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- 18/01/2017 - Respeitar a lei e a Fapesp - Editorial de O Estado de S. PauloAinda que seja grave, a atual crise econômica não é motivo razoável para desmantelar uma instituição de tamanha relevância pública
Ainda que seja grave, a atual crise econômica não é motivo razoável para desmantelar uma instituição de tamanha relevância pública
Fonte: O Estado de S. Paulo
Em tempos de crise econômica, com a correspondente diminuição das receitas públicas, é imperioso que o governo – nas esferas federal, estadual e municipal – reduza suas despesas. Longe de representar uma opção ideológica, o equilíbrio fiscal é uma necessidade de todo administrador público responsável. Esse corte de gastos, porém, deve ser feito de forma criteriosa, respeitando, em primeiro lugar, a legislação vigente. Tais condições, porém, não foram observadas pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) ao excluir do orçamento estadual de 2017 importantes receitas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O projeto de lei orçamentária para 2017 encaminhado à Alesp pelo Poder Executivo previa um repasse de R$ 1,116 bilhão do Tesouro do Estado para a Fapesp. Pouco antes da votação, no entanto, lideranças partidárias – entre elas a do PSDB, partido do governo, que detém ampla maioria no Legislativo estadual – apresentaram uma emenda para retirar R$ 120 milhões da agência de pesquisa, redirecionando esse valor para "projetos de modernização” dos Institutos de Pesquisa do Estado – um conjunto de 19 instituições, que inclui os Institutos de Botânica, Pesca, Geológico, Florestal, Agronômico de Campinas, Butantan, Pasteur e Adolfo Lutz, entre outros.
Com isso, a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2017 – publicada no Diário Oficial do Poder Legislativo no dia 22 de dezembro e sancionada pelo governador Geraldo Alckmin uma semana depois – estabeleceu que seja destinado à Fapesp o valor de R$ 996 milhões. O montante, no entanto, é inferior ao que, por força da Constituição estadual de 1989, a agência tem direito.
O art. 271 da Carta Magna estadual é claro: "O Estado destinará o mínimo de um por cento de sua receita tributária à Fapesp, como renda de sua privativa administração, para aplicação em desenvolvimento científico e tecnológico”. Segundo cálculo da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), o montante previsto pela LOA de 2017 corresponde apenas a 0,89% da receita tributária estadual.
Além de ilegal, a emenda aprovada pela Alesp, com o patrocínio do Palácio dos Bandeirantes, é um tremendo equívoco administrativo. A despeito de tantos casos de ineficiência no setor público, a Fapesp cumpre eficientemente sua missão institucional de promover a pesquisa. Desde o início de seu funcionamento, em 1962, a agência dá inequívoca contribuição ao desenvolvimento científico no Estado e no País.
Ainda que seja grave, a atual crise econômica não é motivo razoável para desmantelar uma instituição de tamanha relevância pública. Além do mais, ela cumpre uma antiga aspiração da população paulista. Basta ver, por exemplo, que a Constituição estadual de 1947, antes mesmo da criação da Fapesp, já previa destinar parte das receitas tributárias a uma agência de amparo à pesquisa.
É de admirar, portanto, que o governador Geraldo Alckmin, com inequívocas intenções presidenciais, tenha consentido com essa medida de restrição orçamentária à Fapesp. Além de alimentar resistências a seu nome, corre o risco de ver relacionado seu estilo de governar a uma visão estreita e de curto prazo, incompatível com as competências requeridas para o exercício do mais alto cargo da República.
A promoção da ciência e da pesquisa exige não pequenos investimentos e quase nunca traz dividendos políticos imediatos. Seus efeitos são lentos, em ritmo diverso daqueles próprios da agenda eleitoral. Tal fato, porém, não pode levar a uma política de desvalorização da pesquisa – como se ela fosse dispensável ou, ao menos, não prioritária –, por meio da redução injustificada de recursos a ela destinados. Ao contrário, a verdadeira relevância social da pesquisa científica está muitas vezes relacionada a essa aparente lentidão e a esse passar oculto aos olhos do grande público. Só assim, despreocupada dos interesses imediatos do governo, a ciência tem condições de produzir resultados isentos e duradouros.
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- 17/01/2017 - Após mobilização da comunidade científica, governo recompõe orçamento da área“A luta foi árdua. Ela não foi ganha, ela está garantida em um decreto, mas nós temos agora que ficar atentos para que não tenha um contingenciamento [desses recursos]”, disse à Agência Brasil a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader
“A luta foi árdua. Ela não foi ganha, ela está garantida em um decreto, mas nós temos agora que ficar atentos para que não tenha um contingenciamento [desses recursos]”, disse à Agência Brasil a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader
Fonte: Jornal da CiênciaEm publicação no Diário Oficial da União de ontem (16), o governo federal retomou integralmente o orçamento de R$ 1,7 bilhão para o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). A medida ocorre após mobilização da comunidade da ciência, tecnologia e inovação pela recomposição do orçamento da área.
Em portaria assinada pelo secretário de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento, George Soares, foram recuperados R$ 1,1 bilhão para o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), R$ 296 milhões para o MCTIC e R$ 317 milhões para as organizações sociais ligadas ao ministério, como o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP).
"A luta foi árdua. Ela não foi ganha, ela está garantida em um decreto, mas nós temos agora que ficar atentos para que não tenha um contingenciamento [desses recursos]”, disse à Agência Brasil a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader.
Na prática, a medida retoma o orçamento retirado pelo Congresso Nacional de fonte referente a recursos garantidos do Tesouro Nacional e transferido para outra fonte em que não havia garantia ou previsão orçamentária, chamada de Recursos Condicionados. Ao perceber os cortes na LOA, a SBPC e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) divulgaram um manifesto com mais nove entidades da área alertando sobre as prováveis consequências da redução de recursos. Um abaixo-assinado lançado pelas instituições já reuniu mais de 26 mil assinaturas.
"Essa luta começou quando foi decidido que haveria a PEC 55 [que congela os gastos públicos por 20 anos], pois o MCTIC ficou no pior patamar dos últimos anos e isso foi usado para fotografar o setor. Conseguiu-se um pequeno aumento e, agora, voltar o orçamento [anterior] significa um respeito. Não é o que o Brasil precisa se deseja ser uma nação forte e independente tecnologicamente, mas mantém a infraestrutura básica da ciência. Foi um motivo de alegria”, avaliou Nader.
