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- 21/01/2025 - Equipe da USP identifica microplásticos no cérebro humanoPartículas microscópicas do material contaminam o solo, a água e o ar e já haviam sido encontradas em vários outros órgãos e tecidos do corpo
Partículas microscópicas do material contaminam o solo, a água e o ar e já haviam sido encontradas em vários outros órgãos e tecidos do corpo
Fonte: Pesquisa Fapesp - edição 347 - jan. 2025
Ricardo Zorzetto
De tão pequenas, é impossível vê-las a olho nu. Mas elas existem e estão em todos os lugares. No mexilhão comprado direto do pescador, nas frutas e nos legumes da feira ou nos alimentos industrializados do mercado. Também já foram encontradas na cerveja, no chá, no leite, na água (em especial a engarrafada) e ainda no solo e no ar. Em formato de esfera, fios ou fragmentos de filmes ou espuma, as partículas de plástico de tamanho microscópico são hoje mais abundantes do que nunca no planeta. Com a vida imersa em plásticos, era esperado que, em algum momento, diminutos fragmentos do material fossem encontrados até mesmo no mais protegido dos órgãos humanos, o cérebro. Agora foram.
Na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), a patologista Thais Mauad, o engenheiro ambiental Luís Fernando Amato Lourenço e a bióloga Regiani Carvalho de Oliveira identificaram, em um projeto apoiado pela FAPESP e pela organização não governamental holandesa Plastic Soup, partículas de microplástico no cérebro de oito pessoas que viveram ao menos cinco anos na cidade de São Paulo. Após a morte, elas foram submetidas a autopsia no Serviço de Verificação de Óbitos da Capital, onde os pesquisadores coletaram amostras de uma estrutura chamada bulbo olfatório. Localizado no interior do crânio logo acima do nariz, os bulbos olfatórios – há dois, um em cada hemisfério cerebral – são a primeira parte do sistema nervoso central a que chegam as informações sobre os cheiros. Eles estão em contato com neurônios que detectam moléculas de odor no fundo do nariz e funcionam como uma potencial via de entrada dessas e de outras partículas, além de microrganismos, no cérebro.
Os pesquisadores precisaram resgatar equipamentos que não eram usados havia mais de 40 anos, como seringas de vidro, para lidar com esse material biológico. Também tiveram de adotar um protocolo rigoroso de limpeza dos utensílios – com lavagens com água filtrada três vezes e o uso de acetona –, além de substituir o plástico por papel alumínio ou vidro para cobrir ou fechar os recipientes. Nos dias de manipulação do material, só se podia usar roupas de algodão.
Eles congelaram as amostras do bulbo olfatório e as fatiaram em lâminas com 10 micrômetros (µm) – cada micrômetro corresponde ao milímetro dividido em mil partes iguais. Uma parte do material foi digerida por enzimas para que fosse possível detectar partículas eventualmente situadas em regiões profundas das amostras. Depois de preparado, o material foi levado para o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas, a 110 quilômetros de São Paulo. Lá fica o Sirius, uma das mais brilhantes fontes de radiação síncrotron em atividade no mundo (ver Pesquisa FAPESP nº 269). Ele produz um tipo especial de luz altamente energética que alimenta 10 estações de trabalho. Com o auxílio do físico Raul de Oliveira Freitas e da química Ohanna Menezes, ambos do CNPEM, a equipe da USP usou uma dessas estações – a Imbuia – ao longo de uma semana para iluminar as amostras com um feixe de radiação infravermelha e caracterizar a composição de partículas de plástico encontradas nelas.
Imagem de microscopia de partícula de microplástico (azul) no pulmão (à esq.) e no tecido cerebral (à dir.). Fernando Amato Lourenço / Universidade de Berlim
Em cada fragmento de bulbo olfatório analisado, foram achadas de 1 a 4 partículas de microplástico. Elas tinham dimensões variando de 5,5 µm a 26,4 µm – aproximadamente o tamanho da maior parte das bactérias e algumas vezes menor que o de uma célula humana. A maioria (75%) estava na forma de fragmentos ou esferas e 25% delas eram fibras, descreveram os pesquisadores em setembro em um artigo publicado na revista JAMA Network Open. Em 44% dos casos, os microplásticos eram compostos de polipropileno (PP), o segundo polímero plástico mais produzido no mundo (16% do total). Derivado do petróleo, ele gera um plástico duro e translúcido, que pode ser moldado com o calor e é amplamente usado na produção de embalagens; peças plásticas de veículos; produtos de uso pessoal, como fraldas e máscaras descartáveis; e equipamentos da área médica. Em proporção menor, havia também microplásticos de poliamida (PA), polietileno acetato de vinila (Peva) e polietileno (PE).
"Não havia grande quantidade de microplásticos nas amostras do bulbo olfatório, mas, de fato, eles estavam lá”, relata Mauad, que há mais de 15 anos investiga os efeitos da poluição sobre a saúde. Por algum tempo, ela própria desconfiou de que os microplásticos detectados não tivessem penetrado no cérebro, mas fossem resultado de contaminação das amostras, uma vez que esse material está em toda parte e em quantidade expressiva no ar. Só se convenceu ao constatar, durante as análises, que as partículas eram muito fragmentadas e pequenas e se localizavam no interior das células ou nas proximidades de vasos sanguíneos.
"A detecção de microplásticos no cérebro causa preocupação porque ele é o órgão mais blindado do corpo”, afirma o químico Henrique Eisi Toma, do Instituto de Química da USP e estudioso dos nanomateriais, que não participou do estudo. Para chegar ao cérebro, as moléculas e agentes infecciosos têm de conseguir atravessar a chamada barreira hematoencefálica, uma espécie de membrana formada por três tipos de células estreitamente unidas que impede a passagem da maioria dos compostos carreados pelo sangue. "Muitas moléculas só conseguem atravessar a barreira usando mecanismos complicados de transporte”, explica o pesquisador, coordenador de um grupo que descreveu em dezembro na revista Micron uma estratégia que usa nanopartículas magnéticas envoltas em uma espécie de cola para retirar microplásticos da água.
Quatro meses antes de Mauad e Lourenço apresentarem seus achados na Jama Network Open, um estudo norte-americano ainda não publicado sugeriu que os microplásticos não só chegariam ao cérebro, mas se acumulariam ali mais do que em outros órgãos. No trabalho, disponibilizado em maio no Research Square, um repositório de artigos que ainda não passaram pela revisão de especialistas da área, o bioquímico Matthew Campen, da Universidade do Novo México, e colaboradores compararam a concentração de partículas microscópicas de plástico no cérebro, no fígado e nos rins de 30 pessoas (17 haviam morrido em 2016 e 13 em 2024).
Uma diferença do trabalho foi que, nele, se adotaram técnicas que permitiram quantificar fragmentos de plástico na escala dos nanômetros (nm), até mil vezes menores do que os analisados pelo grupo da USP. Por convenção, os microplásticos incluem fibras, partículas e esferas com tamanhos que vão de 5 mm a 1 µm. Aqueles com dimensões menores são chamados de nanoplásticos (1 nm equivale à milésima parte do µm). Outra distinção é que a região cerebral analisada foi o córtex, que estaria mais protegido do meio exterior do que o bulbo olfatório.
Ao comparar a quantidade de micro e nanoplásticos (MNP) nos três órgãos, os pesquisadores observaram que ela era até 20 vezes mais elevada no cérebro do que no fígado, onde foi encontrada a menor concentração. Também notaram que a quantidade de micro e nanoplásticos mais do que dobrou de um período para outro. Nas amostras de 2024, havia, em média, 8.861 microgramas (µg) de micro e nanoplásticos por grama (g) de tecido cerebral. Oito anos antes, a concentração média era de 3.057 µg/g. No fígado, ela era 145 µg/g em 2016 e subiu para 465 µg/g em 2024. Nos rins, a quantidade foi intermediária (cerca de 600 µg/g) nos dois períodos. Em todos os casos, o material detectado em maior abundância foi o polietileno. Também derivado do petróleo, esse polímero plástico foi sintetizado casualmente em 1898 pelo químico alemão Hans von Pechmann (1850-1902) e hoje é o plástico mais produzido no mundo (34% do total), usado em sacolas, garrafas, copos e filmes plásticos.
Ainda não publicado nem avaliado por especialistas da área, o que asseguraria que foram usados os métodos adequados e os resultados são confiáveis, o trabalho tem algumas limitações. Uma é que as amostras foram guardadas em recipientes plásticos, embora os autores afirmem que várias etapas de controle de qualidade foram tomadas para garantir que contaminantes externos não fossem incorporados aos cálculos da amostra. Ainda que não dê para descartar a contaminação, um argumento que os autores usam a seu favor é que as amostras mais antigas, de 2016, passaram mais tempo (de 84 a 96 meses) armazenadas em recipientes plásticos e mesmo assim continham uma quantidade muito menor de micro e nanoplástico do que as mais recentes, de 2024. Se o impacto da contaminação fosse importante, o oposto seria o esperado.
Para Toma, do IQ-USP, a detecção de nanopartículas plásticas no corpo humano é ainda mais preocupante do que a de microplástico porque as de nano têm o tamanho aproximado dos vírus e podem interagir com as biomoléculas das células, uma vez que todas têm composição química semelhante – são formadas por átomos de carbono, oxigênio, hidrogênio e nitrogênio. "Os micro e nanoplásticos são um tema importante, que deve ser tratado com cautela. Todos estão expostos a eles, mas ainda não se conhecem bem seus efeitos sobre a saúde humana.”
Faz apenas duas décadas que as pesquisas sobre os microplásticos ganharam impulso e só mais recentemente se começou a estudar seu impacto sobre a saúde. O termo foi incorporado à literatura científica em 2004 pelo biólogo marinho Richard Thompson, da Universidade de Plymouth, no Reino Unido, embora a presença desse material nos oceanos já fosse conhecida havia mais tempo (ver Pesquisa FAPESP nº 281). De lá para cá, os micro e nanoplásticos já foram detectados em todo tipo de ambiente e, segundo um artigo de revisão liderado por Thompson e publicado em outubro na revista Science, no organismo de mais de 1,3 mil espécies de animais – de crustáceos e moluscos filtradores a peixes, vermes, insetos e mamíferos, entre os quais os seres humanos.
Duas são as principais fontes desses poluentes: os plásticos originalmente produzidos com dimensões muito pequenas, usados em cosméticos, tintas ou como matéria-prima de outros plásticos; e aqueles que resultam da degradação de peças plásticas maiores por ação de luz, calor, umidade e abrasão – estes, segundo algumas estimativas, representariam de 70% a 80% dos microplásticos que chegam à natureza.
No corpo humano, eles já foram achados em praticamente todos os órgãos e tecidos nos quais se procurou. Coração, fígado, rins, intestinos, pulmões, testículos, endométrio, placenta e, mais recentemente, cérebro. Também já foram encontrados em diversos fluidos corporais: saliva, sangue, leite materno, sêmen e até mesmo no mecônio, as primeiras fezes do bebê, produzidas ainda durante a gestação.
As principais rotas de entrada no corpo são a ingestão de alimentos e bebidas contendo micro e nanoplásticos, ou pela respiração, embora uma pequena proporção também possa atravessar a pele. Estudos com tecidos em cultura e animais de laboratório sugerem que "apenas uma pequena fração dos microplásticos administrados é capaz de atravessar as barreiras epiteliais dos pulmões e dos intestinos”, escreveram os pesquisadores Andre Dick Vethaak, da Universidade Livre de Amsterdã, morto em junho de 2024, e Juliette Legler, da Universidade de Utrecht, ambas nos Países Baixos, em um breve artigo de revisão publicado em 2021 na Science. Mas, quanto menores, em especial na escala de dezenas ou centenas de nanômetros, mais facilmente eles cruzam essas barreiras, chegam ao sangue e aos vasos linfáticos. Dali, distribuem-se pelo corpo, podendo depois se acumular nos órgãos.
O que se conhece de seus potenciais efeitos sobre o organismo foi observado em dezenas de experimentos com animais, em particular ratos e camundongos, ou células humanas cultivadas em laboratório, vários deles mencionados em revisões recentes publicadas nas revistas e BioMedicine e Science of the Total Environment. Em quase todos os tecidos em que foram encontradas, as micro e nanopartículas provocaram reações semelhantes: inflamação, aumento das espécies reativas de oxigênio no interior das células, além de dano e morte celular. Alguns desses efeitos podem alterar a formação de órgãos em desenvolvimento ou prejudicar a capacidade de regeneração dos já maduros (ver infográfico abaixo).
"Os estudos com animais dão uma pista do que pode ocorrer, mas é difícil saber quanto desses efeitos biológicos podem ser traduzidos para os seres humanos”, avalia Lourenço, primeiro autor do artigo da Jama Network Open, que atualmente faz pós-doutorado na Universidade Livre de Berlim, na Alemanha. Foi ele quem anos atrás sugeriu a Mauad iniciar as pesquisas com microplásticos na USP e, antes de detectar essas partículas no cérebro humano, já as havia identificado nos pulmões de pessoas que viviam em São Paulo.
Os críticos e os próprios pesquisadores que investigam os efeitos dos micro e nanoplásticos na saúde apontam várias lacunas que os estudos ainda não preencheram. Esses materiais sintéticos podem afetar os órgãos e tecidos em consequência da composição química, de sua geometria ou de microrganismos que podem carregar, mas, por ora, não se sabe qual o impacto de cada um desses fatores. Também não são conhecidos se há um limite de concentração além do qual eles se tornam tóxicos para o corpo – muitos estudos com animais usam doses maiores que as encontradas no ambiente –, nem qual seria o tempo mínimo de exposição para que os danos começassem a se manifestar.
"É complicadíssimo avaliar todos esses parâmetros de uma única vez em um estudo”, afirma Lourenço, que, em um experimento realizado no edifício principal da FM-USP e reportado na revista Science of the Total Environment, havia mostrado que a concentração de microplásticos era cerca de três vezes maior em ambientes internos do que ao ar livre.
Outra crítica é que os estudos com células e animais quase sempre são feitos com partículas puras, sem os aditivos químicos que são amplamente usados e alteram as características dos plásticos. No início de 2024, pesquisadores do projeto PlastChem, que reúne informações sobre produtos químicos nos plásticos e seus efeitos sobre o ambiente e a saúde, publicaram um relatório enumerando 16 mil compostos (ingredientes brutos e aditivos) encontrados ou que se pensa serem usados em plásticos. Deles, 4,2 mil causam preocupação por serem persistentes, bioacumulativos, de fácil espalhamento ou tóxicos.
