFonte: CNEN
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e a China Isotope and Radiation Corporation (CIRC) assinaram um memorando de entendimento durante a Conferência Ministerial sobre Ciência, Tecnologia e Aplicações Nucleares e Programa de Cooperação Técnica da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em Viena.
Pelo Brasil, Isolda Costa, diretora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), unidade técnico-científica da CNEN em São Paulo, firmou o documento. A cooperação técnica pretende envolver ações na área de saúde, relacionada à produção de radiofármacos e à radiação de, por exemplo, alimentos ou de material cirúrgico.
Isolda Costa explicou o que acredita ser o impacto na China da assinatura do memorando e a relevância do que isso poderá representar no futuro. "São muito importantes para a sociedade chinesa esses símbolos de assinatura de um convênio, porque isso representa, de fato, que isso está sendo levado a sério. Então, é um marco. Eu considero que, a partir daqui, atinge um outro nível de conversas, de reuniões, no sentido de fazer acontecer.”
Ela considera que a quantidade de pessoas da comitiva chinesa simboliza o tamanho do interesse na cooperação com o Brasil. "Eles estão acostumados a produzir radiofármacos para uma população que é imensa e, hoje, a China tem uma tecnologia muito avançada nesta área.” Em recente visita ao país, Isolda Costa conheceu instalações onde os processos estão se tornando completamente automatizados. Ela ressalta o efeito disso na saúde da população.
"Com segurança na produção de radiofármaco, o material que é introduzido no corpo humano, com boas práticas de fabricação e tecnologia avançada, que é o que queremos para o nosso Brasil.” A população brasileira seria beneficiada diretamente por tal cooperação técnica, uma vez que, segundo a diretora do IPEN/CNEN, a ideia é levar os resultados da parceria para o Sistema Único de Saúde.
O presidente da CNEN, Francisco Rondinelli Junior, presente na cerimônia, salientou o potencial de crescimento da parceria do Brasil com a China. "Estamos montando uma hierarquia de documentos que possibilitará explorar esta parceria. É muito bem-vinda e oportuna esta cooperação internacional, tendo em vista a projeção de crescimento de mais do triplo da nossa capacidade e pela demanda reprimida no país.” O diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da CNEN, Wilson Calvo, destacou que a cooperação com transferência de tecnologia e de conhecimento beneficiará tanto a população brasileira quanto a chinesa.
O chefe de gabinete do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Rubens Diniz, relembrou os 50 anos do início das parcerias entre os dois países. "Neste período, a ciência e a tecnologia se tornaram o grande elo entre o Brasil e a China. Estamos felizes por termos incluído a área nuclear nessa cooperação e acreditamos que a parceria ganhará novo status a partir disso”, ressaltou.
Foto: CIRC/China
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- 27/11/2024 - Saúde assina acordo com multinacional belga para promover capacitação médica em epilepsiaGoverno de São Paulo assinou carta de intenções com multinacional belga para capacitar profissionais de saúde
Governo de São Paulo assinou carta de intenções com multinacional belga para capacitar profissionais de saúde
Fonte: Agência SP
O governador Tarcísio de Freitas recebeu nesta terça-feira (26) a Princesa Astrid da Bélgica para a assinatura de uma carta de intenções com a multinacional belga UCB Biopharma para implementar um programa digital deeducação médica em epilepsia. A assinatura aconteceu no Palácio dos Bandeirantes com a presença de diplomatas e empresários.
Com o acordo, a Secretaria de Saúde do Governo de São Paulo declara sua intenção de implementar um programa de educação médica com o objetivo de melhorar o manejo terapêutico da epilepsia no sistema de saúde e disseminar informações para a sociedade.
Feito por meio de uma plataforma digital, o programa será destinado a profissionais da saúde do sistema público de saúde. "É muito importante ter protocolos de avanços na área da Saúde. Estamos também avançando na área de oncologia e radiofármacos. A Bélgica e o Estado de São Paulo têm tudo para desenvolver uma política voltada a avanços tecnológicos na área da saúde”, ressaltou o secretário de Saúde, Eleuses Paiva.
O encontro também contou com a participação do governador Tarcísio de Freitas. Junto a empresários e diplomatas belgas, foram tratadas as temáticas da transição energética e do investimento em energias sustentáveis. "Vamos trabalhar para manter essa excelente relação e esse ambiente de negócios. Temos a presença de empresas de altíssima tecnologia, seja na área do agronegócio, química ou transportes. Vamos preparar o salto que será dado para tornar a nossa produção cada vez mais sustentável”, disse o governador.
Além do acordo de capacitação de profissionais de saúde para epilepsia, o Governo de São Paulo firmou outro acordo com organizações belgas. O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e a ONG bela Oncidium estabeleceram uma estrutura de colaboração com foco em educação, treinamento e pesquisa na área de macrofármacos.
Governador Tarcísio de Freitas em encontro com princesa Astrid da Bélgica. Foto: Marcelo Camargo/Governo de São Paulo
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- 27/11/2024 - Nasce Distrito de Inovação da Cidade de São PauloReunindo entidades de pesquisa, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, USP, Butantan, Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Fapesp e prefeitura da capital, iniciativa visa à transferência de ciência avançada de soluções para a sociedade
Reunindo entidades de pesquisa, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, USP, Butantan, Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Fapesp e prefeitura da capital, iniciativa visa à transferência de ciência avançada de soluções para a sociedade
Fonte: Jornal da USP
Com a realização da sua primeira conferência no Centro de Inovação da USP – Inova USP – foi lançado, nesta última terça-feira, 26/11, o Distrito de Inovação da Cidade de São Paulo.
O distrito, mais do que uma expressão urbana, se baseia no conceito de Geografia da Inovação, procurando integrar Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, USP, Instituto Butantan, Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a prefeitura do município.
"A inovação está dentro de nossas atividades habituais”, afirmou o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, na abertura do evento, reforçando que "não existe no País espaço tão adequado para a inovação, reunindo os marcos legais, pesquisadores, espaço físico e responsabilidades”.
"É importante deixar claro que o Distrito de Inovação faz parte da política pública de nosso Estado”, lembrou Vahan Agopyan, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, ressaltando que o Estado é a "26ª região de inovação do mundo”. É um movimento por intermédio do qual, segundo Vahan, "entidades próximas se aproximam institucionalmente” e que tem potencial de se repetir em cidades do interior do Estado.Abrir para a sociedadeO objetivo do evento, segundo texto distribuído pelos organizadores, foi "abrir o distrito para a sociedade e promover a discussão de como as chamadas áreas de inovação, baseadas nos conceitos de geografia de inovação, podem promover a transferência de ciência avançada para soluções para a sociedade”.O texto prossegue: "Além de avançados parques tecnológicos em São Paulo e no Brasil, os distritos são propostas mais avançadas de integração com as áreas urbanas. Em geral são áreas urbanas com alta concentração de organizações dedicadas à ciência, tecnologia e inovação. Cientistas, pesquisadores, empreendedores, profissionais de empresas, gestores de inovação, órgãos do governo especializados no tema, circulam, frequentam, habitam em torno do distrito”.E conclui: "É uma área integrada à cidade em que se respira conhecimento para produzir inovação, em que as conexões para criação e aplicação de novas soluções acontecem naturalmente. Fortalecendo a integração de distritos, parques, hubs e outros espaços de inovação, o impacto é potencializado”.Um rico cardápio de atividadesDurante o encontro, foram debatidos, por grupos distribuídos em vários espaços do Inova USP, dez diferentes temas que podem compor o cardápio das atividades do novo Distrito de Inovação:
- Segurança institucional para contratação de inovação e instrumentos jurídicos para inovação;
- Fundos de investimento e fundos híbridos em negócios de impacto e sustentabilidade;
- Integração vertical ciência & mercado: Computação, semicondutores e processamento;
- Integração vertical ciência & mercado: Transição energética para São Paulo e Brasil;
- Cidades inteligentes e questões urbanas para Distritos de Inovação no Brasil: conceitos e propostas;
- Integração vertical ciência & mercado: Deeptech para transformação digital com aplicações para digital, greenesocial techs;
- Integração vertical ciência & mercado: Biotecnologia;
- Integração vertical ciência & mercado: Indústria 4.0, descarbonização e sustentabilidade;
- Papel estratégico dos distritos de inovação e parques tecnológicos;
- Aceleração para maturidade tecnológica via colaboração entre academia e empresas compradoras de tecnologia.