De acordo com ministério, a medida já está em vigor. O montante deve ser usado para antecipar os pagamentos das bolsas de pesquisa dos meses de janeiro e fevereiro e despesas administrativas da pasta. O ministro Gilberto Kassab afirmou que a decisão do governo é uma "homenagem à comunidade científica”.
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- 17/01/2017 - Comunicação Científica na Web e na América Latina: Entrevista com Isidro AguilloVeja entrevista interessante realizada pelo SIBI/USP como o Prof. Isidro Aguillo, uma das maiores autoridades em Cienciometria, sobre o Futuro da Comunicação Científica e o impacto da ciência
Veja entrevista interessante realizada pelo SIBI/USP como o Prof. Isidro Aguillo, uma das maiores autoridades em Cienciometria, sobre o Futuro da Comunicação Científica e o impacto da ciência
Fonte: Acontece - SIBI/USP
Reconhecido como autoridade internacional nas questões relacionadas à bibliometria, cientometria e webometria, Isidro Aguillo concedeu entrevista (por e-mail) à equipe do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP (SIBiUSP), onde compartilhou alguns de seus pontos de vista sobre a visibilidade acadêmica e científica na web, impacto da ciência e o futuro da comunicação científica. Antes, saiba um pouco mais sobre esse importante pesquisador, suas atividades e projetos.Nascido Isidro Francisco Aguillo Caño em La Rioja, Espanha em 1963, licenciou-se em Biologia com especialização em Zoologia, é mestre em Informação e Documentação, diplomado em Estudios Avanzados (DEA), detentor de dois títulos Doctor Honoris Causa. É membro regular de comissões científicas de conferências e revistas científicas, autor de numerosas publicações sobre os processos de comunicação científica e indicadores web de desenvolvimento da ciência e da tecnologia, quase que diariamente compartilha suas opiniões no Twitter.
Editor do Rankings Web de Universidades – Webometrics, responsável pelo Laboratorio de Cibermetria (Grupo Scimago) do Instituto de Bienes y Políticas Públicas (IPP -CSIC), dedica-se também a projetos como o OpenAIRE- de repositórios da Comissão Européia, ACUMEN- portfolio de indicadores científicos para indivíduos do VII Programa Marco de Inovação e Desenvolvimento da União Européia (UE); QEAVIS(Seção eHumanidades); Redes de Colaboración (Visibilidade Web) e PRACTIS 2008 (Tecnometría de CC SS e HH) do Plano Nacional de Inovação e Desenvolvimento da Red de ExcelenciaMA2VICMR da Comunidade de Madrid, Espanha. Ornitólogo aficionado, jáfez várias viagens de observação de aves, da Floresta Amazônica aos desertos da Namíbia, entre outros destinos. Sualista inclui mais de 2.000 espécies.Em 2012, foi um dos palestrantes convidados pelo SIBiUSP para o Simpósio Internacional sobre Rankings Universitários e Impacto Acadêmico na Era do Acesso Aberto, em São Paulo, Brasil, que reuniu especialistas internacionais e possibilitou a discussão em torno do impacto gerado pela produção científica e os indicadores de qualidade institucionais. Confira a entrevista.
SIBiUSP: Você é pesquisador do Cybermetrics Lab, ligado à Agencia Estatal Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC). Conte-nos um pouco sobre este laboratório e seu papel na estrutura de Ciência e Tecnologia (C&T) da Espanha.
Isidro Aguillo: O Cybermetrics Lab é um grupo de pesquisa pertencente ao CSIC, o mais importante organismo de pesquisa pública da Espanha e um dos maiores da Europa. Nossa principal missão é estudar a comunicação científica na Web, publicando artigos e relatórios sobre esse tema em nível local e global, mas com um forte interesse na América Latina [LATAM]. Também acolhemos doutorandos e visitantes de pós-doutorado, e estamos envolvidos em projetos da União Europeia (UE).
SIBiUSP: O Cybermetrics Lab desenvolveu e mantém ferramentas de avaliação, como o Webometrics Ranking, o Ranking Web de Repositóriose, mais recentemente, a lista de Autores com h> 100 segundo seu perfil no Google Scholar Citations1 .
- De que maneira essas ferramentas são distintas de outras disponíveis?
Isidro Aguillo: A diferença mais óbvia é que estamos usando indicadores da web, sozinhos ou combinados com dados bibliométricos. Mas há também uma agenda "política”, pois decidimos cobrir todos os países em nossa análise, não apenas os desenvolvidos. Nossas listas de instituições possuem mais de 40.000 entradas, enquanto o número de indivíduos classificados é provavelmente perto de 200.000, com uma cobertura completa dos países latino-americanos [LATAM].
SIBiUSP: O Google Scholar é uma fonte de dados confiável?
Isidro Aguillo: Verificando a literatura disponível sobre este banco de dados, a maioria dos estudiosos concorda que é tão confiável como WoSou Scopus, mas com uma cobertura que é várias vezes maior e considerando que é de livre acesso, eu acho que deveria ser a opção preferida para os países latino-americanos. Claro, existem problemas, como os indicadores de revistas científicas do Google Scholar Metrics que, na minha opinião, são demasiado tendenciosos para serem úteis.
SIBiUSP: Qual é a real importância dos rankings universitários?
Isidro Aguillo: Para nós, tem sido uma ferramenta poderosa para promover iniciativas de acesso aberto, que foi (e ainda é) o objetivo original dos Rankings Web. Outros editores de rankings têm outras agendas com fortes vieses políticos e comerciais e há até charlatões sem qualquer conhecimento real sobre o ensino superior e sobre as universidades. Mas no final há uma grande sobreposição entre os melhores desempenhos dos principais rankings, por isso há poucas dúvidas sobre quais são as melhores universidades de acordo com determinado modelo – as chamadas universidades intensivas em pesquisa. No entanto, as instituições que seguem outros modelos, como as universidades nacionais, que são tão importantes na América Latina, não são adequadamente reconhecidas nos rankings ARWU [Academic Ranking of World Universities], THE[Times Higher Education World University Rankings] ou o QS [Quacquarelli Symonds World University Rankings].
