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- 19/07/2021 - Bento Albuquerque diz que energia nuclear é prioridade em sua gestãoReatores menores têm sido avaliados como uma possível solução para a expansão da energia nuclear no Brasil
Reatores menores têm sido avaliados como uma possível solução para a expansão da energia nuclear no Brasil
Fonte: CNN BrasilO ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou em visita a Angra dos Reis (RJ), que a energia nuclear é uma das prioridades do planejamento da sua gestão, e que a fonte é estratégica para ajudar a encher os reservatórios das hidrelétricas no Brasil.
Ele participou da visita feita pelo diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, à Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), onde estão localizadas as usinas nucleares brasileiras.
"A energia nuclear é muito importante para uma matriz elétrica mais equilibrada e voltada para preservar os nossos reservatórios de água, especialmente em época de escassez hídrica e pouca afluência", disse Albuquerque em nota da Eletronuclear.
Grossi fará uma série de eventos no Brasil. Na segunda-feira, assina com a Associação Brasileira Para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), acordo de cooperação na área de tecnologia e aplicações da energia nuclear. Entre os possíveis intercâmbios, o documento prevê o fornecimento de conhecimentos na área de operação de longo prazo das usinas nucleares e o desenvolvimento de tecnologia e implantação de reatores modulares ou de pequeno e médio porte.
Reatores menores têm sido avaliados como uma possível solução para a expansão da energia nuclear no Brasil, que, de acordo com o Plano Nacional de Energia 2050, vai adicionar entre 8 e 10 gigawatts (GW) a mais de energia nuclear no País nos próximos 30 anos.
Ele também participa, no mesmo dia, de cerimônia em Brasília pelos 30 anos da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (Abacc).
"Acredito que a retomada das obras de Angra 3 é simbólica. Sabemos que a operação em Angra é muito eficiente. As peças estão bem conservadas e existe o know-how necessário até para outras usinas nucleares. Ficamos muito satisfeitos, inclusive, com a resposta rápida que foi dada pela Eletronuclear diante das recomendações feitas após o acidente de Fukushima e o reforço da cultura de segurança", disse Grossi durante a visita.
Além de Albuquerque e Grossi, participaram da visita a Angra dos Reis a secretária-geral da Abacc, Elena Maceiras, e o presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães, entre outras autoridades.
Depois de conhecer o centro de visitação da Eletronuclear, Grossi visitou o canteiro de obras de Angra 3, cujas obras devem ser reiniciadas no fim desse ano, e a Unidade de Armazenamento Complementar a Seco de Combustível Irradiado (UAS), empreendimento que foi concluído recentemente pela empresa para armazenar os combustíveis usados de Angra 1 e 2. Angra 3 deve entrar em operação no final de 2026.
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- 19/07/2021 - Agência bilateral que inspeciona programas nucleares comemora 30 anosFonte: Agência BrasilO chanceler do Brasil, Carlos França, e o chanceler da Argentina, Felipe Solá, participaram nesta segunda-feira (19) de um evento em comemoração aos 30 anos da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares, a ABACC, no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro.
A ABACC é a agência bilateral responsável por inspecionar as instalações nucleares do Brasil e da Argentina, em cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), garantindo o uso exclusivamente pacífico da energia nuclear nos dois países.
A criação da agência permitiu a superação de desconfianças mútuas em relação a programas nucleares e fez com que os dois países trilhassem um caminho de transparência e cooperação.
O chanceler brasileiro, Carlos Alberto França, destacou que Brasil e Argentina são os únicos países no mundo a terem os seus programas nucleares submetidos à verificação de duas agências internacionais. Além da ABACC, o acordo firmado em 1991, prevê também a atuação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
O ministro Carlos França e o chanceler da Argentina, Felipe Solá, ainda assinaram um acordo para a prorrogação da concessão da Ponte da Integração, que liga São Borja, no Brasil, a Santo Tomé, na Argentina, e vai permitir a continuidade do fluxo de pessoas, mercadorias e de meios de transporte nessa importante travessia internacional.
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- 19/07/2021 - IAEA Director General Highlights Achievements, Sees Evolving Safeguards Regime for Members of Brazilian-Argentine Nuclear Verification AgencyThe Brazilian-Argentine verification agency ABACC is a great achievement that brought transparency to both countries’ nuclear programmes, which have since grown significantly and would benefit from a commensurate safeguards approach, IAEA Director General Rafael Mariano Grossi said at an event to mark the 30th anniversary of the institution in Rio de Janeiro, Brazil.
The Brazilian-Argentine verification agency ABACC is a great achievement that brought transparency to both countries’ nuclear programmes, which have since grown significantly and would benefit from a commensurate safeguards approach, IAEA Director General Rafael Mariano Grossi said at an event to mark the 30th anniversary of the institution in Rio de Janeiro, Brazil.
Fonte: IAEA
Luciana Viegas Assumpcao
Created in 1991, the Brazilian-Argentine Agency for Accounting and Control of Nuclear Materials (ABACC) is a bi-national safeguards agency set up following the signature in Guadalajara, Mexico, of an agreement between the two countries for the exclusively peaceful use of nuclear energy. "ABACC is a unique mechanism that helped end a potential disastrous nuclear arms race between Brazil and Argentina in the 1990s,” Mr Grossi said. "It reflects a common value in the world of diplomacy: a technical solution to a political challenge.”
Verification activities, such as inspections, are implemented by the IAEA in Argentina and Brazil under an agreement between the two countries, the IAEA and ABACC, and cooperation extends also to support the development and testing of equipment and training.
The nuclear programme in both countries has evolved significantly since that time, Mr Grossi added: Brazil plans to increase its nuclear power capacity in the next decade, and Argentina exports research reactors. "Such growth asks for a strengthened ABACC and commensurate safeguards verification.” The conclusion of Additional Protocols with the IAEA would be a move in this direction, he said, adding that the IAEA stands ready to work with the two countries when they are ready to take this step.
"Today we commemorate bold ideas,” Brazil’s Minister of Foreign Affairs Carlos Alberto Franco França said in remarks at the event. "ABACC is the result of successful technical and diplomatic engineering and can serve as an inspiration to countries.” The nuclear material under ABACC verification corresponds to around 4 000 nuclear weapons - "a great responsibility,” the Argentinian Minister of Foreign Affairs, International Trade and Worship Felipe Solá said at the event. In 1991, he continued, a visionary political and strategic decision was taken. "We saw a future together and its potential – a more humane and intelligent one,” he said, in reference to the mutual trust and transparency in nuclear matters between the two countries.
Mr Grossi visited Brazil’s National Nuclear Energy Commission (CNEN) later in the day, where he met with CNEN’s President Paulo Roberto Pertusi and discussed activities such as the fight against zoonotic diseases, plastic pollution and improving access to nuclear and radiation medicine to fight cancer. "We can show Brazilian know-how in this area and also use this expertise to help other countries,” Mr Grossi said. They also discussed issues related to nuclear safety and security. Brazil has recently created a new independent regulatory authority, the Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN), which will replace CNEN as the country’s nuclear and radiological regulatory authority once fully established. "The IAEA stands ready to help Brazil in this transition,” Mr Grossi said.
DG Grossiwill also visitthe Brazilian Association for the Development of Nuclear Activities (ABDAN) – a non-profit that brings together the most important actors and manufacturers in support of the nuclear sector in Brazil. IAEA and ABDAN are signing a practical arrangement to cooperate in areas such as energy planning, long term operation of nuclear power plants, technology development and deployment of small and medium-sized or modular reactors (SMRs), among others.
Given the strong commitment of the Brazilian government to elaborate a new energy plan up to 2050, Mr Grossi welcomed growing contacts between the IAEA and ABDAN in the area of nuclear energy. "Cooperation with the industry can make an important contribution to the enhancement of Brazil’s nuclear power programme.
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- 16/07/2021 - Nuclear Science to Control Mosquitoes, Generate Clean Energy a Key Focus of Director General Grossi's Visit to BrazilFonte: AIEALuciana Viegas Assumpcao, IAEA Office of Public Information and Communication
Recife and Angra dos Reis – Brazil is a key IAEA partner, and the exchange of knowledge between the Agency and Brazilian experts in the peaceful uses of nuclear science can benefit both and beyond, Director General Rafael Mariano Grossi said during his visit to the country, where, among others, he saw an IAEA-supported project to use a nuclear technique to combat mosquitoes that transmit Zika and dengue, and visited the Angra dos Reis nuclear power plant.The week-long visit, Mr Grossi’s first to Latin America since he took office in 2019, kicked off in the city of Recife, where he participated in insect releases as part of an IAEA-supported programme to use the Sterile Insect Technique (SIT) to control mosquitoes in the neighbourhood of Brasilia Teimosa. The SIT is a type of birth control for insects, where male insects are mass reared and rendered unable to reproduce using radiation. They are then released in large numbers to mate with wild females, resulting in no offspring and therefore contributing to a decline in the mosquito population over time. The method has been used for decades to control agricultural pests such as the Mediterranean- and Screwworm flies and has recently been developed against mosquitoes.
The project implementing partner, Moscamed Brasil, is one of the first SIT facilities in the world to mass rear sterile Aedes aegypti mosquitoes for release, targeting two municipalities in the Brazilian states of Bahia and Pernambuco which were particularly hard-hit by Zika in 2016. The IAEA has provided support to Moscamed Brasil since 2005 and facilitated the transfer of a gamma cell irradiator in recent years to scale up the production of sterile insects.
"What we see here is nuclear science for development, improving the lives of people,” Mr Grossi said in Recife. "The result of the pilot trials in Recife to use SIT to fight Zika, dengue and other diseases will be important not only to Brazil, but worldwide.”
Sterile Aedes aegypti male mosquitoes are being released weekly in a pilot project in the Brasilia Teimosa neighbourhood of Recife, Pernambuco. (Photo: D. Calma/IAEA)Since October 2020, between 250 000 and 350 000 sterile males have been released weekly over a 60-hectare surface area. The releases – the first in an urban setting – have already resulted in a 19 percent reduction in the wild mosquito population in the area. Moscamed Brasil was designated an IAEA Collaborating Centre in 2018, and now provides experts and training for countries such as Mauritius, South Africa and Thailand in various SIT projects.
Mr Grossi also visited the Regional Centre of Nuclear Sciences at the Pernambuco State University as well as its Nuclear Science Museum, which does a fantastic job in demystifying nuclear technology and promoting STEM education, he said.
