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Estudantes falam sobre oportunidade de participar da ENBSFN, o primeiro em língua portuguesa

Gratuito, o curso é o primeiro do programa "International Nuclear Security Education Network" (INSEN) sediado no país e em língua portuguesa. Estudantes relatam suas experiências.

Participantes da Escola Nacional Brasileira de Segurança Física e Nuclear (ENBSFN) falam sobre a experiência no curso e apontam oportunidade para aprofundar conhecimentos, "ampliar relações” e até utilizar os conhecimentos nas atividades acadêmicas no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear IPEN/USP. Pela primeira vez no Brasil, a ENBSFN teve início no dia 20 e encerrou-se nesta quinta-feira, 30, reunindo, no IPEN-CNEN, 40 estudantes de diferentes faixas etárias, de 14 estados brasileiros. Destinado a jovens profissionais com interesse na área nuclear, o curso teve como objetivo construir uma cultura de segurança.

Stephanie Rodrigues Pavão, 30, formou-se em psicologia na Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul) e atualmente é mestranda em Tecnologia Nuclear, desenvolvendo pesquisa no Centro de Engenharia Nuclear (CEENG), além de ser bolsista do Programa de Bolsas Marie Sklodowska-Curie, da Agência Internacional de Energia Atômica-AIEA. Selecionada para a ENBSFN, ela diz ser o primeiro evento de que participa dentro da área de segurança física.

Pavão utiliza o curso como matéria no âmbito do seu mestrado no IPEN. "Nós, mestrandos, temos a oportunidade de contar créditos para o nosso programa de mestrado”, conta. Para ela, por ser a primeira vez que a ENBSFN é sediada no Brasil, e em português, trata-se de uma "grande oportunidade para ter o primeiro contato com esse tipo de cooperação entre e IPEN e a Agência Internacional”. Além disso, a mestranda destaca a possibilidade de interagir outras pessoas da área, trocar informações e conhecimento.

Pavão conhece o IPEN/CNEN desde a época em que trabalhou na Marinha do Brasil (de 2011 a 2021). Atualmente, está afastada para concluir o mestrado. Sua área de atuação é a de performance humana, voltada para a mitigação de risco de erro humano. Na avaliação da psicóloga, todo o aprendizado acumulado durante o período do curso poderá ajudá-la em sua área de atuação.

"Auto-observação”

Engenheiro de Materiais, Rafael Leal da Costa também é mestrando em Tecnologia Nuclear, na área de Compostos, desde 2021. Conhecendo o Instituto desde os tempos de graduação na USP, o estudante relembra já ter participado de outros cursos de segurança física, sendo a maioria de forma on-line.

Apesar de o ramo da engenharia em que trabalha não ser diretamente relacionado à rede de segurança física, ele diz que os conhecimentos obtidos durante o curso serão de grande valor. "Vou usar todo esse conhecimento para conduzir as minhas pesquisas. Para nós, que trabalhamos na área nuclear, é um conhecimento de que todos necessitamos”, afirma.

Costa diz que fazer parte da ENBSFN representa "uma grande oportunidade de se qualificar, ter uma auto-observação dos comportamentos e contribuir como um todo para a melhoria das seguranças”. "Achei um evento bem bacana. Reforça o que já sabemos, cita cases e também ensina o que não sabemos também. Estou achando bem proveitoso”, finaliza.

"Curso mais profundo”

Ducan Alejandro Castellanos Gonzalez, 33, tem formação como engenheiro mecânico, atividade na qual permanece atuando. Pela Universidade Federal do ABC (UFABC), realizou mestrado e doutorado em energia, trabalhando principalmente na área de termo-hidráulica de reatores. Seu estágio de pós-doutorado, no IPEN/CNEN, é no campo da análise de acidentes de termo-hidráulica para reatores de potência.

Já tendo feito outro curso próximo à área de segurança física nuclear pelo próprio Instituto, em 2018, Gonzalez comentou que a oportunidade atual está sendo mais proveitosa do que a anterior. "Acho que agora está sendo bem específico e tem umas coisas bem interessantes, que eu não sabia. Antes, não tinha sido tão profundo”, destacou.

