Ipen na Mídia
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- 22/08/2024 - Gerente de centro nuclear brasileiro Julian Marco Barbosa comenta iniciativas mais promissoras nos países do BRICS na área de energia nuclearFonte: Agência Brasil ChinaJulian Marco Barbosa Shorto é formado em Física pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e possui a especialização em física nuclear experimental e reações nucleares de baixa energia.Ele é gerente de pesquisa, desenvolvimento e inovação no Centro de Engenharia Nuclear do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).Seus interesses de pesquisa incluem projetos em engenharia nuclear e física da saúde. Julian também é vice-presidente do programa de pós-graduação em Engenharia Nuclear do IPEN.Você atualmente é gerente de pesquisa, desenvolvimento e inovação no Centro de Energia Nuclear do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares. Poderia nos contar o que o Instituto faz, que tipo de pesquisa é realizada?O Instituto de Pesquisa Energéticas Nucleares faz parte do Instituto de Pesquisa da Comissão Nacional de Energia Nuclear que está ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia. Então, originalmente ele surgiu ao redor de um reator nuclear, um reator de pesquisa.Mas foram surgindo outros centros ao redor desse reator para dar suporte para as pesquisas que eram realizadas lá. Então, hoje em dia, além da área nuclear, ele tem forte presença em pesquisa em saúde, biotecnologia, materiais, célula de hidrogênio, irradiação de alimentos químicos em um ambiente, lasers, aplicações com lasers. É um centro multisciplinar, que faz pesquisa em diferentes áreas do conhecimento.E que projetos internacionais, em particular com os países do BRICS, estão em andamento no Instituto?A gente tem parcerias com vários países, mas em relação ao BRICS, o nosso principal parceiro é a Rússia. Nós temos uma parceria já há bastante tempo com o Instituto MIFI [Instituto de Engenharia Física de Moscou]. Nós mandamos para a Rússia quatro ou seis alunos para fazer um mestrado. E agora a gente está para assinar um acordo de dupla titulação. Então, os nossos alunos vão ter um diploma da Rússia e um diploma da Universidade de São Paulo.E como você avalia as perspectivas de desenvolvimento do setor da energia nuclear no mundo?Eu acho que as perspectivas são de melhoria, de um crescimento da energia nuclear, principalmente por causa da necessidade de descarbonização. A energia nuclear é uma energia limpa, tem uma pegada de carbono baixa e ela fornece uma energia de base importante, porque as renováveis dependem do clima, da intermitência. Então, a energia nuclear fornece uma base importante.Quais projetos no setor da energia nuclear estão planejados para serem implementados com os países membros do BRICS?Não temos nenhum grande projeto que eu saiba. A Rússia [a Rosatom] está construindo reatores na Índia. Eles estão em negociação com a África do Sul, e a China também tem tentado. Então, entre os países as colaborações são mais russas e chinesas com os outros membros do BRICS.E quais são as novas tecnologias no setor da energia nuclear que o Brasil pode oferecer aos outros Estados-membros do BRICS?O Brasil tem uma tradição na área nuclear e a gente é um dos poucos países do mundo que domina o ciclo completo do enriquecimento do Urânio. Poucos países do mundo têm isso, então acho que isso é um aspecto que o Brasil pode colaborar bastante com os outros países do BRICS. A Rússia também domina o ciclo.Como a energia nuclear pode ajudar a lidar com as mudanças climáticas e reduzir as emissões de gases de efeito estufa?Acho que a energia nuclear é fundamental. A gente vai precisar do apoio da energia nuclear, porque é uma energia limpa, com baixa emissão de carbono.Então acho que a energia nuclear vai ser uma peça fundamental nessa busca em que estamos tentando reduzir as emissões de efeito estufo. É claro que a energia nuclear tem alguns problemas a superar […]. Mas eu acho que não dá para abrir mão da energia nuclear no futuro se a gente quiser alcançar a meta de zero emissões até 2050.Que iniciativas estão sendo implementadas atualmente nos países do BRICS no setor de energia nuclear e quais delas, em sua opinião, são os mais promissoras?O mais promissor são os pequenos reatores modulares. Tanto a China quanto a Rússia, o Brasil tem pesquisado também nessa área.Eu acho que isso aí vai trazer uma nova vida para o setor. Porque esses reatores vão poder gerar energia em áreas distantes, remotas, de difícil acesso.Também, uma área que a gente está pesquisando é usar esses reatores para a exploração de petróleo no pré-sal.A China e a Rússia têm investido bastante na fusão nuclear. Eu acho que é uma coisa mais de longo prazo, mas também um setor que no futuro vai ser importante na geração de energia.E como você avalia a experiência russa no desenvolvimento da medicina nuclear? Que perspectivas para a cooperação você enxerga nessa área no âmbito do BRICS?Existem excelentes perspectivas. A Rússia tem uma longa tradição na medicina nuclear desde a década de 40. Antes de tudo, tem uma fábrica de produção em radioisótopos. E os principais fornecedores do Brasil são russos. Então, as perspectivas de cooperação da Rússia são excelentes.Neste mês, Moscou e São Petersburgo sediarão um estágio para especialistas do setor energético da América Latina e do Caribe. O projeto tem como objetivo desenvolver o diálogo internacional no setor de energia. E a TV BRICS é a organizadora e parceira de mídia internacional do estágio. O que você acha desse projeto? Você acredita ser possível organizar um estágio semelhante no Brasil para especialistas dos países do BRICS?Eu acho esse projeto excelente. Não só para fortalecer a cooperação dos países da América Latina com a Rússia, mas para estabelecer um diálogo entre os próprios países da América Latina. É uma oportunidade de a gente conhecer também os nossos vizinhos. E eu acho que é perfeitamente possível realizar um encontro semelhante lá no Brasil. É bem possível. -
- 16/08/2024 - Pesquisador do IPEN é entrevistado pela TV BRICSO pesquisador Julian Marco Barbosa, do Centro de Engenharia Nuclear (CEENG) do IPEN é entrevistado pelo TV BRICS sobre tecnologia nuclear e reatores modulares
O pesquisador Julian Marco Barbosa, do Centro de Engenharia Nuclear (CEENG) do IPEN é entrevistado pelo TV BRICS sobre tecnologia nuclear e reatores modulares
Fonte: TV BRICS
Gerente de centro de pesquisa nuclear brasileira Julian Marco Barbosa: pequenos reatores modulares são as iniciativas mais promissoras nos países do BRICS na área de energia nuclear
A energia nuclear é crucial para a diversificação das fontes energéticas, contribuindo para a segurança energética global e ajudando a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, essenciais no combate às mudanças climáticas.
Quais projetos no setor da energia nuclear estão planejados para serem implementados com os países-membros do BRICS? E quais são as novas tecnologias no setor de energia nuclear que o Brasil pode oferecer aos outros Estados do BRICS?
Julian Marco Barbosa Shorto, Gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação no Centro de Engenharia Nuclear do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), respondeu a essas e outras perguntas nesta BRICStrevista.
Repórter da TV BRICS: Irina Yakoban -
- 09/08/2024 - STEAM Day 2024O Evento no IPEN debaterá temas relacionados a ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática
O Evento no IPEN debaterá temas relacionados a ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática
Fonte: Agência FAPESPO Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) sediará, nos dias 4 e 5 de setembro, o "STEAM Day 2024: Um mergulho ao mundo da Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática”.O evento reunirá representantes da academia, do governo e da indústria para discutir temas relacionados com STEAM – sigla em inglês usada para descrever cinco áreas do conhecimento: ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática – e promover um futuro de inovação, ciência e tecnologias.O encontro será composto por painéis de apresentação sobre temas como "Ciência e Meio Ambiente”, "Saúde”, "Agro e Alimentos”, "Energia Renovável” e "Transformação Digital e Indústria”. A programação contará ainda com visita às instalações, aos laboratórios e espaços do Ipen.Os interessados podem se inscrever pela página do evento na plataforma Doity. Visitantes não pagam ingressos. Para acesso à abertura e aos painéis das sessões técnicas, a taxa de inscrição custa R$ 550 para profissionais e R$ 80 para alunos e professores. Os ingressos para profissionais devem ser comprados até a próxima quinta-feira (15/08) e os ingressos para alunos e professores até 2 de setembro.O evento começa às 8h30, no prédio do Ipen, av. Prof. Lineu Prestes, 2.242, Cidade Universitária, São Paulo.Mais informações: https://tinyurl.com/526hv2j5. -
- 07/08/2024 - Cientistas brasileiros desenvolvem bateria de chumbo leve e flexívelFonte: Jornal Metrópolis
Uma bateria sintetizada com nanopartículas de chumbo e carbono e dotada de uma arquitetura inovadora, inspirada nas células a combustível de hidrogênio, é a aposta de um grupo do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo. O objetivo é criar um sistema de armazenamento de energia mais leve e eficiente do que as baterias de chumbo convencionais usadas em automóveis e aplicações industriais. Os resultados do trabalho foram publicados no periódicoJournal of Energy Storage, em março. Um pedido de patente do dispositivo deverá ser submetido ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
"Nosso protótipo substitui os tradicionais eletrodos metálicos de chumbo das baterias tradicionais por nanopartículas de chumbo fixadas em um tecido de carbono flexível, muito mais leve e condutor do que o chumbo metálico”, explica o químico Almir Oliveira Neto, do Centro de Células a Combustível e Hidrogênio do Ipen, que liderou o projeto.