On Friday, Mr Grossi visited Brazil’s only nuclear power station at Angra dos Reis, on the coast between Rio de Janeiro and Sao Paulo. The plant has two operating reactors with a total capacity of 1 884 MW(e), with a third one under construction, and provides around 2.1 percent of Brazil’s electricity. In 2020, Brazil adopted a national plan that considers an increase of 10 gigawatts in the nuclear installed capacity in the country by 2050.
"Brazil has a very developed and ambitious nuclear power programme,” the Director General said, "and the IAEA is ready to continue our good cooperation with the country in this area.”
On Saturday, Mr Grossi is scheduled to visit the Nuclear and Energy Research Institute (IPEN) at the University of Sao Paulo. The institute works in several areas related to the nuclear sciences and runs the country’s first research reactor. It also carries out research into the industrial applications of radiation, such as to sterilize community face masks, modify plastics and preserve cultural artifacts, and will be responsible for running Brazil’s 30 MW multipurpose research reactor, which will aid the country in the use of radiopharmaceuticals to diagnose and treat diseases such as cancer.
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- 15/07/2021 - Diretor da AIEA visita CRCN-NE/CNENFonte: CRCN-NEO Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste (CRCN-NE), unidade da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), autarquia ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), recebeu hoje (15/07) a visita do diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi. Presente no Brasil para uma série de compromissos, Grossi foi o primeiro mandatário da Agência a estar presente nas instalações do CRCN-NE, que completou 25 anos em junho de 2021.Junto com sua comitiva, o diretor-geral da AIEA conheceu alguns dos projetos desenvolvimentos pelo Centro como a robô Aurora e a produção de radiofármacos, que atende a Região Nordeste do Brasil, assim como destacou a importância de parcerias entre o CRCN-NE/CNEN e a AIEA por meio dos projetos Arcal (Acordo Regional de Cooperação para a Promoção da Ciência e Tecnologia Nucleares na América Latina e Caribe).Durante sua passagem pela CRCN-NE/CNEN, uma placa alusiva à visita histórica foi descerrada no hall do instituto de pesquisa pernambucano. "O envolvimento do CRCN-NE/CNEN é muito importante na promoção de técnicas nucleares para a paz e o desenvolvimento. Trabalharemos para aumentar a cooperação entre o Centro Regional e a AIEA”, ressaltou Grossi no momento.A visita foi encerrada com um passeio pelas instalações do CRCN-NE /CNEN e a promessa de que a parceria entre o Centro e a AIEA será ampliada. Para o diretor do CRCN-NE/CNEN, Carlos Alberto Brayner de Oliveira Lira, a parceria com a Agência é de suma importância para o Brasil e deve ser ampliada. "O CRCN-NE/AIEA agradece a cooperação da AIEA e coloca todo o seu potencial em pesquisa, desenvolvimento e inovação a serviço dessa cooperação com a finalidade de promover o uso seguro e pacífico da energia nuclear”, destaca.
Confira algumas fotos que marcaram esta visita.
A comitiva segue agora para a sede da Comissão Nacional de Energia Nuclear, no Rio de Janeiro, e para seu Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen/CNEN), em São Paulo.
Texto e fotos: Gilvania Ferreira/Ascom CRCN-NE -
- 14/07/2021 - Floresta amazônica já emite mais gás carbônico do que absorve, aponta estudoPesquisadora do Inpe diz que a floresta emite 0,29 bilhão de toneladas de carbono por ano para a atmosfera além do que consegue absorver. Pesquisa foi publicada na revista científica Nature.
Pesquisadora do Inpe diz que a floresta emite 0,29 bilhão de toneladas de carbono por ano para a atmosfera além do que consegue absorver. Pesquisa foi publicada na revista científica Nature.
Fonte: G1
Estudo publicado nesta quarta-feira (14) na revista científica Nature, liderado por uma pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), aponta que regiões da floresta afetadas pela degradação ambiental estão levando o conjunto da Amazônia a emitir mais carbono do que consegue absorver.
"A primeira má notícia é essa: por conta das queimadas e do desmatamento, a Amazônia, hoje, é uma fonte de carbono", explica Luciana Vanni Gatti, uma das autoras do estudo.
Luciana Gatti diz que a segunda "má notícia" é a descoberta de um efeito secundário do desmatamento: a emissão indireta de carbono causada pelo impacto da diminuição das chuvas na fotossíntese.
"É sabido que acontece uma emissão direta com a queimada. A emissão indireta acontece porque, segundo o que observamos, as regiões desmatadas apresentam maior perda de chuva, principalmente na estação seca (agosto a outubro)", explica a pesquisadora.
Com a queda o volume das chuvas, a temperatura subiu 2°C no nordeste da floresta e 2,5°C no sudeste, e esse "estresse" afetou a fotossíntese, fazendo que as árvores emitam mais CO2 do que em situações normais para compensar o desequilíbrio.
Segundo Gatti, atualmente a floresta emite - além do que consegue absorver - 0,29 bilhão de toneladas de carbono por ano para a atmosfera.
A pesquisa aponta que o principal ponto que leva ao desequilíbrio é a região sudeste da Amazônia, que faz fronteira com outros biomas e também concentra parte do chamado "Arco do desmatamento", região vulnerável do bioma pelas pressões do desmate e das queimadas.
Metodologia: amostras do ar
A metodologia da pesquisa envolveu a coleta de 590 amostras do ar em diferentes altitudes, variando de 4.420 metros a 300 metros acima do nível do mar com o auxílio de aviões em quatro locais na Amazônia no período de 2010 a 2018.
De acordo com a revista e com os envolvidos no estudo, essa é a primeira vez que um estudo aponta a diminuição no potencial de absorção da floresta. Segundo Gatti, a mudança na metodologia de medição do carbono permitiu que o grupo chegasse a uma conclusão ainda inédita na comunidade científica.
"Outros projetos ainda não chegaram a essa conclusão porque eles medem o carbono disponível no tronco das árvores, enquanto a gente mede o gás carbônico direto na atmosfera. Nós medimos o CO2 que está no ar e que é resultante de tudo que está acontecendo na Amazônia", explica Gatti.
Diferenças regionais na Amazônia
O estudo aponta que as emissões totais de carbono são maiores na Amazônia oriental do que na parte ocidental, sendo a parte sudeste da Amazônia a mais comprometida.
"O sudeste da Amazônia, em particular, atua como uma fonte líquida de carbono (fluxo total de carbono menos as emissões do fogo) para a atmosfera", afirmam os pesquisadores no artigo.
A região Sudeste da Amazônia engloba uma parte mais ao Sul do estado do Pará, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. São áreas muito desmatadas historicamente e atualmente. Há, ainda, uma região de floresta ecótona, que é a área de transição entre o bioma amazônico e o Cerrado. Estudos anteriores já demonstravam a importância da manutenção da floresta inclusive para a manutenção das chuvas importantes para a agropecuária.
Redução da fotossíntese
Segundo Gatti, com o aumento da temperatura causado agravamento do desmatamento, as árvores deixam de fazer fotossíntese e passam apenas a emitir os gases para a atmosfera, e não mais absorvê-los.
Além disso, o aumento da estação seca é um fator a mais de degradação.
"O problema é que desmatando nós estamos tornando a estação seca (de agosto a outubro) cada vez mais estressante, mais seca, mais quente e mais longa. A gente só está piorando o cenário. E ainda, ao invés de parar o desmatamento, não, a gente ainda está aumentando. A gente tinha que parar o desmatamento e começar a recuperar áreas que estão extremamente desmatadas, muito acima da nossa legislação", explica Gatti.
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- 12/07/2021 - ENERGIA: INB finaliza entrega da 17ª Recarga de Angra 2Produção para a 27ª Recarga de Angra 1 será iniciada em outubro
Produção para a 27ª Recarga de Angra 1 será iniciada em outubro
Fonte: Último InstanteA Indústrias Nucleares do Brasil – INB finalizou nesta sexta-feira (09/07) a entrega da 17ª Recarga de Angra 2 para a Eletronuclear, depois de superar as restrições orçamentárias com o apoio do Ministério de Minas e Energia – MME. Seguindo diversos protocolos de controle e prevenção da covid-19 para dar continuidade às atividades, a produção foi concluída em junho, cumprindo o cronograma previsto pela empresa. Ao todo foram realizados onze transportes e entregues 44 elementos combustíveis referentes a essa Recarga.
Os comboios partiram da Fábrica de Combustível Nuclear, em Resende/RJ, com destino à Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis/RJ, sendo acompanhados por diversas instituições nos níveis federal, estadual e municipal. Cabe à INB a embalagem do material e à Eletronuclear o planejamento e a coordenação do transporte.
A recarga é o processo de reabastecimento de uma usina nuclear por meio da substituição de elementos combustíveis descarregados por novos. Estes elementos são estruturas metálicas, com até 5 metros de altura, formadas por um conjunto de tubos, chamados de varetas, que recebem as pastilhas de urânio enriquecido. A etapa após a produção é o transporte até as usinas.
Próximas Recargas - A produção para a 27ª Recarga de Angra 1 será iniciada em outubro e a previsão de entrega dos elementos combustíveis à Eletronuclear é junho de 2022. Também para ser entregue no próximo ano, a produção da 18ª Recarga de Angra 2 já está sendo adiantada.
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- 11/07/2021 - Plano do Irã de produzir urânio metálico é resultado da pressão dos EUA, afirma embaixador da RússiaAs negociações entre o Irã e outras partes do acordo nuclear seguem muito avançadas, mas depende dos EUA assumir e cumprir seus compromissos, relatou representante internacional da Rússia.
As negociações entre o Irã e outras partes do acordo nuclear seguem muito avançadas, mas depende dos EUA assumir e cumprir seus compromissos, relatou representante internacional da Rússia.