"Evidências científicas robustas de impactos adversos à saúde humana são conhecidas apenas para alguns produtos químicos plásticos, porque isso é muito difícil de estudar”, explicou a toxicologista Jane Muncke, diretora-executiva e diretora científica da organização não governamental suíça Food Packaging Forum, a Pesquisa FAPESP. "A maior parte do que se sabe é sobre o bisfenol A e outros bisfenóis; o dietilexil-ftalato e outros ftalatos; éteres difenílicos polibromados, que são usados como retardantes de chama; e substâncias de per e polifluoroalquil. Todos são conhecidos por prejudicar a saúde humana em níveis muito baixos. Nenhum nível de exposição seguro é conhecido ou deve ser assumido”, completou.
Por ora, o que se conhece de efeito mais direto sobre a saúde humana vem de um estudo de pesquisadores italianos publicado em março de 2024 no The New England Journal of Medicine. No trabalho, o médico Raffael e Marfella, da Universidade da Campânia, na Itália, e colaboradores acompanharam por cerca de três anos a saúde de 257 pessoas que haviam passado por um procedimento cirúrgico para retirar placas de gordura (ateroma) das carótidas, as principais artérias que irrigam o cérebro. As placas de 150 participantes continham partículas de microplásticos (majoritariamente polietileno), enquanto as dos outros 107 estavam livres desses contaminantes. Ao final do estudo, a proporção de pessoas que havia sofrido infarto, acidente vascular cerebral ou morrido por qualquer razão era 4,5 vezes maior no primeiro grupo do que no segundo.
Embora o estudo seja associativo e não permita estabelecer uma relação de causa e efeito, os pesquisadores suspeitam que o aumento desses problemas se deva em parte à presença dos micro e nanoplásticos. "Nosso estudo sugere que os micro e nanoplásticos em placas de ateroma podem exacerbar a inflamação e o estresse oxidativo no endotélio vascular. Esses efeitos podem desestabilizar as placas, tornando-as mais vulneráveis a se romperem, o que pode levar a eventos cardiovasculares agudos, como infarto do miocárdio ou derrame”, afirmou Marfella a Pesquisa FAPESP.
Ele e os outros pesquisadores não descartam a possibilidade de que mais fenômenos expliquem o aumento dos problemas cardiovasculares. "Os mecanismos alternativos incluem a possibilidade de que os microplásticos sirvam como transportadores para outras substâncias nocivas, que podem contribuir ainda mais para a inflamação sistêmica e a disfunção endotelial. Além disso, condições preexistentes, como síndrome metabólica ou diabetes, podem predispor os indivíduos tanto ao maior acúmulo de microplásticos quanto aos riscos cardiovasculares”, acrescentou.
Na tentativa de descobrir se os microplásticos podem agravar a formação do ateroma, o cardiologista Kleber Franchini e sua equipe no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo, iniciaram em outubro a fase-piloto de um estudo que pretende acompanhar 2 mil pessoas ao longo de dois anos. O objetivo é verificar se a presença de micro e nanoplásticos no sangue – e em qual concentração – influencia a extensão das placas de ateroma nas artérias do coração. "Estudos recentes mostram que a formação das placas de ateroma tem origem inflamatória e, aparentemente, só o aumento do colesterol não seria suficiente para causar o problema”, explica Franchini. "Se os micro e nanoplásticos são inflamatórios, talvez aumentem ou acelerem a formação das placas”, pressupõe.
Enquanto não surgem mais estudos medindo o efeito dos micro e nanoplásticos sobre a saúde humana, o que cada um pode fazer é minimizar sua exposição a eles reduzindo os utensílios e objetos plásticos em casa, evitando as roupas de fibras sintéticas e o consumo de alimentos e bebidas embalados em plástico, que quando aquecidos liberam ainda mais dessas partículas. Um estudo de 2019 constatou que um saquinho de chá mergulhado na água a 95 graus Celsius libera 11,6 bilhões de partículas de microplástico e 3,1 bilhões de nanoplástico por xícara.
Livrar-se totalmente deles é hoje – e talvez o seja por muito tempo – impossível. A produção global de plásticos cresce desde a década de 1950 e, nos últimos 20 anos, aumentou à taxa de 50% por década, alcançando os 460 milhões de toneladas em 2019. Uma estimativa recente da organização não governamental Earth Action estima que todos os anos 3,8 milhões de toneladas de micro e nanoplásticos cheguem aos mares e outros 8,9 milhões aos ambientes terrestres (ver gráfico abaixo). Mesmo que a produção global de plásticos fosse interrompida por completo hoje, a quantidade de macro, micro e nanoplásticos que chega ao ambiente continuaria subindo por muito tempo.
Uma expectativa de ação internacional para começar a controlar o problema foi frustrada no final do ano. De 25 de novembro a 1º de dezembro, cerca de 3 mil delegados de mais de 170 países estiveram reunidos em Busan, na Coreia do Sul, para tentar aprovar um tratado global contra a poluição plástica. O documento vinha sendo discutido havia dois anos e tentava estabelecer regras globais juridicamente vinculantes para reduzir a poluição plástica no mundo, levando em conta o ciclo completo de vida dos plásticos – desde a extração e a produção do petróleo até o descarte e a reciclagem. Por pressão dos países produtores de petróleo, porém, o encontro terminou sem consenso.Na revisão da Science, Thompson lembrou que, mesmo que ainda existam lacunas de conhecimento e de dados sobre os riscos dos microplásticos, a ação política não tem de esperar. "Ela pode ser justificada com base no princípio da precaução e, portanto, medidas podem, e possivelmente devem, ser tomadas agora para reduzir as emissões”, afirmou.
"Há quem fale que é preciso banir os plásticos, mas essa não é uma saída razoável”, argumenta o químico Walter Waldman, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), campus de Sorocaba. "Os plásticos permitem proteger os alimentos de contaminação e possibilitaram a existência de materiais descartáveis na prática médica, com redução das infecções. São leves, baratos e versáteis. O problema é terem tomado o mercado e ter se estabelecido uma cultura de que plástico é descartável. É preciso manter os plásticos onde funcionam bem e substituí-los onde a gestão é difícil”, afirma o pesquisador, que recentemente iniciou um projeto apoiado pela FAPESP para rastrear os microplásticos no organismo humano. "O sistema está montado e a indústria tem de assumir a responsabilidade de ajudar a encontrar a solução, em vez de jogar o problema apenas para o consumidor”, diz. "O que não dá é para ficar como está.”
A reportagem acima foi publicada com o título "A vida imersa em microplástico” na edição impressa nº 347, de janeiro de 2025.Projetos
1. Avaliação dos efeitos de microplástico secundário no sistema respiratório de camundongos BALBc e em cultura de células de epitélio brônquico humano BEAS-2B (nº 21/10724-2); Modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular; Pesquisadora responsável Regiani Carvalho de Oliveira (FM-USP); Investimento R$ 234.607,10.
2. Microplásticos transportados pelo ar: Detecção em amostras de ar ambiente, tecido pulmonar e efeitos em células epiteliais pulmonares cultivadas (nº 19/02898-0); Modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular; Pesquisadora responsável Thais Mauad (FM-USP); Investimento R$ 40.949,36.
3. Identificação e caracterização físico-química de microplásticos ambientais na atmosfera e em tecido pulmonar humano (nº 19/03397-5); Modalidade Bolsa de Pós-doutorado; Pesquisadora responsávelThais Mauad (FM-USP); BolsistaLuís Fernando Amato Lourenço; Investimento R$ 254.097,97.
4. Rastreamento espacial de microplásticos em sistemas e tecidos biológicos (nº 23/18229-6);Modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular; Pesquisador responsável Walter Ruggeri Waldman (UFSCar); Investimento R$ 285.237,79.
5. Nanotecnologia supramolecular: Design, materiais e dispositivos (nº 18/21489-1); Modalidade Projeto Temático; Pesquisador responsável Henrique Eisi Toma (IQ-USP); Investimento R$ 2.233.694,64.Artigos científicos
AMATO-LOURENÇO, L. F.et al. Microplastics in the olfactory bulb of the human brain. JAMA Network Open. 16 set. 2024.
DE BRITO, A. L. C. P.et al. Direct monitoring of the enzymatically sequestering and degrading of PET microplastics using hyperspectral Raman microscopy. Micron. dez. 2024.
CAMPEN, M.et al. Bioaccumulation of microplastics in decedent human brains assessed by pyrolysis gas chromatography-mass spectrometry. Research Square. 6 mai. 2024.
THOMPSON, R.et al. Twenty years of microplastic pollution research — What have we learned? Science. 19 set. 2024.
VAN VETHAAK, A. e LEGLER, J. Microplastics and human health. Science. 12 fev. 2021.
ALI, N.et al. The potential impacts of micro-and-nano plastics on variousorgan systems in humans. e Bio Medicine. 6 dez. 2023.LI, Y.et al. Microplastics in the human body: A comprehensive review of exposure,distribution, migration mechanisms, and toxicity. Science of the Total Environment. 22 jun. 2024.
AMATO-LOURENÇO, L. F.et al. Presence of airborne microplastics in human lung tissue. Journal of Hazardous Materials. 15 ago. 2021.
AMATO-LOURENÇO, L. F.et al. Atmospheric microplastic fallout in outdoor and indoor environments in São Paulo megacity. Science of the Total Environment. 2022. 15 mai. 2022.
MARFELLA, F.et al. Microplastics and nanoplastics in atheromas and cardiovascular events. The New England Journal of Medicine. 6 mar. 2024. -
- 21/01/2025 - A Rosatom tem dado grande contribuição ao setor nuclear brasileiro com perspectiva de ser ainda maior em 2025Fonte: Petronotícias
O Projeto Perspectivas 2025 termina hoje (21) trazendo uma entrevista especial com o Presidente da Rosatom para América Latina, Ivan Dybov, que encerra esta edição com chave de ouro. Em meio à corrida global por redução de emissões, vários países estão retomando ou acelerando seus respectivos programas nucleares, anunciando planos para construção de usinas movidas pela fonte atômica. Há investimentos superior a US$ 300 bilhões nos últimos cinco anos. Dybov, em apenas dez anos no Brasil, mostra otimismo com o futuro do setor nuclear do país, enxergando oportunidades em diferentes nichos de mercado, tais como conversão, geração de energia em locais remotos e medicina nuclear. A Rosatom foi declarada vencedora na licitação realizada pela empresa INB para a prestação de serviços de enriquecimento e conversão de urânio proveniente do Brasil. A assinatura do contrato está prevista para o início deste ano.
A Rosatom ultrapassou todas as outras no mundo no desenvolvimento de tecnologias nucleares com a Geração IV. Para saber, de acordo com a classificação adotada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), os sistemas de energia nuclear da Geração IV incluem a aplicação de tecnologias direcionadas ao uso mais eficiente do combustível, maior segurança, redução dos resíduos radioativos e minimização do combustível nuclear irradiado. Essas tecnologias são capazes de mudar radicalmente o setor de energia nuclear estabelecendo um novo nível de segurança, a expansão da nomenclatura de combustível e uma redução significativa dos resíduos radioativos. A Rússia é líder mundial no desenvolvimento de tecnologias nucleares desta geração.Como foi o ano de 2024 para sua empresa e seu setor?
– O ano de 2024 foi muito importante para a Rosatom e para todo o setor nuclear. Nossa corporação ultrapassou todas as outras no mundo no desenvolvimento de tecnologias nucleares da Geração IV. Em dezembro, colocamos em operação piloto, na região da Sibéria, na Rússia, o módulo de fabricação e reprocessamento de combustível no reator BREST-OD-300, a primeira instalação de um complexo de energia nuclear exclusivo de nova geração.
Além disso, em 2024, a Rosatom assinou o primeiro contrato de exportação do mundo para a construção de uma usina nuclear de pequena capacidade (SCNPP). A usina, com capacidade de 330 MW em seis reatores de 55 MW, será construída no Uzbequistão. O início da operação da primeira unidade está previsto para o final de 2029.O ano também foi marcado pelo 65º aniversário da frota de quebra-gelos nucleares da Rússia. Os novos quebra-gelos garantem a navegação durante todo o ano ao longo da Rota do Mar do Norte, que está se tornando a principal artéria de transporte marítimo da Eurásia.A Rosatom também está ativamente envolvida na construção de 22 unidades de energia nuclear em sete países. O portfólio total de pedidos inclui 39 unidades de energia (incluindo seis unidades de pequena capacidade) em dez países. Dessa forma, a Rosatom continua sendo líder em exportações de NPPs no mercado global de energia nuclear. Damos atenção especial ao desenvolvimento de projetos na América Latina.
O projeto chave neste momento é a construção do Centro de Pesquisas Nucleares na Bolívia, que entrou em sua fase final. A Usina de Concentrados Químicos de Novosibirsk (uma empresa da Divisão de Combustível da Rosatom) já reduziu o combustível nuclear para o reator do centro boliviano. Além disso, em 11 de setembro de 2024, foi assinado um contrato entre a Uranium One Group (parte da Rosatom) e a empresa estatal boliviana YLB (Yacimientos de Litio Bolivianos) para a construção de um complexo de extração e produção de carbonato de lítio no salar de Uyuni, no departamento de Potosí.nuclear brasileiro, com uma participação significativa no mercado, cumprindo integralmente nossas obrigações de fornecimento de isótopos industriais para a Eletronuclear. Por fim, segue em andamento o cumprimento das obrigações contratuais para o fornecimento de produtos e serviços do ciclo do combustível nuclear ao Brasil. A Rosatom foi declarada vencedora na licitação realizada pela empresa INB para a prestação de serviços de enriquecimento e conversão de urânio proveniente do Brasil. A assinatura do contrato está prevista para o início deste ano.
Se fosse consultado, que sugestões daria (ao governo ou ao próprio setor) para melhorar o ambiente de negócios em seu setor?
– O mercado de energia nuclear tem estreita ligação com outros setores da economia e é inevitavelmente influenciado por fatores e conjunturas externas. Nessas condições, os participantes do mercado precisam se adaptar às novas realidades em tempo hábil. Uma das principais tendências na energia nuclear global é a transição para contratos de longo prazo, com duração de 10 a 15 anos ou até mesmo cobrindo todo o ciclo de vida de uma usina nuclear. Esses contratos preveem o fornecimento integrado de produtos do ciclo do combustível nuclear, em vez de aquisições separadas de componentes.