Dos debates, dos quais participaram um variado leque de profissionais interessados nos temas, surgiram inúmeras sugestões sobre como desenvolvê-los e promover sua integração de modo a alimentar a sinergia entre as várias frentes de ação que comporão o Distrito.
"A função do Distrito é agregar e direcionar todos os profissionais que trabalham em inovação para pensar em temas relevantes na sociedade; pensar em coisas profundas”, afirmou André Aquino, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado, um dos organizadores do evento. O objetivo, lembrou Marcos Bruno, membro do Comitê Gestor do distrito, é promover uma aliança estratégica que crie sinergia, articulação e criação de valor entre as entidades envolvidas e estimule, também, o desenvolvimento de contatos internacionais.
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- 27/11/2024 - Usina nuclear de Angra 2 vai testar produção de remédio contra câncerEntre os radiofármacos conhecidos estão o Tecnécio 99, utilizado em cerca de 80% dos procedimentos de diagnósticos de tumores
Entre os radiofármacos conhecidos estão o Tecnécio 99, utilizado em cerca de 80% dos procedimentos de diagnósticos de tumores
Fonte: O Tempo
Estudos técnicos vão avaliar o potencial da usina nuclear de Angra 2 para a produção de radiofármacos, nome dado aos isótopos radioativos utilizados para identificar e tratar inúmeras doenças, especialmente diferentes tipos de câncer. A nova atividade está prevista em memorando de cooperação que será assinado nesta quinta-feira (28) entre a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear e a Eletronuclear, empresa responsável pela construção e operação de usinas nucleares no Brasil.Angra 2 é focada na produção de energia elétrica. Com uma capacidade instalada de 1.350 MW (megawatts) pode atender o consumo de uma cidade de 4 milhões de habitantes, por exemplo. Tecnicamente, a cooperação buscará identificar as possibilidades do seu reator para a medicina nuclear no país. "Hoje muitos dos radiofármacos consumidos no Brasil são importados", afirma o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo. "Queremos produzir aqui para baratear e melhor atender o mercado interno na luta contra o câncer."
Atualmente, o Brasil tem uma fabricação praticamente residual deste tipo de medicamento, que é feita no país em pequenos geradores e fica a cargo da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear), vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia. Uma das unidades é o Ipen (Instituto de pesquisas Energéticas e Nucleares), em São Paulo.
Entre os radiofármacos conhecidos estão o Tecnécio 99, utilizado em cerca de 80% dos procedimentos de diagnósticos de tumores, o iodo-123, adotado no diagnósticos de doenças da tireoide e do coração, e o Iodo 131, usado no tratamento de hipertireoidismo.
Os parceiros no acordo envolvendo Angra 2 têm especial expectativa em relação a capacidade da usina para a produção de Lutécio 177, medicamento radioativo adotado especialmente no tratamento de câncer de próstata, o segundo mais incidente entre os homens, atrás apenas do câncer de pele.
O produto importado é caro. Uma dose custa em média R$ 30 mil. Caso Angra 2 se concretize como alternativa para a produção nacional, a perspectiva é que será possível aumentar a oferta, reduzir o preço, ampliando o acesso da população, diz Lycurgo, sem adiantar valores.
O que faz Angra 2 boa candidata para atuar na área de saúde é o seu sistema para medir o fluxo neutro. No processo, pequenas esferas circulam por tubos até o interior do reator. Na produção do Lutécio 177, por exemplo, essas esferas são carregadas com Itérbio 176, injetadas no sistema e, ao serem expostas ao fluxo de nêutrons, se transformam em Lutécio 177.Segundo ele, esse processo de produção já foi testado e está em fase de implantação nas usinas nucleares de Cernavoda 2, na Romênia, e Bruce 7, no Canadá.
O memorando prevê que o trabalho conjunto vai ocorrer por cinco anos, com a possibilidade de renovação por mais cinco. Além de identificar os ajustes que devem ser feitos na central nuclear para a produção dos medicamentos, também tem a missão de identificar a cadeia de fornecimento local e o tamanho do mercado consumidor para esse tipo de produto.
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- 25/11/2024 - Equipe da USP vence Olimpíadas Nucleares com projeto para melhorar acesso à radioterapia no BrasilEstudantes da Escola Politécnica da USP criaram plataforma que facilita agendamento de consultas médicas, exames e sessões de radioterapia; projeto vai passar por incubadora do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia Ipen/USP
Estudantes da Escola Politécnica da USP criaram plataforma que facilita agendamento de consultas médicas, exames e sessões de radioterapia; projeto vai passar por incubadora do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia Ipen/USP
Fonte: Jornal da USP
Por Carolina Borin
O grupo Nêutrons Politérmicos, da Escola Politécnica (Poli) da USP, foi o vencedor da categoria medicina nuclear nas Olimpíadas Nucleares Brasileiras de 2024, organizadas pela Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN). A competição teve início em abril deste ano e os vencedores foram anunciados no início de novembro, no evento Nuclear Summit 2024, como desafio do tema Tratamento de câncer: como o Brasil pode avançar na implementação de novas tecnologias?.
"Optamos por participar na categoria de medicina por ser algo novo para nós e por não termos tanto contato com esse setor na graduação”, conta Luana Gomes da Silva, uma das integrantes do grupo, do curso de Engenharia de Materiais. A equipe ainda tem os estudantes Álvaro Sant’Anna Ferreira Neto, Enzo Yamamoto, João Pedro Oliveira Glóder Prado e Thais Kaori Yazawa, todos da primeira turma do curso de Engenharia Nuclear da Poli, ingressantes de 2021.
Eles desenvolveram a NPoli, um conjunto de softwares de agendamento de consultas médicas, exames e sessões de radioterapia que visa reduzir as barreiras e acelerar as etapas do tratamento nessa área da medicina. "Algumas das funções oferecidas pela plataforma são: o Agendamento Inteligente de Radioterapia; Integração com Sistemas de Regulação e Gestão de Exames; Painel de Controle para Médicos e Profissionais de Saúde; e Notificações Automatizadas e Interatividade com Pacientes”, explica Luana.
