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- 19/01/2024 - Primeira bateria nuclear brasileira vai durar 200 anos sem recargaFonte: Canaltech
No Brasil, cientistas do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN-CNEN) desenvolveram a primeira bateria nuclear nacional, a partir de um isótopo em decomposição de amerício (amerício-241). Sem precisar de uma recarga extra, ela pode fornecer energia para aparelhos por mais de 200 anos.A pesquisa brasileira desenvolveu uma bateria nuclear termoelétrica, também conhecida como gerador termoelétrico radioisotópico (RTG). A produção de eletricidade é feita a partir do calor e não envolve fissão nuclear - este seria o caso de uma bateria termonuclear.
Buscando entender as etapas de desenvolvimento e quando poderemos usar as baterias nucleares - que colocam um fim nos carregadores -, o Canaltech conversou com Maria Alice Morato Ribeiro, pesquisadora do Centro de Engenharia Nuclear do IPEN e coordenadora do projeto.
Como funciona a bateria nuclear?
Antes de explicarmos, vale definir o que é o amerício. Trata-se de um metal radioativo, relativamente maleável e de coloração prateada, cujo símbolo na tabela periódica é Am. Ele é um emissor de partículas alfa e gama, com atividade de partículas alfa aproximadamente três vezes maior que a do rádio. O elemento possui 10 isótopos conhecidos pela ciência.
Na bateria nuclear, o calor de decaimento natural do radioisótopo é que vai gerar energia elétrica. Como parte do processo, esse calor precisa passar através de pastilhas termoelétricas geradoras de energia elétrica (TEGs).
Por enquanto, a tensão de saída nas pastilhas termoelétricas é de 20 milivolts (mV). Isso é resultado da diferença de temperatura nas pastilhas termoelétricas entre a fonte de Amerício (lado quente) e a parte externa (lado frio).
Essa tensão alimenta um circuito coletor que acumula energia suficiente e assim fornece pequenas cargas, periodicamente. No entanto, como o atual modelo possui uma capacidade muito baixa de geração de energia, é necessária uma fonte com atividade maior apenas para acender um LED.
A seguir, veja um esquema de como funciona a bateria nuclear termelétrica:
Bateria nuclear brasileira pode funcionar por 200 anos (Imagem: IPEN-CNEN)
O que é impressionante na bateria é o tempo de duração, estimado em 200 anos, devido à meia-vida do amerício ser de 432,6 anos. No entanto, "ainda enfrentamos desafios técnicos relacionados à confiabilidade das pastilhas termoelétricas, as quais precisam operar por um período equivalente”, destaca Ribeiro.
Por isso, a cientista conta que esta primeira bateria foi desenvolvida, na verdade, para validar o conceito. O próximo passo é construir uma versão melhorada, com potência de 100 mW.
Onde usar uma bateria nuclear?
Hoje, as baterias nucleares já são usadas em locais de difícil acesso. São os casos de faróis em ilhas desertas e dispositivos enviados para o espaço, como satélites. Os rovers da NASA também usam esse tipo de tecnologia, como o Curiosity e o Perseverance.
Recentemente, uma startup chinesa anunciou o desenvolvimento de baterias para alimentar dispositivos de uso pessoal, como celulares, drones e computadores.
No caso da bateria brasileira, a ideia é usá-la para em dispositivos instalados em locais remotos. No entanto, a cientista ainda não pode entrar em detalhes sobre esses planos por questões de confidencialidade envolvendo os parceiros.
Bateria nuclear oferece riscos?
Pensar em algo nuclear logo remete a sérios riscos para à saúde humana e ao meio ambiente, mas existem inúmeras proteções. Por exemplo, "o uso de blindagens eficientes” garante a segurança, como afirma Ribeiro. Além disso, "o radioisótopo está contido em fonte selada, não havendo perigo de dispersão do material”, acrescenta.
Curiosamente, ela lembra que, na década de 1970, as baterias nucleares, como as de plutônio-238 e promécio-147, eram amplamente usadas em marca-passos de pacientes com problemas no coração. O uso só foi descontinuado com a ascensão das baterias de lítio.
Reciclagem de resíduos radioativos
Outro ponto interessante envolvendo essas baterias é que elas podem ser criadas a partir da reciclagem dos radioisótopos encontrados nos combustíveis (já usados) provenientes de reatores nucleares de usinas, incluindo o amerício-241.
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- 18/01/2024 - Onu condiciona submarino nuclear do Brasil a inspeçõesAutorização para modelo pode demorar até 5 anos, afirma diretor da Agência
Autorização para modelo pode demorar até 5 anos, afirma diretor da Agência
Fonte: Folha de S. Paulo
O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) comentou sobre a necessidade de um regime de inspeções para aval de operação do submarino de propulsão nuclear Álvaro Alberto, desenvolvido pela Marinha. A informação consta de entrevista de Grossi ao jornalista Igor Gielow para a Folha de São Paulo, edição de 18/01.
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- 17/01/2024 - Célula de combustível movida a sujeira funciona para sempreFonte: Inovação Tecnologia
Bactérias do solo
As células a combustível microbianas, dispositivos que produzem eletricidade a partir do metabolismo de bactérias, estão por aí há muito tempo, mas Bill Yen e colegas da Universidade Northwestern, nos EUA, queriam fazer melhor.
Para tornar sua célula microbiana mais prática, eles a construíram de modo que ela gera energia elétrica continuamente alimentada apenas pelas bactérias presentes no solo - basta enterrar o dispositivo, conectar os fios e usufruir da energia.
Mais ou menos do tamanho de um livro de bolso, a célula totalmente alimentada pelo solo poderá alimentar sensores subterrâneos usados na agricultura de precisão e na infraestrutura verde, uma alternativa sustentável e renovável às baterias, que contêm produtos químicos tóxicos e inflamáveis que se infiltram no solo e contribuem para o problema cada vez maior do lixo eletrônico.
"Se você quiser colocar um sensor na natureza, em uma fazenda ou em um pântano, você será obrigado a colocar uma bateria nele ou coletar energia solar. Os painéis solares não funcionam bem em ambientes poeirentos porque ficam cobertos de sujeira, não funcionam quando não há Sol e ocupam muito espaço," disse Yen. "Nós podemos colher energia do próprio solo que os agricultores estão monitorando."
Para testar seu protótipo, o pesquisador usou-o para alimentar sensores que medem a umidade do solo e detectam o toque, uma capacidade que pode ser valiosa para rastrear animais passando pelo local. Para permitir comunicações sem fios, o sensor alimentado pelo solo recebeu uma pequena antena para transmitir dados para uma estação base vizinha, refletindo os sinais de radiofrequência existentes.
A célula de combustível microbiana não apenas funcionou tanto em condições úmidas quanto secas como, mais importante ainda, sua potência superou tecnologias semelhantes em 120%.
Células de combustível microbianas
O primeiro registro de uma célula de combustível microbiana data de 1911. Elas funcionam como uma bateria - com ânodo, cátodo e eletrólito -, mas colhem eletricidade de bactérias que naturalmente doam elétrons. Quando esses elétrons fluem do ânodo para o cátodo, cria-se um circuito elétrico.
Mas para que as células de combustível microbianas funcionem sem interrupções, elas precisam permanecer hidratadas e oxigenadas, para manter as bactérias vivas, o que é complicado quando enterradas no subsolo, em terra seca. Além disso, elas tipicamente produzem pouca energia.
Para superar essas deficiências, a equipe construiu quatro versões e testou-as intensivamente durante nove meses.
O protótipo de melhor desempenho funcionou bem em condições secas e também em ambientes alagados. O segredo do seu sucesso: Sua geometria. Em vez de usar a arquitetura tradicional, no qual o ânodo e o cátodo são paralelos entre si, a célula de combustível vencedora aproveitou um projeto perpendicular.
Feito de feltro de carbono (um condutor barato e abundante para capturar os elétrons dos micróbios), o ânodo é horizontal em relação à superfície do solo. Feito de um metal inerte e condutor, o cátodo fica verticalmente sobre o ânodo.
Embora o dispositivo precise ficar enterrado, o design vertical garante que a extremidade superior fique nivelada com a superfície do solo. Uma tampa impressa em 3D fica na parte superior do dispositivo para evitar que detritos caiam em seu interior. E um orifício na parte superior e uma câmara de ar, um espaço vazio ao lado do cátodo, permitem um fluxo de ar consistente.
A extremidade inferior do cátodo permanece aninhada profundamente abaixo da superfície, garantindo que ele permaneça hidratado pelo solo úmido circundante - mesmo quando o solo superficial seca à luz do Sol. Os pesquisadores também revestiram parte do cátodo com material impermeabilizante, para permitir que ele respirasse durante uma enchente. E, após uma potencial inundação, o design vertical permite que o cátodo seque gradualmente, em vez de secar de uma vez só.
Dura para sempre
Em média, a célula de combustível gerou 68 vezes mais energia do que a necessária para operar os sensores usados no teste. Ela também mostrou-se robusta o suficiente para suportar grandes mudanças na umidade do solo - desde um pouco seco (41% de água por volume) até completamente submerso.
"O número de dispositivos na Internet das Coisas (IoT) está em constante crescimento," disse Yen. "Se imaginarmos um futuro com trilhões desses dispositivos, não podemos construir cada um deles a partir de lítio, metais pesados e toxinas que são perigosas para o ambiente. Precisamos encontrar alternativas que possam fornecer pequenas quantidades de energia para alimentar uma rede descentralizada de dispositivos. Em busca de soluções, nos voltamos para as células de combustível microbianas do solo, que usam micróbios especiais para decompor o solo e usam essa pequena quantidade de energia para alimentar sensores. Desde que haja carbono orgânico no solo para os micróbios quebrarem, a célula de combustível pode durar para sempre."