A principal vantagem dessa abordagem é a possibilidade de todos os participantes do mercado – tanto produtores quanto compradores – planejarem suas atividades com décadas de antecedência. Esse modelo ajuda a minimizar riscos financeiros, produtivos e logísticos, garantindo um equilíbrio otimizado de interesses. Os produtores conseguem planejar investimentos de forma antecipada e gerenciar capacidades de produção com maior flexibilidade, enquanto os compradores têm a garantia de fornecimentos estáveis e confiáveis.
Além disso, contratos de longo prazo permitem previsibilidade de preços, o que se torna especialmente relevante diante do aumento sem precedentes nos custos dos recursos energéticos no mercado global. Os mercados internacionais de energia nuclear, incluindo a América Latina, podem se beneficiar significativamente da adoção de contratos de longo prazo. Essa prática promove o desenvolvimento sustentável do setor e cria um ambiente de negócios mais estável e previsível. Em países da região, inclusive no Brasil, já existem contratos de longo prazo, mas limitados a cinco anos, o que dificulta o planejamento estratégico e o desenvolvimento sustentável. As barreiras burocráticas, como a demora na tomada de decisão e procedimentos de aquisição inflexíveis, aumentam a complexidade.
Essas limitações levam a atrasos nas entregas, aumento de custos e, consequentemente, à redução da competitividade do setor, em um momento em que muitos países estão ativamente buscando maneiras de desenvolver a indústria, enquanto a Rússia mantém sua posição de liderança. Se o Brasil não conseguir superar esses obstáculos, o aumento dos custos no setor de energia pode se tornar crítico e comprometer o progresso futuro da indústria.Na sua opinião, como os recentes acontecimentos no cenário político e internacional nos EUA, na Europa e no Oriente Médio podem afetar os negócios no Brasil?
– A Rosatom parte do princípio de que a energia nuclear deve estar fora da conjuntura política. Trabalhamos de forma transparente e no interesse de clientes e parceiros em todo o mundo, cumprindo rigorosamente a legislação internacional e nacional. A politização do uso pacífico da energia nuclear é inaceitável, especialmente quando se considera o longo ciclo de vida dos projetos nucleares, que pode chegar a quase um século. A parceria responsável e eficaz no setor nuclear não é apenas uma garantia de reputação comercial, mas também um elemento essencial para garantir a segurança nuclear global.
Por último, quais são as perspectivas de sua empresa para 2025?
– O ano de 2025 será marcante para o setor nuclear russo, que celebrará seu 80º aniversário. É uma data importante não apenas para o país, mas também para o setor de energia nuclear global, onde a Rússia ocupa uma posição-chave. O ano também será especial porque celebraremos o 10º aniversário da fundação do Centro Regional da Rosatom, com sede no Rio de Janeiro.
No Brasil, esperamos que sejam tomadas decisões fundamentais que determinarão o desenvolvimento futuro da geração nuclear, em especial a conclusão da construção da usina nuclear Angra-3. Esse projeto é um avanço importante para garantir o aumento da participação da energia nuclear na matriz energética do país e dará impulso ao desenvolvimento do setor. No campo da medicina nuclear, trabalhamos ativamente para expandir a cooperação, introduzindo novos isótopos para o tratamento do câncer. Está em andamento o trabalho de entregas de teste do isótopo Lu-177 para uso na produção de radio fármacos.
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- 20/01/2025 - Como arqueólogos usam radares a laser em busca de civilizações perdidas na AmazôniaCom o apoio das comunidades locais, pesquisadores buscam sítios arqueológicos para estudá-los e protegê-los do desmatamento
Com o apoio das comunidades locais, pesquisadores buscam sítios arqueológicos para estudá-los e protegê-los do desmatamento
Fonte: O Estado de S. Paulo
Por Gonçalo Junior
Há vestígios da ocupação humana na Amazônia de pelos menos 13 mil anos atrás, muitos escondidos pela densa vegetação. A busca por sítios arqueológicos na maior floresta tropical do mundo une arqueólogos e os povos da floresta- indígenas, quilombolas, beiradeiras e ribeirinhas - em uma iniciativa de R$ 10 milhões.
Pode parecer um paradoxo, mas o trabalho arqueológico do projeto Amazônia Revelada começa nas alturas.
■ Helicópteros, drones ou aviões sobrevoam a floresta com sensores remotos que usam a tecnologia Lidar (Light Detecion and Ranging), do inglês para detecção e alcance de luz.
■ Milhares de feixes de lasers penetram nas copas das árvores, como se o aparelho "enxergasse” abaixo da vegetação arbustiva e arbórea, fazendo varredura do solo.
■ Medindo as distâncias e os diferentes ângulos formados entre a fonte de luz e a superfície, a tecnologia permite criar imagens tridimensionais.
■ Os dados são enviados para o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Ministério de Ciência e Tecnologia. Eles são convertidos nessas imagens, que podem revelar antigas estradas, valas, aterros, elevações artificiais de terra e moradas indígenas - todo tipo de área escavada e construída.É a tecnologia tentando escanear o passado. Os vestígios, que podem ser das últimas décadas ou milenares, são pistas para futuras escavações.
É a mesma tecnologia que permitiu desvendar antigos centros urbanos e pirâmides encobertas pela mata na Amazônia boliviana, em 2022, e mais de 60 mil construções, entre casas, palácios, rodovias elevadas e outros recursos arquitetônicos, na Guatemala, em 2018.
"A captura das imagens nos sobrevoos é como uma tomografia. Fazemos o exame inicial e, em seguida, é preciso fazer a biópsia para buscar mais informações”, compara Eduardo Neves, diretor do Museu de Arqueologia da Universidade de São Paulo (USP) e um dos coordenadores do projeto.Entra aí um dos diferenciais da pesquisa: um trabalho colaborativo entre pesquisadores e comunidades tradicionais.
Trata-se de um projeto com financiamento de R$ 10 milhões da National Geographic Society, organização global sem fins lucrativos de proteção e conservação ambiental. Além do Inpe, participam do projeto o Museu da Amazônia, Instituto Arapyau, Mapbiomas, Instituto Socioambiental, entre outras instituições.
Já foram investidos R$ 2 milhões para sobrevoar cinco regiões até agora, que totalizam 1,6 mil km². Para mapear a Amazônia brasileira toda, seriam necessários R$ 500 milhões, na avaliação de Neves.
Pesquisadores querem proteger áreas de risco
A Amazônia vai além do patrimônio natural e abrange um arcabouço construído ao longo de milênios pelos povos da floresta, na visão dos pesquisadores. Por isso, a pesquisa pretende resgatar esse patrimônio biocultural, resultado da intervenção humana na natureza. É o resgate de uma história ancestral não escrita, mas marcada na terra.
Com base nas evidências arqueológicas, a ideia é proteger e conservar essas áreas, impedindo a degradação e o desmate. A Constituição e a Lei 3924/1961, conhecida como Lei de Arqueologia, protegem as áreas com sítios arqueológicos e seus entornos enquanto patrimônio cultural.
"Queremos registrar os sítios arqueológicos para criar uma camada adicional de proteção a esses territórios”, diz Eduardo Neves.
Bruna Rocha, professora da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e também coordenadora do projeto, usa a expressão "arqueologia política” para descrever a atuação dos cientistas.
■ "A arqueologia pode contribuir com a luta dos povos em áreas ameaçadas pelo desmatamento”, diz ela, vice-presidente da Sociedade de Arqueologia Brasileira e autora do livroPolítica patrimonial e política indigenista: a proteção jurídica aos lugares sagrados e sepultamentos indígenas, ao lado de Rodrigo Magalhães Oliveira.
O avanço da grilagem e do desmatamento, das monoculturas e de projetos de infraestrutura destrói, de uma só vez, a floresta, os sítios arqueológicos e o legado dos povos da floresta.
As áreas sobrevoadas estão no Arco do Desmatamento, região onde a floresta corre mais risco de ser transformada em áreas agrícolas e pastagens. Abrange partes dos estados do Pará, Mato Grosso, Rondônia, Acre e Amazonas. A Amazônia perdeu 20% de sua cobertura nos últimos 40 anos, segundo o Mapbiomas.
As áreas mapeadas pela pesquisa se concentram no sul do Amazonas, vale do Rio Guaporé (Rondônia), Médio Rio Tapajós,Terra do Meio (entre os rios Tapajós e Xingu) e a Ilha do Marajó.
O povo Tupari, em Rondônia, luta pelo reconhecimento de uma região conhecida como Palhal, excluída durante o processo de demarcação da Terra Indígena Rio Branco.
"Novas descobertas feitas pelo projeto trazem uma possibilidade maior de demarcar a região como uma nova área indígena. É uma coisa que estamos pelejando há anos. É uma região sagrada onde estão enterrados nossos anciãos”, diz Adilson Tupari.
Desde 2023, ano dos primeiros sobrevoos, o projeto já obteve resultados importantes:
■ No Acre e no sul do Amazonas, onde o desmate e a extração de madeira avançam, a tecnologia ampliou o número de geoglifos conhecidos. São grandes estruturas geométricas esculpidas na terra, com até 3 mil anos. Já documentados na parte sul do Estado, também existem ao norte do Rio Purus, no Amazonas, conforme o projeto.■ Na Terra do Meio, entre os rios Xingu e Tapajós, no Pará, foram encontradas estruturas em elevações dispostas em círculos, lembrando colmeias. A função dessas estruturas ainda é incerta. Na região, há povos indígenas tradicionais em grandes áreas preservadas, mas ameaçadas pela extração de madeira e grilagem.
■ No Médio Guaporé, em Rondônia, nas proximidades da Bolívia, onde a ocupação humana remonta 9,5 mil anos, uma das descobertas do projeto foram vestígios do Fortim da Nossa Senhora da Conceição de Bragança, relacionado a conflitos coloniais entre espanhóis e portugueses no século 18. A reserva biológica Guaporé, as terras indígenas Tanaru e o quilombo do Forte Príncipe da Beira são ameaçadas pelo desmatamento.
■ No Marajó, na Foz do Amazonas, foram encontrados pela primeira vez grandes aterros artificiais que datam de mais de 1,5 mil anos. São os famosos "tesos marajoaras”, aterros com até 12 metros de altura com vestígios exuberantes de cerâmicas. O projeto mapeia a presença dos tesos nas áreas florestadas a oeste. A região está ameaçada pela criação de gado, fazendas de arroz, projetos de extração de petróleo e a subida do nível do mar.■ No Tapajós, próximo a Itaituba, no Pará, onde vivem os povos indígenas Munduruku e os Apiaká, beiradeiros, ribeirinhos, colonos e quilombolas, foram descobertas cerâmicas, ferramentas de pedra, lugares sagrados e caminhos antigos. Especialistas temem os impactos do plano de construir a Ferrogrão, ferrovia para conectar a região produtora de grãos do Centro-Oeste ao Pará. O Ministério dos Transportes afirma que está elaborando um estudo de impacto ambiental que passará por análise do Ibama e de mais órgãos.
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- 20/01/2025 - Natrium: reator nuclear de sal fundido alcança marco históricoO projeto Natrium, em Kemmerer, Wyoming, recebeu a aprovação estadual para iniciar a construção de um reator nuclear inovador
O projeto Natrium, em Kemmerer, Wyoming, recebeu a aprovação estadual para iniciar a construção de um reator nuclear inovador
Fonte: Olhar Digital
A cidade de Kemmerer, no estado americano de Wyoming, foi escolhida como palco do primeiro projeto de conversão de uma usina a carvão em uma planta nuclear avançada nos Estados Unidos. Liderado pela Terra Power, empresa fundada por Bill Gates, o projeto Natrium busca combinar segurança, eficiência e energia limpa em uma única solução tecnológica. Recentemente, a iniciativa superou um marco histórico com a aprovação de um importante alvará estadual.
Desde a década de 1960, a usina Naughton utiliza carvão para gerar eletricidade em Kemmerer. Contudo, problemas de eficiência operacional e conformidade ambiental levaram ao seu fechamento programado para 2025. Diferente de outras cidades que enfrentam a desativação de usinas a carvão, Kemmerer não desaparecerá do mapa, pois será o local do inovador projeto Natrium, considerado um marco na transição energética dos EUA.Apoio governamental e avanços regulatórios para o projeto Natrium
- O projeto é liderado pela Terra Power, uma empresa de desenvolvimento de tecnologia nuclear avançada fundada por Bill Gates e outros investidores de alto nível.
- A Terra Power também conta com o apoio do Departamento de Energia dos EUA, que concedeu à companhia uma subvenção de US$ 80 milhões em outubro de 2020 como parte do programa Advanced Reactor Demonstration Project.
- A construção da planta Natrium começou em junho do ano passado. Nesta semana, a empresa anunciou que recebeu aprovação do Wyoming Industrial Siting Council (ISC)para o primeiro reator Natrium, conhecido como Kemmerer Power Station Unit 1.
- De acordo com a Terra Power, esta é a primeira autorização estadual para um projeto nuclear avançado na história dos EUA.
Tecnologia inovadora e impacto localA permissão do ISC permite à Terra Power iniciar a construção das partes não nucleares da usina, incluindo a "ilha de energia” que abrigará as turbinas e os tanques de armazenamento de energia com sal fundido. Esses tanques são essenciais para a eficiência do Natrium, pois permitem armazenar energia em forma de calor, que pode ser liberado sob demanda para fornecer energia adicional à rede elétrica local.
"Esta é a primeira permissão estadual concedida a um projeto nuclear avançado em escala comercial e é um testemunho do trabalho inovador de nossa equipe da Terra Power”, a firmou Chris Leves que, presidente e CEO da companhia. Ele destacou o esforço do grupo para navegar com sucesso em um ambiente regulatório complexo e multijurisdicional para trazer a planta Natrium ao mercado.
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- 19/01/2025 - Ré, kit de iodeto e exames: ela conta como é trabalhar em uma usina nuclearFonte: UOL
Se, ao pensar em usina nuclear, você se lembra automaticamente do acidente de Chernobyl, a engenheira eletricista Raissa Lima de Oliveira, 27, está aqui para te lembrar: o Brasil também tem usina nuclear, no Rio de Janeiro.Raissa está habilitada para operar a futura usina de Angra 3. Enquanto as obras não são finalizadas, ela adquire experiência em Angra 2. E, nas redes sociais, conta detalhes e peculiaridades do trabalho em uma usina do tipo.
