Clipping de Notícias
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- 22/03/2022 - CNEN publica Norma com requisitos de segurança e proteção radiológica para serviços de radioterapia e medicina nuclear veterináriaFonte: CNEN
No último dia 03 de março, foi aprovada a Norma CNEN NN 6.12 "Requisitos de Segurança e Proteção Radiológica para Serviços de Radioterapia e Medicina Nuclear Veterinária”. Essa publicação tem por objetivo estabelecer os requisitos necessários à segurança e proteção radiológica, relativos ao uso de fontes de radiação constituídas por materiais ou equipamentos capazes de emitir radiação ionizante, para fins terapêuticos e diagnósticos em animais.
A elaboração da nova norma é decorrência do aumento do número de instalações radiativas que praticam teleterapia, braquiterapia e procedimentos diagnósticos ou terapêuticos de medicina nuclear em animais vem aumentando nos últimos anos. O documento contou com a participação de diversas entidades de diferentes setores da sociedade, como: Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio de Janeiro (CRMV-RJ), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e representantes da área médica e de proteção radiológica das instalações radiativas que atuam na área de medicina veterinária.
Radioterapia contribui para qualidade de vida dos animais
A experiência mundial demonstra que a radioterapia proporciona aos animais um aumento importante de sobrevida com qualidade, em comparação a outros tratamentos usualmente utilizados na prática veterinária. No entanto, assim como na radioterapia humana, é fundamental para o sucesso do procedimento um planejamento apropriado, cálculos precisos para a administração das doses de radiação e eficiência no controle de qualidade dos equipamentos e substâncias emissores de radiação.
No que diz respeito à medicina nuclear veterinária, de maneira similar ao que ocorre com humanos, são aplicadas terapias e realizados exames e procedimentos para visualizar a fisiologia e anatomia de vários animais, como cavalos, cães e gatos. As imagens geradas com as técnicas e substâncias da medicina nuclear permitem o diagnóstico e acompanhamento bastante preciso de uma série de doenças, principalmente problemas oncológicos e cardíacos. Também nestas aplicações, procedimentos e cálculos precisos são fundamentais tanto para segurança quanto para eficiência dos exames. Um exemplo de aplicação é o tratamento do hipertireoidismo em gatos, empregando a iodoterapia (uso de iodo radioativo).
A norma recém-publicada estabelece um parâmetro regulatório específico para este tipo de atividade, garantindo-se a segurança de pacientes, trabalhadores, público e meio-ambiente. O documento está disponível em: https://www.gov.br/cnen/pt-br/acesso-rapido/normas/grupo-6/NormaCNENNN6.12.pdf
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- 21/03/2022 - 50 anos de história, memórias e trabalho em favor da radioproteção no paísFonte: IRD
O IRD completa 50 anos de fundação no dia 21 de março com solenidade comemorativa presencial na sede do instituto, nesta quarta, 23/03, às 10 horas. O Presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) Paulo Roberto Pertusi e o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da autarquia Madison Almeida participam do evento que reunirá gestores, dirigentes e pessoal de unidades de pesquisa, instituições de ciência e tecnologia, além de servidores, colaboradores e estudantes que desenvolvem atividades no instituto.
Na ocasião, será inaugurado o Espaço Memória da Radioproteção, dedicado a preservar dados e fatos históricos sobre o trabalho voltado à proteção do público, dos trabalhadores que lidam com radiações e do meio ambiente. Painéis com imagens do atendimento ao acidente radiológico com o césio-137, as radiações presentes no cotidiano dos cidadãos e atendimento em grandes eventos públicos. Vídeos e imagens sobre as atividades do instituto também serão expostos no espaço de preservação de memória. A exposição inicia as atividades do espaço, que se pretende colaborativo e ao mesmo tempo voltado a celebrar o trabalho de milhares de profissionais em todas as instalações nucleares e radiativas pelo país.
Ao longo de sua trajetória, o IRD, unidade técnico-científica CNEN, autarquia vinculada ao MCTI, se firmou como uma instituição dedicada à proteção radiológica, o que possibilita o uso seguro das radiações ionizantes no país. As aplicações cotidianas das radiações abrangem as áreas de saúde, indústria, ambiente, pesquisa, entre muitas outras.
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- 14/03/2022 - Em função da pandemia, FAPESP anuncia nova prorrogação de bolsasFonte: Agência FapespAgência FAPESP – Considerando que a pandemia de COVID-19 ainda impacta diferentes áreas da pesquisa científica e tecnológica, bolsas no país concedidas pela FAPESP e vigentes até 31 de dezembro de 2022 poderão ser prorrogadas pelo período de três meses mediante apresentação de pedido fundamentado pelo bolsista.
Tal medida já havia sido adotada pela Fundação no ano passado, conforme descrito no Comunicado nº 11 da FAPESP sobre a COVID-19. Na ocasião, foi possibilitado aos bolsistas solicitar a prorrogação, pelo período de três meses, de bolsas nas diferentes modalidades no país com vigência até 31 de dezembro de 2021, observadas as condições e os critérios definidos no próprio comunicado.
Agora essa possibilidade foi estendida a bolsas vigentes até 31 de dezembro de 2022 e que não tenham se beneficiado anteriormente dessa prorrogação excepcional. A solicitação da prorrogação excepcional de três meses deverá ser realizada observando-se as mesmas orientações e procedimentos indicados no Comunicado nº 11, inclusive quanto aos documentos e às informações a serem apresentados.
Também conforme o Comunicado nº 11, a prorrogação excepcional de três meses poderá ser solicitada em processos que se beneficiaram da prorrogação de dois meses de vigência (Comunicado nº 2 da FAPESP sobre a COVID-19) concedida excepcionalmente no início da pandemia, em 2020. Contudo, não poderá ser concedida para as bolsas que, de acordo com as normas da respectiva modalidade, permitam submeter solicitações regulares de renovação à FAPESP.
Acesse o Comunicado 15 da FAPESP sobre a COVID-19 em: https://fapesp.br/15368/comunicado-no-15-da-fapesp-sobre-a-covid-19.
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- 13/03/2022 - Ucrânia diz que energia foi restaurada na usina nuclear de ChernobylCom a retomada, sistemas de refrigeração funcionarão normalmente e não terão que usar energia de reserva
Com a retomada, sistemas de refrigeração funcionarão normalmente e não terão que usar energia de reserva
Fonte: CNN BrasilA Ukrenergo, operadora estatal de energia na Ucrânia, disse neste domingo (13) que a energia foi restaurada na usina nuclear de Chernobyl, o que significa que os sistemas de refrigeração funcionarão normalmente e não terão que usar energia de reserva.
O anúncio foi feito em um post no Telegram. "Especialistas ucranianos da NEC concluíram os trabalhos de reparo na linha de 330 kv e retomaram o fornecimento de energia para a central nuclear de Chernobyl e a cidade de Slavutych”, publicou a operadora.
A Ucrânia havia alertado anteriormente sobre um risco crescente de vazamento de radiação se uma linha de alta tensão para a usina não fosse reparada. Ela havia sido danificada em combates.
No sábado (12), a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) havia informado que reparos no sistema elétrico de Chernobyl, danificado depois de um ataque russo no dia 9 de março, estavam em andamento. A usina nuclear estava dependendo de geradores a diesel externos para manter seus reatores em operação.
A Empresa Nacional de Geração de Energia Nuclear da Ucrânia (Energoatom) afirmou que 211 funcionários e guardas de Chernobyl "ainda não foram capazes de fazer um rodízio, e estão vivendo lá desde o dia anterior às forças russas assumirem o controle”.
Em relação à situação da usina nuclear de Zaporizhzhya, a maior da Europa, a Ucrânia afirmou que o local permanece sob controle russo e que Moscou está planejando tomar "controle total e permanente”. Além disso, ao menos 400 soldados russos estão "presentes em tempo integral” no local.
A Rússia afirmou que os especialistas estão presentes na usina de Zaporizhzhya, mas negou que "tomou o controle operacional” ou que tem planos para assumir a gestão permanente do local, de acordo com a AIEA.