Fonte: Sputnik BrasilOs planos do Irã para produzir urânio metálico são o resultado da política hostil dos EUA, disse Mikhail Ulyanov, representante permanente da Rússia junto à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em Viena, Áustria."O Irã, pela primeira vez na prática de países não nucleares, começou a enriquecer o urânio até 60%, e agora está começando a produção de urânio metálico enriquecido a 20%. Não creio que ninguém nos EUA esteja satisfeito com estas circunstâncias, mas é precisamente o resultado direto da política de máxima pressão, que, aliás, ainda continua",disse ele no domingo (11) ao jornal Kommersant, em referência à abordagem iniciada pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump (2017-2021).Ao mesmo tempo, segundo Ulyanov, a direção da política iraniana, que adversários norte-americanos do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês) reconhecem ser resultado da política fracassada de Washington, é preocupante.Segundo Ulyanov, os EUA aceitam a reentrada no JCPOA, mas apenas com o cumprimento integral do acordo pelo Irã.Os ministros da Relações Exteriores do Reino Unido, França e Alemanha expressaram na terça-feira (6) sua preocupação com a intenção do governo iraniano de produzir urânio metálico enriquecido a 20%, tachando a ação de violação séria do JCPOA. O Departamento de Estado dos EUA também criticou os planos de Teerã.Em relação às conversações sobre o JCPOA, que ele referiu terem atingido 90%, Mikhail Ulyanov reconheceu que "há algumas questões politicamente sensíveis entre os 10% restantes que podem causar um contratempo. Isso não pode ser descartado", e, por exemplo, "se há garantias de que a epopeia que aconteceu sob Donald Trump não se repetirá e trará resultados desastrosos".Na opinião do diplomata russo, é possível que, se as negociações correrem bem, já em agosto Washington retirará as sanções principais contra Teerã, cujo beneficiário principal, mas não único, será o setor petrolífero."Quanto mais cedo chegarmos a um acordo sobre a restauração do JCPOA, mais cedo resolveremos isto", explicou o representante permanente da Rússia em organizações internacionais, em referência aos níveis de enriquecimento de urânio de Teerã.Acordo nuclear desde o inícioO JCPOA foi assinado em julho de 2015 pela Alemanha, China, EUA, França, Irã, Reino Unido, Rússia, e União Europeia, com o objetivo de restringir o programa nuclear iraniano em troca de alívio de sanções ao país, foi aderido pela então administração norte-americana de Barack Obama (2009-2017), mas abandonado por Donald Trump em 2018, que reimpôs sanções ao país persa.Isso levou Teerã a começar a violar gradualmente os compromissos do acordo em 2019. A administração de Joe Biden, que se iniciou em 20 de janeiro de 2021, já indicou uma mudança na política iraniana, mas ainda mantém as sanções previamente impostas. -
- 08/07/2021 - Sul de Minas atuou como fornecedor de matéria-prima para primeira usina nuclear do Brasil; entendaG1 explica como funcionava processo e os reflexos sentidos até pelo município de Caldas
G1 explica como funcionava processo e os reflexos sentidos até pelo município de Caldas
Fonte: G1Por Lara Silva e Tatiana Espósito, G1 Sul de Minas— Caldas, MGO Brasil vive mais uma crise hídrica. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que o último período de chuvas foi o mais seco dos últimos 91 anos, principalmente das regiões Sudeste e Centro Oeste. A preocupação com a possível falta de energia gerada nas hidrelétricas faz com que surjam discussões sobre outros meios de produção de energia. Uma delas é a nuclear, cuja matéria-prima foi extraída no Sul de Minas durante a década de 90, mas até hoje oferece incertezas e riscos para a população.Ao longo desta semana, a EPTV, afiliada da TV Globo, exibe reportagens sobre a geração de energia no Brasil. Nesta quinta-feira (8), o assunto abordado são as alternativas às hidrelétricas. Como parte deste conteúdo, o G1 reuniu informações sobre o que é a energia nuclear e qual a participação da região nesse setor.Acompanhe o ponto a ponto a seguir.Entenda o que é energia nuclearA energia nuclear é geralmente produzida com urânio e/ou tório, que são as matérias-primas para o combustível. Segundo o professor do Instituto de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Itajubá, Rogério José da Silva, ela basicamente utiliza o calor para a geração de eletricidade, o que é feito por meio da "fissão” ou da "fusão” dos átomos."Existem alguns átomos que têm uma união muito forte no seu núcleo, como o urânio. Quando o nêutron entrar, esse núcleo vai ficar instável e quebrar em dois novos átomos, gerando bário, criptônio que vão emitir radiação e liberar uma quantidade muito grande de calor. Durante este processo, é preciso moderar com água. Ela vai absorver o calor e sair mais ou menos com 300ºC. Depois disso, vai trocar o calor com outra água em pressão mais baixa, passar por um gerador de vapor e evaporar. O vapor vai acionar o gerador elétrico e assim temos a geração de energia”, explicou.Ainda de acordo com o professor, uma usina nuclear tem custo alto de implantação e leva um longo tempo para ser ativada, entretanto ela é mais rentável e compatível com outras fontes de energia, como a eólica e a solar.
”Elas reduzem as emissões de gases de efeito estufa que causam as mudanças climáticas. Assim, serão utilizadas junto com as fontes limpas de energia, como as eólicas e solares, além do desenvolvimento de sistemas de armazenamento de energia”, apontou.
Como ela pode ser utilizada?
A energia nuclear pode ser utilizada na indústria, na área militar, na medicina e também na geologia. Segundo o professor, a energia nuclear está presente no tratamento de tumores, no raio-X, esterilização de aparelhos médicos e também de alimentos, nos submarinos que o país está investindo e até na detecção de fósseis.
Usinas nucleares são seguras?
Segundo o professor, depois de grandes acidentes, como o de Chernobyl e Fukushima, é normal que haja um temor da população em geral e também maior rigidez das autoridades para tornar os sistemas mais seguros. Por isso, as indústrias estão buscando novas tecnologias para tornar as usinas mais seguras.
"A indústria de maneira geral está pensando em reatores novos focados na questão da segurança. O custo com isso cresceu, porém é a segurança para a questão da operação. Ao mesmo tempo existe uma análise para a questão dos resíduos gerados, são dois focos hoje da indústria nuclear”, disse.
Como o Sul de Minas forneceu matéria-prima para a 1ª usina nuclear do Brasil?
A participação do Sul de Minas no fornecimento de uranio começou com a instalação da unidade da INB em Caldas (MG) em 1982. A unidade foi desativada em 1995, após 13 anos. Segundo a INB, a atividade na região não era mais "economicamente viável”.
Segundo o gerente de Descomissionamento da Unidade, era em Caldas que todo o processo para geração de energia começava. Hoje esta etapa é realizada no Sul da Bahia. Durante 13 anos, o Sul de Minas extraiu o urânio que, após um longo processo de transformação em combustível, era enviado para a primeira usina nuclear do Brasil, a Angra 1, onde era gerada a energia nuclear.
"O que a nossa equipe aqui produzia era a primeira etapa da mineração e concentração do uranio. A barragem de rejeitos entrava com o papel de receber partes dos rejeitos gerados na produção de urânio, que é chamado de ‘yellowcake’”, explicou João Viçozo.
A barragem de rejeitos de Caldas apresenta riscos para a população?
A unidade em Caldas, onde está localizada a barragem, ocupa um espaço equivalente a cem Maracanãs, contendo lixo radioativo com urânio, tório e rádio. Ainda de acordo com a INB, a área possui 12,5 mil toneladas de resíduos.
Segundo João Viçozo, a barragem de rejeitos de Caldas foi classificada como "dano potencial alto”, mas com "categoria de risco baixo”.
"Significa que caso aconteça uma emergência, e aí o pior caso é o rompimento da barragem, o risco de dano é grande e pode acontecer a contaminação ambiental, além de risco de danos a bens patrimoniais e até à saúde de pessoas. Por outro lado, a categoria de risco baixa significa que a probabilidade desse evento acontecer é mínima”, explicou o gerente.
Em 30 de março deste ano, durante a última inspeção realizada por uma empresa especializada, a barragem de resíduos foi classificada como estável.
"Conforme relatório de inspeção e segurança regular de barragem, atesto a estabilidade da mesma em consonância com a Lei Federal nº 12.334 de 20 de setembro de 2010 e Normas e Resoluções da Cnen vigentes”, diz o laudo.
A barragem possui plano emergencial de segurança?
Após um estudo feito pela Ufop, que apontou que o sistema de escoamento da barragem está comprometido, e um pedido feito pelo Ministério Público Federal, a INB criou um plano emergencial para a barragem.
A indústria então fez um cadastro dos moradores das áreas próximas para traçar um perfil de casos especiais. Esses moradores são os situados na chamada zona de autossalvamento, em que é responsabilidade da empresa fazer a segurança por não haver tempo hábil para os serviços públicos.
"A missão dessa equipe é auxiliar na classificação de uma eventual ocorrência de emergência e acionar os recursos de segurança internos, paralisando as atividades e informando as pessoas para que elas fiquem fora de risco. A outra etapa é avisar a população, para que ela consiga se locomover até o ponto de encontro combinado. A última etapa é avisar os órgãos de segurança, como a defesa civil e o corpo de bombeiros”, explicou João Viçozo, gerente.
Ainda de acordo com João, a simulação de emergência faz parte do plano de contingência elaborado. Entretanto, a pandemia de Covid-19, impossibilitou que neste último ano eles fossem realizados.
Por nota, o Ministério Público Federal informou que segue acompanhando a execução do termo, que está em andamento e envolve a apresentação de documentos pela INB, que incluem a revisão periódica da segurança da barragem e a declaração de condição de estabilidade.
Como anda o processo de descomissionamento?
Segundo o gerente da INB, a barragem está atualmente na fase de descomissionamento, que procedimento para a desativação de uma instalação nuclear ao final de sua vida útil. A medida, inclusive, é um pedido antigo da Justiça.
João explicou que a fase ainda está em processo e que o projeto não está definido, mas que a destinação deve acontecer na própria unidade, assim como é feito em outras barragens de rejeito. A expectativa é que a solução para o descomissionamento esteja definida em até três anos, mas ainda não há prazo para o fim de todo o procedimento.
"Hoje a gente ainda precisa fazer grande investimento para gestão e monitoramento de controle dos materiais. Com o descomissionamento, o benefício é que você tem um investimento inicial maior, mas com o tempo vai diminuindo a necessidade das manutenções”, explicou.