Bibliografia:
Artigo:Soil-Powered Computing: The Engineer's Guide to Practical Soil Microbial Fuel Cell Design
Autores: Bill Yen, Laura Jaliff, Louis Gutierrez, Philothei Sahinidis, Sadie Bernstein, John Madden, Stephen Taylor, Colleen Josephson, Pat Pannuto, Weitao Shuai, George Wells, Nivedita Arora, Josiah Hester
Revista: Proceedings of the ACM on Interactive Mobile Wearable and Ubiquitous Technologies
DOI: 10.1145/3631410 -
- 17/01/2024 - Cenário favorece uso da energia nuclear, diz agência da ONUFonte: Folha de São PauloO diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi comenta sobre o panorama mundial do uso da energia nuclear, notadamente na produção de energia elétrica, em entrevista com o jornalista Igor Gielow, na edição da Folha de São Paulo, 17/01/2024. -
- 17/01/2024 - Pesquisa sobre radiofármacos desenvolvida pelo Ipen-CNEN/USP recebe prêmio internacionalTrabalho premiado reúne profissionais de dois centros de pesquisa do Instituto e é inovador ao utilizar microusinagem com laser de femtosegundo para sistema microfluídico para otimizar a produção de radiofármacos
Trabalho premiado reúne profissionais de dois centros de pesquisa do Instituto e é inovador ao utilizar microusinagem com laser de femtosegundo para sistema microfluídico para otimizar a produção de radiofármacos
Fonte: Jornal da Ciência
O trabalho "Circuito microfluídico aplicado à concentração de 18F (Flúor-18) para produção de radiofármacos”, que é parte da pesquisa de doutorado em andamento, desenvolvida pelo aluno da pós-graduação do IPEN/USP, Antonio Arleques Gomes, conquistou o 1º lugar com a láurea "Marcos Pinotti Barbosa”, concedida à melhor pesquisa estudantil apresentada durante o XII Congresso Latino-Americano de Órgãos Artificiais e Biomateriais (COLAOB/2023) realizado no período de 12 a 15 de dezembro de 2023 em Mar del Plata, Argentina.
O prêmio, inédito para o programa de pós-graduação do IPEN/USP, é considerado um dos mais importantes para a comunidade científica da Sociedade Latino-Americana de Biomateriais e Órgãos Artificiais (SLABO), organizadora do evento, e presta homenagem ao professor Marcos Pinotti (1965-2016) reconhecido como um dos principais cientistas brasileiros nas áreas de Biomimética e Bioengenharia e cofundador da SLABO.
A pesquisa, escolhida entre 69 trabalhos apresentados durante o congresso, está sob a orientação do professor Dr. Wagner de Rossi, gerente do Centro de Lasers e Aplicações (CELAP) e coorientada pelo farmacêutico Dr. Emerson S. Bernardes, gerente do Centro de Radiofarmácia (CECRF) do IPEN. Também contou com a importante participação do radioquímico Dr. Arian Pérez Nario, bolsista de pós-doutorado do IPEN e do físico Dr. André Luiz Lapolli, responsável pelo Serviço de Operação de Aceleradores Cíclotron do instituto.
Na prática, a pesquisa visa desenvolver um sistema microfluídico por meio de técnica de microusinagem com laser de pulsos ultracurtos para a produção de radiofármacos a partir de Flúor-18. No trabalho, foi produzido um circuito microfluídico dedicado chamado de "Microcartucho de troca aniônica” destinado ao primeiro estágio de obtenção de qualquer radiofármaco; um produto utilizado essencialmente para diagnósticos, tratamentos e terapias de várias doenças que são objeto da medicina nuclear.
O processo compreende duas fases distintas. Na primeira, o Flúor-18 obtido em cíclotron fica retido no microcartucho. Na segunda, de eluição, o Flúor-18 é extraído resultando em um eluente líquido com uma concentração significativamente elevada do radionuclídeo.
Inovação
Além de inédito no Brasil, o resultado da pesquisa desenvolvida no IPEN-CNEN pode ser considerado significativo uma vez que conseguiu uma concentração do eluente com Flúor-18 de seis a dez vezes maior que a obtida por meio de outros processos convencionais na primeira etapa de produção de radiofármaco, como, por exemplo, o Fluordexogliocose (FDG).
"Ter sido premiado com o trabalho de maior importância e relevância científica em um congresso desse nível é, sem dúvida, uma grande satisfação para mim e acredito, de grande importância para o IPEN”, destacou o doutorando Antonio Gomes, o qual enfatiza a dedicação do prêmio ao seu grupo de pesquisa e, em especial, a seu orientador pelo apoio incondicional.
O doutorando explicou ainda que os resultados apresentados, bem como o desenvolvimento da técnica de microusinagem com laser de pulsos ultracurtos, posicionam o IPEN como uma instituição de destaque na inovação tecnológica e científica nesta área do conhecimento.
Uma das principais missões do IPEN é tornar a medicina nuclear cada vez mais acessível à sociedade brasileira e o Flúor-18 tem destaque em exames que se utilizam de equipamentos de tomografia por emissão de pósitrons (PET/CT).
"O próximo passo após a conclusão da pesquisa é buscar parcerias no setor produtivo para disponibilizar para a sociedade radiofármacos mais eficazes para a medicina nuclear”, finaliza Gomes.
Para o físico Dr. Wagner de Rossi este prêmio coroa um trabalho que iniciou há alguns anos a partir de uma sugestão de Dr. Jair Mengatti, gerente da Radiofarmácia na época.
"Nós encaramos a sugestão como um desafio para produzir radiofármacos com microfluídica. O trabalho ainda não está concluído, pois o prêmio se refere apenas a uma parte já desenvolvida, mas demonstra que estamos num bom caminho para conseguir produzir radiofármacos a partir de um sistema inovador que vai trazer inúmeras vantagens para o processo”, conclui Rossi.
Mais informações no site do IPEN. (www.ipen.br)
Ulysses Varela – Bolsista BGE-DA/IPEN-CENEN
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- 15/01/2024 - Programa Beatriz Nascimento de Mulheres na Ciência tem inscrições abertas até dia 31Chamada pública oferece bolsas de doutorado-sanduíche e pós-doutorado no exterior para pesquisadoras negras, ciganas, quilombolas e indígenas
Chamada pública oferece bolsas de doutorado-sanduíche e pós-doutorado no exterior para pesquisadoras negras, ciganas, quilombolas e indígenas
Fonte: Jornal da USP
Estão abertas até o dia 31 de janeiro as inscrições para a chamada Atlânticas – Programa Beatriz Nascimento de Mulheres na Ciência, lançada pelo governo federal em novembro do ano passado. O programa oferece bolsas de doutorado-sanduíche e pós-doutorado no exterior para pesquisadoras negras, ciganas, quilombolas e indígenas, em qualquer área de conhecimentos.
As bolsas têm duração máxima de nove meses. Para se inscrever, as interessadas devem estar regularmente matriculadas em cursos de doutorado ou ter concluído seus estudos em programa de pós-graduação reconhecido pela Capes. Nos dois casos, as candidatas devem apresentar um projeto de pesquisa e o aceite formal da instituição de destino.
As candidatas às bolsas de doutorado-sanduíche também precisam demonstrar conhecimento da língua utilizada na instituição estrangeira e a anuência de seus orientadores e da coordenação de seu programa de pós-graduação. A chamada pública completa está disponível para consulta no site do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A chamada é uma parceria dos ministérios da Igualdade Racial, das Mulheres, dos Povos Indígenas, e da Ciência, Tecnologia e Inovação, com apoio do CNPq, e conta com R$ 6 milhões em investimentos que serão destinados ao pagamento das bolsas.
Quem foi Beatriz Nascimento?
O nome do programa presta homenagem à professora e historiadora sergipana Beatriz Nascimento, que sempre aliou a luta antirracista à vida acadêmica. Foi cofundadora do Grupo de Trabalho André Rebouças na Universidade Federal Fluminense (UFF) e membro do Movimento Negro contra a Discriminação Racial (MNUCDR), nome mais tarde reduzido para Movimento Negro Unificado (MNU).
Como pesquisadora, Beatriz Nascimento estudou as formações dos quilombos no Brasil por duas décadas. Foi expoente do feminismo negro, pesquisando as práticas discriminatórias que pesam sobre os corpos das mulheres negras.
Beatriz faleceu, vítima de feminicídio, em janeiro de 1995. Na época, ela cursava mestrado em Comunicação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 2021, Beatriz Nascimento se tornou doutora honoris causain memoriam pela UFRJ.