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- 12/03/2022 - Engenheiros russos analisam radiação em usina nuclear ucraniana atacadaFonte: UOLKiev, 12 Mar 2022 (AFP) - Engenheiros russos foram enviados na sexta-feira para medir a radiação na usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, cuja tomada pelas forças russas alarmou a comunidade internacional, disseram autoridades ucranianas.Trabalhadores da empresa de energia nuclear russa Rosatom chegaram a Zaporizhzhia na sexta-feira, informou a agência nuclear ucraniana Energoatom pelo Telegram.Engenheiros russos explicaram ao pessoal ucraniano que estavam lá para "avaliar o nível de radiação" e "ajudar no reparo da usina", que foi bombardeada em 4 de março, informou a Energoatom.Os reatores da usina não parecem estar danificados, apesar de um incêndio no local durante o ataque das forças russas.A Energoatom afirmou que os russos foram para Zaporizhzhia porque a equipe ucraniana se recusou a cooperar com a Rússia.Acrescentou ainda que um dos enviados russos se apresentou como o novo administrador civil e militar da área e declarou que a usina passou a ser território russo, administrado pela Rosatom.Na época do ataque, o embaixador russo nas Nações Unidas negou que seu país tivesse bombardeado a usina nuclear.Em outro comunicado, a Rosatom confirmou o envio de especialistas russos, porém indicou que o funcionamento da central de Zaporizhia, como o de Chernobyl, também ocupado pelos russos, é assegurado pelos ucranianos.Os especialistas russos estão ali para "aconselhar" a equipe ucraniana, acrescentou."As atividades pretendem garantir que a segurança da exploração das centrais nucleares ucranianas aconteçam em estreito contato a direção da AIEA, declarou a Rosatom.Zaporizhzhia, inaugurada em 1985 e com seis reatores, produz cerca de um quinto da energia da Ucrânia e tem capacidade para abastecer quatro milhões de residências. -
- 12/03/2022 - Construção de submarino nuclear da Marinha brasileira corre risco de naufragarObstáculos já existiam antes. Com guerra, ficaram maiores para o mais importante projeto tecnológico do Brasil da atualidade, na avaliação da Marinha
Obstáculos já existiam antes. Com guerra, ficaram maiores para o mais importante projeto tecnológico do Brasil da atualidade, na avaliação da Marinha
Fonte: O GloboHá pouco mais de duas semanas, o poder bélico das nações era assunto restrito aos círculos militares, à indústria de defesa e aos especialistas do setor. Após o dia 24 de fevereiro, isso mudou. Vladimir Putin invadiu a Ucrânia, deu início à mais grave e perigosa guerra na Europa desde a derrota de Hitler e jogou luz sobre a capacidade de cada país se defender de ameaças externas. No caso do Brasil, o instrumento de dissuasão mais almejado é o submarino com propulsão nuclear. O problema é que esse projeto enfrenta riscos e pode naufragar. Os obstáculos já existiam antes. Com guerra, ficaram maiores.
O Submarino Convencional de Propulsão Nuclear (SCPN) Álvaro Alberto é a joia da coroa do Prosub, um programa de grande impacto e orçamento multibilionário lançado em 2008. Ele também prevê a construção de quatro submarinos convencionais. Todos são fruto de uma parceria estratégica entre Brasil e França.
Para a Marinha, o SCPN é o mais importante projeto tecnológico do Brasil na atualidade e, quando pronto, significará um formidável ganho operacional no Oceano Atlântico. Na comparação com um convencional, será mais rápido, terá mais autonomia e capacidade de manter-se oculto por longos períodos em águas profundas.
O SCPN também é sinônimo de prestígio internacional. Submarino nuclear é coisa para poucos.
Hoje, apenas os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido), além da Índia, detêm essa tecnologia. Essas seis nações também já fizeram suas bombas atômicas.
O Brasil pode ser o primeiro país a submeter à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) um modelo de salvaguardas tecnológicas (o mecanismo de proteção e de vistoria componentes sensíveis) voltado a um submarino movido com combustível nuclear e armas convencionais, como torpedos de alta precisão, minas e mísseis SM 39 Exocet. Se demorar demais, no entanto, será superado pela Austrália, que recentemente fechou uma parceria com os Estados Unidos e o Reino Unido para ter o seu próprio submarino de propulsão nuclear.
Questões no caminho
Para entender a raiz dos problemas do SCPN, antes é preciso compreender como esses seis países veem os planos da Marinha brasileira. Na avaliação de almirantes da ativa, oficiais da reserva que participaram do programa e especialistas do setor, o Brasil terá enormes dificuldades para seguir em frente no que depender dos interesses estratégicos dessas nações. E o SCPN depende dessa cooperação, em especial com os Estados Unidos e seus aliados militares.
Em 24 de maio de 2021, quase um ano antes da primeira bomba explodir na Ucrânia, a Marinha promoveu um evento no Complexo Naval de Itaguaí (RJ), onde são construídos os quatro submarinos de propulsão convencional. O lugar também foi projetado para receber o submarino de propulsão nuclear. No evento, o então diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico, o almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, fez um balanço detalhado das atividades. Ali já se tornariam evidentes os nós enfrentados pelo programa.
O financiamento de todo o Prosub, embora volumoso (já recebeu mais de R$ 27 bilhões), sofre com a imprevisibilidade. Entre 2015 e 2021, os recursos para o programa ficaram aquém do planejado. Até meados do ano passado, o submarino nuclear havia recebido investimentos da ordem de R$ 810 milhões. Neste ano, as chapas de aço prensado do casco foram contratadas e devem ser entregues até dezembro.
Esse fluxo financeiro não compromete o sucesso dos submarinos convencionais. Há atrasos, especialmente por adaptações para o alongamento do casco original, que foram executadas a pedido da Marinha. Mas a meta da Força é entregar a quarta e última unidade, o submarino Angostura, em fevereiro de 2025.
Porém no caso do submarino nuclear, a instabilidade de recursos se alia ao desafio tecnológico de desenvolver um reator que se encaixe perfeitamente — e com segurança — dentro da embarcação, submetida à alta pressão e a turbulências de toda ordem. E a indústria brasileira, como revelou na ocasião o almirante Olsen, não dá conta de fornecer essas tecnologias críticas.
— O acesso às tecnologias sensíveis é determinante, à medida que a nossa base industrial de defesa se mostra ainda incipiente. Acaba que não tenho fornecedores no Brasil que atendam aos requisitos nucleares — explicou o almirante durante sua apresentação no Complexo de Itaguaí, na qual lamentou a falta de empenho da academia em pesquisa aplicada no setor.
A Marinha já desenvolveu o ciclo de produção de energia nuclear que, desde 1985, permite o funcionamento da Usina de Angra 1. Falta, porém, a capacidade de desenvolver componentes que permitam a esse mesmo reator (chamado de PWR) operar com total segurança nas dimensões e características necessárias e, depois, integrá-lo às outras estruturas do submarino.
Essas lacunas ameaçam todo o projeto, inclusive a etapa imprescindível de reprodução em terra das condições que serão encontradas no mar pelo reator atômico e por seus componentes. Essa reprodução ocorrerá no Laboratório de Geração Nucleoelétrica (Labgene), em Iperó (SP), que é uma maquete de tamanho real do SCPN.
O laboratório avança, porém em ritmo aquém do desejado. Sua preparação, de alta complexidade, estaria cerca de sete anos atrasada em relação ao cronograma inicial, segundo um oficial ligado ao programa. Espera-se que Labgene trabalhe tal como um reator que opera dentro do submarino no final de 2024 — o SCPN está previsto para 2034. Para que isso aconteça, é preciso ir ao mercado, que já estava de portas fechadas.
— A minha maior preocupação diz respeito ao acesso a tecnologias sensíveis. E os Estados Unidos interferem não só com relação àquelas encomendas a empresas americanas, mas a de outros países — afirmou Olsen, em maio do ano passado.
Efeito Putin
Desde fevereiro, somam-se os potenciais prejuízos causados pela guerra. A conta não é simples e os obstáculos adicionais ultrapassam o aparente desgaste causado pela "solidariedade” do presidente Jair Bolsonaro à Rússia, emprestada dias antes da invasão da Ucrânia, em visita a Moscou. Militares e civis concordam que o mundo passou a ter aversão a todas as questões relacionadas à capacidade de produção nuclear.
O professor da PUC-MG Eugênio Diniz, do International Institute for Strategic Studies, de Londres, ex-presidente da Associação Brasileira de Relações Internacionais (Abri) e parecerista da Nonproliferation Review, aponta obstáculos importantes.
— É possível que o ambiente tenha se tornado particularmente difícil para todas as questões envolvendo a capacidade de produção e a utilização de material nuclear, o que pode implicar maior dificuldade ou mesmo a impossibilidade de obtenção de peças e componentes críticos para o submarino, e, naturalmente, também de licenças para sua produção no Brasil. Por si só, isso já pode ter sido um duro golpe na continuidade do programa do submarino nuclear — avalia Diniz.