Erro na matrícula a levou à profissãoRaissa passou no concurso em 2022 e começou a trabalhar em Angra dos Reis em agosto de 2023.Apesar de sempre querer ser engenheira, foi um erro no momento da matrícula que a fez escolher elétrica em vez de civil. Ela acabou se apaixonando pelo curso e não parou mais."Quando entrei na faculdade, sonhava em trabalhar em Furnas. Queria colocar a mão na massa. No ano em que me formei, abriu o concurso para trabalhar na usina e vi uma oportunidade. Resolvi fazer."
Hoje, ela usa as redes sociais para divulgar informações sobre o seu local de trabalho. "As pessoas têm bastante curiosidade sobre o contato com a radioatividade e sobre os rejeitos radioativos", exemplifica Raissa.
Faz parte do imaginário das pessoas o risco associado a essas usinas por causa de Chernobyl - e uma das tarefas de Raissa é desmistificar.
Em 1986, a explosão do reator 4 da usina nuclear na Ucrânia teve um impacto catastrófico. Matou 31 pessoas no momento imediato do acidente e outras milhares que acabaram expostas à radiação.
Olho no corrimão e kit
A engenheira explica que há muitos protocolos para tornar o ambiente seguro. Os procedimentos de usinas nucleares são "copiados" da aviação, uma referência em segurança. Lá dentro, por exemplo, é proibido tirar fotos e transitar por escadas sem segurar no corrimão.Para proteger o próprio corpo, os funcionários da usina nuclear andam com um "kit" de socorro imediato: comprimidos de iodeto de potássio, que servem para serem usados em caso de acidente nuclear com liberação de radioatividade."Ele protege nosso corpo saturando a tireoide para que ela não consiga absorver o iodo radioativo", explica ela. Além disso, semestralmente, os funcionários são submetidos a um exame de sangue para medir a exposição ao material radioativo.A exposição à radioatividade é medida por meio de um exame chamado contador de corpo inteiro. Ele mede toda a radiação à qual fomos expostos durante o ano", afirma Raissa."E como temos dosímetros individuais, que medem cada dose quando entramos nas 'áreas de radiação', esse controle é feito constantemente.""Existe um teto determinado pelo órgão regulador brasileiro, a CNEN [Comissão Nacional de Energia Nuclear], e o teto da empresa, que é ainda mais baixo. Dessa forma, se garante que, mesmo exposto à maior dose permitida pela empresa, ainda estaremos abaixo da máxima dose que consta na norma."Outras regras também chamam a atenção de quem não trabalha em setores industriais. Por exemplo, quem usa carro precisa obrigatoriamente estacionar de ré."É para facilitar em caso de evacuação", explica. "Já a proibição de fones de ouvido garante que alarmes sonoros serão ouvidos em qualquer circunstância", completa Raissa.
'É uma forma de desmistificar'
A decisão de produzir conteúdo sobre usina nuclear veio ao observar o Instagram oficial da empresa. "Muitas pessoas comentavam dúvidas comuns: se era perigoso, como funcionava", lembra."Como eu não sou do marketing, não posso falar em nome da empresa. Então, resolvi usar minhas redes para divulgar informações que já são públicas e fazer esse conhecimento chegar ao máximo de pessoas possível", completa."É uma forma de desmistificar e popularizar essa fonte de energia que é tão importante para o nosso país."
Angra 1 e Angra 2
- O Brasil tem duas usinas em funcionamento: Angra 1 e Angra 2. Elas ficam na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis (RJ). As unidades são operadas pela empresa estatal Eletronuclear, e a energia é gerada por meio do urânio.
- Juntas, as usinas respondem por aproximadamente 2% do consumo de energia elétrica no país. A energia produzida pelas usinas não é necessariamente consumida no estado. -
- 19/01/2025 - ABDAN abre vagas de estágio para Marketing e ComunicaçãoFonte: Petronotícias
A Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), presidida por Celso Cunha(foto), está com inscrições abertas para vagas de estágio nas áreas de Marketing e Comunicação. A iniciativa reflete o processo de crescimento da entidade, que tem intensificado suas ações para fortalecer o setor nuclear no Brasil. As vagas oferecem a oportunidade de construção de um plano de carreira dentro da associação e do setor nuclear, além de possibilidade de efetivação. A vaga prevê serviço híbrido, com trabalho presencial na sede da ABDAN, no Centro do Rio de Janeiro. Para participar do processo seletivo, os candidatos devem enviar currículo e portfólio para o e-mail abdan@abdan.org.br.
Os interessados precisam estar matriculados em curso superior na área de comunicação (design, marketing, publicidade e propaganda, ou áreas afins), ter inglês intermediário e conhecimentos básicos de design. Outras características desejáveis incluem habilidade para trabalho em equipe e disponibilidade para estagiar de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h.
A novidade surge pouco tempo após a ABDAN ter reforçado sua equipe com a contratação de estagiários na área de Relações Institucionais, um movimento que destaca o compromisso da associação em ampliar sua presença estratégica. Agora, a busca é por novos talentos para apoiar a comunicação de projetos, eventos e iniciativas voltadas ao desenvolvimento sustentável e tecnológico do setor. -
- 17/01/2025 - Carlos Seixas assume como presidente da Associação Brasileira de Energia NuclearFonte: Petronotícias
A Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN) está sob nova liderança. A entidade agora está sob o comando do presidente da Nuclep, Carlos Seixas, que substituiu Carlos Freire e ficará à frente da associação no biênio 2025-2027. Os vice-presidentes da associação durante esse período serão Antônio Müller e André Osório. Em seu discurso de posse, Seixas destacou a relevância estratégica do setor nuclear para o desenvolvimento sustentável do Brasil. Ele agradeceu ao seu antecessor e à equipe da ABEN pelo trabalho que fortaleceu a instituição, e enfatizou o compromisso de aproximar a sociedade da energia nuclear, promovendo um diálogo transparente sobre seus benefícios.
"Na presidência da ABEN, me comprometo a trabalhar para aproximar a sociedade brasileira da energia nuclear, promovendo o diálogo transparente e educativo que desmistifique o setor e ressalte seus benefícios. Precisamos mostrar que a energia nuclear não é apenas uma alternativa, mas uma necessidade para garantir segurança energética e o desenvolvimento sustentável do nosso país”, declarou.
O novo presidente da ABEN ressaltou também a importância de parcerias institucionais, do investimento em conhecimento e da valorização dos profissionais do setor como pilares para posicionar o Brasil como uma potência global em tecnologia nuclear, especialmente em áreas como energia limpa, medicina nuclear e inovação tecnológica.
"A integração entre a ABEN, CNEN, ENBPAR, GSI, Eletronuclear, NUCLEP, AMAZUL, LAS-ANS, ABDAN, INB, Academia, através da importante UFRJ, Seenemar-RJ, nossas Marinha do Brasil e Frente Parlamentar Mista de Atividades Nucleares do Congresso, além de outras organizações será fundamental para consolidarmos avanços, promovermos inovações tecnológicas e ampliarmos a competitividade do Brasil no mercado global”, disse.
Por fim, Seixas afirmou que a energia nuclear tem o poder de transformar vidas, de garantir progresso e de colocar o Brasil em posição de destaque no cenário internacional. "No entanto, esse futuro só será possível com união, trabalho conjunto e comprometimento de todos os atores desse setor”, concluiu.
Fundada em 1982, a ABEN é a instituição que reúne os técnicos e pesquisadores do setor nuclear brasileiro. Entre suas atribuições, está a difusão de informações sobre as aplicações pacíficas da energia nuclear em diferentes campos da vida humana, como a geração de energia elétrica, a medicina, a agricultura, o meio ambiente, a indústria, a preservação de bens culturais e a propulsão naval e espacial.
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- 16/01/2025 - Relógio atômico pode mudar a nossa definição de segundoDispositivo melhora precisão na medição do tempo, mas análise dos resultados ainda é um desafio
Dispositivo melhora precisão na medição do tempo, mas análise dos resultados ainda é um desafio
Fonte: OLHAR DIGITAL
A unidade fundamental do tempo é o segundo. No entanto, o relógio tradicional, aquele que conhecemos e usamos no dia a dia, não é exatamente preciso. Esse é o objetivo do relógio atômico: uma contagem do tempo tão precisa que é capaz até de mudar a noção de segundo que estamos acostumados.
Relógios atômicos não são uma novidade. O desafio principal é medir o desempenho desses dispositivos na hora de redefinir a definição de segundo. Afinal, como saberemos qual está certo?
Como funciona a medição do segundo e o relógio atômicoVamos dar um passo atrás e entender dois pontos: o que é um segundo e o que é (e para que serve) o relógio atômico.
A unidade fundamental para a medição do tempo é o segundo. Desde 1967, a definição dessa unidade se baseia na radiação correspondente à transição entre os dois níveis hiperfinos dos átomos de césio 133 no estado fundamental, em repouso na temperatura de 0 Kelvin. Nesse caso, um segundo é 9 192 631 770 períodos da radiação.
Essa é a definição de segundo na teoria. No entanto, os relógios tradicionais não são completamente precisos na passagem do tempo. É aí que entra um relógio atômico. Trata-se de um dispositivo que realiza a contagem de tempo a partir da transição de energia dos elétrons de certos elementos químicos(como o hidrogênio, por exemplo). O resultado é uma medição com precisão absurda.
Vamos dar um passo atrás e entender dois pontos: o que é um segundo e o que é (e para que serve) o relógio atômico.
A unidade fundamental para a medição do tempo é o segundo. Desde 1967, a definição dessa unidade se baseia na radiação correspondente à transição entre os dois níveis hiperfinos dos átomos de césio 133 no estado fundamental, em repouso na temperatura de 0 Kelvin. Nesse caso, um segundo é 9 192 631 770 períodos da radiação.
Há anos, pesquisadores vêm melhorando o conceito e a prática dos relógios atômicos, para torná-los cada vez mais exatos. Para nós, essa medição pode não fazer tanta diferença, mas a precisão é bem-vinda nas áreas de navegação por satélite (como posicionamento do GPS), comunicações de sistemas e infraestrutura de internet (para a sincronização de dados, por exemplo), aplicações em defesa e segurança, e nos campos da física e da química.
O Olhar Digital explicou mais sobre isso aqui.
Relógio atômico supera desafio importanteDe acordo com o IFLScience, pesquisadores já provaram que é possível projetar relógios 1.000 vezes mais precisos do que a definição original de segundo.
Agora, o desafio é medir o desempenho desses diferentes dispositivos para entender os resultados. Por enquanto, para que isso seja possível e comecemos a repensar a noção de segundo, ele precisa atingir uma frequência de 5×10-18. O difícil é chegar lá.
É aí que entra a novidade: uma pesquisa publicada no periódico Physical Review Letters detalhou um relógio atômico com design multi-íon capaz de alcançar essa frequência. Em entrevista ao site, a professora Tanja Mehlstäubler revelou que ela e sua equipe conseguiram chegar ao número 5×10-18. Para testar o feito, eles mediram a taxa de frequência de um relógio iônico (o nosso relógio clássico) e compararam com o desempenho do relógio atômico.
Em palavras mais simples, o relógio atômico conseguiu atingir a marca necessária para possivelmente redefinir a noção de segundo. Possivelmente por um motivo: a ciência estabelece que mais pessoas precisam chegar ao mesmo resultado. Afinal, ninguém faz grandes descobertas científicas sozinho (ou que não podem ser replicadas).
Qual o próximo passo?
- O dispositivo de Mehlstäubler foi recordista, mas ela acredita no potencial de mais pessoas chegarem aos mesmos resultados:
- A professora não deixou de destacar o caráter inédito da pesquisa, que pode ajudar a reduzir a incerteza em relação à precisão de qualquer relógio atômico;
- Ela defende que é possível aumentar ainda mais a precisão da medição. Por enquanto, só há um desafio: chegar lá. -
- 16/01/2025 - Inteligência Artificial Generativa: entre energias renováveis e o uso crescente da energia nuclearPor Ricardo Soares, pesquisador da Cátedra Oscar Sala do Instituto de Estudos Avançados da USP
Por Ricardo Soares, pesquisador da Cátedra Oscar Sala do Instituto de Estudos Avançados da USP
Fonte: JORNAL DA USP
Desde o lançamento do ChatGPT em novembro de 2022, a inteligência artificial generativa (IAgen) evoluiu de maneira notável, tornando-se uma ferramenta tecnológica revolucionária na criação de textos, ilustrações, vídeos e até na elaboração de algoritmos de computação. No entanto, essa inovação vem acompanhada de um impacto energético alarmante.Um estudo da OpenAI revelou que o treinamento de um grande modelo de linguagem natural como o GPT-3 consumiu aproximadamente 1.300 megawatts-hora (MWh) de eletricidade, o equivalente ao consumo anual de 130 casas nos Estados Unidos. Além disso, a energia necessária para uma simples pesquisa no Google consome cerca de 0,3 Wh, e se a mesma ação fosse solicitada ao ChatGPT da versão gratuita (ChatGPT-4o mini) esse consumo seria extrapolado para 2,9 Wh por busca. No entanto, até o momento, ainda não se sabe qual seria o consumo energético da recente funcionalidade "SearchGPT” integrada, no final de outubro de 2024, somente às versões pagas e ilimitadas mais recentes (GPT-4, GPT-4o, GPT-4o mini e GPT-4o preview).
Além da criação de textos, os modelos de IAgen atualmente disponíveis no mercado (ChatGPT-4o, Meta AI, Midjourney, Gemini AI etc.) têm sido utilizados para gerar imagens, músicas, vídeos e até códigos de software altamente complexos, e cada uma dessas atividades consome volumes consideráveis de energia elétrica. A criação de uma imagem em alta definição com IAgen, por exemplo, pode consumir até 1,35 kWh, o que equivale a recarregar um smartphone completamente cerca de 100 vezes. A música gerada por IAgen, que exige a integração de algoritmos complexos para a combinação de padrões rítmicos e harmônicos, também demanda energia elétrica substancial, especialmente durante o treinamento dos grandes modelos de linguagem natural embarcados. Da mesma forma, a geração de código por IA, amplamente utilizada por desenvolvedores, envolve cálculos intensivos que resultam em maior consumo energético devido à necessidade de imenso poder computacional.