Segundo ele, participar da ENBSFN é importante para ampliar seu repertório de conhecimentos, apresentando-o a novas questões. "Eu sempre estive na parte de segurança, porém mais focado no núcleo do reator, especificamente de análises de acidentes. Não tinha tanto conhecimento sobre segurança física”. Pensando na área como um todo, Gonzalez afirma que "tudo está relacionado e, por isso, é necessário atentar também para outros aspectos dentro desse conjunto”.

"Ampliar horizontes”

Guilherme Bonifácio, 26, é formado em física pelo Instituto Federal de São Paulo (IFSP) e está iniciando seu mestrado, desenvolvendo pesquisas no Centro de Radiofarmácia (CECRF) do IPEN/CNEN. O curso ENBSFN é o primeiro que realiza na área de segurança física nuclear e está sendo usado para obter créditos.

Apesar de ter ingressado recentemente no Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear IPEN/USP, ele conta que conhece o Instituto desde 2018, quando ainda estava na graduação. "Foi quando fiz uma visita. Uma das minhas professoras, que já havia cursado o mestrado e o doutorado aqui, me recomendou, e eu vim”, relembra.

Para Bonifácio, a oportunidade de participar do curso o ajudará para ampliar os horizontes e contatos. Atualmente, ele trabalha com dosimetria de imagens, mas, a partir de outros temas semelhantes apresentados no curso, diz que "estaria disposto a adotar uma linha de pesquisas diferente, para seguir por novos caminhos”.

"No curso, uma das áreas que me surpreenderam foi a dosimetria, que tem um pouco a ver com proteção radiológica. Também trato disso, mas, no caso, foi apresentado um estudo ainda mais específico. Não é uma área que inicialmente pensei em me especializar, porém, se eu tivesse uma oportunidade dessas no exterior, acho que seguiria para frente. Pode ser que eu até mude minha linha de pesquisa”, afirma.

"Troca de experiências”

Tayane Tanure França, 26, é uma das estudantes que vêm de fora do Estado de São Paulo para acompanhar o curso. Residente no Rio de Janeiro, é sua primeira vez na capital paulista. Ela já conhecia os eventos do IPEN/CNEN, entretanto, nunca havia tido a possibilidade de participar e aprofundar-se na área da segurança física nuclear e ampliar seus conhecimentos, o que a motivou para a ENBSFN.

"Apesar de não ser um curso específico para a minha área, eu achei que seria uma ótima oportunidade de expandir mesmo a minha área de conhecimento, fazer novos contatos e até ter ideias para novos projetos e colaborações”, conta.

Atualmente, França desenvolve pesquisas com dosimetria de radiação ionizante e também trabalha com experimentos em laboratório cíclotron, com amostras biológicas. As duas áreas não se relacionam diretamente com a segurança física nuclear, mas, segundo ela, as experiências na ENBSFN estão estimulando novas ideias de aplicações no seu campo de atuação.

"Desde que fiz a inscrição, já sabia que seria importante para minha formação, mas eu não fazia ideia do quanto seria. Está sendo muito interessante a troca de experiências não só com os alunos, mas também com os outros professores”, conclui.

"Brasil prestigiado”

Um dos momentos do ENBSFN contou com a participação do presidente da CNEN, Paulo Roberto Pertusi, que fez questão de cumprimentar os alunos. Ele e a palestrante Oum Hakam, diretora científica da AIEA, falaram sobre a importância do evento. Pertusi iniciou fazendo agradecimentos especiais, em nome da CNEN, à professora Hakam, à Agencia, e ao IPEN e seus representantes. Na sequência, destacou a importância de que seja mantida uma cultura de segurança, premissa do curso.

"Nós estamos muito felizes pelo fato de o Brasil estar sendo prestigiado pela AIEA com essa deferência de trazer o curso para cá, e espero que esse possa ser primeiro de muitos a serem realizados”, finalizou.

Em seguida, foi a vez de Hakam fazer seus agradecimentos ao IPEN/CNEN pela realização do evento, destacando a importância da cooperação com a IAEA. "Estou muito honrada de estar aqui em São Paulo, ajudar nesse grande evento da Escola de Segurança Nuclear, com jovens estudantes e todos os participantes muito engajados. Também estou apreciada com a hospitalidade do IPEN assim como da CNEN e da USP, por todo o suporte nesse evento”, disse.

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Leonardo Novaes, estagiário
(com supervisão)

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