SIBiUSP: Muitos pesquisadores consideram as Ciências Humanas periféricas no campo das ciências. Isso se deve às diferentes dinâmicas de produção de conhecimento, que dificultam a mensuração pelos padrões atuais de avaliação científica.
- Neste sentido, que alternativas teríamos para demonstrar o potencial desta área e quais os indicadores que poderiam ser utilizados?
Isidro Aguillo: Discordo fortemente dessa afirmação. Como mostra o Google Scholar, as contribuições das Humanidades não são apenas relevantes, mas têm um impacto independente dos canais de publicação. A bibliometria fácil realizada por estudiosos com a base de dados WoS é realmente errada em muitas disciplinas devido aos grandes vieses e lacunas das bases de dados "tradicionais”.
SIBiUSP: Tendo em conta que os atuais modelos de avaliação científica tendem a enfatizar as citações em vez dos resultados reais, uma alternativa a esta questão seria medir o impacto das pesquisas científicas na sociedade. Desta forma, como poderíamos medir o impacto social?
Isidro Aguillo: Em primeiro lugar, acho que as citações ainda têm um papel importante nos processos de avaliação e não devem ser descartadas. No entanto, elas devem ser utilizadas em combinação com métodos qualitativos como o Manifesto de Leiden recomenda. Os indicadores altmetrics2 podem ser úteis também, mas eu acho que os atuais indicadores disponíveis estão realmente longe de medir verdadeiro impacto social. Os bibliotecários passaram por alto de outra disciplina de métricas que deve ser explorada em profundidade para tal propósito: Econometria. Como método, não apenas como forma de incorporar fontes de dados econômicos.
SIBiUSP: Em sua recente apresentação, você destacou a importância dos perfis de autores, instituições e grupos de pesquisa, que representam uma mudança de paradigma na ciência e na comunicação científica.
Isidro Aguillo: Devemos abandonar as métricas baseadas em revistas que não são úteis e são muito enganosas para os processos de avaliação, um grave erro comum na América Latina. O perfil é o futuro e a marca digital do pesquisador se tornará cada vez mais importante, por isso novas estratégias de comunicação devem ser desenvolvidas, especialmente aquelas que envolvem redes sociais.
SIBiUSP: Neste cenário, como fica a revisão por pares, elemento fundamental da validação da qualidade da pesquisa? E o que acontece com o papel do marketing? Poderá desvirtuar a avaliação da qualidade da ciência?
Isidro Aguillo: Tenho sérias dúvidas sobre o papel da revista tradicional como a principal unidade de comunicação científica. O esforço deve ser no sentido de fortalecer os artigos individuais, e a revisão por pares aberta é uma boa opção para identificar e filtrar a qualidade. Existem vários modelos que podem ser aplicados, mas minhas preferências vão para um híbrido de revisão por pares pré e pós-aberta.
Desde o passado o prestígio tem sido um motor para a mobilidade acadêmica, e é um fator chave para explicar o sucesso das instituições anglo-saxônicas. Até muito recentemente este recurso intangível era construído de uma forma muito opaca, mas agora a marca digital de cada pesquisador oferece uma maneira mais acessível e transparente para construí-lo, embora a confiabilidade dos métodos de marketing possa ser um problema.
SIBiUSP: Tendo em conta este pano de fundo, qual seria o futuro da publicação científica? Estaremos publicando em revistas como fazemos hoje?
Isidro Aguillo: Acho que o grande problema da ciência latino-americana é a inflação de revistas científicas. Redalyc, Scielo, Latindex e PKP [Public Knowledge Project] devem repensar seriamente suas políticas, pois promovem um enorme aumento de periódicos medíocres. Também na América Latina não há diretórios de assunto ou megajournals que deveriam ter um papel na transição para um cenário sem revistas. Também me preocupa o foco atual dos repositórios latino-americanos em teses e dissertações e artigos em revistas locais. Outra questão que necessita de mais debate é a preferência dos repositórios / coletores de conteúdo nacionais relativamente aos repositórios institucionais. Para minha surpresa um grande número de repositórios institucionais na América Latina coletam principalmente teses e dissertações (Doutorado e Mestrado). Parece que muitas universidades pensam que apenas teses são de acesso aberto ou talvez publiquem poucos artigos em revistas não-locais.
SIBiUSP: Como você vê o crescimento das recentes métricas alternativas na avaliação da pesquisa e dos pesquisadores?
Isidro Aguillo: Há muitos artigos na América Latina descrevendo muito acriticamente o movimento altmetrics2. Há muita ênfase nas métricas de uso que podem ser muito enganosas sem fixação de padrões, e os indicadores fornecidos por serviços como ResearchGate, Academia ou Mendeley de forma alguma substituem a análise de citação (provavelmente tais indicadores sejam um subconjunto da análise de citação); e o indicador composto oferecido pela [empresa] Altmetric.com é uma caixa preta, e ninguém sabe exatamente o que o Twittermetrics está realmente medindo.
SIBiUSP: Na sua opinião, qual é a importância da Ciência Aberta? Ela é realmente viável ou será "destruída” pelos interesses comerciais? Como vê as ameaças ao acesso aberto?
Isidro Aguillo: Cada um dos componentes da Ciência Aberta (incluindo até mesmo a Ciência do Cidadão – Citizen Science) já está sendo alvo de interesses comerciais. Os bibliotecários estão contribuindo com a aquisição ou suporte de ferramentas comerciais e serviços com condições desvantajosas (nada de novo nisso, uma vez que as condições de assinaturas digitais já são bastante abusivas). Em minha opinião, para evitar problemas, a Ciência Aberta deve ser fortemente apoiada por governos envolvendo um vigoroso financiamento público de infraestruturas e ferramentas.
SIBiUSP: Qual é o papel das bibliotecas e bibliotecários no atual cenário de mudança da avaliação científica?
Isidro Aguillo: Na Europa, os bibliotecários acadêmicos já constituem o maior grupo bibliométrico existente, mas ainda há muitos problemas – muitos deles não conhecem o Manifesto de Leiden, por exemplo. Na América Latina temos iniciativas equivocadas como a bibliografia do Redalyc, outras com viabilidade futura incerta como o acordo Scielo-WoS, e em geral a maioria de seus bibliotecários ainda não estão assumindo um papel bibliométrico. Se posso dar um conselho, sugiro-lhes o modelo CRIS [Current Research Information System], evitando produtos comerciais como PURE e analisando serviços como o FUTUR (da Universidade Politécnica da Catalunha).