Estudos europeus e norte-americanos têm chamado a atenção para esse consumo exacerbado. Um relatório do MIT Climate & Sustainability Consortium apontou que a expansão da IAgen coloca uma pressão crescente sobre as redes de geração e transmissão de energia elétrica, especialmente em países com infraestruturas mais vulneráveis. Na Europa, o uso de energias renováveis para suprir essa demanda enfrenta os desafios da intermitência e da sazonalidade, enquanto nos Estados Unidos da América, a solução que se vislumbra pode estar em uma combinação de fontes limpas, como o hidrogênio verde e a energia nuclear. O debate sobre a viabilidade dessas soluções está no centro das discussões acadêmicas internacionais, já que o crescimento do uso de IAgen sem uma abordagem sustentável pode comprometer metas globais de reduções de emissões de gases de efeito estufa (GEE).
A introdução dessas novas tecnologias de IAgen intensifica ainda mais a necessidade de fontes energéticas estáveis, colocando a energia nuclear no centro de um debate global. Na Europa, onde a dependência de fontes renováveis é alta, alguns especialistas e grupos de interesse defendem a energia nuclear como uma opção de base confiável, capaz de compensar a intermitência e a sazonalidade da energia eólica e solar fotovoltaica. No entanto, essa solução não é isenta de controvérsias: questões como os riscos associados a acidentes nucleares, os desafios no descarte de resíduos radioativos e os custos elevados de implantação geram preocupação tanto em nível ambiental quanto social. Nos Estados Unidos, o crescimento dos data centers e a crescente demanda computacional impulsionada pela IAgen também têm alimentado discussões acaloradas sobre como fornecer energia suficiente de maneira sustentável, sem agravar as emissões de carbono. Nesse contexto, a energia nuclear surge como uma alternativa estratégica, mas seu papel continua a dividir opiniões, levantando dúvidas sobre segurança, sustentabilidade e viabilidade econômica em um mundo que busca soluções energéticas mais equilibradas.
O desafio da intermitência e sazonalidade das energias renováveisA evolução mundial no desenvolvimento de energias sustentáveis tem sido marcada por avanços significativos em fontes como a eólica e a solar fotovoltaica, com o Brasil desempenhando um papel de destaque no cenário das energias renováveis onde a energia hidroelétrica possui um papel central sendo responsável por cerca de 60% da matriz elétrica nacional. Esses avanços estão alinhados aos critérios e objetivos de ESG (Environmental, Social, and Governance) fundamental para atingir o tripé da sustentabilidade (ambiental, social e econômico), priorizando o uso de energias limpas e acessíveis, além de garantir impactos sociais e econômicos positivos.
No entanto, dois dos grandes desafios das energias eólica e solar fotovoltaica são a intermitência e a sazonalidade, ou seja, sua dependência de fatores naturais para gerar eletricidade. A intermitência e a sazonalidade referem-se à variabilidade de geração de energia que ocorre porque a fonte de energia — vento ou luz solar — não estão disponíveis de maneira constantes ao longo do dia ou no decorrer das diferentes estações do ano, respectivamente. Sabidamente, a energia eólica depende de um regime de ventos regulares, e a solar fotovoltaica, de dias ensolarados.
Essas características afetam a confiabilidade das redes energéticas, principalmente em situações de infraestrutura de alta demanda, como as dos data centers, que são consumidores intensivos de eletricidade e requerem uma fonte de energia estável e contínua para evitar interrupções nas suas operações que ocorrem 24 horas por dia. Para setores como o de tecnologia, onde a IAgen amplia exponencialmente o consumo de eletricidade, a intermitência e sazonalidade das fontes renováveis pode comprometer a segurança energética e a estabilidade técnica operacional.
A falta de previsibilidade no fornecimento de energia eólica e solar fotovoltaica exige que sejam utilizados mecanismos de compensação para garantir que a demanda seja atendida, como o uso de baterias de armazenamento e capacitores elétricos em larga escala. Contudo, essas soluções enfrentam sérios obstáculos técnicos, financeiros e ambientais. As baterias de íon de lítio, amplamente utilizadas, são caras e têm uma vida útil limitada, o que requer investimentos contínuos em manutenção e substituição. Além disso, o impacto ambiental da extração dos minerais críticos necessários para a fabricação dessas baterias, como lítio e cobalto, gera preocupações ambientais e sociais significativas, desafiando os critérios de ESG e o compromisso com a sustentabilidade.
A energia nuclear como fonte de base estável de eletricidadeA energia nuclear, embora cercada de polêmica, tem sido amplamente debatida como potencial solução de base estável para o crescente consumo energético impulsionado pela IAgen. Sua capacidade de fornecer eletricidade contínua e previsível é frequentemente destacada como um grande diferencial em comparação às fontes renováveis, como a eólica e a solar fotovoltaica, que sofrem com a intermitência e a sazonalidade. Essa característica faz da energia nuclear uma opção atraente para setores econômicos que exigem um fornecimento ininterrupto, como os data centers que dependem da IAgen e da computação em nuvem para processar vastos volumes de dados de maneira constante.
Os benefícios da energia nuclear são evidentes em termos de estabilidade e baixa emissão de carbono. Ao contrário das fontes de combustíveis fósseis, como o carvão e o gás natural, a geração de energia nuclear não emite diretamente GEE, o que contribui positivamente para os critérios de ESG e as metas de sustentabilidade. Além disso, a energia nuclear tem uma densidade energética muito maior em comparação às fontes renováveis, permitindo que pequenas quantidades de combustível nuclear forneçam grandes volumes de eletricidade por longos períodos. Esse fator torna a energia nuclear uma solução de base eficiente para complementar a produção de energia renovável, suprindo a demanda quando as fontes eólicas e solares fotovoltaicas não conseguem atender por conta da intermitência e da sazonalidade.
No cenário global, a energia nuclear representa cerca de 14% da eletricidade gerada, desempenhando um papel estratégico em países como França e Estados Unidos. No entanto, o debate sobre sua adoção é complexo e repleto de controvérsias: enquanto alguns segmentos defendem seus benefícios em termos de estabilidade e baixas emissões de carbono — já que a geração nuclear não libera diretamente GEE — outros apontam para os riscos inerentes, como os desastres nucleares passados, os desafios de armazenamento de resíduos radioativos, e os elevados custos de implantação e manutenção.
Apesar de seus benefícios, a utilização da energia nuclear continua a gerar preocupações significativas, especialmente em relação aos riscos tecnológicos que ela envolve. O temor público em torno dessa forma de energia é amplamente influenciado por pelo menos três grandes acidentes nucleares que marcaram a história recente: o acidente de Three Mile Island, nos Estados Unidos, em 1979; Chernobyl, na União Soviética em 1986; e Fukushima, em 2011. Cada um desses desastres trouxe à tona a vulnerabilidade das usinas nucleares, seja por eventos naturais catastróficos, falhas técnicas e/ou humanas. Em particular, o acidente de Fukushima, no Japão, destacou a importância de avaliar cuidadosamente a segurança das instalações nucleares, especialmente em regiões sujeitas a riscos ambientais severos.
Essas tragédias deixaram uma marca duradoura na percepção pública, levando muitos países a reavaliarem ou até mesmo reduzir o papel da energia nuclear em suas políticas energéticas, mesmo quando essa tecnologia oferece vantagens em termos de estabilidade e baixa emissão de carbono.
No Brasil, a conclusão da usina Angra 3 é frequentemente apresentada como uma possível solução para complementar a matriz energética nacional, especialmente em setores industriais que demandam alta intensidade em eletricidade. No entanto, essa proposta é cercada de incertezas: questões sobre a segurança das instalações, os elevados custos financeiros e os possíveis impactos sociais de longo prazo continuam a alimentar o debate. Portanto, mesmo com a alta densidade energética que permite à energia nuclear fornecer grandes quantidades de eletricidade com pequenas quantidades de combustível, o uso dessa tecnologia permanece controverso. A busca por um futuro energético equilibrado e sustentável exige uma análise cuidadosa das alternativas, equilibrando a necessidade de fontes estáveis com as preocupações sociais e ambientais.
O papel das Big Techs e o futuro energético brasileiroAs grandes empresas de tecnologia, como Google e Microsoft, lideram o desenvolvimento de data centers de grande porte para atender à crescente demanda da IAgen. Esses centros consomem quantidades massivas de eletricidade, exigindo fontes de energia que sejam não apenas estáveis, mas também cada vez mais limpas. Em resposta, essas empresas têm investido substancialmente em energias renováveis, como a solar fotovoltaica e a eólica, em um esforço para mitigar suas pegadas de carbono. O Google, por exemplo, tem a meta de operar inteiramente com energia renovável em seus data centers, enquanto a Microsoft planeja ser carbono negativo até 2030. Contudo, apesar desses compromissos ambientais, o uso intensivo da IAgen continua a demandar volumes cada vez maiores de energia, desafiando as metas de sustentabilidade estabelecidas por essas corporações. A dependência exclusiva de energias renováveis, devido à sua intermitência e sazonalidade, muitas vezes se mostra insuficiente, levando as empresas a considerarem alternativas mais estáveis.
Nesse cenário, as big techs estão começando a explorar soluções inovadoras, como os Small Modular Reactors (SMRs). Esses pequenos reatores nucleares modulares são projetados para fornecer energia de forma mais flexível e com menor impacto ambiental em comparação aos reatores nucleares tradicionais. A Microsoft, por exemplo, está avaliando o uso de SMRs para abastecer seus data centers, uma vez que essa tecnologia promete uma fonte de energia constante e de baixo carbono. No entanto, essa proposta não é livre de controvérsias. A implementação de SMRs envolve riscos tecnológicos e ambientais significativos, incluindo o gerenciamento complexo de resíduos nucleares e o potencial de acidentes. Além disso, o planejamento para a instalação de SMRs em áreas urbanas densamente povoadas, como Rio de Janeiro ou São Paulo, exigiria medidas de segurança rigorosas para prevenir consequências catastróficas em caso de falhas. Assim, embora os SMRs possam ajudar a reduzir a dependência de combustíveis fósseis e de fontes renováveis intermitentes, eles também trazem desafios que precisam ser cuidadosamente considerados no contexto das metas de sustentabilidade global.
Em uma cidade densamente povoada como São Paulo, a instalação de um data center alimentado por SMRs apresentaria desafios consideráveis. A proximidade com áreas residenciais e comerciais exigiria medidas de segurança excepcionais, além de um sistema rigoroso e confiável para a fiscalização da gestão de resíduos nucleares. No Brasil, a responsabilidade por assegurar a gestão segura de todo o ciclo de vida do combustível nuclear, incluindo o armazenamento final dos rejeitos, recairia sobre a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que precisaria garantir o cumprimento das normas internacionais de segurança. A questão do armazenamento de resíduos radioativos continua sendo um dos maiores entraves para a adoção dessa tecnologia, uma vez que esses materiais permanecem perigosos por milhares de anos, representando riscos a longo prazo.
Além disso, a implementação de SMRs exigiria supervisão contínua e rigorosa da CNEN e de outras autoridades competentes para assegurar que o Brasil adote os melhores padrões internacionais de segurança nuclear. Esse nível de fiscalização é ainda mais crítico considerando os desafios já enfrentados pelo país na gestão de resíduos em outros setores. A infraestrutura de segurança precisaria ser robusta e abrangente, monitorando desde a operação ininterrupta dos reatores até a movimentação e destinação adequada dos resíduos nucleares. Qualquer falha nesse processo poderia ter impactos devastadores, tanto ambientais quanto sociais, comprometendo a segurança pública e afetando negativamente a reputação das big techs que optarem por essa solução. Assim, o debate sobre o uso de SMRs em grandes centros urbanos requer uma análise cuidadosa e uma abordagem preventiva que minimize riscos e proteja as comunidades locais.
Oportunidades e desafios para suprir as demandas energéticas da IAgen no Brasil
Embora o Brasil tenha uma matriz elétrica predominantemente renovável, eventos climáticos extremos, como secas prolongadas, têm afetado a capacidade de geração das hidrelétricas nacionais, tornando a gestão energética um desafio crescente. As mudanças climáticas aumentam a imprevisibilidade dessas fontes, exigindo uma estratégia robusta para garantir a segurança energética. Apesar de alguns segmentos econômicos defenderem a energia nuclear como uma alternativa estável, especialmente em períodos de escassez hídrica, é fundamental considerar soluções mais sustentáveis e seguras.Os desafios da intermitência e sazonalidade das energias renováveis, como a eólica e a solar fotovoltaica, são inegáveis. No entanto, tecnologias emergentes, como o armazenamento de energia em baterias e capacitores de larga escala, oferecem caminhos promissores, assim que seus custos sejam atenuados. O aumento do parque tecnológico de energias renováveis, combinado com a integração da inteligência artificial para otimizar a gestão da matriz elétrica nacional, pode fornecer uma solução mais eficaz e ambientalmente responsável. A inteligência artificial, por exemplo, pode ajudar a prever padrões de geração e consumo, melhorando a eficiência energética e reduzindo a necessidade de recorrer a fontes poluentes ou de alto risco socioambiental.
Além disso, o Brasil tem a oportunidade de se consolidar como um hub global para data centers, utilizando sua matriz energética limpa como um diferencial competitivo. Com investimentos contínuos em energias renováveis e inovação, o país pode atrair grandes empresas de tecnologia, avançar em suas metas de sustentabilidade e minimizar os impactos ambientais. A expansão da energia nuclear por meio de novas usinas ou a proliferação de SMRs em grandes centros urbanos não parece ser a melhor solução, especialmente quando pesamos os riscos tecnológicos, os desafios de segurança e os custos envolvidos.
Portanto, um futuro energético sustentável e seguro para o Brasil requer políticas que priorizem o desenvolvimento e o aprimoramento de soluções renováveis. A combinação de armazenamento avançado, inteligência artificial e um parque tecnológico robusto apresenta uma alternativa viável e menos arriscada, atendendo às demandas crescentes da IAgen sem comprometer a segurança da sociedade ou ao meio ambiente.
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- 16/01/2025 - Residência em medicina nuclear no DF tem inscrições abertasInscrições abertas para a residência médica em medicina nuclear do IMEB-IES, credenciada pelo MEC, oferece formação para médicos que buscam especialização na área.
Inscrições abertas para a residência médica em medicina nuclear do IMEB-IES, credenciada pelo MEC, oferece formação para médicos que buscam especialização na área.