Inspirada nas principais soluções privadas internacionais, como o Varian’s ARIA e a Elekta’s Mosaiq, e nos sistemas utilizados no SUS, como o Sisrege o e-SUS APS, a NPoli apresenta uma interface simplificada, facilitando o seu uso por diversos públicos, e integra-se aos sistemas de regulação de saúde já existentes no Brasil. A ideia foi criar um sistema que se adaptasse à realidade descentralizada do SUS, atendendo tanto a grandes centros quanto a regiões menos favorecidas. Outro diferencial é que, ao contrário das soluções privadas, o foco da NPoli está na inclusão e acessibilidade, facilitando a comunicação com pacientes. A plataforma também oferece a possibilidade de gerenciar o uso de recursos hospitalares, como máquinas de radioterapia, otimizando sua utilização e reduzindo o tempo de espera.
O relatório do projeto está disponível em formato PDF. E a apresentação em vídeo pode ser conferida neste link ou no player abaixo:
Acesso desigual ao tratamento por radioterapia
Atualmente, segundo o Ministério da Saúde, o câncer é a segunda principal causa de morte no Brasil, podendo se tornar a primeira em 2030. Com este cenário, se destaca a desigualdade no acesso à radioterapia, tratamento que atende 52% dos pacientes oncológicos na fase inicial. No Brasil, em que mais de 75% da população depende do SUS, apenas 25% dos atendimentos de medicina nuclear, essencial para o diagnóstico, são realizados pelo sistema público de saúde e cerca de 70% dos serviços de medicina nuclear e radioterapia se concentram nas regiões Sul e Sudeste.
Para desenvolver a plataforma, o grupo passou por diversas etapas que incluíram testes, palestras e reuniões mensais com mentores – indicadas pela ABDAN e divididas nas subáreas das Olimpíadas – para direcionar o desenvolvimento das ideias e discutir possíveis soluções. Os estudantes também tiveram a oportunidade de participar de palestras com especialistas renomados do setor de radioterapia, que trouxeram uma visão técnica e prática sobre os desafios dessa área no Brasil.
Ao longo do processo, os grupos tiveram que desenvolver um artigo científico e apresentar suas ideias e avanços em formato de pitches (apresentação curta em vídeo) para os mentores e coordenadores. "Não apenas adquirimos um conhecimento técnico aprofundado sobre a área de radioterapia, um campo até então desconhecido para nós, como também tivemos contato com a realidade enfrentada pelos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirma Luana.
O projeto está no estágio de desenvolvimento de Produto Mínimo Viável e apresenta viabilidade econômica, com potencial de escalabilidade, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. "Acreditamos que iniciativas como essa são fundamentais para conectar a ciência e a engenharia a soluções reais que podem impactar positivamente a sociedade”, afirmam os integrantes do grupo.
Olimpíadas Nucleares Brasileiras
As Olimpíadas Nucleares Brasileiras têm duração de oito meses. Ao final, cada equipe apresenta um artigo científico escrito e um vídeo-pitch explicando a solução proposta. Um painel composto de cinco especialistas para cada tema analisa os artigos de acordo com critérios estabelecidos.
O objetivo é impulsionar a indústria nuclear ao promover a interação entre representantes da indústria, reguladores, academia e outros stakeholders (indivíduos e organizações impactados pelas ações de uma empresa). A competição cria bases para um ecossistema nuclear com resultados importantes para o Brasil e busca atrair jovens motivados e com potencial para serem os futuros gestores de projetos complexos na área nuclear.
Em 2024, a competição contou com um número recorde de participantes, com um total de 78 candidatos elegíveis de 29 universidades, distribuídos em oito estados e no Distrito Federal. Além do grupo da Poli, os vencedores da edição foram o NucleAtech – que propôs soluções para acelerar a construção de usinas nucleares – e a ANVerde – que buscou soluções para aumentar a sustentabilidade dos projetos de mineração de urânio.
As soluções vencedoras foram homenageadas no evento Nuclear Legacy 2024, organizado pela ABDAN, no Rio de Janeiro, nos dias 5 e 6 de novembro de 2024. Além disso, foram selecionadas para participar de um período de incubação durante seis meses, de março a setembro de 2025, no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), localizado no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). "Estamos determinados a dar continuidade ao desenvolvimento da plataforma, que acreditamos ter o potencial de transformar a realidade da radioterapia no Brasil”, conclui Luana..
*Estagiária sob supervisão de Thais H Santos e Claudia Costa
Equipe Nêutrons Poltérmicos na cerimônia de premiação das Olimpíadas Nucleares Brasileiras de 2024 durante o evento Nuclear Legacy realizado no início de novembro – Foto: Divulgação/ABDAN
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- 20/11/2024 - AMAZUL e CNEN destacam licenciamento do RMB em VienaFonte: Defesa em Foco
Por Marcelo Barros
O Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), um dos projetos mais estratégicos do país, ganhou destaque na Conferência Internacional da IAEA em Viena. Liderada por profissionais da AMAZUL e da CNEN, a apresentação abordou o equilíbrio entre o avanço científico e a conservação ambiental, ressaltando a relevância global do projeto.
Aspectos técnicos do licenciamento do RMB
A apresentação destacou os desafios enfrentados para garantir o cumprimento das rigorosas normas ambientais e nucleares que regulam o RMB. O licenciamento ambiental, conduzido pela CNEN com apoio técnico da AMAZUL, atende a uma série de exigências estabelecidas pelo IBAMA, incluiendo monitoramento ambiental iniciado em 2020.
Esse monitoramento abrangeu a qualidade das águas superficiais e subterrâneas, a fauna e a flora locais, os níveis de ruído e os aspectos socioeconômicos da região. Tais análises são essenciais para assegurar que o projeto seja desenvolvido com o menor impacto possível ao meio ambiente, cumprindo tanto as exigências nacionais quanto os padrões internacionais estabelecidos pela IAEA.
No âmbito nuclear, a CNEN lidera um processo criterioso de licenciamento que garante a segurança do reator e de suas operações. A integração entre os aspectos ambientais e nucleares demonstra a capacidade do Brasil de avançar na pesquisa tecnológica sem negligenciar a sustentabilidade e a segurança.
Relevância Socioambiental do Projeto RMBOs compromissos socioambientais do projeto RMB têm gerado resultados expressivos. Um dos principais esforços foi o plantio de mais de 9.500 árvores nativas, que contribuem para a restauração e conservação de corredores ecológicos na região do empreendimento. Essa ação, além de mitigar impactos ambientais, reforça o compromisso do projeto com a biodiversidade local.
Outro marco importante foi a prospecção arqueológica realizada como parte das condicionantes ambientais. O trabalho resultou na descoberta de um significativo sítio arqueológico relacionado ao povo tupi-guarani, um achado que valoriza o patrimônio cultural da região e reforça o cuidado do projeto com aspectos históricos e sociais.
Essas ações socioambientais evidenciam que o RMB não é apenas um avanço tecnológico, mas também um modelo de equilíbrio entre desenvolvimento e preservação ambiental.
