Ipen na Mídia
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- 08/07/2016 - Falta de verba atinge medicina nuclear e pode prejudicar 6 mil pacientes/diaResponsável por 95% dos radiofármacos no País, Ipen só tem dinheiro até agosto; produtos são essenciais para diagnóstico de câncer
Responsável por 95% dos radiofármacos no País, Ipen só tem dinheiro até agosto; produtos são essenciais para diagnóstico de câncer
Fonte: O Estado de S. Paulo
Herton Escobar - Enviado Especial
PORTO SEGURO (BA) - A crise orçamentária da ciência brasileira ameaça paralisar a produção de radiofármacos no País. O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), responsável pela produção de 95% de todos os medicamentos desse tipo usados no Brasil, só tem dinheiro suficiente para operar até o fim de agosto. Depois disso, sem uma injeção emergencial de recursos, a fábrica fecha.
"Vai parar tudo, literalmente”, disse ao Estado o superintendente do Ipen, José Carlos Bressiani. "A situação é muito crítica. Não teremos dinheiro nem para pagar a conta de luz”, ressaltou.
Cerca de 6 mil pacientes usam os produtos do Ipen diariamente, de acordo com a estimativa de Bressiani. O instituto fabrica 38 produtos para medicina nuclear, que são fornecidos para 430 clínicas e hospitais em todo o País. Entre eles estão o tecnécio-99, essencial para diagnóstico de câncer e várias outras doenças, e o iodo-131, para o tratamento de problemas da tireoide.
O número de pacientes beneficiados por ano é de aproximadamente 1,5 milhão. E cerca de um terço da produção é destinada ao Sistema Único de Saúde (SUS).
O orçamento do Ipen para 2016 é de aproximadamente R$ 100 milhões, mas o instituto precisa de pelo menos R$ 150 milhões para manter a produção de radiofármacos funcionando, afirmou Bressiani. "Todos os cortes possíveis nós já fizemos no ano passado”, disse o superintendente, que nesta semana participa da reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Porto Seguro, na Bahia.
O Ipen fica dentro da Universidade de São Paulo (USP) e é vinculado ao governo do Estado, mas é gerido e financiado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Segundo o presidente da CNEN, Renato Cotta, o orçamento da comissão para este ano, que originalmente seria de R$ 216 milhões, foi reduzido para R$ 136 milhões. "A conta não fecha, já estamos cortando no osso”, afirmou.
A liberação de um recurso emergencial de R$ 15 milhões foi aprovada pelo ministério nos últimos dias, segundo ele, mas é crucial que o dinheiro chegue antes de agosto. E ainda assim, não será suficiente. "Para sobreviver até o fim do ano precisamos de mais R$ 60 milhões, pelo menos”, disse.
Caso a produção do Ipen seja interrompida, não há como substituir seus produtos com importações, pois os radiofármacos perdem eficácia rapidamente (por causa do decaimento natural dos elementos radioativos) e precisam ser produzidos quase que "em tempo real”, próximo do local onde serão utilizados.
Além do Ipen, a CNEN gerencia outras três unidades de produção de radiofármacos no País, em Belo Horizonte, Rio e Recife – especializados na produção de isótopos de vida curta (de poucas horas de duração), que não podem ser transportados por longas distâncias. "O cobertor é curto. Se puxarmos uma ponta para salvar o Ipen, os outros vão sofrer”, avaliou Cotta.
Sem risco. Procurado pela reportagem, o ministério afirmou, por meio de nota oficial, que "não há risco de desabastecimento de radiofármacos”, pois a pasta "já havia recebido a solicitação da CNEN de adequação orçamentária para este ano equivalente às despesas programadas para a produção dos referidos produtos”.
"O MCTIC incluiu a solicitação do CNEN nas discussões sobre créditos orçamentários com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão”, disse o texto oficial. "Paralelamente, o MCTIC tomará todas as providências necessárias para atender à solicitação do CNEN, que está recebendo normalmente a matéria-prima de Rússia, África do Sul e Argentina três vezes por semana.”
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- 05/07/2016 - Brasil exportará urânio enriquecido pela primeira vezFonte: Click Folha
Agência Brasil - A empresa brasileira Indústrias Nucleares do Brasil (INB) exportará urânio enriquecido pela primeira vez. A empresa, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, firmou acordo com a empresa estatal argentina Combustibles Nucleares Argentinos (Conuar), que prevê o envio de quatro toneladas de pó de dióxido de urânio para a carga inicial de abastecimento de um reator nuclear localizado na cidade de Lima, ao norte de Buenos Aires. O contrato, no valor de US$ 4,5 milhões, foi assinado em junho.
Enriquecido na fábrica da INB em Resende (RJ), o produto ainda precisa de autorização da Coordenação-Geral de Bens Sensíveis do ministério e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) para completar o processo de exportação, o que deve ocorrer até o fim deste ano. As 4 toneladas serão divididas em três lotes, com teores de enriquecimento de 1,9%, 2,6% e 3,1%.
Além do Brasil, o urânio é enriquecido por outros 11 países. A tecnologia usada na unidade da INB em Resende é a de ultracentrifugação para enriquecimento isotópico, desenvolvida pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, autarquia gerida administrativa e tecnicamente pela Cnen.
Segundo o ministério, a exportação não afeta o abastecimento de combustível das centrais nucleares de Angra dos Reis (RJ). Atualmente, a Usina de Enriquecimento tem seis cascatas de ultracentrífugas em operação e atende a cerca de 40% das necessidades de Angra 1. O acordo com a Argentina não envolve intercâmbio de conhecimento, uma vez que prevê a entrega de um produto pronto, mas abre essa perspectiva. A empresa estatal argentina Invap participa do desenvolvimento do Reator Multipropósito Brasileiro, e os programas nucleares dos dois países são contemporâneos, iniciados na década de 1960.
Criada em 1988, a INB atua na cadeia produtiva do urânio, da mineração à fabricação do combustível que gera energia elétrica nas usinas nucleares. A empresa pública tem sede no Rio de Janeiro e também está presente nos estados da Bahia, Ceará, Minas Gerais e São Paulo.
Urânio
O urânio é um mineral com propriedades físicas de emitir partículas radioativas, a radioatividade. Sua principal aplicação comercial é na geração de energia elétrica, como combustível para os reatores nucleares de potência.
Segundo a INB, o Brasil tem a sétima maior reserva geológica de urânio do mundo, o que permite o suprimento das necessidades domésticas no longo prazo e uma possível disponibilização do excedente para exportação. As reservas estão concentradas nos estados da Bahia, do Ceará, Paraná e de Minas Gerais, com cerca de 309 mil toneladas de concentrado de urânio.
A única mina de urânio em operação no Brasil está em Caetité (BA) e tem capacidade de produzir 400 toneladas de concentrado de urânio por ano. Em 2013, a produção mundial de urânio concentrado foi 70.330 toneladas.
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- 07/06/2016 - Empresas brasileiras ampliam parceria nuclear e de radiofármacos com RússiaFonte: Agência Brasil - EBC
Flávia Villela* – Repórter da Agência Brasil
Quando a estatal russa de energia nuclear Rosatom abriu um escritório regional no Rio de Janeiro em junho de 2015, a empresa não imaginava a dimensão da crise política e economia brasileira apenas um ano depois. Durante o maior fórum internacional de energia nuclear na Rússia, Atomexpo 2016, na primeira semana de junho, o vice-presidente da Rosatom na América Latina, Ivan Dybov, admitiu que grandes negócios no Brasil terão de esperar, até que o cenário político se estabilize, mas comemorou avanços nas áreas de radioisótopos, agricultura, entre outras.
"Com a Lava Jato, os negócios diminuíram o ritmo. Talvez haja algum adiamento em futuras parcerias para usinas nucleares, mas temos outras possibilidades de negócios no Brasil e em diferentes países também interessantes e lucrativos. Somos os maiores fornecedores de radioisótopos no Brasil, temos um grande projeto na Bolívia, estamos discutindo vários projetos de radiotecnologia na região”, disse Dybov "Há também a possibilidade de prover insumos para a agricultura, esterilização para ferramentas médicas e equipamentos médicos para toda a América Latina, que é um parceiro estratégico”.
Dybov mencionou ainda a possibilidade de construir um depósito de lixo radioativo para a Eletronuclear, que opera as Usinas Angra I e II, em Angra dos Reis, costa verde fluminense.
O vice-diretor geral da estatal Rosatom, Kirill Komarov também se mostrou otimista em relação às parcerias comerciais com o Brasil.O Brasil também tem motivos para comemorar. De acordo com o diretor de produção do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Jair Mengatti, o fornecimento de produtos radioisótopos da Rússia para o Brasil permitiu que o governo brasileiro reduzisse pela metade os gastos com insumos que ajudam a diagnosticar e tratar vários tipos de câncer. O Ipen é o principal produtor de radiofármacos no país e enfrentou problemas no ano passado para conseguir alguns insumos, como o Iodo-131, agora 100% importado da Rússia.
"Até o fim do ano passado, nosso fornecedor era do Canadá e depois do processo de licitação passamos a receber da Rússia. Economizamos por semana em torno de US$100 mil. São mais de R$10 milhões por ano de economia”, disse o diretor do Ipen.
Mengatti, que também é gerente do Centro de Radiofármacos do instituto, visitou com outros técnicos as instalações da parceira russa. "A capacidade de produção deles é impressionante, uma quantidade enorme de reatores. Alguns insumos podem ser irradiados lá e poderemos processá-los aqui. Já temos uma lista de novos insumos e como temos acordo bilateral, podemos estabelecer parcerias estratégicas, sem licitação, desde que nos seja interessante do ponto de vista econômico”, explicou. Dentre os itens da lista, estão gálio 67 e cloreto de tálio, ambos usados para diagnósticos.
Nuclep e Rosatom
Um dos convidados do AtomExpo 2016, o presidente da Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep), Jaime Cardoso, informou que os negócios com a Rússia podem ajudar a empresa, que chegou a ter cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos e agora tem 1 mil, a aumentar a produção. Segundo ele, a empresa, é de economia mista e vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e subordinada à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), foi prejudicada pela crise econômica e pela Petrobras, sua principal cliente."Estamos ampliando a discussão do memorando que foi assinado, inclusive pelo presidente Temer [na época, vice-presidente] e o primeiro ministro russo [Dmitry Medvedev] no ano passado. Tornamo-nos fornecedores internacionais de equipamentos nucleares para a Rosatom. Agora estamos estudando outras formas de cooperação como joint ventures para que esse fornecimento se torne mais efetivo especialmente para o mercado latino-americano”, disse ele, ao adiantar que memorando similar foi assinado com a americana Westinghouse e outro está sendo negociado com a francesa Areva.