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- 08/07/2021 - Nuclear contra a COVID-19Inativação do vírus por radiação ionizante abre novas possibilidades de combate à doença
Inativação do vírus por radiação ionizante abre novas possibilidades de combate à doença
Fonte: Conexão Nuclear/ABDANA vacinação contra o coronavírus avança no mundo, trazendo novas esperanças em diversos países onde já se vê oimpacto da ação preventiva, mas a doença ainda tem muitos mistérios e efeitos pouco claros no organismo humano.Diversos estudos apontam variadas interpretações, mas um fator fundamental para a evolução dessas pesquisas, que podem trazer descobertas importantes também para a criação de tratamentos de infectados, é a possibilidade de inativação do vírus para análise em laboratórios menos complexos, o que facilita muito o trabalho e amplia enormemente a gama de locais apropriados para essa atividade. É nessa frente que a tecnologia nuclear vem ganhando relevância e já se revela uma ferramenta importante no cenário de combate à pandemia, a exemplo da parceria realizada entre o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e o Instituto Butantan, que teve como um dos resultados o desenvolvimento do soro anti-Covid, em fase de testes clínicos aprovados pela Anvisa recentemente.A atuação do IPEN na inativação de vírus a partir da radiação ionizante não vem de hoje, mas ganhou mais força com os desafios trazidos pela pandemia do Covid-19. Em anos anteriores, o instituto já havia trabalhado com a técnica inclusive para a inativação do vírus da dengue, e os primeiros contatos com o Butantan se deram ainda com foco no Zika Vírus. Quando começou o SARS-CoV-2, os dois institutos reativaram a parceria para ver se era possível fazer a inativação por radiação ionizante.A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) já tinha começado a fazer um estudo dessa inativação em outros lugares ao redor do mundo e os resultados eram promissores. Diferente de outros vírus, o SARS-CoV-2 se mostrava mais sensível à radiação, ou seja, podia ser inativado com doses mais baixas. Com isso, a relação entre o IPEN e o Butantan foi reforçada."As técnicas químicas de inativação são mais conhecidas, mas geram alguns problemas depois para purificação”, explica a doutora Monica Mathor, pesquisadora do IPEN envolvida no processo.O processo de inativação é complexo e começa ainda com a definição da rádio resistência do vírus. Para isso, existe uma determinação chamada D10, que avalia a quantidade de radiação dada a um organismo para reduzir em 90% a concentração viral. Com esse valor, torna-se possível estipular qual a dose ideal. Como o vírus é muito infeccioso, qualquer estudo com ele ativo precisa ser feito em locais específicos, os laboratórios chamados NB3 (com nível de biossegurança 3, raros no Brasil), o que limita bastante as possibilidades de pesquisa. Com o vírus inativado, no entanto, é possível realizar estudos em laboratórios simples, de modo que muitas novas frentes de trabalho foram abertas."Você pode inativar o vírus para manipular diretamente, como no caso do soro, ou até num tecido para transplante, e tudo isso pode ser feito com o SARS-CoV-2, que tem uma rádio resistência menor do que outros vírus. Com isso, não precisa dar doses muito altas, o que não deteriora o material em que está o vírus, e com essa dose consegue inativá-lo mantendo a estrutura terciária praticamente intacta”, explica Mathor.Essa estrutura é uma forma com espículas, arredondada, em 3D, e fica preservada, o que gera a possibilidade de induzir a formação de anticorpos num organismo."É a lógica por trás da produção de vacinas. E serve também para a produção da soroterapia, além de abrir possibilidades para outros tipos de tratamento”, ressalta a pesquisadora.A parceria com o Butantan, inclusive, começou direcionada ao desenvolvimento de uma vacina brasileira, mas com o acordo fechado entre o instituto e a China, envolvendo a Coronavac, o trabalho foi redirecionado para a produção do soro anti-Covid.Soro e outros tratamentosA produção do soro é feita a partir da inoculação do vírus inativado em cavalos, que têm uma capacidade de produção de anticorpos 50 vezes maior que os seres humanos. Após isso, ocorre a retirada do plasma sanguíneo do animal, repleto dessas proteínas, para então passar por um processo de purificação e controle de qualidade, de modo que restem apenas os anticorpos. O resultado disso é o soro, voltado ao tratamento de pessoas já infectadas, diferente do foco preventivo que é promovido pelas vacinas."Sempre vai existir um grupo de pessoas que não responde às vacinas, por conta de problemas imunológicos, como pessoas com sistema imune deprimido, pessoas transplantadas, que precisam ser mantidas em imunossupressão porque têm uma doença autoimune, ou algo do tipo”, ressalta a diretora de inovação do Instituto Butantan, Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, ao enfatizar a importância do soro, que teve a fase de estudos clínicos aprovada pela Anvisa no final de maio.A nova etapa ocorre no Hospital do Rim de São Paulo e no Hospital das Clínicas da USP, com um total de pacientes estimado em 618 participantes, em três momentos. Nas fases 1 e 2, é avaliada a segurança do tratamento, com 30
pessoas em cada grupo, o que leva à definição da quantidade de doses necessárias e da segurança das doses. Na etapa 3, as doses ideais são aplicadas num número maior de pessoas, com 558 pacientes, para a medição da eficácia."A primeira fase é voltada a pacientes que têm sistema imune já deprimido, com alta probabilidade de desenvolver
uma doença grave. Nas etapas posteriores, isso é expandido, mas o foco continua em pessoas com alto risco de desenvolver a doença grave, mas que não estejam em estado grave. A intenção é justamente reduzir os casos graves”,
reitera Chudzinski-Tavassi.Nas fases prévias dos estudos, os resultados foram bastante promissores. A pesquisa partiu da infecção de hamsters com o vírus, para posteriormente serem tratados com o soro. Dois dias depois da inoculação, quando já apresentavam sintomas da doença, foi injetado o soro, que levou à diminuição da carga viral nos pulmões dos animais, assim como à modulação da resposta inflamatória e à preservação das estruturas pulmonares quando comparados aos que não receberam o tratamento.Agora, com a fase de ensaios clínicos, o soro está mais perto de chegar à rede de tratamento brasileira. Após os testes, se forem confirmados os resultados positivos, ocorre o registro na Anvisa. Caso tudo avance como esperado, poderá virar um medicamento para uso mais amplo.Além disso, a parceria com o IPEN abriu novos caminhos de pesquisa."Irradiar o material que vem dos cultivos é muito bom, abre muitas frentes e pode gerar muita coisa interessante. Estamos caminhando com o soro e também com uma pesquisa que pode gerar um novo produto. E esse novo, se surgir, só terá sido possível porque irradiou, porque permitiu tirar o material inativado para trabalhar em laboratórios com níveis de segurança mais baixos”, afirma Chudzinski-Tavassi.Um dos estudos em curso a partir dessa parceria é voltado a entender o que o vírus faz em diferentes células, como no pulmão, em vasos sanguíneos e neurônios, por exemplo."Se eu conheço aquilo que acontece como efeito, eu posso bloquear por várias formas. Posso desenhar um novo
medicamento, posso fazer um reposicionamento de medicamentos existentes. Estamos falando de algo que possa ser desenvolvido como antiviral ou algo que bloqueia a ação do vírus, e não apenas soro e vacina”, conclui a diretora de inovação do Butantan. -
- 08/07/2021 - Iodo em escassez na pandemiaSetor de Medicina Nuclear sofre com dificuldades para obter o insumo no país
Setor de Medicina Nuclear sofre com dificuldades para obter o insumo no país
Fonte: Conexão Nuclear/ABDANO iodo-131 é um elemento fundamental na produção de radiofármacos para diagnóstico e tratamentos médicos relacionados ao câncer, com demanda constante, mas vem sendo cada vez mais difícil de se obter no Brasil, por questões geradas pela pandemia do Covid-19. Prazos de entrega que já eram fatores complicadores se alongaram ainda mais, e o IPEN vem tentando equacionar o fornecimento da melhor forma, mas depende de soluções que não atendem totalmente à necessidade do curto prazo. Dos 465 serviços de Medicina Nuclear em atividade no país, mais de 70 já se manifestaram relatando problemas à ABDAN em relação ao fornecimento do insumo e agora o setor privado vem se preparando para tentar auxiliar no atendimento dessa demanda.De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer, há uma média de 13.780 novos casos de câncer de tireoide (1.830 em homens e 11.950 em mulheres) ao ano no Brasil, sendo este o tipo de câncer mais comum na região da cabeça e pescoço. O iodo radioativo é utilizado para complementar o tratamento cirúrgico ou para tratar metástases do carcinoma diferenciado da tireoide, em casos considerados de alto risco.Para atender a esses tratamentos, o suprimento de radiofármacos a base de iodo-131 é feito no Brasil exclusivamente pelo Centro de Radiofarmácia do IPEN/CNEN, a partir da importação do radioisótopo produzido em reatores da África do Sul e da Rússia, que demandam prazos mínimos de 20 e 30 dias para as solicitações, respectivamente."Os prazos impostos pelos fabricantes, associados à pandemia do Covid-19, que altera drasticamente a relação entre a oferta e a procura, à meia vida do produto (de 8 dias), ao compromisso na redução no desperdício, à logística complexa de voos internacionais, à dependência orçamentária do Governo Federal e à variação cambial, tornam a pronta entrega do radiofármaco de difícil equalização pelo IPEN/CNEN aos 465 Serviços de Medicina Nuclear no País. Com o Reator Multipropósito Brasileiro em operação, teríamos domínio total na produção nacional dos radioisótopos utilizados em Medicina Nuclear e a logística de abastecimento dos radioisótopos estaria restrita e exclusiva às necessidades e demandas no País”, afirma o superintendente do Instituto, Wilson Calvo.Em função disso, o IPEN estabeleceu, em conjunto com a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear, o prazo de 21dias para que os clientes realizem seus pedidos, mas em 17/05/2021 uma carga de iodo-131 vinda do exterior apresentou desvio técnico, sem possibilidade de solução e condições de uso pelo Instituto, atrasando o fornecimento por uma semana, gerando mais complicações para o setor.Em breve, o Instituto assinará um acordo de cooperação com a Diretoria de Desenvolvimento Nuclear da Marinha para operar o Reator de Pesquisa IEA-R1, por 9 dias consecutivos, para produção local dos radioisótopos com iodo-131 e lutécio-177, porém isso só será viável a partir de 2022.Apesar de todos estes esforços do IPEN, o setor de medicina nuclear tem se reunido em busca de soluções para o curto prazo. Com isso, há um esforço em andamento para que a iniciativa privada possa complementar os fornecimentos no país, e quatro empresas já desenvolvem atividades locais para viabilizar o atendimento à demanda.O Gabinete de Segurança Institucional do Governo Federal tem acompanhado a discussão, e a expectativa do setor é que a Anvisa dê tratamento prioritário aos pedidos de autorização protocolados pela iniciativa privada, além de haver uma busca pela equalização dos preços praticados pela tabela SUS, a partir da inclusão do iodo- 131 na tabela do Confaz, que permitiria ao setor fornecer em bases mais equânimes com o mercado internacional e com os custos associados.É um problema sério, que afeta muitos tratamentos de saúde no País, mas que tem solução. Agora é fundamental que todos os entes envolvidos sigam com seus esforços na mesma direção. Faltam poucos passos. -
- 08/07/2021 - Pós-doutorado em metrologia no IpenFonte: Agência FapespAgência FAPESP – O Projeto Temático "P&D&I em metrologia das radiações na área da saúde”, desenvolvido no Centro de Metrologia das Radiações do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), dispõe de uma vaga de pós-doutorado com bolsa da FAPESP. Inscrições até 19 de julho de 2021.