Perspectiva internacional e científicaA participação da AMAZUL e da CNEN na Conferência da IAEA reforçou a importância do RMB no cenário global de pesquisa nuclear. O engenheiro ambiental Daniel Honorio, da AMAZUL, apresentou o artigo "Balancing Development and Preservation: Environmental and Nuclear Licensing Aspects of the Brazilian Multipurpose Reactor – RMB”, destacando as estratégias que permitem ao Brasil atender às exigências ambientais e nucleares sem comprometer o avanço científico.
O trabalho também contou com coautores da AMAZUL, como Marcelo Zanellati, Naylson Ferreira e Carlos Alberto da Fonseca, além de pesquisadores da CNEN liderados por Patricia Pagetti de Oliveira. Juntos, esses profissionais demonstram como o RMB posiciona o Brasil como um protagonista no desenvolvimento de tecnologia nuclear voltada para a pesquisa, a medicina e a inovação científica.
A presença brasileira em um evento promovido pela IAEA reafirma o compromisso do país com os padrões internacionais de segurança e sustentabilidade. O RMB é mais do que um reator: é uma referência de como ciência, tecnologia e preservação ambiental podem caminhar juntas.
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- 10/11/2024 - 'Mudei de coloração muito rápido. Questão de meses', diz jovem que enfrenta efeitos de um tumor raroO tumor produz um hormônio chamado Acth, que fez Sabrina Gomes desenvolver a Síndrome de Cushing devido ao excesso de cortisol.
O tumor produz um hormônio chamado Acth, que fez Sabrina Gomes desenvolver a Síndrome de Cushing devido ao excesso de cortisol.
Fonte: Fantástico / Rede Globo
Há nove anos, uma jovem do Ceará recebeu um diagnóstico que mudou a vida dela.Os médicos descobriram que Sabrina tinha um tumor raro, que produz muitos efeitos colaterais. Este ano, ela foi surpreendida poruma mudança na cor da pele. O Fantástico explica que doença é essa e porque o caso da Sabrina foi parar na Justiça.
Sabrina descobriu a doença em 2015, quando tinha 15 anos. "Quando eles descobriram, disseram: vamos operar. E aí, quando a operaram, disseram que tinham tirado tudo, né. Pronto! Então, beleza, é seguir a vida, né”, relembra Patricia Gomes Lopes, mãe da Sabrina. Dois anos depois, Sabrina veio novamente com os sintomas e a família descobriu que o tumor estava crescendo a ponto de não poder mais ser retirado por cirurgia.
Síndrome de Cushing
Em 2022, a endocrinologista Ana Rosa, que vinha acompanhando o caso da Sabrina, decidiu fazer uma cirurgia de retirada das glândulas adrenais, que produzem o cortisol e, assim, combater a Síndrome de Cushing e seus efeitos. Deu certo. O cortisol parou de ser produzido em excesso, mas o tumor da continuou produzindo o ACTH, e estimulando as células que dão pigmentação à pele."Todo paciente que tem ACTH em excesso, ele tem um aspecto bronzeado. Quando a gente tira as adrenais, essa regulação fica muito mais perdida”, diz Ana Rosa.O tumor da Sabrina fica no timo, que, no corpo, regula o sistema imunológico. Está entre os pulmões e bem perto do coração, cercado por veias e artérias. Com um agravante: o tumor produz um hormônio, o "ACTH", esse hormônio estimula as glândulas adrenais - que ficam sobre os rins - a produzirem cortisol. Em doses normais, o cortisol é fundamental para nosso organismo, mas, com as adrenais sendo superestimuladas pelo tumor, o excesso de cortisol provocou a Síndrome de Cushing.
"A gente vai ter excesso de produção de glicose, então isso leva a diabetes. O excesso de cortisol altera a imunidade do indivíduo, ele leva à possibilidade de a gente ter infecções oportunistas. Você vai ter elevações de pressão arterial, retenção de água no nosso corpo. Se a gente não trata esse excesso hormonal, o paciente pode ir a óbito antes até do que devido a um crescimento tumoral. ”, explica a Ana Rosa Quidute, médica endocrinologista do Hospital Universitário e professora Faculdade de Medicina da UFC.
"Eu mudei de coloração muito rápido. Questão de meses, três meses, quatro meses", conta Sabrina.
Os efeitos na pele da Sabrina só podem diminuir se o tumor for reduzido. Nem quimioterapia, nem radioterapia foram eficientes. A médica indicou o tratamento com um remédio radioativo que - aplicado na veia - se fixa nas células cancerígenas, podendo destruir o tumor: é o lutécio radioativo, fabricado no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) em São Paulo.
"Não são produtos de prateleira, então não temos em estoque. São produzidos mediante encomenda, mediante uma demanda prévia. Sob congelamento, esse produto se conserva por 48 horas, dois dias, e ele pode ser utilizado”, conta Elaine Bortoleti de Araújo, coordenadora da área de radiofarmácia/IPEN.
O medicamento não faz parte da lista de remédios oferecidos pelo SUS, por isso, Patricia Gomes, mãe de Sabrina, levou o caso para Justiça. A Defensoria Pública conseguiu na Justiça obrigar o estado do Ceará a fornecer o medicamento para Sabrina. Em fevereiro, cada dose custava pouco mais de R$ 8 mil.
"O Estado do Ceará interpôs um agravo contra a liminar, buscando até afastar a obrigação de fornecer o medicamento com imposição de multa”, explica o defensor público Hélio Roberto Cabral de Oliveira.
A espera de oito meses agravou o estado de saúde da Sabrina. O tumor crescido começou a comprimir a traqueia, que leva o ar até os pulmões. Com a respiração comprometida, na semana passada, Sabrina precisou ser internada para uma cirurgia de emergência.
"Eu estava com a minha traqueia fechada, não conseguia respirar, não conseguia dormir, não conseguia andar”, conta Sabrina.
Uma prótese foi implantada na traqueia para aumentar a passagem de ar. Um paliativo, já que a última opção para tentar diminuir o tumor são as aplicações do lutécio radioativo. Depois que oFantásticoentrou em contato com a Secretaria de Saúde, o Diário Oficial anunciou a contratação do remédio pelo Instituto do Câncer do Ceará.
Na sexta-feira (09), Sabrina foi transferida para o Instituto do Câncer. Ainda está sendo avaliada pelos médicos para saber quando vai ter condições físicas de receber o medicamento.
"Eu quero terminar meus estudos. Quero tentar viver mais, conseguir viver minha vida normal um pouco”, fala Sabrina.
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- 21/10/2024 - Vencedores das Olimpíadas Nucleares Brasileiras apresentam projetos para agilizar obras de usinas e ampliar sustentabilidadeFonte: Petronotícias
Cada vez mais, as Olimpíadas Nucleares Brasileiras ganham corpo e importância dentro do setor nuclear. A competição é realizada pela Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN) e, na edição deste ano, registrou um recorde de 78 candidatos de 29 universidades, espalhados por oito estados e o Distrito Federal. Promovendo a interação entre representantes da indústria, reguladores, academia e outros stakeholders, o evento oferece aos estudantes a oportunidade de trabalhar em soluções práticas e inovadoras para problemas reais, criando as bases para um ecossistema nuclear no país. A direção da competição, mais uma vez, ficou nas mãos da conselheira da ABDAN, Patricia Wieland (foto), e da engenheira nuclear da Framatome, Eliene Silva. Os grupos vencedores desta edição foram NucleAtech, Nêutrons Politérmicos e ANVerde, que propuseram soluções para acelerar a construção de usinas nucleares, ampliar o acesso à radioterapia e aumentar a sustentabilidade dos projetos de mineração de urânio. As soluções vencedoras serão incubadas no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (CIETEC), e os alunos terão a chance de realizar visitas técnicas e imersões no setor. "Com o apoio de mentores de altíssimo nível, eles trabalham em problemas reais, o que contribui enormemente para o início de suas carreiras. Esse formato funciona como um trampolim para os novos talentos, ajudando-os a entrar no mercado com mais confiança e experiência”, afirmou Patricia Wieland. Os grupos vencedores serão homenageados no evento Nuclear Legacy, organizado pela ABDAN, nos dias 5 e 6 de novembro.Poderia explicar aos nossos leitores como é o formato da competição?