Desatenção do governo
Mas isso significa que o programa do submarino de propulsão nuclear brasileiro está ferido de morte? Em sua apresentação no ano passado, o almirante Olsen disse que é preciso "fazer o dever de casa”. O especialista em segurança e editor do site Defesanet, Nelson During, avalia que falta compreensão, em todos os níveis de governo, sobre o estágio crítico do projeto:
— O objetivo primordial é obter uma unidade nacional. Ele não é somente militar ou tecnológico. É um projeto de projeção e soberania nacional.
Nas últimas três semanas, a Marinha foi procurada para se pronunciar sobre o tema. A reportagem encaminhou um questionário sobre aspectos técnicos e políticos referentes ao programa, mas a Força preferiu não comentar o assunto. A embaixada americana em Brasília também foi procurada e não se pronunciou.
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- 11/03/2022 - De Tonga a São PauloPluma da grande erupção vulcânica que ocorreu em janeiro na ilha do Pacífico é observada 27 quilômetros acima da capital paulista
Pluma da grande erupção vulcânica que ocorreu em janeiro na ilha do Pacífico é observada 27 quilômetros acima da capital paulista
Fonte: Revista FapespÀ 1h56 da madrugada de 26 de janeiro, o radar meteorológico instalado no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) registrou uma concentração de aerossóis, finas partículas em suspensão, cerca de 27 quilômetros (km) acima da cidade de São Paulo. A ocorrência tinha forma similar à de uma linha contínua que riscava a parte de cima da imagem que representava a área de céu observada. Tratava-se de um evento bastante raro, já dentro dos domínios da estratosfera, a segunda camada da atmosfera terrestre, logo após a troposfera, que se inicia entre 16 e 18 km de altitude na capital paulista e vai até 50 km.
Em noites sem chuva e com pouca névoa, como era aquela do verão paulistano, o radar costuma flagrar dois tipos de manchas horizontais no céu. A mais comum, e mais grossa, situa-se entre 3 e 4 km de altitude e representa o acúmulo da poluição atmosférica produzida por carros, indústrias e demais atividades da metrópole. A outra, menos densa e nem sempre presente, forma-se por volta dos 10 km de altitude e indica a existência de nuvens do tipo cirrus, constituídas por vapor-d’água supersaturado e cristais microscópicos de gelo. A única explicação plausível para um registro tão chamativo de aerossóis acima dos 20 km de altitude naquela madrugada era de que as cinzas de uma grande erupção vulcânica recente tinham alcançado a estratosfera.
"A última vez que tínhamos visto algo parecido foi em 2015, quando o vulcão chileno Calbuco entrou em atividade. Mas sua pluma de aerossóis atingiu no máximo 17 km de altitude”, conta o físico Eduardo Landulfo, coordenador do Laboratório de Aplicações Ambientais de Laser do Ipen, que gerencia o uso do radar. "Não esperávamos que o radar tivesse capacidade técnica para registrar aerossóis até quase 30 km de altitude.” Landulfo é um dos principais pesquisadores de um projeto financiado pela FAPESP que estuda a qualidade do ar na Região Metropolitana de São Paulo.
A inusual concentração de partículas suspensas observada pelo radar era resultado da grande erupção de 15 de janeiro do vulcão submerso encravado na ilhota de Hunga Tonga-Hunga Haʻapai, situada 65 quilômetros ao norte da principal ilha do arquipélago de Tonga, no sul do Pacífico. A atividade da caldeira foi tão intensa que o território de Hunga Tonga-Hunga Haʻapai se partiu em dois. Logo após o cataclismo, pesquisadores de países do hemisfério Sul, como Austrália e Nova Zelândia, começaram a acompanhar a pluma por meio de radares, satélites e outros instrumentos.
A forte explosão vulcânica em Tonga provocou um tsunami com ondas de até 15 metros de altura que atingiu as ilhas do arquipélago, onde vivem 100 mil habitantes. Pelo menos seis pessoas morreram e milhares foram desabrigadas. O barulho da erupção foi ouvido a quase 2 mil quilômetros de distância, na Nova Zelândia. Uma gigantesca pluma de cinzas decorrentes da atividade vulcânica, que se prolongou por 11 horas, cobriu Tonga. Ela é formada basicamente por gases à base de enxofre, vapor-d’água e dióxido de carbono.
Em meados de fevereiro, pesquisadores da Nasa, agência espacial norte-americana, fizeram uma análise preliminar de dados de dois satélites meteorológicos geoestacionários, o Goes-17 e o Himawari-8, e concluíram que a pluma vulcânica do Hunga Tonga-Hunga Haʻapai (o vulcão é chamado com o nome da ilhota) atingiu a maior altitude já registrada por esse tipo de fenômeno. Trinta minutos após a explosão da caldeira, essa mistura de gás, vapor e cinzas expelida pelo monte submerso no Pacífico Sul chegou a 58 km de altitude. A pluma penetrou na mesosfera, a terceira camada da atmosfera, que se estende aproximadamente entre 50 e 100 km de altitude. "A intensidade desse evento excede em muito a de qualquer nuvem de tempestade que já estudei”, comentou o cientista do clima Kristopher Bedka, do Centro de Pesquisa Langley da Nasa, em comunicado à imprensa. O recorde anterior pertencia à pluma da erupção do vulcão Pinatubo, nas Filipinas, em 1991, que tinha alcançado 35 km de altitude.
Erupções vulcânicas tão potentes a ponto de conseguir impulsionar seu rastro de fumaça até a estratosfera podem alterar temporariamente o clima global, mais especificamente reduzir a temperatura média do planeta por meses. Os aerossóis bloqueiam a chegada à Terra de parte da luz solar e esfriam o ambiente (ver Pesquisa FAPESP nº 308). Daí o interesse que esses eventos extremos provocam em pesquisadores das ciências atmosféricas, além, claro, dos próprios geólogos e vulcanólogos. "Os aerossóis do Pinatubo resfriaram a temperatura do planeta em cerca de 0,6 °C por quase dois anos”, diz a física Márcia Akemi Yamasoe, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP). "Mas ainda é cedo para prevermos se a erupção de Tonga vai ter algum impacto semelhante no clima global.”
Diferentemente do que ocorre na troposfera, a primeira camada da atmosfera, não há nuvens de chuva na estratosfera ou na mesosfera. Essa característica dificulta e torna mais lenta a dispersão dos poluentes nas altas camadas da atmosfera, como ocorreu até agora com a pluma do vulcão de Tonga. "Os aerossóis podem ficar circulando por meses e até anos em torno do globo terrestre”, diz Landulfo.
O radar meteorológico do Ipen emprega a tecnologia de LiDAR, um método de sensoriamento remoto que usa o laser para medir a localização de objetos em relação à superfície terrestre. Como a velocidade da luz é conhecida (cerca de 300 mil km por segundo), o tempo necessário para que um feixe de laser seja emitido, refletido por uma camada de aerossóis e volte para sua fonte fornece a distância exata dessa nuvem de partículas em suspensão.
O equipamento do Ipen é programado para registrar especificamente a presença de aerossóis que variam de poucos nanômetros a alguns micrômetros, como poluição urbana, fumaça de queimadas, vapor-d´água e grãos de poeira. Ele é prioritariamente usado para estudar a qualidade do ar e o clima na região metropolitana da capital paulista e faz parte da Latin American LiDAR Network (Lalinet).
"Desde que identificamos a pluma da erupção do vulcão de Tonga pela primeira vez, temos seguido sua movimentação com o radar sempre que as condições de observação noturna são boas”, diz o físico Fábio Juliano da Silva Lopes, que faz estágio de pós-doutorado no grupo de Landulfo no Ipen. Em certos dias, os pesquisadores do instituto viram que a pluma, na verdade, divide-se em três segmentos situados em altitudes diferentes, por volta dos 22, 25 e 27 km.
Dados preliminares de registros internacionais indicam que a erupção do monte submarino de Tonga atingiu provavelmente o nível 5 do Índice de Explosividade Vulcânica (VEI), uma escala logarítmica que vai de 0 a 8, do nível mais fraco ao mais forte. O número reflete uma classificação relativa da potência desse tipo de evento, similar à fornecida pela mais conhecida escala Richter, que dimensiona a magnitude de terremotos. Desde a erupção de 1991 do Pinatubo, que chegou ao nível 6 no VEI, não havia registro de uma explosão vulcânica tão potente, como a ocorrida no início do ano nos arredores do arquipélago do Pacífico Sul.