O projeto busca formar uma base metrológica para calibração de detectores com radiações alfa, beta, gama e X, para novos sistemas dosimétricos e metodologias em metrologia das radiações, com técnicas luminescentes e outras, gerando impacto técnico-científico nacional e internacional e contribuindo para o uso seguro das radiações ionizantes.
Podem concorrer interessados com graduação nas áreas de física, engenharia ou tecnologia e doutorado em tecnologia nuclear concluído há menos de sete anos.
O candidato deve ter experiência em processamento coloidal de terras-raras, sinterização, ressonância paramagnética eletrônica, termoluminescência, espectroscopia de correlação de fótons, potencial zeta, difração de raios X e microscopia eletrônica. Também deve apresentar artigos publicados em revistas indexadas relacionados ao tema do projeto.
Interessados podem enviar para o e-mail da pesquisadora responsável pela vaga, Letícia Lucente Campos Rodrigues (lcrodri@ipen.br), cópias em PDF dos históricos acadêmicos, diploma de doutor, currículo Lattes e lista de publicações em revistas indexadas com o tema do projeto.
Mais informações sobre a vaga em: www.fapesp.br/oportunidades/4360.
A oportunidade de pós-doutorado está aberta a brasileiros e estrangeiros. O selecionado receberá Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP no valor de R$ 7.373,10 mensais e Reserva Técnica equivalente a 10% do valor anual da bolsa para atender a despesas imprevistas e diretamente relacionadas à atividade de pesquisa.
Caso o bolsista de PD resida em domicílio fora da cidade na qual se localiza a instituição-sede da pesquisa e precise se mudar, poderá ter direito a um auxílio-instalação. Mais informações sobre a Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP estão disponíveis em www.fapesp.br/bolsas/pd.
Outras vagas de bolsas, em diversas áreas do conhecimento, estão no site FAPESP-Oportunidades, em www.fapesp.br/oportunidades.
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- 07/07/2021 - Brasil pode perder conquistas se não voltar a investir em ciência, aponta relatório da UnescoFonte: Agência FapespAndré Julião | Agência FAPESP – O Brasil conquistou um papel relevante na ciência mundial nas últimas quatro décadas, mas cortes de bolsas e queda em número de patentes e gastos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) pelas empresas desde 2015 ameaçam o futuro do sistema nacional de ciência e tecnologia como um todo. Essa é uma das conclusões do capítulo sobre o Brasil do Relatório de Ciências da Unesco – A corrida contra o tempo por um desenvolvimento mais inteligente.
O documento, publicado a cada cinco anos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), avalia o estado da ciência, tecnologia e inovação no mundo e teve a mais recente edição lançada em junho.
Entre os destaques brasileiros desde 2015 estão os estudos sobre zika. O país foi o segundo que mais produziu artigos científicos sobre o vírus, atrás apenas dos Estados Unidos. Os cientistas brasileiros responderam por 28% das publicações mais citadas sobre o assunto. De modo geral, o Brasil vem aumentando progressivamente o número de publicações há mais de 30 anos.
"Até 2018, continuávamos produzindo mais a cada ano. Além disso, a quantidade total de dinheiro investido em ciência e tecnologia tinha caído relativamente pouco. A ciência brasileira havia aumentado o número de artigos publicados e alcançado feitos fantásticos. Ao mesmo tempo, o número de patentes era muito pequeno quando comparado ao resto do mundo e os maiores patenteadores eram as universidades, quando em qualquer lugar do mundo desenvolvido são as empresas que têm essa liderança”, conta Hernan Chaimovich, um dos coautores do estudo, professor emérito do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP) e ex-assessor da Diretoria Científica da FAPESP.
Um ponto positivo que o relatório ressalta é que tem havido contínuo crescimento da participação feminina nas ciências e nas áreas tecnológicas, como engenharias. "As mulheres já representam 54% dos doutorados concedidos no país e 34% daqueles nas engenharias. Esse último dado é muito mais alto do que o encontrado na maioria dos países, mesmo nos industrializados. Por exemplo, a taxa de mulheres formalmente empregadas em engenharias é mais alta no Brasil do que nos Estados Unidos e Reino Unido”, comenta o outro coautor do estudo, Renato Pedrosa, professor do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (IG-Unicamp) e coordenador do projeto "Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo”, financiado pela FAPESP.
Segundo a publicação, a recessão de 2015 no país impactou drasticamente os gastos em pesquisa e desenvolvimento. Apesar do aumento do número de empresas do setor de transformação que relatava ter uma equipe dedicada ao tema entre 2014 e 2017, os gastos com essas atividades diminuíram de US$ 18 bilhões em 2015 para US$ 15 bilhões em 2017. Além disso, o relatório observa que houve queda no depósito de patentes pelo setor privado, enquanto cresceu entre universidades.
"O Brasil tem uma capacidade científica instalada, associada a um forte sistema de pós-graduação, que causa inveja à maioria dos países emergentes. O que não temos é a absorção dessa ciência pela nossa indústria, que não é muito inovadora. Isso acontece porque ela não é competitiva internacionalmente. O setor agrícola e empresas como a Embraer, que competem nos mercados externos, são muito inovadores e vão muito bem lá fora. Mas a maior parte das empresas sediadas no Brasil é voltada apenas para o mercado interno, importando ou simplesmente deixando de lado a inovação”, diz Pedrosa.
Alerta
Apesar das dificuldades estruturais, no entanto, o período contou com o projeto Sirius, que inaugurou neste ano uma das primeiras fontes de luz síncrotron de quarta geração no mundo, no Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas.
O relatório destaca ainda a implementação do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas, capaz de proporcionar acesso à internet de banda larga em regiões remotas do país. Na área de tecnologia da informação, o país introduziu o sistema de pagamentos on-line PIX, uma das primeiras iniciativas do tipo no mundo.
O relatório lembra que o Brasil aumentou consideravelmente a publicação de artigos científicos desde 2011 e que enfrentou duas epidemias, a de zika e a de COVID-19, tendo se unido a esforços internacionais para o desenvolvimento de vacinas contra esta última. O Brasil foi o segundo país que mais publicou artigos científicos sobre zika em 2016 e 2017, com alto índice de citações (leia mais em: revistapesquisa.fapesp.br/publicacoes-cientificas-sobre-zika-e-microcefalia/)
O estudo destaca ainda os polos de inovação nas universidades, berços de startups que impulsionaram a geração de patentes e a colaboração científica entre indústria e academia. Por outro lado, a proteção ambiental piorou nos últimos dois anos, como ficou evidente nos rompimentos de barragens de rejeitos de mineração e na crescente incidência de incêndios no Pantanal e na Amazônia, indicando que os sistemas de monitoramento e prevenção são insuficientes.
Além da queda nos gastos de P&D pela indústria, os autores alertam que a pós-graduação, até então a maior produtora de ciência no país, está entrando em estagnação, com cortes em nível federal ocorrendo desde 2015.
"O sistema de ciência e tecnologia brasileiro pode ser destruído. Isso é muito mais perigoso do que somente diminuir investimento. A resiliência tem limite. Se as bolsas para a pós-graduação continuarem diminuindo, vamos parar de formar cientistas e, com isso, a pesquisa acaba. Nossos competidores internacionais, por sua vez, continuarão pesquisando. Deixaremos de ser uma nação independente intelectual, científica e comercialmente”, encerra Chaimovich.
O sumário executivo e o capítulo sobre o Brasil (em português) do Relatório de Ciências da Unesco podem ser lidos em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000377250_por.
O relatório completo (em inglês) está disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000377433.
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- 06/07/2021 - Bateria nuclear promete revolucionar o fornecimento de energia no futuroFonte: CanalTechCientistas do MIT, nos EUA, apostam nas "baterias nucleares” para criar uma fonte de energia sustentável livre de carbono. Esses sistemas compostos por uma nova geração de reatores compactos e mais baratos poderiam operar de forma autônoma para fornecer calor ou eletricidade sem supervisão por períodos de cinco a dez anos.
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Os microrreatores seriam transportados em caminhões, como geradores comuns de energia, para uma determinada região onde permaneceriam em uso até precisarem ser recarregados com combustível nuclear. Essa operação plug-and-play poderia oferecer eletricidade no local, sem a necessidade de uma grande infraestrutura de transmissão de longa distância.
"Propostas anteriores analisaram reatores na faixa de 100 a 300 megawatts de produção elétrica, que são 10 vezes menores do que os grandes reatores nucleares tradicionais na escala de gigawatts. Este conceito de bateria nuclear é realmente diferente por causa da escala física e da produção de energia dessas máquinas — cerca de 10 megawatts. É tão pequeno que toda a usina é construída em uma fábrica e cabe em um contêiner padrão”, explica o professor de ciências e engenharia nuclear do MIT Jacopo Buongiorno.
Microrreatores
Uma única bateria nuclear é capaz de abastecer entre 7 mil e 8 mil residências, um shopping em uma grande cidade ou um data center de médio porte. Além disso, esse sistema pode ser utilizado para gerar a energia usada na produção de água potável dessalinizada suficiente para mais de 150 mil pessoas.
Os microrreatores possuem um design relativamente simples e padronizado, podendo ser produzidos em escala industrial. Eles combinam um pequeno reator nuclear e uma turbina capazes de fornecer quantidades significativas de energia com baixa pegada de carbono. Outra vantagem, é que uma unidade pode ser instalada e colocada em operação em questão de dias ou semanas.
"Isso oferece vários benefícios do ponto de vista econômico. A implantação dessas baterias nucleares não envolve o gerenciamento de um grande canteiro de obras, o que tem sido a principal fonte de atrasos no cronograma e estouros de custos para projetos nucleares nos últimos 20 anos”, lembra o professor Buongiorno.
Segurança
A tecnologia utilizada na fabricação das baterias nucleares permitiriam uma operação com monitoramento remoto e totalmente seguro, garantem seus idealizadores. Os microrreatores usam urânio pouco enriquecido como combustível e podem ser resfriados rapidamente para transporte e reabastecimento.
Os engenheiros também garantem que não existe qualquer tipo de manuseio ou armazenamento de lixo radioativo de alto nível no local onde os reatores estão instalados. Além disso, não há liberação de forma descontrolada de materiais nocivos na biosfera, reduzindo a possibilidade de acidentes como os ocorridos em Chernobyl, na Ucrânia, e Fukushima, no Japão.
"O pequeno tamanho físico ajuda na segurança de várias maneiras. A quantidade de calor residual que deve ser removida quando o reator é desligado é pequena. O núcleo menor do reator torna mais fácil manter o combustível nuclear resfriado sem qualquer intervenção externa. O reator também tem uma estrutura de contenção de aço muito compacta e forte em torno dele para proteger contra a liberação de radioatividade”, tranquiliza o professor Buongiorno.