Outra novidade é o uso de um eletrólito polimérico sólido – uma membrana transportadora de prótons – no lugar do eletrólito líquido das baterias de chumbo-ácido. Em uma bateria automotiva, o eletrólito (ácido sulfúrico diluído em água) desempenha o papel de um elemento condutor transportando os íons elétricos entre o polo positivo (cátodo) e o negativo (ânodo) quando a bateria está sendo carregada ou descarregada.
"A membrana polimérica deu flexibilidade ao sistema e reduziu seu peso”, destaca o químico Rodrigo Fernando Brambilla de Souza, primeiro autor do artigo. A vantagem de eletrólitos sólidos é que eles são menos propensos a vazamentos e derramamentos, elevando a segurança da bateria. A ausência de líquidos também pode reduzir a corrosão interna e outros processos de degradação, prolongando a vida útil do sistema.
O protótipo da bateria, cujo desenvolvimento também envolveu o Centro de Ciência e Tecnologia de Materiais do Ipen, mede cerca de 5 centímetros quadrados e têm 1,2 milímetro de espessura. Tem a forma de um sanduíche, com dois tecidos de carbono impregnados de nanopartículas de chumbo prensados a quente com a membrana transportadora de prótons no meio (ver infográfico abaixo). "A célula pesa apenas 0,73 grama [g] e, em testes laboratoriais, teve a mesma eficiência energética de uma pilha de chumbo tradicional de 15 g. É 20 vezes mais leve e seu tamanho foi reduzido em 90%”, diz Souza, atualmente em estágio de pós-doutorado no Ipen.
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- 07/08/2024 - Cientistas brasileiros desenvolvem bateria de chumbo leve e flexívelNa fase de protótipo, o dispositivo é dobrável e poderá ser usado para múltiplas aplicações, em veículos, roupas, aparelhos eletroeletrônicos e até microssatélites
Na fase de protótipo, o dispositivo é dobrável e poderá ser usado para múltiplas aplicações, em veículos, roupas, aparelhos eletroeletrônicos e até microssatélites
Fonte: Pesquisa FAPESP
Uma bateria sintetizada com nanopartículas de chumbo e carbono e dotada de uma arquitetura inovadora, inspirada nas células a combustível de hidrogênio, é a aposta de um grupo do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo. O objetivo é criar um sistema de armazenamento de energia mais leve e eficiente do que as baterias de chumbo convencionais usadas em automóveis e aplicações industriais. Os resultados do trabalho foram publicados no periódico Journal of Energy Storage, em março. Um pedido de patente do dispositivo deverá ser submetido ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
"Nosso protótipo substitui os tradicionais eletrodos metálicos de chumbo das baterias tradicionais por nanopartículas de chumbo fixadas em um tecido de carbono flexível, muito mais leve e condutor do que o chumbo metálico”, explica o químico Almir Oliveira Neto, do Centro de Células a Combustível e Hidrogênio do Ipen, que liderou o projeto.
Outra novidade é o uso de um eletrólito polimérico sólido – uma membrana transportadora de prótons – no lugar do eletrólito líquido das baterias de chumbo-ácido. Em uma bateria automotiva, o eletrólito (ácido sulfúrico diluído em água) desempenha o papel de um elemento condutor transportando os íons elétricos entre o polo positivo (cátodo) e o negativo (ânodo) quando a bateria está sendo carregada ou descarregada.
"A membrana polimérica deu flexibilidade ao sistema e reduziu seu peso”, destaca o químico Rodrigo Fernando Brambilla de Souza, primeiro autor do artigo. A vantagem de eletrólitos sólidos é que eles são menos propensos a vazamentos e derramamentos, elevando a segurança da bateria. A ausência de líquidos também pode reduzir a corrosão interna e outros processos de degradação, prolongando a vida útil do sistema.
O protótipo da bateria, cujo desenvolvimento também envolveu o Centro de Ciência e Tecnologia de Materiais do Ipen, mede cerca de 5 centímetros quadrados e têm 1,2 milímetro de espessura. Tem a forma de um sanduíche, com dois tecidos de carbono impregnados de nanopartículas de chumbo prensados a quente com a membrana transportadora de prótons no meio (ver infográfico abaixo). "A célula pesa apenas 0,73 grama [g] e, em testes laboratoriais, teve a mesma eficiência energética de uma pilha de chumbo tradicional de 15 g. É 20 vezes mais leve e seu tamanho foi reduzido em 90%”, diz Souza, atualmente em estágio de pós-doutorado no Ipen.
Alexandre Affonso/Revista Pesquisa FAPESP
Outro aspecto importante da inovação é sua estabilidade eletroquímica, ou seja, a capacidade de carregar e descarregar, ou ciclar, no jargão técnico, sem perder tensão elétrica – a do protótipo, no caso, é de 2 volts. "A incorporação de carbono na estrutura de chumbo não só melhorou a estabilidade das nanopartículas, mas também resultou em um desempenho altamente estável da bateria ao longo de 100 ciclos, com variações potenciais de descarga menores do que 2%”, anotaram os autores no artigo da revista Journal of Energy Storage.
"A integração bem-sucedida da arquitetura PEM-FC [células a combustível de membrana de troca de prótons] na tecnologia CLAB [ácido-chumbo-carbono] abre caminhos para soluções inovadoras e flexíveis de armazenamento de energia”, conclui o artigo. A equipe é formada ainda pelos pesquisadores Édson Pereira Soares e Larissa Otubo, do Ipen, pela doutoranda em tecnologia nuclear Victória Maia e pelos alunos de iniciação científica Felipe Da Conceição, da Faculdade Osvaldo Cruz, e Gabriel Silvestrin, do Centro Universitário FMU, ambos em São Paulo.
Avanço tecnológico
Baterias de chumbo-ácido (LAB) existem há mais de 150 anos e continuam muito relevantes. "Diversas inovações foram feitas para melhorar o desempenho dessa tecnologia, ainda hoje uma opção de baixo custo, robusta e confiável no mercado de baterias recarregáveis”, atesta a química Lucia Helena Mascaro Sales, pesquisadora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e do Centro de Inovação em Novas Energias (Cine), apoiado pela FAPESP. "A desvantagem delas é serem pesadas e ocuparem muito espaço. Os coletores de corrente são grades de chumbo, que correspondem a 30% até 60% do peso.” Uma bateria tradicional de chumbo pesa, em média, 14 quilos (kg). "Estimamos que um modelo equivalente do dispositivo criado por nosso grupo poderá pesar entre 1 e 2 kg”, diz Souza.
Os sistemas de armazenamento chumbo-carbono são uma evolução da tecnologia LAB por incorporar materiais de carbono nos eletrodos. O carbono melhora o desempenho do sistema por elevar a estabilidade da célula ao reduzir a sulfatação – o crescimento de cristais de sulfato nos eletrodos, o que acaba degradando a bateria. O resultado é uma melhora significativa na ciclagem e eficiência.
Microscopia eletrônica de amostra de nanopartículas de chumbo em tecido de carbono mostra a tendência do metal a se apresentar em formato de agulhaSOUZA, R. F. B.et al.Journal of Energy Storage, 2024
Baterias de chumbo-carbono, destaca o físico Hudson Zanin, especialista em sistemas de armazenamento de energia da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e que não integra a equipe do Ipen, já são comercializadas há algum tempo, com vários fabricantes ao redor do mundo. "A Moura, por exemplo, tem um sistema de armazenamento e gestão de energia, chamado BEES, com a tecnologia de chumbo-carbono”, diz o pesquisador.
A solução proposta pelo Ipen, contudo, inova ao permitir que essas baterias sejam flexíveis em um futuro próximo, podendo resultar em um dispositivo dobrável, ao adotar um desenho similar ao das células a combustível, em que os eletrodos metálicos tradicionais de chumbo são substituídos pelo tecido de carbono impregnado de nanopartículas de chumbo.