Vulcões em águas profundas raramente provocam grandes erupções que conseguem vencer a resistência do mar que os cobre. Normalmente, a presença do oceano represa substancialmente sua força explosiva. "Mas a erupção de Tonga foi tão intensa que compensou o fato de ter ocorrido debaixo d’água. É a primeira vez que um evento tão específico como esse do Pacífico Sul é observado por satélites, radares de LiDAR e outros instrumentos de sensoriamento remoto, todos desenvolvidos na segunda metade do século XX”, diz o físico cubano Juan Carlos Antuña-Marrero, da Universidade de Valladolid, na Espanha, especialista no estudo de aerossóis, em entrevista a Pesquisa FAPESP.
A base da ilhota de Hunga Tonga-Hunga Haʻapai se situa a 2 mil metros de profundidade, no assoalho do oceano, e faz parte do arco de Tonga-Kermadec, sujeito a terremotos e formado por uma cadeia de vulcões submarinos. Mas a boca do vulcão que entrou em atividade intensa em 15 de janeiro se encontrava apenas entre algumas dezenas e 250 metros debaixo d’água. Ou seja, raso o suficiente para que o oceano não suprimisse toda a força da erupção, mas profundo o bastante para que o magma expelido deparasse com um ingrediente explosivo. A lava aquece rapidamente a água que se transforma em vapor, gás que se expande de forma acelerada. Essa peculiaridade talvez explique a altura elevada que a pluma da erupção atingiu.
Apesar de não ter sido tão potente quanto a erupção do Pinatubo, a explosão do vulcão de Tonga tem produzido dados surpreendentes em menos de um mês de estudos. Nas horas seguintes ao evento no Pacífico, o satélite Aqua, da Nasa, observou a produção de ondas de choque, círculos concêntricos, que percorreram várias vezes a atmosfera de todo o globo terrestre. As ondas se iniciavam na superfície do oceano e atingiam até a ionosfera, a mais de 100 km de altitude.
Nas próximas semanas, Landulfo, Antuña-Marrero e outros pesquisadores do Brasil e do exterior devem realizar estudos conjuntos para tentar entender as características da pluma do vulcão de Tonga e seus possíveis impactos climáticos. O pesquisador do Ipen está em negociações com colegas da Nasa para soltar balões meteorológicos que podem chegar até a altura da pluma para realizar medições in loco. Isso já foi feito nas ilhas Reunião, no oceano Índico, de onde também se avista o rastro de fumaça da erupção de Tonga na troposfera. Até o fechamento desta reportagem, o radar do Ipen ainda registrava a pluma vulcânica cerca de 30 km acima da cidade de São Paulo.
Projeto
Área metropolitana de São Paulo: Abordagem integrada mudanças climáticas e qualidade do ar, Metroclima Masp (nº 16/18438-0); Modalidade Projeto Temático; Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG); Pesquisadora responsável Maria de Fátima Andrade (USP); Investimento R$ 5.763.389,75.
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- 09/03/2022 - Ucrânia: 'Há risco claro de acidente nuclear', diz chefe da ONU para energia atômicaDiante da tensão do momento, o argentino Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), se ofereceu para ser mediador de um encontro entre Rússia e Ucrânia no âmbito nuclear.
Diante da tensão do momento, o argentino Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), se ofereceu para ser mediador de um encontro entre Rússia e Ucrânia no âmbito nuclear.
Fonte: G1Na última sexta-feira (4), o Conselho de Segurança das Nações Unidas convocou uma reunião de emergência após o incêndio na usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia. O incêndio, que foi controlado, despertou forte preocupação na comunidade internacional em meio à invasão da Rússia no território ucraniano.
Um dos principais objetivos do encontro era ouvir as percepções do diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), o embaixador argentino Rafael Mariano Grossi, que, a partir de um voo de Viena (Áustria) a Teerã (Irã), com interrupções na internet, explicou a situação na central nuclear naquele momento.
O silêncio e a espera dos diplomatas para que a conexão de Grossi fosse retomada mostraram a importância de suas avaliações e de seu papel neste momento - que envolve a Rússia, uma das maiores potências nucleares do planeta, que conta com armas do tipo, e a Ucrânia, que possui 15 reatores nucleares, decisivos para o uso de sua energia.
Grossi, de 61 anos, especialista em energia nuclear, é formado em ciências políticas e em questões nucleares. Ele presidiu em 2020 a Conferência do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e é diretor-geral da agência da ONU desde 2019, onde chegou com apoio de vários países da América Latina.
Nesta entrevista exclusiva à BBC News Brasil, falando de Viena, em português, o diplomata e especialista em questões nucleares afirmou que "existe risco claro de acidente nuclear" na Ucrânia.
Diante da gravidade e da tensão da situação - com risco de acidente nuclear, como afirmou -, ele se ofereceu para ser mediador de um encontro entre Rússia e Ucrânia no âmbito nuclear.
Leia os principais trechos a seguir:
BBC News Brasil - O senhor se ofereceu para ser negociador em um encontro entre Ucrânia e Rússia na usina desativada de Chernobyl (que explodiu em 1986). Existe essa possibilidade?
Rafael Mariano Grossi - A Ucrânia é um país com uma rede nuclear muito importante. Tem 15 reatores nucleares, tem instalações como Chernobyl, que é simbólica e icônica, e tem muitas instalações de segurança, de lixo radioativo. Então, existe um risco claro de acidente nuclear. Portanto, no cumprimento da minha missão, que é uma missão técnica, eu, pessoalmente, ofereci visitar a Ucrânia para tentar negociar e chegar a um acordo com as duas partes. Chegar a um acordo com pontos-chave de segurança nuclear para que sejam evitados, exatamente, ataques às centrais, às instalações nucleares. Para garantir o fornecimento de eletricidade nestas instalações nucleares e garantir a refrigeração. Não é uma mediação política. Essa não é missão da agência, que tem um mandato muito claro e restrito às questões nucleares.
BBC News Brasil - O senhor percebe se existe vontade dos dois lados para esta negociação técnica para garantir essa segurança nuclear?
Grossi - Minha tarefa é garantir que essa vontade possa ser manifestada. A gente sabe da importância de se ter um acordo sobre as instalações nucleares. Mas esse é um ponto de partida. A partir daí, a gente tem que negociar bem porque essa situação toda não é idêntica para os ucranianos e para os russos. Os ucranianos têm uma presença militar estrangeira em seu território. Temos que ser muito cuidadosos quando se está preparando um acordo diplomático e técnico desta natureza. A vontade de avançar existe, mas os problemas sempre podem aparecer nos detalhes. Por isso, essa é uma negociação muito delicada, muito difícil.
BBC News Brasil - Existe alguma data? Alguma perspectiva para o início desta negociação?
Grossi - Estamos trabalhando. A data é ontem. É uma situação muito frágil. Temos que evitar um acidente nuclear. Um acidente nuclear pode ocorrer em qualquer momento. Por isso meus esforços estão orientados, neste momento, a chegar a um acordo o mais rapidamente possível.
BBC News Brasil - O senhor falou em acidente nuclear. O chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, disse que "uma Terceira Guerra Mundial só poderia ser nuclear, mas que isso só está na mente dos políticos ocidentais e não dos russos".
Grossi - O presidente (da Rússia, Vladimir) Putin anunciou, na semana passada, que seu arsenal militar estava num nível de alerta. Isso não significa o uso de arma nuclear de forma imediata. Na doutrina militar, existe uma graduação e este poderia ser definido como um nível mais baixo (do perigo). Agora, sobre a possibilidade de um conflito nuclear, eu não poderia fazer especulações. Mas eu não acredito que isso possa ser uma possibilidade concreta. Não acredito numa guerra nuclear. Não acho que existam condições para isso. Primeiro porque a Ucrânia não é uma potência nuclear no sentido militar do termo. Então, não se poderia ocorrer um intercâmbio de armas nucleares.
BBC News Brasil - A segurança nuclear aumentou desde Chernobyl e Fukushima?
Grossi - A segurança nuclear aumentou muito. Graças a estas situações, a gente tem um contato permanente, com sistemas de comunicação permanentes, de segurança reforçada. Tudo isso como resultado do fortalecimento das normas e dos mecanismos de segurança nuclear, após Fukushima e Chernobyl também.
BBC News Brasil - Há algum perigo relacionado a Chernobyl, mesmo desativada?