Energia do futuro
A NASAe o Laboratório Nacional de Los Alamos, ambos nos EUA, já apresentaram projetos promissores de aplicação de microrreatores para missões espaciais com custo aproximado de US$ 20 milhões (cerca de R$ 100 milhões na conversão direta). Os valores aqui são muito menores do que os bilhões de dólares gastos para construção de usinas nucleares tradicionais que podem levar até uma década para ficarem prontas.
A empresa Westinghouse também trabalha no desenvolvimento de uma bateria nuclear que usa tecnologia de tubo de calor para resfriamento dos reatores e que deve estar pronta nos próximos três anos. A IBM é outra companhia que aposta na criação de microrreatores para abastecer data centers portáteis de forma mais eficiente.
Além disso, esse sistema poderia ser utilizado em países pobres ou em desenvolvimento, com instalações em comunidades carentes de energia elétrica ou que dependem da queima de combustíveis fósseis, escassos e altamente poluentes para gerar eletricidade durante a maior parte do tempo.
"Essas baterias nucleares são ideais para criar resiliência em todos os setores da economia, fornecendo uma fonte estável e confiável de eletricidade e calor que pode ser instalada apenas onde sua produção é necessária, reduzindo assim a necessidade de infraestrutura de transmissão e armazenamento. Se elas se tornarem realidade, poderão dar uma contribuição significativa para a redução das emissões mundiais de gases de efeito estufa”, completa o professor Buongiorno.
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- 06/07/2021 - Ante crises hídricas e eletricidade cara, qual será papel de Angra 3 na matriz energética do Brasil?Parada desde 2015, até o momento Angra 3 está cerca de 64% pronta. A estimativa é avançar na seleção do consórcio da obra ainda neste bimestre para recomeçar as construções, disse o especialista Celso Cunha, falando à Sputnik Brasil.
Parada desde 2015, até o momento Angra 3 está cerca de 64% pronta. A estimativa é avançar na seleção do consórcio da obra ainda neste bimestre para recomeçar as construções, disse o especialista Celso Cunha, falando à Sputnik Brasil.
Fonte: Sputnik BrasilEm meio aos recentes aumentos na conta de luz e da anunciada crise hídrica, que já atinge parte do território nacional por conta de uma das maiores secas das últimas décadas, os brasileiros têm sido confrontados com questões sobre a geração de energia elétrica.
Com isso, voltou à tona o controverso projeto de retomada da construção da usina nuclear de Angra 3, na região sul fluminense, que caso concluída, terá uma potência de 1,4 gigawatt e poderá atender 4,5 milhões de pessoas. As construções tiveram início ainda durante a ditadura militar, em 1984, mas foram totalmente paralisadas em 2015, por suspeitas de desvios financeiros.
Obras paralisadas
Celso Cunha, presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), explicou à Sputnik Brasil que a parada das obras se deu quando a usina estava com 64% do andamento concluído porque o empreendimento teve um grande problema desde a origem no seu orçamento.
"Você tinha uma composição em dólar pesada e lá atrás aconteceu um descasamento do orçamento, com a supervalorização do dólar que prejudicou a continuidade das obras", conta. "As pessoas podem tentar especular que as questões de compliance foram determinantes [para a paralisação das obras], mas o determinante mesmo foram as questões orçamentárias", explica.
Ele desmistifica ainda outra questão, de que os equipamentos guardados por tantos anos estariam estragados, dizendo que são armazenados de forma apropriada e que por isso estão como novos. Segundo a Eletrobras, estatal do setor de energia elétrica, mais de 20 empresas mostraram interesse na conclusão de Angra 3, dentre elas a norte-americana Westinghouse, a francesa EDF, a russa Rosatom e também as companhias chinesas CNNC e SNPTC.
Cunha conta que agora, dados os avanços na seleção, há apenas sete consórcios em análise, boa parte de agências nacionais na disputa, segundo ele. A estimativa é que o ganhador deva ser anunciado entre fim de julho e agosto. Os planos são de que "em 2026 [a usina] seja finalizada para ser ativada em 2027".
A retomada da obra física ainda precisa de vários passos jurídicos e ambientais a serem seguidos e tem apoio do BNDES para captação dos investimentos que visam a conclusão da usina. "Falta fechar o que a gente chama de sala do reator e colocar parte dos grandes equipamentos. [...] por ano se gasta mais de R$ 300 milhões só em manutenção", revela.
A energia nuclear é segura?
O especialista desmente ainda que a usina nuclear não seja uma fonte de energia segura:"Estamos falando de um dos sistemas mais seguros do mundo", e compara: "Só existe uma coisa mais segura do que uma usina nuclear em termos de acidente, é o elevador", aponta o presidente da ABDAN.
Ele adiantou que uma pesquisa pública feita pela Eletrobras demonstrou dados positivos da percepção pública acerca da energia nuclear, porém as informações ainda não foram reveladas. "Como qualquer coisa tem o lado bom e lado mau", comparando a incidentes recentes da usina petroleira. Mas garante que usinas nucleares são seguras.
Sobre os recursos nacionais, Cunha conta que o Brasil domina todas as fases e tecnologias de enriquecimento de urânio, o que o diferencia de outros países como a França, que não tem o minério em território nacional, por exemplo.
Reciclagem do 'lixo nuclear'
"Se é lixo é porque alguém vai jogar fora, se alguém vai jogar fora, dá pra mim que eu vou ficar bilionário", brincou Celso Cunha, para explicar que no caso dos resíduos recicláveis nucleares, não devemos chamar de lixo, mas sim de combustível empobrecido.
O presidente da ABDAN relata que a Eletronuclear optou por armazenar os resíduos operacionais das usinas nucleares e não pela reciclagem e explica que quando se recicla combustível empobrecido, surge como subproduto o plutônio, que é usado para armas nucleares."Hoje, o Brasil optou pelo armazenamento do combustível empobrecido e não de fazer a reciclagem ainda. Pode ser que no futuro a gente faça isso, existe muito estudo acadêmico [em andamento]", também confirmando que uma empresa norte-americana construiu recentemente unidades de armazenamento para estes combustíveis empobrecidos das usinas de Angra.Plano Nacional de Energia (PNE)O ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, defende a energia nuclear como alternativa para minimizar crises hídricas, como a atravessada pelo Brasil atualmente. No entanto, críticos e ambientalistas apontam riscos altos frente à capacidade de geração de energia que a sequência de Angra 2 poderia gerar. Se concluída, a terceira unidade terá uma potência de 1,4 gigawatts e poderá atender 4,5 milhões de pessoas.Celso Cunha enfatiza que a prioridade do PNE é a energia nuclear, visto que energias renováveis como solar e eólica são intermitentes e "não são capazes de manter um sistema sozinhas"."Elas [as energias renováveis] precisam de alguém que gere a energia de base. As hidrelétricas faziam esse papel e regulavam o sistema", segundo ele.O especialista afirma ser inviável construir novas hidrelétricas e recorda o fator da seca hídrica. Como o sistema brasileiro é interligado, Cunha aponta que as únicas alternativas de alta capacidade de geração de energia que podem abastecer o sistema como um todo acabam sendo as termelétricas, energia a gás ou termonuclear.
O presidente da ABDAN é um grande defensor da energia nuclear como a mais limpa das alternativas e aposta nela como a melhor solução para ter uma "bateria" com capacidade de armazenamento de energia para o Brasil.
Eletronuclear pós privatização da Eletrobras
A Eletronuclear, responsável pelas usinas nucleares de Angra dos Reis, é uma das subsidiárias da Eletrobras, que está em processo de privatização. A Eletronuclear e a Itaipu foram poupadas. No caso da primeira, o motivo é que a exploração do urânio, de acordo com a Constituição Brasileira é monopólio da União, e não pode ser privatizada.
Cunha vê como caminhos "a criação de uma holding para administrar as duas" ou a própria "Eletronuclear virar uma holding" e assim administrar as usinas nucleares e Itaipu. Celso Cunha não vê com maus olhos a participação da iniciativa privada no processo de viabilização dos empreendimentos, mas acredita que a administração precisa ser do Estado.
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- 03/07/2021 - Relatório técnico sobre Angra 3 deve ser apresentado até o final deste anoEquipes do Brasil, Bélgica e Espanha que integram o consórcio para a conclusão das obras na usina iniciaram a avaliação no último dia 30 de junho
Equipes do Brasil, Bélgica e Espanha que integram o consórcio para a conclusão das obras na usina iniciaram a avaliação no último dia 30 de junho
Fonte: CNN BrasilO consórcio Angra Eurobras NES, vencedor da concorrência para estruturação do projeto de retomada e término das obras daUsina Nuclear Angra 3, apresenta, até o final deste ano, relatório da avaliação técnica de todo o conjunto construído até hoje e o que falta construir naquela unidade da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), localizada em Angra dos Reis, município da Costa Verde fluminense.
A CNAAA é composta por mais duas usinas (Angra 1 e Angra 2), já em operação comercial. Angra 3 terá potência instalada de 1.405 megawatts (MW) e cerca de 82 mil metros quadrados (m²) de área construída, o equivalente a dez campos de futebol.
O consórcio Angra Eurobras NES tem como líder a Tractebel Engineering Ltda. e é formado também pelas empresas Tractebel Engineering S.A. e Empresários Agrupados Internacional S.A.
Para o presidente da Tractebel na América Latina, Cláudio Maia, "a parte mais intensa do trabalho está nos primeiros seis meses”. As equipes do Brasil, Bélgica e Espanha que integram o consórcio iniciaram os trabalhos no último dia 30, um dia após a assinatura do contrato com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Maia assegurou que o relatório que será entregue ao final de seis meses é a parte mais crucial desse projeto. O contrato com o BNDES tem prazo de execução de 24 meses.
De acordo com o banco, a contratação do consórcio faz parte dos serviços técnicos que a instituição presta desde 2019 à Eletronuclear, subsidiária da Eletrobrasque cuida da administração e operação das usinas nucleares, com o objetivo de estruturar o modelo jurídico, econômico e operacional de parceria junto à iniciativa privada, para a construção, manutenção e exploração de Angra 3.
Mobilização
"É um time internacional”, destacou Cláudio Maia em entrevista ontem (2) à Agência Brasil, referindo-se às equipes do Brasil, da Tractebel Bélgica e da Empresários Agrupados, da Espanha. Maia explicou que esse conjunto de expertise domina a tecnologia nuclear há muitos anos. "São empresas de referência não atreladas a uma única tecnologia nuclear, ou seja, são empresas que conhecem todas as tecnologias nucleares. Os times já estão mobilizados, desde o dia da assinatura do contrato”, afiançou.
