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60 anos do ciclo do combustível nuclear no IPEN: parcerias garantem excelência e autonomia do Brasil

Filme com a linha histórica do ciclo do combustível, lançamento do livro O IPEN e a Nanotecnologia, homenagens e interação com o público marcam o primeiro dia de webinário de celebração do IPEN.

A importância da cooperação interinstitucional para o avanço da ciência, tecnologia e inovação, e para o nível de excelência a que chegou o IPEN/CNEN no Ciclo do Combustível Nuclear, dentre outras conquistas, foi a tônica das apresentações no primeiro de celebração dos 64 anos de fundação do Instituto, nesta segunda-feira, 31, na primeira celebração via webinário "60 anos de participação do IPEN no Ciclo do Combustível Nuclear – Desafios e Perspectivas”.

O próprio título traz a palavra "participação”, indicando o reconhecimento do IPEN/CNEN ao papel dos parceiros diretos e indiretos para o domínio da tecnologia, entre eles, a Marinha do Brasil, com a qual mantém estreita relação. Tudo começou em 1959, com os primeiros estudos para a produção do combustível nuclear começaram. Já no ano seguinte foi instalada uma planta de purificação e formada uma equipe especializada na química de urânio, daí o marco para a celebração de seis décadas neste ano de 2020.

Fazendo uma breve retrospectiva dessa história e destacando as parcerias ao longo dos anos, Wilson Calvo, superintendente do IPEN/CNEN, abriu o webinário dando as boas-vindas aos convidados, parceiros em diferentes momentos e atividades do Instituto. Mencionou o que considera "grandes conquistas”, como os 19 elementos combustíveis produzidos para o Reator IPEN/MB-01, cujo núcleo vai simular o do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), gerido pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

O marco de três mil titulações, alcançado este ano no Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear IPEN/USP, a segunda turma do Mestrado Profissional em Tecnologia das Radiações em Ciências da Saúde, a criação do curso de graduação em engenharia nuclear, a partir de 2021, pela Escola Politécnica da USP (Poli-USP) em parceria com o IPEN/CNEN, e a aprovação e execução de projetos de arraste com apoio de Fapesp, Finep, CNPq e Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) também foram destacados por Calvo.

O superintendente também ressaltou o Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec) IPEN-USP, que atua colaborando no desenvolvimento do maior polo de incubação de empresas de base tecnológico da América Latina. "Aqui estão incubadas empresas que fazem a diferença nesse momento de pandemia e atendimento das necessidades da população”, disse Calvo, aproveitando para agradecer a todos os profissionais do IPEN/CNEN "que se dedicam à produção de radiofármacos em uma ação humanitária nesse período de Covid-19”.

Na sequência, Calvo anunciou o lançamento do livro "O IPEN e a Nanotecnologia”, de autoria do pesquisador emérito do Instituto, Marcelo Linardi, em colaboração com outros pesquisadores e servidores. A obra é a terceira de uma série produzida em parceria com a Editora SENAI-SP, que reúne os feitos do IPEN/CNEN desde a sua fundação. A primeira foi o IPEN e a Inovação, lançada em 2016, e a segunda, o IPEN e a Saúde, em 2019.

Homenagens – A pesquisadora Maycel Rosa Felisa Figols de Barboza foi uma das homenageadas do dia, por sua atuação no Centro de Radiofarmácia e sua experiência com ênfase na marcação de radioisótopos de reatores e de cíclotrons e em gerador de radioisótopos e controle de qualidade. Outro momento aguardado foi o anúncio do novo Pesquisador Emérito do IPEN/CNEN, o físico Reginaldo Muccillo.

Doutor pelo National Research Council do Canadá, com pós-doutorado no Max Planck Institut fuer Festkoerperforschung (MPI-FKF), em Stuttgart, Alemanha, e no Laboratoire d’Ionique et d’Electrochimie du Solide (LIESG) em Grenoble, França, Muccillo entra para o seleto grupo de pesquisadores agraciados com o título de Emérito. Aposentado, atua como colaborador no Centro de Ciência e Tecnologia de Materiais (CCTM) do Instituto.

Entendendo o Ciclo – A pesquisadora Elita Urano, do Centro do Combustível Nuclear (Cecon) do IPEN/CNEN, mediou o webinário e iniciou sua fala destacando dois pontos: a posição "privilegiada” do Brasil como uma das maiores reservas de urânio do mundo e a autonomia do País no enriquecimento isotópico do urânio, participando do seleto grupo de 12 nações que detêm essa tecnologia. Temos que acreditar na ciência, na tecnologia, na inovação e na formação de recursos humanos, porque é disso que o nosso país precisa”, afirmou.