Grossi - Hoje, Chernobyl tem vários reatores e esses reatores não têm combustível, não têm atividade. Existe o famoso reator número 4, que é o reator do acidente, e isso é bem conhecido, tem o lixo daquela terrível explosão. Houve um trabalho muito delicado de extração e de tratamento desses restos, desses lixos altamente radioativos.
BBC News Brasil - Na semana passada ocorreu o incêndio na usina de Zaporizhzhia e ela é definida como a maior deste tipo da Europa. Entendo que o senhor tenha dito que os técnicos ucranianos têm o controle da usina, mas que ela está rodeada por militares russos. Seria assim?
Grossi - Exato. É uma situação um pouco anormal. A questão positiva é que o controle operacional da instalação ficou nas mãos dos técnicos locais, que têm conhecimento dessa operação técnica. Agora, também é certo que uma força militar tomou o controle do perímetro da instalação e também ocupa o interior da usina. É uma situação perigosa porque, normalmente, o funcionamento da usina tem que ser sempre garantido de uma maneira normal pelo pessoal local e sem pressão nenhuma. Esta situação não poderia ser caracterizada como uma situação normal para o trabalho.
BBC News Brasil - É uma situação tensa?
Grossi - Sim, é uma situação tensa. Essa é uma definição. É uma tensão tangível.
BBC News Brasil - É uma situação tensa nesta usina ou em todo o sistema nuclear ucraniano hoje?
Grossi - Em todo o país.
BBC News Brasil - Na reunião de emergência da ONU após o incêndio na central de Zaporizhzhia, o senhor teve muito cuidado na sua fala para mostrar que seu papel é principalmente técnico.
Grossi - Para eu garantir a minha eficiência, devo demonstrar sempre a minha imparcialidade. Eu sou o diretor-geral de uma agência internacional e os dois países em confronto são membros plenos desta agência. Tenho que ser cuidadoso para também ter sucesso no meu trabalho.
BBC News Brasil - Qual seria o impacto de um ataque direto a uma central nuclear?
Grossi - É difícil imaginar um ataque assim, mas os reatores possuem uma proteção muito sólida. Um reator pode aguentar até a queda de um avião. E o lado russo conhece bem todos esses reatores, porque são reatores russos, com tecnologia russa. Eu não acredito que mesmo numa situação de guerra pudesse existir um ataque direto. O problema é um acidente, o problema é um ataque a uma instalação de apoio, a uma instalação de segurança ligada ao reator. Que de uma maneira indireta tenha ameaçado o funcionamento normal da instalação. As condições do acidente poderiam surgir a partir desses eventos.
BBC News Brasil - Qual o desfecho que o senhor espera para esta situação?
Grossi - Naturalmente, a gente quer a paz. Mas eu vou falar somente nos aspectos ligados à segurança da energia nuclear. A minha expectativa é que dois grandes países nucleares, que têm uma estrutura, uma tradição, uma cultura de usos pacíficos de energia nuclear, vão avançar com o sentido de responsabilidade, de grande responsabilidade. A agência é o instrumento adequado para facilitar esse ponto de encontro entre dois países em guerra.
BBC News Brasil - Como é o contato com russos sobre a questão nuclear?
Grossi - Temos alguns acordos mais limitados com a Rússia porque simplesmente a Rússia é um país com armas nucleares. Mas, sim, realizamos inspeções, muitas atividades de controle também com o regulador russo, em tempos normais. Agora, em tempos de guerra, estes contatos continuam e eles são muito importantes. Estamos em uma época de fake news. As pessoas podem publicar informações falsas ou não confirmadas nas redes sociais para semear o pânico na população.
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- 09/03/2022 - Agência nuclear diz que risco é baixo, após Ucrânia alertar sobre ChernobylFonte: UOLA companhia Energoatom, que opera as quatro usinas nucleares da Ucrânia, informou hoje que a estação de Chernobyl está sem energia elétrica, em meio ao conflito com a Rússia. Segundo a estatal, a falha no fornecimento pode fazer com que o combustível nuclear estocado no local aqueça e emita radiação pela Europa. A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) reagiu ao alerta e minimizou o risco sobre a segurança.No comunicado, a Energatom que a linha de transmissão de energia entre Chernobyl e a capital Kiev foi danificada pelos ocupantes russos. O combustível armazenado no local precisa de resfriamento contínuo, e caso a temperatura aumente, pode liberar substâncias radioativas. "O vento pode levar essa nuvem radioativa a outras regiões da Ucrânia, Belarus, Rússia e Europa", diz a nota.Para a AIEA, a falta de luz na região não tem grande impacto e que há insumos suficientes nas instalações para resfriar o material mesmo sem energia elétrica. "A carga térmica da piscina do depósito de combustível usado e o volume de água de resfriamento são suficientes para garantir uma saída eficaz do calor sem eletricidade", publicou a entidade nas redes sociais.A estatal ucraniana disse ainda que os sistemas de ventilação e extinção de incêndio não estão funcionando, o que pode fazer com que os funcionários recebam uma dose perigosa de radiação e um incêndio se propague rapidamente se houver um bombardeio no local.De acordo com a empresa, é impossível fazer os reparos necessários para restabelecer a eletricidade, já que há combate na região.Funcionários estão trabalhando ininterruptamenteSegundo a ONU, os trabalhadores da usina de Chernobyl estão trabalhando ininterruptamente desde o início do conflito, que chegou hoje ao 14º dia. O diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi, condenou a situação."Estou profundamente preocupado sobre a situação difícil e estressante dos trabalhadores da usina nuclear de Chernobyl, e o risco que isso carrega. Eu peço que as forças no controle do local facilitem a rotação segura dos funcionários", disse.A usina de Chernobyl foi onde ocorreu o maior acidente nuclear da história, em 1986. Um dos reatores da usina explodiu e causou a morte imediata de 30 pessoas. Quase 340 mil pessoas que moravam num raio de 30 quilômetros da usina precisaram ser evacuadas, e altos níveis de radiação foram registrados na Polônia, Áustria, Suécia e Bielorrússia.Desde 2015, os reatores estão na fase de descomissionamento, quando só cientistas continuam trabalhando para observar a situação da radiação. "A descontaminação de Chernobyl envolveu uma massa de 1,5 milhão de pessoas, teve um custo altíssimo e acabou em 2017. O espaço foi lacrado, virou uma espécie de sarcófago e na sequência se transformou em um roteiro turístico", explica Leonardo Trevisan, professor de geoeconomia internacional da ESPM. -
- 09/03/2022 - Rússia tem interesse em desativar reatores nucleares na Ucrânia, e não destruí-los, diz ex-embaixador do Brasil na AieaA Aiea disse que essa é a primeira vez que há uma guerra em um país que tem uma rede de energia nuclear grande e estabelecida.
A Aiea disse que essa é a primeira vez que há uma guerra em um país que tem uma rede de energia nuclear grande e estabelecida.
Fonte: UOLA intenção da Rússia não é destruir, mas, sim, controlar os reatores nucleares da Ucrânia porque esse tipo de energia representa cerca de 60% da geração no país, afirma Laércio Vinhas, ex-embaixador do Brasil na Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea, na sigla em inglês). Doutor em física nuclear e pesquisador emérito do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, ele é assessor do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo.
No fim da semana passada, os russos tomaram Zaporizhzhia, a maior usina nuclear na Europa e a 9ª desse tipo de energia do mundo.
A Aiea disse que essa é a primeira vez que há uma guerra em um país que tem uma rede de energia nuclear grande e estabelecida.
"Se algo equivalente ao acidente Chernobyl ocorresse, grande parte das nuvens iria para a Rússia; não é uma boa tática de guerra atingir as usinas”, afirma Vinhas.
Os reatores nucleares que estão em funcionamento na Ucrânia são mais seguros do que os que existiam na usina de Chernobyl, segundo ele.
"Essas usinas são projetadas para aguentar um Boeing 747 carregado, mas nunca foi feita experiência com artilharia mais pesada”, diz ele.
Segundo Vinhas, as forças russas provavelmente querem cessar a operação dos reatores, e não destruí-las, mas, se for esse o caso, ainda há um risco: nas usinas há elementos combustíveis ativos e já descartados que precisam ser refrigerados -por isso há usinas a diesel associadas aos reatores.
E Chernobyl?
A tomada da região onde funcionava a usina de Chernobyl, no entanto, não faz tanto sentido para Vinhas: "Uma teoria é que a história do desastre ficou engasgada na garganta dos russos; a União Soviética precisou ouvir as organizações estrangeiras na construção do sarcófago, isso nunca foi muito bem aceito pelos russos”.