As Olimpíadas Nucleares Brasileiras têm uma duração de 8 meses, visando impulsionar a indústria nuclear ao promover a interação entre representantes da indústria, reguladores, academia e outros stakeholders. Ela cria as bases para um ecossistema nuclear com resultados importantes para o Brasil. A ideia é atrair jovens motivados e com potencial para serem os futuros gestores de projetos complexos na área nuclear.
Os alunos se reuniram em grupos heterogêneos, com participantes de diferentes especialidades, faculdades e estados. Eles tiveram que trabalhar com pessoas que não conheciam, até formar uma equipe coesa, entender o desafio, trabalhar com mentores e compor a solução final. Em 2024, um número recorde de universidades participa desse desafio, com um total de 78 candidatos elegíveis de 29 universidades, distribuídos em oito estados e no Distrito Federal. Os vencedores terão acesso gratuito à fase inicial de incubação de suas soluções inovadoras no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (CIETEC), além de visitas técnicas.
Como foi o processo de seleção dos vencedores?
No dia 23 de setembro, cada equipe apresentou um artigo escrito e um vídeo-pitch explicando sua solução inovadora. Um painel composto por cinco especialistas de alto nível para cada tema analisou os artigos de acordo com critérios estabelecidos. A premiação será apresentada durante o Nuclear Legacy da ABDAN em novembro. Estamos confiantes de que os participantes dessa competição se destacaram em diversos aspectos. Eles estão em uma corrida por crescimento, e nós os acompanhamos nessa jornada de aprendizado e transformação para se prepararem para uma carreira na indústria nuclear.
No tema de energia, quais foram os principais desafios apresentados para os alunos e como a equipe vencedora se destacou em suas soluções?
No tema de energia, os alunos foram desafiados a pensar em maneiras de acelerar a construção de usinas nucleares, que tradicionalmente enfrentam prazos longos e custos elevados. A equipe vencedora, o grupo NucleAtech, apresentou o projeto Aureum, com uma comparação entre o método tradicional de construção e a adoção de tecnologias disruptivas de modelagem e simulação avançada, além de práticas de sucesso do mercado de construção civil. Eles conseguiram demonstrar que seria possível reduzir o tempo de construção de 6,5 para 5 anos e os custos de 7.400 USD/kWe para 6.018 USD/kWe, tornando a energia nuclear mais competitiva e atraente. A proposta, inclusive, foi muito elogiada pelos jurados.
E como foi o resultado no tema de medicina nuclear?
Na categoria de medicina nuclear, o desafio proposto foi a melhoria do acesso ao tratamento de radioterapia no Brasil, que enfrenta sérios problemas de desigualdade regional e logística. A equipe vencedora, o grupo Neutrons Politécnicos, apresentou a plataforma NPOLI, uma solução inovadora que busca otimizar o agendamento de consultas e sessões de radioterapia no Sistema Único de Saúde (SUS).
A plataforma se integra aos sistemas de regulação de saúde existentes, facilitando o acesso ao tratamento e promovendo uma comunicação mais eficiente com os pacientes. Além disso, ela otimiza o uso de recursos hospitalares, reduz o tempo de espera e melhora a eficiência dos centros de radioterapia. O projeto está no estágio de desenvolvimento de Produto Mínimo Viável e apresenta viabilidade econômica, com potencial de escalabilidade, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Por fim, qual foi o grupo vencedor na categoria sustentabilidade?
Na categoria de sustentabilidade, o desafio focou na questão da drenagem ácida de minas (DAM), um problema ambiental sério em áreas de mineração, que pode comprometer a qualidade ambiental e a saúde pública. A equipe vencedora, o grupo Anverde, propôs uma estação de tratamento móvel para a DAM, com foco na recuperação de urânio e no uso da água tratada para fins industriais.
O sistema proposto inclui diversas etapas de tratamento, como precipitação com lama de cal de carbureto, decantação, filtração, peneira molecular e biossorção com microalgas, que ajustam o pH da DAM, tratam o efluente e removem metais pesados. Além de mitigar os impactos ambientais, o projeto contribui para a segurança energética do Brasil, oferecendo uma solução sustentável para a recuperação de urânio em minas descomissionadas e ativas.
Qual o principal diferencial dessas Olimpíadas Nucleares para esses jovens talentos?
O principal diferencial das Olimpíadas Nucleares é que elas preparam os alunos diretamente para o mercado de trabalho. Ao invés de se limitarem a exercícios acadêmicos, os estudantes são desafiados a encontrar soluções práticas para o desenvolvimento do país. Com o apoio de mentores de altíssimo nível, eles trabalham em problemas reais, o que contribui enormemente para o início de suas carreiras. Esse formato funciona como um trampolim para os novos talentos, ajudando-os a entrar no mercado com mais confiança e experiência.
Olhando para o futuro, quais são os planos para as próximas edições?
O número de participantes e os excelentes resultados alcançados nesta edição reforçam o caráter inovador e único das Olimpíadas Nucleares. Contudo, para que a competição continue evoluindo e alcance seu verdadeiro potencial, um dos nossos grandes desafios para as próximas edições será garantir o suporte de agências financiadoras e mais parceiros estratégicos. Esse apoio será crucial para expandir a estrutura e os recursos da competição, permitindo que mais alunos tenham acesso a essa experiência. Queremos ampliar o impacto das Olimpíadas em termos de alcance e proporcionar ainda mais oportunidades para o desenvolvimento dos jovens talentos, preparando-os para o mercado de trabalho e para os desafios da indústria nuclear.
