Ipen na Mídia
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- 01/08/2015 - Pesquisador do Ipen produz laser compacto com alta eficiênciaDesenho inovador permitiu obter a maior eficiência registrada no mundo para equipamentos do gênero
Desenho inovador permitiu obter a maior eficiência registrada no mundo para equipamentos do gênero
Fonte: Jornal do Brasil
Um desenho inovador possibilitou ao físico Niklaus Ursus Wetter, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), obter um laser com 60% de eficiência – a maior registrada no mundo para equipamentos do gênero.
O resultado foi alcançado no âmbito do projeto de pesquisa "Desenvolvimento de lasers compactos e de alta eficiência para aplicações em lidar móvel e satélite”, apoiado pela FAPESP , e comunicado no artigo "Influence of pump bandwidth on the efficiency of side-pumped, double-beam mode-controlled lasers: establishing a new record for Nd:YLiF4 lasers using VBG”, publicado na revista Optics Express.
Sem acrescentar componentes caros e complexos ao equipamento original, Wetter conseguiu o resultado apenas reconfigurando a geometria de um laser de Nd:YLF (fluoreto de ítrio e lítio dopado com neodímio).
O resultado foi um laser muito compacto, robusto e leve, como deve ser para aplicações em satélites e outros dispositivos móveis, como aqueles que empregam a tecnologia lidar (light detection and ranging).
"A eficiência que obtivemos, de 60%, foi a melhor já reportada para esse tipo de cristal. Significa que mais da metade da potência utilizada para fazer o equipamento funcionar se converte em luz laser, produzindo um feixe de altíssima qualidade”, disse o pesquisador à Agência FAPESP.
Wetter bacharelou-se em Física no ETHZ, o Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, Suíça, e finalizou seu doutorado no Ipen. Ocupa, desde 2013, o cargo de gerente do Centro de Lasers e Aplicações (CLA) do instituto.
O pesquisador lembrou que os lasers antigos, utilizados até o início dos anos 1990, eram equipamentos de grande porte e baixíssima eficiência. No caso dos lasers a gás, que emitiam na faixa da luz visível, menos de 1% da energia recebida era convertida em feixe laser, sendo mais de 99% transformados em calor.
"Isso exigia sistemas de refrigeração enormes e edificações anexas ao prédio onde estava o equipamento para acomodar o sistema de refrigeração. Para gerar 10 watts de luz era necessário remover milhares de watts de calor”, disse Wetter.
Muitas melhorias foram feitas ao longo dos anos e os lasers de estado sólido dopados com neodímio tornaram-se as melhores opções quando o objetivo era conciliar alta potência com alta qualidade, mas a eficiência não passava de 10%. A eficiência melhorou muito, chegando a 50%, com o advento do laser de diodo de alta potência. A tradicional lâmpada de bombeamento, que era ineficiente, saiu de cena e foi trocada pelo diodo.
"Nosso equipamento é um laser pequeno e robusto, que pode ser operado em qualquer lugar, sem a necessidade de um ambiente com controle de temperatura ou vácuo. Existem até lasers mais eficientes, mas estes exigem materiais especiais, muito caros. O melhor da atualidade, um laser de itérbio, alcança em torno de 80% de eficiência, porém precisa ser refrigerado à temperatura de 78 Kelvin (menos 195 graus Celsius, aproximadamente), que, obviamente, não é uma coisa prática”, disse Wetter.
O pesquisador ressaltou que a reconfiguração que fez teve em vista o mercado brasileiro, evitando a dependência de insumos caros, sistemas complexos de bombeamento ou cuidados especiais com o isolamento térmico em relação ao ambiente.
Em vez de funcionar continuamente, o equipamento emite pulsos curtos muito intensos, de 7 a 8 nanossegundos de duração e mais de 1 milijoule de energia, em intervalos de 1 milissegundo. "A alta intensidade possibilita uma série de efeitos, como, por exemplo, a geração de segundo harmônico. Isso faz com que o laser, que normalmente opera no infravermelho próximo, passe a operar também na faixa da luz visível, na cor verde.”
Como se sabe, uma das utilizações do laser verde é a remoção de tatuagens em dermatologia. Mas os usos são muitos e diversificados: desde a pesquisa ambiental, com a emissão de pulsos na atmosfera e o recolhimento da luz espalhada para o rastreamento de poluentes, à gravação de peças na indústria.
Monocromia, coerência e colimação
O termo "laser” é composto pelas iniciais das palavras inglesas light amplification by stimulated emission of radiation ("amplificação da luz por emissão estimulada de radiação”). Trata-se de um processo que produz radiação eletromagnética monocromática (com somente um comprimento de onda), coerente (com todas as ondas em concordância de fase) e colimada (com os raios praticamente paralelos). Todas as virtudes do laser vêm da combinação dessas três características.
Para isso, um determinado material, chamado de "meio ativo”, é bombeado por uma fonte de energia (por exemplo, uma lâmpada ou um diodo). Devido ao aporte de energia, os átomos do material ficam excitados, com seus elétrons migrando para as órbitas mais energéticas.
Espontaneamente, cada elétron tende a retornar ao estado fundamental (de mínima energia), emitindo a energia excedente na forma de fóton (quantum de luz). Mas, em vez de deixar que o decaimento ocorra ao acaso, o dispositivo o induz por meio de outro fóton da mesma energia.
Cada fóton liberado por um elétron estimula, então, o elétron seguinte a emitir outro fóton, com o mesmo comprimento de onda. Desencadeia-se, assim, um efeito cascata. E um componente chamado "ressonador” faz os fótons produzidos retornarem ao meio ativo, induzindo mais emissão estimulada.
Desse modo, é gerada uma emissão de grande intensidade, com as três características mencionadas: monocromia, coerência e colimação.
Reconfiguração geométrica
"A intensidade do feixe laser obedece radialmente a uma distribuição gaussiana. Isto é, a maior intensidade está na linha central, e seu valor decai do centro para a periferia do feixe. O que fizemos foi potencializar esse cerne mais intenso do feixe por meio de uma reconfiguração geométrica”, disse Wetter.
A novidade introduzida foi fazer o polimento do cristal não apenas nas faces de entrada e saída do feixe, mas também em uma das laterais e direcionar o feixe para a superfície lateral polida, onde ele sofre reflexão interna total. Com essa reflexão, o cerne do feixe é exposto e então recebe o bombeamento pelo diodo.
"É como se abríssemos o feixe de laser com um bisturi e entregássemos nosso aporte de energia exatamente no meio, onde a intensidade é máxima”, comparou o pesquisador.
Embora esse artifício propicie a alta eficiência do laser como um todo, ele não garante a qualidade do feixe. Para obter um feixe de excelente qualidade, Wetter recorreu a um procedimento adicional, que foi fazer o feixe incidir uma segunda vez na superfície de bombeamento, a uma distância muito bem calculada da incidência inicial. A vizinhança das duas linhas impede que o feixe laser se alargue, perdendo qualidade.
"Os dois passos, que fazem parte do mesmo feixe laser, brigam por energia de bombeamento. Como estão muito perto um do outro, não conseguem aumentar de calibre sem roubar energia deles mesmos. Como consequência, o feixe permanece com o menor tamanho transversal possível”, disse Wetter.
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- 31/07/2015 - Oficina de Teatro de Bonecos ocorrerá às sextas-feiras de agosto na BrasitalFonte: Portal Guia São Roque
da assessoria de imprensa da Prefeitura de São Roque
O artista plástico Darcy Penteado, nascido em São Roque em abril de 1926 é bastante conhecido e referenciado por suas pinturas, desenhos, gravuras, literatura, cenários, figurinos e desenhos, tendo atuado em várias áreas e merecedor de inúmeros prêmios.
O que poucas pessoas sabem é que no inicio de sua carreira, desenvolveu um projeto de "Teatro de Bonecos” com fins educativos e, nos anos 70, retoma este projeto com seu irmão Dirceu, a partir da idéia de marionetes como um produto para divulgação do nome de São Roque.
As "Oficinas de Teatro de Bonecos Darcy Penteado”, que serão realizadas todas as sextas-feiras de agosto na Brasital, das 16 às 18h, sob orientação, de Clarissa Moser, tiveram como inspiração, este lado lúdico do Artista e é produto cultural do Projeto "Irradiação do acervo em Papel do Artista Darcy Penteado” que, em parceria com o IPEN/USP, irradiou todo o acervo com raios gama para protegê-lo da proliferação de fungos visível em vários de seus exemplares.
Nas oficinas, em teatrinho que reproduz o modelo criado por Darcy Penteado, as crianças de 8 a 12 anos, poderão criar bonecos e textos e os apresentarem para seus companheiros, como terão também, a oportunidade de verem reproduções de cenários e figurinos do artista.
As inscrições ocorrem de forma gratuita na secretaria do departamento de Cultura na Brasital. Vale lembrar, que o projeto, é beneficiado pela Lei Municipal 4084, de autoria da Prefeitura, que subsidia importantes projetos para o município, por meio do Fundo Municipal de Cultura.
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- 31/07/2015 - Pesquisador do Ipen produz laser compacto com alta eficiênciaFonte: Agência FAPESPUm desenho inovador possibilitou ao físico Niklaus Ursus Wetter, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), obter um laser com 60% de eficiência - a maior registrada no mundo para equipamentos do gênero.
O resultado foi alcançado no âmbito do projeto de pesquisa "Desenvolvimento de lasers compactos e de alta eficiência para aplicações em lidar móvel e satélite”, apoiado pela FAPESP , e comunicado no artigo "Influence of pump bandwidth on the efficiency of side-pumped, double-beam mode-controlled lasers: establishing a new record for Nd:YLiF4 lasers using VBG”, publicado na revista Optics Express.
Sem acrescentar componentes caros e complexos ao equipamento original, Wetter conseguiu o resultado apenas reconfigurando a geometria de um laser de Nd:YLF (fluoreto de ítrio e lítio dopado com neodímio).
O resultado foi um laser muito compacto, robusto e leve, como deve ser para aplicações em satélites e outros dispositivos móveis, como aqueles que empregam a tecnologia lidar (light detection and ranging).
"A eficiência que obtivemos, de 60%, foi a melhor já reportada para esse tipo de cristal. Significa que mais da metade da potência utilizada para fazer o equipamento funcionar se converte em luz laser, produzindo um feixe de altíssima qualidade”, disse o pesquisador à Agência FAPESP.
Wetter bacharelou-se em Física no ETHZ, o Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, Suíça, e finalizou seu doutorado no Ipen. Ocupa, desde 2013, o cargo de gerente do Centro de Lasers e Aplicações (CLA) do instituto.
O pesquisador lembrou que os lasers antigos, utilizados até o início dos anos 1990, eram equipamentos de grande porte e baixíssima eficiência. No caso dos lasers a gás, que emitiam na faixa da luz visível, menos de 1% da energia recebida era convertida em feixe laser, sendo mais de 99% transformados em calor.
"Isso exigia sistemas de refrigeração enormes e edificações anexas ao prédio onde estava o equipamento para acomodar o sistema de refrigeração. Para gerar 10 watts de luz era necessário remover milhares de watts de calor”, disse Wetter.
Muitas melhorias foram feitas ao longo dos anos e os lasers de estado sólido dopados com neodímio tornaram-se as melhores opções quando o objetivo era conciliar alta potência com alta qualidade, mas a eficiência não passava de 10%. A eficiência melhorou muito, chegando a 50%, com o advento do laser de diodo de alta potência. A tradicional lâmpada de bombeamento, que era ineficiente, saiu de cena e foi trocada pelo diodo.
"Nosso equipamento é um laser pequeno e robusto, que pode ser operado em qualquer lugar, sem a necessidade de um ambiente com controle de temperatura ou vácuo. Existem até lasers mais eficientes, mas estes exigem materiais especiais, muito caros. O melhor da atualidade, um laser de itérbio, alcança em torno de 80% de eficiência, porém precisa ser refrigerado à temperatura de 78 Kelvin (menos 195 graus Celsius, aproximadamente), que, obviamente, não é uma coisa prática”, disse Wetter.
O pesquisador ressaltou que a reconfiguração que fez teve em vista o mercado brasileiro, evitando a dependência de insumos caros, sistemas complexos de bombeamento ou cuidados especiais com o isolamento térmico em relação ao ambiente.
Em vez de funcionar continuamente, o equipamento emite pulsos curtos muito intensos, de 7 a 8 nanossegundos de duração e mais de 1 milijoule de energia, em intervalos de 1 milissegundo. "A alta intensidade possibilita uma série de efeitos, como, por exemplo, a geração de segundo harmônico. Isso faz com que o laser, que normalmente opera no infravermelho próximo, passe a operar também na faixa da luz visível, na cor verde.”
Como se sabe, uma das utilizações do laser verde é a remoção de tatuagens em dermatologia. Mas os usos são muitos e diversificados: desde a pesquisa ambiental, com a emissão de pulsos na atmosfera e o recolhimento da luz espalhada para o rastreamento de poluentes, à gravação de peças na indústria.