*Com informações do CNPq
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- 15/01/2024 - Visita da China National Nuclear Corporation Overseas (CNNC) à CNEN visa divulgar e promover negócios e oportunidades de parceriasFonte: CNENO presidente da CNEN, Francisco Rondinelli Junior, recebeu nesta quarta-feira uma delegação do escritório de representação para a América Latina da China National Nuclear Corporation (CNNC), localizado em Buenos Aires, Argentina. A visita faz parte de uma série de encontros promovidos pela CNNC em países da América do Sul, com o objetivo de fomentar parcerias e oportunidades de negócios com a China.A reunião ocorreu no Salão Nobre da CNEN, com a presença do diretor de Gestão Institucional, Pedro Maffia, do coordenador geral de Ciência e Tecnologia Nucleares (CGTN), Leslie de Molnary, da coordenadora geral de Assuntos Internacionais, Viviane Simões, e do chefe de Gabinete, Rogério Mamão Gouveia. A comitiva chinesa, chefiada pelo gerente de Desenvolvimento de Negócios, GAO Wei, era composta ainda pele também gerente BI Kum e pelos assessores DENG Pan e YANG Lu.Durante a reunião, foram discutidas as iniciativas da CNEN relacionadas a Pequenos Reatores Modulares (SMRs) e atividades dos reatores de pesquisa nas unidades técnico-científicas da CNEN, localizadas em São Paulo (IPEN), Rio de Janeiro (IEN), Belo Horizonte (CDTN) e Recife (CRCN-NE). A CNNC apresentou os avanços na geração termonuclear na China, seu apoio a projetos de pesquisa nuclear e o compromisso em colaborar internacionalmente na disseminação de conhecimento em projetos e construção de reatores nucleares de potência.No que diz respeito a acordos e parcerias, a CNNC expressou disposição para futuros contatos comerciais e colaborações de pesquisa na área nuclear. A CGTN manifestou interesse na formação especializada, e a CNNC destacou programas de intercâmbio e formação de mestrado e doutorado em universidades chinesas, oferecendo bolsas de ensino e fomento tecnológico para alunos brasileiros e abrindo instalações nucleares chinesas para pesquisadores da CNEN.A relevância dessa reunião foi ressaltada pelo coordenador geral da CGTN, Leslie de Molnary, como resultado de uma primeira aproximação ocorrida durante um evento da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em Sanya, na China, em setembro de 2023. Na ocasião, a CNEN apresentou o cenário da área nuclear no Brasil e os papeis de cada organização no programa nuclear brasileiro.Também foram abordadas as perspectivas do uso dos pequenos reatores nucleares no apoio à geração elétrica e para o apoio em outras aplicações industriais nas próximas décadas visando apoiar a transição energética que o país deverá desenvolver até 2050. Por sua vez, a CNNC demonstrou interesse em parcerias tecnológicas com as UTCs da CNEN, destacando a capacidade significativa da China em investimento e desenvolvimento tecnológico na geração nucleoelétrica."Essa visita representa um passo importante na construção de laços colaborativos entre os dois países, abrindo portas para avanços significativos na área nuclear e fortalecendo a cooperação bilateral”, afirmou Molnary.O presidente Rondinelli fez um apanhado geral sobre as principais atividades que cabem à CNEN no apoio ao programa nuclear brasileiro, e perspectivas de médio e curto prazo que vislumbra para aumentar o parque de geração nucleoelétrica no Brasil. Também comentou sobre a importância de dar prosseguimento ao projeto do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), no âmbito da cooperação Brasil-Argentina.Rondinelli também ressaltou as diversas aplicações da tecnologia nuclear em diversos setores no Brasil além do já consagrado uso na área médica, mas também na área de alimentação e agricultura, meio ambiente, e indústria, sem perder de vista o mandamento da segurança radiológica que permeia todas essas aplicações.CNNC e o mercado externoGAO Wei, BI Kum, DENG Pan e YANG Lu integram a CNNC Overseas Ltd. (CNOS), plataforma especializada no desenvolvimento do mercado externo de toda a indústria nuclear chinesa, sob a CNNC. Primeira no país asiático a construir projetos de energia nuclear no estrangeiro, a CNOS abriu a fronteira para a globalização da indústria chinesa na área nuclear.Entre os meses de novembro e dezembro, a empresa está conduzindo uma série de encontros de trabalho em vários países da América do Sul. No Brasil, realizou visitas a diversas entidades do setor nuclear, incluindo a Eletronuclear, as usinas Angra 1 e Angra 2, em Angra dos Reis, as Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Resende, culminando com a reunião na CNEN. -
- 15/01/2024 - Quando a energia de fusão nuclear se tornará realidade?Há cinco décadas, a ideia da energia de fusão anima cientistas, mas quando essa visão revolucionária finalmente se transformará em realidade?
Há cinco décadas, a ideia da energia de fusão anima cientistas, mas quando essa visão revolucionária finalmente se transformará em realidade?
Fonte: Olhar DigitalA energia de fusão nuclear, um sonho que prometia ser a maravilha energética, revelou-se um desafio épico. Desde que a capacidade de colidir átomos minúsculos para criar outros maiores e liberar energia no processo foi descoberta, cientistas em todo o globo enxergaram seu potencial energético.No entanto, a fusão é difícil. Ao longo de 75 anos de tentativas para construir geradores de fusão, progressos enormes e revolucionários foram alcançados, mas o objetivo final ainda não foi atingido. Qual o motivo de tal dificuldade? O astrofísico Paul Sutter da Universidade Stony Brook e do Instituto Flatiron discutiu esta questão em um artigo publicado no Space.com.Segundo Sutter, o desafio primário reside em algo aparentemente simples: enquanto é relativamente fácil provocar a fusão — uma tarefa realizada rotineiramente com armas termonucleares — é incrivelmente complicado controlar essa reação, extrair energia útil dela e, ao mesmo tempo, manter a estabilidade.Na era moderna, duas abordagens principais buscam realizar a proeza da energia de fusão nuclear. Uma delas baseia-se no confinamento inercial, onde feixes de lasers são direcionados a um pequeno alvo, induzindo uma reação de fusão breve. Em dezembro de 2022, o National Ignition Facility (NIF) do Departamento de Energia dos EUA ganhou manchetes ao alcançar o tão almejado "ponto de equilíbrio”, liberando mais energia do que consumiu.A segunda abordagem é ancorada no confinamento magnético, onde campos magnéticos poderosos comprimem um plasma até que a fusão ocorra. Experimentos nesse campo avançaram consideravelmente, mas ainda enfrentam obstáculos significativos na manutenção da estabilidade do plasma, crucial para uma reação de fusão constante.A última iteração, chamada ITER, está em construção por um consórcio internacional de pesquisa, aspirando ser o primeiro dispositivo de confinamento magnético a atingir o ponto de equilíbrio.No entanto, o NIF não foi concebido para gerar eletricidade, e permanece incerto como transformar seu processo em uma usina de energia. Apesar de sua potência, gerou apenas cinco centavos de eletricidade através da fusão.Além disso, o termo "ponto de equilíbrio” carrega um significado técnico um tanto desanimador, pois embora o combustível tenha liberado mais energia do que absorveu, menos de 1% da energia total do aparato chegou ao combustível em primeiro lugar. Quanto ao ITER, Sutter explica, a instalação está mergulhada em má gestão e excessos de custos, e nem mesmo é projetada para gerar eletricidade por si só.Quando teremos a energia por fusão?- Uma previsão precisa é um desafio, mas Paul Sutter forneceu as probabilidades, que ele descreve como "puramente intuitivas”: 10% de chance nos próximos 20 anos, 50% no próximo século, 30% nos 100 anos seguintes, e 10% de chance de nunca se concretizar.- De onde surgem esses números? A energia de fusão é o que ele chama de um desafio geracional, um desafio de escala de século.- A humanidade já superou megaprojetos de irrigação nos primórdios da história humana, construção de templos colossais e cidades, desenvolvimento de energia a vapor, ferrovias, catedrais e muito mais.- Esses empreendimentos demandam envolvimento ao longo de várias gerações. Às vezes, podemos acelerar o progresso ao investir recursos maciços e contar com a sorte de reunir pessoas certas, liderança, talento e conhecimento no momento certo.- Vimos isso acontecer em um período relativamente recente com o Projeto Manhattan e iniciativas de pouso na lua.- Entretanto, no meio do século XX, quando tivemos a oportunidade de investir uma geração inteira em pesquisa nuclear, escolhemos entre bombas e usinas de energia — e optamos pelas bombas.- Como resultado, a pesquisa em usinas de energia não progrediu tão rapidamente (por falta de investimento de escala de século), estagnando desde a década de 1950.- Isso significa que a pesquisa em fusão foi relegada à mesma prioridade que a maioria das outras pesquisas, o que implica que levará aproximadamente um século para se concretizar.Ana Luiza Figueiredo -
- 14/01/2024 - As cidades perdidas da Amazônia: como uma tecnologia de laser revelou uma civilização antigaFonte: Revista Amazônia
A Amazônia é conhecida por sua biodiversidade e sua beleza natural, mas também esconde um segredo milenar: as ruínas de uma civilização que habitou a região há mais de dois mil anos, antes da chegada dos europeus. Essa civilização construiu cidades, estradas, canais e campos agrícolas, que hoje estão enterrados sob a floresta. Mas como os arqueólogos conseguiram descobrir esses vestígios? A resposta está em uma tecnologia de sensoriamento remoto chamada Lidar, que usa pulsos de laser para mapear o terreno com alta precisão.
O QUE É LIDAR?
Lidar é a sigla em inglês para Light Detection and Ranging, que significa Detecção e Medição de Luz. É uma tecnologia que usa um feixe de laser para medir a distância entre um sensor e um objeto, refletindo a luz de volta. Ao fazer isso, o sensor consegue captar a forma, a altura e a densidade do objeto, criando uma imagem tridimensional do terreno. O Lidar pode ser usado em diferentes plataformas, como aviões, satélites, drones ou veículos terrestres.
O Lidar tem diversas aplicações, como na geologia, na meteorologia, na engenharia, na agricultura e na arqueologia. Nesta última, o Lidar é especialmente útil para detectar estruturas antigas que estão ocultas pela vegetação ou pelo solo, como pirâmides, templos, muralhas e cemitérios. O Lidar também permite identificar padrões de ocupação humana, como estradas, canais, campos e aldeias.
COMO O LIDAR REVELOU AS CIDADES PERDIDAS DA AMAZÔNIA?
Uma das regiões onde o Lidar foi usado para revelar as cidades perdidas da Amazônia é o Vale do Upano, no leste do Equador. Nesse vale, os arqueólogos encontraram evidências de uma sociedade complexa que existiu entre cerca de 500 a.C. e 300 a 600 d.C., contemporânea ao Império Romano na Europa. Essa sociedade construiu cinco grandes cidades e dez menores, que abrigavam entre 10 mil e 30 mil habitantes no total. As cidades eram ligadas por estradas largas e retas, que se estendiam por até 20 quilômetros. As cidades também tinham canais para irrigação e drenagem, e campos agrícolas retangulares, onde plantavam milho, mandioca e batata doce. As cidades eram cercadas por terraços nas encostas, que serviam para evitar a erosão e aumentar a área cultivável.
Essas estruturas, no entanto, estavam escondidas debaixo da floresta, e só foram notadas pela primeira vez há mais de duas décadas pelo arqueólogo francês Stéphen Rostain. Mas foi somente em 2018 que os pesquisadores conseguiram mapear toda a extensão e a complexidade da rede urbana, usando o Lidar. Eles sobrevoaram a área com um avião equipado com um sensor Lidar, que emitiu mais de 2 bilhões de pulsos de laser, cobrindo uma área de 300 quilômetros quadrados. Os dados foram processados por um software, que gerou um modelo digital do terreno, removendo a vegetação e revelando as formas artificiais.