Cardoso informou que o processo de impeachment gerou insegurança entre os parceiros e que a viagem serviu para assegurar a continuidade dos compromissos apesar da mudança repentina de governo. "Um dos motivos de estarmos aqui é garantir a tranquilidade dos parceiros, que os acordos firmados serão cumpridos. Estivemos antes na França para garantir que podemos continuar os entendimentos, que não haverá ruptura na administração da empresa”, declarou.
*A repórter viajou a convite da estatal russa de energia nuclear Rosatom
Edição:Wellton Máximo
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- 24/05/2016 - Ipen abre inscrições para workshop sobre Inovação TecnológicaProgramação está voltada para o incentivo ao empreendedorismo, transferência de tecnologia e proteção da propriedade intelectual
Programação está voltada para o incentivo ao empreendedorismo, transferência de tecnologia e proteção da propriedade intelectual
Fonte: Jornal da CiênciaNos dias 6 e 7 de junho, o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) realizará o "Workshop sobre inovação no Ipen”. Os objetivos são promover a cultura de proteção de propriedade intelectual, discutir aspectos gerais sobre a Lei da Inovação e incentivar o empreendedorismo no âmbito da pesquisa científica. A expectativa é de envolver nesses debates estudantes de graduação e pós-graduação do Ipen e da USP, mas o evento é destinado a todos os interessados da comunidade acadêmica em geral e do setor empresarial.
O workshop será no auditório do Ipen, Rômulo Ribeiro Pieroni, no campus do Instituto. De acordo com Anderson Zanardi de Freitas, gerente do NIT, este ano programação está voltada para o incentivo ao empreendedorismo, transferência de tecnologia e proteção da propriedade intelectual, com palestras e um curso sobre propriedade intelectual ministrado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até o dia de abertura, no site do evento ou pelo Portal do Ipen/NIT.
No primeiro dia, com início às 9h30, a administradora Alessandra Ferreira de Andrade, coordenadora do Centro de Empreendedorismo da Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP e Diretora da Associação Comercial de São Paulo, apresentará o tema "Formando Empreendedores – Case Empreenda FAAP – Planejamento, Metodologia e Cases de Alunos”. Em seguida, às 10h, o jornalista Marcelo Pimenta, que é professor da ESPM, fundador do Laboratorium e escritor do "Blog do Empreendedor” (Jornal O Estado de São Paulo) abordará "Empreendedorismo inovador no ambiente acadêmico”.
Às 10h45, o também jornalista Luiz Augusto Ferreira, que atuou por três anos como coordenador de Empreendedorismo da Prefeitura de São Paulo e em 2013 assumiu o Banco Confia Microfinanças e Empreendedorismo, vai falar sobre o tema "Banco Confia Microcrédito”, a propósito das linhas de crédito para quem pretende inovar. Em seguida, às 11h15, estará em pauta a experiência de inovação na Unicamp, com Milton Mori, professor titular da Faculdade de Engenharia Química da Unicamp e diretor executivo da Agência de Inovação Inova-Unicamp desde julho 2013. O tema de sua apresentação será "Empreendedorismo da Inova – Unicamp”.
Na parte da tarde, a partir das 13h30, João Cristofolini abordará "O que a escola não nos ensina”, descrevendo as sete habilidades essenciais para uma vida de sucesso que não se aprende na escola. Ele tem experiência acumulada de empreendimentos nas áreas de educação, tecnologia, saúde e social e, em 2015, recebeu o prêmio Ozires Silva como destaque por fomentar o empreendedorismo no País.
Gilcler Regina é um dos palestrantes mais requisitados para eventos motivacionais e convenções de vendas, tendo realizado mais de 3 mil palestras por todo o Brasil, além de Japão e Portugal. É autor de dez livros publicados e vai abordar o tema "Empreendedorismo – vocação de aprendizado”. Às 15h15, o público conhecerá experiências de "Spin-offs acadêmicas e sua importância no desenvolvimento econômico”, na palestra de Mariana de Oliveira Santos, gestora Executiva do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC).
Encerrando o primeiro dia, Alexandre Sarmento, diretor da Horizon Line, consultoria em desenvolvimento humano e organizacional, falará sobre "Empreendedor pensando fora da caixa”. Formado em Tecnologia da Informação e em Letras, diversas outras especializações em Liderança, Negociação, Projetos, Empreendedorismo, Gestão de Pessoas, Estratégia de Negócios, T.I, Gestão do Conhecimento, Inovação, Coach, PNL e Mentoring.
No segundo dia, as atividades começam às 9h30, com representante da Johari Consultoria e Treinamento, que abordará o tema: "Empreendedorismo e carreira”, uma visão sobre gestão da carreira de empreendedor para alunos. A partir das 11h15 até às 18h, com intervalo para almoço, haverá o mini curso sobre Propriedade Intelectual – Área de Materiais, ministrado por Frederico de Carvalho Nunes, pesquisador em propriedade intelectual do Inpi.
O Auditório Rômulo Ribeiro Pieroni está localizado no Campus do Ipen, na Avenida Prof. Lineu Prestes, 2242, Cidade Universitária São Paulo. Informações pelos telefones: (11) 3133-9151/9152
SERVIÇO
O quê: Workshop sobre Inovação Tecnológica
Quando: Dias 6 e 7 de junho
Onde: Rômulo Ribeiro Pieroni está localizado no Campus do Ipen, na Avenida Prof. Lineu Prestes, 2242, Cidade Universitária São Paulo
Inscrições: até o dia do evento, no link https://sites.google.com/site/nitipensp/workshop/iv-work-sobre-inovacao—ipen
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- 01/04/2016 - 7 perguntas e respostas sobre a contaminação radioativa dos alimentos no JapãoFonte: Jornal FloripaSão Paulo - Preocupados com a contaminação de alimentos pela radiação nuclear, muitos países estão reforçando suas medidas de segurança verduras , como espinafre, brócolis e salsinha, e até no leite, em regiões próximas à usina de Fukushima.para produtos importados do Japão. Não é por menos. O governo japonês já anunciou ter detectado altos níveis de radioatividade em A água que corre nas torneiras de Tóquio, a 200 km da usina, também apresenta níveis de iodo radioativo superiores aos recomendados para a saúde. Nem os peixes saem ilesos do acidente nuclear. Temerosos, os japoneses estão deixando de lado o seu alimento mais básico e principal fonte de proteína. Mas de que forma a radiação se propaga no meio ambiente, afeta a produção de alimentos e prejudica a saúde?
Para responder a essa questão, EXAME.com
consultou os especialistas Virgílio Franco, professor titular do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da USP (CENA) e a pesquisadora Sandra Bellintani, da área de Radioproteção do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). Confira.1 - Como a emissão de partículas radioativas pelas usinas japonesas ameaça a produção de alimentos?
Durante o vazamento ou explosão de um reator, elementos radioativos, frutos da fissão do urânio, são liberados na atmosfera na forma de gás e partículas microscópicas. Entre os principais estão o Iodo-131, o Césio-137 e o Estrôncio-90, que contaminam o ar e consequentemente a água e o solo. Vegetais produzidos numa área afetada também serão contaminados. No caso do leite, o que ocorre é a contaminação das gramíneas dos pastos que servem de alimento para o gado. A vaca se contamina e os radioisótopos podem aparecer rapidamente no leite e se acumular na carne. Em todo o caso, garantem os especailistas, é possível controlar o nível de contaminação dos alimentos por meio de análises radiométricas.2 - O Japão alertou os moradores de Tóquio a evitarem o consumo de água da torneira. Que elementos radioativos presentes na água ameaçam a saúde humana?
O iodo radioativo é a principal ameaça na água. Mas comparado aos outro elementos, ele apresenta vida média curta. Sua radioatividade decai à metade em apenas 8 dias, contra 30 anos do Césio e 30 do Estrôncio. Ele também pode ser combatido ingerindo-se comprimidos de iodo não ionizante. O corpo concentra, naturalmente, iodo na tireóide, mas essa absorção tem uma cota. No Japão, o governo está distribuindo pílulas de iodo pra suprir essa dose e impedir o corpo de absorver o iodo radioativo.3 - Quais os riscos à saúde humana da ingestão de um alimento contaminado?
De acordo com Sandra Bellintani, o que determina se há ou não um risco para a saúde humana é a quantidade de material radioativo encontrado nos alimentos. "O organismo humano está acostumado a receber pequenas doses de radiação ionizante. Grandes quantidades de material radioativo, entretanto, podem levar até a morte", alerta. Segundo a pesquisadora, no longo prazo, a população exposta pode apresentar maiores índices de incidência de câncer.4 - O nível de iodo-131 foi considerado alto no mar próximo à Fukushima. É prudente que os japoneses suspendam, por um tempo, o consumo de pescados?
De acordo com o professor da USP, o iodo-131 é altamente solúvel e há bastante chance de ter sido transportado diretamente da usina nuclear para o mar, não só via ar, mas pelas águas aspergidas na tentativa de se refrigerar os reatores e piscinas dos materiais combustíveis nas usinas. "Os peixes e moluscos podem, sim, concentrar o iodo-131 e, através da ingestão desses alimentos, o ser humano pode reter esse radioisótopo na tireóide e, no futuro, vir a apresentar câncer", afirma. 5 - Qual os efeitos da contaminação na agricultura e no desenvolvimento de plantios?
O perigo maior está na exposição às radiações ionizantes que podem ocasionar danos biológicos nas células de novas sementes e cultivos. Segundo Virgílio Franco, até o momento, os níveis encontrados nas proximidades do acidente e mesmo em regiões distantes, como Tóquio, não são alarmantes, como aconteceu em Chernobyl.
"O iodo-131deverá desaparecer rapidamente do solo. O césio-137, com 30 anos de meia-vida, deverá permanecer por mais tempo na camada arável (zona das raízes), mas a sua transferência para as plantas poderá ser reduzida pela adição de fertilizante potássio ao solo", explica Franco.6 - Alguns países suspenderam as importações de produtos alimentícios japoneses. É prudente agir assim ou trata-se de uma decisão exagerada?
Para a pesquisadora do IPEN, a suspensão de todos os produtos vindos do Japão é uma decisão radical. Ela ressalta que o Japão tem realizado um acompanhamento rigoroso por meio do monitoramento constante e restringindo exportações de províncias afetadas.