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- 08/03/2022 - Construção é vista no local de teste nuclear da Coreia do Norte pela 1ª vez desde 2018Fonte: UOLImagens de satélite mostram trabalhos de construção no local de testes nucleares da Coreia do Norte pela primeira vez desde que foi fechado em 2018, disseram analistas nesta terça-feira, enquanto um relatório de inteligência dos Estados Unidos alertou que o país poderia retomar grandes testes de armas neste ano.Imagens capturadas por um satélite comercial na sexta-feira mostraram sinais muito precoces de atividade no local de Punggye-ri, incluindo a construção de um novo prédio, reparo de outro prédio e o que possivelmente é madeira e serragem, disseram especialistas do James Martin Center para Estudos de Não-Proliferação (CNS), com sede na Califórnia, em um relatório."Os trabalhos de construção e reparo indicam que a Coreia do Norte tomou alguma decisão sobre o status do local de teste", afirma o relatório.A Coreia do Norte testou um número recorde de mísseis em janeiro, incluindo sua maior arma desde 2017, e parece estar se preparando para lançar um satélite espião.Monitores internacionais também relataram que a principal instalação de reator nuclear norte-coreana em Yongbyon parece estar em pleno andamento, potencialmente criando combustível para armas nucleares.Os lançamentos de mísseis da Coreia do Norte podem ser a base para um retorno aos testes de mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) e bombas nucleares este ano, disse a Diretoria de Inteligência Nacional (DNI) dos EUA em sua avaliação anual de ameaças mundiais.O relatório não mencionou Punggye-ri, mas disse que o líder norte-coreano, Kim Jong Un, continua fortemente comprometido com a expansão do arsenal de armas nucleares do país. -
- 07/03/2022 - Irã espera 'detalhes' de novas exigências russas para acordo sobre programa nuclearFonte: UOLTeerã, 7 Mar 2022 (AFP) - O Irã espera que a Rússia comunique "detalhes" de suas novas exigências com relação aos Estados Unidos, o que pode atrasar um acordo para reviver o pacto internacional de 2015 sobre o programa nuclear iraniano, informou nesta segunda-feira (7) o porta-voz Said Khatibzadeh.Nos últimos dias, proliferaram declarações otimistas sobre a possibilidade de um acordo iminente como resultado das negociações sobre o programa nuclear que estão ocorrendo em Viena. Mas a Rússia, atingida por fortes sanções internacionais devido à sua invasão da Ucrânia, exigiu no sábado que os Estados Unidos fornecessem garantias de que essas sanções não afetarão sua cooperação com o Irã.Em sua coletiva de imprensa semanal, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores do Irã afirmou que Teerã está "a par das declarações [feitas a esse respeito pelo chefe da diplomacia russa, Serguei] Lavrov, à mídia" e que o governo iraniano "espera ter os detalhes por meio de canais diplomáticos".O acordo sobre o programa nuclear iraniano assinado em 2015 pelo Irã, de um lado, e Estados Unidos, China, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha, do outro, busca impedir que Teerã adquira a bomba atômica, algo que a República Islâmica sempre negou querer alcançar.No entanto, o pacto foi enfraquecido a partir de 2018, quando Washington decidiu se dissociar unilateralmente e reimpor sanções contra a República Islâmica. Em resposta, o Irã parou de honrar seus compromissos acordados.Com as negociações em Viena, o objetivo é que Washington volte a aderir ao acordo e que o Irã volte a cumprir seus compromissos.A Rússia desempenha um papel central na implementação do acordo de 2015, especialmente o excedente de urânio enriquecido de Teerã.De acordo com um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), as reservas iranianas de urânio enriquecido excedem o limite autorizado pelo acordo de 2015 em mais de 15 vezes.- "Enfoque construtivo" da Rússia -"É importante que a cooperação pacífica do Irã com outros países, incluindo a Rússia, não esteja sujeita a sanções, especialmente se forem sanções impostas por um país e não pelas Nações Unidas", acrescentou Khatibzadeh."Até agora, a Rússia teve uma abordagem construtiva para chegar a um acordo coletivo em Viena", enfatizou.No domingo, os Estados Unidos consideraram as novas exigências de Moscou "irrelevantes" e argumentaram que as sanções impostas à Rússia desde a invasão da Ucrânia "não têm nada a ver" com o dossiê do programa nuclear iraniano.O chefe da diplomacia iraniana, Hossein Amir Abdollahian, alertou nesta segunda-feira que seu país não permitirá que "nenhum fator externo afete seus interesses nacionais no curso das negociações de Viena", mas não deu mais detalhes.Os próximos dias são vistos como decisivos para os ocidentais, pois eles acreditam que, de acordo com o atual ritmo dos progressos nucleares do Irã, o acordo logo ficará desatualizado.No entanto, nesta segunda-feira, o secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, Ali Shamkhani, acusou Washington de atrasar a conclusão de um acordo em Viena, e instou-o a adotar "uma decisão política" para alcançá-lo."A perspectiva de um acordo em Viena permanece incerta, devido ao atraso de Washington em tomar uma decisão política", escreveu ele no Twitter. -
- 07/03/2022 - Centro de pesquisa nuclear na Ucrânia é atingido por bombardeioSegundo órgão regulador da Ucrânia, incidente não causou aumento nos níveis de radioatividade do local
Segundo órgão regulador da Ucrânia, incidente não causou aumento nos níveis de radioatividade do local
Fonte: MetrópolesA Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informou, nesta segunda-feira (7/3), que um centro de pesquisa nuclear produtor de radioisótopos para fins medicinais e industriais foi danificado por bombardeios na cidade de Kharkiv, na Ucrânia. Segundo o órgão regulador nacional, porém, o incidente não causou aumento nos níveis de radiação.O diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano, disse que, como o material nuclear utilizado no local está sempre abaixo do nível crítico e o inventário de suprimentos radioativos também é muito baixo, não houve maiores consequências.Entretanto, Mariano ressaltou que incidentes envolvendo instalações nucleares durante a guerra têm potencial de ter proporções muito maiores. Na última sexta-feira (4/3), um prédio da maior usina nuclear da Europa, a Zaporizhzhia, foi incendiado durante confrontos entre tropas russas e ucranianas."Precisamos agir para evitar um acidente nuclear na Ucrânia, que pode ter consequências severas para a saúde pública e o meio-ambiente. Não podemos esperar”, disse Mariano.O diretor-geral ainda ressaltou já ter se mostrado disponível para ir a Chernobyl – palco do maior acidente nuclear da história e hoje sob domínio das forças russas – a fim de garantir a segurança das usinas nucleares durante a guerra."Eu disse que estou disposto a ir até Chernobyl, mas pode ser qualquer lugar, desde que facilite essa ação urgente e necessária.”Dos 15 reatores ucranianos, oito ainda estão em funcionamento no país, incluindo dois em Zaporizhzhia.Chernobyl sob controle russoTropas russas tomaram, em 24 de fevereiro, a usina de Chernobyl, onde aconteceu o acidente de 1986 que deixou ao menos 31 vítimas diretas e inúmeras nos anos seguintes em função da radiação recebida.O Exército russo, no entanto, não permitiu que os 210 funcionários e guardas que atualmente estão no local fossem substituídos. O mesmo grupo trabalha há 12 dias. -
- 06/03/2022 - Imprensa russa afirma que Ucrânia estaria preparando 'bomba suja' de plutônio, mas não apresenta evidênciasVeículos ligados ao governo de Putin citam um 'representante' que teria afirmado que a Ucrânia estaria preparando a arma radioativa
Veículos ligados ao governo de Putin citam um 'representante' que teria afirmado que a Ucrânia estaria preparando a arma radioativa
Fonte: G1A mídia russa citou neste domingo (6) uma fonte não identificada dizendo que a Ucrânia estava perto de construir uma "bomba suja" baseada em plutônio, embora a fonte não tenha citado nenhuma evidência de que isso de fato esteja ocorrendo.As agências de notícias TASS, RIA e Interfax citaram "um representante de um órgão competente" na Rússia dizendo que a Ucrânia estava desenvolvendo armas na usina nuclear destruída de Chernobyl, fechada em 2000.O governo da Ucrânia afirma que não tem planos de voltar a ter armas nucleares, das quais desistiu em 1994, após o desmembramento da União Soviética.Pouco antes da invasão, Putin disse em um discurso cheio de queixas que a Ucrânia estava usando o know-how soviético para criar suas próprias armas nucleares, e que isso era o mesmo que se preparar para um ataque à Rússia.Ele não citou nenhuma evidência para sua alegação. -
- 06/03/2022 - Exército russo assume gestão da maior usina nuclear na Europa; agência manifesta preocupaçãoAIEA se diz preocupada com o controle russo da usina de Zaporizhzhia. Militares cortaram a comunicação externa do local
AIEA se diz preocupada com o controle russo da usina de Zaporizhzhia. Militares cortaram a comunicação externa do local