O consórcio vai estruturar as ações que levarão à conclusão de Angra 3, cuja construção foi iniciada em 1984 e interrompida duas vezes, a última das quais em 2015. A usina está paralisada, com as obras apresentando avanço físico entre 50% e 60%. "Isso significa que, para a retomada, é necessário que se conheça, por meio de uma diligência técnica, a avaliação de tudo que já foi construído e o que ainda falta construir”. Essa é a primeira etapa do trabalho, estimada em seis meses, do total de 24 meses do contrato. "Para construir, você precisa de complemento de projeto, complementos de precificações, etc”, disse Maia.
O primeiro semestre do contrato considera também estimativas de custo e prazo para realizar as obras remanescentes. O presidente da Tractebel na América Latina explicou que é preciso que a diligência técnica aconteça nos próximos seis meses, para atender o cronograma necessário à contratação de epecistas, ou empresas construtoras, que se encarreguem da construção e comissionamento da usina, dentro do que está estabelecido na programação da Eletrobras/Eletronuclear. Nos empreendimentos em regime EPC (do nome em inglês ‘Engineering, Procurement & Construction’), o contrato prevê fornecimento de equipamentos, materiais e serviços de construção, além do projeto básico e do executivo.
O BNDES indicou, por meio de sua assessoria de imprensa, que Angra 3 poderá ter um ou mais contratos de EPC, dependendo das recomendações técnicas a serem feitas pelo consórcio contratado.
Propostas
Após essa fase, será realizada uma etapa de trabalhos mais associada ao atendimento às necessidades do contratante do consórcio, que é o BNDES, e que deverão estar atreladas às propostas das construtoras que vão chegar nesse período. "Avaliação, comparação, equiparação das diversas ofertas para os pacotes de obras que, inclusive, vão ser definidos ao longo dos estudos do consórcio”. Maia afirmou que o consórcio Angra Eurobras NES vai auxiliar a contratante Eletronuclear na análise das propostas que serão apresentadas. "Esse é um outro momento da retomada de Angra 3. As propostas precisam estar aderentes aos requisitos que vão ser levantados durante a diligência técnica”.
Segundo Cláudio Maia, o escopo principal do consórcio é determinar os aspectos técnicos que serão necessários para incorporar nas propostas dos epecistas, visando atender às características desse projeto, que é muito particular, tendo em vista que a tecnologia da época da origem do projeto está ultrapassada e é necessário incorporar o melhor da tecnologia recente e mais avançada. Essas diretrizes que a diligência técnica do consórcio vai fornecer serão repassadas às potenciais empresas construtoras candidatas à conclusão da usina, para que elas tenham total segurança.
Disputa
O presidente da Tractebel na América Latina informou ainda que, em paralelo, haverá o processo de disputa das construtoras, durante o qual o time técnico do consórcio poderá auxiliar o BNDES e a Eletrobras/Eletronuclear na comparação das propostas, identificação se elas atendem aos requisitos necessários apontados, "para que essas ofertas possam ser analisadas à luz da mesma base”. A estimativa de investimentos faz parte do trabalho do consórcio.
Angra 3 tem previsão de entrada em operação no fim de 2026 e vai gerar mais de 10 milhões de megawatts (MWh) por ano, energia suficiente para atender em torno de 6 milhões de residências. O BNDES destacou que, "além disso, como se trata de geração sem dependência de condições climáticas, a usina contribuirá para o aumento da confiabilidade do Sistema Interligado Nacional (SIN)”.
Cláudio Maia não tem dúvida de que Angra 3 é importante para evitar risco de novo apagão no país. "É uma usina muito próxima do centro consumidor do Brasil e, certamente, ela terá importância fundamental para mitigar futuras questões climáticas de seca, que pressionam os reservatórios. Certamente, não somente Angra 3, mas qualquer geração adicional que venha a se incorporar na nossa matriz, vai ajudar a mitigar qualquer problema de seca no futuro”.
O diretor de Privatizações do BNDES, Leonardo Cabral, avaliou que "a contratação do consórcio, composto por empresas com vasta experiência em assessoramento à implementação de usinas nucleares no mundo, permitirá que se projete ao mercado a confiança necessária para atrair parceiros construtores de primeira linha e uma ampla gama de agentes financiadores no Brasil e no mundo”.
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- 03/07/2021 - Irã diz que só enviará imagens de usinas nucleares à ONU após acordo com EUAPaís gera tensão ao não disponibilizar imagens de instalações nucleares para Agência Internacional de Energia Atômica e compromete renovação de acordo com EUA
País gera tensão ao não disponibilizar imagens de instalações nucleares para Agência Internacional de Energia Atômica e compromete renovação de acordo com EUA
Fonte: CNN BrasilO Irã planeja impedir que os inspetores da agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) revisem as imagens de vídeo de algumas instalações nucleares até que haja uma adesão para salvar o acordo nuclear com o Irã, disse um alto funcionário iraniano à CNN.
A decisão pressiona as negociações em andamento em Viena, sede da ONU, na Áustria, que buscam fazer com que os Estados Unidos e o Irã voltem a cumprir o acordo de 2015, que ficou conhecido como Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês).
"Se as negociações derem certo, o Irã certamente mostrará as fitas para a AIEA", disse o oficial. "O compartilhamento das fitas depende da forma como as negociações vão prosseguir. A chave da questão é o acordo. Se eles concordarem em algo que abrirá as portas para cooperação e melhor entendimento inclusive na área de transparência”.
O acordo entre a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e o Irã para permitir a revisão de vídeos em algumas instalações nucleares iranianas expirou há mais de uma semana, deixando um ponto cego para a comunidade internacional no que diz respeito a certos elementos do programa nuclear iraniano.
O secretário de Estado Tony Blinken disse que os EUA têm sérias preocupações sobre o lapso do acordo, e essas preocupações foram compartilhadas com o Irã. No mês passado, um alto funcionário do Departamento de Estado disse que não prorrogar o acordo da AIEA tornaria "muito mais complicado" voltar ao acordo.
Quando questionado sobre a decisão do Irã, um porta-voz do Departamento de Estado disse que os EUA "deixaram claro que o Irã deve continuar tomando as medidas necessárias para preservar as informações de monitoramento do JCPOA", acrescentando que "qualquer falha em fazê-lo seria inconsistente com o desejo expresso do Irã de um retorno mútuo para Conformidade com JCPOA o mais rápido possível. "
A AIEA não se pronunciou a respeito.
Embora a sétima rodada de negociações ainda não tenha sido anunciada, as autoridades americanas e iranianas reconhecem discretamente que as negociações estão entrando em um período crítico.
Quando o presidente eleito do Irã, considerado linha dura, Ebrahim Raisi, assumir suas funções em agosto, será muito mais difícil fechar um acordo, a menos que já haja concordâncias entre si, disseram fontes e especialistas regionais à CNN.
O Irã não tem intenção de destruir as imagens de vigilância nas instalações nucleares enquanto as negociações em Viena continuarem, de acordo com o oficial que acrescentou que Teerã decidiu manter as imagens escondidas da AIEA agora porque eles estão permitindo a diplomacia proceder.
Mas há preocupações sobre o Irã cumprir esse compromisso, especialmente entre os céticos do país. Na semana passada, de acordo com relatórios, o presidente do parlamento do Irã adotou um tom mais absolutista: alegando que nenhuma das informações registradas "jamais" será compartilhada com a AIEA.
"Se as negociações progredirem e um acordo começar a se solidificar, acho que o escrutínio político se intensificará entre os republicanos e os democratas agressivos, e a incerteza sobre o progresso nuclear do Irã nos últimos meses fará parte dessa preocupação", disse Henry Rome, analista da Eurasia Group.
A autoridade iraniana rejeitou qualquer ideia de que impedir o acesso da AIEA agora poderia impedir um acordo, citando o fato de que a AIEA eventualmente seria capaz de ver a filmagem completa assim que um acordo que trouxesse os EUA de volta ao cumprimento do JCPOA fosse fechado.
Mesmo assim, dada a natureza delicada do próximo mês, há alguns temores de que a decisão do Irã de impedir a AIEA de acessar as imagens de vídeo possa colocar as negociações em perigo em um momento crítico.
Outros dizem que, embora seja um momento perturbador, não é motivo para pânico, especialmente devido ao desafio de analisar a motivação do Irã.
"Isso coloca uma pressão adicional de tempo nas negociações porque há algumas semanas disso não é bom e há alguns meses é um grande problema. Também é preocupante ver os iranianos assumirem esta posição e o que isso pressagia para negociações mais amplas. Mas pode ser apenas uma postura iraniana antes de voltar ao acordo nuclear ", disse Ilan Goldenberg, diretor de segurança do Oriente Médio do CNAS.
Nas últimas semanas, o governo Biden disse que ainda há diferenças significativas nas negociações e deixou claro que está de olho no relógio à medida que as negociações continuam. Ainda não está claro quando, precisamente, os EUA sairão das negociações, mas Blinken disse na semana passada que esse ponto viria se o Irã continuasse a desenvolver seu programa nuclear além do que é permitido no acordo nuclear iraniano.
"Se isso continuar, se eles continuarem a girar centrífugas cada vez mais sofisticadas em níveis cada vez mais altos, chegaremos a um ponto onde será muito difícil do ponto de vista prático" voltar ao negócio como foi inicialmente acordado, disse ele ao jornal The New York Times.
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- 29/06/2021 - "Energia nuclear é limpa e segura", declara ministro a Rodrigo ConstantinoFonte: Rede TVDurante o "Opinião no Ar" desta terça-feira (29), o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, pontua que a energia nuclear é uma fonte limpa e segura. E esclarace que ela tem uma outra grade vantagem que é a sua capacidade de geração na casa dos 90%.
Segundo o ministro, apostar em energia nuclear é importante para preservar o reservatório hídrico. Bento Albuquerque também fala sobre as usinas Angra 1, 2 e do edital de Angra 3.
Lacombe pergunta sobre o uso do nióbio em energia. Ministro explica que o governo já estuda o uso de minerais estratégicos no setor elétrico e em outros. #OpiniaonoAr
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- 29/06/2021 - BNDES contrata consórcio para elaborar projeto de conclusão de Angra 3A usina tem previsão de entrar em operação no final de 2026
A usina tem previsão de entrar em operação no final de 2026
Fonte: CNN BrasilO Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinou contrato com o consórcio Angra Eurobras NES para a estruturação do projeto de retomada e conclusão das obras da usina nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro, informou o banco de fomento nesta terça-feira (29).