Veja abaixo a composição das equipes vencedoras desta edição:
Tema: Energia
Equipe vencedora: NucleAtech
Participantes: Amanda Freire da Silva (Anhanguera São Bernardo do Campo), Andressa Justino Novaes dos Santos (Uninter Centro Universitário Internacional), Denise Machado Silva (Universidade Federal do ABC), Duvan Alejandro Castellanos Gonzalez (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), Ricardo Masaharu Ideguchi Junior (USP ESALQ) e Samuel Meireles dos Santos (Instituto Federal de São Paulo)Tema: Medicina
Equipe vencedora: Nêutrons Politérmicos
Participantes: Álvaro Sant’Anna Ferreira Neto (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo), Enzo Yamamoto (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo), João Pedro Oliveira Glóder Prado (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo), Luana Gomes da Silva (Universidade de São Paulo) e Thais Kaori Yazawa Ito (Universidade de São Paulo)Tema: Sustentabilidade
Equipe vencedora: ANVerde
Participantes: Arthur de Souza Oliveira (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), Danielle Carvalho dos Santos (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), Julia Barbosa Palhares (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), Marcela Rabelo de Lima (Instituto Militar de Engenharia) e Pedro Carvalho Nogueira (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais)Coordenadoras: Jadna M. S. Mendes, Isabella R. Magalhães e Otto Haubrich
Mentores: Leonam dos Santos, Karla Lepetitgaland, Leonardo Dalaqua Junior, Cledola Cassia Tello, Paula Lima, Luciana Carvalheira e Silvia Maria Velasques -
- 18/10/2024 - Cientistas do Ipen desenvolvem bateria leve e flexível com nanopartículas de chumboO protótipo utiliza nanopartículas de chumbo integradas a um tecido de carbono flexível, substituindo os eletrodos metálicos convencionais
O protótipo utiliza nanopartículas de chumbo integradas a um tecido de carbono flexível, substituindo os eletrodos metálicos convencionais
Fonte: Jovem Pan
Cientistas do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) anunciaram a criação de umabateriainovadora, que se destaca por ser mais leve e flexível em comparação com as opções tradicionais. A pesquisa foi publicada na Journal of Energy Storage, e um pedido de patente já foi encaminhado ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). Essa nova bateria apresenta um design compacto, ocupando menos espaço e oferecendo maior segurança, uma vez que é resistente a vazamentos. O protótipo utiliza nanopartículas de chumbo integradas a um tecido de carbono flexível, substituindo os eletrodos metálicos convencionais. Além disso, a escolha de um eletrólito sólido contribui para a segurança e a durabilidade do sistema.
Com dimensões de 5 centímetros quadrados e apenas 1,2 milímetro de espessura, o protótipo pesa apenas 0,73 grama, mantendo a mesma eficiência energética de uma bateria de chumbo tradicional que pesa 15 gramas. Essa nova tecnologia é vinte vezes mais leve e teve seu tamanho reduzido em impressionantes 90%. A flexibilidade da bateria abre possibilidades para a criação de diversos formatos, o que pode beneficiar áreas como eletrônicos portáteis, dispositivos médicos, sensores e satélites. Os pesquisadores do Ipen estão otimistas quanto ao potencial do material, que pode ser amplamente utilizado no armazenamento de energia em várias aplicações.
*Reportagem produzida com auxílio de IA
Publicado por Marcelo Seoane
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- 17/10/2024 - Brasileiros criam bateria leve e flexível de nanopartículas: quais seriam as vantagens na indústria?Cientistas do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) publicaram os resultados na ‘Journal of Energy Storage’ e pedido de patente já foi submetido
Cientistas do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) publicaram os resultados na ‘Journal of Energy Storage’ e pedido de patente já foi submetido
Fonte: O Estado de S. Paulo
Por Roberta Jansen
Cientistas do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) desenvolveram uma bateria muito mais leve e flexível que as convencionais, tradicionalmente usadas em automóveis e na indústria. Para desenvolver um dispositivo com essas características, os cientistas trabalharam com nanopartículas de chumbo e carbono.
Os resultados foram publicados na Journal of Energy Storage de março. Um pedido de patente do dispositivo já foi submetido ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi).
Uma bateria menor, mais leve e flexível traz grandes vantagens sobre os concorrentes. Ela ocupa menos espaço e, portanto, poderá ser usada em aparelhos cada vez menores, sobretudo sendo flexível.
O dispositivo também é mais estável, trazendo mais eficiência à corrente. Além disso, é mais seguro porque é imune a vazamentos -- que muitas vezes causam explosões.
"Nosso protótipo substitui os tradicionais eletrodos metálicos de chumbo das baterias tradicionais por nanopartículas de chumbo fixadas em um tecido de carbono flexível, muito mais leve e condutor do que chumbo metálico”, explica o químico Almir Oliveira Neto, do Centro de Células a Combustível e Hidrogênio do Ipen, que liderou o projeto.
Outra inovação do protótipo é o uso de um eletrólito sólido - uma membrana transportadora de prótons – no lugar do eletrólito líquido usado nas baterias de chumbo. Nas baterias usadas em carros elétricos, por exemplo, o eletrólito desempenha o papel de um elemento condutor de energia.
A membrana feita com polímeros deu flexibilidade ao sistema e o tornou mais leve. Além disso, a bateria é menos propensa a vazamentos e, portanto, mais segura. A ausência de líquidos também previne a corrosão interna, prolongado a vida útil do sistema.
O protótipo desenvolvido no Ipen tem 5 centímetros quadrados e 1,2 milímetro de espessura. Cada célula pesa apenas 0,73 grama e, em testes, teve a mesma eficiência energética de uma pilha de chumbo tradicional de 15 g.
Ou seja, a nova bateria é vinte vezes mais leve e teve o seu tamanho reduzido em 90%. Os cientistas destacam ainda a estabilidade da nova bateria, ou seja, a sua capacidade de carregar e descarregar sem perder a tensão elétrica.
Baterias de chumbo existem há 150 anos e são consideradas ainda hoje uma opção segura e de baixo custo. A desvantagem é que são pesadas e grandes, ocupando muito espaço. Uma bateria tradicional de chumbo pesa, em média, 14 quilos. Um modelo equivalente do novo dispositivo deve pesar, no máximo, dois quilos.
Como o dispositivo proposto pelo Ipen é flexível, em um futuro próximo, essa característica pode permitir o desenvolvimento de dispositivos moldados em outros formatos ou até dobráveis, o que pode servir a eletrônicos portáteis, dispositivos médicos, sensores e até satélites.
"Os estudos preliminares mostram que esse material possuí uma faixa muito grande de aplicação. Outros pesquisadores vão poder comprovar isso”, afirma Soares.
"Eles vão perceber que, utilizando os materiais estudados, existe uma variedade de aplicações no ganho e no armazenamento de energia, não só em baterias, mas em materiais leves, que podem servir tanto para a indústria de defesa aeroespacial e automobilística quanto a indústria de eletroportáteis”, complementa o pesquisador.
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- 17/10/2024 - CNEN participa do Exercício Guardião Cibernético, em Brasília, coordenado pela Diretoria de Radioproteção e Segurança NuclearFonte: CNEN
Entre os dias 14 e 18 de outubro, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) participa da 6ª edição do Exercício Guardião Cibernético (EGC 6.0), na Escola Superior de Defesa, em Brasília (DF). O evento, promovido anualmente desde 2018, é organizado pelo Comando de Defesa Cibernética em parceria com o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR), cujo objetivo é fortalecer a segurança das infraestruturas críticas do país.
O Exercício simula ataques cibernéticos para testar e aprimorar as capacidades de defesa dos setores essenciais ao funcionamento do Brasil, como transporte, energia, comunicações, finanças e defesa. A área nuclear participa ativamente desde a primeira edição, contribuindo para garantir a segurança das instalações nucleares brasileiras e reforçando a proteção contra ameaças cibernéticas.
Nesta sexta edição, a Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear (DRS/CNEN) assumiu a coordenação do Exercício Guardião Cibernético, função anteriormente exercida pelo GSI/PR. Para o diretor da DRS/CNEN, Alessandro Facure, esse papel de coordenar é motivo de orgulho. "Diante das crescentes ameaças digitais, essa iniciativa reafirma nosso compromisso com a proteção integral das infraestruturas críticas, garantindo a resiliência e a confiabilidade operacional essenciais ao setor nuclear brasileiro", afirmou.