Os resultados foram publicados na revista científica Science em janeiro de 2024, e surpreenderam os especialistas. "Era um vale perdido de cidades”, disse Rostain, que é diretor de pesquisa no Centro Nacional de Pesquisa Científica da França. "É incrível.”
POR QUE ESSA DESCOBERTA É IMPORTANTE?
A descoberta das cidades perdidas da Amazônia é importante por vários motivos. Primeiro, porque mostra que a Amazônia não era uma região selvagem e pouco habitada antes da chegada dos europeus, como se pensava. Pelo contrário, a Amazônia era um lugar de diversidade cultural e de sociedades complexas, que deixaram marcas na paisagem e na história. Segundo, porque mostra que essas sociedades tinham um alto grau de organização e de engenharia, capazes de construir cidades, estradas, canais e campos em uma região de difícil acesso e de clima tropical. Terceiro, porque mostra que essas sociedades tinham uma relação com o meio ambiente que era diferente da nossa, baseada na adaptação e na sustentabilidade, e não na exploração e na degradação. Quarto, porque mostra que essas sociedades foram vítimas de um desastre natural que pode ter contribuído para o seu fim: a erupção de um vulcão que cobriu a região com cinzas e alterou o clima.
A descoberta das cidades perdidas da Amazônia, portanto, nos convida a repensar a nossa visão sobre a Amazônia, sobre o passado e sobre o futuro. A Amazônia não é apenas uma floresta, mas também um patrimônio cultural e histórico, que merece ser preservado e estudado. O passado não é apenas uma sucessão de fatos, mas também uma fonte de conhecimento e de inspiração, que pode nos ensinar sobre outras formas de viver e de se relacionar com a natureza. O futuro não é apenas uma projeção do presente, mas também uma escolha que depende de nós, e que pode ser mais harmonioso e equilibrado, se seguirmos o exemplo das cidades perdidas da Amazônia.
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- 12/01/2024 - Cientistas criam primeiro semicondutor feito de grafenoO semicondutor de grafeno tem uma mobilidade 10 vezes maior do que o feito com silício, possibilitando maior velocidade
O semicondutor de grafeno tem uma mobilidade 10 vezes maior do que o feito com silício, possibilitando maior velocidade
Fonte: Olhar Digital
Uma descoberta que pode revolucionar o setor de chips como conhecemos hoje. Pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos Estados Unidos, desenvolveram o primeiro semicondutor funcional feito de grafeno.Uso do grafeno- Os semicondutores são materiais que conduzem a eletricidade em determinadas condições.- Eles são componentes fundamentais dos dispositivos eletrônicos, a matéria-prima dos chips usados em smartphones, inteligência artificial, veículos elétricos e em tantos outros produtos.- O objetivo dos pesquisadores era produzir um semicondutor de grafeno "compatível com os métodos tradicionais de processamento microeletrônico”.- Com a descoberta, os cientistas poderão agora substituir o silício, material mais usado no processo, mas que está chegando ao seu limite em função do avanço da velocidade da computação.As informações são do The Wall Street Journal.Nova tecnologia é 10 vezes mais rápidaA criação do primeiro semicondutor feito de grafeno acontece após décadas de pesquisas e aperfeiçoamento do material. O principal obstáculo era conseguir ligar e desligar o semicondutor ao expor ele à correntes elétricas.As medições mostraram que o semicondutor de grafeno tem uma mobilidade 10 vezes maior do que o feito com silício, possibilitando uma maior velocidade em relação à tecnologia anterior."Agora temos um semicondutor de grafeno extremamente robusto com 10 vezes a mobilidade do silício e que também possui propriedades únicas não disponíveis no silício. É como conduzir numa estrada de gravilha ou numa autoestrada (…) É mais eficiente, não aquece tanto e permite velocidades mais altas." - Walter de Heer, professor de física do Instituto de Tecnologia da GeórgiaA equipe de pesquisadores produziu o único semicondutor bidimensional que possui todas as propriedades necessárias para ser usado na nanoeletrônica e cujas propriedades elétricas são muito superiores às de quaisquer outros semicondutores 2D atualmente em desenvolvimento.Segundo os investigadores, o "grafeno epitaxial” pode causar uma mudança de paradigma no campo da eletrônica e permitir a criação de tecnologias completamente novas que aproveitem as suas propriedades únicas.Alessandro Di Lorenzo
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- 12/01/2024 - China anuncia criação de bateria nuclear que só precisa carregar com 50 anosFonte: Terra Brasil Notícias
A startup chinesa Betavolt Technology anunciou na segunda-feira (8) que está desenvolvendo uma bateria nuclear que pode ser usada por 50 anos com apenas uma carga. A empresa pretende fornecer o componente inovador como solução de energia para diferentes tipos de dispositivos, incluindo celulares e drones, em breve.O modelo é o primeiro do mundo a realizar a miniaturização da energia atômica, de acordo com a Betavolt. Ele conta com isótopos de níquel-63 reunidos em um módulo de tamanho inferior a uma moeda, como fonte de energia, e utiliza uma camada de diamante para realizar a conversão dos isótopos em decomposição para eletricidade.Trata-se do mesmo tipo de processo criado no século passado por cientistas da então União Soviética e dos Estados Unidos. Porém, os tanques de energia termonuclear da época eram enormes e caros, sendo utilizados principalmente em estações científicas remotas, sistemas subaquáticos e espaçonaves.Segundo a companhia chinesa, a bateria nuclear atualmente em desenvolvimento mede 15 mm x 15 mm x 15 mm, tem 3 volts e é capaz de fornecer 100 microwatts de eletricidade. Nos próximos dois anos, a startup quer criar modelos de maior capacidade, de 1 watt, que possam ser combinados modularmente para uso em equipamentos que necessitem de mais carga.O tamanho reduzido e a produção em série que a Betavolt pretende iniciar nos próximos anos representaria uma grande evolução, com a bateria nuclear possibilitando o lançamento de celulares que nunca precisam ser carregados.Além disso, o componente pode ser utilizado em diversas outras soluções, como drones com autonomia "infinita”, por exemplo.A empresa disse que o componente é bastante seguro, não possui radiação externa nem explode como resposta à aplicação de força repentina, sendo capaz de funcionar normalmente em temperaturas variando de -60ºC a 120ºC. A novidade pode ser adicionada até mesmo em aplicações médicas como marca-passos e corações artificiais.Segundo a fabricante, a bateria de energia atômica desenvolvida por ela também é "ecologicamente correta”, não representando ameaça para o meio ambiente.
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- 11/01/2024 - Estudo esclarece questão-chave da física de partículasResultado, que identifica a origem da divergência nas previsões recentes do momento magnético do múon, pode contribuir para a prospecção de efeitos de nova física, incluindo matéria escura
Resultado, que identifica a origem da divergência nas previsões recentes do momento magnético do múon, pode contribuir para a prospecção de efeitos de nova física, incluindo matéria escura
Fonte: Agência FAPESPJosé Tadeu Arantes | Agência FAPESPMomento magnético é a grandeza que quantifica a interação de uma partícula dotada de spin com um campo magnético, como o de um ímã. Assim como a massa e a carga elétrica, o momento magnético é uma das grandezas fundamentais da física. Existe uma diferença entre o valor teórico do momento magnético do múon, uma partícula que pertence à mesma classe do elétron, e os valores obtidos nos experimentos de altas energias, realizados nos aceleradores de partículas. A diferença só aparece na oitava casa decimal, mas vem intrigando os cientistas desde 1948, quando foi descoberta. E não se trata de um detalhe, pois essa diferença pode indicar que o múon interaja com partículas de matéria escura, outros bósons de Higgs ou, até mesmo, que existam forças diferentes das conhecidas envolvidas no processo.O valor teórico do momento magnético do múon, representado pela letra "g”, obtido a partir da equação de Dirac (formulada pelo físico inglês Paulo Dirac, 1902-1984, Prêmio Nobel de Física de 1933, um dos fundadores da mecânica e da eletrodinâmica quânticas), é igual a 2. Mas sabemos, hoje, que g não é exatamente igual a 2 e, por isso, existe um grande interesse em entender "g-2”, isto é, a diferença entre o valor experimental e o valor previsto pela equação de Dirac. O melhor valor experimental disponível atualmente, obtido com precisão impressionante no Fermilab, o Fermi National Accelerator Laboratory, nos Estados Unidos, e divulgado em agosto de 2023, é 2,00116592059, mais ou menos 0,00000000022. Informações sobre o experimento realizado no Fermilab, chamado "Muon g-2”, podem ser acessados em: https://muon-g-2.fnal.gov/."A determinação precisa do momento magnético do múon tornou-se uma questão central de física de partículas, pois a investigação desse intervalo entre os dados experimentais e as previsões da teoria pode nos proporcionar informações que levem à descoberta de algum efeito novo e espetacular”, diz à Agência FAPESP o físico Diogo Boito, professor do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP).Ele e colaboradores acabam de publicar um estudo a respeito em Physical Review Letters."Nossos resultados foram apresentados em dois importantes eventos internacionais. Primeiro por mim, em um workshop em Madri, na Espanha. Depois por meu colega Maarten Golterman, da San Francisco State University, em um encontro realizado em Berna, na Suíça”, conta Boito.Esses resultados quantificam e apontam para a origem de uma discrepância entre os dois métodos utilizados nas previsões atuais de g-2. O pesquisador detalha: "Existem atualmente dois métodos para determinar um componente fundamental de g-2. O primeiro baseia-se em dados experimentais. O segundo em simulações computacionais da cromodinâmica quântica (quantum chromodynamics, ou QCD, em inglês), a teoria que estuda as interações fortes entre os quarks. Os dois métodos levam a resultados bastante distintos e isso constitui um grande problema. Sem resolvê-lo, torna-se impossível investigar as contribuições de eventuais partículas exóticas, por exemplo, de novos bósons de Higgs ou de