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Pesquisadores testam pele de tilápia para queimaduras; IPEN faz a radioesterilização do material

Irradiação de tecidos biológicos, tecnologia oferecida pelo IPEN, garante qualidade e segurança para pacientes

Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal no Ceará (UFCE) com a parceria do IPEN – que faz a descontaminação do material por radioesterilização, e de outras instituições apresentou resultados promissores quanto ao uso do couro da tilápia do no tratamento de vítimas de queimaduras. A espécie utilizada foi a tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), cuja pele possui características microscópicas semelhantes à estrutura morfológica da pele humana em suas características físicas (resistência à tração), histomorfológicas e da tipificação da composição do colágeno, o que suporta sua possível aplicação como biomaterial para enxertia.

A espécie tilápia do Nilo é da família dos ciclídeos, originária da bacia do rio Nilo, no Leste da África, e amplamente disseminada nas regiões tropicais e subtropicais. As amostras usadas na pesquisa foram obtidas no açude Castanhão, no município de Jaguaribara, a 250 quilômetros da capital Fortaleza. Os resultados do estudo estão disponíveis no artigo "Avaliação microscópica, estudo histoquímico e análise de propriedades tensiométricas da pele de tilápia do Nilo”, publicado na Revista da Sociedade Brasileira de Queimaduras (Vol. 14 nº 3 - Jul/Ago/Set de 2015) e foram apresentados na 2ª Jornada Carioca de Queimaduras, no início de março, na cidade do Rio de Janeiro.

Os primeiros testes com animais indicaram novo ânimo às vítimas de queimaduras. Entre as vantagens da pele da tilápia, estão a cicatrização menos dolorida e que leva o mesmo tempo do tratamento à base de sulfadiazina (em torno de 14 dias), a diminuição de perda de líquidos e, principalmente, a significativa redução do risco de infecção, uma das principais razões pelas quais a doação de tecidos biológicos tem sido alvo de controvérsia ao longo de décadas.

Radioesterilização no IPEN

"Existe uma preocupação quanto aos testes e à seleção do material a ser transplantado a fim de evitar a contaminação do receptor, o que dificulta a manutenção dos bancos de tecidos biológicos no Brasil. Além do fato de que os familiares do potencial doador não querem expor o ente querido com marcas de mutilação, o que aumenta ainda mais a dificuldade com transplantes de tecidos como pele e osso, por exemplo”, explica a pesquisadora Monica Mathor, do Laboratório de Processamento de Tecidos Biológicos por Radiação Ionizante do CTR/IPEN.

É por essa razão que, para minimizar a imunogenicidade, matar bactérias e reduzir o risco de transferir doenças contagiosas, todo material biológico transplantável (pele, osso, âmnion etc.) passa por processo de radioesterlização. Esse trabalho é coordenado por Monica. No caso da tilápia, depois que a pele removida é lavada para a retirada de tecidos musculares e submetida a um processo de esterilização, que consta de duas etapas de imersão em clorexidina por 30 minutos e três etapas de imersão no glicerol (50%, 75%, 100%). O couro limpo é enviado ao IPEN para receber radiação gama no Irradiador Multipropósito de Cobalto-60 do CTR.

"A parceria do IPEN veio do anseio de profissionais em tratar, processar e armazenar a pele de Tilápia com a mesma qualidade que é exigida para a pele humana armazenada em Bancos de Tecidos”, explicou Monica, referindo-se aos médicos Marcelo Borges, coordenador do SOS Queimaduras e Feridas do Hospital São Marcos e coordenador do Banco de Pele do Imip (Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira), no Recife; Edmar Maciel, presidente da ONG Instituto de Apoio ao Queimado do Ceará; e Odorico Moraes, diretor do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM), de Fortaleza.

"O trabalho coordenado no IPEN pela Dra. Monica já tem se mostrado bastante promissor e reafirma o compromisso do Instituto em atender às demandas da sociedade”, afirmou Margarida Mizue Hamada, gerente do CTR. "Trata-se do reconhecimento pelo esforço e dedicação da Dra. Monica e dos profissionais das equipes envolvidas no trabalho”, complementou Wilson Calvo, diretor de Administração do IPEN.

Além dos médicos citados por Monica, assinam o artigo a pesquisadora e pesquisadora Ana Paula Negreiros Nunes Alves, primeira autora, e alunos de graducação e põs-graduação da UFCE. A publicação completa está disponível no link.

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Ana Paula Freire
Assessoria de Comunicação Institucional - IPEN/CNEN-SP

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