O servidor Rafael de Oliveira Faria, do distrito de Angra dos Reis, também vinculado à DRS/CNEN, liderou a organização. Ele explica que a iniciativa é uma oportunidade de integração entre as instituições do setor e importante para consolidar a evolução do trabalho que vem sendo feito em segurança cibernética.
"A experiência na preparação do EGC 6.0 foi bastante intensa. Dentre os pontos positivos da edição, destaco o apoio da Agência Internacional de Energia Atômica fornecendo o simulador de cenários, a integração com outros setores do Exercício, a comunicação de incidentes utilizando a Rede Federal de Gestão de Incidentes Cibernéticos (REGIC), os Problemas Cibernéticos Simulados discutidos coletivamente com contribuição de todos e a presença de profissionais de Comunicação e Jurídico no Exercício”, avalia.
Entre os participantes do EGC 6.0, pelo Setor Nuclear, estavam representantes do GSI/PR, da Nuclep, INB, Eletronuclear e da Marinha do Brasil (CTMSP, DGDNTM e SecNSNQ). Pela CNEN, participaram representantes dos institutos vinculados: Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste (CRCN-NE), Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e Instituto de Radioproteção e Dosimetria(IRD).
O Exercício termina nesta sexta-feira, dia 18, com um panorama compartilhado por todos os setores participantes.
Apoio da AIEA
Na edição deste ano, o grupo teve a oportunidade de utilizar uma plataforma internacional de simulação, aplicada pela AIEA em seus treinamentos. Com essa ferramenta, foram criados cenários de ataques cibernéticos em diferentes contextos: uma instalação médica, um laboratório de produção de radioisótopos e uma usina nuclear.
Cada um desses desafios exigiu respostas e estratégias distintas dos participantes. A coordenação do Setor Nuclear contou com o apoio do professor Ricardo Marques, da USP, atuando como especialista internacional da AIEA, além de uma palestra virtual ministrada por Rodney Busquim, chefe da Seção de Gestão da Informação da AIEA.
Encaminhamentos
Durante o ECG 6.0, a CNEN realizou uma apresentação introdutória da Norma CNEN 2.07, a futura primeira norma de segurança cibernética em instalações nucleares brasileiras. A previsão é de que texto siga para a etapa de consulta dirigida no próximo mês.
Texto de Deize Paiva, da Assessoria de Comunicação do CDTN/CNEN
com informações da DRS -
- 16/10/2024 - Aciesp comemora 50 anos dedicados ao desenvolvimento científico, tecnológico e educacional em SPEm cerimônia realizada no auditório da FAPESP, a Academia de Ciências do Estado de São Paulo homenageou ex-presidentes, instituições parceiras e firmou os compromisso de estimular a formação de jovens cientistas e de conectar ciência e sociedade para a formulação de políticas públicas
Em cerimônia realizada no auditório da FAPESP, a Academia de Ciências do Estado de São Paulo homenageou ex-presidentes, instituições parceiras e firmou os compromisso de estimular a formação de jovens cientistas e de conectar ciência e sociedade para a formulação de políticas públicas
Fonte: Agência FAPESPA Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp) comemorou seus 50 anos em cerimônia realizada no auditório da FAPESP no dia 8 de outubro. Na ocasião, a academia homenageou seus fundadores, ex-presidentes e instituições parceiras. Também foi anunciado que, a partir de 2025, a agremiação terá uma sede na Universidade de São Paulo (USP)."O momento é de homenagear os fundadores, ex-presidentes, os jovens cientistas e sobretudo reconhecer a importância das instituições de ensino e pesquisa que contribuem e têm contribuído para o desenvolvimento da ciência, tecnologia, inovação e educação no Brasil e no Estado de São Paulo”, afirmou Adriano Andricopulo presidente da Aciesp.O diretor científico da FAPESP, Marcio de Castro, destacou que o cinquentenário da academia é um momento importante para celebrar conquistas, refletir sobre os desafios enfrentados, mas também de olhar para o futuro. "A academia tem buscado promover a excelência científica e a integração entre as diferentes áreas do conhecimento. Além de estimular o debate interdisciplinar nas soluções dos desafios da nossa sociedade, a Aciesp tem se envolvido ativamente em discussões de políticas públicas relacionadas à ciência e tecnologia, sendo um importante interlocutor entre a comunidade científica e o governo, colaborando na formulação de estratégias que visem o fortalecimento da pesquisa e da inovação no Estado de São Paulo”, afirmou o diretor da FAPESP.Para Castro, outro destaque da Aciesp são as iniciativas voltadas para os jovens pesquisadores. "A aproximação da Aciesp com a educação tem se mostrado de extrema importância, visto que a formação de mentes criativas e críticas é fundamental para o avanço da ciência no Brasil”, disse.Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), enfatizou a importância da Aciesp para além do Estado de São Paulo. "Somos uma federação e o sucesso de um Estado é o sucesso da nação. O papel da Aciesp vai ser cada vez maior, em termos não só das lutas por mais financiamentos, mas para pensar para onde vai a educação brasileira”, afirmou.Para Denise Pires de Carvalho, presidente da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o papel da Aciesp em estimular a formação de novos cientistas deve ser destacado. "A nossa maior luta de hoje é colocar a CTI e a educação no orçamento como deve ser. Vamos olhar para a frente: precisamos aumentar o acesso da educação superior. Não precisamos diplomar mais para atingir o censo e a meta da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico]. Precisamos formar com qualidade e saber como fazer isso”, afirmou.Ricardo Galvão, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), enfatizou a importância do engajamento de cientistas na formulação de políticas públicas. "Nós cientistas temos que estar engajados para que as políticas públicas estejam de acordo com aquilo que a ciência diz.”Carlos Gilberto Carlotti Júnior, reitor da Universidade de São Paulo e presidente do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), ressaltou a importância política da Aciesp. "Associações como a Aciesp são fundamentais para unir as universidades, os institutos de pesquisa e pesquisadores, possibilitando uma conversa com a sociedade e o poder público”, disse.O secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Vahan Agopyan, ressaltou o papel da Aciesp de apresentar políticas públicas. "Para que precisa de uma academia de ciências no Estado de São Paulo? Para defender a ciência e sua disseminação. E assim contribuiremos para o desenvolvimento firme do nosso Estado. Muita gente me pergunta se no século 21 ainda precisamos defender a ciência? Sim. Precisamos mostrar continuamente que a ciência é a ferramenta para o desenvolvimento econômico, social e cultural do nosso país. Portanto, a Aciesp tem a missão nobre de apoiar o governo e mostrar, apresentar, sugerir políticas públicas resultantes das pesquisas que fizemos”, disse.No final da cerimônia, a Aciesp homenageou Osvaldo Novais de Oliveira Junior, diretor do Instituto de Física da USP de São Carlos, representando os fundadores da academia.Waldyr Muniz Oliva, Walter Colli, José Eduardo Krieger, Marcos Silveira Buckeridge e Vanderlan Bolzani, todos ex-presidentes da Aciesp, também foram agraciados.A academia ainda homenageou instituições parceiras: Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal do ABC (UFABC), Centro Paula Souza (CPS), Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Instituto Butantan, Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), Instituto de Engenharia, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo (SCTI-SP), Academia Brasileira de Ciências (ABC), Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Fundação Petér Murányi, Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia. -
- 15/10/2024 - Três Projetos do CNPq apoiaram o 'Treinamento e Capacitação em técnicas de amostragem para projetos', destinado a graduandos e formados pertencentes a diferentes InstituiçõesVeja mais sobre o objetivo e os resultados do treinamento, que ocorreu em setembro de 2024.