matéria escura, no resultado de g-2”.O estudo conseguiu explicar tal discrepância. Mas, para entender isso, é preciso dar alguns passos para trás e recomeçar com uma descrição um pouco mais pormenorizada do múon.O múon é uma partícula que pertence à classe dos léptons – a mesma do elétron. Porém, possui massa muito maior. E, por causa disso, não é estável, sobrevivendo apenas por intervalos de tempo curtíssimos, em contextos de altas energias. Quando interagem entre si, na presença de campos magnéticos, os múons se desconfiguram e reconfiguram, trazendo à presença um grande número de outras partículas: elétrons, pósitrons, bósons W e Z, bósons de Higgs, fótons etc. Assim, nos contextos experimentais, o múon sempre se apresenta acompanhado por miríades de partículas virtuais. São as contribuições dessas partículas que fazem com que o momento magnético efetivo, medido nos experimentos, seja maior do que o momento magnético teórico, igual a 2, calculado pela equação de Dirac."Para obter tal diferença [g-2], é preciso considerar todas essas contribuições. Tanto aquelas que a cromodinâmica quântica [que compõe o modelo-padrão da física de partículas] prevê, quanto outros efeitos menores, mas que aparecem em medições experimentais muito precisas. Já conhecemos muito bem várias dessas contribuições. Mas não todas”, afirma Boito.Os efeitos decorrentes da interação forte não podem ser calculados teoricamente apenas, pois esses cálculos de cromodinâmica quântica são impraticáveis em alguns regimes de energia. Assim, existem duas possibilidades. Uma delas, que já possui um lastro histórico, é recorrer aos dados experimentais obtidos nas colisões de elétrons com pósitrons, que geram outras partículas formadas por quarks. A outra, que se tornou competitiva apenas na década de 2020, é simular, com base na teoria, o processo em supercomputadores. Trata-se da chamada "QCD na rede”."O problema central da previsão de g-2 hoje em dia é que o resultado que se obtém usando os dados das colisões elétron-pósitron estão em desacordo com o resultado experimental total, enquanto os resultados baseados na QCD na rede estão em bom acordo com o experimento. E ninguém sabia ao certo por que isso acontecia. Nosso estudo esclarece parte desse quebra-cabeça”, comenta Boito.Foi exatamente para resolver esse problema que ele e colaboradores realizaram o estudo em pauta. "O artigo atual é resultado de uma série de trabalhos nossos nos quais desenvolvemos um método novo para comparar os resultados de simulação de rede com aqueles obtidos a partir dos dados experimentais. Mostramos ser possível extrair, dos dados, contribuições que são calculadas na rede com grande precisão: a contribuição dos diagramas de Feynman ditos conectados”, informa o pesquisador.Aqui é preciso abrir um pequeno parêntese para dizer que os diagramas de Feynman, criados no final da década de 1940 pelo físico norte-americano Richard Feynman (1918-1988), Prêmio Nobel de Física de 1965, são representações gráficas utilizadas para descrever as interações entre partículas e simplificar os respectivos cálculos."No presente estudo, obtivemos, pela primeira vez, com grande precisão, as contribuições dos diagramas de Feynman conectados na chamada ‘janela intermediária de energia’. Hoje, temos oito resultados para essas contribuições, obtidos com simulações de QCD na rede, e todos eles em bom acordo entre si. E mostramos que os resultados vindos dos dados da interação elétron-pósitron não concordam com esses oito resultados das simulações”, afirma Boito.Segundo o pesquisador, isso possibilita entender onde está o problema e quais seriam as possíveis soluções para ele. "Ficou claro que, se os dados experimentais para o canal de dois píons [mésons, isto é, partículas formadas por um quark e um antiquark, produzidas em colisões de alta energia] estiverem subestimados por alguma razão, esta pode ser a causa da discrepância”, resume. De fato, dados novos, ainda em processo de revisão por pares, do Experimento CMD-3, realizado na Universidade de Novosibirsk, na Rússia, parecem indicar que os dados mais antigos do canal de dois píons poderiam estar, por alguma razão, subestimados.Todo o trabalho feito por Boito neste estudo foi realizado no contexto de seu projeto "Testes do modelo padrão: QCD de precisão e g-2 do múon”, contemplado com Auxílio à Pesquisa Jovens Pesquisadores Fase 2 pela FAPESP. -
- 10/01/2024 - Podcast que discute protonterapia reconhece relevância da CNEN e do IPEN no cenário da medicina nuclear brasileiraTratamento de câncer com feixes de prótons ainda não disponível no Brasil requer investimentos, equipamentos e conhecimentos para que possa ser implementado no país.
Tratamento de câncer com feixes de prótons ainda não disponível no Brasil requer investimentos, equipamentos e conhecimentos para que possa ser implementado no país.
O podcast, disponível no canal do Youtube da empresa Tractebel, discute os avanços no tratamento do câncer por meio da protonterapia e ressalta a importância da Comissão Nacional de Energia Nuclear e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) no cenário brasileiro.No episódio, o CEO da Tractebel, América do Sul, Cláudio Maia, entrevista o oncologista Marcos Castilho e o representante do Grupo IBA, Mauro Ferreira, para falar sobre a necessidade de trazer a protonterapia para o Brasil.O tratamento inovador e promissor contra câncer que usa a medicina nuclear a partir de raios de prótons ainda não está disponível no Brasil, mas já é amplamente utilizado na Europa e nos Estados Unidos.Além de discutirem como funciona o tratamento, as dificuldades de implantação aqui no país e o benefício para as crianças, o grupo citou a capacidade e o preparo das instituições governamentais brasileiras como o IPEN e a CNEN para lidar com o processo de implantação e acompanhamento deste tratamento no futuro.O vice-presidente comercial do Instituto IBA, Mauro Ferreira, destaca o apoio do Governo Federal para o setor, a capacidade técnica do IPEN e o fato da CNEN já ter enviado técnicos para visitar centros de prótons e ter legislação e pessoal preparado para lidar com essa tecnologia.Para saber mais e ficar por dentro do assunto assista ao podcast completo disponível no canal da Tractebel no Youtube.Saiba mais
A radioterapia é um tipo de tratamento contra o câncer que tem como objetivo destruir ou impedir o crescimento das células tumorais, por meio da aplicação de radiação concentrada, diretamente no tumor.
A prototerapia ou protonterapia é um tipo avançado de tratamento de câncer que utiliza um feixe de prótons direcionado diretamente ao tumor. O feixe de prótons acelerados destrói as células cancerígenas, minimizando o dano aos tecidos saudáveis.
Ulysses Varela
Bolsista BGE-DA
Com supervisão -
- 10/01/2024 - Um Novo Projeto de Motor a ÁlcoolUm consórcio de empresas reunindo as multinacionais Mercedes-Benz, Stellantis (Fiat, Chrysler, Opel, Peugeot e Citroën), Bosch, Umicore e a brasileira Ipiranga, estabeleceu dois acordos de parceria com o Ipen para o desenvolvimento de células a combustível de baixa temperatura, que opera por volta de 100º C, para o aproveitamento do etanol como combustível de carros elétricos.
Um consórcio de empresas reunindo as multinacionais Mercedes-Benz, Stellantis (Fiat, Chrysler, Opel, Peugeot e Citroën), Bosch, Umicore e a brasileira Ipiranga, estabeleceu dois acordos de parceria com o Ipen para o desenvolvimento de células a combustível de baixa temperatura, que opera por volta de 100º C, para o aproveitamento do etanol como combustível de carros elétricos.
Fonte: Jornal do Vale
OPINIÃO
No início de dezembro, escrevi ao Presidente Lula propondo um novo Proálcool. Fiquei obcecado pelo rendimento de uma célula etanol apresentada dias antes pelos bolsistas PCI (Programa de Capacitação Institucional) do INPE. O Instituto desenvolve uma célula de etanol (gera eletricidade diretamente por reações eletrolíticas), com uma eficiência de 70%. Algo espetacular, já que um motor a combustão não chega a 30%, ou seja, mais que o dobro. Se um carro comum faz 10 km/l, um carro elétrico com célula de etanol faria mais de 23 km/l.
O PCI é um programa patrocinado pelo MCTIC e operacionalizado pelo CNPq com vistas a fomentar a capacitação técnica, científica e de inovação das Unidades de Pesquisas ligadas ao MCTIC como o INPE. Eu sou responsável pelos bolsistas da Ciência e Tecnologia Espaciais.
Tomei a liberdade de sugerir ao presidente Lula repetir a ideia do Motor a Álcool Brasileiro, quando o presidente Geisel encomendou ao CTA (Centro Técnico Aeroespacial) fazer estudos técnicos sobre o etanol que permitiram que o governo mais tarde criasse o Proálcool logo após a crise do petróleo em 1973.
De 1973 a 1976, realizaram experiências com diversos tipos de motores adaptando-os para o uso do etanol combustível. Em 1975, apresentou os resultados de seus estudos ao presidente Ernesto Geisel, fato que levou o governo brasileiro a criar o programa de substituição de combustíveis derivados de petróleo por álcool. Até 1976, o CTA adaptou e testou motores de diversos fabricantes.
A situação atual está mais fácil, pois há diversos institutos federais e estaduais, além das indústrias automobilísticas, estudando e testando células de etanol, como meus colegas do INPE. O governo federal deveria apadrinhar o novo carro a etanol, mais eficiente e bem menos poluente. Os Ministérios da Ciência e Tecnologia e da Indústria poderiam gerir. A necessidade de dinheiro para a pesquisa já está até suprida no orçamento e, posteriormente, incentivos para a fabricação e venda na forma de empréstimo é dinheiro que volta ao Erário.
A Revista Pesquisa da Fapesp vem divulgando diversas pesquisas brasileiras sobre o assunto. Uma parceria entre a montadora japonesa Nissan e o Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) desenvolve uma tecnologia da célula a combustível a etanol, que permite abastecer o veículo com esse combustível em qualquer posto do país, como já ocorre hoje.
Um consórcio de empresas reunindo as multinacionais Mercedes-Benz, Stellantis (Fiat, Chrysler, Opel, Peugeot e Citroën), Bosch, Umicore e a brasileira Ipiranga, estabeleceu dois acordos de parceria com o Ipen para o desenvolvimento de células a combustível de baixa temperatura, que opera por volta de 100º C, para o aproveitamento do etanol como combustível de carros elétricos.