Monocromia, coerência e colimação
O termo "laser” é composto pelas iniciais das palavras inglesas light amplification by stimulated emission of radiation ("amplificação da luz por emissão estimulada de radiação”). Trata-se de um processo que produz radiação eletromagnética monocromática (com somente um comprimento de onda), coerente (com todas as ondas em concordância de fase) e colimada (com os raios praticamente paralelos). Todas as virtudes do laser vêm da combinação dessas três características.
Para isso, um determinado material, chamado de "meio ativo”, é bombeado por uma fonte de energia (por exemplo, uma lâmpada ou um diodo). Devido ao aporte de energia, os átomos do material ficam excitados, com seus elétrons migrando para as órbitas mais energéticas.
Espontaneamente, cada elétron tende a retornar ao estado fundamental (de mínima energia), emitindo a energia excedente na forma de fóton (quantum de luz). Mas, em vez de deixar que o decaimento ocorra ao acaso, o dispositivo o induz por meio de outro fóton da mesma energia.
Cada fóton liberado por um elétron estimula, então, o elétron seguinte a emitir outro fóton, com o mesmo comprimento de onda. Desencadeia-se, assim, um efeito cascata. E um componente chamado "ressonador” faz os fótons produzidos retornarem ao meio ativo, induzindo mais emissão estimulada.
Desse modo, é gerada uma emissão de grande intensidade, com as três características mencionadas: monocromia, coerência e colimação.
Reconfiguração geométrica
"A intensidade do feixe laser obedece radialmente a uma distribuição gaussiana. Isto é, a maior intensidade está na linha central, e seu valor decai do centro para a periferia do feixe. O que fizemos foi potencializar esse cerne mais intenso do feixe por meio de uma reconfiguração geométrica”, disse Wetter.
A novidade introduzida foi fazer o polimento do cristal não apenas nas faces de entrada e saída do feixe, mas também em uma das laterais e direcionar o feixe para a superfície lateral polida, onde ele sofre reflexão interna total. Com essa reflexão, o cerne do feixe é exposto e então recebe o bombeamento pelo diodo.
"É como se abríssemos o feixe de laser com um bisturi e entregássemos nosso aporte de energia exatamente no meio, onde a intensidade é máxima”, comparou o pesquisador.
Embora esse artifício propicie a alta eficiência do laser como um todo, ele não garante a qualidade do feixe. Para obter um feixe de excelente qualidade, Wetter recorreu a um procedimento adicional, que foi fazer o feixe incidir uma segunda vez na superfície de bombeamento, a uma distância muito bem calculada da incidência inicial. A vizinhança das duas linhas impede que o feixe laser se alargue, perdendo qualidade.
"Os dois passos, que fazem parte do mesmo feixe laser, brigam por energia de bombeamento. Como estão muito perto um do outro, não conseguem aumentar de calibre sem roubar energia deles mesmos. Como consequência, o feixe permanece com o menor tamanho transversal possível”, disse Wetter.
O cristal é bombeado com luz pelo diodo. Uma lente colima a radiação do diodo e a direciona para o exato local onde as duas linhas do feixe sofrem reflexão interna total na superfície polida do cristal, causando a amplificação do feixe. O ressonador, delimitado pelos três espelhos, faz a contenção do feixe. Apenas um dos espelhos, semitransparente, permite que uma fração da potência contida escape, gerando o feixe útil.
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- 29/07/2015 - Presidente licenciado da Eletronuclear fez carreira na MarinhaFonte: Valor Econômico
Por André Guilherme Vieira
São Paulo - Preso hoje no Rio durante a 16ª fase da Operação Lava-Jato, a "Radioatividade", o presidente licenciado da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva é oficial de carreira da Marinha. Chegou ao posto de vice-almirante no corpo de engenheiros e técnicos navais.
Ele também atuou no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) de 1982 a 1994.
O nome de Othon foi envolvido nas investigações pelo ex-presidente da Camargo Corrêa Construções e Participações Dalton Avancini, que fez delação premiada. Segundo Avancini, haveria uma "promessa de propina" para Othon na obra Usina de Angra 3.
O empreendimento está paralisado desde o fim do ano passado, porque as empresas responsáveis alegam ter havido redução de repasses pelo governo. A construção da Usina de Angra 3 foi reiniciada em 2009 durante a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A vencedora das obras de construção da usina foi a Andrade Gutierrez em concorrência realizada em 1983 durante o governo do general João Batista Figueiredo (1979-1985). A construção foi interrompida em abril 1986.
A retomada da obra em 2009 foi realizada sem uma nova licitação. Houve atualização dos valores com os prestadores de serviço.
Os dois consórcios vencedores da obra de Angra 3 são integrados por empresas suspeitas de formação de cartel e de corrupção na Petrobras. Um deles é o Angra 3 formado por Queiroz Galvão, EBE e Technit Engenharia S.A. - responsáveis por serviços de montagens eletromecânicas. O outro consórcio é o UNA 3, responsável pela execução de montagens dos sistemas convencionais da usina e composto por Andrade Gutierrez, Construtora Norberto Odebrecht, Camargo Corrêa e UTC.
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- 28/07/2015 - Executivo da Eletronuclear preso tem perfil técnico e fez carreira na MarinhaFonte: Bem ParanáLuiza Franco, Rio de Janeiro, RJ (Folhapress)
Diretor-presidente licenciado da Eletronuclear preso nesta terça (28) na 16ª fase da Operação Lava Jato, Othon Luiz Pinheiro da Silva fez sua carreira na Marinha, onde se formou como oficial em 1960. Segundo um dos procuradores integrantes da força-tarefa da Lava Jato, Silva recebeu R$ 4,5 milhões em propina. Os pagamentos, diz a investigação, foram efetuados entre 2009 e 2014. O executivo - afastado do comando da estatal desde abril - foi preso na manhã desta terça-feira (28) no Rio em nova fase da Lava Jato, que investiga contratos firmados com a Eletronuclear, as obras da usina nuclear Angra 3 e pagamentos de propina a funcionários da estatal, uma subsidiária da Eletrobras.
Quando se aposentou em 1994 da Marinha, Silva era vice-almirante do Corpo de Engenheiros e Técnicos Navais, o mais alto posto da carreira naval para oficiais engenheiros. Segundo a Academia Nacional de Engenharia, Silva estudou engenharia naval na Escola Politécnica da USP, onde se formou em 1966, e fez mestrado em engenharia mecânica no MIT ( Massachussetts Institute of Technology), com especialização em engenharia nuclear. De 1982 a 1984 foi diretor de pesquisas de reatores do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares). Em 2005, Silva assumiu como diretor-presidente da Eletrobras Eletronuclear. Procurada pela reportagem, a Marinha informou que Silva é reformado e foi licenciado do serviço ativo em 1994. -
- 28/07/2015 - Executivo da Eletronuclear preso tem perfil técnicoOthon Luiz Pinheiro da Silva fez sua carreira na Marinha, onde se formou como oficial em 1960
Othon Luiz Pinheiro da Silva fez sua carreira na Marinha, onde se formou como oficial em 1960
Fonte: O Tempo - Minas Gerais
FOLHAPRESSDiretor-presidente licenciado da Eletronuclear preso nesta terça (28) na 16ª fase da Operação Lava Jato, Othon Luiz Pinheiro da Silva fez sua carreira na Marinha, onde se formou como oficial em 1960.
Propina
Os pagamentos, diz a investigação, foram efetuados entre 2009 e 2014.
O executivo -afastado do comando da estatal desde abril- foi preso na manhã desta terça-feira (28) no Rio em nova fase da Lava Jato, que investiga contratos firmados com a Eletronuclear, as obras da usina nuclear Angra 3 e pagamentos de propina a funcionários da estatal, uma subsidiária da Eletrobras.
Quando se aposentou em 1994 da Marinha, Silva era vice-almirante do Corpo de Engenheiros e Técnicos Navais, o mais alto posto da carreira naval para oficiais engenheiros.
Segundo a Academia Nacional de Engenharia, Silva estudou engenharia naval na Escola Politécnica da USP, onde se formou em 1966, e fez mestrado em engenharia mecânica no MIT (Massachussetts Institute of Technology), com especialização em engenharia nuclear.
De 1982 a 1984 foi diretor de pesquisas de reatores do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares). Em 2005, Silva assumiu como diretor-presidente da Eletrobras Eletronuclear.
Procurada pela reportagem, a Marinha informou que Silva é reformado e foi licenciado do serviço ativo em 1994.
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- 28/07/2015 - Startups do Cietec investem em impressão 3DThink & Make, 3D Criar e Petit 3D visam popularizar objetos tridimensionais nas áreas de decoração, educação e saúde
Think & Make, 3D Criar e Petit 3D visam popularizar objetos tridimensionais nas áreas de decoração, educação e saúde
Fonte: Site Maxpress
A impressão de objetos 3D é uma das maiores tendências entre as empresas associadas ao Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia), gestor da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica IPEN/USP. Atualmente, são três empresas dedicadas a inovarem no segmento: Think & Make, 3D Criar e Petit 3D, todas elas buscando aproximar a tecnologia de vários perfis de usuários, desde estudantes até grávidas e apreciadores de peças de design.A Think & Make, criada pelos empreendedores franceses Fabrice Mermet e Aurore Mourette, pretende mostrar a consumidores do mercado de luxo as possibilidades da impressão em 3D. A inovação da startup é permitir a realização de qualquer projeto de criação personalizada. É possível, por exemplo, ter peças feitas com base em fotografias de pessoas da família ou animais de estimação.
Por sua vez, a 3D Criar tem a missão de contribuir com o desenvolvimento da educação. A empresa fornece material didático para ensino básico, técnico, superior e educação assistiva para deficientes visuais. Uma de suas parcerias mais bem-sucedidas é com o Senai-SP, para a disponibilização de duas impressoras para a modalidade de CAD do World Skills Competition. O evento é a maior competição internacional entre estudantes de cursos profissionalizantes, que esse ano será realizado em São Paulo, no mês de agosto.
Já a Petit 3D é um braço da startup 3DUX, especializada na impressão para fins médicos, como na materialização de órgãos humanos para planejamento de cirurgias. O novo serviço atende a demandas de mulheres em gestação, com a possibilidade de imprimir imagens do feto capturadas no exame de ultrassonografia.
Sergio Risola, diretor-executivo do Cietec, analisa a tendência. "A impressão de objetos em 3D é uma tecnologia relativamente nova e, como tal, ainda não consegue alcançar grande número de pessoas, por causa do alto custo. Uma empresa dessa área, para se mostrar inovadora, deve ter como preocupação popularizar a impressão, pesquisando as demandas da sociedade".
Sobre o Cietec
O Cietec, Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia, inaugurado em abril de 1998, tem como missão incentivar o empreendedorismo e a inovação tecnológica, apoiando a criação, fortalecimento e a consolidação de empresas e empreendimentos inovadores de base tecnológica. Em suas unidades de negócio, São Paulo e Mogi das Cruzes, são conduzidos processos de incubação de empresas inovadoras, em diferentes níveis de maturidade. Nesses processos o Cietec oferece serviços de apoio para demandas nas áreas de gestão tecnológica, empresarial e mercadológica, além de infraestrutura física para a instalação e operação dessas empresas. O Cietec possibilita a ampliação d o índice de sobrevivência e competitividade das micro e pequenas empresas, oferecendo a excelência de sua infra-estrutura, a capacitação do seu recurso humano e a comer cialização e busca por inve stimento, como o investimento-anjo, capital semente e venture capital (capital de risco).Siga o perfil exclusivo da Trama sobre Inovação: @tramainova
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- 28/07/2015 - A prisão do pai do programa nuclear brasileiroFonte: Jornal GGNNa operação Eletrobrás, a Lava Jato prendeu o Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva. Seu nome apareceu na delação premiada de Danton Avancini, diretor da Camargo Correia, que lhe teria feito três pagamentos.
Ainda há que se esperar o processo final. Hoje em dia tem-se um grupo de procuradores e delegados avalizados por um juiz e, por um conjunto de circunstâncias históricas, donos do poder absoluto de levantar provas, julgar e condenar sem a possibilidade do contraditório, valendo-se de forma indiscriminada da parceria com grupos jornalísticos.
Em outros momentos, o uso indiscriminado de denúncias por jornais produziu grandes enganos e manipulações.
É possível que Othon seja culpado, é possível que não seja, pouco importa: desde hoje está na cadeia o pai do programa nuclear brasileiro.
O Brasil deve a Othon o maior feito de inovação da sua história moderna: o processo de enriquecimento de urânio através de ultra centrífugas. Foi um trabalho portentoso, que sobreviveu às crises do governo Sarney, ao desmonte da era Collor, aos problemas históricos de escassez de recursos, enfrentando boicotes externos, valendo-se de gambiarras eletrônicas para contornar a falta de acesso a componentes básicos, cuja exportação era vetada por países que já dominavam a tecnologia.
Aqui, um perfil de Othon trazido pelo nosso blogueiro Athos:
Quem é Othon Luiz Pinheiro da Silva?
