"O governador foi muito claro dizendo que respeita a autonomia, tanto financeira quanto de gestão, das instituições e que isso será mantido sem nenhum problema", afirmou o ex-reitor da USP em entrevista à Folha.
Desde 1989, o artigo 271 da Constituição Estadual determina que a Fapesp e as três universidades estaduais recebam 9,57% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de todo o estado —que representou R$ 13,3 bilhões de janeiro a outubro de 2022.
Segundo Agopyan, a autonomia financeira e administrativa sempre foi respeitada no estado, e o novo governador, em uma reunião com os reitores das universidades e o presidente do órgão, garantiu que não vai mexer no repasse.
A nova secretaria terá como institutos e áreas ligadas à pasta as três universidades estaduais paulistas — USP, Unesp e Unicamp —, a Fapesp, o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo) e o Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares).
Ainda de acordo com Agopyan, a criação da nova Secretaria de Ciência e Tecnologia, que antes ficava dentro da pasta de Desenvolvimento Econômico, é para proporcionar maior integração da pasta de ciência com as demais.
"Tradicionalmente, a coordenação de ciência, tecnologia e inovação era uma subsecretaria dentro da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, mas o governador entende, e foi por isso que aceitei o convite para ser secretário da pasta, que quem cuida de ciência não pode ficar abaixo de desenvolvimento econômico", disse.
"Eu aceitei quando ele falou que estava separando a pasta de ciência e tecnologia do desenvolvimento econômico porque ciência nunca foi uma prioridade no governo. Para quem lutou nos últimos 30 anos por essa ideia, ficou claro que o governador tem uma visão totalmente compatível com a minha", disse.
Agopyan disse que a sociedade paulista reconhece a importância da produção científica no estado, e que por isso mesmo a autonomia das estaduais e os repasses são garantidos, mas não foi bem assim no passado.
"Alguns institutos, como o IPT, já possuem uma melhor tradução do que é o conhecimento produzido na academia para a indústria, mas outros têm mais dificuldades. A etapa que falta é a da finalização: como fazer com que esse conhecimento ou produto chegue ao mercado. E a razão disso é o custo", afirmou.