"O Ipen propõe uma abordagem inovadora ao combinar a tecnologia convencional de baterias de chumbo-ácido com elementos avançados de design de células a combustível”, reconhece Zanin. Para ele, ao substituir os eletrodos convencionais por nanopartículas de chumbo fixadas em um tecido de carbono flexível, o dispositivo torna-se mais eficiente porque as nanopartículas oferecem uma área superficial significativamente maior para as reações eletroquímicas, que poderão gerar corrente elétrica mais densa. "O tecido apresenta ainda a vantagem de absorver melhor as tensões mecânicas do que os eletrodos metálicos rígidos. Com isso, reduz-se o risco de danos estruturais durante os ciclos de carga e descarga”, afirma o pesquisador da Unicamp.
Sales, da UFSCar, destaca que a flexibilidade da bateria permitirá que ela seja torcida e moldada em diferentes formas. "Isso poderá expandir o emprego da tecnologia em aplicações modernas, como eletrônicos portáteis, dispositivos médicos, têxteis inteligentes vestíveis, sensores, entre outros, além do uso mais tradicional em eletroeletrônicos, veículos e sistemas estacionários de armazenamento de energia”, pondera.
Em ensaios laboratoriais, o dispositivo operou sem perder eficiência na faixa de temperatura entre -20 e 120 graus Celsius. "Se conseguirmos aumentar seu desempenho para mais de 2 mil ciclos, até microssatélites podem ser alvo da nossa solução”, sugere Souza. Baterias de chumbo usadas em veículos chegam a 500 ciclos.
Desafios a superar
Versátil e promissora, a tecnologia ainda se encontra em um estágio inicial, focado na prova de conceito e nas primeiras etapas de prototipagem. "Estamos em TRL 3-4 e os próximos passos serão baratear os materiais para possibilitar a produção em maior escala”, afirma Oliveira. Criada pela agência espacial norte-americana Nasa, a escala TRL (Nível de Maturidade Tecnológica) vai do nível 1 (pesquisa básica) ao 9 (produto no mercado).
O engenheiro mecânico Giovani Grespan, em estágio de pós-doutorado na UFSCar e estudioso dos dispositivos de chumbo-ácido, avalia como positiva a iniciativa do Ipen, mas ressalta que o desenvolvimento de baterias exige um extenso caminho que passa por diversos testes de desempenho, segurança e validação. "Há problemas a serem resolvidos nessa proposta. Um deles refere-se aos eletrólitos sólidos poliméricos, que podem aumentar a resistência interna da bateria e reduzir a velocidade de carga e descarga”, pondera.
Reduzir os custos dos materiais e dos processos de produção, especialmente das membranas de prótons e dos eletrólitos, também é um dos desafios futuros, complementa Zanin. Outro é desenvolver processos de fabricação em larga escala que mantenham a qualidade e a consistência dos materiais avançados. Será preciso, ainda, demonstrar a durabilidade e a confiabilidade do protótipo sob condições reais de operação por períodos prolongados. "Essas melhorias podem posicionar a tecnologia como uma alternativa viável e competitiva no mercado de armazenamento de energia”, avalia o pesquisador da Unicamp.
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- 02/08/2024 - Grandes infraestruturas científicas do Brasil são destaque na 5CNCTIEspecialistas discutiram relevância e desafios no planejamento e execução dos projetos estruturantes de P&D no país como o Sirius e radiotelescópio Bingo
Especialistas discutiram relevância e desafios no planejamento e execução dos projetos estruturantes de P&D no país como o Sirius e radiotelescópio Bingo
Fonte: MCTI
Um encontro para discutir os principais projetos de infraestrutura científica do Brasil lotou a sessão "Grandes infraestruturas e projetos estratégicos de P&D: financiamento e institucionalidade”, nesta quinta-feira, 1º de agosto, último dia da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI).
O painel contou representantes do radiotelescópio Bingo, que será construído no sertão da Paraíba; do Sirius/Orion, em Campinas (SP); do Telescópio Gigante de Magalhães, a ser construído no Chile; do Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello, da Petrobras, no Rio de Janeiro; toda a rede de infraestrutura da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), e o supercomputador Santos Dumont, do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), no Rio de Janeiro. Os especialistas destacaram como essas grandes infraestruturas são fundamentais para o país e apontaram as dificuldades de planejamento e execução.
Na coordenação do debate, Amilcar Queiroz, professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e um dos responsáveis pelo projeto do maior radiotelescópio da América Latina, o Bingo. Ele afirmou que esses projetos são de longo prazo e precisam de muitos recursos. "São projetos diferentes, mas com dificuldades semelhantes”, afirmou Queiroz.
Entre as dificuldades encontradas, segundo o professor, está a busca de fontes alternativas de recursos, além do Fundo Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Amilcar Queiroz enfatizou que os investimentos nessas infraestruturas colocam o Brasil em um patamar de destaque perante a comunidade científica mundial.
O diretor-geral do CNPEM, José Roque, alertou sobre a dificuldade para o planejamento. Segundo ele, alguns países têm órgãos institucionais que cuidam somente das questões das grandes infraestruturas. "Boa parte das atividades aqui batem na porta do MCTI pedindo dinheiro do FNDCT”, disse.O diretor lembrou que, atualmente, o FNDCT tem os recursos para a construção da infraestrutura, mas para a operacionalização são necessárias outras fontes de recursos.
Roque enfatizou que é preciso ter no Brasil um mecanismo diferenciado para o tratamento desses grandes projetos. "É preciso ter esse mecanismo. Se vai ser uma secretaria, não sabemos. Mas muitos desses projetos são transversais e envolvem também outros ministérios”, disse.
Recursos Humanos
Além do planejamento e do financiamento, também foram discutidas a atração e a permanência de mão de obra qualificada para esses grandes desafios.
De acordo com a integrante do conselho diretor do Telescópio Gigante Magalhães (GMT) e professora titular do Instituto de Astronomia da Universidade de São Paulo (USP), Cláudia Oliveira, os grandes projetos são fontes inesgotáveis de conhecimento e os pesquisadores financiados muitas vezes perdem a fonte de recursos durante o projeto. "A gente tem que cuidar com muito carinho dessas pessoas. Elas que fazem o projeto caminhar,” disse.
Por outro lado, o diretor-geral da RNP, Nelson Simões, pontuou que esses grandes projetos têm a capacidade de promover a gestão de pessoas, competências e talentos. Segundo ele, o valor oferecido para os pesquisadores muitas vezes não está dentro do que é oferecido no mercado, mas essas infraestruturas têm a capacidade de reter muitos talentos no país. "Se eu construo um ambiente atraente, certamente muitas pessoas vão querer ficar ali pelo propósito, pelas alianças e pelo valor que aquilo gera”, acrescentou Simões.
Também participaram da sessão o representante do Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello da Petrobras, Julio Leite, e o diretor do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), Fábio Borges de Oliveira. A relatoria ficou a cargo de Nilson Dias, do Ipen.
Confira a sessão na íntegra em https://www.youtube.com/live/bjmqCWffezc?si=VNVREJP3YkJOteo6
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- 02/08/2024 - Especialistas apontam impactos de tecnologias emergentes e críticas na ciência e na medicinaAvanços como CRISPR, insumos biológicos e radiofármacos foram debatidos durante painel na 5NCNTI
Avanços como CRISPR, insumos biológicos e radiofármacos foram debatidos durante painel na 5NCNTI
Fonte: MCTI
As tecnologias emergentes têm transformado rapidamente o campo da ciência e da medicina, oferecendo oportunidades inovadoras, mas também gerando debates críticos. Entre essas tecnologias, destacam-se o CRISPR, os insumos biológicos avançados e os radiofármacos, por seu impacto e complexidade. O tema foi debatido em mesa da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI), nesta sexta-feira (1º), no Espaço Brasil 21, em Brasília (DF).
O painel, comandado pelo economista, professor e pesquisador Carlos Gadelha, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, reuniu a especialista em tecnologia de radiação ionizante para oncologia, doutora em física com ênfase em medicina nuclear e atual coordenadora de Avaliação de Tecnologia em Saúde no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), Lorena Pozzo; Mônica Felts, farmacêutica, doutora em produção e controle de medicamentos pela Universidade Federal de Pernambuco, cientista, bolsista de produtividade do CNPq e gestora pública de Ciência, Tecnologia e Inovação; e Thiago Mares, médico, doutor em bioquímica e imunologia pela UFMG, pós-doutorado em biotecnologia e terapia celular pela USP e atual vice-presidente executivo da Bionovis.