No dia 14 de Setembro desse ano (artigo de 2011), o Dr. Othon Luiz Pinheiro da Silva recebeu o título de Pesquisador Emérito do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) durante a comemoração dos 55 anos do instituto. Chamado até de "lenda viva" na cerimônia, há quem diga que conhecer a carreira de Othon é conhecer a história da energia nuclear no País.
E você leitor, sabe quem é "esse cara"?
CURRICULUM VITAE
Nascido em 1939 em Sumidouro (RJ), Othon formou-se pela Escola Naval em 1960, iniciando sua carreira na Marinha no quadro de Oficiais do Corpo da Armada. Formou-se em Engenharia Naval pela Escola Politécnica de São Paulo em 1966, atuando como engenheiro naval do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) entre 1967 e 1974. Em 1978, Othon obteve sua especialização em engenharia nuclear no Massachussetts Institute of Technology (MIT).
Foi Diretor de Pesquisas de Reatores do IPEN entre 1982 e 1984 e foi fundador e responsável pelo Programa de Desenvolvimento do Ciclo do Combustível Nuclear e da Propulsão Nuclear para Submarinos entre 1979 e 1994. Exerceu o cargo de Diretor da Coordenadoria de Projetos Especiais da Marinha (COPESP), atual Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), de 1986 a 1994.
É o autor do projeto de concepção de ultracentrífugas para enriquecimento de urânio e da instalação de propulsão nuclear para submarinos.
Atingiu, na Marinha do Brasil, o mais alto posto para os Engenheiros Navais: o de Vice-Almirante.
Desde outubro de 2005, exerce a presidência da Eletronuclear - Eletrobrás Termonuclear, empresa sediada no Rio de Janeiro, responsável pela construção e pelo gerenciamento das usinas nucleares brasileiras.
Já recebeu diversos prêmios, entre os quais a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico por serviços prestados à ciência e à tecnologia, prêmio este oferecido em 1994 pelo então presidente da República Itamar Franco.
OTHON E O PROGRAMA NUCLEAR DA MARINHA
"Othon começou o projeto de separação isotópica do urânio com muita criatividade, liderança e engenharia reversa", disse o Dr. Spero Penha Morato, ex-superintendente do IPEN, em seu discurso em homenagem ao Dr. Othon, na cerimônia de entrega do título de pesquisador emérito.
O projeto, que começou em 1979, produziu os primeiros resultados em laboratório já em 1982: a conversão do yellowcake (U3O8) em hexafluoreto de urânio (UF6), etapa que antecede o enriquecimento isotópico. O passo seguinte foi a produção de 24 toneladas de hexafluoreto de urânio através do financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Para o enriquecimento isotópico, Othon desenvolvia, paralelamente à conversão e de forma secreta, centrífugas de última geração, com mancais magnéticos que minimizam o atrito. A única forma de entender rapidamente o funcionamento destes mancais naquela época era serrando uma bomba de vácuo com o mesmo tipo de mancais que havia no IPEN. E Othon fez isso, irritando, claro, muitas pessoas no projeto. Mas, foi com lances ousados como este - acrescentou o Dr. Spero Morato - que Othon pôs o seu projeto para frente.
O jornalista Lourival Sant'anna publicou, em 2004, uma reportagem no jornal O Estado de São Paulo revelando alguns fatos interessantes que marcaram o projeto. Reproduzo, abaixo, boa parte dessa matéria.
Em 1974, Othon Luiz Pinheiro da Silva, então um capitão-de-corveta de 35 anos, foi escalado para acompanhar a construção de submarinos brasileiros da classe Tonelero num estaleiro da Inglaterra. O jovem oficial estava indo a contragosto. Um mês antes de sua sombria partida, no entanto, um almirante sugeriu ao então ministro da Marinha, Geraldo Azevedo Henning, que o enviasse para o Massachusetts Institute of Technology, nos EUA, para uma pós-graduação em engenharia nuclear.
O ministro Henning, que havia feito uma viagem da Bahia para o Rio em um submarino nuclear americano e ficara entusiasmado, acatou a sugestão. Até então, o contato mais estreito de Othon com energia nuclear tinha sido uma visita ao reator do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), em 1967, quando terminava o curso de engenharia naval na Politécnica da USP.
O Brasil já havia comprado em 1972 o reator de Angra 1, da americana Westinghouse, com a promessa de fornecimento de combustível - processado nos EUA - por 30 anos. Mas, em 1974, começou-se a levantar dúvidas sobre as garantias desse fornecimento. No ano seguinte, o general Ernesto Geisel firmava o acordo nuclear com a Alemanha, que incluía não só as centrais, mas também o ciclo de enriquecimento de urânio.
Até a década de 70, o minério era enriquecido por "difusão gasosa”. Um novo método, mais eficiente e econômico, o da ultracentrífuga, vinha sendo desenvolvido, e o primeiro a dominá-lo em escala comercial foi o consórcio Urenco, formado por Inglaterra, Holanda e Alemanha. O Brasil queria essa tecnologia.
Na última hora, no entanto, os alemães informaram que não poderiam incluí-la no pacote, porque a Holanda, por pressão americana, tinha vetado sua venda ao Brasil. Em seu lugar, os alemães ofereceram aos brasileiros o jet nozzle, um método "muito promissor”, segundo eles, de separação do urânio 238 do 235. Enriquecer urânio é aumentar o teor de 235. Na natureza, o urânio 235 representa apenas 0,7% do minério e o 238, os outros 99,3%. "Quem tivesse feito um curso razoável de física no ensino médio já não compraria esse método”, ironiza Othon. O professor Manson Benedict, um papa do MIT em energia nuclear, deu na época uma aula sobre o jet nozzle, concluindo: "Os brasileiros acreditaram e compraram isso”.
Em 1979, quando Othon voltou ao Brasil, a Marinha não sabia o que fazer com ele. Depois de quatro ou cinco dias de hesitações, levaram o recém-promovido capitão-de-fragata até o diretor-geral de Material da Marinha, o almirante Maximiano da Fonseca. "Você, que cursou esse negócio, quais as nossas chances de ter uma produção nuclear aqui no Brasil?”, perguntou-lhe, de chofre, o almirante. Othon pediu três meses para redigir um relatório. O oficial ficou subordinado à Diretoria de Engenharia. Ao se apresentar, ouviu de seu novo chefe: "Evidentemente não pode ficar um oficial por conta só dessas coisas nucleares”. Othon passou a dividir sua carga horária com o cargo de gerente de um projeto de navio de apoio fluvial. Assim começava o programa de pesquisa nuclear brasileiro: com um oficial em meio expediente.
Othon propôs que o Brasil desenvolvesse sua própria tecnologia. Em outubro de 1978, o então contra-almirante Mário César Flores, do Estado-Maior da Marinha, convocou Othon para dar explicações, depois de ouvir especialistas. A caminho de Brasília, Othon se encontrou no aeroporto com o comandante João Maria Didier Barbosa Viana, que também tinha feito engenharia nuclear no MIT. "Segui o seu caminho”, contou-lhe Othon. "Então você deve estar indo a Brasília pelo mesmo motivo que eu”, especulou Didier. "Tem um louco dizendo que é possível desenvolver o ciclo do combustível nuclear no Brasil.”
Othon passou o dia inteiro respondendo às perguntas que um capitão-de-mar-e-guerra pós-graduado em Monterey (Califórnia) formulava, enquanto Flores fingia ler um jornal. O oficial saiu com a sensação de que tinha ido a Brasília à toa. Pouco mais de um mês depois, foi chamado de novo. "Vai ser outra chatice”, pensou. "Este oficial foi escalado para uma das missões mais importantes que um oficial da Marinha já teve no Brasil”, anunciou solenemente o vice-chefe do Estado-Maior da Marinha, Arthur Ricart da Costa, apresentando Othon ao seu chefe, o almirante Carlos Auto de Andrade. "Deus o ilumine.”
Othon veio para São Paulo e começou a "costurar alianças” com instituições como o IPEN, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e o Centro Técnico Aerospacial (CTA), em São José dos Campos, que estava desenvolvendo um método de enriquecimento de urânio com raio laser. Depois de consultar especialistas, Othon constatou que a opção do laser não seria viável nos próximos 20 anos, e se fixou na ultracentrífuga.
O objetivo último da Marinha era desenvolver reatores e todos os demais equipamentos da propulsão para submarinos movidos a energia nuclear. Se um submarino movido a diesel - como os que o Brasil usa - partir da Baía de Guanabara, em sua velocidade máxima, antes de chegar a Cabo Frio terá de se aproximar da superfície para o snorkel tomar ar, para pôr em funcionamento seu motor e assim recarregar as baterias. Navegando próximo à superfície, pode ser captado com facilidade por sensores infravermelhos. Para ficar no máximo dez dias no fundo, um submarino a diesel tem de se manter praticamente parado. O submarino nuclear projetado pela Marinha trocaria de combustível em dez anos. O limite de permanência no fundo seria de 45 dias.
Entretanto, a Marinha concluiu que em primeiro lugar era preciso viabilizar o ciclo do combustível e adquirir capacidade de enriquecer urânio. "Autonomia é muito importante”, diz Othon, que aos 65 anos tem hoje uma empresa de consultoria na área de energia. "Inspirei-me na solução que eu imaginei que os americanos estavam desenvolvendo na época em que eu era aluno do MIT, mas com a qual nunca tive contato”, conta o almirante. "É óbvio que a centrífuga americana é muito mais espetacular que a nossa.” Mas, segundo ele, a brasileira sai muito mais barato e os materiais importados necessários para sua fabricação não entram no rol dos itens nucleares sensíveis, sujeitos a embargos internacionais.
O programa capacitou indústrias brasileiras a fabricar as válvulas, sensores e medidores das centrífugas. Othon recrutou cientistas e técnicos do Brasil todo. "Onde tivesse alguém que pudesse ajudar, a gente ia conversar.” O sigilo era resguardado por um termo de compromisso. "Foram 14 anos da minha vida, cada dia um desafio”, lembra o hoje almirante da reserva, que dirigiu o programa entre 1979 e 94. Inicialmente, o projeto era secreto e ficou abrigado num departamento fictício, criado para isso, chamado de Coordenação para Projetos Especiais (Copesp), dentro da Comissão Naval de São Paulo.
A primeira dificuldade de Othon foi formar equipe. Quando assumiu, em 1979, o general João Baptista Figueiredo baixou portaria proibindo contratações no setor público. Othon recorreu ao Estado de São Paulo - e a uma artimanha. Fez um memorando à Secretaria de Ciência e Tecnologia, solicitando a contratação de 20 engenheiros e 40 técnicos para trabalhar no Ipen, num "projeto de interesse das Forças Armadas”. Se assinasse sozinho, no entanto, ficaria fácil para a secretaria pedir a análise do Estado-Maior da Marinha, onde o memorando provavelmente pararia. Então Othon pediu a um tenente-coronel da FAB que também assinasse. "Assim, não vão saber para que Força perguntar.” Deu certo.
De posse dessa contratação, Othon, na época capitão-de-fragata, atreveu-se a saltar a hierarquia e procurar o então ministro da Marinha, Maximiano da Fonseca: "Almirante, estou numa situação complicada. O Estado de São Paulo colocou 20 cientistas no projeto, liderado pela Marinha, e ela não colocou nenhum”. No fim, conseguiu convencer o ministro a contratar o dobro de cientistas e técnicos. "Fiquei com um exército de 60 engenheiros e 120 técnicos”, exulta Othon. No seu auge, no início dos anos 90, o programa chegaria a ter 680 engenheiros trabalhando internamente e outros 300 do Departamento de Pesquisa de Reatores do IPEN, do qual Othon era chefe.
Mas nem tudo era ciência: habilidade e jeitinho também contaram. Othon lembra que uma centrífuga antiga, importada na década de 50, utilizada para treinar equipes e dissimular o esforço principal do projeto, havia parado porque tinha um eixo flexível que quebrava com freqüência e tinha de ser trazido da Alemanha. "Eu tinha um técnico, Zequinha, muito habilidoso, que fazia um eixinho novo em três dias. Levei para ele o projeto e fizemos o primeiro juntos”, conta Othon. "No Arsenal de Marinha, não precisava importar. Era só ligar para o Zequinha.”
Em 1987, num gesto de distensão, o então presidente José Sarney decidiu trazer seu colega argentino, Raúl Alfonsín, para a entrada em operação de um conjunto de 48 centrífugas em Aramar. A inauguração estava marcada para 15 de março. Algumas semanas antes, o indiano naturalizado brasileiro Kesavan Nair, doutor em física de reatores mas também astrólogo, procurou Othon, com uma expressão preocupada: "Quinze de março ‘não bom’”, disse, mostrando uma listagem de computador, na qual uma nuvem negra cobria a data.
Othon ligou para o então ministro da Marinha, almirante Henrique Saboia. "Você acredita nisso?”, perguntou o ministro. "Não”, respondeu Othon. "Eu também não, mas, por via das dúvidas, pergunte quando está bom para inaugurar.” A partir de 28 de março, informou o indiano. Saboia foi falar com Sarney. Mais tarde, ligou para Othon: "Não se preocupe. O presidente é mais supersticioso que nós dois juntos.” A cerimônia ficou para 8 de abril.