O professor da USP, por seu turno, critica a falta de informações sobre os níveis de radiação dos alimentos, ou seja, a quantidade de material radioativo por unidade de massa traduzida em becquerel/kg. "Isso faz com que os países importadores tenham uma percepção de risco aumentada, e com isso tomem a suspensão de importação como medida preventiva, passando a importar de outros fornecedores produtos seguramente não contaminados", pondera.7 - Há riscos para o Brasil? Tanto pela distância da usina japonesa quanto pela baixa intensidade dos níveis de radiação, os especialistas concordam que Brasil não corre risco de contaminação. "Mas caso haja dúvida quanto à procedência de algum produto japonês existem no Brasil laboratórios que podem realizar uma análise desses alimentos e avaliar uma possível contaminação radioativa", garante Sandra.
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- 17/02/2016 - Ipen e USP retomam projeto de uso de radiação para combater o AedesProjeto estava parado havia três anos por falta de financiamento. Com crise de zika e dengue, iniciativa deve receber R$ 500 mil.
Projeto estava parado havia três anos por falta de financiamento. Com crise de zika e dengue, iniciativa deve receber R$ 500 mil.
Fonte: Portal G1 de Notícias
Cientistas do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo, e do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da USP (Cena), em Piracicaba, vão retomar um projeto de pesquisa que busca usar a radiação para combater o mosquito Aedes aegyti, transmissor dos vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
Como funciona a técnica do inseto estéril?
A estratégia consiste em expor mosquitos machos na fase de pupa a uma dose controlada de radiação gama de uma fonte de Cobalto-60 dentro do laboratório. A radiação que deve ser suficiente para torná-los estéreis, mas não afetar sua capacidade de locomoção, expectativa de vida e capacidade de copular.
Ao soltar os mosquitos esterilizados no meio ambiente, eles devem competir com os machos selvagens pela cópula com as fêmeas. As fêmeas que copulam com o mosquito irradiado vão botar ovos dos quais não vão eclodir as larvas do mosquito. Dessa forma, a população total de mosquitos deve diminuir progressivamente, reduzindo também a transmissão dos vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
Interrupção por falta de financiamento
Os pesquisadores tinham obtido sucesso com a técnica de esterilizar o Aedes aegypti com radiação já em 2012, quando os primeiros resultados foram apresentados no Congresso Brasileiro de Entomologia em Curitiba. Foi a primeira vez que o procedimento foi testado nessa espécie de mosquito no Brasil.
Os experimentos foram feitos só em laboratório, ou seja, os mosquitos não foram soltos no meio ambiente. "Na época, pedimos R$ 600 mil para equipar o laboratório e contratar mão de obra especializada para prosseguir com os testes, mas ninguém se habilitou a financiar o projeto”, diz o cientista Valter Arthur, professor do Cena-USP e do Ipen e um dos líderes do projeto.
Recentemente, segundo Arthur, o Ministério da Saúde manifestou interesse na técnica. "Já tínhamos o projeto pronto, então o submetemos novamente.” Agora, a iniciativa deve receber R$ 500 mil, metade do valor em 2016 e metade em 2017, para ampliar as instalações do laboratório e contratar bolsistas.
Agora, o grupo deve se preparar para ampliar a capacidade de produção do mosquito em laboratório e posteriormente esterilizá-los, além de definir os locais de soltura. O processo de irradiação será feita em equipamento de raios-X ou em irradiador de Cobalto-60. Os mosquitos serão criados em instalações do Cena-USP, em Piracicaba, e no Laboratório Analytical & Scientific Research, em Charqueada, também no interior de São Paulo. O ideal é que a quantidade de insetos soltos no ambiente seja na proporção de 10 para cada mosquito selvagem.
"Há anos se vem batalhando sobre essa necessidade. De repente, tudo mudou porque o problema doAedestomou esse vulto enorme e agora há uma corrida desenfreada”, diz a pesquisadora Anna Lucia Casanas Haasis Villavicencio, professora do Ipen que também faz parte do projeto.
No início de fevereiro,especialistas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da ONU, anunciaram uma reunião com autoridades brasileiras para discutir como melhor implementar a técnica no país.
Segurança
Arthur afirma que a soltura dos insetos irradiados é segura, já que os insetos não ficam com resíduo algum de radiação. "A população confunde insetos irradiados com insetos radioativos. São duas coisas diferentes.”
Anna Lucia conta que a técnica de irradiação em insetos já é bem consolidada no caso da mosca-das-frutas, por exemplo. "No vale do Rio São Francisco, já existe um trabalho com moscas irradiadas que eliminou a necessidade de agrotóxicos em plantações de frutas.”
O mosquito irradiado é classificado como controle biológico e sua soltura depende de uma aprovação do Ministério da Agricultura.
Outros mosquitos modificados
Já existemoutras técnicas em teste no Brasil que têm o objetivo de modificar o Aedes aegypti para diminuir a população total dos mosquitosou para torná-los incapazes de transmitir doenças. É o caso dos mosquitos geneticamente modificados produzidos pela empresa Oxitec e dos mosquitos com bactéria Wolbachia pesquisados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
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- 04/02/2016 - IPEN-CNEN/SP e Cena-USP desenvolvem projeto conjunto para esterilização do Aedes aegypti com radiação nuclearAtendendo à demanda do MCTI e da ONU, que propõe o combate ao vetor da zika, dengue e chikungunya, mosquitos machos serão expostos à radiação gama para se tornarem inférteis
Atendendo à demanda do MCTI e da ONU, que propõe o combate ao vetor da zika, dengue e chikungunya, mosquitos machos serão expostos à radiação gama para se tornarem inférteis
Fonte: Jornal da CiênciaUm novo método para tornar mosquitos machos inférteis por radiação nuclear pode ajudar a reduzir as populações do Aedes aegypti, transmissor de zika, dengue e chikungunya. Através da aplicação da Técnica do Inseto Estéril (TIE), um grupo de cientistas brasileiros vai avaliar os efeitos da radiação ionizante nas fases do ciclo evolutivo (ovo, larva, pupa e adultos) do Aedes aegypti como um método alternativo de controle de manejo integrado dessa praga, declarada emergência de saúde pública internacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A pesquisa "Efeitos da radiação ionizante nas fases do ciclo evolutivo do Aedes aegypti visando o seu controle através da TIE” será realizada no Laboratório de Radiobiologia e Ambiente, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena/USP), em Piracicaba/SP, e nos laboratórios do Centro de Tecnologia das Radiações do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen/CNEN-SP). O trabalho atende a uma demanda do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) visando diminuir a incidência das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.
A técnica consiste em expor os machos do Aedes aegypti a raios-X ou gama e com isso tornar o esperma estéril. Esses mosquitos machos criados em laboratório poderiam, então, ser liberados para cruzar com as fêmeas da espécie cujos ovos nunca se desenvolveriam. Dessa maneira, reduz-se o número de insetos numa determinada área sem matar animais ou usar produtos químicos.
Após a irradiação, serão avaliadas as viabilidades dos ovos, larvas, pupas e adultos provenientes dos adultos emergidos em cada fase do ciclo evolutivo do inseto irradiado, para se determinar as doses letais e esterilizantes.
Os procedimentos de irradiação serão realizados em equipamento de raios-X modelo RS-2400V e em irradiadores gama de Cobalto-60 (Panorâmico, Gammacell e Multipropósito), também sob diferentes condições quanto à taxa e dose de radiação absorvida. Já a cultura do mosquito será mantida nas instalações do laboratório do Cena/USP, sob condições controladas pré-definidas.
De acordo com os pesquisadores Walter Arthur, do Cena, e Anna Lucia Casanas Haasis Villavicencio, do Ipen, a vantagem da TIE é que os mosquitos estéreis podem ser mais facilmente aceitos como alternativa de controle do Aedes aegypti.
"No controle com mosquitos transgênicos, por exemplo, os insetos morrem na fase de larva; no controle com mosquitos estéreis, a larva não chega eclodir dos ovos. Além disso, alguns países não aceitam a utilização de transgênicos, porque não se sabe o que poderá ocorrer com liberação massiva desses. Assim, a liberação de insetos estéreis é uma das alternativas mais viáveis de controle do Aedes aegypti”, justificam os pesquisadores.
Uma geração de mosquitos machos estéreis, que leva cerca de um mês para ser produzida, deve superar a quantidade dos mosquitos machos nativos – em 10 ou 20 vezes – para deixar uma marca na população do inseto. "Isso requer milhões de machos, tornando o método mais apto para vilas ou cidades do que para metrópoles”, disse, em entrevista coletiva, Aldo Malavasi, vice-diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
O projeto Cena-Ipen, apresentado em janeiro ao MCTI, foi orçado em aproximadamente R$ 500 mil, sendo R$242 mil para execução este ano e R$242 mil para 2017. Os recursos serão destinados à ampliação dos laboratórios, compra de matérias e cinco bolsas de Iniciação Científica. Além de Walter (coordenador) e Anna Lúcia, também integram a equipe os pesquisadores Thiago Mastrangelo, do Cena/USP, o doutorando André Ricardo Machi, do Ipen/USP, e Marcio A. Gava, da ASR/LAB, de São Carlos.
"Se o Brasil soltar um grande número de machos estéreis, levaria poucos meses para reduzir a população, mas isso tem que ser combinado com outros métodos”, declarou Malavasi. Já está agendada para o dia 16 de fevereiro uma reunião entre autoridades brasileiras e especialistas da AIEA, que tem sede em Viena, para discutir como melhor implementar a TIE no País que é sede dos Jogos Olímpicos, em agosto deste ano.
Leia também:
G1 - Agência da ONU propõe esterilizar Aedes aegypti com radiação
International Atomic Energy Agency – Nuclear Technique Can Help Control Disease-Transmitting Mosquitoes (Técnica Nuclear pode ajudar a controlar mosquitos transmissores de doenças)
O Estado de S. Paulo - Brasil analisará uso de radiação contra ‘Aedes’
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- 17/01/2016 - Novo centro de pesquisa em São Paulo deve ampliar gás natural na matriz energéticaFonte: Jornal do BrasilPara contribuir com a ampliação da participação do gás natural na matriz energética brasileira e com a mitigação das emissões de gases de efeito estufa nas próximas décadas, entre outros objetivos, a FAPESP e a BG Brasil, empresa do BG Group, criaram o Centro de Pesquisa para Inovação em Gás Natural, com sede na Universidade de São Paulo (USP).
O investimento da FAPESP será de R$ 27 milhões e o da BG Brasil de R$ 30 milhões. Cabe à USP uma contrapartida na forma de apoio institucional e administrativo aos pesquisadores envolvidos.
A iniciativa foi apresentada no dia 1º/12 na sede da FAPESP, em São Paulo (SP), com a participação de representantes do poder público, da indústria e da comunidade científica.