Notas:
1. h = índice h, mede a produtividade e o impacto individual de cientistas através do número de publicações e suas citações. Saiba mais em: https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndice_h.
2. Indicadores altmetrics = medidas de indicadores alternativos (em português: altmetria) baseadas no uso e nas menções nas mídias sociais. Saiba mais em: https://bsf.org.br/2014/07/15/altmetrics-redes-sociais-como-metricas-alternativas-para-medir-o-impacto-cientifico/.
Contato:
E-mail: isidro.aguillo@csic.es - Twitter: @isidroaguillo
== English version ==
Scientific Communication on the Web and in Latin America: Interview with Isidro Aguillo
Recognized as an international authority on issues related to bibliometrics, scientometrics and webometrics, Isidro Aguillo gave an interview (by e-mail) to the team of the Integrated Library System of USP (SIBiUSP), where he shared some of his points of view on academic and The impact of science and the future of scientific communication. Before, know a little more about this important researcher, his activities and projects.
Born Isidro Francisco Aguillo Caño in La Rioja, Spain in 1963, he has a degree in Biology with a specialization in Zoology, a Master in Information and Documentation, a Diploma in Advanced Studies (DEA), holder of two Doctor Honoris Causa degrees. He is a regular member of scientific commissions of conferences and scientific journals, author of numerous publications on the processes of scientific communication and web indicators of development of science and technology, almost daily he shares his opinions on Twitter.
Editor of the Web Rankings of Universities – Webometrics, responsible for the Laboratory of Cybermetrics (Grupo Scimago) of the Institute of Public Goods and Policies (IPP – CSIC), is also dedicated to projects such as OpenAIRE – from European Commission repositories, ACUMEN – portfolio Of scientific indicators for individuals of the VII Framework Program for Innovation and Development of the European Union (EU); QEAVIS (Section eHumanities); Redes de Colaboración (Web Visibility) and PRACTIS 2008 (Tecnometría de CC SS and HH) of the National Plan for Innovation and Development of the Network of Excellence MA2VICMR of the Community of Madrid, Spain. Amateur ornithologist, he has already made several trips of bird watching, from the Amazon Forest to the deserts of Namibia, among other destinations. Hislist includes more than 2,000 species. In 2012, he was one of the speakers invited by SIBiUSP to the International Symposium on University Rankings and Academic Impact in the Open Access Era, in São Paulo, Brazil, which brought together international experts and made it possible to discuss the impact of scientific production and institutional quality indicators. Check the interview.
SIBiUSP: You are a researcher at Cybermetrics Lab, CSIC. Tell us a little bit about this lab and its role in Spain’s S&T structure.
Isidro Aguillo: The Cybermetrics Lab is a research group belonging to CSIC (Spanish Research Council), the most important public research body in Spain and one of the largest in Europe. Our primary mission is to study the scholarly communication in the Web, publishing papers and reports on this topic at local and global level but with a strong interest in Latin America [LATAM]. We also host doctoral students and post-doctoral visitors and we are involved in EU projects.
SIBiUSP: Cybermetrics Lab has developed and maintains evaluation tools, such as the Webometrics Ranking, the Ranking Web of Repositories, and, more recently, the list of Authors with h> 100 according to their Google Scholar Citations Profile1
– In what ways are these tools distinct from others that are available?
Isidro Aguillo: The most obvious difference is that we are using web indicators, alone or combined with bibliometric data. But there is also a "political” agenda, as we decided to cover all the countries in our analysis, not only the developed ones. Our lists of institutions are over 40,000 entries, while the number of individuals ranked is probably close to 200,000, with a full coverage of LATAM countries.
SIBiUSP: Is Google Scholar a reliable data source?
Isidro Aguillo: Checking literature available about this database, most scholars agree that is as reliable as WoS [Web of Science] or Scopus, but with a coverage that is several times larger and considering that it is free access, I think it should be the preferred option for LATAM countries. Of course, there are problems, such as the journal indicators in Google Scholar Metrics that in my opinion are too strongly size biased to be useful.
SIBiUSP: What is the real importance of the university rankings?
Isidro Aguillo: For us it has been a powerful tool for promoting open access initiatives, that was (and still it is) the original aim of the Web Rankings. Others rankings editors have another agendas with strong political and commercial biases and there are even charlatans without any real knowledge about higher education and universities. But at the end there is a large overlap of the top performers among the main rankings, so there is little doubt about which are the best universities according to certain model, the so-called research-intensive universities. However, the institutions following other models like the nation-building universities, that are so important in LATAM, are not adequately recognized in ARWU [Academic Ranking of World Universities], THE [Times Higher Education World University Rankings] ou QS [Quacquarelli Symmonds World University Rankings].
SIBiUSP: Many researchers consider the subject of Human Sciences peripheral in the sciences field. This is due to its different dynamics of producing knowledge, which make it difficult to measure by the current standards of scientific evaluation.
– In this sense, what alternatives would we have to demonstrate the potential of this area and what indicators could be used?
Isidro Aguillo: I strongly disagree with that sentence. As Google Scholar is showing, the contributions by Humanities are not only relevant but having an impact independently of their publication channels. Easy bibliometrics done by WoS-centered scholars is really wrong about a lot of disciplines due to the large biases and gaps of the "traditional” databases.
SIBiUSP: Taking into account that current models of scientific evaluation tend to emphasize citations rather than actual results, an alternative to this question would be to measure the impact of research on society. In this way, how could we measure social Impact?
Isidro Aguillo: First of all, I think citations still have an important role in the evaluation processes and they should not be discarded. Nevertheless they should be used in combination with qualitative methods as Leiden Manifesto recommends. Altmetrics indicators2 can be useful too, but I think the current ones are really far from measuring true societal impact. Librarians have overlooked another metrics discipline that should be explored in depth for such purpose: Econometrics. As a method, not only as a way of incorporating economic data sources.
SIBiUSP: In your recent presentation, you highlighted the importance of the profiles of authors, institutions and research groups, which represent a paradigm shift in science and scientific communication.