Othon guarda até hoje uma planilha de todos os custos do projeto, ano a ano. No total, foram gastos US$ 663 milhões. Aí estão incluídos: o desenvolvimento do ciclo de combustível (projeto Ciclone), da propulsão do submarino (projeto Remo), do submarino propriamente dito, e a infra-estrutura.
"Desafio a me mostrarem no mundo todo um desenvolvimento do ciclo do combustível e da propulsão nuclear com esse custo”, diz ele. Quando deixou o programa, havia quase 700 centrífugas na "colônia”, em Aramar, pelas quais o urânio vai passando e enriquecendo-se gradualmente. A centrífuga americana enriquece bem mais do que a brasileira. A diferença está no custo, que Othon ilustra assim: digamos que sejam necessárias 20 centrífugas brasileiras para produzir o que uma americana produz. Acontece que o custo de 20 brasileiras é menor que o de uma americana.
Em 1994, o Vice-Almirante Dr. Othon Pinheiro da Silva, com 55 anos, teve de deixar o projeto ao completar seu tempo de serviço militar ativo. Os detalhes desse projeto ainda são mantidos a sete chaves, sob pena de prisão pelo vazamento de segredos científicos.
O fato é que o desenvolvimento da tecnologia de ultracentrifugação de urânio é um marco de sucesso na história tecnológica do Brasil e o Dr. Othon teve um papel fundamental nisso guiado pelo lema do CTMSP: "Tecnologia Própria é Independência”.
Uma salva de palmas!
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- 23/07/2015 - Pentaquarks, mais um passo para decifrarmos o universoCom a observação dessas partículas, a ciência se aproxima cada vez mais da constituição da matéria
Com a observação dessas partículas, a ciência se aproxima cada vez mais da constituição da matéria
Fonte: Web Jornal UnespO maior laboratório de física do mundo, o CERN (Organização Europeia para Pesquisa Nuclear), localizado na Suíça, é onde se encontra o Grande Colisor de Hádrons (LHC). Famoso por sua descoberta, em 2012, do Bosón de Higgs, popularmente conhecido como partícula de Deus, fez novamente uma grande observação: o pentaquark. Desde a década de 60, era apenas uma hipótese improvável jamais observada, mas no dia 14 de julho um artigo foi divulgado à Physical Review Letters, conceituada revista científica de física, confirmando esse fato histórico.
O que são pentaquarks?
Essa nova classe de partículas é explicada a partir do átomo, com seu núcleo dividido em prótons e nêutrons. Estes, por sua vez, são constituídos fundamentalmente em quarks, partículas ainda menores que geram várias combinações e classes de partículas como bárions e mésons. O pentaquark seria uma nova combinação, com quatro quarks e um antiquark (o equivalente em antimáteria de um quark comum).
Guilherme Zahn, físico e pesquisador do Centro do Reator de Pesquisas do IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), destaca a importância desse acontecimento: "a descoberta do pentaquark nos dá uma oportunidade enorme de aumentar o nosso conhecimento sobre o ‘funcionamento’ do quark e, por consequência, sobre o funcionamento do nosso universo na escala mais microscópica possível."
O porta-voz do CERN, Guy Wilkinson, relatou em entrevista à Physical Review Letters, que após essa observação poderemos entender mais sobre como é constituída toda a matéria, à qual somos feitos. "O pentaquark não é qualquer nova partícula, ele representa uma forma de agregar quarks, nomeadamente os constituintes fundamentais de prótons e nêutrons normais, em um padrão que nunca foi observado antes em mais de 50 anos de pesquisas experimentais. Estudando suas propriedades podem nos permitir entender melhor como a matéria comum, os prótons e nêutrons a partir do qual estamos todos feitos, é constituído."
A descoberta
O grande problema na identificação da partícula, segundo Zahn, estava na quantidade de energia utilizada, até então imprecisa. Com uma atualização do LHC, foi possível fazer colisões em que a energia liberada fosse grande o bastante para permitir a formação de pentaquarks.
Os pesquisadores do LHC identificaram a existência do pentaquark examinando o decaimento da partícula Bárion, conhecida como Lambda b, se dividindo em três partículas. O estudo do espectro de massas de duas delas revelaram que estados intermediários eram envolvidos na sua produção.
Os pentaquarks são muito instáveis, de difícil acompanhamento. O próximo passo é analisar como os quarks estão vinculados no interior deles. Seu estudo é extremamente importante para o ramo de pesquisa da constituição da matéria, afinal basicamente tudo é constituído por quarks, além da resposta às perguntas mais fundamentais dos mistérios do universo, que o homem tenta incessantemente responder.
No Brasil
Zahn relata que o Brasil ainda não investe o suficiente no setor de pesquisa e desenvolvimento tecnológico quanto deveria. "Historicamente, se investe pouco em ciência e tecnologia. Mais que isso, o investimento não tem ligação com a indústria, restringindo-se principalmente às universidades e institutos de pesquisas públicos e, com isso, acaba havendo pouca aplicação tecnológica para o investimento científico." Ressalta também que há linhas de pesquisa nacionais que podem ganhar diretamente com essa descoberta.
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- 22/07/2015 - Próteses sob medidaAlém da Unicamp, participam do Biofabris as universidades de São Paulo (USP), as federais de São Paulo (Unifesp) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Instituto de Pesquisas Energética e Nucleares (Ipen) e o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), entre outras instituições
Além da Unicamp, participam do Biofabris as universidades de São Paulo (USP), as federais de São Paulo (Unifesp) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Instituto de Pesquisas Energética e Nucleares (Ipen) e o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), entre outras instituições
Fonte: Agência FAPESP
Dinorah Ereno | Revista Pesquisa FAPESP
Uma prótese de titânio feita sob medida transformou a vida da estudante Jessica Alves Farias Cussioli, de 23 anos. Após um grave acidente em setembro do ano passado, em Araçatuba, interior de São Paulo, quando caiu da moto e bateu a cabeça em uma caçamba de entulho, Jessica teve afundamento profundo na lateral direita do crânio, em uma região que começa nos olhos e vai até o alto da cabeça.
Oito meses depois, no dia 26 de maio, ela se tornou a primeira paciente a receber um implante craniofacial de titânio no Brasil, procedimento feito no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (HC-Unicamp).
A fabricação da prótese feita sob medida pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Biofabricação (INCT-Biofabris), sediado na Unicamp e financiado pela FAPESP e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), faz parte de um longo processo de pesquisa e desenvolvimento multidisciplinar iniciado em 2009.
Além da Unicamp, participam do Biofabris as universidades de São Paulo (USP), as federais de São Paulo (Unifesp) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Instituto de Pesquisas Energética e Nucleares (Ipen) e o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), entre outras instituições. "Trabalhamos no desenvolvimento de polímeros, biopolímeros, materiais metálicos e cerâmicos, destinados a diversas aplicações”, diz o engenheiro químico Rubens Maciel, professor da Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp e coordenador do Biofabris.
Os estudos de desenvolvimento de novos materiais envolvem ainda testes in vitro e in vivo para avaliar se não causarão nenhum problema ao paciente, no caso de uma futura implantação. "Sua atuação no organismo não pode ser nociva às células nem prejudicar o corpo no local onde está implantado.”
A operação de Jessica durou mais de oito horas e teve a participação de uma equipe médica composta por quatro cirurgiões plásticos e um neurocirurgião. O procedimento cirúrgico foi a última etapa de um trabalho colaborativo que envolveu médicos e pesquisadores durante três meses. A parceria entre o instituto e o HC começou logo após a inauguração do Biofabris.
"Após uma longa conversa com Rubens Maciel e André Jardini [engenheiro mecânico e pesquisador do instituto Biofabris], percebi que poderíamos ter uma parceria científica”, relata Paulo Kharmandayan, professor e coordenador da área de Cirurgia Plástica do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, integrante do Biofabris.
Além da convergência de interesses nas linhas de pesquisa, também havia a proximidade física dos laboratórios. "Foi uma tarde inteira de conversas em que expus as minhas necessidades na área médica e eles se propuseram a encontrar soluções para as demandas apresentadas.” À medida que o tempo passou e o instituto cresceu, apareceram mais perguntas e propostas. "Atualmente fazemos reuniões semanais e a cada discussão surgem novas ideias.”
A tarefa de fabricação dos três implantes personalizados de titânio que compõem a prótese e formam uma superfície de 10 centímetros de comprimento demorou 20 horas. O primeiro passo para a fabricação de uma prótese é fazer, por meio de tomografia, imagens da área do corpo que necessita de reparos. Essas imagens são colocadas no programa InVesalius, um software desenvolvido pelo CTI, responsável pela reconstrução da parte afetada em 3D.
A partir da comparação da parte preservada com a afetada por trauma ou acidente, os pesquisadores criam uma prótese com a dimensão e o formato mais apropriado, preservando a aparência e recuperando a função original de proteção ao cérebro.
Com base nesse modelo virtual da cabeça do paciente, são feitos então um crânio-modelo e uma prótese em nylon por impressão 3D. "O planejamento virtual é uma etapa demorada, em que o programador e a equipe médica discutem todos os ajustes necessários, antes de chegar à prótese definitiva, em metal”, explica Kharmandayan.
Acabamento e esterilização
Na etapa final, de fabricação da prótese metálica, uma liga com pó de titânio é colocada dentro da máquina de manufatura aditiva, técnica de impressão em que um modelo tridimensional é criado por sucessivas camadas de material. O pó é sinterizado a laser e forma as camadas com 0,4 milímetro.
Dependendo da peça, a fabricação pode demorar até um dia para o processo ser finalizado. Depois de retirada da máquina, a peça é submetida a um tratamento térmico ou químico e, no caso de ser usada em aplicações médicas para implantes, ainda passa por um processo de limpeza, acabamento superficial para retirada de resíduos e esterilização.
Leia a reportagem completa revistapesquisa.fapesp.br/2015/07/15/proteses-sob-medida/.
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- 21/07/2015 - Interagindo com Dinossauros num Brasil Pré-históricoFonte: Folha de S. Paulo
ANA PAULA FREITAS
DA "VICE"A poucos minutos da Marginal Pinheiros, em São Paulo, existe um oásis urbano: um complexo de bosques, predinhos de arquitetura industrial, ciclovias e pistas de corrida chamado Cidade Universitária. O lugar é repleto de gente com livros embaixo do braço, atletas e jovens, mas também há espaço para espécies mais exóticas. Na última semana vi, mesmo, dinossauros –e sim, eu estava sóbria e posso explicar.
Em um dos prédios do local, no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), ao lado de dezenas de salinhas de aspecto burocrático em corredores de concreto brilhante, trabalham os engenheiros de software Pedro Kayatt e Keila Matsumura, sócios-fundadores da VR Monkey, uma empresa de tecnologias em realidade virtual. Dentro de um cubículo sem janelas, a dupla se dedica a criar ao lado de outros desenvolvedores uma versão paleontóloga de Deus: um módulo para Oculus Rift que se passa em um Brasil pré-histórico habitado por dinossauros.
Para quem não sabe, o Oculus Rift é um gadget de realidade virtual cuja criação e lançamento foram financiados pelo Kickstarter em US$2,4 milhões, mas a iniciativa gerou interesse de outros investidores e o projeto chegou a receber cerca de US$75 milhões em aportes. Há pouco mais de um ano, o Facebook anunciou a aquisição da Oculus VR, a empresa por trás do projeto, por US$2 bilhões.
É fácil usar os óculos: é só ligar e colocar na cabeça junto dos fones de ouvido para explorar mundos em 3D de modo imersivo. Muitos comentaristas dizem que a versão final do brinquedo (que já é vendida para desenvolvedores) deve revolucionar o entretenimento. Estima-se que, dentro de três anos, 30% das residências americanas tenham algum dispositivo de realidade virtual, como o Oculus. "Estamos trabalhando com algo que ainda não existe e realizando o sonho de muitos paleontólogos, que é interagir com um dinossauro", me disse Pedro, empolgado, em uma sala de reunião perto do pequeno escritório da VR Monkey.
Dinos do Brasil, o módulo que a empresa desenvolve para dispositivos de realidade virtual, não é jogável: trata-se de uma criação educativa, uma viagem virtual por um mundo em que é possível ver e interagir com dinossauros brasileiros sobre os quais a maioria de nós sequer ouve falar na escola. A intenção de Pedro e Keila é exibir o projeto em museus e, assim, criar referências diferentes para esse universo. "Quero que, quando falarmos em dinossauros, as crianças se lembrem de alguma espécie brasileira, e não do T-Rex", diz Keila.
O primeiros fósseis em território nacional foram encontrados em 1897, na Paraíba. Até 1999, só havia três espécies de dinos brasileiros. De 2000 pra cá, foram descobertas outras 18 em mais de oito estados brasileiros, de norte a sul.
No total, temos 21 bichos que não devem nada para os famosos répteis pré-históricos que conhecemos por causa de Hollywood. Dois deles, o Uberabatitan, o maior dino brasileiro, com até 6 metros de altura e 15 de comprimento, e o Abelissauro (que é o primo brasileiro do T-Rex), aparecem na demo do módulo que a empresa está desenvolvendo: um tour de cinco minutos que apresenta o potencial do projeto.