Outro consórcio, formado por Volkswagen, Stellantis, Toyota, Ford, Shell, Bosch, AVL e a brasileira Caoa, também fechou um contrato de parceria com a Unicamp para desenvolver células a combustível a etanol, apoiado pela FAPESP e Finep.
Já temos todos os ingredientes para fazer no Brasil um projeto de sucesso.
Por Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado Mariano
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- 07/01/2024 - França quer construir 14 novas usinas nuclearesFonte: TerraDiferentemente da Alemanha, que desativou seus últimos reatores em abril do ano passado, país aposta pesado em energia atômica para substituir o carvão e reduzir suas emissões de carbono. A França elevou de seis para 14 o total de novas usinas nucleares que planeja construir nos próximos anos. A informação foi dada pela ministra francesa da Energia, Agnès Pannier-Runacher, em declaração ao jornal Tribune Dimanche.A construção dos oito reatores extras, que até então só era tratada como "opção" dentro do governo, deve constar de um projeto de lei a ser debatido pelo parlamento no final de janeiro.Diferentemente da Alemanha, a França está apostando pesado na energia nuclear como saída para substituir usinas a carvão e reduzir suas emissões de carbono. Paris quer reduzir o peso dos combustíveis fósseis no consumo de energia, hoje em mais de 60%, para 40% até 2035.Segundo Pannier-Runacher, o cumprimento dessa meta requer a construção, a partir de 2026, de novas usinas com capacidade total de 13 gigawatts - o equivalente, nas palavras da ministra, ao desempenho de oito reatores do tipo EPR. A medida também seria necessária porque os reatores atuais não durariam para sempre.O EPR, um reator de água pressurizada de terceira geração desenvolvido pela França, foi projetado para reviver a energia nuclear e oferecer mais potência com maior segurança após o desastre de Chernobyl em 1986. Atualmente, existem três deles em operação no mundo - um na Finlândia e dois na China. A construção na Finlândia foi problemática, porém, e projetos do tipo em andamento na França e no Reino Unido sofrem com atrasos e alta significativa de custos.UE ainda permite subsídios a usinas nuclearesNa França, o primeiro reator EPR, em Flamanville, deve ser ligado à rede de energia para os primeiros testes na metade de 2024, segundo a estatal francesa de energia EDF. Se confirmadas as previsões, terão se passado 17 anos entre a construção e a operação, com os custos da obra quadruplicando neste período, chegando a 12,7 bilhões de euros.A União Europeia continua a permitir subsídios estatais para usinas nucleares como parte da planejada reforma do mercado de eletricidade europeu. O governo alemão defendia que a medida fosse reservada exclusivamente às energias renováveis, mas acabou derrotado. Na Alemanha, as últimas três usinas nucleares foram desativadas em abril de 2023.ra/rk (AFP, Reuters) -
- 06/01/2024 - Pesquisadores do IPEN/CNEN desenvolvem bateria nuclearEquipe multidisciplinar de pesquisadores do IPEN-CNEN realizou estudo pioneiro para o desenvolvimento de uma bateria nuclear utilizando Amerício-241.A pesquisa foi conduzida nos Centros de Engenharia Nuclear (CEENG) e de Tecnologia das Radiações (CETER) do IPEN-CNEN com objetivo de encontrar uma alternativa energética para locais de difícil acesso ou em que haja necessidade de um fluxo ininterrupto de energia.O projeto foi desenvolvido pelo CEENG e a bateria foi montada pelos pesquisadores do CETER, usando como combustível pastilhas de Amerício-241 que se encontravam no Serviço de Gestão de Rejeitos Radioativos (SEGRR).O pesquisador Eduardo Cabral, do CEENG, explica que a bateria nuclear é um dispositivo que utiliza o calor produzido pelo decaimento radioativo para gerar energia elétrica. Entretanto, para que o calor originado seja utilizado. é necessário um sistema de conversão de energia que, neste caso, são pastilhas termelétricas que geram energia elétrica quando submetidas a um gradiente de temperatura.Embora o conceito seja simples e baterias nucleares sejam conhecidas desde no início do século XIX, a execução é complexa por razões que envolvem danos de materiais e proteção radiológica.Carlos Alberto Zeituni, gerente e pesquisador do CETER, comenta que diversos radionuclídeos podem ser utilizados em uma bateria nuclear, dependendo do tempo de duração e potência desejados. Entre os mais utilizados, encontram-se o Estrôncio-90, o Plutônio-238 e o Amerício-241, que são materiais obtidos por meio do reprocessamento de combustível nuclear utilizado em reatores. Essa etapa do ciclo do combustível nuclear não é realizada no país.Nessa bateria foram utilizadas 11 fontes de Amerício 241, que estavam armazenadas no SEGRR como rejeitos radioativos. Com autorização do Serviço de Radioproteção (SERAP) do IPEN, essas fontes, com cerca de 2,9 Ci, seguiram para os laboratórios do CETER após análise de estanqueidade efetuada no SEGRR.No CETER, foi realizada a análise dimensional e de atividade das fontes. Com essas informações, pesquisadores do CEENG definiram os termelétricos e projetaram um invólucro para transformar. de forma eficiente, a energia do decaimento radioativo das fontes em energia elétrica.De posse de todos os materiais, foi construída a primeira bateria nuclear do Brasil. Em razão da limitação da quantidade de material radioativo, o aumento de temperatura gerado nesse protótipo é pequeno, sendo de cerca de 6º C, que em conjunto com o material termoelétrico utilizado, gera uma tensão elétrica de 20 milivolt. Como a meia vida do Amerício 241 é de 416 anos, após um ano ligada, a bateria mantém o desempenho inicial, produzindo quase a mesma quantidade de energia por centenas de anos.A coordenadora do projeto, Maria Alice Morato Ribeiro, pesquisadora do CEENG, ressalta ainda que embora o material utilizado tenha baixa atividade, o experimento comprovou a viabilidade do conceito. Com materiais de maior atividade, seria possível construir uma bateria com capacidade suficiente para energizar, por exemplo, uma estação meteorológica remota.Este desenvolvimento foi resultado de um projeto de pesquisa financiado por uma grande empresa nacional e seu êxito permitiu que o IPEN fosse agraciado com sua continuidade no intuito de produzir uma bateria nuclear para utilização em locais de difícil acesso.É importante ressaltar que graças ao esforço conjunto dos pesquisadores de vários centros do IPEN-CNEN e do reaproveitamento de material radioativo armazenado, foi possível desenvolver e construir um protótipo de bateria nuclear, demonstrando a capacidade técnica de produzir esse tipo de equipamento no país.Esse projeto abre a possibilidade de desenvolvimento de diferentes tipos de baterias nucleares, específicas para diferentes tipos de uso. O trabalho para viabilizar o licenciamento dessas baterias já foi iniciado. -
- 04/01/2024 - Clarivate anuncia exclusão de cientistas da Lista de Pesquisadores Altamente Citados por fraudeFonte: ABCD USP
Recentemente a Revista Pesquisa Fapesp [1] publicou matéria que informa que, de um ano para o outro, caiu de 109 para 76 o número de pesquisadores de instituições da Arábia Saudita que integram a lista de 6,8 mil Pesquisadores altamente citados divulgada pela empresa Clarivate.
De acordo com a matéria, "O expurgo é atribuído a denúncias de que as universidades sauditas vinham simulando a contratação de dezenas de pesquisadores estrangeiros altamente citados para melhorar sua classificação em rankings universitários internacionais. A prática não era nova. Em 2011, a revista Science mostrou que universidades do país do Oriente Médio pagavam para cientistas de renome da Europa e dos Estados Unidos adotarem-nas como sua segunda afiliação, em troca do compromisso de estarem nas instituições alguns poucos dias por ano.
Originalmente, as denúncias e o escândalo em si começaram a ser divulgados em 18 de abril de 2023, quando o jornal EL PAÍS[2], revelou os resultados de suas investigações: alguns dos pesquisadores altamente citados que compõem a lista da Clarivate Highly Cited Researchers 2023 [3]obtiveram incentivos financeiros para mudar sua afiliação para a Arábia Saudita.
Após o escândalo descoberto pelo EL PAÍS envolvendo afiliações fraudulentas, a Arábia Saudita perdeu 30% dos pesquisadores altamente citados de que se gabava anteriormente, o que fará com que suas universidades despenquem nos rankings internacionais.
O segundo texto publicado recentemente pelo jornal EL PAÍS[4] em 25 de novembro de 2023 revelou que "A prestigiosa lista de pesquisadores altamente citados, compilada pela multinacional Clarivate, excluiu mais de 1.000 cientistas devido a alegações de fraude.
Essa lista normalmente inclui cerca de 7.000 pesquisadores cujos estudos são os mais mencionados por outros colegas, o que é um suposto indicador de excelência. Rankings internacionais de universidades influentes, como o Ranking de Xangai, levam em conta o número de acadêmicos altamente citados para elevar ou rebaixar uma instituição. Esses cientistas deveriam ser os melhores do mundo, mas nos últimos anos, a lista permitiu que todos os tipos de pesquisadores medíocres agarrassem uma vaga fazendo todos os tipos de truques.”
Ainda de acordo com a reportagem publicada pelo EL PAÍS, ” A Arábia Saudita – determinada alimpar sua imagem– estabeleceu a meta de colocar pelo menos cinco de suas universidades entre as 200 melhores nos rankings internacionais até 2030.
Algumas instituições sauditas adotaram um atalho obscuro: pagar até US$ 75 mil anuais a cientistas estrangeiros altamente citados, mentir no banco de dados Clarivate e declarar que seu principal local de trabalho é uma universidade da Arábia Saudita. No ano passado, cientistas espanhóis altamente citados alegaram falsamente que sua principal afiliação era no reino saudita.
Depois da polêmica, nenhum deles está mais na lista. O maior órgão científico da Espanha, o Conselho Nacional de Pesquisa (CSIC), acaba de abrir um processo disciplinar contra seus cinco pesquisadores supostamente envolvidos.
