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Repositório é requisito para Angra 3 e RMB

Fonte: Revista Brasil Nuclear

"A implantação do repositório brasileiro de rejeitos radioativos é um requisito técnico tanto para a operação de Angra 3 como para a implementação do reator multipropósito (RMB)", afirmou a pesquisadora Clédola Cássia Tello, do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN/Cnen), durante a mesa redonda Repositório de Rejeitos Radioativos: Abordagens Nacionais e Internacionais. A sessão foi conduzida pelo pesquisador Rogério Mourão, do CDTN, e contou também com palestras de Jiri Faltejse, da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e Nicolas Solente, da Agência Nacional para Gestão de Rejeitos Radioativos da França (Andra).

Os especialistas estrangeiros abordaram as experiências que possuem na área de repositório de rejeitos radioativos. O especialista da AIEA deu destaque a parâmetros e exemplos mundo afora e o francês apresentando dados do seu país. Por lá, por exemplo, existem 1.200 produtores de rejeitos radioativos, dos quais 58% oriundos do setor de geração elétrica, 29% de pesquisa, 1% de saúde, 3% de indústria e 9% de defesa. Nicolas Solente também mencionou que a Andra possui 673 empregados e três principais missões: pesquisa e desenvolvimento, projeto e desenvolvimento de instalação de depósito de rejeitos e operação e monitoramento.

A pesquisadora Clédola Cássia Tello abordou o Centro Nacional de Tecnologia Nuclear e Ambiental (Centena), antigo Repositório Nacional de Rejeitos radioativos. O especialista da AIEA deu de Baixo e Médio Níveis de Radiação - RBMN. O projeto utiliza como referências os repositórios de superfície de Lon, na França, e de El Cabril, na Espanha, que são os mais antigos e considerados os mais bem sucedidos. Ambos têm como principal componente de segurança as múltiplas barreiras.

Ao justificar a necessidade de implantação do repositório, a pesquisadora descreveu o cenário nuclear brasileiro, com dois reatores em operação e um terceiro em construção da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, os reatores de pesquisa dos institutos da Cnen, as instalações do Centro Tecnológico da Marinha e também do Cena. De acordo com ela, além do inventário de rejeitos já justificar o empreendimento, há necessidade da unificação tanto dos tratamentos quanto dos armazenamentos, para que se possa atingir todos os requisitos de segurança e de proteção desse material. "Temos responsabilidade em deixar esse material sob a melhor condição possivel, para que as próximas gerações possam tomar suas decisões sobre o tema energia nuclear", afirmou. 

O projeto preliminar do repositório foi criado com a participação da Andra, responsável por coordenar o armazenamento dos dejetos radioativos em território francês. Começou por estabelecer cenário atual e futuro dos rejeitos, levantando o inventário volumétrico possível. Foi realizado o projeto conceitual preliminar e agora está na fase de seleção do local para o repositório. O empreendimento terá licenciamento duplo, tanto por parte da autoridade nuclear e o licenciamento ambiental por parte do Ibama. Uma vez selecionado o local, as próximas etapas serão a realização do projeto básico executivo, a construção da instalação e o repositório operacional.

De acordo com Clédola Cássia, o Centena será um repositório mais complexo que o de Abadia de Goiás, onde estão depositados todos os rejeitos gerados durante a descontaminação após o acidente causado pelo Césio-137. A diferença entre eles está no número de radionuclídeos de cada um. Enquanto a análise de segurança de Abadia de Goiás foi baseada somente no Césio-137, a análise de segurança para o Centena inclui os vários radionuclídeos gerados durante todas as operações nucleares no Brasil. "Esse repositório vai cumprir o requisito de fechar o ciclo do uso dos materiais radioativos, seja para produção de energia elétrica, seja para pesquisa e desenvolvimento”, afirmou.

A palestrante garantiu que o repositório brasileiro trará uma solução para os rejeitos da classe 2.1 e vai liberar os armazenamentos iniciais e intermediários, trazendo a disposição segura desses rejeitos. De acordo com ela, a sustentabilidade na área nuclear passa especialmente pelo repositório, porque demonstrará que o país consegue trabalhar com segurança em todas as etapas do ciclo do combustível e em todas as utilizações dos radionuclídeos.

Clédola citou como marco importante do projeto a reunião com o presidente da Cnen, em junho de 2018, quando pela primeira vez, a equipe pôde expor as dificuldades enfrentadas, que não eram técnicas, mas sim políticas, administrativas e de recursos humanos. Como resultado da reunião, o projeto passou a ser acompanhado por um grupo de trabalho (GT-8) dentro do Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro, que é coordenado pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. "O nosso projeto ganhou o status de Projeto de Estado e, independentemente de mudanças políticas, ele continuará existindo, uma vez que é reconhecido como de alto interesse para o país”, finalizou.

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