O Centro de Pesquisa para Inovação em Gás Natural terá sede na Escola Politécnica (Poli) da USP e será coordenado por Julio Meneghini, professor da instituição, e Alexandre Breda, gerente de Projetos Ambientais do BG Group. A proposta foi selecionada no âmbito de chamada conjunta da FAPESP e da BG Brasil e as pesquisas serão conduzidas em parceria entre pesquisadores da Poli, dos institutos de Energia e Ambiente (IEE) e de Química (IQ) da USP de São Carlos, da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e de engenheiros da BG Brasil.
Também são instituições associadas à iniciativa o Sustainable Gas Institute do Imperial College London, a University College London, a University of Cambridge e a University of Leeds, todos no Reino Unido; a University of Illinois at Urbana-Champaign e a Texas A&M University, nos Estados Unidos; a Technische Universitaet Darmstadt, na Alemanha; e a Université de Lyon, na França.
Para José Goldemberg, presidente da FAPESP, trata-se de um marco da participação brasileira no que ele chamou de "revolução energética global”.
"O mundo vive uma revolução que deve culminar no amplo desenvolvimento de fontes renováveis de energia, mas nós ainda não chegamos lá. Nesse cenário, o gás natural se apresenta como uma transição por ser o mais limpo dos combustíveis fósseis. A FAPESP, ao lado da BG Brasil, financia uma iniciativa de proporções compatíveis com os desafios e os potenciais que São Paulo tem de gerar energia limpa. A Fundação acredita no papel do conhecimento científico nessa revolução”, declarou.
Para Adam Hillier, diretor de Tecnologia do BG Group, a criação do Centro de Pesquisa para Inovação em Gás Natural poderá prover soluções importantes a todos os parceiros envolvidos.
"A expertise do BG Group em gás natural está se unindo a esforços de pesquisa de diferentes áreas nas quais São Paulo é líder no cenário científico global. Dessa forma, a parceria tem o potencial de desenvolver pesquisa brasileira de classe mundial e proporcionar aplicações reais na indústria, como no pré-sal e no enfrentamento de desafios muito particulares, como o aumento da eficiência e o desenvolvimento de novos conceitos de propulsão híbrida para frotas de navios de metano.”
Ricardo Toledo Silva, secretário adjunto de Energia e Mineração do Estado de São Paulo, destacou na ocasião a importância do gás natural frente aos desafios que as fontes renováveis de energia ainda enfrentam.
"É urgente o crescimento das fontes renováveis na matriz energética, mas elas ainda enfrentam um problema em comum que é o de interrupção - como a biomassa, cuja disponibilidade é sazonal, e as energias solar e eólica, sujeitas a ciclos diários de instabilidade. Há várias áreas de pesquisa interessadas em resolver esses problemas e em desenvolver soluções para, por exemplo, estocar o acúmulo da energia gerada. Até lá, é de extrema importância o investimento no crescimento do gás natural como uma fonte de transição para a demanda energética.”
Cooperação
De acordo com Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, a parceria entre a instituição e a BG Brasil ampliará a competitividade do Estado de São Paulo na área por meio da cooperação entre diferentes setores.
"Além de tornar a matriz energética brasileira, em particular a paulista, ainda mais alinhada às políticas que propiciem uma substancial diminuição das emissões de gases de efeito estufa, o esforço conjunto que levou à criação do Centro de Pesquisa para Inovação em Gás Natural envolve pesquisadores da universidade e da indústria e um pool de estudantes em uma rede de conexões internacionais de grande importância ao desenvolvimento do conhecimento científico. Este é um diferencial da parceria: não se trata de uma companhia utilizando pesquisadores da universidade, mas de cientistas trabalhando juntos.”
A cooperação entre a universidade e a indústria foi celebrada por Marco Antonio Zago, reitor da USP, que destacou a participação de um conjunto de pesquisadores da instituição no desenvolvimento do Centro.
"Esta iniciativa, voltada a uma área estratégica não só para São Paulo, evidencia que a universidade desempenha um papel importante nas ciências básicas e também representa um lugar fundamental para a cooperação entre a pesquisa e a indústria. Foram três anos de um extenso trabalho entre pesquisadores da USP e da BG Brasil que resultaram em uma parceria capaz de oferecer soluções completas aos desafios energéticos com os quais o Brasil e o mundo lidam.”
Desafios
Além de ampliar a presença do gás natural na matriz energética do Estado de São Paulo e do Brasil, estão entre os objetivos do Centro de Pesquisa para Inovação em Gás Natural enfrentar os desafios relacionados à separação e ao transporte de gás natural a partir da bacia do pré-sal de Santos até a costa, mitigar CO2, CH4 e outros gases de efeito estufa, aumentar a eficiência dos processos de combustão, promover a produção de biogás e a integração de sua produção à rede de gás natural paulista e desenvolver sistemas de armazenamento inovadores e de pouco peso.
De acordo com Meneghini, os desafios serão divididos em três grandes programas: Engenharia, Físico-Química e Política Energética e Economia.
No âmbito do Programa de Engenharia, será tratada a pesquisa científica e tecnológica focada na promoção de energia de baixo carbono, incluindo geradores de gás natural em pequena escala, combustíveis de gás natural e hidrogênio para o transporte, abordando questões técnicas em torno da produção e do manuseio de combustíveis misturados e o desenvolvimento de códigos e normas. Também serão abordados o uso de gás natural no transporte marítimo e oportunidades para minimizar emissões de metano e perdas de abastecimento de gás.
"Nesse contexto, as pesquisas buscarão, entre outros objetivos, o desenvolvimento de um queimador de gás natural avançado utilizando o conceito oxicombustível, um Laboratório de Diagnóstico Avançado para a combustão a diesel e gás natural, otimização do projeto de sistemas de armazenamento de gás natural absorvido e um projeto conceitual de transportes híbridos de força baseados em gás natural para navios, além de simulação numérica e modelagem de engenharia e físico-química”, contou Meneghini.
No âmbito do Programa de Física e Química, serão realizadas pesquisas focadas na geração de energia de baixo carbono, substituição de combustíveis e de transportes, além de novas aplicações para o gás, desenvolvendo a capacidade de reduzir o impacto ambiental da combustão de gás natural. Entre os projetos na área estão o desenvolvimento de um queimador de gás natural avançado usando o conceito de oxidação sem chama e de pilhas de combustível para funcionamento a gás natural.
Por fim, o Programa de Política Energética e Economia tratará da promoção de infraestrutura e de políticas de incentivo à utilização de gás, incluindo medidas para o desenvolvimento de gás em sistemas de energia.
"O programa terá foco no desenvolvimento do gás como fonte de energia-chave, demonstrando como este combustível pode ser integrado a sistemas de energia no contexto brasileiro emergente, tratando ainda da constituição de cadeias de fornecimento de gás natural para áreas remotas, entre outros objetivos”, disse Meneghini.
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- 13/01/2016 - Empresa gerada na universidadeSpin-offs são uma forma de o conhecimento acadêmico chegar à sociedade, criar renda e empregos
Spin-offs são uma forma de o conhecimento acadêmico chegar à sociedade, criar renda e empregos
Marcos de Oliveira
As empresas nascentes originadas nas universidades e nos institutos de pesquisa são chamadas de spin-offs acadêmicas, o que as diferenciam daquelas nascidas no mundo corporativo, principalmente em grandes empresas. Elas são uma categoria de startups, empresas igualmente iniciantes, em grande parte com perfil tecnológico mas não necessariamente originadas na universidade. O surgimento das spin-offs a partir do convívio e do conhecimento gerado dentro das instituições de ensino e pesquisa é um fenômeno recente no Brasil que começou a se concretizar no final dos anos 1990 na mesma linha do que já acontecia nos países mais desenvolvidos. Chamadas também de spin-outs, as spin-offs acadêmicas iniciam suas atividades por meio do incentivo de um professor, com uma conversa entre alunos no laboratório, por meio do licenciamento de uma nova tecnologia ou em virtude do espírito empreendedor de um ou mais alunos.
Sabe-se de modo empírico que o número de spin-offs vem aumentando nos últimos anos. Para a formação desses empreendimentos não existe uma receita única como mostraram dois estudos apresentados em um seminário organizado no Núcleo de Política e Gestão Tecnológica da Universidade de São Paulo (PGT-USP). "Existem diversas maneiras de levar o conhecimento gerado na universidade para empresas, organizações não governamentais (ONGs) ou outra forma que chegue à sociedade”, diz o professor Guilherme Ary Plonski, coordenador do PGT. "Pode ser por meio de um aluno de graduação que vai trabalhar em uma empresa ou ONG, um empreendedor que leva o seu conhecimento para a formação de um novo empreendimento e até o licenciamento de tecnologia, eventualmente na forma de patentes.”
Os dois estudos se complementam e mostram por meio de exemplos de empresas de sucesso como nascem e evoluem algumas spin-offs que tiveram sua origem na USP, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). "Uma spin-off sai da universidade com conhecimento de algo novo e transforma isso em produtos e processos inovadores. É uma forma de transferência de conhecimento para a sociedade”, diz Claudia Pavani, doutora no PGT, que fez a tese sobre o tema. Nela, a pesquisadora, que foi orientada pelo professor Moacir de Miranda Oliveira Júnior, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, mostra oito spin-offs da área de engenharia e os fatores que as influenciaram no nascimento. "As empresas são formadas conforme aquilo que elas conquistam como investidores, parcerias e investimentos como o Pipe [Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas da FAPESP]”, diz Claudia.
Sócio do mercado
Uma das empresas estudadas por Claudia foi a Technomar, de São Paulo, formada em 2002 por dois ex-alunos de mestrado e doutorado do Laboratório Tanque de Prova Numérico (TPN), da Escola Politécnica da USP. "O professor Kazuo Nishimoto, coordenador do TPN, sempre teve a visão de que deveríamos fazer uma empresa, levar o conhecimento para a indústria”, diz o engenheiro naval Fabiano Rampazzo, um dos sócios. No início, a empresa serviu para que os dois prestassem serviços técnicos, mas entre 2010 e 2013, com a entrada de mais dois sócios, um deles vindo do mercado financeiro, a empresa aumentou seu leque de serviços e passou a ser gerida de forma mais profissional. "Aumentamos o número de projetos tentando não depender exclusivamente, como estávamos fazendo, da área de óleo e gás”, diz Fabiano. Eles acrescentaram a possibilidade de fazer simuladores de manobras para treinar comandantes e práticos de navios. "Participamos do desenvolvimento de um simulador com a USP e a Petrobras, inclusive com uma patente em conjunto. No momento, estamos desenvolvendo um estabilizador de movimento para pequenos barcos de passeio, com o objetivo de evitar o enjoo de passageiros com o balanço da embarcação.”