As universidades sauditas vão despencar nos próximos rankings internacionais, de acordo com uma nova análise da empresa de consultoria SIRIS Academic, com sede em Barcelona, que assessora entidades acadêmicas em todo o mundo.
Este estudo se baseia em relatório mais aprofundado de maio de 2023 pela SIRIS Academic[5], que analisou padrões de afiliação (switch) de pesquisadores altamente citados (HCRs) que indicaram afiliações primárias a instituições da Arábia Saudita entre 2014-2022 e, ao mesmo tempo, afiliações secundárias estrangeiras.
Muitas dessas afiliações secundárias acabaram por ser os seus verdadeiros empregadores primários. Investigações do EL PAÍS, revelaram que alguns dos HCRs obtiveram incentivos financeiros para mudar sua afiliação para uma instituição da Arábia Saudita, sem ter que mudar de empregador.
Este estudo(relatório completo aqui)analisa a evolução desses casos na recém-divulgada lista de Pesquisadores Altamente Citados de 2023, divulgada em 15 de novembro de2023.
Os resultados revelaram o seguinte:
- 76 pesquisadores foram principalmente afiliados a uma instituição da Arábia Saudita na lista de Pesquisadores Altamente Citados de 2023, contra 109 HCRs em 2022. Esta é a maior queda dos últimos 10 anos e a primeira queda após um aumento contínuo de Pesquisadores Altamente Citados (HCRs) principalmente afiliados nos últimos 6 anos.
- A porcentagem de HCRs sauditas que têm uma afiliação secundária estrangeira é de 51% (abaixo dos 75% em 2022), o que é mais de5 vezes maior do que a participação média de afiliações secundárias estrangeiras nos outros países de referência.
- 44 dos HCRs da Arábia Saudita de 2022 permaneceram com a mesma afiliação primária em 2023. 60% deles tinham filiação secundária de outro país.
- 66 não estavam mais listados entre os HCRs da Arábia Saudita em 2023: 13mudaram sua afiliação primária para uma afiliação de outro país. 52, desapareceu da lista do HCR em 2023. Mais de 80% desses casos tinham um país de afiliação secundária em 2022.
- Para aqueles 52 HCRs que não estão mais listados em 2023, não está claro se a.) eles foram excluídos pela Clarivate através de seus critérios de exclusão mais rigorosos, b.) eles não estão mais entre os 1% cientistas mais citados ou c.) o HCR decidiu não ser mais listado, por exemplo, devido ao impacto negativo que a mediatização de seus casos teve em suas carreiras de pesquisadores.
- Havia 32 HCRs da Arábia Saudita recém-lista do sem 2023:12 HCRs que foram listados em 2022 sob uma afiliação primária não da Arábia Saudita, mudaram sua afiliação primária para uma instituição da Arábia Saudita em 2023.20 dos novos HCRs sauditas em 2023 não foram listados na lista de Pesquisadores Altamente Citados em 2022.50% deles têm uma afiliação secundária a outro país.
As instituições sauditas contavam com 109 pesquisadores altamente citados no ano passado, mas agora têm apenas 76, uma queda de 30%. A Universidade Rei Abdulaziz, com sede em Jeddah, é a mais afetada. Afirmou ter 31 cientistas altamente citados em 2022. Neste ano, tem apenas 12. Como resultado, a instituição cairá mais de 50 posições no ranking de Xangai, de sua posição atual de 166, de acordo com cálculos feitos pelo especialista suíço Yoran Beldengrün, principal autor do relatório da SIRIS Academic. Em abril passado, a consultoria já havia revelado que a Arábia Saudita tinha cinco vezes mais cientistas citados do que a Alemanha, um país com mais que o dobro da população.
Note-se que esse tipo de estratégia de adoção de dupla afiliação/emprego, não é prerrogativa apenas da Arábia Saudita. Na Tabela a seguir, apresenta-se o número de pesquisadores altamente citados que mantém dupla afiliação/vínculo empregatício com mais de uma instituição e país, e seu percentual.
Com relação à Arábia Saudita, em 2022, 75% dos Pesquisadores Altamente Citados (Highly Cited Researchers) tinham duplo vínculo empregatício. Em 2023, esse percentual caiu para 51% com duplo vínculo, índice que ainda é bem alto, em comparação com os demais países que se utilizam desta mesma estratégia.
Segue-se a Índia, com atuais 20% e a Turquia, com 14% de pesquisadores altamente citados que possuem dupla afiliação / vínculo com instituições de pesquisa de outros países.
"Nas universidades sauditas, houve uma queda brutal no número de cientistas altamente citados. Não é uma queda natural, mas sim causada pelo impacto (de acordo com a revista Nature)da investigação do EL PAÍS e dos relatórios do próprio SIRIS Academic”, diz Beldengrün.
A Universidade Rei Abdulaziz vai sair do Top 200. A Universidade Taif sairá do Top 300. E a Universidade Princesa Nourah Bint Abdulrahman vai desaparecer do Top 400, de acordo com os nossos cálculos. Esse impacto poderoso nos rankings universitários vai causar muitos danos ao projeto Visão 2030 da Arábia Saudita”, observa o consultor.
Foco por instituição da Arábia Saudita
- A Universidade Rei Saud (KSU)ainda lidera a lista com a maioria dos HCRs afiliados, ou seja, 32 HCRs. Enquanto no ano passado, foi seguida pela Universidade Rei Abdulaziz (KAU),esta universidade caiu para um terço seu número de HCRs, ou seja, de 31 HCRs em 2022 para 12 HCRs em 2023. A participação de HCRs com uma segunda afiliação estrangeira caiu de 87% para 68% para KSU e de 87% para 42% para KAU entre 2022 e 2023.
- A King Abdullah University of Science and Technology (KAUST)cresceu de 15 para 18 HCRs em 2023, posicionando-se como a segunda universidade da Arábia Saudita em termos de número de HCRs afiliados. A participação dos HCRs, que têm uma afiliação secundária estrangeira, foi reduzida pela metade, de 22% em 2022 para11% em 2023.
- A Universidade Rei Abdulaziz, de acordo com essas primeiras estimativas, perderia mais de 50 posições e ficaria fora do Top 200 do Ranking de Xangai ARWU 2024. Isso provavelmente reduzirá o número de instituições sauditas dentro do Top 200 do Ranking de Xangai para 1 universidade, ficando mais longe do objetivo do Reino de sua Visão 2030 de alcançar 5 universidades no Top 200 de rankings internacionais até 2030.
Foco por país de afiliação secundária
- A China lidera a lista com 7 HCRs da Arábia Saudita que indicaram uma afiliação secundária chinesa. É o único país com mais de 3 HCRs, em contraste com 6 países em 2022. É seguido por Itália, Índia e Reino Unido, que têm 3 HCRs que indicam uma afiliação saudita primária.
- As maiores mudanças, em relação a 2022, podem ser vistas para Alemanha e Espanha. Enquanto a Espanha foi o segundo país nesta lista, com 11 HCRs sauditas indicando uma afiliação secundária espanhola em 2022, em 2023 nenhum caso desse tipo foi mais observado.
- A Alemanha também viu uma queda significativa, de 5 HCRs da Arábia Saudita, indicando uma afiliação secundária alemã em 2022 para apenas 1 caso em 2022.
Conclusão
Os resultados do nosso estudo mostram que a Arábia Saudita experimentou a maior queda de Pesquisadores Altamente Citados principalmente afiliados a eles na última década e que isso provavelmente reduzirá o número de instituições sauditas dentro do Top 200 do Ranking de Xangai para 1 universidade.
No curto prazo, isso afastará ainda mais a Arábia Saudita de seu objetivo Visão 2030 de garantir que 5 universidades estejam classificadas no Top 200 dos rankings internacionais até 2030. Dito isso, acreditamos que, a longo prazo, terá um impacto positivo na política de ensino superior e pesquisa não apenas nos países e universidades que foram negativamente impactados pelo jogo anterior de afiliações no banco de dados de Pesquisadores Altamente Citados da Clarivate, mas também no próprio sistema de ensino superior e pesquisa da Arábia Saudita.
A perda de alguns lugares no Ranking de Xangai não tornará a Arábia Saudita um lugar menos atraente para os principais pesquisadores e não houve grandes ondas de renúncias dos principais pesquisadores da Arábia Saudita; O impacto é simplesmente virtual em uma lista virtual. A ambição legítima de se tornar uma nação líder em pesquisa e ensino superior deve ser baseada em ativos sustentáveis e focada no desenvolvimento de talentos locais. Medidas direcionadas de atração de talentos só fazem sentido se estiverem inseridas em uma estratégia mais ampla de longo prazo.
Certamente que os critérios para que pesquisadores sejam incluídos na lista da Clarivate agora devem ficar ainda mais restritos, depois que o escândalo envolvendo rankings universitários sauditas foi descoberto pelo EL PAÍS em abril de 2023.
OEL PAÍS pediu à Clarivate uma lista de investigadores espanhóis excluídos por alegadas más práticas. No entanto, uma porta-voz da empresa disse que a empresa não pode compartilhar esses registros. Ela também enfatiza que "cientistas com comportamento incorreto” demonstrado em pesquisas formais "não podem ser selecionados para a [lista] Pesquisadores Altamente Citados”.
== REFERÊNCIAS ==
[1] FAPESP. Denúncia e exclusão. Disponível em:https://revistapesquisa.fapesp.br/denuncia-e-exclusao/ Acesso em 04 jan. 2024.
[2] CLARIVATE Highly Cited Researchers – Clarivate Disponível em:https://clarivate.com/highly-cited-researchers/Acesso em 04 jan. 2024.
[3]EL PAÍS.Arabia Saudí paga a científicos españoles para hacer trampas en el ‘ranking’ de las mejores universidades del mundo. Abril 2023. Disponível em:https://elpais.com/ciencia/2023-04-18/arabia-saudi-paga-a-cientificos-espanoles-para-hacer-trampas-en-el-ranking-de-las-mejores-universidades-del-mundo.html Acesso em 04 jan. 2024
[4] EL PAÍS.The list of the world’s most-cited scientists excludes 1,000 researchers over fraudulent practices.Nov. 2023. Disponível em:https://english.elpais.com/science-tech/2023-11-25/the-list-of-the-worlds-most-cited-scientists-excludes-1000-researchers-over-fraudulent-practices.html Acesso em: 04 jan. 2024.
