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Sistema Lidar do IPEN detectou que material particulado em São Paulo é proveniente de queimadas

Dados obtidos do Lidar permitem análises sobre o quanto a poluição pode afetar os processos de mudanças climáticas em termos local e global

A fumaça observada na região metropolitana de São Paulo, nesta segunda-feira, 19, é proveniente de queimadas, conforme detectaram o sistema Lidar do Centro de Lasers e Aplicações (CELAP) do IPEN, cuja imagem mostra claramente a distribuição temporal da atmosfera, imagens dos satélites da NASA, TERRA e AQUA e o modelo de trajetórias de massas de ar HYSPLIT, da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA, EUA).

De acordo com Eduardo Landulfo, pesquisador do Laboratório de Aplicações Ambientais de Lasers do IPEN, o Lidar estava operando de forma rotineira quando detectou plumas de partículas de aerossóis entre 3 e 4 quilômetros de altitude. "Mais tarde, os satélites identificaram essas partículas como sendo provenientes de queimadas, com as imagens da NASA mostrando as queimadas ocorrendo no dia 18, e as trajetórias em diferentes altitudes de chegada na região metropolitana de São Paulo, em 2, 3 e 4 km, respectivamente”, afirmou.

Landulfo explicou que as consequências da chegada dessa pluma e o encontro com a frente fria fez com que ocorresse o fenômeno de cobertura por uma grande nuvem sobre a cidade de São Paulo, a ponto de obstruir a chegada da luz solar e fazendo o dia virar noite. Ainda não é possível afirmar categoricamente sobre a origem exata das plumas de queimadas, mas, segundo o pesquisador, muito provavelmente venha do Noroeste.

As plumas de material particulado aparentemente foram transportadas devido à queimadas na Bolívia e também na região Centro-Oeste do Brasil, atravessando todo os estados do Mato Grosso do Sul, Paraná e interior de São Paulo, chegando até a região metropolitana de São Paulo, como mostra as imagens de satélites e as trajetórias de massas de ar do modelo HYSPLIT.

Tão importante quanto identificar a origem, para tomar eventuais medidas de contenção das queimadas, é saber que junto com essas partículas são transportados gases poluentes tóxicos, como monóxido de carbono (CO) e ozônio (O3). Este é produzido de forma secundária na atmosfera, depois que os gases precursores (os compostos orgânicos voláteis e próprio NOx que, juntos, formam ozônio).

"O CO é emitido sempre quando há combustão incompleta. Se a combustação fosse totalmente completa, haveria emissão de CO2[dióxido de carbono]. O fato é que o CO é um gás extremamente tóxico para a saúde humana. Daí a importância dos alertas de queimadas nas regiões de florestas, pois as consequências são muito graves sob vários aspectos”, alertou o pesquisador Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP, parceiro de pesquisa do grupo de Landulfo e, como ele, orientador no Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear IPEN/USP.

O sistema Lidar instalado no IPEN, que fica dentro da Cidade Universitária, zona Oeste da Capital, realiza medidas diárias, desde que haja condições sem alta nebulosidade ou chuva. "São coletadas a distribuição em altitude do material particulado ao longo do dia, isso permite observarmos as diferentes camadas de partículas e a sua intensidade, indicando um ar mais ou menos poluído. Com esses dados são feitos análises e estudos sobre o quanto a poluição pode afetar os processos de mudanças climáticas em termos local e global”, acrescentou Fábio Lopes, também pesquisador do Laboratório de Aplicações Ambientais de Lasers.

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Ana Paula Freire, 
da Assessoria de Comunicação Institucional

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