Formado pelas empresas Tractebel Engineering (líder) e Empresários Agrupados Internacional, o consórcio terá a atribuição de definir a projeção dos investimentos necessários à implementação do projeto, o cronograma detalhado da obra e a especificação de como se dará a contratação de uma ou mais construtoras para a realização dos trabalhos.
Iniciada em 1984, a construção da unidade pela Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, foi interrompida duas vezes --a última em 2015, quando pouco mais de 60% do empreendimento já tinha sido concluído.
Atualmente, a entrada em operação de Angra 3 está prevista para o fim de 2026, com capacidade para gerar mais de 10 milhões de MWh por ano, energia suficiente para atender aproximadamente 6 milhões de residências.
A Eletronuclear, assim como a subsidiária Itaipu, deixarão de ser subsidiárias da Eletrobras, que será privatizada. O governo criará uma nova estatal que irá reunir as duas empresas.
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- 28/06/2021 - Brasil volta a apostar em energia nuclearGoverno Bolsonaro tenta finalizar controversa usina de Angra 3, projeto dos anos 1970 atualmente paralisado. Central essencialmente idêntica na Alemanha foi desativada por questões de segurança.
Governo Bolsonaro tenta finalizar controversa usina de Angra 3, projeto dos anos 1970 atualmente paralisado. Central essencialmente idêntica na Alemanha foi desativada por questões de segurança.
Fonte: DW BrasilO governo Jair Bolsonaro retoma nesta semana o controverso projeto de construção da usina nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro. As obras foram iniciadas ainda durante a ditadura, em 1984, mas estão paralisadas desde 2015, após escândalo de corrupção.
Até o momento,65% das obras estão finalizadas, ao custo de R$ 7,8 bilhões. Para o resto, estima-se que serão necessários mais 15 bilhões. O edital já foi lançado, e o processo continua nesta terça-feira (29/06), com a abertura de propostas do setor privado.
O objetivo é adiantar as atividades de construção antes mesmo da contratação da empresa que fará a obra em sua totalidade. Segundo a Eletrobras, estatal do setor de energia elétrica, mostraram interesse na conclusão de Angra 3 mais de 20 empresas, como a Westinghouse (EUA), EDF (França) e Rosatom (Rússia), além de CNNC e SNPTC (China).
No Brasil, a exploração da energia nuclear é monopólio da União, segundo a Constituição. O governo Bolsonaro quer, com o edital, atrair um parceiro para a Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras responsável pela usina.
O ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, defende a construção de usinas nucleares como alternativa para minimizar crises hídricas como a atravessada pelo Brasil atualmente.
Se concluída, a unidade terá uma potência de 1,4 GWe poderá atender4,5 milhões de pessoas. Para críticos, o custo é muito alto frente àcapacidade de geração da usina.
Projeto dos anos 1970
A retomada das obras gera, além disso, apreensão entre especialistas, que veem Angra 3 como um projeto obsoleto. Uma usina essencialmente idêntica na Alemanha, parceiro histórico do Brasil no desenvolvimento de energia nuclear, foi desligada devido aos riscos.
"A tecnologia de Angra 3 é basicamente a mesma do projeto original, definido há mais de 40 anos", diz Célio Bermann, professor associado do Instituto de Energia e Ambiente da USP. "As mudanças alegadas pelo governo são superficiais, não atingem os equipamentos mais importantes. Essa é uma pseudomodernização."
O Ministério das Minas e Energia (MME) não vê problema no fato de a usina ter sido planejada nos anos 1970. Procurada pela DW Brasil, a pasta disse que foram feitas "mudanças na concepção original"e incorporadas "modernizações tecnológicas" ao longo do tempo.
Várias alterações ainda estão previstas, segundo o ministério, que cita "a adoção de controles digitais"e "um reforço na resistência a terremotos e maremotos", desenvolvido depois do desastre de Fukushima, em 2011, no Japão.
Angra 3 foi planejada no âmbito do Acordo Nuclear Brasil-Alemanha, assinado em 1975. As obras foram paralisadas após descoberta de um esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. As investigações levaram à prisão de executivos da Eletronuclear, como o almirante Othon Pinheiro da Silva, ex-chefe da companhia.
Alemanha não aprovaria Angra 3 hoje
Com uma experiência de quase 40 anos em vários ministérios alemães na área de segurança nuclear e proteção contra a radiação, o engenheiro Dieter Majer diz à DW Brasil que hoje uma usina baseada no modelo previsto para Angra 3 não seria aprovada na Alemanha, "por não corresponder à situação atual no campo da ciência e da tecnologia".
Em 2012, protesto na Alemanha pedia o fim de Angra 3: um ano antes, Merkel decretara o fim da energia nuclear no paísPouco depois da catástrofe na usina nuclear japonesa de Fukushima, em 2011, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, se comprometeu a desligar todas as usinas nucleares do país. À época, os planos determinaram a paralisação das oito unidadesmais antigas do país, além do fechamento de outras nove, até 2022.
Majer lembra que a usina de Grafenrheinfeld - "essencialmente idêntica às unidades de Angra 2 e Angra 3"- teve que ser retirada precocemente da rede, depois do acidente de Fukushima. O motivo foram "déficits de segurança relevantes", mesmo após ser modernizada ao longo dos anos.
Para atingir os atuais padrões internacionais tecnológicos e científicos, Angra 3 teria que ser totalmente replanejada, segundo o especialista alemão: "Uma reforma apropriada não é possível em termos de tecnologia de construção e maquinário."
Na contramão da Alemanha, o governo Bolsonaro promete agora voltar a investir no setor, considerado prioritário. Entre os motivos para a retomada, o Ministério das Minas e Energia cita "os grandes recursos de urânio"e o "pleno domínio do ciclo do combustível nuclear"já alcançado pelo Brasil, além da necessidade de instalação "de 8 a 10 GW de fonte nuclear".
A Eletrobras destaca que Angra 3 vai produzir "energia limpa", "ao contrário das termelétricas movidas a combustíveis fósseis",que precisam ser acionadas para aliviar hidrelétricas em caso de estiagem.
Especialista denuncia falta de transparência
Autora de três livros sobre a questão nuclear no Brasil, entre eles,Bomba atômica! Pra quê? Brasil e energia nuclear, recém-lançado em versão ebook, a jornalista Tania Malheiros diz que o acesso a informações sobre o setor ficou mais difícil no governo Bolsonaro.
Segundo Malheiros, há cerca de um ano, a usina de Angra 2 precisou ser desligada"depois que foram detectados problemas de ferrugem nos tubos das varetas de combustível nuclear". Mas, apesar de seus inúmeros pedidos de explicação, "nada foi divulgado". "Não há transparência", afirma.
A jornalista lembra que o histórico da usina é marcado por "denúncias de corrupção e sangria de recursos provocada por má gestão", e lamenta a dívida acumulada pela Eletronuclear, gestora de Angra 3, que ainda deve R$ 6,6 bilhões ao BNDES e à Caixa Econômica Federal. "Só por causa de uma única usina, o Brasil produziu uma dívida dessa ordem. Como chegamos a esse ponto?", indaga.
Acordo com a Alemanha em xeque
Assinado nos anos 1970, o Acordo Nuclear Brasil-Alemanha prevê uma cooperação bilateral para "uso pacífico da energia nuclear". Pelo acordo, oito usinas nucleares seriam construídas - mas apenas Angra 2 virou realidade. Angra 3 deve entrar em operação em 2026, se os planos do governo Bolsonaro derem certo.
Até lá, no entanto, é possível que o acordo não esteja mais em vigor. Renovado a cada cinco anos, ele expira em 2025. Ele poderá ser torpedeado pelo Partido Verde alemão, que, segundo pesquisas, tem chances de fazer parte de uma coalizão de governo após as eleições gerais de setembro na Alemanha. Para os verdes, o país deveria se tornar um modelo mundial para o abandono da energia nuclear.
O governo alemão admite que a situação mudou. Em resposta à DW Brasil, o Ministério do Meio Ambiente disse que, com a mudança de atitude do governo federal da Alemanha em relação ao uso de energia atômica, "os acordos e arranjos de cooperação bilateral da década de 1970"na área do uso pacífico da energia atômica com o Brasil "tornaram-se, em grande parte, obsoletos".
Mas, para o governo alemão, eles ainda podem ser úteis em termos de cooperação bilateral, para melhorar a segurança das instalações nucleares por meio de trabalho técnico e científico conjunto. O que não significa um sinal verde para novas instalações: "A Alemanha se recusará a trabalhar em conjunto para construir novas usinas nucleares"com o Brasil, disse o Ministério.
Segundo o Ministério de Minas e Energia brasileiro, o acordo nuclear com a Alemanha "ainda é relevante para o Brasil". Tanto Angra 2 quanto Angra 3, segundo o ministério, "contam com tecnologia alemã Siemens/KWU (hoje, Framatome ANP), que continua a fornecer suporte técnico"para as duas usinas.
Para o professor Bermann, com ou sem acordo, o Brasil corre o risco de ficar sem a consultoria técnica alemã. "Com o tempo, não haverá mais ninguém na Alemanha com capacidade para dar esse suporte. Mesmo que os competentes institutos do setor queiram dar assistência, eles não estarão mais trabalhando com essa tecnologia, que já está superada."
Obra seria mais barata que o desmonte
Do investimento total de R$ 15 bilhões previstos para Angra 3, a Eletrobras já liberou R$ 1,052 bilhão em 2020, e tem previstos mais R$ 2,447 bilhões para 2021, segundo o Ministério das Minas e Energia. A usina é vista como "fundamental"para o fornecimento de energia para a região Sudeste.
O professor de Engenharia Nuclear da Coppe/UFRJ ee ex-presidente da Indústrias Nucleares do Brasil (INB) Aquilino Senra defende a conclusão de Angra 3. Para ele, "seria necessário arcar com um prejuízo de cerca R$ 15 bilhões de reais para o desmonte da estrutura já existente, a quitação de empréstimos já realizados, multas contratuais e a desativação completa do canteiro de obras".
Para críticos, porém, o alto custo do desmonte "é um argumento a mais" para se abrir mão da energia nuclear. "Isso, sem falar na questão da segurança e do lixo atômico, até hoje sem uma solução definitiva", diz Bermann. "Temos alternativas, como a eólica, a solar e a biomassa – que são intermitentes, mas podem ser gerenciadas em conjunto com a hidráulica, e assegurar energia o tempo todo", resume.