[5] SIRIS Academic.A turning point for Saudi Arabian affiliations in the 2023 Highly Cited Researchers™ list from Clarivate. Nov. 2023. Disponível em:https://assets-global.website-files.com/628cd02660188df249f8f8ce/656248a6716009b40e2f6e70_SIRISAcademic_SaudiHCRs2023_Report.pdfAcesso em: 04 jan. 2024
Compilação de informações: Elisabeth Dudziak (Agência de Bibliotecas e Coleções Digitais da USP).
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- 02/01/2024 - Leonam Guimarães defende a implantação dos SMRs e sugere a criação de um órgão global de controle de resíduos nuclearesFonte: Petronotícias
Atualmente o Brasil está na expectativa da conclusão da usina nuclear Angra 3, que vai colocar no sistema impressionantes 1.350 GW de energia. E acompanhando o exemplo de dezenas de países que estiveram presentes na COP 28, as empresas privadas desenvolvem as gestões para se implantar no Brasil os pequenos reatores nucleares modulares, menores, mais baratos, que podem ser construídos e instalados em lugares ermos onde há carência de energia e em muitos Estados que necessitam de energia limpa e firme. O Brasil tem tudo para isso, inclusive as minas de uranio, para produzir o combustível a ser utilizado. Para saber mais sobre isso, buscamos conversar com o engenheiro especialista Leonam Guimarães, respeitado internacionalmente, um dos membros do grupo de assessoria em energia nuclear do Diretor-Geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi.Ex-presidente da Eletronuclear e atualmente servindo à Amazul, Leonam fala sobre a febre dos SMRs no mundo, mas traz um alerta importante sobre o resíduo nuclear. Ele defende uma política única mundial de controle, aceitar por todos os países que implantam a geração nuclear, semelhante a instituição norte-americana que engloba todo sistema aéreo mundial.
– Como o senhor está vendo o movimento de se implantar no Brasil os pequenos reatores nucleares?
A nova geração de pequenos reatores modulares (SMR) proporciona maior segurança, custos mais baixos, financiamento mais fácil, melhor compatibilidade com redes elétricas nacionais de porte limitado e riscos de projeto reduzidos, o que pode melhorar a aceitação social e atrair o investimento privado. Por causa disso, a comunidade nuclear e até mesmo a grande mídia estão cada vez mais recorrendo aos SMRs para anunciar um "renascimento nuclear” há muito esperado, mas nunca observado.– O que o senhor chama de renascimento nuclear ?
O excesso de promessas em termos de custos baixos é uma questão importante. Lembrem-se: as primeiras alegações de que a eletricidade nuclear seria "barata demais para ser medida”. Ainda não foi demonstrado que as economias de escala, que levaram as centrais nucleares a se tornarem cada vez maiores, podem ser compensadas pelas economias de múltiplos que são esperadas da produção em fábrica por linha de montagem, assumindo que carteiras de encomendas completas podem manter estas linhas ocupadas. Mas para quantos dos mais de 80 projetos de SMR em desenvolvimento haverá um mercado grande o suficiente para alimentar uma linha de montagem para produção em fábrica? Qual seria a encomenda mínima para viabilizar o investimento na fábrica e sua linha de montagem? Há já 50 anos, físicos e engenheiros que projetavam grandes centrais nucleares estavam concentrados nos desafios interessantes de propor cada vez mais variantes de reatores que parecessem, no papel, mais eficientes, mais seguros ou mais baratos. Mas mesmo a variedade comparativamente limitada de designs propostos naquela época provou ser mais um obstáculo do que uma vantagem.– Pode ser mais específico e dar um exemplo?
– Olha, o Reino Unido hesitou durante anos em fazer escolhas difíceis, enquanto construía e operava unidades dispendiosas, únicas do tipo, de muitos projetos diferentes. O programa de grandes reatores de maior sucesso ocorreu na França, onde foi tomada uma decisão inicial de se restringir a um projeto PWR padronizado. Hoje, a lição clara é que apenas alguns projetos de SMR podem esperar beneficiar-se da economia de múltiplos e, assim, alcançar o sucesso comercial.– Os atrasos nas construções de grande usinas e centrais nucleares também encarecem a obra…
– É outro erro do passado que também afeta a economia são os longos prazos necessários para a implementação de centrais nucleares. Muitos dos atrasos devem-se a deficiências técnicas ou de gestão do projeto, mas uma grande contribuição tem sido muitas vezes o tempo necessário para os reguladores licenciarem um novo projeto. A forma de superar este obstáculo é desenvolver um conjunto de regulamentações "risk informed”, adaptadas a projetos de SMR menores e, em seguida, harmonizar as regulamentações de licenciamento em todos os países potenciais utilizadores. Um precedente útil é a Administração Federal de Aviação dos EUA, cujos regulamentos sobre aeronaves são aceitos globalmente como base técnica para todos os regulamentos nacionais. Mas acertar a economia dos SMR e reduzir os tempos de licenciamento e construção não resolverá por si só o problema. Existem outros desafios que os grandes projetistas de reatores ignoraram até tarde demais.– Pode dar algum exemplo?
– O exemplo mais claro aqui é a negligência na abordagem da questão da eliminação segura doAlém destes potenciais impedimentos à ampla implantação de SMR, existem algumas questões novas a serem abordadas. Uma delas está relacionada com a proliferação nuclear e as preocupações de segurança que podem surgir num cenário em que centenas de SMR estão distribuídos por todo o mundo, em muitos países sem experiência nuclear e, em alguns casos, em regiões remotas dentro desses países. No final, devido aos seus inventários físseis menores aos projetos compactos, as preocupações de segurança nuclear com a implantação generalizada de SMR podem ser menores do que com as atuais centrais nucleares, com os seus inventários muito maiores de materiais físseis. No entanto, a questão deve ser discutida agora pela comunidade nuclear e não ignorada até que seja levantada como um impedimento pelos opositores nucleares em países potenciais utilizadores de SMRs. Se quisermos aprender com as amargas lições dos renascimentos nucleares esperados no passado, então devemos aprender com os erros cometidos naquela época e também antecipar quaisquer questões novas e inovadoras que surgirão com a implantação generalizada de SMRs.– Por que esse renascimento nuclear só está vindo agora?
– Cabe lembrar que o renascimento nuclear esperado na primeira década do século XXI acabou não ocorrendo, principalmente pelo acidente de Fukushima. Hoje a central de Zaporizhzhia vem sendo severamente ameaçada pela Guerra da Ucrânia. Um acidente severo poderia pôr a perder todo o esforço que vem sendo feito para que o renascimento nuclear efetivamente venha a ocorrer nessa terceira década impulsionado pela descarbonização profunda combinada à segurança energética. -
- 02/01/2024 - CNPq lança o XIII Prêmio de Fotografia – Ciência & Arte 2023Inscrições começam dia 29 de dezembro e vão até 9 de fevereiro de 2024
Inscrições começam dia 29 de dezembro e vão até 9 de fevereiro de 2024
Fonte: CNPq
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) lançou, nesta terça-feira, 26, o XIII Prêmio de Fotografia - Ciência & Arte 2023, destinado a contemplar imagens produzidas por estudantes de graduação e de pós-graduação, graduados e pós-graduados, docentes e pesquisadores brasileiros e estrangeiros com visto permanente no Brasil. Os interessados podem se inscrever em uma das duas categorias – Imagens Produzidas por Câmeras Fotográficas ou Imagens Produzidas por Instrumentos Especiais – a partir do dia 29 de dezembro. O prazo para a submissão de candidaturas vai até as 18h (horário de Brasília) do dia 9 de fevereiro de 2024. Cada categoria premiará até três candidatos. Os documentos necessários à inscrição e condições de qualificação estão no Regulamento disponível no site do Prêmio.
Os contemplados nesta edição receberão premiações em dinheiro no valor de R$ 15 mil, para o classificado em primeiro lugar; R$ 10 mil, para o agraciado com o segundo lugar; e R$ 5 mil, para o ganhador do terceiro lugar de cada categoria. Além disso, os ganhadores do Prêmio receberão um diploma e passagens aéreas e diárias, para que recebam a premiação em cerimônia presencial a ser realizada durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que acontecerá de 7 a 13 de julho de 2024, na Universidade Federal do Pará, em Belém. Os resultados do Prêmio serão divulgados até maio de 2024, no site do Prêmio e/ou no portal do CNPq.
A escolha dos candidatos será feita por Comissão Julgadora multidisciplinar, que avaliará os trabalhos considerando sua originalidade, o impacto visual, o domínio da técnica e da estética, a relevância da imagem para a pesquisa e a contribuição para a popularização e divulgação científica e tecnológica. Na categoria I, imagens produzidas por câmeras fotográficas, não serão aceitas imagens com tratamento, edição ou manipulação.
Os autores das imagens premiadas deverão encaminhar ao CNPq termo assinado de cessão de direitos, licenciamento e autorização de uso pleno da imagem, ficando resguardado seu direito de apresentar as imagens em exposições, reuniões e congressos, além de permitir sua divulgação pela imprensa ou por qualquer outro meio. O CNPq terá o direito de usar as imagens premiadas, em sua totalidade ou em parte, para impressão e demais fins de divulgação científica.
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- 31/12/2023 - 'Tempo é Saúde': Projeto da ABDAN é apresentadono 37o. Congresso de Medicina NuclearRevista Conexão Nuclear entrevista Rafael Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN)
Revista Conexão Nuclear entrevista Rafael Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN)
Fonte: Conexão Nuclear
Lopes comenta sobre os desafios do setor de medicina nuclear entre eles a dependência externa com a importação de insumos para produção de radiofármacos. O IPEN é citado como principal fornecedor nacional de geradores de Tecnécio-99m entre outros radiofármacos utilizados para diagnóstico e terapia em Medicina Nuclear.