Gadelha iniciou sua fala abordando a importância de alinhar o desenvolvimento e a adoção de tecnologias avançadas com o contexto social e os objetivos do país. "Discutir tecnologias avançadas só faz sentido se considerarmos seus objetivos, destinatários e aplicação. No Brasil, o padrão tecnológico histórico focou em setores de alta renda, como a indústria automobilística e a matriz produtiva do petróleo e aço, deixando de lado a equidade e o transporte coletivo. No século 21, a saúde deve ser uma prioridade, refletindo a necessidade de equidade, inclusão social e direito à vida. Na saúde, é crucial adotar soluções eficazes, como máscaras com nanotecnologia, que oferecem verdadeira proteção”, comentou.
Representando a Bionovis, uma empresa de biotecnologia farmacêutica constituída como uma joint venture formada por quatro empresas farmacêuticas de capital 100% nacional — Laboratórios Aché, EMS, Hypermarcas e União Química —, Mares falou sobre diversos tópicos relacionados à biotecnologia farmacêutica e ao Sistema Único de Saúde (SUS). "Apesar de estar na iniciativa privada, reconheço que a maioria da população depende do SUS. A dimensão do SUS traz um imenso poder de compra para o Estado. Tenho a honra e o desafio de falar diante de profissionais idealizadores dessa política estruturante, que se tornou política de Estado, especialmente nos governos Lula, Dilma e Lula novamente. A política agora passa por uma reconstrução significativa, liderada pelo Ministério da Saúde.”
Segundo Thiago Mares, o poder de compra do governo é utilizado pelo SUS para negociações de grande escala, especialmente em medicamentos biológicos como anticorpos monoclonais. "O Brasil, com suas compras de grande volume, se destaca no mapa mundial não apenas como uma promessa, mas como um consumidor importante desses medicamentos”, apontou.
Em seguida, Lorena Pozzo, do IPEN, deu uma breve aula sobre medicina nuclear e produção de radiofármacos. A pesquisadora explicou que a medicina nuclear utiliza fontes não seladas de radiação, chamadas radiofármacos, que são moléculas de interesse biológico marcadas com material radioativo. Esses radiofármacos podem ser emissores de fótons, usados para diagnóstico, ou emissores de partículas, usados para terapia.
"Os radionuclídeos emissores de fótons são utilizados em diagnósticos e representam cerca de 95% dos procedimentos de medicina nuclear, incluindo a tomografia por emissão de pósitrons (PET) e a medicina nuclear convencional. Já os emissores de partículas são usados em terapias. Os radionuclídeos para PET são produzidos em ciclotrons, enquanto os usados na medicina nuclear convencional e em terapias são produzidos em reatores nucleares”, esclareceu.
Encerrando o debate, Mônica Felts destacou a importância de um conjunto de ações, como moradia, clima, alimentação, esporte e, especialmente, o tratamento da água potável, para alcançar a saúde plena. De acordo com a pesquisadora, a Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 1948, considera saúde como um bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença. "Isso é relevante para uma palestra sobre terapias avançadas, pois a maior inovação em saúde pode ser o tratamento da água potável. A saúde envolve ações integradas como moradia, clima, alimentação, esporte e a filtragem da água potável.”
Confira a íntegra do painel abaixo:
(01/08/24 - 16H15) Tecnologias emergentes e críticas(CRISPR, insumos biológicos avançados, ...) A 5ª Conferência conta com o patrocínio Master do Banco do Brasil e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), patrocínio Ouro da Positivo e patrocínio Prata da Caixa Econômica Federal e Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). -
- 01/08/2024 - CNEN divulga relatório com subsídios à estratégia brasileira para o setor nuclear durante a 5ª CNCT&IA CNEN divulgou documento elaborado durante reunião preparatória para a 5ª CNCT&I, na qual participou com apresentações durante o período de 30, 31/07 e 01/08.
A CNEN divulgou documento elaborado durante reunião preparatória para a 5ª CNCT&I, na qual participou com apresentações durante o período de 30, 31/07 e 01/08.
O presente documento tem como intuito capturar as ideias, sugestões e insights compartilhados durante as reuniões realizadas no auditório da CNEN, oferecendo uma visão concisa e informativa das discussões e contribuições dos participantes. Nele são destacados os principais temas discutidos, algumas das conclusões alcançadas e as sugestões em C,T&I na área nuclear. Espera-se que esta publicação sirva como fonte valiosa de informação e também como inspiração para todos os interessados no desenvolvimento e aplicação da energia nuclear para o bem-estar da sociedade.
O objetivo principal do presente relatório é servir de subsídio para elaboração da estratégia para ampliação das atividades de P,D&I do setor nuclear no Brasil, visando a exploração segura e econômica do potencial científico, tecnológico e inovativo do país, em todos os campos de aplicação da tecnologia nuclear para fins pacíficos.
Em seus quase 70 anos de existência, a CNEN orgulha-se de atuar nesse momento histórico para o Brasil, contribuindo para que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) obtenha insumos qualificados para o exercício de sua competência legal no campo da Política Nacional de Energia Nuclear. Afinal, a ciência e a tecnologia nucleares têm muito para seguir contribuindo para o fortalecimento de um Brasil Justo, Sustentável e Desenvolvido.
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Relatório Completo da CNEN para 5a CNCT&I
Organização de Fábio Menani Pereira Lima, da Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento da CNEN
Projeto Gráfico de Mário Lima, da DPD
Fotografias de Bianca Wendhausen - Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD/CNEN) -
- 30/07/2024 - Especialistas fazem recomendações à estratégia brasileira para o setor nuclearInvestimentos em tecnologia nuclear, recursos humanos e estruturação de um programa nuclear brasileiro foram algumas das sugestões em mesa temática na 5ª CNCTI
Investimentos em tecnologia nuclear, recursos humanos e estruturação de um programa nuclear brasileiro foram algumas das sugestões em mesa temática na 5ª CNCTI
Fonte: MCTI
A elaboração da estratégia brasileira para o setor nuclear foi tema de mesa temática da 5ª CNCTI, nesta terça-feira (30), com a participação de representantes do setor público, de especialistas e da comunidade científica. As recomendações apresentadas para o desenvolvimento do setor incluíram ampliar investimentos em tecnologia nuclear para os setores de saúde, defesa e industrial, criar o Programa Nuclear Brasileiro e melhorar a comunicação com a sociedade.
O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Francisco Rondinelli, propôs a elaboração do Programa Nuclear Brasileiro. "O setor nuclear pode entregar uma série de aplicações para a sociedade. Não vejo outra maneira de canalizarmos os esforços e fazer o setor crescer, desenvolver e alcançar aquilo que ele é capaz no Brasil”, afirmou.
A proposta do presidente da CNEN é que o Programa Nuclear Brasileiro seja estruturado em um período de 10 anos, com duas fases, entre 2025 a 2035. O programa teria como algumas das principais ações alavancar o ciclo de combustível nuclear, a implantação do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), a criação da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN) e o acesso da população aos benefícios das aplicações nucleares.
O diretor do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), José Augusto Perrotta, destacou os subsídios à Estratégia Brasileira para o Setor Nuclear, consolidados durante reunião temática da 5ª CNCTI realizada em março de 2024. Os eixos da estratégia propõem iniciativas para o desenvolvimento do setor nuclear como parcerias público-privadas, cooperação internacional, formação de redes de pesquisa e expansão da rede de atendimento da medicina nuclear no país.
"A maior e mais importante estratégia do setor nuclear brasileiro é se comunicar com a sociedade”, apontou Leonam Guimarães, representante da empresa pública Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A (Amazul). Segundo ele, o apoio da sociedade é fundamental para o desenvolvimento da energia nuclear no Brasil.
Silvia Maria Velasques de Oliveira, da Sociedade Brasileira de Biociências Nucleares (SBBN), destacou as contribuições das sociedades científicas da área nuclear no treinamento e formação continuada de recursos humanos. Entre as recomendações, destacou a necessidade de reforçar a formação especializada.
Coordenador da mesa de debate, o físico Aquilino Senra Martinez, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), defendeu a recomposição de quadros em instituições de pesquisa e universidades e o aproveitamento de recursos humanos no setor nuclear. "Temos de incentivar o empreendedorismo e a inovação desses jovens doutores. Criar uma sinergia que alimente o sistema”, afirmou.
Confira a íntegra da mesa "Estratégia Brasileira para o Setor Nuclear” no canal do MCTI no YouTube. -
- 30/07/2024 - Pesquisadores defendem revitalização da ciência por meio dos INCTsO INCT é um dos mais importantes programas nacionais de fomento a projetos de alto impacto científico
O INCT é um dos mais importantes programas nacionais de fomento a projetos de alto impacto científico
Fonte: MCTI
Começou, nesta terça-feira (30), a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, em Brasília. Entre as 50 sessões de debate que ocorrerão durante os três dias de evento, ocorreu a mesa "Ciência na base da inovação e as tecnologias críticas: O papel dos INCTs e das redes de pesquisa”, com a participação de pesquisadores e representantes de instituições de pesquisa.