Fonte: Terra
Estão abertas as inscrições para o programa de residência médica em medicina nuclear do IMEB-IES (Imagens médicas de Brasília). Credenciado pelo ministério da educação e cultura (MEC), o programa oferece uma formação para médicos que desejam se especializar na área de medicina nuclear.O período de inscrição vai até o dia 7 de fevereiro de 2025, e os interessados devem se inscrever exclusivamente pelo site oficial. O processo seletivo será realizado em duas etapas: uma prova escrita objetiva, abordando conhecimentos gerais de medicina, e a análise e avaliação do currículo dos candidatos.O programa, que terá início em março de 2025, tem duração de três anos e oferece 30 dias de férias anuais. Serão disponibilizadas quatro vagas, todas credenciadas pelo MEC, com direito a bolsa de estudos e vale-alimentação. Segundo o Dr. Alaor Barra, médico nuclear, "a residência do IMEB-IES forma médicos em medicina nuclear, unindo prática, tecnologia e orientação especializada". Além disso, o programa incentiva a produção científica e conta com a supervisão e preceptoria de profissionais renomados da área, incluindo a coordenação do Dr. Marcelo Moreira da Silva e da Dra. Carla Lima Santos Viviani.O IMEB, que ao longo dos últimos 15 anos se consolidou como um dos principais centros formadores de especialistas em medicina nuclear do Distrito Federal e do país. O programa conta com equipamentos de última geração, incluindo aparelhos híbridos como SPECT/CT e detectores CZT dedicados a estudos cardiológicos. Os residentes terão acesso diário a exames de PET/CT com diversos traçadores, como FDG-18F, DOTA-68Ga e PSMA-68Ga, além de participar de terapias com radioisótopos, como iodo-131, 177Lutécio-PSMA, 177Lutécio-Dotatate e rádio-223, realizadas em suítes terapêuticas exclusivas.O programa de residência médica do IMEB oferece aos residentes uma formação que integra prática e teoria, voltada para as demandas da medicina nuclear.Serviço:- Programa de residência médica em medicina nuclear - IMEB-IES 2025- Inscrições: até 07 de fevereiro de 2025- Prova: 10 de fevereiro de 2025- Valor da inscrição: R$ 450,00- Site para inscrição: https://imeb-ies.com.br/residencia-medica/- Informações: (61) 3771-3810 / (61) 9-9996-1850 -
- 16/01/2025 - Suécia está a construir depósito de resíduos nucleares para durar 100 mil anosResíduos altamente radioactivos serão armazenados durante 100 mil anos. Associação Nuclear Mundial estima que existam 300 mil toneladas de combustível nuclear no mundo, que precisam de ser eliminadas.
Resíduos altamente radioactivos serão armazenados durante 100 mil anos. Associação Nuclear Mundial estima que existam 300 mil toneladas de combustível nuclear no mundo, que precisam de ser eliminadas.
Fonte: PUBLICO
Com três centrais nucleares em funcionamento e seis reactores, a Suécia iniciou esta semana a construção de um depósito de armazenamento final para combustível nuclear usado que, quando pronta, será a apenas a segunda deste tipo que existe no mundo. Ali, os resíduos nucleares altamente radioactivos serão armazenados durante 100 mil anos.
Até agora, só a Finlândia completou as obras para ter um depósito permanente de resíduos nucleares, no sítio conhecido como Onkalo, a 450 metros de profundidade, escavado na rocha da Ilha de Olkiluoto, no Sudoeste do país, onde há uma central nuclear. Mas estas instalações, construídas pela empresa sueca SKB, só deve começar realmente a funcionar em 2026, e o custo da obra é estimado em mil milhões de euros, segundo a BBC.
Como armazenar resíduos radioactivos mortais até a radioactivida de se dissipar é uma questão que tem atormentado a indústria nuclear desde que os reactores comerciais começaram a funcionar, na década de 1950.
"É difícil exagerar a importância que tem para a Suécia e para a transição climática o facto de a construção do depósito final estar em curso", disse a ministra do Ambiente, Romina Pourmokhtari. "Disseram que não ia funcionar, mas funciona”, acrescenta.
A Associação Nuclear Mundial calcula que existam cerca de 300 mil toneladas de combustível nuclear usado a nível mundial, que têm de ser armazenados de forma segura até se dissipar a radioactividade - o que pode levar centenas, milhares de anos. A maior parte está armazenada em tanques de arrefecimento perto dos reactores onde foi utilizado.
Além do combustível usado já acumulado, vários países da Europa e de todo o mundo estão a planear construir novos reactores para fornecer electricidade sem emissões de dióxido de carbono, como forma de transição para o abandono dos combustíveis fósseis.
A Suécia é um deles: em 2023, abandonou a meta de ter 100% de energia renovável até 2040, em troca da ambição de ter 100% de energia sem recurso aos combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás natural), prevendo para isso a construção de mais dez reactores até 2045. No entanto, o novo depósito só receberá combustível nuclear gasto já existente, não está previsto que para lá vá o combustível das centrais que vierem a ser construídas.
O depósito final de Forsmark, a cerca de 150 km a norte de Estocolmo, na costa leste da Suécia, consistirá em 60 km de túneis enterrados a 500 metros de profundidade em rochas com 1900 milhões de anos.
Será a casa definitiva de 12 mil toneladas de combustível nuclear usado, encerrado em tubos de cobre de cinco metros de comprimento, resistentes à corrosão, que serão embaladas em argila e enterradas.
As instalações receberão os primeiros resíduos no final da década de 2030, mas só estarão concluídas por volta de 2080, altura em que os túneis serão preenchidos e encerrados, informou a empresa sueca de gestão de combustível nuclear e resíduos (SKB), responsável pela construção.
Recurso contra o projeto
No entanto, o processo poderá ainda sofrer atrasos. A MKG, uma organização não-governamental sueca que trabalha no domínio dos resíduos nucleares, interpôs um recurso junto de um tribunal sueco solicitando a realização de novos controlos de segurança.
Segundo a MKG, uma investigação do Instituto Real de Tecnologia da Suécia demonstrou que as cápsulas de cobre podem corroer-se e derramar elementos radioactivos nas águas subterrâneas.
"Temos espaço para esperar dez anos para tomar uma decisão, uma vez que se trata de algo que tem de ser seguro durante 100 mil anos”, afirmou Linda Birkedal, presidente da MKG.O depósito de Forsmark custará cerca de 12 mil milhões de coroas (mil milhões de euros) e será pago pela indústria nuclear, disse a SKB.
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- 15/01/2025 - Energia renovável se une à energia nuclear para alimentar ‘data centers’ de IAA Energy Vault anunciou uma parceria com a NuCube Energy para acelerar o desenvolvimento do seu microreator modular. Há muito a ser analisado nesta declaração
A Energy Vault anunciou uma parceria com a NuCube Energy para acelerar o desenvolvimento do seu microreator modular. Há muito a ser analisado nesta declaração
Fonte: Inteligência Financeira
Uma empresa de energia renovável e uma startup de energia nuclear estão se unindo para descarbonizar os "data centers” de inteligência artificial, que consomem muita energia.
Nesta quarta-feira (15), a Energy Vault anunciou uma parceria com a NuCube Energy para acelerar o desenvolvimento do seu microreator modular. Há muito a ser analisado nesta declaração.
A Energy Vault é uma empresa de energia renovável que armazena energia de uma maneira inusitada, como uma bateria.
Ela usa energia cinética, levantando blocos pesados no ar.
Esses blocos podem ser baixados lentamente e usados para girar motores e gerar eletricidade quando necessário.
O que faz a NuCube no setor de energiaA NuCube é uma empresa de tecnologia de energia nuclear que está projetando um microreator modular e pequeno.
O novo produto, assim, é chamado NuSun, que é adequado para aplicações industriais e de "data centers”.
Os centros de dados consomem muita eletricidade e os seus operadores, incluindo Microsoft e Amazon.com, demonstraram interesse em garantir suas próprias fontes de energia, separadas das redes locais de empresas de serviços públicos.
Assim, a combinação de tecnologia de armazenamento de energia com um reator nuclear permite que parte da produção do reator seja armazenada para ser usada mais tarde.
Em um momento quando a demanda por eletricidade for menor em determinados momentos do dia.
Assim, todo o sistema não gera dióxido de carbono, o principal gás responsável pelas mudanças climáticas globais.
Dessa maneira, como fazem as usinas de energia a carvão ou gás natural.
A parceria é mais um exemplo de uma solução livre de carbono para a crescente demanda por eletricidade, impulsionada por coisas como "data centers” de IA e veículos elétricos.
No entanto, a NuCube é uma empresa de capital fechado. As ações da Energy Vault são negociadas publicamente.
Seu preço subiu 12% no pregão pré-mercado, para US$ 1,96 por ação, enquanto os futuros do S&P 500 e do Dow Jones Industrial Average subiam 0,3% e 0,5%, respectivamente.
Antes do pregão de quarta-feira, as ações da Energy Vault acumulavam queda de cerca de 4% nos últimos 12 meses.
A empresa, assim, ainda não é lucrativa e não se espera que seja nos próximos anos.
Dessa maneira, quatro analistas cobrem os papéis da empresa. Três recomendam compra.
O preço-alvo médio dos analistas para as ações da Energy Vault é de cerca de US$ 2,10 por ação, segundo a FactSet.
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- 15/01/2025 - Energia de fusão nuclear pode mudar história, diz MeloniPremiê participou de fórum de sustentabilidade em Abu Dhabi
Premiê participou de fórum de sustentabilidade em Abu Dhabi
Fonte: Terra
A premiê da Itália, Giorgia Meloni, participou nesta quarta-feira (15) de um fórum de sustentabilidade em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, e afirmou que a futura exploração da energia gerada por fusão nuclear pode "mudar a história".Em seu discurso, a primeira-ministra defendeu que o sucesso da transição energética dependerá da "capacidade de encontrar um equilíbrio entre sustentabilidade e inovação"."Precisaremos elaborar um mix energético equilibrado, baseado em tecnologias de que dispomos, que estamos experimentando e que ainda precisam ser identificadas", disse Meloni, que citou gás, biocombustíveis, hidrogênio verde e a captura de dióxido de carbono.""Sem esquecer da fusão nuclear, que pode potencialmente produzir energia limpa, segura e ilimitada, transformando a energia de arma geopolítica em um recurso amplamente disponível, capaz de mudar efetivamente a história", acrescentou.As usinas nucleares tradicionais utilizam a fissão para produzir energia, ou seja, a divisão dos átomos, processo que gera lixo radioativo e que exige pesados investimentos em segurança.Já a fusão consiste na união de núcleos atômicos através de sua compressão e aquecimento extremos, reproduzindo o que ocorre no coração das estrelas, que fundem átomos de hidrogênio em hélio e produzem quantidades astronômicas de energia.Devido ao potencial de ser uma fonte quase ilimitada e limpa, a fusão nuclear foi apelidada de "Santo Graal" da produção energética. O desafio, no entanto, é realizá-la de maneira economicamente viável.Durante sua missão em Abu Dhabi, Meloni também assinou com a Albânia e os Emirados Árabes um acordo para produzir energia limpa no país balcânico e transportá-la até a Itália por meio de um cabo submarino no Mar Adriático."Estou pessoalmente orgulhosa dessa iniciativa, que mostra de maneira concreta como novas formas de cooperação podem ser construídas mesmo entre parceiros que parecem distantes geograficamente", salientou a premiê. -
- 15/01/2025 - Biofilme comestível à base de extrato da casca de romã aumenta vida útil de morangosFrutos revestidos com o material, desenvolvido por pesquisadores do IQSC-USP, apresentaram 11% menos redução de peso durante o armazenamento e demoraram mais tempo para começar a ser contaminados por fungos
Frutos revestidos com o material, desenvolvido por pesquisadores do IQSC-USP, apresentaram 11% menos redução de peso durante o armazenamento e demoraram mais tempo para começar a ser contaminados por fungos
Fonte: Agência FAPESP
Um biofilme comestível, obtido a partir de resíduos da agricultura e da indústria pesqueira e desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC-USP), permite aumentar a vida útil do morango (Fragaria x ananassa Duch).
Em testes em laboratório, os pesquisadores constataram que, ao longo de 12 dias de armazenamento sob refrigeração, os frutos revestidos com a película apresentaram 11% menos redução de peso e demoraram entre 6 e 8 dias para começar a ser contaminados por fungos em comparação a quatro dias das frutas não recobertas com o material.
Os resultados do trabalho, realizado com apoio da FAPESP e em colaboração com pesquisadores da Embrapa Instrumentação e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), foram descritos em artigo publicado na revista Food Chemistry.
"Por meio da aplicação do revestimento foi possível dobrar a vida útil de morangos mantidos sob refrigeração e retardar a desidratação dos frutos, conservando, ao mesmo tempo, o sabor, a textura e os compostos voláteis, que conferem o aroma característico da fruta”, disse à Agência FAPESP Mirella Romanelli Vicente Bertolo, pós-doutoranda na Embrapa Instrumentação e primeira autora do estudo.
O trabalho foi iniciado durante o doutorado de Bertolo no IQSC-USP, sob orientação do professor Stanislau Bogusz Junior.
Durante a pesquisa, eles conseguiram desenvolver uma técnica que permite, por meio do uso de solventes eutéticos naturais profundos (NADES, na sigla em inglês), extrair da casca de romã (Punica granatum L.) 84,2% mais antioxidantes – substâncias que possuem propriedades conservantes.
"Mais de 40% da romã, dependendo da variedade, é composta por casca, que é desperdiçada. Nossa ideia foi aproveitar esse resíduo para obter extratos ricos em compostos fenólicos, com atividades antioxidante e antimicrobiana”, diz Bogusz.
Com o sucesso do desenvolvimento do método de extração, os pesquisadores decidiram testar a hipótese de incorporar os antioxidantes da romã a revestimentos à base de gelatina e quitosana – um polímero (polissacarídeo natural) encontrado nos esqueletos de crustáceos, como o camarão –, para desenvolver uma película protetora para frutas.
"Optamos por utilizar a quitosana extraída de gládios [conchas internas] de lula por meio de um processo de desacetilação da quitina encontrada nesse molusco porque ela não apresenta o problema de alergenicidade como a da obtida de camarão. E combinamos esse material com outro polímero, no caso, a gelatina, com o intuito de melhorar suas propriedades mecânicas”, explica Bogusz.