Fonte: G1A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) expressou neste domingo (6) sua "profunda preocupação" pelas informações de que a comunicação com a central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, a maior da Europa, foi interrompida depois que a Rússia ocupou o local na sexta-feira (4).A agência das Nações Unidas que supervisiona a atividade nuclear declarou em comunicado que o governo ucraniano lhe informou que a direção da central nuclear, situada no sudeste da Ucrânia, estava sob as ordens das forças russas.Kiev também assinalou que os militares russos haviam cortado algumas redes móveis e de internet e que as linhas telefônicas, o e-mail e o fax tinham deixado de funcionar.Segundo as autoridades ucranianas, apenas era possível efetuar comunicações por telefone celular, mas com qualidade baixa, informou a AIEA."Estou muito preocupado com os acontecimentos dos quais fui informado hoje", declarou o diretor-geral da AIEA, o argentino Rafael Grossi."Para poder explorar a central com total segurança, a direção e os funcionários devem estar autorizados a efetuar seus trabalhos, vitais, em condições estáveis, sem ingerência indevida ou pressão externa", acrescentou.Nesse sentido, Grossi se disse "profundamente preocupado" pela "deterioração da situação das comunicações vitais entre a autoridade reguladora e a central nuclear de Zaporizhzhia".Ademais, a AIEA indicou que o regulador nuclear ucraniano relatou que apenas conseguia se comunicar por e-mail com o pessoal da central ucraniana de Chernobyl, que foi tomada pelos soldados russos em 24 de fevereiro.Ao que tudo indica, os funcionários já não podem fazer rotações de turno, por isso Grossi insistiu na "importância de que os trabalhadores possam descansar para efetuar suas importantes tarefas com total segurança".A Ucrânia tem quatro centrais nucleares ativas, que produzem cerca de metade da eletricidade consumida no país, e vários depósitos nucleares como o de Chernobyl. -
- 05/03/2022 - Escalada dos ataques russos perto de usinas nucleares acende alerta na comunidade internacionalNa Europa, pessoas já estão à procura de iodo para usar contra uma eventual nuvem tóxica
Na Europa, pessoas já estão à procura de iodo para usar contra uma eventual nuvem tóxica
Fonte: R7A escalada no número de ataques russos na Ucrânia faz o mundo refletir novamente sobre gravidade de ataques de guerra perto de usinas nucleares. E a população da Europa já pensa no pior. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica, nenhum vazamento de radiação aconteceu até agora na Ucrânia, mas na Bélgica, já tem gente comprando iodo para usar contra uma eventual nuvem tóxica.Assista ao vídeo aqui -
- 05/03/2022 - Usinas nucleares não devem operar em campos de guerra, diz professorEm entrevista à CNN, Aquilino Senra avaliou que instalações ucranianas são responsáveis por metade da geração de energia do país
Em entrevista à CNN, Aquilino Senra avaliou que instalações ucranianas são responsáveis por metade da geração de energia do país
Fonte: CNN BrasilNa última sexta-feira (4), as tropas russas que estão invadindo a Ucrânia tomaram o controle da usina nuclear de Zaporizhzhia, no sudeste do país. De acordo com a a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ligada à ONU, os reatores não sofreram danos e não houve vazamento de material radioativo.
No entanto, em entrevista à CNN, o físico e professor do programa de engenharia nuclear da Coordenadoria dos Programas de Pós-Graduação da UFRJ Aquilino Senra ressaltou que "as usinas nucleares são feitas para operar em condições normais em que não haja um campo de guerra como está acontecendo hoje".
A instalação, maior de energia nuclear na Europa, foi atingida por um incêndio que durou quatro horas e afetou as unidades de geração de energia. O especialista ressaltou que "no campo de guerra, o soldado não se preocupa para onde vai lançar, ele quer atacar seu inimigo”.
De acordo com o professor, caso houvesse a destruição do prédio que abriga as usinas nucleares em Zaporizhzhia, "todo o material radioativo que é produzido nas usinas vai para o meio ambiente”. Ele ainda lembrou que "a quantidade de material radioativo nessas usinas é muito maior que o inventário que existia em Chernobyl".
Senra avaliou que, dependendo das condições meteorológicas, "o material pode ser propagado para qualquer país no entorno da região ou até muito distante”. O professor pontuou que, atualmente, há 15 usinas nucleares em operação na Ucrânia.
Na avaliação do especialista, tomar o controle das usinas nucleares ucranianas pode fazer parte de uma estratégia do exército da Rússia, já que "as 15 usinas nucleares geram quase a metade da eletricidade da Ucrânia”.
"Se houver a tomada dessas usinas, o primeiro ato das tropas será desligar as usinas para que 50% da energia não seja gerado e com isso haja um desabastecimento da população, para forçar uma rendição porque a população começa a ficar em uma situação dramática”, avaliou.
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- 05/03/2022 - Que risco corre o Brasil em um ataque a uma usina nuclear na Ucrânia?Fonte: UOLConquistada pela Rússia após uma semana de guerra na Ucrânia, a usina nuclear de Zaporizhzhia ("Zaporíjia", na pronúncia em português) provocou um debate sobre a exposição destas estruturas a um possível dano, mesmo que acidental. A tomada da usina, a maior da Europa, foi feita à base de um bombardeio e marcada por um incêndio no entorno.Segundo as autoridades do setor, não houve vazamento de radiação, mas o problema segue no horizonte porque a Rússia tenta conquistar outra usina nuclear ucraniana. O país já assumiu também o controle de Chernobyl, hoje desativada. Os riscos dessas investidas para o mundo e especialmente para o Brasil, no entanto, ainda são remotos, segundo dois especialistas consultados pelo UOL.No caso do Brasil, o principal temor seria uma eventual contaminação de carne e produtos agrícolas que tiveram algum contato com radiação. No desdobramento da tragédia de Chernobyl, em 1986, o Brasil importou toneladas de alimento contaminado da Europa em meio a uma crise de abastecimento.Na ocasião, produtos como leite e carne contaminados chegaram às prateleiras dos supermercados. Mais tarde, a Justiça determinou o recolhimento das mercadorias. Só três décadas depois, porém, o governo brasileiro admitiu que os alimentos poderiam causar danos às pessoas que manuseassem ou consumissem os itens.No caso atual da Ucrânia, porém, analistas apontam que os riscos de um acidente nuclear não são concretos no momento. Um dos principais motivos é a evolução na segurança das usinas, que são razoavelmente protegidas mesmo para situações como uma guerra.Segundo Odair Dias Gonçalves, professor do Instituto de Física da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), nem mesmo o choque de um avião Boeing atingiria o núcleo do reator de uma usina.A explosão desse núcleo, caso ocorresse, seria a hipótese mais catastrófica, com potencial de espalhar radiação por toda a Europa. Foi uma explosão do núcleo do reator que provocou a tragédia de Chernobyl, em 1986. Desta vez, segundo os analistas, a segurança das usinas teve uma grande evolução, mas os efeitos de um ataque bélico sobre uma usina nuclear ainda são desconhecido."Mesmo que se tentasse bombardear uma usina, não é possível saber exatamente o impacto. Não sei se elas são testadas para mísseis, mas são testadas, por exemplo, para um avião, um Boeing. Se um Boeing atingir a parede, não consegue atingir o núcleo. Então elas são extremamente seguras", diz.Para Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP (Universidade de São Paulo) e vice-presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), há sempre um grau de vulnerabilidade em uma usina, como em qualquer outra obra, mas as proteções são avançadas."Elas são vulneráveis, evidentemente, como qualquer infraestrutura. Mas o núcleo do reator não vai ser atacado por bombas, porque ele tem um vaso de contenção muito resistente. Pode cair um avião em cima e não destruí-lo", afirma Artaxo. Para ele, no entanto, não se pode descartar o risco de acidentes menores, de impacto limitado."A explosão do núcleo do reator não é o único acidente possível. Se a água de refrigeração do reator, por exemplo, sofrer um problema no circuito de manutenção [da água], o núcleo do reator pode ser afetado. Isso é possível. A torre de resfriamento de água radioativa pode ser atingida e pode haver algum vazamento", diz o professor da USP.Gonçalves considera que há um problema antecedente: é difícil acreditar que uma usina nuclear fosse atingida por um míssil, por exemplo, por acidente. E ainda mais difícil, segundo o cientista, é cogitar uma destruição proposital."Atacar uma usina nuclear seria como alguém botar fogo numa casa enquanto está lá dentro. A Rússia conhece a arquitetura desses reatores. Se algo conseguisse explodir o núcleo do reator, o impacto provável seria semelhante ao de uma bomba nuclear. Mas é improvável que a Rússia ou a Ucrânia coloquem ele em risco", diz Gonçalves. -
- 04/03/2022 - Se houvesse acidente severo, radiação atingiria a Rússia, diz especialistaPresidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear, Carlos Henrique Mariz, falou à CNN sobre os riscos ocasionados caso mísseis russos atingissem reatores de usina nuclear
Presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear, Carlos Henrique Mariz, falou à CNN sobre os riscos ocasionados caso mísseis russos atingissem reatores de usina nuclear
Fonte: CNN BrasilEm entrevista à CNN, nesta sexta-feira (4), o presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN), Carlos Henrique Mariz, falou sobre os possíveis riscos ocasionados caso os mísseis russos atingissem reatores da usina nuclear Zaporizhzhia, na Ucrânia.