Veja mais sobre o objetivo e os resultados do treinamento, que ocorreu em setembro de 2024.
Fonte: LabNUT - IOUSP
No período de 2 a 10 de setembro foi realizado o treinamento de técnicas de amostragem e análises oferecido para a atualização em formas de amostragem de diferentes parâmetros ambientais como oxigênio dissolvido, pH, alcalinidade, metano, isótopos, N-amoniacal, nutrientes, salinidade, material particulado em suspensão, clorofila e fitopigmentos, sílica biogênica, comunidades microbianas, RNA fitoplanctônico, sedimentos e montagem de armadilha na zona eufótica.
A revisão e atualização está sendo realizada com base nas necessidades de desenvolvimento de projetos ligados ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Transferência de Material Continente-Oceano (INCT- TMCOcean III – Prc.), SILICARBONCLIM e Rede OLEOMAR. Vários ingressantes estão se associando aos grupos de pesquisa, bem como a novas análises que estão sendo planejadas pelos colaboradores as quais vão ser integradas nas amostragens desses projetos. Desta forma, o treinamento é muito bem-vindo, além de representar uma transmissão de conhecimento.
O treinamento contou com parte teórica no IOUSP, parte prática na Base de Cananéia e treinamento no IPEN.
A prática ocorreu em Cananéia (SP) e foram treinados 13 alunos com diferentes graus de formação (iniciação científica, mestrandos, doutorandos, pós-doutorandos e pesquisadores da USP, da UNIFESP e do IPEN envolvidos nos projetos mencionados).
Essa parte prática envolveu o transporte de muito material para treinamento em amostragem a bordo de embarcação e em laboratório.
Material e equipe chegando para o treinamento na Base de CananéiaO deslocamento dos participantes envolveu despesas com veículos e foi programada a reserva de embarcação, alojamento e alimentação para todos. A indisponibilidade de van fez com que contássemos com 2 carros e um caminhão para a logística das atividades.
Os equipamentos foram montados no laboratório na Base do Instituto Oceanográfico da USP "Dr. João de Paiva Carvalho, em Cananéia”. Alguns aspectos do deslocamento para a Base de Cananéia (SP):
Preparo dos equipamentos no laboratório na base de Cananéia.O equipamento para determinação de oxigênio dissolvido e da alcalinidade (à esquerda) e sistema de filtração montados para receber a equipe com as amostras.
Treinamento para montagem da armadilha de sedimentação em acrílico para ser instalada na zona eufótica.A montagem dos coletores de água garrafa Hydrobios e garrafa de Niskin lançadas em embarcações menores sem auxílio da rosette:
Treinamento lançamento de garrafa Hydrobios (primeiras à esquerda) e lançamento de garrafa de Niskin (2 imagens a seguir).O treinamento para as coletas de amostras para análise de oxigênio dissolvido foi feito com auxílio de tubo redutor de fluxo (desmamador) em frascos com volume interno conhecido e com tampas mergulhadoras.
Coleta de água para determinação de oxigênio dissolvido, usando redutor de fluxo para evitar a formação de bolhas.Foram resgatadas as recomendações para a coleta de N-amoniacal sendo coletado cerca de 100ml em frasco âmbar, recebendo a adição de reagente a bordo, logo após a coleta.
Coleta de N-amoniacal e fixação a bordo.No treinamento, as coletas de água para determinação de isótopos foram realizadas utilizando uma seringa acoplada a um filtro, sem a formação de bolhas, e a água foi colocada em frasco com tampa de borracha e lacre de alumínio.
Coleta de água filtrada para a determinação de isótopos.Com o Disco de Secchi, a profundidade de desaparecimento foi medida para o cálculo da zona eufótica. A leitura da temperatura foi realizada em termômetros de reversão protegidos. As coordenadas da estação foram anotadas e foi ressaltada a importância do preenchimento das fichas. Foi medida a velocidade do vento, a umidade do ar e a temperatura do ar.
Medida do Disco de Secchi, leitura dos termômetros e coleta de dados nas fichas de bordo.A passagem de redes de fito e zoo foram realizadas tomando-se nota da velocidade do barco e das medidas do fluxômetro. Foram coletados o fitoplâncton e o zooplâncton de rede e preservados com formalina. Foi passada mais uma vez a rede de fitoplâncton para coleta de material para as análises ômicas.
Passagem de rede de fito e zooplânctonA coleta de sedimentos superficiais foi realizada com auxílio de um pegador de fundo tipo Van Veen. Os sedimentos foram armazenados em "marmitas” em alumínio para determinação da granulometria, material orgânico. Também foi coletada fração em pote plástico para determinação de metais e carbono orgânico.
Coleta de sedimento com o pegador Van Veen.No começo do dia foi lançada a armadilha para captura de material particulado em afundamento localizado na base da camada eufótica. A armadilha ficou exposta por 4h e o material foi filtrado para posterior pesagem e análise de material orgânico.
Lançamento e recolhimento dos tubos da armadilha de sedimentação na zona eufótica.Foi lançada a rede de arrasto para coleta de exemplares de peixes para as análises ecotoxicológicas.
Coleta de organismos, sobretudo bagres para estudos de ecotoxicologia, análises de metais, entre outros.
Equipe da manhã em treinamento na embarcação Bp Albacora do IOUSP.Equipe da tarde em treinamento na embarcação Bp Albacora do IOUSP.
No laboratório foram realizadas as calibrações dos equipamentos, filtrações e das coletas de amostras para as diferentes análises (clorofila, material em suspensão, nutrientes, COD, metais). Foram determinados o Oxigênio Dissolvido, a alcalinidade e o pH.
Imagens do treinamento em análises em laboratório.
Encerramento da parte prática em campo. Alunos e membros da equipe de treinamento.
Após isto ocorreu a elaboração de estudos dirigidos e avaliação. Ocorreu ainda um treinamento no equipamento de medidas de CO2 e metano do ar em fluxo contínuo realizado no IPEN.Treinamento no IPEN, no ABB, para medir metano e CO2 no ar.
Responsável:
Profa. Dra. Elisabete de Santis BragaColaboradores:
Dr. Vitor Gonsalez Chiozzini
MSc Elaine Cristina Araujo
Thais CorreaAlunos:
Amanda Sayuri Toma Miranda
Ana Luiza Cavallari de Oliveira
Antonio Jeferson Muniz Almeida
Bruno Otero Sutti
Erica Machado da Silva Guerreiro
Fernando Manochio
Gabriella Ferreira de Andrade
Giovanna Noya Basile
Henrique José Rodrigues Dias
Icaro Deziderio Fernandes
Luisa Runho Lucarelli
Marina Bernardez Dominguez Ramos
Solange Utimura