Fruta altamente perecívelO morango foi escolhido como sistema modelo para testar a eficácia do biofilme porque é um dos itens com maiores índices de perda nos mercados brasileiros, devido à sua perecibilidade e curta vida útil, de cerca de menos de sete dias sob refrigeração.
"O morango é um fruto que tem atividade respiratória muito alta e pH [acidez] muito baixo. Por isso, é muito suscetível ao ataque de microrganismos. Além disso, é muito úmido e os frutos são pequenos. Com base nisso, levantamos a hipótese de que se o material que desenvolvemos funcionasse seria eficiente em qualquer outro fruto”, diz Bogusz.
Para testar essa hipótese, os pesquisadores revestiram morangos com o filme comestível por meio de imersão e avaliaram os efeitos do material no perfil físico-químico, microbiológico, volátil e nas características sensoriais dos frutos ao longo de 12 dias de armazenamento refrigerado.
Os resultados indicaram que o material forma uma película na superfície do fruto que funciona como uma barreira à passagem de microrganismos, à perda de umidade e à troca de gases, modificando a respiração do morango. Dessa forma, o revestimento retarda o metabolismo do fruto durante o período pós-colheita e, consequentemente, aumenta sua vida útil, preservando a cor, firmeza e os compostos bioativos da fruta.
"Constatamos que a película permitiu manter a textura, retardar a contaminação por microrganismos e reduzir a perda de massa dos frutos, que é observada quando o morango murcha. Isso acontece muito comumente em frutos não revestidos porque eles perdem água facilmente e desidratam”, afirma Bertolo.
De acordo com a pesquisadora, o filme também permitiu reduzir a gravidade de lesões por fungos e melhorar o perfil de voláteis dos frutos. "O material possibilitou preservar 40% a mais desses compostos que são responsáveis pelo aroma da fruta”, diz Bertolo.
O biofilme também não interferiu nas características sensoriais da fruta, como o sabor, conforme constatado por meio de testes de análise sensorial feitos com alunos do curso de graduação em química do IQSC-USP.
"Os resultados dos testes mostraram que eles não identificaram diferenças no gosto, aroma e características visuais do morango revestido com o material em comparação com morangos sem a película” afirma Bertolo.
Os pesquisadores entraram com o pedido de depósito de patente da formulação, após o que pretendem licenciar a tecnologia para empresas interessadas.
As análises econômicas indicaram que o revestimento poderá ter um custo estimado em, aproximadamente, R$ 0,15 por fruta.
"Esse é um custo que os consumidores podem estar dispostos a pagar por uma fruta com maior vida útil e com aproveitamento maior”, estima Bertolo.
O artigo Improvement of the physical-chemical microbiological, volatiles and sensory quality of strawberries covered with chitosan/gelatin/pomegranate peel extract-based coatings pode ser lido em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0308814625000056.
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- 15/01/2025 - Série educacional sobre ciência nuclear junta Aiea e Warner Bros DiscoveryEuropa, Oriente Médio e África terão os primeiros filmes da nova parceria; Aiea ressalta potencial da ciência nuclear para fazer diferença tangível na vida humana em campos como agricultura, saúde e luta contra poluição, secas e fome.
Europa, Oriente Médio e África terão os primeiros filmes da nova parceria; Aiea ressalta potencial da ciência nuclear para fazer diferença tangível na vida humana em campos como agricultura, saúde e luta contra poluição, secas e fome.
Fonte: ONU News
Uma parceria da Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, e a companhia global de mídia e entretenimento Warner Bros Discovery apresenta filmes com material gerado por 12 laboratórios de ciências e aplicações nucleares.
Esses dados gerados pela agência das Nações Unidas servem de base para a nova série "Good To Know”, ou "Bom Saber”, em tradução livre.
Papel da ciência nuclear em meio a desafios globaisOs vídeos educacionais ilustrando o papel da ciência nuclear em meio a desafios globais terão a primeira série exibida em 30 países. Os cinco filmes devem alcançar 44 milhões de lares na Europa, no Oriente Médio e na África.
As produções de um minuto esclarecem sobre a segurança das aplicações da radiação para lidar com questões-chave. Os temas incluem os microplásticos no oceano, a carga global do câncer, a insegurança alimentar, a escassez de água diante das mudanças climáticas e a contaminação industrial.
A produção mais ampla do Good To Know destaca benefícios da ciência e tecnologia nuclear e poderá estar acessível tanto pela TV quanto através de plataformas online.
No futuro, a parceria pretende que os episódios explorem como a ciência nuclear ajuda no desenvolvimento, particularmente no combate às mudanças climáticas.
Controle de pragas sem produtos químicosOs tópicos incluirão a medição da captura do carbono em regiões costeiras, a acidificação dos oceanos, o controle de pragas sem produtos químicos e programas da Aiea abordando a poluição plástica, a seca e a fome.
A base da nova produção é composta por dados fornecidos por 12 laboratórios da Aiea especializados em ciência nuclear. Essas instituições de pesquisa já compartilham técnicas nucleares em escala global.
Para o diretor-geral da Aiea, Rafael Mariano Grossi, as pessoas podem conhecer a agência pela atenção na questão nuclear, ajudando a melhorar a segurança, a proteção e as salvaguardas em lugares como Fukushima, no Japão, Irã e Ucrânia.
No entanto, elas desconhecem o potencial deste campo "para fazer diferenças tangíveis na vida das pessoas, ao ajudar agricultores a melhorar safras, pacientes com câncer a obter melhor tratamento e governos a entender e proteger áreas naturais importantes”.
Soluções para grandes desafios
Com milhões de habitantes do planeta sofrendo os efeitos da mudança climática, ele considera importante "que o público também saiba que há esperança e a ciência oferece soluções para muitos dos grandes desafios”.O chefe do Departamento de Ciências Nucleares e Aplicações da Aiea, Najat Mokhtar, expressou satisfação com a divulgação de resultados das pesquisas dos laboratórios com o Discovery Channel.
Para ele, sendo a ciência uma força vital para o bem no mundo, o campo nuclear apresenta inovações para ajudar os países a atingirem suas metas de desenvolvimento.
Já para o vice-presidente executivo da Warner Bros Discovery, Jamie Cooke, há oportunidade para que os espectadores aprendam mais sobre o uso da ciência nuclear de forma inovadora para melhorar vidas e avançar a agenda de sustentabilidade ambiental.
O também diretor administrativo da companhia para a Europa Central, Oriente Médio e Turquia destacou o dever de se alçar a voz, a força narrativa e a experiência, realçando e contando histórias de impacto positivo em comunidades e espectadores em favor do bem-estar.
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- 15/01/2025 - Universidades públicas de São Paulo criam modelo flexível na pós-graduaçãoNova trilha prevê mestrado com currículos interdisciplinares e chance de migrar para o doutorado após um ano de curso
Nova trilha prevê mestrado com currículos interdisciplinares e chance de migrar para o doutorado após um ano de curso
Fonte: Pesquisa Fapesp
Um novo modelo de pós-graduação vai ser testado a partir de 2025 em um programa-piloto que reúne seis universidades públicas no estado de São Paulo. A ideia é de que os estudantes ingressem em mestrados estruturados de forma bem mais flexível do que o padrão atual. Dependendo da instituição, no primeiro ano do curso os alunos seguirão um currículo de caráter interdisciplinar, com algumas matérias voltadas, por exemplo, ao empreendedorismo e à solução de problemas da sociedade, e serão estimulados a se envolver em atividades de extensão relacionadas a seu tema de pesquisa. Paralelamente, vão elaborar o projeto de pesquisa e procurar um orientador – etapas que, no modelo atual, ocorrem na maioria das vezes antes do ingresso.Encerrado esse ciclo de 12 meses, os estudantes serão avaliados por uma comissão e terão a oportunidade de seguir diferentes trilhas. A depender do desempenho nas disciplinas e da excelência do projeto de pesquisa apresentado, poderão fazer mais um ano de curso, concluir sua dissertação e receber o título de mestre, como é o padrão, ou então migrar para o doutorado e concluí-lo dali a quatro anos. Uma terceira alternativa, caso o aproveitamento seja considerado insuficiente, é encerrar esse percurso no final do primeiro ano e receber um diploma de especialização.
Esse itinerário acadêmico foi proposto em um protocolo de intenções assinado em novembro por representantes das seis universidades – a de São Paulo (USP), as também estaduais de Campinas (Unicamp) e Paulista (Unesp), e as federais de São Paulo (Unifesp), de São Carlos (UFSCar) e do ABC (UFABC) –, além dos presidentes da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Superior da FAPESP. O modelo vai ser implementado nos próximos cinco anos com foco em um universo restrito de estudantes. Apenas programas de pós-graduação que tenham as duas notas mais altas na escala de avaliação da Capes, 6 e 7, poderão participar do programa-piloto – eles respondem por cerca de 30% dos cursos de mestrado e doutorado das seis universidades. Mas não se espera que todos adotem o novo percurso, já que a adesão ao modelo será voluntária. O formato atual de doutorado direto, em que estudantes de graduação seguem diretamente para o doutorado sem passar pelo mestrado, embora seja pouco utilizado, continua disponível para todos os programas, independentemente da adesão ao novo modelo.
Nessa fase-piloto, a possibilidade de migrar para o doutorado após 12 meses será limitada a um número pré-definido de bolsas de mestrado, concedidas pela Capes, que podem ser convertidas em bolsas de doutorado, financiadas também pela Capes e complementadas pela FAPESP até alcançar os valores oferecidos pela Fundação. Na prática, cada programa de pós-graduação terá direito a uma ou no máximo duas dessas bolsas de doutorado. A Unicamp, por exemplo, receberá 35 bolsas anuais, distribuídas entre 37 programas, aqueles com notas 6 e 7. O impacto, no primeiro momento, será pequeno para uma instituição que formou 747 doutores e 1.113 mestres em 2023.
De acordo com o engenheiro de materiais Luiz Antonio Pessan, diretor de Programas e Bolsas no país da Capes, o objetivo principal é tornar mais envolvente a formação de pós-graduação para atrair mais estudantes e ampliar o número de doutores. "O Brasil tem 10 doutores para cada 100 mil habitantes, enquanto a média dos países industrializados vinculados à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico [OCDE] é três vezes maior”, afirma. Embora o Brasil tenha atingido a meta, estabelecida no último Programa Nacional de Pós-graduação, de titular 25 mil doutores e 60 mil mestres por ano, em tempos recentes o sistema perdeu fôlego: passou a ter menos titulados por conta da pandemia, entre outros fatores, e a atrair menos candidatos em seus processos seletivos, em um sinal de exaustão do modelo, apesar de sinais recentes de uma recuperação lenta (ver Pesquisa FAPESP n° 315). A perda de interesse é atribuída a problemas como a duração longa da formação (doutores brasileiros recebem o título com idade média de 38 anos, ante 31 nos Estados Unidos) e o caráter marcadamente acadêmico dos currículos, pouco atraentes para quem busca uma carreira de pesquisador em empresas, no setor público ou em organizações não governamentais.
A arquitetura do modelo busca enfrentar esses problemas. "Hoje, em média, o doutoramento se dá com 38 anos e esse aumento de tempo não resultou em aumento de qualidade. Essa é uma realidade que temos de mudar, simplificando os processos, reduzindo a burocracia e as exigências desnecessárias para a formação de bons pesquisadores”, disse o presidente do Conselho Superior da FAPESP, Marco Antonio Zago, no lançamento do programa. Para o sociólogo Simon Schwartzman, do Instituto de Estudos de Política Econômica, no Rio de Janeiro, a proposta pode ser um passo para corrigir o que ele considera uma anomalia da educação superior brasileira. "No Brasil, o doutorado direto ainda é pouco frequente e prevaleceu a ideia de que o mestrado é um antecedente necessário para o doutorado. Isso é uma aberração brasileira, até porque os mestrados cada vez mais são procurados por quem quer melhorar sua qualificação profissional no mercado de trabalho e não tem interesse em fazer doutorado. O doutorado é para quem vai trabalhar com pesquisa e precisa de uma formação mais aprofundada, mas ela fica longa demais com a etapa do mestrado no meio”, afirma.
O hematologista Rodrigo Calado, pró-reitor de Pós-graduação da USP, conta que acelerar a geração de doutores no país é desejável por vários motivos. "Para a sociedade e para a economia brasileira, é importante contar com pesquisadores de alto nível o mais rapidamente possível, seja para trabalhar na universidade, no setor público ou no privado. E iniciar a carreira mais cedo também faz com que o recurso investido na educação dê retorno logo”, diz. A formação mais curta também permite que o jovem doutor ingresse no mundo do trabalho, comece a construir uma carreira e possa sustentar sua família a partir dos 30 anos, superando incertezas e a dependência de bolsas. Segundo o pró-reitor, a USP titula seus doutores com uma média de idade de 37 anos, um ano a menos do que o patamar brasileiro. "Se conseguirmos reduzir para 34 anos, seria um passo grande, mas o ideal seria diminuir para 31 anos, como nos Estados Unidos. O pico de produção científica das pessoas acontece por volta dos 30 anos de idade”, diz. "O processo hoje é muito desestimulante. Imagine escolher uma profissão sabendo que só vai estar empregado por volta dos 40 anos.” Dos 262 programas de pós-graduação da USP, cerca de 50 têm nota 6 e 7 e estão aptos a testar o modelo.
Na Unifesp, os 13 programas que poderão aderir ao novo modelo são da área da saúde, vinculados à Escola Paulista de Medicina e à Escola Paulista de Enfermagem. Para o pró-reitor de Pós-graduação e Pesquisa da instituição, o arquiteto e urbanista Fernando Atique, o impacto da nova modalidade promete ser sensível. "A formação na área médica é muito longa. Além da graduação, há a residência. Os médicos demoram a fazer mestrado e muitos deixam para fazer o doutorado mais tarde, quando já estão estabelecidos na carreira. Caso completem a pós-graduação aos 30 anos, será um grande ganho”, afirma. Atique conta que boa parte dos doutores formados na Unifesp é de outros estados. "Doutores mais jovens e com bagagem mais dinâmica poderão passar em concursos e qualificar suas instituições, além de trabalhar em grandes centros clínicos e indústrias farmacêuticas.”Já na UFSCar, oito programas poderão aderir, sendo quatro em humanidades, três em ciências exatas e um na área da saúde. "Os programas vão decidir se querem ou não participar do novo modelo. Já temos experiência com doutorado direto em engenharias e algumas áreas da saúde, mas não nas humanidades, em que a maturação da pesquisa e da formação de doutores é mais lenta”, afirma o sociólogo Rodrigo Constante Martins, pró-reitor de Pós-graduação da universidade. Pelo número de bolsas disponíveis para a universidade – sete por ano –, Constante calcula que a universidade terá entre 28 estudantes de doutorado contemplados nos quatro anos de convênio, por enquanto uma fração dos cerca de 350 doutores titulados a cada ano. "Esperamos que a experiência dê certo e, com o tempo, o financiamento se amplie para que possamos ter mais estudantes beneficiados do que teremos nessa fase-piloto.”