Isidro Aguillo: We should abandon journal-level metrics that are not useful and very misleading for evaluation processes, a serious mistake common in LATAM. Profiling is the future and branding will become more and more important, so new communication strategies should be developed, especially those involving social networks.
SIBiUSP: In this scenario, does the peer review, fundamental element of research quality validation, need to change? Also, what about the role of marketing? Can it distort the evaluation of the quality of science?
Isidro Aguillo: I have serious doubts about the role of traditional journal as the main unit of scholarly communication. Effort should be done for enriching individual papers and open peer review is a good option for identifying and filtering quality. There are several models that can be applied but my preferences go to an hybrid one with both pre- and post- open peer review.
Prestige has been a motor for scholar mobility in the past, a key factor for explaining the success of Anglo-saxon institutions. Till very recently this intangible resource was built in a very opaque way, but now the digital branding offers a more more affordable and transparent way to build it, although reliability of marketing methods are going to be an issue.
SIBiUSP: Taking into account this backdrop, what would be the future of scientific publication? Will we still be publishing in journals as we do today?
Isidro Aguillo: I think major problem of LATAM science is the inflation of journals. Redalyc, Scielo, Latindex e PKP [Public Knowledge Project] should rethink seriously their policies that are promoting a huge increase of mediocre journals. Also in LATAM there is no subject directories or megajournals that should have a role in the transition to a journal-less scenario. I also concerned about the current focus of LATAM repositories in thesis and dissertations and papers in local journals. Another issue that needs more debate is the preference of national repositories/harvesters regarding the institutional repositories. To my surprise a large number of institutional repositories in LATAM are collecting mostly thesis (MS and doctoral). It looks that many universities think that only thesis are OA [Open Access] or perhaps they publish few papers in non-local journals.
SIBiUSP: How do you see the growth of recent alternative metrics in the evaluation of research and researchers?
Isidro Aguillo: There is a lot of papers in LATAM describing very uncritically the altmetrics movement. There is a lot of emphasis on usage metrics that can be very misleading without fixing standards, the indicators by RG [ResearchGate], Academia or Mendeleyare in no way substitutes to citation analysis (probably they are a subset of it), the Altmetric.com composite indicator is a black box and nobody knows exactly what twittermetricsis really measuring.
SIBiUSP: In your opinion, what is the importance of Open Science? Is it really viable or will it be "destroyed” by commercial interests? How do you see open access threats?
Isidro Aguillo: Each one of the components of the Open Science (including even Citizen Science) is already being the target of commercial interests. Librarians are even contributing by acquiring or supporting commercial tools and services with nasty conditions (nothing new otherwise, as the digital subscriptions conditions are already abusive enough). In my opinion for avoiding problems the Open Science should be strongly supported by governments involving strong public funding of infrastructures and tools.
SIBiUSP: What is the role of libraries and librarians in the current changing scenario of scientific evaluation?
Isidro Aguillo: In Europe the academic librarians constitutes already the largest bibliometric group, but there are still a lot of problems, as for example not many of them knows about the Leiden Manifesto. In LATAM we have misguided initiatives like Redalyc bibliometrics, other with not clear future feasibility like the Scielo-WoS agreement, and in general most of its librarians are not assuming that bibliometric roles yet. If I can give an advice I will suggest to them the CRIS [Current Research Information System] model, avoiding commercial products like PURE and analyzing services like FUTUR (Technical University of Catalunya).
Notes:
1. h: h-index, it measures the productivity and individual impact of scientists through the number of publications and their citations. Learn more at: https://en.wikipedia.org/wiki/H-index .
2. Altmetrics indicators: alternative indicators metrics based on use and mentions in social media. Learn more at: https://en.wikipedia.org/wiki/Altmetrics.
Contact:
E-mail: isidro.aguillo@csic.es - Twitter: @isidroaguillo
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- 17/01/2017 - Pós-doutorado em engenharia com Bolsa da FAPESPO Centro de Ciência e Tecnologia dos Materiais do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) oferece uma oportunidade de pós-doutorado em Engenharia com bolsa da FAPESP
O Centro de Ciência e Tecnologia dos Materiais do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) oferece uma oportunidade de pós-doutorado em Engenharia com bolsa da FAPESP
Fonte: Agência Fapesp
O Centro de Ciência e Tecnologia dos Materiais do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) oferece uma oportunidade de pós-doutorado em Engenharia com bolsa da FAPESP. O prazo de inscrição encerra em 30 de janeiro.
O bolsista integrará equipe de pesquisa do Projeto Temático Estudo da corrosão localizada e caracterização da resistência à corrosão associada à fadiga na região de solda em ligas de alumínio de elevada resistência soldadas por fricção (FSW).
A bolsa de pós-doutorado está vinculada a um projeto específico, com o tema "Investigação da resistência à corrosão localizada de juntas soldadas de ligas Al-Cu-Li por FSW".
Os interessados deverão enviar Currículo Lattes completo (lattes.cnpq.br) ou curriculum vitae, se estrangeiro; MyCitation (Google Scholar); e projeto de pesquisa relacionado com o tema objeto do projeto por e-mail para egp01@ipen.br, com o título "Bolsa - PD Temático – Corrosão - SVET".
No projeto de pesquisa devem constar, com máximo de 15 páginas, em português ou inglês: introdução, objetivos, metodologia, método de análise de resultados, conclusões e bibliografia.
Mais esclarecimentos e informações adicionais sobre o Programa de Pesquisa podem ser obtidos no endereço egp01@ipen.br.
A oportunidade está publicada em http://www.fapesp.br/oportunidades/1378/.
O selecionado receberá bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP no valor de R$ 6.819,30 mensais e Reserva Técnica. A Reserva Técnica da bolsa de PD equivale a 15% do valor anual da bolsa e tem o objetivo de atender a despesas imprevistas e diretamente relacionadas à atividade de pesquisa.
Caso o bolsista resida em domicílio diferente e precise se mudar para a cidade onde se localiza a instituição-sede da pesquisa, poderá ter direito a um Auxílio-Instalação.
Mais informações sobre a bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP estão disponíveis em fapesp.br/bolsas/pd.
Outras vagas de bolsas de Pós-Doutorado, em diversas áreas do conhecimento, estão no site FAPESP-Oportunidades.