Outra empresa estudada por Claudia foi a PAM Membranas, do Rio de Janeiro. Especializada em membranas poliméricas para filtração de água e tratamento de efluentes, a empresa nasceu do Laboratório de Processos de Separação por Membranas da Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da UFRJ. Os sócios-fundadores foram três professores: Ronaldo Nóbrega, Cristiano Borges e Claudio Habert. Inicialmente instalada na incubadora da própria Coppe, em três anos eles se mudaram para o Parque Tecnológico da UFRJ, onde produzem membranas na forma de fibras ocas para micro e ultrafiltração e atuam na purificação de água e tratamento de efluentes. "Depois incorporamos um ex-doutorando do laboratório como sócio para ser o gerente da empresa, o Roberto Bentes”, diz Cristiano. Ao longo dos anos já passaram pela empresa cerca de 12 ex-alunos do laboratório da UFRJ. A PAM, desde a sua criação, tem um contrato de transferência de tecnologia com a universidade.
O outro estudo sobre empresas que nasceram na universidade foi realizado por Paula Salomão Martins, durante seu mestrado na Escola Politécnica da USP, orientada por Ary Plonski. Ela pesquisou spin-offs nas áreas de física e química em São Paulo ligadas à USP. "As áreas que mais têm empresas spin-offs são as de engenharias, de tecnologia da informação e de computação. Nos cursos de física e química, os alunos são pouco estimulados para iniciativas empreendedoras”, conta Paula. "Encontrei três casos no Cietec [Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia, instalado na cidade universitária em São Paulo].”
Uma das empresas analisadas por Paula foi a LaserTools, que faz cortes e moldagens industriais a laser. Ela se originou em 1998 na Divisão de Óptica do Ipen, ficou incubada no Cietec e hoje tem sede própria, tendo à frente o físico Spero Morato (verPesquisa FAPESP nºs 50 e 110). "Ela foi importante porque surgiu antes da Lei da Inovação, de 2004, que favoreceu o nascimento dessas empresas e a participação de pesquisadores como sócios”, diz Paula.
Uma questão problemática para as spin-offs é o fato de as pequenas empresas terem que cumprir os mesmos requisitos legais que as grandes companhias. Um exemplo está em uma empresa estudada por Paula, a Chem4u, formada pelo casal Leila Keiko Jansen e José Ulisses Jansen, engenheiros químicos que trabalharam em grandes companhias do setor e em 2007 resolveram formar uma empresa a partir do tema que Ulisses tinha trabalhado no doutorado, no Ipen, relacionado a um processo de síntese de vernizes por ultravioleta e calor. "Após um período no Cietec iniciamos também o desenvolvimento de materiais nanoestruturados em que o foco passou a ser um nanoaditivo com propriedades microbicidas para inserção em materiais poliméricos”, diz Leila. "Tivemos problemas em relação às licenças ambientais, que são as mesmas para grandes, médias e pequenas empresas, o que se torna uma barreira pesada para empresas iniciantes com estruturas mínimas”, conta ela.
As duas pesquisadoras que estudaram as spin-offs registraram que um fator predominante para se ter nas universidades e institutos de pesquisa é um ambiente propício para o surgimento de novos empreendedores. "Se não existe cultura de empreendedorismo, o conhecimento não gera renda para a sociedade e para o país”, diz Claudia.
A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) é a instituição que há mais tempo incentiva atividades empreendedoras. "A Unicamp nasceu perto de empresas principalmente na engenharia, com parcerias. Essa visão de empreendedorismo vem de longo tempo com vários reitores”, diz Milton Mori, diretor executivo da Agência de Inovação da Unicamp. A grande vitrine da agência são as chamadas empresas filhas da Unicamp, que formam a Unicamp Ventures. No final de 2015 eram 286 empresas cadastradas e ativas no mercado. Dessas, 52,3% dos sócios são ou foram alunos da graduação, 18,66% da pós-graduação, 3,08% docentes e 25,96% tinham algum tipo de vínculo, como, por exemplo, licenciamento de patentes e participação na incubadora de empresas da universidade. A área de tecnologia da informação compreende 45,5% do total de empresas. Em dezembro de 2015, as filhas da Unicamp empregavam 19,2 mil pessoas e o faturamento atingiu cerca de R$ 3 bilhões. A grande maioria das empresas (93,6%) está instalada no estado de São Paulo, 63,21% delas em Campinas.
Outra recente iniciativa da Agência de Inovação da Unicamp é a Inova Ventures Participações (IVP), uma empresa que investe em startups de Campinas. "São 49 fundadores, entre empresários, muitos das empresas filhas, que atuam como anjos de investimento, mas dentro de um grupo”, diz Bruno Rondani, presidente da IVP. "Investimos de R$ 100 mil a R$ 400 mil na fase inicial da empresa após um processo de escolha.” Desde 2011 até agora foram cinco as empresas escolhidas para investimento, não necessariamente de alunos ou ex-alunos da Unicamp.
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- 07/01/2016 - Convênio entre Ministério da Saúde e CNEN destina R$ 30,2 mi ao Centro de Radiofarmácia do IpenOs recursos têm como finalidade a reforma de unidades do SUS para atendimento às exigências regulatórias e a aquisição de equipamento e material permanente para o desenvolvimento, qualificação e inovação de produtos radiofármacos
Os recursos têm como finalidade a reforma de unidades do SUS para atendimento às exigências regulatórias e a aquisição de equipamento e material permanente para o desenvolvimento, qualificação e inovação de produtos radiofármacos
Fonte: Jornal da CiênciaConvênio celebrado entre o Ministério da Saúde (MS) e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) vai garantir R$ 30.251.840,00 ao Centro de Radiofarmácia (CR) do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), visando à manutenção do Certificado de Boas Práticas de Fabricação (CBPF) e a obtenção do registro de radiofármacos junto à Anvisa. Os Termos de Execução Descentralizada de Recursos – TEDR – foram publicados no Diário Oficial da União, em 28 de dezembro de 2015 (Seção 3, página 51).
O apoio financeiro será realizado mediante três TEDR e tem como objetivo o fortalecimento do Sistema Único de Saúde – SUS, principalmente na área de medicina nuclear. Os recursos têm como finalidade a reforma de unidades do complexo da saúde para atendimento às exigências regulatórias e a aquisição de equipamento e material permanente para o desenvolvimento, qualificação e inovação de produtos radiofármacos.
De acordo com Jair Mengatti, gerente do CR e diretor de Produtos e Serviços do Ipen, esse convênio vem consolidar a parceria entre o MS e o Instituto, e vai permitir que o Centro de Radiofarmácia possa se adequar as boas práticas de fabricação no que tange à produção de radiofármacos injetáveis. "Nós temos a missão constitucional de atender a sociedade fornecendo quase 100% dos radiofármacos no Brasil. Quanto melhor e mais eficiente for o nosso serviço, mais beneficiada será a população”, afirmou.
Mengatti ressalta que o fortalecimento do SUS no âmbito da medicina nuclear é uma das reivindicações de pesquisadores, médicos e demais profissionais da área. Atualmente, a medicina nuclear brasileira conta com 436 centros em operação, responsáveis pelo atendimento de mais de 2 milhões de procedimentos a cada ano. Para a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), existe uma subutilização dessa especialidade por parte da população brasileira, em especial dos usuários do SUS.
Mas a expansão não deve se restringir à produção, na opinião de Mengatti. Ele destaca a necessidade de investimentos em pesquisas na área. "Sem pesquisa não chegaremos a lugar algum. É fundamental buscarmos financiamento junto a Capes, ao CNPq, Finep, fundações de amparo à pesquisa etc., porque é pela pesquisa que avançaremos continuamente no clico de produção dos radiofármacos”.
Antes mesmo da publicação no D.O.U., o presidente da CNEN, Renato Machado Cotta, já havia anunciado o apoio financeiro ao CR quando de sua visita ao IPEN, em 16 de dezembro passado. Na ocasião, Cotta, recém-empossado, se apresentou aos servidores do Instituto e falou desse convênio e do aporte financeiro para o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB).
(Assessoria de Comunicação Institucional – IPEN)
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- 16/11/2015 - Laboratório associado ao Cietec assina convênio de P&D com o IPENProjeto inédito da Biosintesis inovará em técnicas e metodologias in vitro, em condições de Boas Práticas de Laboratórios (BPL)
Projeto inédito da Biosintesis inovará em técnicas e metodologias in vitro, em condições de Boas Práticas de Laboratórios (BPL)
Fonte: Agência Fapesp
O Laboratório Biosintesis – associado ao Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec) – e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) fecharam acordo para o desenvolvimento de novas técnicas e metodologias para pesquisa in vitro na área de segurança e eficácia de radiofármacos e biomateriais.
O convênio tem como objetivo criar uma metodologia inédita para estudos em materiais biológicos e medicamentos radiológicos. Os estudos serão desenvolvidos dentro dos princípios de boas práticas de laboratório (BPL), um sistema de qualidade adotado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para todos os países membros. As normas estabelecem requisitos ao processo organizacional e condições técnicas para estudos não clínicos de segurança à saúde humana e ao meio ambiente.
"A exposição e a utilização de produtos seguros é uma preocupação constante para a sociedade, indústria e órgãos regulamentadores. O uso de metodologias in vitro, em ensaios biológicos validados e monitorados por sistemas de qualidade robustos, possibilita a realização de estudos de segurança e eficácia com grande rapidez, precisão e rastreabilidade dos resultados", afirma Fabiana Medeiros, diretora da Biosintesis.
Sergio Risola, diretor-executivo do Cietec, sublinha que "as normas que serão utilizadas nos estudos seguirão padrões internacionais, o que colaborará para o reconhecimento global dos produtos desenvolvidos a partir delas".
Marcelo Linardi, diretor de P&D e Ensino do Ipen, salienta a importância do convênio de Inovação Tecnológica com empresas incubadas. "O caminho da inovação tecnológica é vital para a política de continuidade dos Institutos de Pesquisas, pois dá o retorno à sociedade do investimento público em P&D, justificando todo o processo, gerando melhoria da qualidade de vida do brasileiro."
O documento que estabelece o convênio entre a Biosintesis e o IPEN estabelece um prazo de dois anos para o trabalho. De acordo com Medeiros, "inicialmente a tecnologia tem aplicação na radiofarmácia do Ipen e poderá ser desdobrada para outros segmentos da saúde".