Nesta sexta-feira (4), militares russos atacaram a maior usina nuclear do país. Um incêndio provocou temores de um possível acidente, mas o fogo foi contido. Após o ataque, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que os reatores da usina são seguros e que nenhum material radioativo foi liberado.
Para Carlos Henrique Mariz, não há interesse da Rússia de causar problemas na usina, mas sim de proteger essa tecnologia que é vendida no mundo inteiro. À CNN, o entrevistado explicou que a usina de Zaporizhzhia utiliza tecnologia russa.
"A Rússia deu todo suporte à construção e manutenção [da usina], é estranho pensar no que a Rússia quer ao jogar uma bomba em uma usina nuclear que representa seu país, pode ter havido alguma falha técnica. Não foi na usina, a bomba chegou no setor administrativo e ela continua funcionando normalmente, é importante que haja tranquilidade para que usina possa continuar operando, não vejo como a Rússia dar um tiro no próprio pé”, disse.
O especialista alerta para os riscos que a Rússia enfrentaria caso houvesse uma explosão na usina nuclear. "Primeiro que se houvesse um acidente severo lá, ia jogar radiação para o espaço, que ia atingir a Rússia, ia atingir os soldados, todos. Segundo que ia queimar o nome da Rússia na tecnologia que ela mais vende pelo mundo afora”, acrescentou.
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- 04/03/2022 - Zaporizhzhia: conheça a maior usina nuclear da Europa, que os russos tomaramPara especialistas, o ataque a um prédio perto dos reatores é altamente irresponsável até mesmo em situação de guerra. Na pior das hipóteses, o impacto poderia ser equivalente a 10 vezes o do acidente de Chernobyl, mas a usina de Zaporizhzhia é mais segura.
Para especialistas, o ataque a um prédio perto dos reatores é altamente irresponsável até mesmo em situação de guerra. Na pior das hipóteses, o impacto poderia ser equivalente a 10 vezes o do acidente de Chernobyl, mas a usina de Zaporizhzhia é mais segura.
Fonte: G1Zaporizhzhia, a usina de energia atômica que foi tomada pelaRússianesta sexta-feira (4), foi construída entre 1984 e 1995, é a maior usina nuclear na Europa e a 9ª desse tipo de energia do mundo.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, na sigla em inglês) disse que essa é a primeira vez que há uma guerra em um país que tem uma rede de energia nuclear grande e estabelecida.
O prédio atingido fica do lado de fora do complexo e era usado para treinamento de pessoal —não havia nada lá que pudesse emitir radiação. Ainda assim, a ação russa foi altamente imprudente, mesmo em um contexto de guerra, afirma Jan Vande Putte, conselheiro de proteção à radiação do Greenpeace da , em entrevista dog1.
"É completamente irresponsável até mesmo se aproximar militarmente do complexo onde funciona a usina", disse ele. Os funcionários que trabalham na usina precisam ter acesso rápido ao local.
Putte diz que no pior dos cenários, uma explosão em Zaporizhzhia poderia ser realmente 10 vezes pior do que a que ocorreu no acidente de Chernobyl, como disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia. Se comparado ao acidente de Fukushima, o risco seria centenas de vezes maior, diz o conselheiro do Greenpeace.
No entanto, mesmo no pior dos cenários, diz Putte, o alcance de material radioativo seria menor —o problema de radiação seria mais concentrado e mais intenso do que nos casos dos dois grandes acidentes na história (Chernobyl e Fukushima).
Segurança do sistema
Os reatores como os que existiam na usina de Chernobyl não são iguais aos de Zaporizhzhia ou das usinas nucleares em operação na União Europeia, diz Ricardo Guterres, o diretor de Radioproteção e Segurança da Comissão Nacional de Energia Nuclear do Brasil.
"As usinas hoje são concebidas com barreiras de contenção, a estrutura é muito robusta para que não haja liberação não controlada de material radioativo e para resistir a eventos externos, como um furacão. Essas barreiras (de contenção) são avaliadas por licenciadores e inspecionadores", afirma ele.
Guterres diz que não é razoável pensar que as usinas seriam um alvo dos russos, pois isso implicaria consequências em território russo. "Temos que colocar o risco em perspectiva: o número de vítimas desse conflito é incomparável aos dos piores acidente nucleares", afirma.
"Estamos acompanhando em tempo real a situação dos reatores, recebemos informação que vem da Ucrâniae é repassada por órgãos de controle, e o que tem sido dito é que os sistemas estão operacionais" afirma.
A chance de explosão, derretimento ou liberação de material radioativo é baixa, disse Tony Irwin, um professor associado da Universidade Nacional da Austrália em entrevista ao site NucNet.
Seis reatores
Há seis reatores, cada um pode gerar cerca de 950 Megawatts —no total, são cerca de 5,7 Gigawatts (como comparação, a usina hidrelétrica de Itaipu, na fronteira do Brasil com o Paraguai, tem capacidade instalada de 14 Gigawatts).
A energia gerada em Zaporizhzhia é suficiente para abastecer cerca de 4 milhões de residências, segundo o jornal "The Guardian”. Só essa usina é responsável um quinto da eletricidade do país e metade de toda a geração nuclear. A Ucrânia tem quatro usinas nucleares que, somadas, possuem 15 reatores.
O complexo fica perto da cidade de Enerhodar, na beira de uma represa no rio Dnieper.
O primeiro reator foi conectado ao sistema ucraniano em 1984, e o sexto, em 1995. A situação atual dos reatores é a seguinte:
- A unidade 1 está interrupção;
- As unidades 2 e 3 foram desconectadas do sistema, e o mecanismo de esfriamento entrou em ação;
- A unidades quatro está em operação, mas está gerando 690 MW (a capacidade instalada é de cerca de 750 MW);
- As unidades 5 e 6 estão sendo resfriadas.
Além dos reatores, no complexo há um armazém que tem elementos combustíveis usados.De acordo com um relatório do Greenpeace publicado no dia 2 de março, até 2017 havia 2.204 toneladas de elementos combustíveis armazenados no local (855 em piscinas e 1.349 em armazém seco).O Greenpeace também afirma que há alguns riscos no local que não são relacionados ao conflito.- Vulnerabilidade nas perdas de energia elétrica;
- Armazenamento de elementos combustíveis usados;
- Risco de enchentes e de estouro de barragem.
Além da capacidade de geração, a usina é importante porque fica a cerca de 200 quilômetros da Crimea, a região que os russos anexaram em 2014.A proximidade com a Crimeia que chamou a atenção do Greenpeace para o risco em Zaporizhzhia —a usina é muito mais segura do que as do noroeste da Ucrânia, mas é estrategicamente mais importante para os russos, afirma Putte.Como funcionaSegundo a Al Jazeera, os reatores da usina de Zaporizhzhia operam com combustível de isótopo de urânio-235 enriquecido (isótopo é um elemento químico que tem a mesma quantidade de prótons de um outro elemento, mas que tem um número diferente de nêutrons).Os reatores funcionam de uma forma indireta: os elementos combustíveis estão em um circuito que gera vapor que não vai diretamente para as turbinas, mas, sim, aquecer um segundo circuito que também tem vapor, mas esse não é contaminado. Esse segundo circuito movimenta as turbinas que geram energia.Assim, os funcionários da usina são menos expostos à radiação.