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- 16/01/2017 - MCTIC terá acesso a R$ 1,7 bilhão que estava vinculado à Fonte 900 do Orçamento em 2017Mudança libera utilização do montante para ações ligadas ao setor de ciência, tecnologia e inovação neste ano. "O governo está honrando seu compromisso de tentar recuperar o orçamento do setor", diz o ministro Gilberto Kassab.
Mudança libera utilização do montante para ações ligadas ao setor de ciência, tecnologia e inovação neste ano. "O governo está honrando seu compromisso de tentar recuperar o orçamento do setor", diz o ministro Gilberto Kassab.
Fonte: MCTICO Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) terá acesso a R$ 1,7 bilhão para recompor integralmente o orçamento da pasta para o ano de 2017. Com essa transferência, o MCTIC poderá usufruir de todos os recursos que estavam vinculados à Fonte 900 e que agora passam a integrar a Fonte 188 – ligada ao Tesouro Nacional. Assim, o montante ficará disponível para empenho.
A liberação dos recursos é fruto de solicitação do ministro Gilberto Kassab ao governo federal para executar os pagamentos de competência da pasta. O montante será utilizado para antecipar os pagamentos com as bolsas dos meses de janeiro e fevereiro e despesas administrativas do ministério.
A celeridade na obtenção de recursos para execução dos serviços e ações do MCTIC foi uma "homenagem à comunidade científica", segundo o ministro Gilberto Kassab. "O governo tem a consciência muito clara de que essa pasta teve um tratamento muito ruim nos últimos anos", afirmou.
O remanejamento está descrito em uma portaria do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, publicada nesta segunda-feira (16) no Diário Oficial da União. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) receberá R$ 1,1 bilhão, a administração do MCTIC, R$ 296 milhões e as Organizações Sociais (OS) ligadas ao ministério, como o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), receberão R$ 317 milhões.
Transparência
A Fonte 900 não dá garantias de onde viria o dinheiro, nem quando ele seria disponibilizado, por se tratar de uma fonte condicionada à disponibilidade de recursos adicionais aos do Tesouro Nacional. Para evitar a paralização dos serviços prestados pelo ministério e das entidades vinculadas e conferir mais segurança à execução do orçamento, o montante foi transferido para uma fonte do grupo 100, ligada ao Tesouro Nacional. Segundo Kassab, "o governo está honrando seu compromisso de tentar recuperar o orçamento do setor".
O orçamento do MCTIC disponível para investimentos em ciência, tecnologia e inovação este ano (excluindo gastos com pessoal e contingenciamentos) é de aproximadamente R$ 6 bilhões, valor 25% maior do que o do ano passado (em valores nominais, sem contar a inflação), segundo cálculos da pasta.
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- 16/01/2017 - AIEA diz que Irã cumpriu compromisso de remodelar usina nuclearFonte: UOLO Irã terminou de retirar as centrífugas de urânio e outras infraestruturas da usina nuclear de Fordow, como exigia o acordo assinado com o Grupo 5+1 - Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido, mais Alemanha -, informou nesta segunda-feira a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
"O Irã retirou as centrífugas e as infraestruturas restantes da usina de enriquecimento de combustível de Fordow, em linha com os compromissos do Plano Integral de Ação Conjunta (JCPOA, na sigla em inglês)", constatou a AIEA em comunicado divulgado hoje.
O pacto obrigava o Irã a remodelar a instalação e retirar parte das centrífugas um ano depois da entrada em vigor do acordo, no dia 16 de janeiro de 2016.
O compromisso era que Fordow deixasse de ser uma fábrica de produção de urânio enriquecido, o combustível que alimenta as usinas nucleares e também as bombas atômicas, para passar a ser um centro de desenvolvimento de tecnologia nuclear e física.
O diretor-geral da AIEA, Yukiya Amano, confirmou que o órgão verificou que o Irã tomou as medidas cabíveis em relação à Fordow dentro do prazo estabelecido pelo JCPOA.
O acordo, assinado após quase dois anos de negociações e mais de uma década de conflito, busca garantir que o Irã não tem a capacidade de desenvolver armas atômicas. Em troca, a comunidade internacional deveria retirar as sanções políticas e econômicas contra a República Islâmica.
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- 16/01/2017 - Unidades da Comissão Nacional de Energia Nuclear são acreditadas pelo InmetroLaboratório de Calibração de Dosímetros (LCD) e Laboratório de Poços de Caldas (Lapoc) receberam chancela do órgão de acreditação pela qualidade dos produtos e serviços desenvolvidos por eles.
Laboratório de Calibração de Dosímetros (LCD) e Laboratório de Poços de Caldas (Lapoc) receberam chancela do órgão de acreditação pela qualidade dos produtos e serviços desenvolvidos por eles.
Fonte: MCTICDois laboratórios pertencentes à estrutura da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) receberam acreditação do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). O Laboratório de Calibração de Dosímetros (LCD) do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) obteve o Certificado de Acreditação nº CAL 0636, enquanto o Laboratório de Poços de Caldas (Lapoc) obteve o Certificado de Acreditação nº CRL 1225.
O certificado obtido pelo LCD/CDTN é a primeira acreditação obtida pelo CDTN junto ao Inmetro. O termo expressa o reconhecimento pela competência institucional para fazer calibrações de medidores de equivalente de dose individual, além da solidez do Sistema de Gestão da Qualidade implantado no CDTN. A otimização do Laboratório de Calibração de Dosímetros foi financiada pelo Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec) do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
O Lapoc foi acreditado em 13 determinações distintas, tanto da área química como da área radiométrica. A diplomação representa o ingresso da unidade na Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaio (RNLE) do Inmetro. A divisão da Cnen é o primeiro laboratório brasileiro a receber acreditação do Inmetro para a determinação de radionuclídeos.