Para a pesquisadora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Denise Zezell, uma das formas de revitalizar a ciência nacional é por meio dos institutos. "Para revitalizar e fortalecer o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, nós precisamos nos apoiar através do desenvolvimento sustentável e o restabelecimento da capacidade de pesquisa, reativando grupos com recursos, infraestrutura e apoio institucional”, afirmou a pesquisadora.
Além de Denise, também participou da mesa o pesquisador e professor da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Américo Bernardes, que, no mesmo sentido da pesquisadora, ressaltou a importância da volta da ciência na agenda não apenas governamental, mas também popular. "Eu acredito que nós temos que ter uma preocupação com os INCTs como elementos de formação de ciência, de construção de conhecimento de alta qualidade. Temos que ter uma preocupação em divulgar os projetos e tentar relacionar eles com o dia a dia das pessoas”, avaliou.
Criado e implementado em 2008, o INCT é um dos mais importantes programas de fomento a projetos de alto impacto científico em redes nacionais e internacionais e de formação de recursos humanos do Brasil. As instituições são de responsabilidade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Outro ponto citado por Zezell foi a possibilidade de trabalho em rede entre as unidades. "Trabalhar em rede permite que outros locais implementem aquilo que você faz, mas que você também aprenda com o colega de outro lado, troque alunos em instituições de lugares muito distantes do país. Isso só é possível com a existência dos INCTs”, disse.
Atualmente, existem 204 Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) em operação em todo Brasil. Cada uma das unidades atua em um tema de diferentes áreas do conhecimento, sejam Ciências Humanas, Biológicas, Exatas e Agrárias, envolvendo milhares de pesquisadores e bolsistas.
Assista à integra do painel no canal do MCTI no YouTube.
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- 17/07/2024 - Segurança nuclear: riscos em evidência e oportunidades (enquanto é tempo)País precisa de ações rápidas e decisivas para fortalecer as capacidades institucionais Artigo de Francisco Rondinelli Júnior, presidente da CNEN publicado na seção "Opinião" da Folha de S. Paulo, edição online de 17/07/2024
País precisa de ações rápidas e decisivas para fortalecer as capacidades institucionais Artigo de Francisco Rondinelli Júnior, presidente da CNEN publicado na seção "Opinião" da Folha de S. Paulo, edição online de 17/07/2024
Fonte: Folha de S. Paulo (online)
Francisco Rondinelli Júnior
Presidente da CNENEm um momento em que a tecnologia nuclear está se expandindo globalmente em diversas áreas – saúde, meio ambiente, agricultura, indústria, cultura e geração de energia–, o setor nuclear brasileiro enfrenta desafios críticos. A capacidade do país para atender a essas demandas é questionada, especialmente nas áreas de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), controle regulatório e fornecimento de produtos e serviços. Essa responsabilidade recai principalmente sobre as instituições públicas, com predominância da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen).
Enquanto a necessária Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN) não é implementada, a Cnen é a agência regulatória e tem mostrado competência, eficiência e transparência no atendimento a emergências radiológicas, como a que ocorreu recentemente em São Paulo.
Na ocasião, a rápida atuação da Cnen garantiu o resgate do material radioativo extraviado e a implementação das medidas necessárias para proteger a população e o meio ambiente. Entretanto, essa eficiência está ameaçada, com um quadro de pessoal significativamente reduzido ao longo da última década.
As condições de trabalho em todas as atividades que a Cnen desenvolve são um sinal de alerta que não pode mais ser ignorado. Para dar um exemplo, a autarquia conta hoje com cerca de 150 servidores para atender as atividades de licenciamento e fiscalização, que abrangem cerca de 4.000 instalações nucleares e radiativas no país. Desses, 50% têm abono permanência, ou seja, condições de aposentadoria, trabalhando no limite de suas capacidades. Essa sobrecarga de jornada, responsabilidades e atribuições é insustentável a longo prazo, colocando em risco a continuidade dos serviços essenciais prestados.
A produção de radiofármacos, essencial para a realização de mais de dois milhões de exames anuais para detecção de neoplasias e diagnósticos de outras doenças na rede pública (SUS) e privada, é outra área crítica. A Cnen, por meio do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), opera a única radiofarmácia pública do Brasil, um serviço vital que também carece de pessoal e recursos. Imaginem o que seria interromper milhares de procedimentos de medicina nuclear?
A área de pesquisa, desenvolvimento e capacitação de recursos humanos no setor nuclear também enfrenta desafios. A perda de competência e a crescente dependência externa em conhecimento científico e tecnológico são preocupantes. O setor nuclear, regido por normas e orientações da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), precisa urgentemente de reforços para manter sua relevância e autonomia. Até agora não foi anunciado concurso público para a Cnen, essencial para reverter essa situação, além da garantia de um aporte adequado de recursos orçamentários.
Investimentos em projetos prioritários, como o reator multipropósito brasileiro (RMB), o Centro Tecnológico Nuclear e Ambiental (Centena) e a criação da ANSN, são indispensáveis. Vinculada ao Ministério de Minas e Energia, a ANSN tem como missão aprimorar a implementação dos requisitos de segurança nuclear no país, mas ainda aguarda a nomeação da diretoria colegiada, a aprovação pelo Senado. E, apesar de não ter saído do papel, já enfrenta a mesma realidade das instituições públicas brasileiras: a escassez de recursos orçamentários e humanos para cumprir suas funções regulatórias de forma eficaz.
O futuro da segurança nuclear no Brasil depende de ações rápidas e decisivas para fortalecer as capacidades institucionais e garantir a continuidade dos serviços essenciais à sociedade. A eficiência no atendimento às ocorrências atuais é louvável, mas sem os recursos e o pessoal necessários essa competência pode estar em risco.
Essas ações não só garantem a soberania nacional, mas também consolidam o papel do Brasil como um ator importante nas discussões internacionais sobre geopolítica nuclear.
TENDÊNCIAS / DEBATES
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Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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- 16/07/2024 - Projeto do Reator para Medicina Nuclear ainda na dependência da liberação de recursosFonte: Tania Malheiros Blog
O projeto de construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), destinado à produção de radioisótopos para a medicina nuclear, foi tema de debate durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Belém do Pará, encerrada esta semana. Participaram o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Wilson Calvo; a especialista em medicina nuclear e membro da atual diretoria da Associação Nacional de Empresas de Medicina Nuclear (ANAEMN), Daniela Oda; e o consultor técnico do RMB no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), José Augusto Perrotta.
"A ideia é que nos próximos meses seja construída uma ponte e abertas e pavimentadas as vias de acesso a área do futuro reator e demais prédios auxiliares a serem construídos, mas isso depende da liberação de recursos para a obra que deve ficar pronta em 2030”, revelou Perrotta, um dos pioneiros no projeto estratégico para a CNEN e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).O RMB continua orçado em US$ 500 milhões e está em fase de retomada após quatro anos parado. O RMB, como tem sido divulgado, será construído num terreno de 2 milhões de metros quadrados próximo ao município de Iperó, no interior de São Paulo; está com os licenciamentos exigidos para sua construção concluídos. O projeto do RMB recebeu uma injeção de ânimo por ter sido incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como prioridade no financiamento através do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
"Estamos desenvolvendo um diálogo tanto no MCTI quanto na Casa Civil, quem coordena o PAC, para juntos verificarmos como fazer a implantação tendo em vista os números grandiosos do projeto”, comentou Perrotta. A especialista em medicina nuclear, Daniela Oda, apresentou um panorama sobre a aplicação da medicina nuclear teranóstica (para fins de diagnóstico e tratamento) e os desafios do mercado que envolve a medicina nuclear brasileira em clínicas particulares. Ela chamou a atenção para a necessidade da modernização e ampliação da produção de radiofármacos e o papel do IPEN, da CNEN e do RMB no futuro deste processo. Também apresentou números que indicam uma diminuição de tratamentos, principalmente de câncer no Brasil, enquanto a doença cresce em muitos países.
Para o diretor de pesquisa e desenvolvimento da CNEN, Wilson Calvo, que apresentou as questões legais e normativas que envolvem o setor nuclear brasileiro, o RMB é essencial para propiciar custos mais baixos aos insumos, e consequentemente, aos tratamentos da população, conseguindo assim atingir um número maior pessoas que não podem esperar muito tempo pelos procedimentos médicos envolvidos. "Vimos aqui que os radiofármacos são um insumo extremamente estratégico e nós precisamos deles para que um número maior de pacientes seja atendido e ainda para que possamos evitar os riscos de desabastecimentos, como ocorreu no passado devido a uma série de fatores”, ressaltou.