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- 13/11/2015 - Laboratório associado ao Cietec assina convênio de pesquisa e desenvolvimento com IPENProjeto inédito da Biosintesis inovará em técnicas e metodologias in vitro, em condições de Boas Práticas de Laboratórios (BPL)
Projeto inédito da Biosintesis inovará em técnicas e metodologias in vitro, em condições de Boas Práticas de Laboratórios (BPL)
Fonte: site Maxpress
O Laboratório Biosintesis e o IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) fecharam acordo para o desenvolvimento de novas técnicas e metodologias para pesquisa in vitro. O trabalho conjunto será na área de segurança e eficácia de radiofármacos e biomateriais. O laboratório é associado ao Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia), gestor da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo USP/IPEN, desde 2008.
O convênio com o Centro de Biotecnologia do IPEN tem como objetivo principal criar uma metodologia inédita para estudos em materiais biológicos e medicamentos radiológicos. O tema das pesquisas biológicas in vitro tem instigado a criação de métodos alternativos que proporcionem resultados com ganhos qualitativos e éticos em relação aos estudos tradicionais. A preocupação fica evidente quando se analisa as constantes iniciativas de instituições de pesquisa científica e tecnológica, agências regulatórias e políticas públicas.
Os estudos serão desenvolvidos dentro dos princípios de boas práticas de laboratório (BPL), um sistema de qualidade adotado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), para todos os países membros. As normas estabelecem requisitos ao processo organizacional e condições técnicas para estudos não-clínicos de segurança à saúde humana e ao meio ambiente. A iniciativa é importante para a competitividade brasileira, uma vez que estudos in vitro com estes requisitos de qualidade só estavam disponíveis no exterior.
Segundo Fabiana Medeiros, diretora da Biosintesis, "a exposição e a utilização de produtos seguros é uma preocupação constante para a sociedade, indústria e órgãos regulamentadores. O uso de metodologias in vitro, em ensaios biológicos validados e monitorados por sistemas de qualidade robustos, possibilita a realização de estudos de segurança e eficácia com grande rapidez, precisão e rastreabilidade dos resultados".
O documento que estabelece o convênio entre a Biosintesis e o IPEN estabelece um prazo de dois anos para o trabalho. De acordo com Fabiana, "inicialmente a tecnologia tem aplicação na radiofarmácia do IPEN e pode ser desdobrada para outros segmentos da saúde".
Para Sergio Risola, diretor-executivo do Cietec, o acordo de trabalho conjunto mostra o grau de excelência do laboratório Biosintesis. "A assinatura da tratativa demonstra que a equipe de Fabiana Medeiros está apta para cooperar com um centro de referência no Brasil e na América Latina, como é o IPEN", comemora o especialista em empreendedorismo inovador. E completa: "as normas que serão utilizadas nos estudos seguirão padrões internacionais, o que colaborará para o reconhecimento global dos produtos desenvolvidos a partir delas".
Marcelo Linardi, Diretor de P&D e Ensino do IPEN, salienta a importância do convênio de Inovação Tecnológica com empresas incubadas. "O caminho da inovação tecnológica é vital para a política de continuidade dos Institutos de Pesquisas, pois dá o retorno à sociedade do investimento público em P&D, justificando todo o processo, gerando melhoria da qualidade de vida do brasileiro".
Sobre o Cietec
O Cietec, Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia, inaugurado em abril de 1998, tem como missão incentivar o empreendedorismo e a inovação tecnológica, apoiando a criação, fortalecimento e a consolidação de empresas e empreendimentos inovadores de base tecnológica. Em suas unidades de negócio, São Paulo e Mogi das Cruzes, são conduzidos processos de incubação de empresas inovadoras, em diferentes níveis de maturidade. Nesses processos o Cietec oferece serviços de apoio para demandas nas áreas de gestão tecnológica, empresarial e mercadológica, além de infraestrutura física para a instalação e operação dessas empresas. O Cietec possibilita a ampliação d o índice de sobrevivência e competitividade das micro e pequenas empresas, oferecendo a excelência de sua infra-estrutura, a capacitação do seu recurso humano e a comercialização e busca por inve stimento, como o investimento-anjo, capital semente e venture capital (capital de risco).
Siga o perfil exclusivo da Trama sobre Inovação: @tramainova -
- 30/09/2015 - Urânio enriquecido no Brasil começa a atender Angra 1Fonte: Inovação Tecnológica
As Indústrias Nucleares do Brasil (INB) produziram o primeiro lote de urânio enriquecido para ser usado na fabricação do combustível destinado ao abastecimento da Usina Angra 1.
O enriquecimento está sendo feito na Fábrica de Combustível Nuclear, em Resende (RJ).
O Brasil domina a tecnologia do enriquecimento de urânio desde os anos 1980. Em 2006, foi inaugurada a Usina de Enriquecimento, em Resende, e o urânio enriquecido desde então será usado agora para produzir o combustível necessário para a recarga de Angra 1.
A tecnologia, 100% nacional, é o resultado do esforço da Marinha do Brasil com participação do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), da Universidade de São Paulo (USP) e de outros parceiros, conduzido ao longo de três décadas.
Em 2014 o país passou a dominar a tecnologia para separar o urânio do fosfato, permitindo aproveitar o minério da jazida de Santa Quitéria, no Ceará.
Combustível nuclear para Angra
Segundo o presidente da INB, Aquilino Martinez, o Brasil tem capacidade para enriquecer, por ano, urânio para atender 7% da demanda das usinas nucleares de Angra 1 e 2.
O objetivo é ampliar essa capacidade para atender toda a demanda de combustível das duas usinas.
O domínio da tecnologia é estratégico porque reduz dependência de fornecedores para a produção de combustível nuclear.
"Além de ser estratégico para a soberania do Brasil, o domínio da tecnologia do enriquecimento significa redução da dependência de fornecedores externos para a produção de combustível nuclear", disse Martinez.
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- 10/09/2015 - INB inicia produção regular de urânio enriquecidoFonte: A Voz da Cidade
A Fábrica de Combustível Nuclear (FCN) de Resende inicia hoje a produção regular de serviços de enriquecimento de urânio para as usinas do país. O evento previsto para às 11h30min na unidade do distrito de Engenheiro Passos representará mais um importante passo das Indústrias Nucleares do Brasil (INB) no caminho para a autonomia do ciclo do Elemento Combustível. Estarão presentes na cerimônia, além do presidente da INB, Aquilino Senra, diretores da empresa e representantes da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) e do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP).
A INB planeja desde 1996 a inclusão da etapa mais sensível do ciclo do combustível nuclear em suas atividades, cuja tecnologia foi desenvolvida pelo CTMSP em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). Em maio de 2006, a empresa inaugurou a primeira Cascata da Usina de Enriquecimento de Urânio nas instalações da FCN. O projeto desenvolvido pelo CTMSP ganhou espaço na FCN ao lado das etapas da Reconversão e da produção de pastilhas, já em operação. Uma conquista que colocou o Brasil ao lado de um pequeno grupo de países que já enriquecem urânio.
Com a entrada em operação regular da Usina de Enriquecimento, a INB será capaz de enriquecer cerca de 40% do urânio utilizado em uma recarga de Angra 1. Dessa forma, o Brasil terá, além da vantagem estratégica de incorporar uma tecnologia sensível e de reduzir a dependência de fornecedores externos para a produção do combustível nuclear, ganhos econômicos significativos, correspondentes a supressões anuais de remessas de divisas para fora do país, da ordem de 15 milhões de dólares, considerando apenas o abastecimento de Angra 1.
O superintendente de Enriquecimento Isotópico Ezio Ribeiro acompanhou desde o início todos os passos da implantação da nova usina e viveu intensamente este projeto que vem ultrapassando obstáculos e superando desafios a cada dia. "É um sentimento de realização, de materialização de um sonho que se tornou realidade”, disse. Mas o futuro reserva, segundo Ezio, um desafio ainda maior. "Queremos atender toda a demanda de serviços de enriquecimento de urânio que o país necessita para continuar gerando energia elétrica limpa, segura e de qualidade para a população brasileira”, contou ele.
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- 08/09/2015 - Novo centro de pesquisa busca inovação em gás naturalA Escola Politécnica (Poli) da USP é sede de um novo Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid)
A Escola Politécnica (Poli) da USP é sede de um novo Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid)
Fonte: Farol Comunitário
Denominado Centro de Pesquisa para a Inovação em Gás Natural (CIG), o projeto tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da BG Brasil (ligada ao BG Group, empresa da área de energia).
A apresentação do novo Cepid aconteceu no dia 13 de agosto, no auditório do Tanque de Provas Numérico (TPN) da (Poli).
Com a coordenação do professor Julio Meneghini, do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, e de Alexandre Breda, gerente de Projetos Ambientais da BG Brasil, esse é o 18º Cepid da Fapesp. Durante os cinco primeiros anos, os recursos destinados ao novo Cepid totalizarão R$ 110 milhões – R$ 35 milhões da Fapesp, R$ 35 milhões da BG e R$ 40 milhões, em valores indiretos, da USP.
A equipe será formada por 174 pesquisadores, sendo 42 professores e 132 pós-graduandos. Os docentes são de diferentes unidades da USP e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), situado na Cidade Universitária. "Esse grupo é o início e o embrião de um grande projeto, porque um dos nossos objetivos é atrair outras empresas”, disse Meneghini.
Os trabalhos a serem desenvolvidos pelo CIG terão como foco as novas aplicações do gás natural e os estudos para a redução da intensidade de carbono no gás natural. "Alguns dos projetos deste Cepid visam a aumentar a eficiência dos processos de combustão utilizando gás natural. Temos um elenco de projetos que vão trabalhar com técnicas de otimização na fronteira do conhecimento”, acrescentou Meneghini.
O plano pretende desenvolver pesquisas científicas em três áreas: engenharia; físico-química; e política energética e economia. "A Fapesp cobra muito, cientificamente, os projetos que ela patrocina. Como ela está patrocinando 28 projetos, nós temos a expectativa de fazer com que as publicações tenham um impacto muito grande, sem esquecer de fazer transferência de tecnologia”, afirmou.
O evento no TPN também teve a presença da equipe técnica da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), uma empresa pública criada por lei em 2010, mas fundada por decreto somente em agosto de 2013. Entre seus objetivos estão gerenciar e fiscalizar os contratos de partilha de produção e comercialização de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos, além de representar a União em acordos de produção.