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- 16/01/2017 - Executivo retorna verbas da CT&I à Fonte do Tesouro na LOA 2017Vamos, toda a comunidade científica, continuar na luta para que mais recursos sejam alocados, e atentos para que nenhum deles seja retirado”, declarou a presidente da SBPC, Helena Nader
Vamos, toda a comunidade científica, continuar na luta para que mais recursos sejam alocados, e atentos para que nenhum deles seja retirado”, declarou a presidente da SBPC, Helena Nader
Fonte: Jornal da CiênciaA comunidade de ciência, tecnologia e inovação se uniu no final do ano passado para pedir a recomposição do orçamento de CT&I na Lei Orçamentária Anual de 2017. Nesta segunda-feira, 16 de janeiro, foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) que o Poder Executivo, junto aos Ministérios do Planejamento, da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e Fazenda, recuperou o orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações que havia sido retirado na Lei Orçamentária Anual de 2017. O Congresso Nacional havia retirado cerca de R$ 1,7 bilhões da Fonte 100, referente a recursos garantidos do Tesouro Nacional e transferido para a Fonte 900, que significa Recursos Condicionados. Ou seja, sem nenhuma previsão orçamentária.
A Portaria no. 3 de 12 de janeiro de 2017, da Secretaria do Orçamento Federal, publicada no DOU de hoje, modifica as fontes de recursos constantes na Lei Orçamentária Anual de 2017 – sancionada pelo Congresso no dia 27 de dezembro, e na última terça-feira, 10 pelo presidente em exercício, Rodrigo Maia – no que concerne à reserva de contingência, retornando os cerca de R$1,7 bi de recursos da CT&I à Fonte 100. Na prática, a verba agora voltou a ser paga pelo Tesouro, porém os recursos virão da Fonte 188, e não da Fonte 100.
Segundo o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTIC, Jailson Bittencourt de Andrade, a Portaria tem efeito imediato. "A Portaria retorna 100% dos recursos que haviam sido contingenciados à Fonte 100. São recursos referentes à Pesquisa de Desenvolvimento das Organizações Sociais, à administração do MCTIC e operações especiais – formação, capacitação e fixação de recursos humanos qualificados para CT&I – totalizando, assim, os R$1,7 bilhões que haviam sido retirados”, disse.
Os cortes do orçamento de CT&I na LOA 2017 foram percebidos pela SBPC logo que a Lei foi sancionada. Imediatamente, no dia 29 de dezembro, a SBPC escreveu uma nota de protesto e mobilizou nove entidades científicas para apoiar a manifestação, que alertava sobre as consequências drásticas dessa manobra para a área. O manifesto repercutiu em toda a imprensa nacional.
"Vamos, toda a comunidade científica, continuar na luta para que mais recursos sejam alocados, e atentos para que nenhum deles seja retirado”, conclama a presidente da SBPC.
Nader também ressalta a importância de todos os professores, pesquisadores, estudantes e demais profissionais que atuam em Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), bem como toda a sociedade, de endossar o abaixo-assinado para pressionar o governo a garantir recursos para o desenvolvimento da CT&I no País. Desde sua criação, mais de 26 mil pessoas já assinaram a petição. O objetivo é chegar a 100 mil assinaturas. O abaixo-assinado está disponível online neste link.
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- 16/01/2017 - Um ataque ao patrimônio paulista: inconstitucionalidade da emenda que determina a dotação da FapespArtigo assinado por Hernan Chaimovich, professor emérito do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, para o Jornal da Ciência
Artigo assinado por Hernan Chaimovich, professor emérito do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, para o Jornal da Ciência
Fonte: Jornal da CiênciaÀs vésperas do Natal, na calada da madrugada (como vem acontecendo muito ultimamente), por um acordo de líderes das bancadas governistas da Assembleia Legislativa de São Paulo, foi aprovada uma emenda na Lei Orçamentária Anual de 2017, que limita a dotação anual à Fapesp a 0,89% da receita tributária do Estado. O artigo 271 da Constituição Estadual de 1989 estabelece que essa dotação deve equivaler, no mínimo, a 1% da receita tributária. Assim, essa emenda é pura e simplesmente inconstitucional.
No entanto, o governador de São Paulo sancionou a lei com a emenda.
O governo deve achar que a dotação constitucional da Fapesp é excessiva. Como publicado em 27 de abril de 2016, o governo declara que a Fapesp "vive numa bolha acadêmica desconectada da realidade, financia estudos que muitas vezes não tem nenhuma serventia prática e gasta sem orientação maior”. Desconexão patológica da realidade é desconhecer o papel da Fapesp na formação de pessoal qualificado, o impacto intelectual, a os resultados sociais e econômicos das pesquisas financiadas pela Fundação. É provável, também, que fontes governamentais acreditem que o projeto de desenvolver a teoria da relatividade geral não deveria ter merecido apoio da Fapesp.
O piso constitucional da dotação da Fapesp, assim como o piso legal da dotação das universidades estaduais paulistas, são as únicas garantias de que o sistema paulista de pesquisa seja Política de Estado, no Estado de São Paulo, e não dependa das vontades dos governos. É essa garantia que, na prática, a emenda elimina, abrindo uma porteira pela qual qualquer governador poderá, no futuro, fazer passar sua boiada.
Se a comunidade científica não se mobilizar intensamente, e não mobilizar intensamente a opinião pública, a emenda não será revogada e a Fapesp, enquanto agência de fomento politicamente independente, pode estar com seus dias contados. Junto com ela, pode fenecer o sistema de pesquisa mais vigoroso da América Latina.
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- 16/01/2017 - MP investiga risco de acidente radiológico em DouradosDisputa judicial impede que Centro de Tratamento do Câncer faça a retirada de 18 fontes de Cesio 137 que estariam de forma irregular em depósito no HE. Material radioativo é o mesmo que causou tragédia em Goiânia nos anos 80
Disputa judicial impede que Centro de Tratamento do Câncer faça a retirada de 18 fontes de Cesio 137 que estariam de forma irregular em depósito no HE. Material radioativo é o mesmo que causou tragédia em Goiânia nos anos 80
Fonte: O Progresso
O Ministério Público Estadual abriu investigação para apurar possível risco de Dourados sofrer um acidente radioativo por fontes de Cesio 137, o mesmo elemento que causou a maior tragédia radioativa do Brasil, registrada em Goiânia nos anos 80.