(FONTE: IPEN-CNEN)
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- 16/07/2024 - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação informa os valores destinados ao Reator para Medicina NuclearSite: Tania Malheiros Blog
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) acaba de informar os valores já liberados e previstos para o projeto do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), destinado à Medicina Nuclear. O total do projeto RMB até 2030 é de R$ 2,7 bilhões. Os recursos no valor de R$ 306 milhões para este ano foram autorizados e serão liberados até o final do ano.Seguem os valores investidos do Novo PAC (via Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / FNDCT) no projeto doRMB, informou o MCTI:
2023: R$ 158 milhões (já realizados); 2024: R$ 306 milhões (já autorizado, que será liberado até o final do ano); 2025: R$ 300 milhões (previstos); 2026: R$ 300 milhões (previstos); e 2027: R$ 220 milhões (previstos). De 2023 até 2025. O valor é de R$ 764 milhões. O total do projeto RMB até 2030: 2,7 bilhões. Os resultados do estágio atual são: fase de reformulação de projetos em conclusão, início da fase de compras e importação de insumos e equipamentos.
Leia no BLOG: Em 16/07/2024 – Projeto do Reator para a Medicina Nuclear ainda na dependência de recursos.
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- 11/07/2024 - Saneamento precário facilita a dispersão de plástico e microplástico na AmazôniaPoluente já está presente em diversos ambientes e espécies no bioma e tem sido utilizado como material para aves construírem ninhos, apontam estudos apresentados durante a 76ª Reunião Anual da SBPC
Poluente já está presente em diversos ambientes e espécies no bioma e tem sido utilizado como material para aves construírem ninhos, apontam estudos apresentados durante a 76ª Reunião Anual da SBPC
Fonte: Agência FAPESPElton AlissonOs plásticos e microplásticos já estão presentes em diversos ambientes e espécies na Amazônia, como em peixes e plantas aquáticas, e têm sido até mesmo usados por uma ave da floresta para construir seu ninho. Um dos principais fatores que têm contribuído para o bioma estar se tornando um potencial hotspot desses contaminantes é a falta de condições adequadas de saneamento básico em grande parte das cidades da região.A avaliação foi feita por pesquisadores participantes de uma mesa-redonda sobre plásticos e microplásticos em águas brasileiras realizada na segunda-feira (08/07), durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O evento vai até sábado (13/07) no campus Guamá da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém."A falta de condições adequadas de saneamento encontradas na maior parte da Amazônia representa uma importante fonte de entrada de plásticos e microplásticos nos rios do bioma, que compõem o maior sistema fluvial do mundo”, disse José Eduardo Martinelli Filho, professor da UFPA.De acordo com dados apresentados pelo pesquisador, 70% das cidades da Amazônia brasileira não possuem tratamento de água, por exemplo.A fim de avaliar a variação das condições de saneamento básico em 313 municípios amazônicos, os pesquisadores da UFPA criaram um índice com base em dados sobre o percentual de áreas urbanas cobertas por coleta pública de esgoto, sistemas de drenagem de águas pluviais e de disposição de resíduos sólidos, obtidos da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).Os resultados das análises indicaram que, dos 313 municípios avaliados, apenas 2,6% apresentam condições adequadas de saneamento básico. Por outro lado, 35% foram classificados como em condições baixas e 15% como precários.Os sistemas de disposição de resíduos sólidos foram o serviço urbano classificado como o mais satisfatório, com disponibilidade média de 76% nas cidades avaliadas. Já a coleta de águas residuais e o sistema de drenagem de águas fluviais foram classificados como ruins na maioria das cidades amazônicas."É difícil encontrar situações de saneamento adequado na Amazônia. Altamira [no Pará], por exemplo, tem só uma estação de tratamento de água, que não está recebendo todo o esgoto produzido pela cidade”, ponderou Martinelli.Outro exemplo de falta de condições adequadas de saneamento na Amazônia é o da região metropolitana de Manaus, no Amazonas, cuja população é composta por mais de 2 milhões de habitantes. No total, 32% das residências utilizam esgoto sanitário público, exemplificou o pesquisador."Geralmente, a principal fonte de microplásticos em ambientes aquáticos brasileiros são as cidades. E, no caso da Amazônia, a população nas cidades aumentou 11 vezes em um século. Há cem anos existiam 1,5 milhão de habitantes na Amazônia e agora há 16 milhões de pessoas morando na região”, comparou.Atualmente a Amazônia também possui metrópoles com mais de 1 milhão de habitantes, como Belém e Manaus, além de cidades de médio porte, com 150 mil a 999 mil habitantes, como Altamira, Castanhal, Marabá, Parauapebas, Santarém, Porto Velho, Macapá, Boa Vista e Rio Branco."São crescimentos populacionais recentes na história da Amazônia”, avaliou Martinelli.Substrato para ninhosDe acordo com Martinelli, estima-se que sejam lançadas por ano 182 mil toneladas de plástico na Amazônia brasileira, o que a torna a segunda bacia hidrográfica mais poluída do mundo.Além do plástico descartado pelas cidades da região, o bioma amazônico também recebe o resíduo gerado por países com rios a montante, como a Colômbia e o Peru. Dessa forma, o resíduo tem sido encontrado em todos os lugares no bioma e atingido diversas espécies, sublinhou o pesquisador."Costumamos ver muitos trabalhos científicos que mostram espécies de peixes ingerindo microplásticos. Mas em qualquer lugar da biota onde for procurado plástico, em diferentes escalas de tamanho, é possível encontrar esses poluentes”, avaliou.Estudo publicado recentemente por pesquisadores do grupo identificou a retenção de plásticos por macrófitas aquáticas no rio Amazonas. "Os bancos de macrófitas retêm plásticos de diferentes dimensões, do macro, passando pelo meso e chegando aos microplásticos”, afirmou Martinelli.Outro trabalho feito por uma estudante de mestrado do grupo, em vias de publicação, mostrou que o japu (Psarocolius decumanus) – uma espécie de ave que habita boa parte das matas da América do Sul – tem incorporado detritos plásticos para a construção de seus ninhos.Os pesquisadores encontraram principalmente fibras emaranhadas e cordas em 66,67% dos ninhos do pássaro."O plástico usado por essa espécie de ave para construir seus ninhos é proveniente de material de descarte da pesca”, explicou Martinelli.Falta de estudosOs pesquisadores enfatizaram que, apesar do aumento exponencial das pesquisas sobre microplásticos em todo o mundo, sobretudo nos últimos dez anos, ainda há poucos estudos com foco no bioma amazônico.A pesquisa limitada, as restrições metodológicas, as falhas e a falta de padronização, combinadas com as dimensões continentais da Amazônia, dificultam a coleta do conhecimento fundamental necessário para avaliar com segurança os impactos e implementar medidas de mitigação eficazes.Também há a necessidade urgente de expandir os dados científicos disponíveis para a região, melhorando a infraestrutura de investigação local e formando pesquisadores, além de realizar estudos de acompanhamento de longo prazo, apontaram os pesquisadores."Os estudos sobre plástico ou microplástico vão trazer, na verdade, subestimativas, porque a escala do problema é tão grande que a gente sempre esbarra em um inimigo fatal quando estamos fazendo nossos projetos, que é a questão do tempo. A gente nunca consegue fazer estudos de longo prazo”, disse Monica Ferreira da Costa, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).Também não há um consenso sobre o que são os microplásticos, apontou Décio Luis Semensatto Junior, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A definição genérica comumente aceita é a de que os microplásticos são partículas plásticas com tamanho entre 1 e 5 micrômetros – ou 1 milésimo de milímetro."Há artigos científicos que falam sobre microplástico que nem sempre seguem a mesma definição. Também é difícil identificar qual o artigo publicado no Brasil que reportou a maior quantidade de microplásticos porque os trabalhos não são, em sua maioria, comparáveis entre si”, avaliou.O rio dos Bugres, no estuário de Santos, no litoral paulista, pode ser a região onde foi constatado o maior nível de poluição por microplásticos no mundo, afirmou Niklaus Ursus Wetter, pesquisador do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen)."Encontramos 100 mil microplásticos por quilo de peso seco de sedimento extraído daquele rio, localizado no meio de São Vicente, e que tem uma velocidade de água muito baixa. Ele fica estagnado e, dessa forma, o plástico pode sedimentar”, afirmou. -
- 08/07/2024 - Técnicos do Ipen localizam num ferro-velho 5 blindagens de material radioativo furtadoFonte: Vitória News
Os técnicos do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), unidade da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), localizaram, em Itaquera, na Zona Leste da capital paulista, cinco blindagens de chumbo utilizadas para isolar colunas de material radioativo. As colunas, no entanto, não foram localizadas.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, as blindagens encontradas estavam em um comércio de ferro-velho e baterias. Três envolvidos, de 21, 25 e 53 anos, foram presos por porte de material nuclear e receptação. A ocorrência foi registrada no 53º DP (Parque do Carmo).