O visitante (eu, no caso) começa dentro de uma caverna. Um narrador de voz bem grave então explica as dificuldades de reconstruir um mundo pré-histórico em realidade virtual: pesquisadores, cientistas, modeladores, designers, roteiristas, engenheiros de som, especialistas em realidade virtual e programadores precisam trabalhar em conjunto.
Quando a demo terminou, desejei que fosse mais longa. É pouco tempo com os bichos –aliás, a sensação que a experiência passa é essa: são bichos. Aos vê-los de perto e em primeira pessoa, a impressão que tive sobre os dinossauros de programação da Keila e do Pedro é mais ou menos a mesma de quando você reconhece bichos carismáticos em animais do zoológico que, em filmes e na TV, pareciam meio monstruosos.
A VR Monkey pretende começar a exibir a exposição interativa Dinos do Brasil no Museu Catavento Cultural em São Paulo. O projeto está em fase de captação de recursos pela Lei Rouanet– eles precisam de quase 3 milhões de reais, que prevêem gastos de produção do projeto, equipamento e hardware e marketing, por exemplo. Na exposição final, 25 pessoas usando Oculus Rift ocuparão uma sala enquanto assistem ao módulo.
Pedro e Keila não duvidam por um segundo de que serão capazes de captar a quantidade de dinheiro necessária pra transformar o Dinos do Brasil em um dos primeiros tours educativos com Oculus Rift do mundo. Depois de testar a demo, confesso que espero que eles estejam certos: o mundo merece ver dinossauros como eu vi.
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- 20/07/2015 - Qual o papel da Amazônia no balanço de emissão de carbono?Programa SP Pesquisa que foi ao ar no domingo (19/7), na UNIVESP TV, acompanha o trabalho da cientista que foi capa da revista Nature
Programa SP Pesquisa que foi ao ar no domingo (19/7), na UNIVESP TV, acompanha o trabalho da cientista que foi capa da revista Nature
Fonte: UNIVESP
O programa SP Pesquisa que foi ao ar no domingo (19/7), na UNIVESP TV, apresenta o trabalho de uma brasileira que estampou a capa da revista científica Nature de fevereiro. Pesquisadora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Luciana Vanni Gatti mostra qual é o papel da Floresta Amazônica no balanço de emissões de carbono. A cientista usou um método que permitiu a medição da concentração dos gases de efeito estufa em vários pontos da floresta, em diferentes meses do ano, e descobriu que a quantidade de chuva altera completamente o papel da floresta na emissão do CO², o principal gás que contribui com o aquecimento global.
Um grupo de cientistas do projeto "Chuva”, também do Ipen, situado em Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo, investiga como a poluição interfere na formação das nuvens e no regime de chuvas em várias partes do país.
O desafio dos cientistas é saber exatamente qual é o papel da Amazônia na emissão de gases do efeito estufa, se é uma importante fonte de emissão de carbono, por causa das queimadas e desmatamentos, ou um absorvedor de quantidades gigantescas do gás.
No Brasil, as queimadas e o desmatamento na Amazônia são as principais fontes de lançamento de carbono na atmosfera. O trabalho de Gatti pode dar respostas mais precisas sobre como são os ciclos de emissão e captura de gases que contribuem com o aquecimento global. A pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Natural Environment Research Council (Nerc), iniciativa do Reino Unido de fomento à pesquisa e inovação em países emergentes.
O laboratório de pesquisa de Vanni Gatti conquistou padrões de rigor na análise que o torna o único credenciado no Brasil pela rede universal de medidas de gases de efeito estufa da Organização Meteorológica Mundial, agência da Organização das Nações Unidas.
Os cientistas do projeto "Chuva”, que estudam a distribuição e formação desse fenômeno no país, utilizam vários métodos e equipamentos que revelam como se formam e o que ocorre dentro das nuvens. Para isso, foram realizados experimentos em seis cidades do país: Alcântara, no Maranhão; Fortaleza, no Ceará; Belém do Pará; São José dos Campos, São Paulo; e Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Assista às duas partes da reportagem e saiba mais sobre o trabalho de Luciana Vanni Gatti:
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- 16/07/2015 - Filme plástico com nanopartícula tem efeito bactericidaFonte: Agência USP de NotíciasPesquisa do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), instituição associada a USP, desenvolveu filmes plásticos com nanopartículas de prata que possuem efeito bactericida. Os testes realizados com o material demonstraram sua eficácia na eliminação de bactérias causadoras de infecções em seres humanos, sem apresentar toxicidade. Os filmes poderão ser utilizados em embalagens de alimentos, para aumentar a vida útil dos produtos à venda. Futuramente, seu emprego pode ser estendido a instalações hospitalares e materiais cirúrgicos, como cateteres.
A pesquisa utilizou o polipropileno, um tipo de plástico de valor relativamente baixo, o que favorece sua utilização nos filmes. A ação bactericida das nanopartículas de prata acontece no contato direto com os micro-organismos. "Acredita-se que uma reação de ionização junto à membrana celular da bactéria cause danos no processo de respiração e leve as nanopartículas a penetrarem em seu interior”, explica o pesquisador Washington Oliani, que realizou o estudo no Laboratório de Polímeros do Centro de Química e Meio Ambiente (CQMA) do IPEN. "Ali dentro, as nanopartículas na forma iônica interagem com componentes celulares vitais, como o DNA, impedindo a divisão celular e consequente morte da bactéria”.
A colocação das nanopartículas nos filmes acontece por meio do processamento por extrusão. "O polipropileno, a prata e outros componentes, no formato de grãos, são inseridos em uma máquina extrusora, aparelho que faz a fusão dessas substâncias por meio de aquecimento”, relata Oliani. "A partir desse processo é obtido um material em forma de fios finos”.
Os fios obtidos na primeira etapa do processamento são resfriados em água e novamente transformados em grãos, com dimensão entre 2 milímetros (mm) e 3 mm. "Os grãos são colocados em outra parte da extrusora, que realiza uma nova fusão e forma o filme”, diz. "No final do processo é obtida uma película com espessura de 0,03 mm, que contém as nanopartículas de prata. Cada nanopartícula mede entre 22 e 42 nanômetros, sendo milhões de vezes menores do que um centímetro”.
Efeito bactericida
O efeito bactericida dos filmes com nanopartículas de prata foi comprovado em testes realizados no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, supervisionados pelo professor Nilton Lincopan. Inicialmente, o material foi colocado em contato direto com culturas das bactérias Escherichia coli e Staphylococcus aureus, associadas a infecções em seres humanos. "Após ajustes na formulação, foi possível eliminar quase 100% de Staphylococcus”, ressalta Oliani. Experimentos posteriores com a bactéria Pseudomonas aeruginosa também tiveram eficiência próxima de 100%.
No Ipen foram realizados testes de citotoxicidade, em culturas de células de camundongos. "Durante o desenvolvimento de novos materiais, há uma grande preocupação com o risco de contaminação. Por esse motivo é necessário averiguar se existe toxicidade”, aponta o pesquisador. "Os testes realizados em laboratório mostraram que os filmes não são tóxicos para células de mamíferos, como os seres humanos”.
A pesquisa de Oliani é descrita em tese de doutorado defendida no Programa de Tecnologia Nuclear, realizado conjuntamente pelo Ipen e pela USP. O trabalho teve orientação da pesquisadora Duclerc Fernandes Parra, do CQMA. "O estudo terá continuidade no pós-doutorado, com o objetivo de aprimorar as propriedades do material, de modo a obter o mesmo efeito bactericida com uma menor quantidade de prata, viabilizando a patente e a colocação no mercado”, aponta Duclerc. "Também serão realizados testes de ecotoxicidade em organismos marinhos, para verificar se há liberação de partículas no meio ambiente”. A pesquisa de pós-doutorado terá apoio da Capes.
A principal utilização prevista para os filmes com nanopartículas de prata é a aplicação em embalagens de produtos alimentícios. "Com o efeito bactericida das nanopartículas seria possível aumentar a vida útil dos produtos embalados, especialmente os de origem orgânica”, afirma Oliani. Outro possível emprego do material está na área hospitalar. "Futuramente, os filmes poderão ser colocados em divisórias e janelas de hospitais, além de serem utilizados em materiais cirúrgicos, como cateteres”, conclui Duclerc.
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- 15/07/2015 - Próteses sob medida - Revista FapespInstituto Biofabris produz implantes de liga de titânio para pacientes que perderam ossos do crânio ou da face após acidente ou doenças
Instituto Biofabris produz implantes de liga de titânio para pacientes que perderam ossos do crânio ou da face após acidente ou doenças
Fonte: Revista Fapesp
DINORAH ERENO | ED. 233 | JULHO 2015
Uma prótese de titânio feita sob medida transformou a vida da estudante Jessica Alves Farias Cussioli, de 23 anos. Após um grave acidente em setembro do ano passado, em Araçatuba, interior de São Paulo, quando caiu da moto e bateu a cabeça em uma caçamba de entulho, Jessica teve afundamento profundo na lateral direita do crânio, em uma região que começa nos olhos e vai até o alto da cabeça. Oito meses depois, no dia 26 de maio, ela se tornou a primeira paciente a receber um implante craniofacial de titânio no Brasil, procedimento feito no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (HC-Unicamp). A fabricação da prótese feita sob medida pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Biofabricação (INCT-Biofabris), sediado na Unicamp e financiado pela FAPESP e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), faz parte de um longo processo de pesquisa e desenvolvimento multidisciplinar iniciado em 2009.
Além da Unicamp, participam do Biofabris as universidades de São Paulo (USP), as federais de São Paulo (Unifesp) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Instituto de Pesquisas Nucleares (Ipen) e o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), entre outras instituições. "Trabalhamos no desenvolvimento de polímeros, biopolímeros, materiais metálicos e cerâmicos, destinados a diversas aplicações”, diz o engenheiro químico Rubens Maciel, professor da Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp e coordenador do Biofabris. Os estudos de desenvolvimento de novos materiais envolvem ainda testes in vitro e in vivo para avaliar se não causarão nenhum problema ao paciente, no caso de uma futura implantação. "Sua atuação no organismo não pode ser nociva às células nem prejudicar o corpo no local onde está implantado.”
A operação de Jessica durou mais de oito horas e teve a participação de uma equipe médica composta por quatro cirurgiões plásticos e um neurocirurgião. O procedimento cirúrgico foi a última etapa de um trabalho colaborativo que envolveu médicos e pesquisadores durante três meses. A parceria entre o instituto e o HC começou logo após a inauguração do Biofabris. "Após uma longa conversa com Rubens Maciel e André Jardini [engenheiro mecânico e pesquisador do instituto Biofabris], percebi que poderíamos ter uma parceria científica”, relata Paulo Kharmandayan, professor e coordenador da área de Cirurgia Plástica do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, integrante do Biofabris. Além da convergência de interesses nas linhas de pesquisa, também havia a proximidade física dos laboratórios. "Foi uma tarde inteira de conversas em que expus as minhas necessidades na área médica e eles se propuseram a encontrar soluções para as demandas apresentadas.” À medida que o tempo passou e o instituto cresceu, apareceram mais perguntas e propostas. "Atualmente fazemos reuniões semanais e a cada discussão surgem novas ideias.”
A tarefa de fabricação dos três implantes personalizados de titânio que compõem a prótese e formam uma superfície de 10 centímetros de comprimento demorou 20 horas. O primeiro passo para a fabricação de uma prótese é fazer, por meio de tomografia, imagens da área do corpo que necessita de reparos. Essas imagens são colocadas no programa InVesalius, um software desenvolvido pelo CTI, responsável pela reconstrução da parte afetada em 3D. A partir da comparação da parte preservada com a afetada por trauma ou acidente, os pesquisadores criam uma prótese com a dimensão e o formato mais apropriado, preservando a aparência e recuperando a função original de proteção ao cérebro. Com base nesse modelo virtual da cabeça do paciente, são feitos então um crânio-modelo e uma prótese em nylon por impressão 3D. "O planejamento virtual é uma etapa demorada, em que o programador e a equipe médica discutem todos os ajustes necessários, antes de chegar à prótese definitiva, em metal”, explica Kharmandayan.
Acabamento e esterilização
Na etapa final, de fabricação da prótese metálica, uma liga com pó de titânio é colocada dentro da máquina de manufatura aditiva, técnica de impressão em que um modelo tridimensional é criado por sucessivas camadas de material. O pó é sinterizado a laser e forma as camadas com 0,4 milímetro. Dependendo da peça, a fabricação pode demorar até um dia para o processo ser finalizado. Depois de retirada da máquina, a peça é submetida a um tratamento térmico ou químico e, no caso de ser usada em aplicações médicas para implantes, ainda passa por um processo de limpeza, acabamento superficial para retirada de resíduos e esterilização.Jessica foi a sexta paciente operada pela equipe de Kharmandayan. Ela é uma das pacientes que integram um projeto aprovado pelo comitê de ética da Unicamp, que prevê a realização de 15 cirurgias. "Foi a primeira cirurgia craniofacial que fizemos com o material. As outras eram apenas de crânio ou face”, contou o cirurgião plástico. O primeiro paciente operado, em 2012, colocou uma prótese para reconstrução do crânio aos 17 anos, três anos depois de um grave acidente de bicicleta. "Ele parou de estudar, ficava trancado em casa, não tinha vida social. Depois que fez a cirurgia, voltou a estudar, começou a tocar violão, ficou noivo, tirou carta de motorista e passou em um concurso público.”