O urânio é um mineral que, após longo processo, é transformado em combustível, após ser triturado e passar por um processo químico que o separa de outros elementos, formando um "concentrado de urânio”, o yellowcake, que é então dissolvido, purificado e transformado no gás hexafluroeto de urãnio (UF6), na etapa denominada conversão.

Naturalmente, o urânio possui dois isótopos principais, o urânio-238 e o urânio-235. Somente em forma de gás, pode ser enriquecido isotopicamente para torna-se combustível no reator nuclear. Esse processo acontece em ultracentrífugas, quando são separados os átomos mais pesados dos mais leves. O gás enriquecido o urânio-235 é reconvertido em compostos de urânio, utilizados em reatores nucleares para diferentes finalidades, tais como gerar energia elétrica, produzir radioisótopos, realizar pesquisas científicas ou propulsão naval.

Há 60 anos o IPEN/CNEN dedica seu desenvolvimento de tecnologia para o ciclo de combustível nuclear e chega a 2020 preparado para garantir autonomia nacional na produção dos combustíveis nucleares com o objetivo de atender os reatores de pesquisa e as demandas da medicina nuclear no País. Nesse percurso, foram muitos os parceiros, entre eles, a Marinha do Brasil – em 1981, o Instituto começa a participar do Programa de Desenvolvimento da Tecnologia de Propulsão Nuclear.

Colaboração e sucesso – Pesquisadores e engenheiros do IPEN/CNEN e da Marinha do Brasil realizaram o primeiro experimento de enriquecimento de urânio por ultracentrifugação em 1982. "O ciclo do combustível nuclear, em qualquer lugar do mundo, sempre foi desenvolvido com muito esforço, criação e inventividade. Isso que permitiu ao Brasil alcançar esse patamar, conquistado pelo esforço de nossos pesquisadores, engenheiros, físicos, químicos etc.”, afirmou o presidente da CNEN, Paulo Roberto Pertusi.

A cooperação foi decisiva para o sucesso alcançado, destacou Pertusi. "Harmonia, interatividade e até desprendimento dos integrantes do IPEN, da Marinha e de outros que participaram direta ou indiretamente desse processo, cujo êxito permitiu depois que a Marinha levasse adiante esse portentoso programa com Aramar, a INB, Eletronuclear. Todo o ciclo se fechou com o esforço conjunto, e é muito interessante porque há uma simbiose civil e militar, sem qualquer intenção bélica, que sempre foi muito exitosa no Brasil e permitiu que alcançássemos esse resultado”, ressaltou, acrescentando que "o futuro será muito positivo” para a área nuclear do País.

Na mesma linha, o titular da Diretoria de Pesquisa da CNEN, Madison Almeida, declarou que o IPEN realiza uma comemoração de seu aniversário "à altura de sua criatividade”. " O IPEN chega a 64 anos, mesma idade da CNEN, e nos orgulha saber que ambos foram criados em 1954. Parabéns, como o Calvo mencionou, pelos três mil doutores e mestres. Não há protagonismos, é cooperação, integração, daí o presidente falar algo que eu endosse”.

Almeida prestou homenagem pela morte em serviço do servidor Marcos Barbosa, do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD/CNEN), no momento em que se pronuciava. Também citou Alfredo Alvim, professor na pós-graduação do IPEN, faleceu em maio, aproveitando o momento triste para mencionar as perdas do quadro funcional da CNEN. "A CNEN preparou um trabalho muito extenso dizendo para o governo o quanto precisa de servidores, mas a gente entende que 2020 se encerra sem renovação”, completou, encerrando sua fala parabenizando os 620 servidores do IPEN, seus colaboradores, bolsistas e voluntários.

Orgulho nacional – A professora Liédi Bariani Bernucci, diretora da Escola Politécnica da USP (Poli-USP), representando o reitor Vahan Agopyan, foi a próxima convidada a falar. Iniciou se dirigindo a Wilson Calvo, a quem parabenizou pela "cuidadosa e zelosa condução do IPEN”. Cumprimentou Elita Urano, destacando a excelência dos pesquisadores do IPEN/CNEN, e fez um agradecimento a Madison Almeida por "seu apoio incondicional para a criação do curso que há tantos anos nós desejávamos e agora teremos”, referindo-se à graduação em energia nuclear.

