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Bioprótese mais resistente e menos tóxica para válvula cardíaca ganha Prêmio de Inovação

Solange Kazumi Sakata, coordenadora da pesquisa, está testando a incorporação do óxido de grafeno à bioprótese de pericárdio bovino para melhorar a qualidade de vida de cardiopatas

Um dos momentos mais esperados na celebração do 61º aniversário do IPEN foi o anúncio do vencedor do Prêmio IPEN de Inovação Tecnológica. Nesta quarta edição, a pesquisa premiada foi "Utilização do nanocompósito a base de óxido de grafeno incorporado ao pericárdio bovino empregado em dispositivos cardiovasculares”, coordenada por Solange Kazumi Sakata, do Centro de Tecnologia das Radiações (CTR). Ela recebeu um troféu e um cheque simbólico de R$ 100 mil, valor a ser alocado para seu grupo no próximo ano. A premiação aconteceu nesta quinta-feira, 31, no Auditório Rômulo Ribeiro Pieroni.

A pesquisa vai beneficiar diretamente pessoas cardiopatas que utilizam prótese em substituição a válvula cardíaca – estima-se que foram realizadas aproximadamente 400 mil cirurgias dessa natureza no ano de 2014, em todo o mundo. Dentre as próteses utilizadas, destaca-se a bioprótese, que, apesar de apresentar uma rejeição menor que a prótese mecânica, a sua durabilidade é reduzida em virtude de calcificação e posterior deterioração. O que o grupo de Solange está estudando é como aumentar a durabilidade da prótese confeccionada a partir do pericárdio bovino.

Essa durabilidade viria a partir da incorporação do óxido de grafeno funcionalizado com polietilenoamina à bioprótese de pericárdio bovino, pela sua capacidade de aumentar a resistência mecânica de materiais e minimizar o processo de calcificação. A funcionalização do óxido de grafeno o torna biocompatível e consequentemente diminui a sua citotoxicidade. A pesquisa está sendo desenvolvida pela aluna de mestrado Jaqueline Jamara Souza Soares, e tem a colaboração de Marina J. S. Maizato, Idágene A. Cestari e Fábio B. Jatene, do Instituto do Coração (InCoR-HC/FMUSP).

Visivelmente emocionada, Solange destacou que êxito da pesquisa se deve ao trabalho em equipe e à colaboração com pesquisadores e médicos do InCor. "Receber este premio significa que estamos no caminho certo na busca de um produto de inovação que trará grande benefício à sociedade. Significa também que a colaboração com o InCoR está dando certo. Esperamos lançar o nosso produto no mercado o mais rápido possível”, declarou, acrescentando a "honra de vencer num ano em que todos os projetos apresentaram grande impacto social”.

De fato, os seis projetos que concorriam ao Prêmio eram de "altíssima qualidade”, segundo o diretor da DPDE, Marcelo Linardi, que também foi membro da Comissão Julgadora. Além dele, o gerente do NIT-IPEN, Anderson Zanardi de Freitas e Fabio Menani Pereira Lima, da Diretoria de Planejamento e Gestão-DPG (membros internos), e Sérgio Wigberto Risola, diretor do CIETEC, Carlos Alberto Pereira Coelho, supervisor de Inovação SENAI e Anapatrícia Morales Vilha, professora da UFABC e coordenadora da Agência de Inovação daquela instituição – InovaUFABC (membros externos).

Impactos

Na caracterização da inovação tecnológica de seu projeto, Solange descreveu cinco principais impactos: a redução de gastos na área da saúde com a diminuição das trocas das biopróteses em consequência da maior durabilidade das válvulas implantadas (econômico); a melhora na qualidade de vida do paciente, que não necessita de outra cirurgia e a continuará com as suas atividades normais por um período maior (social); a eficiência do uso da radiação ionizante para esterilizar os nanomateriais, não sendo necessário o uso de compostos tóxicos para o mesmo fim (ambiental).

Nos campos científico e tecnológico, propriamente ditos, os impactos foram, respectivamente, o pioneirismo no desenvolvimento dos métodos de incorporação dos nanomateriais estudados no pericárdio bovino e as técnicas de caracterização aplicadas no projeto e a utilização de nano materiais para melhorar um dispositivo cardíaco, que em breve poderá estar disponível para transferência de tecnologia. "Gostaria de ressaltar também os colaboradores aqui do IPEN, o Rafael Lazzari, do Centro do Combustível Nuclear (CCN), e o Daniel Perez, do Centro de Biotecnologia (CB), e os externos, Carlos Costa, do LNNano, e Marcio Henrique Zaim, do Instituto de Química da USP”, acrescentou Solange.

Sobre o Prêmio

Criado em 2014, pela Diretoria de Pesquisa Desenvolvimento e Ensino (DPDE) do Instituto, o Prêmio tem dois objetivos básicos: reconhecer, premiar e divulgar pesquisas e projetos inéditos, que apresentem forte caráter em inovação tecnológica nas áreas de interesse do IPEN; e incentivar a geração de talentos em pesquisas acadêmicas e/ou tecnológicas, que visem o mercado.

Os critérios serão utilizados pela Comissão Julgadora foram: originalidade (notas de 5 a 10), relevância – impacto social; viabilidade técnica; viabilidade comercial – potencial; caráter sustentável do projeto e clareza e apresentação geral da proposta. Marcelo Linardi, que foi o idealizador do Prêmio, se diz satisfeito com o interesse dos pesquisadores em participar e, principalmente, com a qualidade das propostas, "o que reafirma a excelência do IPEN em suas áreas de atuação”.

O gerente do Centro de Pesquisa ao qual o vencedor está vinculado também recebe troféu. Nesta quarta edição, quem recebeu foi Margarida Mizue Hamada, gerente do CTR e uma das "maiores incentivadoras dessa pesquisa", a quem Solange prestou homenagem e agradecimento.

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Veja matéria sobre o lançamento do elemento combustível aqui.

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