O tratamento mais utilizado atualmente para recompor a região afetada é retirar um segmento do osso do lado sadio da cabeça e colocá-lo no local com o trauma. Mas nem sempre isso é possível. "Quando os defeitos são grandes ou quando ocorre absorção do osso por causa da infecção, é preciso recorrer a um substituto sintético, metálico ou não”, explica. Um dos mais utilizados para essa finalidade é o metilmetacrilato, um tipo de plástico descoberto na década de 1920. "Existem vários relatos de pacientes que tiveram rejeição à prótese porque o material pode liberar substâncias químicas.” Outro detalhe é que a reconstrução com o metilmetacrilato é feita artesanalmente pelo cirurgião. "O plástico em pasta, a uma temperatura de 82 graus Celsius, é modelado diretamente em cima do cérebro do paciente, no caso de uma reconstrução do crânio.” A modelagem a mão deixa muito a desejar. Dentre os pacientes operados no HC da Unicamp como parte do projeto, quatro tinham feito anteriormente próteses a partir do plástico.
A liga de titânio é usada há bastante tempo na medicina e, de uns anos para cá, na odontologia no setor de implantes, por ser um material já bastante testado, seguro e que não libera resíduos depois de pronto. "As miniplacas que utilizamos, além de seguras, permitem a integração com o osso”, diz Kharmandayan. "Sua superfície é fabricada com pequenas ranhuras, de forma que a osteointegração e o crescimento celular ocorram mais rapidamente do que em uma superfície comum”, ressalta Maciel. As placas de titânio para reconstrução craniofacial são produzidas por outros países e vendidas no mercado, mas elas são feitas em tamanho padrão, e não sob medida para o paciente e para as suas necessidades. "Uma placa como a que foi implantada na Jessica custaria no mercado em torno de R$ 130 mil”, estima Maciel. "Os gastos que tivemos com material para construir a placa personalizada e com as utilizadas pelos outros pacientes ficaram em cerca de R$ 3 mil a R$ 5 mil, dependendo do material utilizado.” Isso sem contar os honorários médicos e custos com aquisição de máquinas, projeto e esterilização, por exemplo, que foram absorvidos pelo Biofabris.
Novos materiais
Além das próteses customizadas com ligas de titânio, outras linhas de pesquisa envolvendo a busca de novos materiais são desenvolvidas com instituições parceiras. Uma delas, em colaboração com a UFRGS, tem como foco as biocerâmicas de fosfato de cálcio, como a hidroxiapatita, material semelhante à parte mineral do osso, e outras similares. "Fazemos a síntese e a caracterização de cerâmicas e moldamos as peças no equipamento de prototipagem rápida”, diz Cecília Zavaglia, professora do Departamento de Engenharia de Materiais da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) e vice-coordenadora do instituto. Essas cerâmicas desenvolvidas, chamadas de beta fosfato tricálcico, podem ser utilizadas como substituto de ossos e dentes, em pequenos reparos. Já foram realizados testes in vitro e in vivo para avaliar a biocompatibilidade do material e sua toxicidade. A próxima etapa serão os testes clínicos.
Outros materiais usados na biofabricação são os biopolímeros. O melaço da cana-de-açúcar, a semente do açaí e o óleo de mamona são matérias-primas de fontes renováveis utilizadas para a fabricação desses materiais. A partir do melaço, por exemplo, os pesquisadores obtiveram o poliácido láctico, um polímero absorvido pelo organismo em taxas controláveis. "Fazemos a polimerização do ácido láctico para usar como base em uma série de aplicações, como regeneração de tecidos, pele artificial, formação de cartilagem e de ossos”, diz Jardini. "Esse material pode ser utilizado como se fosse o arcabouço para semear células que precisam ser desenvolvidas em um determinado local.” Em uma impressora 3D o polímero é processado para adquirir o formato a ser implantado no paciente. Esse biopolímero é então semeado com células do próprio paciente e, após o crescimento, a prótese pode ser implantada no local desejado.
Da semente do açaí, foi desenvolvido um poliuretano para ser usado como prótese óssea, principalmente nas regiões do crânio e da face (ver Pesquisa FAPESP nº196). E o óleo de mamona associado ao ácido cítrico resultou em um novo polímero, objeto de um depósito de patente. "O óleo de mamona obtido foi submetido a uma reação com o ácido cítrico, o que resultou em um poliéster reticulado obtido a partir de um processo de polimerização que não envolveu agentes tóxicos para conduzir a reação química”, diz Maria Ingrid Rocha Barbosa Schiavon. Ela iniciou a pesquisa durante o pós-doutorado que resultou em um depósito de patente em conjunto com outros pesquisadores do Biofabris.
A partir do poliácido láctico obtido da cana-de-açúcar, em associação com o poli 2-hidroximetilmetacrilato (pHEMA), foi formado um polímero híbrido como resultado da pesquisa de doutorado de Marcele Fonseca Passos, sob orientação de Maciel e de Carmen Gilda, do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Pará (UFPA). A pesquisa levou a um depósito de patente, o processo não necessita de agentes químicos, e o produto obtido tem uso potencial em odontologia, regeneração parcial de cartilagem, de menisco e orelha. Testes de citotoxicidade mostraram biocompatibilidade do polímero e atualmente estão sendo feitos testes com animais na Faculdade de Biologia da UFPA em colaboração com o Instituto Evandro Chagas, também no Pará.
Projetos
1. Biofabris – Instituto de Biofabricação (nº 2008/57860-3); Modalidade Projeto Temático – INCT; Pesquisador responsável Rubens Maciel Filho (Unicamp); Investimento R$ 2.691.894,52 (FAPESP) e R$ 2.239.094,33 (CNPq).
2. Síntese de biopolímeros epoxídicos a partir de fontes renováveis para construção de dispositivos biomédicos utilizando técnicas de prototipagem rápida e biofabricação (nº 2009/16480-6); Modalidade Bolsa de Pós-doutorado; Pesquisador responsável Rubens Maciel Filho (Unicamp); Bolsista Maria Ingrid Rocha Barbosa Schiavon; Investimento R$ 215.732,36 (FAPESP).
3. Redes IPNs de pHema-PLA para aplicação em engenharia tecidual (nº 2011/18525-7); Modalidade Bolsa de doutorado; Pesquisador responsável Rubens Maciel Filho (Unicamp); Bolsista Marcele Fonseca Passos; Investimento R$ 177.978, 84 (FAPESP).Artigos científicos
CALDERONI, D. R. et al. Paired evaluation of calvarial reconstruction with prototyped titanium implants with and without ceramic coating. Acta Cirúrgica Brasileira. v. 29, p. 579-87. 2014.
JARDINI, A. L. et al. Cranial reconstruction: 3D biomodel and custom-built implant created using additive manufacturing. Journal of Cranio-Maxillo-Facial Surgery. v. 42, p. 1877-84. 2014.
LAROSA, M. A. et al. Microstructural and mechanical characterization of a custom-builtimplant manufactured in titanium alloy by direct metal laser sintering. Advances in Mechanical Engineering. v. 2014. p. 1-8. 2014.
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- 08/07/2015 - Pesquisadores produzem diamantes nanoestruturados irradiando grafite com laserFonte: Agência FAPESPA formação de diamantes na natureza depende, essencialmente, da presença de carbono em condições de alta pressão (da ordem de 15 gigapascal, que é um pouco mais do que 148 mil atmosferas) e alta temperatura (da ordem de 2.500 graus Celsius).
Essas condições, presentes no interior da Terra, podem ser obtidas também em laboratório. Uma forma bem conhecida para sintetizar diamante é pressionar certa quantidade de grafite (gerando alta pressão) e fazer passar por ela uma corrente elétrica (gerando alta temperatura). Os átomos de carbono de grafite são então rearranjados em uma diferente estrutura cristalina, constituindo o diamante convencional.
Outra forma de diamante, composta por nanocristais, já foi produzida em laboratório, também em condições de pressão e temperatura elevadas. Apesar de altamente desejada, devido à dureza e à resistência ainda maiores do que as dos diamantes naturais, sua produção envolveu um processo custoso, por conta dos equipamentos necessários.
Uma alternativa viável foi obtida por pesquisadores brasileiros. Neste caso, os mesmos patamares de pressão e temperatura foram alcançados mediante uma onda de choque gerada por laser de pulsos ultracurtos. Artigo descrevendo o experimento acaba de ser publicado no boletim on-line Scientific Reports, do grupo Nature: "Synthesis of diamond-like phase from graphite by ultrafast laser driven dynamical compression”.
"Além de gerar pulsos muito energéticos, o laser utilizado os emitia em intervalos extremamente curtos [de 25 femtossegundos, isto é, 25×10-15 segundos] e os concentrava em uma área extremamente reduzida [com raio de 65 micrômetros, isto é, de 65×10-6 metros]. Todos esses fatores convergiram para que pudéssemos alcançar os patamares necessários de pressão e temperatura da onda de choque”, disse à Agência FAPESP o físico Narcizo Marques de Souza Neto, pesquisador no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) e idealizador do experimento, no contexto de projetos apoiados pela FAPESP.
"Conseguimos um nanomaterial final altamente desejável para várias aplicações [como potencial participante em componentes eletrônicos, em revestimento de próteses articulares, em marcadores celulares, em vetores de fármacos etc.] com recursos relativamente modestos”, sintetizou o físico Francisco Carlos Barbosa Maia, pós-doutorando no LNLS e principal autor do trabalho.
Técnica D-Scan
O trabalho também se destacou por sua simplicidade. A grafite empregada estava na fase policristalina, a mais comum, em vez da forma altamente ordenada e bastante cara conhecida como HOPG, que é usada em outros estudos. O laser utilizado, apesar de produzir pulsos ultracurtos com alta potência, também é acessível a laboratórios de médio porte, no país e no exterior.
"O procedimento foi movimentar o bloco de grafite na frente do feixe de laser focalizado [ver a foto], de modo que vários pulsos do laser se sobrepusessem em cada posição da grafite, de forma quantificada por uma técnica desenvolvida por nós, chamada D-Scan”, afirmou Ricardo Elgul Samad, pesquisador do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e especialista em lasers de pulsos ultracurtos de alta intensidade, também participante de projetos apoiados pela FAPESP.
Como resultado da irradiação, foram formados vários cristais, na escala de 50 micrômetros. E, nesse conjunto, cristalitos nanométricos de um alótropo de carbono semelhante ao diamante.
Os cristais micrométricos foram estudados por meio de microespectroscopia Raman (RM), microscopia eletrônica de varredura (SEM) e microscopia eletrônica de transmissão de alta resolução (HRTEM). "Além dos cristalitos nanométricos de tipo diamante, constatamos a presença de outra notável formação de carbono, na qual os átomos aparecem arranjados em uma estrutura semelhante à da cebola”, informou o pesquisador Jefferson Bettini, do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), especialista em microscopia.
Com base nessa descoberta, os pesquisadores propuseram um mecanismo para a transformação de grafite no alótropo semelhante ao diamante. Trata-se de uma via indireta que depende da morfologia do material inicial, dos eventos termodinâmicos específicos produzidos pelos pulsos ultracurtos de laser e da formação de catalisadores naturais, como as estruturas semelhantes à cebola e grânulos de grafite de tamanho nanométrico.
Nova fonte de luz síncrotron
Por interessante que tenha sido o resultado, os pesquisadores o consideram apenas um primeiro passo rumo a realizações ainda mais ousadas. "Quando iniciarmos, em 2018, a operação da nova fonte de luz síncrotron, Sirius, teremos condições de alcançar, em experimentos de ondas de choque, pressões e temperaturas mais altas do que 1 terapascal (equivalente a 10 milhões de atmosferas) e 50 mil graus Celsius”, enfatizou Souza Neto.
A atual fonte de luz síncrotron do LNLS é de segunda geração. O Sirius, que, segundo o cronograma, emitirá seu primeiro feixe de luz em 2018, deverá ser, juntamente com o Max 4, em construção na Suécia, uma das primeiras fontes de luz síncrotron de quarta geração no mundo. Numerosos experimentos hoje impossíveis de serem feitos no país poderão ser realizados com o Sirius.
Segundo Souza Neto, o atual experimento foi idealizado como uma prova de conceito da geração de onda de choque por meio de um laser ultracurto de alta intensidade, com vista a futuros desdobramentos por meio do Sirius. "A síntese e o estudo de novas fases da matéria em altíssimas pressões e temperaturas podem levar à descoberta de materiais com propriedades extraordinárias para aplicação cotidiana”, afirmou.