A equipe da PPSA esteve na USP com o objetivo de verificar as áreas de conhecimento da Universidade que podem contribuir com soluções científicas para os problemas enfrentados. "Nós vamos precisar de consultorias e procuraremos as universidades para alguns problemas estratégicos da PPSA, que incluem obter mais conhecimento sobre os recursos do pré-sal, fazer análise econômica e outros estudos estratégicos”, afirmou o diretor da empresa, Edson Yoshihito Nakagawa.
Convênio
O coordenador-geral do TPN, professor Kazuo Nishimoto, do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica, conta que resolveu organizar o evento para que os professores da Poli tivessem mais acesso a informações sobre a PPSA, já que se trata de uma nova empresa estatal que gerencia todos os campos do pré-sal.
O relacionamento entre a empresa e a Universidade está, por enquanto, somente em estudos. Por isso, poucas metas foram definidas. "Ainda teríamos que assinar um convênio e, dentro desse convênio, ter vários projetos mais específicos”, disse Nishimoto. Segundo ele, algumas propostas seriam consolidadas ainda em agosto. A Escola Politécnica poderá contribuir com o Tanque de Provas Numérico – laboratório pioneiro na área de petróleo, gás e sistemas marítimos – e com pesquisas produzidas pelo seu corpo docente.
Durante o evento, Edson Nakagawa ainda apresentou as diretrizes e atuações da PPSA, além de mostrar alguns números a respeito da exploração da camada do pré-sal. O diretor mencionou que se espera um investimento de US$ 108 bilhões no processo exploratório até 2019. No mês de maio deste ano, por exemplo, a produção nos 49 poços de extração do pré-sal foi de aproximadamente 900 mil barris de petróleo. "Isso significa uma produtividade muito alta. Temos poços hoje produzindo mais de 30 mil barris por dia”, explicou.
Ainda foi comentada a criação do regime de partilha, em 2010, para a exploração do Campo de Libra, a maior reserva de petróleo conhecida no Brasil, que será o processo utilizado nas futuras negociações. Nesse caso, a União recebe uma parte do excedente em óleo, que é convertida em investimentos em educação e saúde. "A nossa finalidade é sempre maximizar os resultados econômicos dos contratos de partilha e na comercialização de petróleo e gás da União”, disse Nakagawa.
André Meirelles, do Jornal da USP via Agência USP
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- 25/08/2015 - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares comemora 59 anos de fundaçãoFonte: Blog da USPNo dia 28 de agosto, às 14h, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) realiza uma sessão solene para comemorar os seus 59 anos, com a outorga de título de pesquisador emérito e a entrega 2º Prêmio Ipen de Inovação Tecnológica.
O título de pesquisador emérito do Ipen-2015 será entregue ao professor Francisco Ambrózio Filho. O professor possui graduação, mestrado e doutorado em Engenharia Metalúrgica pela USP. Ele foi professor do Departamento de Engenharia de Materiais do Centro Universitário da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e colaborador da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Tem experiência na área de Engenharia de Materiais e Metalúrgica, com ênfase em processamento por técnicas de Metalurgia de Pó e Técnicas de caracterização de materiais, atuando principalmente nos seguintes temas: processamento de metais e ligas por técnicas de metalurgia do pó, sinterização de ligas metálicas e sua caracterização.
O evento faz arte da Semana de Ciência e Tecnologia do Ipen, que acontece de 24 a 28 de agosto, com a realização de atividades culturais e de divulgação científica.
O Instituto é uma autarquia vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo e gerida técnica e administrativamente pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), do Governo Federal. A autarquia está localizado dentro da Cidade Universitária "Armando de Salles Oliveira” (Cuaso), no Butantã, ocupando uma área de 500 mil metros quadrados.
O Ipen tem uma destacada atuação em vários setores da atividade nuclear, entre elas nas aplicações das radiações e radioisótopos, em reatores nucleares, em materiais e no ciclo do combustível, em radioproteção e dosimetria. Os resultados desta atuação vêm proporcionando avanços significativos no domínio de tecnologias, na produção de materiais e na prestação de serviços de valor econômico e estratégico para o país, possibilitando estender os benefícios da energia nuclear à segmentos maiores de nossa população.
Mais informações sobre a sessão solene pelo telefone: (11) 3133-9100 / 8889
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- 19/08/2015 - Greve no IPEN busca não prejudicar atividades ligadas à sociedadeParalisação teve início no segundo semestre e faz parte do movimento nacional de servidores federais contra o ajuste salarial
Paralisação teve início no segundo semestre e faz parte do movimento nacional de servidores federais contra o ajuste salarial
Fonte: Jornal do Campus
Em greve desde o dia 4 de agosto, os trabalhadores do Instituto de de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) estão mantendo suas principais atividades, apesar da situação atípica causada pela paralisação de parte da categoria. Pontos críticos, como a produção de radiofármacos, e outros que são relacionados à universidade, como as aulas para pós-graduação, não sofreram paralisações por decisão dos funcionários, acordada em assembleia.
Apesar de ocupar meio quilômetro quadrado dentro da Cidade Universitária, o Instituto éuma autarquia gerida pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), o que significa na prática uma independência em relação à Universidade e ao governo estadual. Além disso, o local não é aberto à comunidade uspiana por conta do manuseio de materiais nucleares, fazendo com que o potencial de integração entre os locais seja diminuído pelo acesso controlado. Contudo, existe uma relação entre o IPEN e a USP que se dá, em sua maior parte, através da pesquisa e das aulas de pós-graduação ministrada pelos pesquisadores do Instituto.
Essas aulas estão acontecendo normalmente e, até o momento, não houve queixa por parte dos alunos sobre paralisações, segundo a representante discente Juliana Pereira de Souza: "Até agora nenhum aluno veio me procurar para reclamar, mas imagino que se a greve persistir comecem a acontecer alguns problemas”. A questão da manutenção das aulas é explicada por Luis Genova, funcionário atuante no movimento grevista e secretário-geral da Associação dos servidores do IPEN (ASSIPEN): "Em relação a universidade é diferente. Nossa atividade fim aqui é a pesquisa, mas muita gente dá aula também. Foi decidido em assembleia que não valia a pena prejudicar os alunos”.
Genova ressalta que a categoria dos pesquisadores é a menos presente no movimento ainda que alguns tenham aderido à greve. A maioria dos paralisados são, em sua maioria, técnicos dos diversos laboratórios e funcionários administrativos. "Os laboratórios não ficam fechados, mas o complicado é que muitas vezes o pesquisador não sabe manusear o equipamento. A pesquisa não está totalmente parada, mas a situação também não está normal, caso contrário não haveria sentido em fazer greve”, aponta o secretário.
A paralisação faz parte do movimento de servidores federais contra o ajuste salarial de 21,3% parcelado em quatro anos, que foi proposto pelo governo. De acordo com a categoria, a medida é extremamente prejudicial para os trabalhadores, pois dilui o ajuste em um longo período de tempo e em porcentagem menor do que a inflação anual. A proposta da greve é pressionar o governo a oferecer um acordo que seja mais proveitoso para os servidores federais até o fim do mês, quando a proposta de reajuste será apresentada. "Nós somos parte do ajuste fiscal. A política do governo é jogar a crise em cima dos trabalhadores. Não existe nenhuma medida do governo que tenha repassado a crise pra quem tem dinheiro de fato”, completa Genova.
Mesmo com cerca de 37% dos trabalhadores aderentes ao movimento grevista, o Diretor de Planejamento e Gestão do IPEN, Dr. Willy Hope de Sousa, afirma que nenhuma atividade do Instituto está sendo comprometida com a paralisação. Para Genova, essa avaliação da diretoria se refere majoritariamente à fabricação de radiofármacos, uma vez que a produção do material foi mantida mesmo com a redução da mão de obra. Contudo, até mesmo operações mais emergenciais como essa podem ser afetadas caso a greve persista.
Por Beatriz Quesada
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- 06/08/2015 - Feira Tecnológica Ipen-Cnen/SPFonte: Agência Fapesp
O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) realizará, no dia 11 de agosto de 2015, a Feira Tecnológica Ipen-Cnen/SP. O evento faz parte da programação do 3º Workshop de Inovação Tecnológica, que será realizado de 10 a 12 de agosto.
Os objetivos da feira são apresentar tecnologias com lasers e suas aplicações e estabelecer novas parcerias entre o Ipen e o setor produtivo industrial por meio da transferência de tecnologia. Cinco apresentações e uma rodada de negociações estão programadas para o evento.
O pesquisador Wagner de Rossi apresentará o processo de "Funcionalização de superfícies com laser”, que poderá gerar parcerias para o desenvolvimento de aplicativos específicos. "Lasers de estado sólido” é o tema que será abordado por Niklaus Ursus Wetter.
A organização do evento é do Núcleo de Inovação Tecnológica do Ipen (NIT-Ipen). Treze empresas já confirmaram presença.
As atividades ocorrerão no Auditório Rômulo Ribeiro Pieroni, bloco A, no Ipen, localizado na Av. Prof. Lineu Prestes, 2242, Cidade Universitária, em São Paulo.
Inscrições e mais informações: https://sites.google.com/site/nitipensp/home e nit@ipen.br.
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- 04/08/2015 - Startups de não alunos faturam até R$ 9 milhões em incubadoras de universidades públicasAcesso a laboratórios, consultorias e proximidade com grandes empresas são algumas das vantagens desses centros de desenvolvimento empresarial
Acesso a laboratórios, consultorias e proximidade com grandes empresas são algumas das vantagens desses centros de desenvolvimento empresarial
Fonte: DCI
SÃO PAULO - Muitas instituições de ensino superior públicas mantêm incubadoras de negócios que aceitam projetos de quem não é aluno. O caminho para ingressar nesses centros de desenvolvimento empresarial normalmente é por meio de edital. Mas há universidades que têm processos seletivos contínuos. Projetos de base tecnológica e inovadores são prioridades nas escolhas.
Esses espaços são oportunidades para os empreendedores que não contam com muitos recursos para desenvolverem suas startups. Mensalidades que vão desde R$ 80 para a pré-incubação a até pouco mais de R$ 2 mil, em pós-incubação, são os custos para aproximar as empresas do conhecimento acadêmico e também do mercado e investidores.
"O empreendedor passa a conviver em um ambiente rico em oportunidades", garante o coordenador da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Universidade Estadual de Campinas (Incamp) em São Paulo, Walter Wascheck Neto. Ele se refere à estrutura oferecida pelas instituições, como laboratórios completos e dedicados, acesso às pesquisas e pesquisadores e baixo custo de manutenção das empresas em relação à instalação fora das incubadoras.