Na avaliação da cientista política e pró-reitora de Pós-graduação da Unicamp, Rachel Meneguello, os mestrandos é que sentirão o maior impacto. "Estamos propondo que os ingressantes tenham uma grade curricular mais interdisciplinar, que construam seu projeto de pesquisa e façam estágios extramuros. A ideia não é fazer mestrados profissionais, mas dinamizar a formação para aproximá-la do mundo do trabalho”, afirma. Segundo ela, a aceleração do treinamento de doutores terá resultados só no longo prazo, mesmo porque, como observa, ampliar a quantidade de alunos que fazem o doutorado direto nunca foi algo simples. "Tem que ser um aluno muito bem-preparado para fazer jus a uma oportunidade como essa”, diz. "Certas áreas, como odontologia, computação e algumas engenharias, estão mais interessadas no novo formato, porque já têm mestrados de caráter mais aplicado, mas outras estão avaliando o modelo.”
Em 2022, a Unesp já havia feito um movimento para aperfeiçoar os currículos de pós-graduação, de modo a garantir uma formação abrangente. "Nosso portfólio de disciplinas passou a incluir aulas de ética, empreendedorismo, conhecimento sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, algumas delas feitas de modo híbrido para permitir a participação de estudantes da Unesp em diferentes cidades”, afirma a química Maria Valnice Boldrin, pró-reitora de Pós-graduação da universidade. "Mas esse programa vai além ao criar uma trilha que inclui atividades extramuros. Além de diminuir o tempo de formação dos doutores, ele aperfeiçoa a dos mestres.”
Em meados de 2024, as três universidades estaduais paulistas promoveram uma discussão para propor mudanças conjuntas no formato da pós-graduação de modo a ampliar o interesse dos estudantes (ver Pesquisa FAPESP nº 340). "Logo percebemos que não daria para mudar sem ter o apoio da Capes e da FAPESP. Contar com a Fundação foi fundamental, porque reafirma a vocação da pós-graduação como o lugar de fazer pesquisa”, diz Boldrin.
Pessan, da Capes, afirma que representantes de outros estados estão procurando a agência federal para conversar sobre o modelo – a intenção é implementá-lo com apoio das fundações estaduais de amparo à pesquisa. "O importante é que a gente estimule os programas a se aperfeiçoarem. O sistema de pós-graduação não pode ficar estagnado”, afirma. Ele diz que a Capes está atenta a eventuais mudanças em indicadores dos programas de pós-graduação motivadas pelo novo modelo de forma a não permitir que eles as prejudiquem na avaliação quadrienal.
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- 14/01/2025 - Detectados três formatos diferentes do núcleo atômicoFonte: INOVAÇÃO tecnológica
Qual é o formato do núcleo de um átomo?Ainda estamos discutindo qual é o formato de um fóton, a partícula fundamental da luz, mas sabemos que o formato do núcleo de um átomo pode apontar a existência de uma nova Nova Física.
Nessa busca por definir o perfil do núcleo atômico, Adrian Plaza e colegas das universidades de Jyvaskyla, na Finlândia, e Liverpool, no Reino Unido, conseguiram agora pela primeira vez fazer a observação direta de três deformações diferentes no núcleo atômico.
Essas deformações, associadas a três formas distintas - esférica, oblata (achatada nos polos, como a Terra) e prolata (forma oblonga, ou alongada como um ovo) - existem simultaneamente perto do estado fundamental de energia do átomo, neste caso do átomo de chumbo-190 (190Pb).
A Física nos diz hoje que o formato do núcleo de um átomo pode variar, com a coexistência de diferentes formatos, mas ninguém havia conseguido até agora comprovar experimentalmente a coexistência desses formatos no mesmo núcleo.
"O 190Pb é um dos núcleos mais intrigantes que estudamos," disse Plaza. "Ele não apenas mostra múltiplas formas coexistentes, mas nossas descobertas também sugerem que ele pode servir como um exemplo clássico de estados nucleares com funções de onda que misturam significativamente as contribuições de cada uma dessas formas."
Formatos coexistentesA equipe utilizou múltiplas técnicas para identificar raios γ (gama) emitidos no relaxamento dos estados nucleares, associando-os diretamente a configurações de formas específicas.
A primeira técnica mediu os raios γ e elétrons de conversão emitidos imediatamente após a síntese do átomo no acelerador de partículas. A segunda focou nos raios γ emitidos após a desexcitação de um estado metaestável, e a terceira técnica determinou o tempo de vida dos estados nucleares excitados por meio do efeito Doppler, fornecendo dados cruciais sobre a coexistência de diferentes configurações.
Essas medições confirmaram a natureza prolata de uma banda excitada, reatribuíram a banda mais baixa a uma forma oblata (desafiando estudos anteriores, que sugeriam uma configuração esférica) e identificaram um candidato para o primeiro estado excitado esférico já observado.
Estes resultados desafiam os modelos atuais, apontando para a necessidade de construção de modelos teóricos mais amplos. Os resultados com o 190Pb fornecem uma referência, oferecendo novas restrições que ajudarão a refinar nossa compreensão da interação nuclear.
Além disso, a coexistência de formatos do núcleo representa um desafio significativo para a teoria nuclear, sobretudo quando ela tenta descrever fenômenos quânticos mais complexos.
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- 14/01/2025 - FAPESP e ANP lançam chamada de propostasObjetivo é a formação de recursos humanos para indústria do petróleo, gás natural, combustíveis sintéticos, biocombustíveis, hidrogênio e captura de dióxido de carbono
Objetivo é a formação de recursos humanos para indústria do petróleo, gás natural, combustíveis sintéticos, biocombustíveis, hidrogênio e captura de dióxido de carbono
Fonte: Agência FAPESP
A FAPESP e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) lançaram a primeira chamada conjunta para a seleção nacional de bolsistas, da graduação ao pós-doutorado, interessados em desenvolver pesquisas nas áreas de exploração de petróleo e gás natural, abastecimento, energias renováveis, descarbonização, entre outros temas contemplados no Eixo Acadêmico do Programa de Formação de Recursos Humanos da ANP (PRH-ANP). Além das bolsas, o edital prevê o pagamento de taxa de bancada para despesas com a melhoria e manutenção de serviços necessários ao desenvolvimento do projeto.As bolsas do PRH-ANP são financiadas com recursos das empresas concessionárias da exploração de petróleo e gás natural: desde 2019, os contratos de concessão preveem a aplicação em PD&I e na formação de recursos humanos de uma parte da renda bruta dos campos com grande produção ou grande rentabilidade. Nos últimos cinco anos esses valores foram da ordem de R$ 300 milhões. De acordo com a ANP, entre 2019 e 2024, foram distribuídas mais de 1.600 bolsas.
Cabe à ANP as iniciativas de qualificação de mão de obra por meio do Eixo Acadêmico de seu Programa de Formação de Recursos Humanos. Até 2023, a gestão desse programa era da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Com o fim do acordo com a Finep, a ANP solicitou à FAPESP que assumisse a gestão do programa. O acordo de cooperação entre as duas agências foi firmado em 2024.
"A FAPESP foi escolhida por sua experiência na gestão de CT&I, pela qualidade de seus programas de fomento e pela avaliação de resultados do investimento com foco nos ganhos para a sociedade”, afirmou Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da Fundação.
A FAPESP contribuiu para a elaboração do edital e das diretrizes do programa, participará da seleção dos projetos e comporá o comitê gestor do PRH, junto com a ANP e os comitês Acadêmico e da Indústria.
Áreas prioritáriasO Edital de Chamada Pública nº 01/PRH-ANP/2025 lançado pela FAPESP e ANP tem como principal objetivo a seleção de propostas que contemplem capacitações previstas no Eixo Acadêmico do Programa de Formação de Recursos Humanos da ANP (PRH-ANP), nos níveis de graduação, mestrado e doutorado e pós-doutorado. As propostas deverão selecionar área, tema e subtema da relação contida no Anexo I da Resolução ANP 918/2023.
As áreas são:
- Área I - Exploração e produção de petróleo e gás natural - onshore e offshore
- Área II - Gás natural
- Área III - Abastecimento
- Área IV - Biocombustíveis
- Área V - Outras fontes de energia
- Área VI - Temas transversais
- Área VII - Regulação do setor de petróleo, gás natural e biocombustíveis
As propostas de bolsas deverão ser submetidas até 21 de fevereiro, exclusivamente por meio do SAGe fapesp.br/sage, por pesquisador responsável de instituições públicas ou privadas, sem fins lucrativos, que ofereçam cursos de graduação ou pós-graduação nas áreas elencadas no edital.
Aprovadas as propostas, caberá à instituição a seleção dos bolsistas, conforme procedimentos definidos pela mesma e/ou Comissão Gestora dos Recursos do PRH-ANP, respeitados os requisitos mínimos indicados no Manual do Usuário do PRH-ANP.
Os projetos aprovados terão vigência de 24 meses, prorrogável por até igual período. Durante o período de vigência, as propostas classificadas, mas não aprovadas inicialmente, poderão ser contempladas, respeitando-se a ordem de classificação no cadastro de reserva, mediante disponibilidade de recursos financeiros.
O edital está publicado em: https://fapesp.br/17332.
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- 13/01/2025 - FAPESP lançou chamada SPRINTSerá apoiada a mobilidade de pesquisadores com auxílios FAPESP para colaborações com parceiros em instituições no exterior
Será apoiada a mobilidade de pesquisadores com auxílios FAPESP para colaborações com parceiros em instituições no exterior
Fonte: FAPESP
A FAPESP lançou, no final de dezembro, a terceira chamada de propostas da modalidade SPRINT – São Paulo Researchers in International Collaboration de 2024.A modalidade tem como objetivo promover o engajamento de pesquisadores vinculados a instituições de ensino superior e pesquisa no Estado de São Paulo com pesquisadores parceiros no exterior para avançarem qualitativamente em projetos de pesquisa em andamento e trabalharem cooperativamente visando à elaboração de projetos de pesquisa conjuntos de médio e longo prazo.
A chamada está aberta a propostas em parceria:
- com pesquisadores parceiros de qualquer instituição de pesquisa estrangeira que comprovem o financiamento das missões por parte de sua própria universidade ou de agência de fomento pela qual tenham projeto contemplado.
- com pesquisadores de instituições de pesquisa interessadas que tenham definido condições para recebimento de propostas em colaboração e financiamento das suas equipes em missões científicas nas instituições de pesquisa no Estado de São Paulo.
Os pesquisadores parceiros estrangeiros devem observar as instruções adicionais de sua própria instituição quanto à submissão de proposta e ao esclarecimento de dúvidas.
Caso a proposta submetida à FAPESP tenha mérito, somente poderá ser aprovada se os pesquisadores parceiros apresentarem evidência de que também obtiveram aprovação do adequado financiamento para a sua parte das despesas de colaboração.
Podem submeter propostas pesquisadores responsáveis por Auxílios à Pesquisa FAPESP vigentes nas modalidades: Regular (exceto projetos de mobilidade), Projeto Temático, Jovem Pesquisador, Projeto Inicial (PI), Projeto Geração, Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs), Centros de Pesquisa em Engenharia/Centros de Pesquisa Aplicada (CPEs/CPAs), Centros de Ciência para o Desenvolvimento (CCDs), Programa Ensino Público, Programa de Pesquisa em Políticas Públicas (PPPP) e Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE). Pesquisadores principais de Projetos Temáticos, CEPIDs, CPEs, CPAs e PITEs vigentes também são elegíveis para a submissão de propostas.
O financiamento máximo de contrapartida da FAPESP será equivalente a até US$ 10 mil por ano, para projetos de até no máximo dois anos de duração.
Os recursos deverão ser utilizados em atividades como intercâmbio de pesquisadores, visitas para planejamento de pesquisa, participação em workshops internacionais e atividades iniciais de coleta de dados.
O envio de projetos à FAPESP deverá ser feito exclusivamente por meio do SAGe. A data-limite para submissão de propostas é 24 de fevereiro de 2025.
A chamada de propostas está publicada em: fapesp.br/sprint/chamada32024.
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- 10/01/2025 - Estudo pode colaborar no desenvolvimento de novos catalisadores para geração de energiaPesquisa do CDMF e da Unicamp aborda processo importante para geração de energia e produção de produtos químicos de alto valor agregado
Pesquisa do CDMF e da Unicamp aborda processo importante para geração de energia e produção de produtos químicos de alto valor agregado
Fonte: FAPESP
Pesquisadores do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) e do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (IQ-Unicamp) desenvolveram um estudo que abre caminho para o desenvolvimento de novos catalisadores para geração de energia e aproveitamento de biomassa.
O CDMF é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
A pesquisa aborda a oxidação eletroquímica de álcoois e poliálcoois, um processo importante para a geração de energia em células a combustível (um gerador de energia elétrica por meio de hidrogênio) e para a produção de produtos químicos de alto valor agregado, como derivados da biomassa e hidrogênio verde.
Conduzido pelos pesquisadores Gabriela Volpini Soffiati, do CDMF, e Miguel Angel San-Miguel, do IQ-Unicamp, em parceria com o grupo experimentalista liderado por Pablo Fernández, também da Unicamp, o trabalho foi publicado no artigo intitulado "P‑Block Elements Activate Pt Surfaces for the Electrooxidation of Alcohols and Polyols When Promoting the - OH formation” da revista científica ACS Catalysis.
Os pesquisadores exploram o uso de elementos do bloco p da tabela periódica - bismuto, chumbo, tálio, selênio, germânio, antimônio, estanho, índio e enxofre - adsorvidos em eletrodos de platina para melhorar a eficiência dos catalisadores e evitar o envenenamento por monóxido de carbono e outros intermediários.
A pesquisa mostra que esses elementos aumentam a atividade dos eletrodos ao estabilizar espécies de hidroxila, essencial para a oxidação de álcoois.