"Nesse sentido, lasers são instrumentos fundamentais para atingir condições extremas, possibilitando alcançar campos eletromagnéticos, pressões e temperaturas nunca antes acessíveis ao homem”, complementou Nilson Dias Vieira Junior, pesquisador do Ipen.
Assinaram o artigo publicado por Scientific Reports os pesquisadores Francisco Carlos Barbosa Maia (LNLS), Ricardo Elgul Samad (Ipen), Jefferson Bettini (LNNano), Raul de Oliveira Freitas (LNLS), Nilson Dias Vieira Junior (Ipen) e Narcizo Marques de Souza Neto (LNLS). Mais um fato positivo a destacar na realização do experimento foi a sinergia entre as três instituições envolvidas.
O LNLS e o LNNano são dois laboratórios nacionais – abertos a pesquisadores de todo o país e do exterior – instalados no mesmo campus, no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas, São Paulo. O Ipen está localizado na Cidade Universitária, em São Paulo.
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- 27/06/2015 - Canhão de laser vai medir qualidade do ar em Cubatão e na Ponta da PraiaPesquisa tem a participação da Fatec de Praia Grande e é conduzida pela USP, com apoio da Petrobras e Cetesb
Pesquisa tem a participação da Fatec de Praia Grande e é conduzida pela USP, com apoio da Petrobras e Cetesb
Fonte: A Tribuna de Santos
Alunos, formandos e professores da Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Praia Grande iniciam em agosto estudos para medir a quantidade de material particulado e outros poluentes gasosos no ar de Cubatão e Santos.
Vão utilizar um canhão de feixes de raioslaser, como parte de um projeto solicitado pela Cetesb à Universidade de São Paulo (USP) para avaliar a qualidade do ar na região.
O laser, que fica estacionado na unidade do Centro de Pesquisas em Meio Ambiente (Cepema) da USP, instalado em Cubatão, tem três comprimentos de onda que serão direcionados para a antiga Vila Parisi e para a região central da cidade e, em Santos, para o estuário, o Porto e a Ponta da Praia. O equipamento lê o tipo de poluente solicitado, que é identificado e quantificado.
O canhão tem alcance de até 30 quilômetros. Segundo a professora Fernanda de Mendonça Macedo, coordenadora de Tecnologia em Processos Químicos da Fatec-PG, o projeto está sendo desenvolvido em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e a e departamento de Engenharia Química da USP (Politécnica). O estudo envolverá alunos e ex-alunos do curso de Processos Químicos da Fatec em Praia Grande, que começou em 2011 e já tem três turmas formadas.Domênico Rangoni e a região da antiga Vila Parisi: feixes de raio laser ajudarão a reforçar programas antipoluição
O trabalho acadêmico faz parte de um convênio que o Ipen e a Poli tem com a Petrobras e a Cetesb. A condução dos estudos é dos professores Roberto Guardani, da Poli- USP e Eduardo Landufo, do Ipen.A participação dos alunos decorre de um convite feito depois de um workshop, no Ipen, na Cidade Universitária da USP, em São Paulo, sobre a aplicação de laser, em novembro de 2014.
"O professor Eduardo Landufo nos convidou a fazer uma parceria com a Fatec. A partir desse convite, duas alunas de iniciação cientifica, que estão no quinto ciclo de Processos Químicos, (Elaine Cristina Araújo e Izabel da Silva Andrade) vão aprender e operar os equipamentos a laser do Projeto Lidar. E ex-alunos já formados que vão desenvolver mestrados com Eduardo Landufo, integraram-se ao projeto”, conta.
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- 25/06/2015 - Dispersos pelo campus, institutos não vinculados à USP são parte da vida acadêmicaInstituições como o Paço das Artes, Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, Núcleo de Consciência Negra e Centro Tecnológico da Marinha também promovem ações com a universidade
Instituições como o Paço das Artes, Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, Núcleo de Consciência Negra e Centro Tecnológico da Marinha também promovem ações com a universidade
Fonte: Jornal do Campus
Redação JCQuando um calouro entra pela primeira vez na cidade universitária se depara com um mundo completamente novo. Diversas faculdades, institutos, bibliotecas, bandejões e museus estão inseridos dentro dos 7,5km² que compõem o campus da capital. Contudo, se engana aquele que acredita que todas as instituições dentro da USP fazem parte dela e, por isso, estão sobre o controle da reitoria.
Entrando pelo P1, logo em frente à Faculdade de Educação, encontra-se o Paço das Artes. Já seguindo pela Av. Prof. Lineu Prestes, é possível ver o IPEN e a ETEC CEPAM, um em frente ao outro. Ainda na mesma avenida, a sede do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo chama a atenção. Um pouco escondido, perto do restaurante Sweden e atrás dos antigos barracões, está o Núcleo de Consciência Negra.Paço das Artes
O prédio de arquitetura modernista, ainda inacabado, projetado na década de 1970 pelo arquiteto Jorge Wilheim é o lar do Paço das Artes desde 1994. A primeira exposição na nova sede foi a retrospectiva de Nelson Leirner, com curadoria de Agnaldo Farias. "A instituição veio para o ambiente universitário da USP por ser um espaço experimental e inovador focado não somente na produção da jovem arte contemporânea, mas também na atualidade das produções contemporâneas”, conta Priscila Arantes, diretora artística e curadora do Paço das Artes.
O Paço não faz parte da USP e é um órgão da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. Por isso, pode promover ações separadamente à universidade. A maioria é de cunho cultural, no sentido de fomentar e difundir a produção de arte contemporânea e organizadas pela própria instituição. As locações, quando realizadas, são feitas no Espaço Subsolo da instituição, apenas se a área não estiver sendo utilizada por ações organizadas pelo próprio Paço. Nesse espaço, já ocorreram festas como a House of Alice, um open bar realizado pela Agência Scheeeins!!.
Por estar dentro da USP, procura desenvolver uma relação de parceria com a universidade para promover atividades integradas. "O Paço das Artes realiza inúmeras cessões de espaço para eventos da USP tais como a que fazemos desde 2007 para os formandos da ECA-USP, a Oficina de Teatro gratuita voltada ao público da 3ª Idade, realizado em parceria com o Laboratório de Neurociências do ICB –USP, o Seminário Internacional Diálogos Transdisciplinares: Arte e Pesquisa (ECA-USP), entre outros”, explica Priscila. O acesso ao Paço das Artes é livre e gratuito ao público em geral.
Além disso, também desenvolve o projeto Paço Comunidade, uma ação que visa criar um diálogo entre a instituição e seu entorno, em especial o bairro Jardim São Remo. "Trata-se de um projeto de formação em arte, ministrada por um artista contemporâneo convidado, que culmina em intervenções na comunidade ou no Paço das Artes. O projeto é realizado em parceria com o programa Aproxima-AÇÃO (da Pró-reitoria da USP) e Associação Metodista Livre Agente – Girassol, ONG localizada na comunidade São Remo, no entorno da Cidade Universitária”, completa a curadora.IPEN
Ocupando 0,5km² do campus está o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo do Estado de São Paulo. Fundado em 1956 por professores da USP e com financiamento do CNPQ, ganhou o nome de Instituto de Energia Atômica (IEA) e foi construído dentro da Cidade Universitária. Posteriormente, o IEA, atual IPEN, se tornou uma Autarquia Estadual e por meio de convênio é gerido técnica e administrativamente pela Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN.
Apesar de não haver nenhuma contrapartida contratual obrigatória, existem diversas atividades que são realizadas em conjunto entre o instituto e a universidade, formais ou não. "Formalmente, somos uma entidade associada à Universidade de São Paulo. O IPEN é responsável pelo Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear da USP e somos, IPEN e USP, responsáveis pela Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo, que é a maior do Brasil e está situada no IPEN”, relata José Carlos Bressiani, superintendente do instituto.
Muitos trabalhos de pesquisas são realizados entre pesquisadores do IPEN e da USP, assim como o compartilhamento de laboratórios e outras facilidades. Além disso, muitos alunos da USP realizam atividades de pesquisas no instituto e vários cursos de graduação optativos são oferecidos semestralmente por pesquisadores do IPEN.
Por ser um Instituto que trabalha com materiais nucleares, o acesso às suas dependências é controlado. Apesar disso, a relação entre as comunidades IPEN e USP sempre foi respeitosa e harmoniosa com inúmeras vantagens para ambas, segundo o superintendente. "Só há vantagens em estarmos localizados na Cidade Universitária, pois além das facilidades já descritas, convivemos com o ambiente acadêmico e de pesquisa da melhor Universidade brasileira, o que nos serve de parâmetro”, conta.
ETEC Cepam
Próximo ao IPEN, também está localizada a ETEC CEPAM, entre a Universidade de São Paulo e o Instituto Butantã. O Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal (Cepam) é uma fundação do governo do estado de São Paulo, vinculada à Secretaria de Planejamento e Gestão, que apoia os municípios no aprimoramento da gestão e no desenvolvimento de políticas públicas. "O Cepam orienta as prefeituras e câmaras, por meio de assessoria técnica e pareceres jurídicos. Produz conhecimento e oferece cursos de qualificação profissional e aperfeiçoamento aos servidores públicos e agentes políticos”, conta a assessoria.
Em parceria com o Centro Paula Souza, responsável pelas Etecs e Fatecs do Estado de São Paulo, conta com a Escola Técnica Estadual de Gestão Pública (ETEC CEPAM). A escola visa a formação de técnicos de nível médio, oferecendo cursos de Gestão de Políticas Públicas, Orientação Comunitária e Legislativo. O prédio é acessível e aberto a todos os interessados.
Em 1967, mesmo ano em que o CEPAM foi instituído e regulamentando, foi criada também a Biblioteca Ivan Fleury Meirelles, no mesmo local. Especializada em Administração Municipal, a biblioteca atende o público interno e externo e "elabora estudos, pesquisas, manuais e guias de gestão pública, que divulgam o conhecimento produzido e sistematizado pelo Cepam, editando publicações, também em formato digital”, diz a assessoria.Núcleo de Consciência Negra
Fundado em 1987, o Núcleo de Consciência Negra localiza-se próximo ao restaurante Sweden e à FEA. Funcionários técnicos-administrativos, estudantes e docentes foram os criadores e visaram, desde o princípio, denunciar a exclusão racial da USP e pensar políticas de inclusão.
O Núcleo é responsável por um cursinho pré-vestibular comunitário, que tem como intuito preparar jovens negros e de baixa renda para a prova. Além disso, pensa e materializa formas de inclusão, através de políticas de cotas raciais e organização de cursos, palestras e seminários sobre diversos tipos de opressão, seja racismo, machismo ou homofobia. "Nossa luta é para que a sociedade tenha sua representatividade dentro deste espaço, trazendo seus saberes e tendo acesso ao conhecimento que ela ajuda a construir”, diz Maria José Menezes, colaboradora do NCN.
Segundo ela, o Núcleo é um espaço de resistência dentro da USP e que sempre busca o diálogo com a universidade, mas o compromisso principal é com a sociedade e com o direito ao conhecimento. "Ao longo de nossa história, através de seminários, cursos, palestras, reuniões recebemos uma parcela considerável da população que de outra forma jamais adentraria a este espaço. Com isso, quebramos o paradigma de espaço de elite. Este papel deveria ser feito pela USP, através das atividades de Cultura e Extensão, um dos tripés da univevrsidade, porém este tipo de iniciativa é incipiente partindo da USP”, conta Maria.
Até agora o NCN não recebeu nenhuma contra-partida por parte da USP e está negociando a sua permanência. "Para nós é importante estarmos neste espaço, pois assim conseguimos dialogar com mais facilidade com os diferentes seguimentos da instituição: trabalhadores, estudantes, docentes e administração. Além disso, ter este espaço de questionamento dentro de seus muros, faz com que a USP se dê conta de seu nível de exclusão”, diz Maria.Marinha
Criado em 1986, o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) é uma organização militar e sua sede está localizada dentro do campus da capital. Nela é desenvolvido o Programa Nuclear da Marinha do Brasil, que visa à capacitação no domínio dos processos tecnológicos, industriais e operacionais de instalações nucleares aplicáveis à propulsão naval. Lá trabalham servidores militares e civis, que exercem atividades técnicas de engenharia, pesquisa e desenvolvimento, gerenciamento de projetos e atividades administrativas.
O Jornal do Campus tentou entrar em contato com o CTMSP para saber como ocorre sua relação com a USP, porém não obteve resposta via e-mail e não foi autorizado a entrar nas dependências dela, já que se trata de uma área militar e necessita de autorização prévia. A CTMSP também não forneceu telefone para contato.
Por Mariana Miranda
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- 23/06/2015 - Abastecimento de insumos radioativos é regularizadoFonte: Agência Brasil
Por Flávia Villela - Repórter da Agência Brasil Edição:Beto Coura
O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, responsável pela produção da maioria dos radiofármacos utilizada no país, regularizou hoje (23) o fornecimento de radioisótopos usados como matéria-prima na medicina nuclear. No início do mês, pacientes não puderam fazer diagnóstico de doenças nem continuar o tratamento por causa da falta de radiofármacos nos hospitais.
A Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear acha que, apesar da regularização da remessa de radiofármacos, a situação é frágil e requer atenção. Em nota, a associação alertou que a dependência do Brasil por insumos radioativos importados é um problema que precisa ser solucionado, visto que há número limitado de fornecedores de radioisótopos dos quais o país pode comprar.
A associação cita a alta do dólar, o aumento dos custos dos insumos importados, bem como o corte do orçamento para a produção de radiofármacos como obstáculos para a aquisição de insumos e a manutenção da produção, de maneira regular a distribuição, como tem ocorrido nos últimos 30 anos.
O governo brasileiro tem como meta de longo prazo, para a autonomia de produção de radiofármacos, a criação do Reator Multipropósito Brasileiro. Além de ampliar a produção de material e técnicas nucleares, gerando benefício na área da saúde, o reator vai produzir isótopos radioativos que servirão de insumo para produtos com aplicação na indústria.
Serão usados também na proteção do meio ambiente, na agricultura e no desenvolvido da capacidade técnica e continuada na formação de pessoal especializado.
Em maio, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis emitiu licença prévia para a construção do reator. O empreendimento foi integrado ao Plano de Aceleração do Crescimento e tem previsão para começar a operar em aproximadamente quatro anos.
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- 23/06/2015 - Primeiro radiofármaco é registrado no Brasil pela ANVISAMarco histórico na medicina nuclear, medida publicada no D.O.U. – em 22/6 - revoluciona o cenário da especialidade no País
Marco histórico na medicina nuclear, medida publicada no D.O.U. – em 22/6 - revoluciona o cenário da especialidade no País
Fonte: Site da SBMN
Foi concedido o primeiro registro a um medicamento na categoria "radiofármaco” pronto para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O registro foi publicado no Diário Oficial da União (D.O.U.) desta segunda-feira (22/06).
Fabricado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear/CDTN, o Radioglic® - Fludesoxiglicose (18F), passa a ser considerado o pioneiro a obter a regulamentação da Agência no País, desde publicação da RDC 64/2009, norma que dispõe sobre o registro desses produtos. Indicado para uso exclusivo no campo diagnóstico aplicados nos serviços de medicina nuclear em exames de tomografia por emissão de pósitrons (PET e PET/CT), o radiofármaco irá beneficiar pacientes nas áreas de Oncologia, Cardiologia e Neurologia.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), Claudio Tinoco, trata-se de "um marco histórico na medicina nuclear nacional e revoluciona o cenário da especialidade no País”. Com isso, Tinoco explica que a Anvisa passou a aceitar como um dos critérios para registro a utilização de estudos clínicos publicados na literatura para validar a utilização e a eficácia clínica dos radiofármacos, sendo dispensadas para as substâncias com amplo histórico de uso clínico, as pesquisas de efetividade e não-inferioridade. "O registro simboliza a regulamentação de uma prática que tem mais de 50 anos de uso no Brasil, considerada consagrada no campo da medicina diagnóstica e, também, terapêutica". Ao todo a SBMN estima que mais de 50 radiofármacos venham a ter o seu registro sanitário publicado.
Este critério está em conformidade com a matéria preconizado pela Resolução de Diretoria Colegiada - RDC nº. 70, de 22 de dezembro de 2014, uma normativa complementar à RDC 64/2009. Em fevereiro deste ano, em reunião junto à SBMN para trarar do registro de radiofármacos, Marcelo Moreira, da Gerência-Geral de Produtos Biológicos, Sangue, Tecidos, Células e Órgãos (GGPBS) da Anvisa, havia informado que a RDC 70/2014 foi elaborada após criteriosa avaliação e com o objetivo de normatizar os produtos já comercializados e utilizados no País antes de 23 de dezembro de 2014, equiparados como radiofármacos consagrados quanto aos requisitos para Registro no Brasil.
Vale ressaltar que todos os radiofármacos que já estavam em comercialização no Brasil na data de publicação da RDC 70/2014 devem que ter o seu registro peticionado em até 180 dias da publicação da referida RDC. Aqueles que não o fizerem não poderão mais ser comercializados. Para a obtenção do registro, todos os radiofármacos deverão seguir os requisitos técnicos, conforme determinado na normativa vigente, a RDC 64/2009.
O registro de radiofármacos faz parte do Plano Estratégico de Expansão da Medicina Nuclear - que teve início neste ano de 2015 - durante Workshop realizado no IPEN, com a criação Comissão Permanente de Desenvolvimento e Expansão da Medicina Nuclear”. O grupo tem como um dos principais objetivos a ampliação dos benefícios da medicina nuclear para a população usuária do Sistema Único de Saúde (SUS).
Sobre os radiofármacos
Diferentemente da farmacologia, a radiofarmacologia requer uma pequena quantidade molecular na composição dos medicamentos, o que os caracteriza como produtos mais seguros, em geral. "Como as parcelas de radiação utilizadas em medicina nuclear são mínimas, e em geral não causam efeitos adversos quando utilizadas apropriadamente, nem para o paciente e nem para o ambiente, sendo já controlados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)”, ressalta o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear - SBMN - Claudio Tinoco.Também conhecidos como radiotraçadores, os radiofármacos são utilizados em diagnósticos, como ferramenta para acessar e analisar o funcionamento dos órgãos e tecidos vivos. Além disso, são empregados em tratamentos de doenças como hipertioridismo, câncer da tireoide e outros tumores, além do tratamento de dores ósseas.
Veja nota completa da Anvisa:
Anvisa aprova primeiro medicamento radiofármaco pronto para uso
A Anvisa concedeu o registro para o medicamento Radioglic® - Fludesoxiglicose (18F), fabricado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear/CDTN. Este é o primeiro medicamento da categoria de radiofármacos pronto para o uso registrado pela Anvisa desde a publicação da RDC n° 64/2009, norma que dispõe sobre o registro desses produtos. O registro foi publicado no Diário Oficial da União desta segunda-feira (22/06).O medicamento foi aprovado pela Anvisa na forma farmacêutica de solução injetável para administração intravenosa de fludesoxiglicose (18F), disponível em dez apresentações comerciais: frascos-ampola de até 15 mL, contendo atividades de 0,4 GBq ; 1 GBq; 2 GBq; 3 GBq; 5 GBq; 8 GBq; 13 GBq; 16 GBq; 19 GBq; 29 GBq, na data e hora da calibração.
Radioglic® está indicado para uso exclusivo em radiodiagnóstico nos serviços de medicina nuclear e destinado a exames de tomografia por emissão de pósitrons (PET e PET/CT), nas áreas de Oncologia, Cardiologia e Neurologia.
Fludesoxiglicose (18F) é um análogo radioativo da glicose, que se acumula em todas as células que utilizam glicose como fonte primária de energia. É o radiofármaco mais comumente utilizado para obtenção de imagens em PET.
A expectativa é de que sejam solicitados registros para todos os radiofármacos que estejam em comercialização no país. Assim, a Agência dará continuidade ao processo de regulamentação desta categoria de medicamentos, criando um cenário positivo para a entrada de novos produtos.
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- 17/06/2015 - Unesc participa de projeto inédito no Brasil para recuperação de áreas degradadas pela mineraçãoFonte: Unesc
A Unesc faz parte de uma iniciativa inédita no Brasil para a recuperação de solos e recursos hídricos contaminados pela mineração de urânio e carvão, com o uso do ozônio. O projeto "Processo de geração e transferência de ozônio na recuperação de solos e recursos hídricos contaminados por metais pesados em mina de urânio”, que iniciou em 2013, está em sua reta final – o prazo de conclusão é em dezembro de 2015 – e já obteve resultados positivos em Caldas, Minas Gerais, onde foi comprovada a possibilidade de recuperar a drenagem ácida gerada em área de mineração de urânio. Já os estudos da recuperação e tratamento de drenagem ácida da mina São Geraldo, pertencente à Carbonífera Rio Deserto, em Criciúma, com o uso de ozônio, começaram no fim de maio de 2015, quando a planta para o tratamento das águas que saem da mina desativada foi instalada.
Em Caldas, o passivo ambiental na área de estudo é de 45 milhões de metros cúbicos de bota-fora concentrado em aproximadamente 130 hectares. Na região carbonífera são 6 mil hectares de passivo em processo de recuperação, com geração de drenagem ácida suficiente para contaminar as bacias hidrográficas do rio Araranguá, do Rio Urussanga e do Rio Tubarão.
A Universidade faz parte de um grupo formado pela Fundação Patria (Fundação Parque de Alta Tecnologia da Região de Iperó e Adjacências), pela empresa Brasil Ozônio, de São Paulo e pela INB (Indústrias Nucleares do Brasil), com sede em Caldas, Minas Gerais, que aprovou junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) uma concessão de apoio não reembolsável de R$ 9,6 milhões. O projeto está orçado em R$ 10,8 milhões e a Brasil Ozônio, fornecedora dos geradores de ozônio, é responsável por uma contrapartida de R$ 1,2 milhão.
O projeto conta também com a participação de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e da Comissão de Energia Nuclear (CNEN). A Unesc entrou no projeto como Instituição Tecnológica e responsável técnica por aplicar, avaliar e construir indicadores de eficácia da aplicação de ozônio nos solos e nas águas.
O professor doutor da Unesc, Elídio Angioletto, é quem coordena os trabalhos de pesquisa do projeto, e conta que os primeiros experimentos com ozônio para o tratamento de drenagem ácida de mina ocorreram na década de 60 nos Estados Unidos e que no Brasil, ainda são recentes. "Vivemos um período com recursos hídricos mais escassos. Poder tratar a água contaminada e tornar ela utilizável é um avanço necessário”, comenta.
Projeto possibilita aprendizado para acadêmicos da Unesc, UFSC e USP
O projeto também é um campo de estágio para futuros profissionais. Além de Angioletto, o grupo de trabalho da Unesc conta com o engenheiro químico formado na Unesc, e mestrando em Engenharia Química na UFSC, Thauan Gomes, e os estudantes bolsistas da sétima fase do curso de Engenharia Química da Unesc, Ana Carolina Feltrin e Willian Acordi Cardoso. Também estão inseridos nas atividades dois mestrandos e dois alunos de iniciação científica da USP.
Ana Carolina está há quase um ano no projeto, e realiza as análises de microrganismos presentes no solo e nas águas, no Laboratório de Desenvolvimento e Caracterização de Materiais Antimicrobianos, localizado no Iparque (Parque Científico e Tecnológico da Unesc). Segundo ela, o estágio permite o contato com novas áreas e colocar em prática conteúdos aprendidos em sala de aula.
Já Cardoso, que está o mesmo período de tempo que Ana Carolina no projeto, faz análises químicas da recuperação dos efluentes, montagem de equipamentos e estudos sobre a viabilidade do projeto.
"Estou tendo contato com algo diferente e a possibilidade de aprender, em um menor espaço de tempo, uma série de questões que envolvem um projeto, desde a montagem de máquinas e aspectos econômicos até o funcionamento de empresas da área, sem contar a parte química e o contato com instituições de vários lugares do Brasil. Isso será um diferencial para mim”, conta o estudante.
Entenda o processo
O ozônio é um gás (que tem o ar como matéria prima) e nos estudos realizados, passa por um separador e secador de oxigênio e então pelo gerador de ozônio. Após a reação, esse gás, em tempo médio de sete minutos, volta a ser oxigênio. "O estudo feito em Minas Gerais, mostrou que o ozônio é efetivo na recuperação da DAM (Drenagem Ácida de Mineração), onde oxida todos os metais presentes. Com a adição de um pouco de cal hidratada para corrigir a acidez, essa água pode ser utilizada para diversos fins, como irrigar lavouras, para a criação de peixes, para esportes aquáticos e para animais beberem”, explica.
Angioletto comenta que pelas características da drenagem ácida das minas de carvão, haverá mais dificuldade no tratamento em Criciúma do que a encontrada em Caldas. "A intenção é conseguirmos tratar e recuperar o passivo com ozônio a um custo competitivo em relação às demais tecnologias já existentes no mercado”, afirma.
O outro estudo realizado no projeto possui o objetivo de evitar a formação da drenagem ácida de mineração. Neste caso, o ozônio é aplicado diretamente nas pilhas de rejeitos e estéreis de mineração e como ele é um forte oxidante, elimina os microrganismos ferro-oxidantes que atuam na formação da drenagem ácida de mineração.
Na planta piloto, a água contaminada recebe uma injeção de ozônio para oxidação dos metais pesados, que serão separados por meio de processo como filtração ou centrifugação e poderão ser aproveitados para ajudar a suprir a demanda do mercado por esses óxidos. O manganês que está sendo recuperado em Caldas é um bom exemplo desse potencial. Posteriormente a água segue para um tanque, onde é adicionado cal para ajuste do pH (Pontencial Hidrogeniônico) e decantação de metais remanescentes e segue seu curso para o ambiente.
Já no caso dos depósitos de rejeitos e estéreis de mineração, o gás ozônio é injetado diretamente nas montanhas de resíduos utilizando para isso um conjunto de sondas e ar comprimido. A ideia é eliminar o microrganismo Thiobacillus ferrooxidans, que é catalisador de reações que produzem ácido sulfúrico.