"O curso teve aprovação unânime pelo apoio do IPEN inconteste nesses momentos. Daqui a cinco anos teremos nossos engenheiros nucleares formados. Também agradeço ao professor Leonam [dos Santos, diretor-presidente da Eletronuclear] que tanto nos estende a mão, inclusive sugerindo várias ações, e ao vice-almirante Noriaki [Wada, diretor do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo], que participa da Poli também”.

Bernucci salientou que há 64 anos a Marinha e Poli-USP mantém colaboração. "A Marinha está conosco e nos apoia bravamente e quero cumprimentá-lo, vice-almirante Noriaki, pelo programa nuclear e pelo apoio que deu ao Inspire [projeto idealizado por pesquisadores da Poli-USP para a produção de ventilador pulmonar aberto de baixo custo]. Falar do IPEN é falar da excelência em C&T, de quem arregaça as mangas e está a serviço do conhecimento, das industrias e do bem-estar da sociedade, orgulho nacional”.

Carlos Freire Moreira, presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), ressaltou a satisfação de participar da celebração do IPEN/CNEN e a parceria de longa data entre ambas as instituições. Dirigindo-se a Calvo, parabenizou o superintendente e anunciou "boas perspectivas de colaboração futura”, acrescentando que "a INB estará sempre pronta para as parcerias extremamente frutífera para todos”.

Leonam dos Santos, diretor-presidente da Eletronuclear, iniciou com saudação a Bernucci, dizendo que "é um dever apoiar a Poli-USP”. Descontraído, mencionou o filme que foi apresentado no início do webinário, com a linha do tempo do Ciclo do Combustível Nuclear, que lhe provocou duas emoções: "a primeira, é que eu estava em muitos momentos daquele histórico; a outra, é a sensação de que, puxa, estou velho”, brincou. Lembrou ainda que seu "primeiro crachá” de trabalho foi do IPEN. "Sinceramente me sinto parte do IPEN”, disse.

Solidariedade – O webinário registrou 2.519 acessos, de acordo com dados da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), plataforma utilizada. Após as apresentações dos convidados, o público que acompanhava o webinário fez algumas perguntas relativas a aspectos burocráticos para parcerias público-privadas, renovação de quadro de pessoal, futuro do IPEN e enfrentamento da pandemia da Covid-19. Sobre esse tópico, Calvo foi enfático, quando perguntado sobre como avaliava os esforços do IPEN/CNEN para suprir as necessidades da medicina nuclear:

"Eu destaco a solidariedade dos funcionários, que viram a necessidade, todos se motivaram na busca de solução para um problema iminente, e a medicina nuclear foi um deles. Vários Centros do Instituto, o Centro de Radiofarmácia, a Administração e Infraestrutura, o Transportes, junto com CNEN, Ministério da Ciência e Tecnologia, a Casa Civil, o GSI [Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República], foram vários que buscaram solução conjunta no atendimento às necessidades da população”.

O superintendente disse que o esforço conjunto do IPEN, da CNEN e de todos esses atores e mais a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN) para planejar as ações de enfrentamento da pandemia. Todos os pedidos de radiofármacos foram atendidos, apesar da dificuldade com logística decorrente do cancelamento de voos internacionais – os radioisótopos são importados da Rússia e da África do Sul.

"Foram feitas reuniões sobre os radiofármacos a serem priorizados, conversamos muito com a SBMN, para saber quais seriam os de atendimento básico para diagnóstico e terapia para vários tipos de câncer, inclusive. Trabalho em conjunto traz excelentes resultados. Continuamos com essa meta, para que o paciente não tenha essa falta de um radiofármarco. O câncer, os problemas cardíaco, oncológico ou neurológico não têm quarentena. Vamos continuar com essa meta e missão de atender a sociedade brasileira”.

Ao final, agradeceu a todos os participantes e também aos servidores do IPEN, mencionou a organização do webinário, o apoio recebido do Serviço de Gestão de Redes e Suporte Técnico, e, por fim, a dedicação de todos os servidores ao Instituto. Calvo convidou o público a participar do webinário desta terça-feira, 1, às 14h, ainda em celebração aos 60 anos de participação do IPEN/CNEN no Ciclo do Combustível Nuclear – "Enredos de uma conquista estratégica”.

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