Há outras vantagens que contribuem muito para a evolução dos projetos. A gerente do Centro de Empreendedorismo e Incubação do Programa de Incubação de Empresas (CEI-Proine) da Universidade Federal de Goiás, Emília Rosângela Pires da Silva, destaca os serviços estratégicos de consultorias, capacitações, a rede de contatos e a participação em eventos.
"É vital para alavancagem da empresa nos dois primeiros anos", diz o diretor-executivo do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Sérgio Risola. O especialista acrescenta que gigantes da tecnologia, como Google e Facebook, sempre ficam de olho nos projetos das incubadoras.
Na mira das grandes
Outra vantagem, pontua Risola, é a busca que as grandes corporações têm feito nas incubadoras de instituições públicas. Isso porque o custo para essas companhias em troca do benefício, muitas vezes, é bem menor ao criar parcerias comerciais com startups do que ao investir em pesquisa e desenvolvimento. Companhias como a General Motors e Mercedes-Benz são exemplos de empresas que têm procurado parceiros dentro do Cietec, revela o especialista.
William Carnicelli é um exemplo de empreendedor que não pertencia ao mundo acadêmico e atingiu resultado relevante dentro de uma incubadora de instituição pública de ensino. Sua empresa, Alpha Br, foi incubada no Cietec. "Ele veio de fora, usou um bocado do conhecimento daqui dentro e, com a Alpha Br, chegou a faturar R$ 9 milhões no ano passado", conta Risola.
A proposta da Alpha Br é desenvolver tecnologia para a produção de fármacos de alto valor agregado. "Com 12 ou 13 pessoas, eles desenvolveram um princípio ativo para um tipo de remédio ansiolítico aqui dentro", resume Risola. A ideia inovadora inicial se transformou em uma solução para que a indústria farmacêutica substitua os gastos e a burocracia da importação.
Custos
Como a Alpha Br, todas as instaladas no Cietec, atualmente 120 empresas, desembolsam, por mês, R$ 600 para pré-incubação. Para a incubação, são no mínimo R$ 2 mil mensais. Quando as companhias são graduadas, ou seja, atingem estágio suficiente para caminhar sem o amparo da incubadora, contribuem com 2% do faturamento pelo mesmo período em que usufruíram dos recursos do centro de fomento.
Risola destaca que há ainda a possibilidade de pós-incubação, para as empresas que já estão graduadas e ainda dependem, de alguma maneira, da estrutura do Cietec. Neste caso, as mensalidades ficam pouco maiores e também há uma alíquota de 2% sobre o faturamento. Ao todo, é possível ficar instalado nas dependências do centro por sete anos.
Na Proine, da UFG, as três fases da incubação custam entre R$ 80 e R$ 561 mensais inicialmente. A incubadora acolhe as startups por até sete anos. Segundo Emília, o processo seletivo também é regido por editais e os projetos devem "estar relacionados com as áreas de atuação da UFG". A instituição de ensino registra 54 empresas incubadas, 24 delas de não alunos.
Na Incamp, 20 projetos foram aprovados para incubação, 15 estão instalados e os demais em fase de formalização. Cinco dessas empresas são de empreendedores de fora da Unicamp, explica Wascheck Neto. Entre elas estão a AiderNano, na área de nanotecnologia, a InovaFI, de tratamento de efluentes gasosos industriais, e a Processium, de processos químicos. O preço para ser incubado varia entre R$ 350 a R$ 750 por mês, diz o coordenador.
O custo é pouco menor para a incubação na Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais. A Incubadora de Empresas de Base Tecnológica (Inbatec) cobra mensalidades desde R$ 80, para empresas incubadas em espaços compartilhados,a R$ 200, para locações individuais, tanto para alunos quanto empreendedores de fora.
Há quatro áreas de atuação pré-definidas para as startups, explica a gerente operacional e administrativa da Inbatec, Raphaela Silva Ribeiro: agronegócio, biotecnologia, gestão ambiental e tecnologia de informação. A seleção é realizada mediante edital.
Seleção e áreas de atuação
Na Incubadora de Empresas do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), não há vagas neste momento, mas há previsão para novo edital ainda neste mês de agosto, diz a coordenadora, Regina Faria. Ela conta que, normalmente, não há temas definidos, mas a locação "é voltada para empresas inovadoras, de base tecnológica e que tenham potencial de interação com a universidade".
A instituição fluminense acolhe 31 startups. Entre as empresas incubadas na Coppe estão a GT2 Energia, que desenvolve solução robótica para inspeção visual de caldeiras de indústrias, e a Petcell, com o objetivo de ser o primeiro laboratório de células-tronco para uso veterinário no estado.
Na Incubadora de Empresas da Universidade Estadual do Ceará (IncubaUECE), há limites para a participação de projetos inovadores que não sejam de estudantes, destaca a coordenadora executiva, Maria José Barbosa Gomes. As startups ou empresas também podem pertencer a idealizadores não alunos, porém é necessário ter vínculos com as áreas de biotecnologia ou energias renováveis.
A Universidade de Brasília (UnB), com a Multincubadora do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico, e a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), com a Pantanal Incubadora Mista de Empresas (Pime), também aceitam projetos de empreendedores de fora das instituições. Ambas dão prioridade para projetos de base tecnológica.
Pedro Souza
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- 04/08/2015 - IPEN obtém laser com eficiência inéditaNd:YLF - Eficiência de conversão da potência recebida é a maior já registrada para equipamentos do gênero e foi conseguida sem acréscimo de componentes caros ou de procedimentos complexos
Nd:YLF - Eficiência de conversão da potência recebida é a maior já registrada para equipamentos do gênero e foi conseguida sem acréscimo de componentes caros ou de procedimentos complexos
Fonte: Site Inovação Tecnológica
Um desenho inovador possibilitou aos físicos Niklaus Wetter (IPEN - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) e Alessandro Deana (Universidade Nove de Julho) obterem um laser com 60% de eficiência.
Esta é a maior eficiência já registrada no mundo para equipamentos do gênero.
O resultado foi obtido apenas reconfigurando a geometria de um laser de Nd:YLF (fluoreto de ítrio e lítio dopado com neodímio), sem acrescentar componentes caros e complexos ao equipamento original.
O resultado é um laser muito compacto, robusto e leve, adequado para aplicações em satélites e outros dispositivos móveis, como aqueles que empregam a tecnologia lidar (light detection and ranging), uma espécie de radar de luz.
"A eficiência que obtivemos, de 60%, foi a melhor já reportada para esse tipo de cristal. Significa que mais da metade da potência utilizada para fazer o equipamento funcionar se converte em luz laser, produzindo um feixe de altíssima qualidade", disse Wetter.
Lasers antigos
O pesquisador lembra que os lasers antigos, utilizados até o início dos anos 1990, eram equipamentos de grande porte e baixíssima eficiência. No caso dos lasers a gás, que emitiam na faixa da luz visível, menos de 1% da energia recebida era convertida em feixe laser, sendo mais de 99% transformados em calor.
"Isso exigia sistemas de refrigeração enormes e edificações anexas ao prédio onde estava o equipamento para acomodar o sistema de refrigeração. Para gerar 10 watts de luz era necessário remover milhares de watts de calor," disse Wetter.
Muitas melhorias foram feitas ao longo dos anos e os lasers de estado sólido dopados com neodímio tornaram-se as melhores opções quando o objetivo era conciliar alta potência com alta qualidade, mas a eficiência não passava de 10%. A eficiência melhorou muito, chegando a 50%, com o advento do laser de diodo de alta potência. A tradicional lâmpada de bombeamento, que era ineficiente, saiu de cena e foi trocada pelo diodo.
Cirurgia no laser
"A intensidade do feixe laser obedece radialmente a uma distribuição gaussiana. Isto é, a maior intensidade está na linha central, e seu valor decai do centro para a periferia do feixe. O que fizemos foi potencializar esse cerne mais intenso do feixe por meio de uma reconfiguração geométrica", disse Wetter.
A novidade introduzida foi fazer o polimento do cristal não apenas nas faces de entrada e saída do feixe, mas também em uma das laterais e direcionar o feixe para a superfície lateral polida, onde ele sofre reflexão interna total. Com essa reflexão, o cerne do feixe é exposto e então recebe o bombeamento pelo diodo.
"É como se abríssemos o feixe de laser com um bisturi e entregássemos nosso aporte de energia exatamente no meio, onde a intensidade é máxima", comparou o pesquisador.
Embora esse artifício propicie a alta eficiência do laser como um todo, ele não garante a qualidade do feixe. Para obter um feixe de excelente qualidade, a dupla recorreu a um procedimento adicional, que foi fazer o feixe incidir uma segunda vez na superfície de bombeamento, a uma distância muito bem calculada da incidência inicial. A vizinhança das duas linhas impede que o feixe laser se alargue, perdendo qualidade.
Prático e útil
O pesquisador ressaltou que a reconfiguração que fez teve em vista o mercado brasileiro, evitando a dependência de insumos caros, sistemas complexos de bombeamento ou cuidados especiais com o isolamento térmico em relação ao ambiente.
"Nosso equipamento é um laser pequeno e robusto, que pode ser operado em qualquer lugar, sem a necessidade de um ambiente com controle de temperatura ou vácuo. Existem até lasers mais eficientes, mas estes exigem materiais especiais, muito caros. O melhor da atualidade, um laser de itérbio, alcança em torno de 80% de eficiência, porém precisa ser refrigerado à temperatura de 78 Kelvin (menos 195 graus Celsius, aproximadamente), que, obviamente, não é uma coisa prática," disse Wetter.
Em vez de funcionar continuamente, o equipamento emite pulsos curtos muito intensos, de 7 a 8 nanossegundos de duração e mais de 1 milijoule de energia, em intervalos de 1 milissegundo. "A alta intensidade possibilita uma série de efeitos, como, por exemplo, a geração de segundo harmônico. Isso faz com que o laser, que normalmente opera no infravermelho próximo, passe a operar também na faixa da luz visível, na cor verde."
Uma das utilizações do laser verde é a remoção de tatuagens em dermatologia. Mas os usos são muitos e diversificados: desde a pesquisa ambiental, com a emissão de pulsos na atmosfera e o recolhimento da luz espalhada para o rastreamento de poluentes, à gravação de peças na indústria.
A técnica lidar, por exemplo, já vem sendo usada para estudar as mudanças climáticas e medir os níveis de poluição da indústria.
Bibliografia:
Influence of pump bandwidth on the efficiency of side-pumped, double-beam mode-controlled lasers: establishing a new record for Nd:YLiF4 lasers using VBG
Niklaus U. Wetter, Alessandro M. Deana
Optics Express
Vol.: 23, Issue 7, pp. 9379-9387
DOI: 10.1364/OE.23.009379