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Eletrobras avalia vender fatia da Eletronuclear a grupo estrangeiro

Fonte: Valor Econômico

A Eletrobras caminha para concluir o ano, se tudo sair como esperado pela estatal, com o endividamento sob controle e fora do segmento de distribuição de energia. Um obstáculo a ser superado, para o qual ainda não há saída definida, é a finalização das obras da usina nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro, que ainda demanda investimentos estimados em R$ 17 bilhões para ser concluída. A estatal avalia ceder uma participação na Eletronuclear a um grupo estrangeiro, que ficará responsável por fazer aportes na companhia e finalizar o empreendimento. A elétrica brasileira, no entanto, permanecerá como controladora da subsidiária. A ideia é lançar uma concorrência internacional para atração de sócios nos próximos meses, antes do início do próximo governo.

A possibilidade de receber um sócio na Eletronuclear é uma das duas alternativas em estudo pelo grupo de trabalho criado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para analisar a retomada das obras da terceira usina nuclear brasileira. A outra alternativa, já conhecida do mercado, seria a companhia estrangeira entrar como sócia especificamente em Angra 3, aportando os recursos necessários para a conclusão da usina. Mas a operação da termonuclear continuaria nas mãos da Eletronuclear.

Segundo Wilson Ferreira Júnior, presidente da Eletrobras, controladora da Eletronuclear, o CNPE deve se reunir no fim deste mês para decidir a solução que será tomada para a retomada das obras de Angra 3, que já consumiram R$ 13 bilhões. O grupo de trabalho entregou no início desta semana o relatório final sobre o tema.

"Esperamos ter uma reunião neste mês no CNPE em que haverá um debate sobre o tema da tarifa [de Angra 3] e, com essa tarifa, sairemos com uma incumbência de fazer uma concorrência internacional para selecionar um sócio", disse Ferreira Júnior, em entrevista exclusiva ao Valor, na sede da estatal elétrica, no Rio.

Entre os principais interessados no negócio, o Valor apurou que estão a russa Rosatom, a chinesa CNNC e o consórcio franco-japonês EDF / Mitsubishi.

De acordo com Ferreira Júnior, a ideia é que o CNPE aprove um reajuste na tarifa de energia de Angra 3, atualmente da ordem de R$ 240 por megawatt-hora (MWh), valor considerável inviável para arcar com os compromissos financeiros do empreendimento e para remunerar um novo investidor no projeto. O executivo não soube dizer de quanto seria o novo valor da tarifa. Estima-se, porém, que o preço supere os R$ 400 o MWh.

Questionado sobre o impacto do reajuste para a tarifa do consumidor, Ferreira Júnior afirmou que a entrada em operação de Angra 3, com a tarifa reajustada, permitirá, na verdade, uma redução média de 1,5% na tarifa de energia para o consumidor final, no ano em que ela iniciar o funcionamento. A queda, explicou, será motivada pelo deslocamento de termelétricas mais caras, com o acionamento de Angra 3.

"A única razão que fez a tarifa de energia brasileira subir tanto nesses últimos meses e anos é a exposição que nós, consumidores, temos ao risco hidrológico", disse o executivo, acrescentando que a operação de Angra 3 tem potencial para diminuir a exposição dos consumidores ao risco hidrológico, provocado principalmente pelas despesas relativas ao GSF (sigla em inglês para fator de ajuste da garantia física de hidrelétricas).

Com índice de conclusão de 67%, Angra 3 teve as obras interrompidas em setembro de 2015, devido a investigações no âmbito da Lava Jato e ao não pagamento, pela Eletronuclear, a fornecedores do empreendimento. A usina, que terá capacidade instalada de 1.405 MW, está prevista para entrar em operação em 2026, de acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2026, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

A questão da busca por um sócio para a Eletronuclear ser um dos temas de conversas entre o presidente da Eletrobras e representantes dos candidados à presidência, que começam a ser recebidos na estatal esta semana.

A ideia das conversas, segundo o presidente da estatal, é entender a visão para infraestrutura e energia dos candidatos para a elaboração do próximo plano de negócios da empresa, para o período 2019-2023, e previsto para ser lançado no fim do ano.

"Vamos começar a recebê-los [representantes do setor de infraestrutura e energia dos candidatos]. E já teremos alguns 'inputs' do que eles querem. Vamos considerar isso também. Imagino que já possamos incorporar alguma coisa da visão ou da preocupação deles para a frente", disse Ferreira Júnior.

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