De acordo com a Cnen "pelas características e pelo peso, parecem corresponder” aos cinco conjuntos radioativos furtados na capital no último dia 30. Na tarde de ontem, a Cnen já havia informado que, no local, em Itaquera, havia sido localizada uma blindagem. Neste domingo, a comissão confirmou que mais quatro blindagens estavam no mesmo local. Nenhuma das cinco colunas radioativas, porém, foram localizadas.
Ontem, no endereço em que as blindagens foram encontradas, os bombeiros fizeram uma medição de radioatividade com um detector Geiger, mas não foi observada nenhuma taxa anormal.
No furto, ocorrido no último dia 30, foram levados cinco recipientes similares a baldes tampados. No interior deles, havia blindagens, dentro das quais colunas geradoras de radioatividade. O material de quatro recipientes era de colunas de 99Mo/99mTc (Molibdênio/Tecnécio) exaurido, ou seja, já utilizadas e inativas. A manipulação dessas colunas apresenta risco muito baixo para a saúde.
O quinto recipiente continha, no entanto, uma coluna de gerador 68Ge/68Ga (Germânio/Gálio) ativo, "contendo uma dose de 27,9 mCi [ milicurie, medida de radioatividade ] de atividade do gerador de 68Ge/68Ga, que seria utilizada para um único exame de cintilografia, ou seja, é uma dose muito baixa e um volume muito pequeno”, disse a Cnen, em nota.
O Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), unidade da Cnen no Rio de Janeiro, está finalizando um relatório para ser entregue ainda neste domingo sobre riscos potenciais para a saúde em caso de manipulação do gerador ativo desaparecido, mas já adiantaram que os resultados não são preocupantes.
Furto
O material radioativo estava em uma picape Volkswagen Saveiro que foi furtada na madrugada do último dia 30, na Rua Félix Bernardelli, Zona Leste da capital.
"Segundo o Código de Conduta em Segurança de Fontes Radioativas da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), a fonte, por sua baixa atividade, se enquadra na categoria 4, representando risco radiológico muito baixo para a população e o meio ambiente”, disse em nota a CNEN.
De acordo com a Comissão, apesar da baixa atividade da fonte, a manipulação inadequada e de forma constante pode causar danos à saúde da pessoa que manusear os objetos.
No momento em que foram furtados, o veículo e o material radioativo estavam sinalizados com o símbolo internacional de radiação ionizante. "Alertamos a população para, caso encontre o material radioativo, mantenha distância segura e contacte imediatamente a Cnen pelos telefones (21) 98368-0734 ou (21) 98368-0763 e também a polícia”.
FONTE: ABR
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- 08/07/2024 - URGENTE - CNEN encontra material radioativo perdido intacto e encerra ocorrência no âmbito de sua competênciaFonte: CNEN
A CNEN informa que localizou, há pouco, a coluna de Ge-68 que havia sido furtada, com atividade de 30 mCi. A coluna foi encontrada íntegra em um ferro-velho, que teria sido responsável pela venda das peças de chumbo para uma loja de baterias em Itaquera.
Com isso, a CNEN encerra essa ocorrência no âmbito de sua competência. É importante ressaltar que não houve rompimento do material, dispersão ou contaminação, sendo recuperado intacto.
A CNEN destaca o papel fundamental de toda a sua estrutura de emergência, comprometida com a segurança dos cidadãos e com a transparência das informações.
A direção da CNEN agradece à imprensa séria e comprometida, que divulgou informações corretas e sem alarmismo, o que possibilitou denúncias que auxiliaram a atender prontamente a emergência e recuperar o material.
Brevemente, a CNEN soltará um boletim contendo a descrição completa da ocorrência e as ações que foram adotadas, inclusive detalhes técnicos de interesse público.
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- 08/07/2024 - Blindagem de material radioativo furtado em SP é localizadaGerador continua desaparecido
Gerador continua desaparecido
Fonte: agência Brasil
Mais uma parte dos objetos radioativos furtados em São Paulo foi localizada na tarde deste sábado (6) na capital paulista. Desta vez, foi encontrada, no bairro de Itaquera, na zona leste, uma blindagem de um dos geradores radioativos. O gerador, no entanto, não estava dentro da blindagem e continua desaparecido. As informações são da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
Os bombeiros fizeram uma medição de radioatividade no local com um detetor Geiger, mas não foi observada nenhuma taxa, o que indica que o material radioativo não está presente na área. O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) foi acionado para averiguar o local.
No furto, ocorrido no dia 30 de junho, foram levados cinco recipientes similares a baldes tampados. No interior deles, havia blindagens, dentro das quais colunas geradoras de radioatividade. O material de quatro recipientes era de colunas de 99Mo/99mTc (Molibdênio/Tecnécio) exaurido, ou seja, já utilizados e inativos. O quinto recipiente continha, no entanto, uma coluna de gerador 68Ge/68Ga (Germânio/Gálio) ativo.
A blindagem encontrada em Itaquera era de uma das colunas inativas. Nesta sexta-feira (5), um dos baldes furtados foi localizado em Cidade Tiradentes, na zona leste da capital paulista. No entanto, nem a blindagem e nem a coluna estavam no local. A área foi liberada na manhã deste sábado por não estar contaminada.
O material radioativo estava em uma picape Volkswagen Saveiro que foi furtada na madrugada do dia 30, na Rua Félix Bernardelli, zona leste da capital.
"Segundo o Código de Conduta em Segurança de Fontes Radioativas da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), a fonte [os geradores], por sua baixa atividade, se enquadra na categoria 4, representando risco radiológico muito baixo para a população e o meio ambiente”, disse em nota a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
De acordo com a comissão, apesar da baixa atividade da fonte, a manipulação inadequada e de forma constante pode causar danos à saúde da pessoa que manusear os objetos.
No momento em que foram furtados, o veículo e o material radioativo estavam sinalizados com o símbolo internacional de radiação ionizante.
"Alertamos a população para, caso encontre o material radioativo, mantenha distância segura e contacte imediatamente a CNEN pelos telefones (21) 98368-0734 ou (21) 98368-0763 e também à polícia”, informa a CNEN.
Edição: Fernando Fraga
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- 07/07/2024 - Cnen localiza cinco blindagens de material radioativo em Itaquera, SPConjuntos foram furtados no último dia 30 de junho
Conjuntos foram furtados no último dia 30 de junho
Fonte: Agência Brasil
Os técnicos do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), unidade da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), localizaram, em Itaquera, na Zona Leste da capital paulista, cinco blindagens de chumbo utilizadas para isolar colunas de material radioativo. As colunas, no entanto, não foram localizadas.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, as blindagens encontradas estavam em um comércio de ferro-velho e baterias. Três envolvidos, de 21, 25 e 53 anos, foram presos por porte de material nuclear e receptação. A ocorrência foi registrada no 53º DP (Parque do Carmo).
De acordo com a Cnen "pelas características e pelo peso, parecem corresponder” aos cinco conjuntos radioativos furtados na capital no último dia 30. Na tarde de ontem, a Cnen já havia informado que, no local, em Itaquera, havia sido localizada uma blindagem. Neste domingo (7), a comissão confirmou que mais quatro blindagens estavam no mesmo local. Nenhuma das cinco colunas radioativas, porém, foram localizadas.
Ontem, no endereço em que as blindagens foram encontradas, os bombeiros fizeram uma medição de radioatividade com um detector Geiger, mas não foi observada nenhuma taxa anormal.
No furto, ocorrido no último dia 30, foram levados cinco recipientes similares a baldes tampados. No interior deles, havia blindagens, dentro das quais colunas geradoras de radioatividade. O material de quatro recipientes era de colunas de 99Mo/99mTc (Molibdênio/Tecnécio) exaurido, ou seja, já utilizadas e inativas. A manipulação dessas colunas apresenta risco muito baixo para a saúde.
O quinto recipiente continha, no entanto, uma coluna de gerador 68Ge/68Ga (Germânio/Gálio) ativo, "contendo uma dose de 27,9 mCi [milicurie, medida de radioatividade] de atividade do gerador de 68Ge/68Ga, que seria utilizada para um único exame de cintilografia, ou seja, é uma dose muito baixa e um volume muito pequeno”, disse a Cnen, em nota.
O Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), unidade da Cnen no Rio de Janeiro, está finalizando um relatório para ser entregue ainda neste domingo sobre riscos potenciais para a saúde em caso de manipulação do gerador ativo desaparecido, mas já adiantaram que os resultados não são preocupantes.
Furto
O material radioativo estava em uma picape Volkswagen Saveiro que foi furtada na madrugada do último dia 30, na Rua Félix Bernardelli, Zona Leste da capital.
"Segundo o Código de Conduta em Segurança de Fontes Radioativas da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), a fonte, por sua baixa atividade, se enquadra na categoria 4, representando risco radiológico muito baixo para a população e o meio ambiente”, disse em nota a CNEN.
De acordo com a Comissão, apesar da baixa atividade da fonte, a manipulação inadequada e de forma constante pode causar danos à saúde da pessoa que manusear os objetos.
No momento em que foram furtados, o veículo e o material radioativo estavam sinalizados com o símbolo internacional de radiação ionizante. "Alertamos a população para, caso encontre o material radioativo, mantenha distância segura e contacte imediatamente a Cnen pelos telefones (21) 98368-0734 ou (21) 98368-0763 e também a polícia”.
Matéria ampliada às 13h35 para incluir segundo parágrafo
Edição: Denise Griesinger
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- 06/07/2024 - Terreno em SP onde balde de material radioativo foi encontrado é liberado pelo IpenMaterial radioativo estava em uma picape Volkswagen Saveiro furtada na madrugada do dia 30 de junho
Material radioativo estava em uma picape Volkswagen Saveiro furtada na madrugada do dia 30 de junho
Fonte: Carta CapitalO terreno onde foi localizada, nesta sexta-feira 5, a embalagem de parte do material radioativo furtado em São Paulo não foi contaminado. O local, um desmanche abandonado de carros, fica na Cidade Tiradentes, bairro da zona leste da capital paulista.Por não apresentar risco à população, a área já foi liberada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que examinou o local na sexta-feira e na manhã deste sábado 6. O Corpo de Bombeiros, que auxiliou no exame do local, chegou a utilizar roupas especiais de proteção (Tyvek).No terreno foi encontrado apenas o balde aberto e a tampa. O conteúdo, a blindagem de um gerador de 99Mo/99mTc (molibdênio/tecnécio) exaurido, não foi localizado. Ainda estão desaparecidos outros três baldes com blindagens de geradores 99Mo/99mTc exauridos, e um quinto balde onde há um gerador 68Ge/68Ga (germânio/gálio) ativo. O balde e a tampa encontrados foram levados para o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), as investigações permanecem na 49º DP, que realiza diligências visando à identificação da autoria do furto e recuperação total da carga.O material radioativo estava em uma picape Volkswagen Saveiro furtada na madrugada do dia 30 de junho."Segundo o Código de Conduta em Segurança de Fontes Radioativas da Agência Internacional de Energia Atômica (Iaea), a fonte [os geradores], por sua baixa atividade, se enquadra na categoria 4, representando risco radiológico muito baixo para a população e o meio ambiente”, esclareceu em nota a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).De acordo com a comissão, apesar da baixa atividade da fonte, a manipulação inadequada e de forma constante pode causar danos à saúde da pessoa que manusear os objetos.Segundo a CNEN, o veículo furtado estava sendo utilizado pela empresa de transporte Medical Ald, que tem Plano de Proteção Radiológica para Transporte aprovado pela Comissão. A empresa de transporte estava à serviço da R2pharma Radiofarmácia Centralizada Ltda."Segundo relatos, o veículo transportava a fonte geradora de radiofármacos rumo às cidades de Curitiba e Blumenau (SC) para uso médico. A fonte de Germânio/Gálio (68Ge/68Ga) foi fabricada pela empresa Eckert & Ziegler”, disse a CNEN."Consta que, por imprudência do motorista, que decidiu levar o automóvel para local diverso do pátio seguro onde o veículo deveria ficar abrigado durante à noite, o veículo foi furtado”, acrescentou a comissão.No momento em que foram furtados, o veículo e o material radioativo estavam sinalizados com o símbolo internacional de radiação ionizante."Alertamos a população para, caso encontre o material radioativo, mantenha distância segura e contacte imediatamente a CNEN pelos telefones (21) 98368-0734 ou (21) 98368-0763 e também a polícia”, informa a CNEN. -
- 06/07/2024 - Após 13 horas de interdição, Ipen não detecta risco de contaminação e libera terreno em SP onde polícia achou balde de material radioativoLocal fica na Zona Leste onde funcionava desmanche de carros roubados. Ele liberado neste sábado (6). Segundo técnicos não há riscos para a saúde. Balde encontrado havia sido furtado com outros quatro recipientes que estavam em carro. Buscas continuam para encontrar outros itens e veículo.
Local fica na Zona Leste onde funcionava desmanche de carros roubados. Ele liberado neste sábado (6). Segundo técnicos não há riscos para a saúde. Balde encontrado havia sido furtado com outros quatro recipientes que estavam em carro. Buscas continuam para encontrar outros itens e veículo.
Fonte: G1O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) não detectou risco de contaminação no terreno do Jardim Iguatemi, na Zona Leste de São Paulo, onde a Polícia Civil encontrou na tarde desta sexta-feira (5) um dos cinco recipientes de material radioativo furtados, no início da semana, na capital paulista.Os produtos estavam dentro de um carro de uma empresa especializada em transporte radioativo, que também foi furtado. O crime aconteceu no domingo (30).Até a última atualização desta reportagem, policiais do 49º Distrito Policial (DP), em São Mateus, prosseguiam nas buscas para tentar localizar os outros quatro baldes e latões de material radioativo. O veículo ainda não tinha sido localizado. Nenhum suspeito pelo crime foi identificado ou detido também.O local onde o balde de continha material radioativo foi achado é um desmanche de carros roubados. Ele foi liberado na manhã deste sábado (6) após ficar 13 horas interditado para que técnicos do Ipen pudessem medir os níveis de radiação no lugar. A interdição começou por volta das 20h30 de sexta e terminou às 9h30 deste sábado.O Ipen é uma das unidades em São Paulo da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovações, que fica em Brasília.Segundo a CNEN informou neste sábado ao g1, por meio de sua assessoria de imprensa, o balde encontrado pelos policiais foi apreendido e encaminhado para o Ipen em São Paulo, onde será analisado.Ainda de acordo com a Comissão Nacional de Energia Nuclear, o balde estava vazio, sem o gerador de material radioativo dentro dele. Técnicos do Ipen não detectaram radiação do produto no ambiente. Segundo a CNEN, como não houve vazamento do material, também não há riscos para a saúde humana, animal e para o meio ambiente.Apesar disso, como os outros quatro recipientes de material radioativo ainda não foram encontrados, ainda existe um risco mínimo, apesar de improvável, de contaminação deles, segundo a CNEN.A Comissão Nacional de Energia Nuclear divulgou nesta quinta-feira (4) nota em seu site oficial para informar que o gerador Germânio/Gálio que estavam nos galões têm "risco radiológico muito baixo para a população e o meio ambiente". De acordo com a CNEN, só há risco numa manipulação inadequada com retirada do chumbo que protege o produto. O que seria pouco provável para quem não trabalha com esse tipo de material radioativo.Ainda segundo a CNEN, todos os cinco galões tinham geradores (ou de Tecnécio molibidênio 99 ou de Germanio 68/Galio 68). Quatro desses galões tinham material radioativo, mas inoperantes por já terem sido usados. Um desses galões tinha material com produto radioativo com Ge 68/Ga 68 ativo.O gálio, que está nas peças roubadas, é um metal usado na medicina nuclear, que trabalha com materiais radioativos. Ele é usado em geradores para a realização de exames.O g1 entrou em contato com a Medical Armazenagem Logística e Distribuição Ltda, com sede em São Paulo, para comentar o assunto. Ela é proprietária do veículo furtado com o material radioativo.O produto foi retirado de carro no Rio de Janeiro, chegou a São Paulo e seguiria para Curitiba, no Paraná, e Blumenau, Santa Catarina.A Medical confirmou que o furto do seu veículo com o material radioativo ocorreu por uma falha operacional do motorista. Ele deveria ter levado o carro com o produto para uma das unidades da empresa antes de seguir para o Sul, mas do invés disso decidiu deixá-lo na frente de sua residência, onde foi furtado."A MEDICAL é uma empresa regulamentada pela CNEN e ANVISA e o material que nos transportamos é um material de cunho Oncológico para diagnostico e tratamento do câncer. Ao ano transportamos mais de 5.000 Radiofármacos para todo o país, com segurança e rastreabilidade", informa nota transportadora.