Documento assinado pelo promotor de Justiça Etéocles Brito Júnior, que pede apoio à Procuradoria da República, diz que o material estaria depositado irregularmente nas dependências do Hospital Evangélico, já que deveria ter sido recolhido para descarte, junto ao Instituto de Pesquisas de Energias Nucleares (Ipen). Segundo o MP, a transferência do elemento radioativo está emperrada devido a divergências judiciais entre o Hospital Evangélico e o Centro de Tratamento de Câncer de Dourados (CTCD). Ambos tinham uma parceria em que o HE terceirizava os serviços para o CTCD. Com o rompimento deste acordo, o Centro não consegue a autorização da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) para transportar o material para local seguro. Na prática o HE é o cadastrado com CNPJ na Cnen, mas é o Centro que presta o serviço, cuida das questões técnicas e seria o proprietário dessas fontes.
Por lei não pode existir duas empresas radioativas num mesmo endereço. Por isso a Cnen não pode credenciar o Centro com o CNPJ do HE, que por sua vez não tem os profissionais e manutenção dos equipamentos de radioterapia que é feita pelo Centro. Por isso, a comissão tem dificuldades para entender de quem é a responsabilidade técnica e de supervisão de radioproteção de serviços de radioterapia.
De acordo com a física-médica em radioterapia e supervisora de radioproteção da Cnen, Flávia Cristhina Ferreira de Araújo, o Centro de Tratamento do Câncer ingressou com um pedido junto a Comissão, em julho do ano passado, para a retirada das fontes de Cesio 137 do Hospital Evangélico, mas até agora, devido a esse impasse, nenhuma providência foi tomada e o projeto segue em análise. Segundo ela, o material é do CTCD e era utilizado para o tratamento de pacientes com câncer ginecológico, mas hoje está em desuso.
"As fontes de Césio 137 são rejeitos e devem ser encaminhadas para um destino seguro. Todo o trâmite legal para o transporte desses produtos foi feito pelo Centro de Tratamento do Câncer, mas é necessário que a Cnen faça a autorização", destaca Flávia.
A física-médica é a supervisora dessas fontes de Césio 137 de forma não oficial, já que é lotada no quadro de funcionários do Centro de Tratamento do Câncer e não do HE. Segundo ela devido às pendências entre os hospitais, Dourados corre um risco em potencial de acidente radiológico. "As fontes estão abrigadas num cofre, mas é sempre um risco mantê-las em desuso, quando poderiam ser transportadas para um local adequado. A gente não pode estar o tempo todo cuidando e fiscalizando desse depósito e a minha preocupação é que num momento em que o Hospital Evangélico passa por paralisações, greves e demissões, esses materiais possam ser desviados. Há uma insegurança física dessas fontes porque o HE não tem condições de fazer o monitoramento das pessoas que entram e saem, diferente da sensação de segurança que há no Centro, que possui câmeras de segurança e vigias monitorando 24h. Hoje a gente teme um risco ao meio ambiente e a população de Dourados", destaca a física-médica que frisa ainda que o elemento cesio 137 que existe no depósito do HE é o mesmo registrado na tragédia em Goiânia com a diferença que lá era em pó enquanto que em Dourados são estruturas metálicas, mas os riscos são os mesmos.
"Por mais que eles (HE) não tenham me designado formalmente, eu estou atuando hoje na radioterapia. E quando se tem esse certificado da Cnen, é como se eu fosse agente da Comissão. Por isso tenho, por obrigação, como responsável técnica, comunicar o que está acontecendo. Não é nada para alarmar as pessoas, mas para alertar os hospitais que eles devem entrar em consenso em relação à pendência de CNPJ para depois resolverem questões judiciais. Essas disputas podem até acontecer, mas resolvendo primeiro esse impasse da retirada do material radiológico e sem prejudicar o atendimento da população", destacou. Paralisação da radioterapia
Outro grave risco que Dourados corre, é de que haja a paralisação do serviço de radioterapia. É que a Cnen exige um especialista em supervisão e radioproteção nos locais em que se ofereça esse tipo de atendimento. Hoje o HE possui o cadastro como prestador de serviço, mas não tem o profissional, já que a especialista, a física-medica Flávia Cristina Ferreira de Araújo, é o Centro de Tratamento do Câncer de Dourados. Por causa disso a Cnen nunca respondeu ao Centro sobre a designação dela na função de supervisora e já teria comunicado o HE que pode suspender a autorização da operação do aparelho caso a exigência do hospital ter um profissional seja descumprida. O prazo venceu em 04 de janeiro.
Apesar das questões técnicas, informações e os profissionais contratados ficarem a cargo do CTCD é o HE que tem o registro na Cnen e segundo informações, disputa na justiça a posse do aparelho de radioterapia. Enquanto existe essa divergência entre os hospitais, a Cnen já comunicou a falta do especialista por parte do HE para a Vigilância Sanitária, que deverá interditar o aparelho na primeira visita que der ao Centro. Os profissionais voltam de recesso em 20 de janeiro.
"Para piorar o problema, o Ministério da Saúde, que também tem o conhecimento do fato, pode suspender os repasses da alta complexidade caso não sejam resolvidos os entraves. Os impactos disso poderão ser sofridos pelos 40 pacientes que hoje fazem o tratamento e correm o risco de interrupções. Além disso, há uma demanda de cerca de 5 a 10 pacientes por semana, os quais podem ingressar na Radioterapia, que passa por essa crise", destaca. Reforços
O promotor responsável pelas investigações, Etéocles Brito Junior, pediu apoio do Ministério Público Federal e da Polícia Federal para atuarem em investigação conjunta a respeito do caso. Também encaminhou pedido de providência a Cnen para que o material seja recolhido o quanto antes. A Promotoria também teme que a dívida de R$ 1 milhão do Hospital Evangélico na Energisa possa atrapalhar a radioterapia e outros serviço de saúde da instituição. Ele também marcou uma audiência de urgência para discutir a radioterapia e evitar que ela seja mais uma vez suspensa. Também quer que as fontes de cesio 137 sejam destinadas para local seguro. "Estamos tomando todas as providências para evitar que uma tragédia aconteça em Dourados", destacou. HE
O PROGRESSO encaminhou questionamentos ao Hospital Evangélico que foi enfático. "São denúncias vazias vindas de uma campanha com o objetivo de manchar a reputação do hospital. Estamos tomando as providências judiciais a cerca dessas acusações", disse a assessoria. Tragédia
Há 30 anos, Goiânia era atingida por aquele que é considerado o maior acidente radiológico do Brasil. A tragédia envolvendo o césio-137 deixou centenas de pessoas mortas contaminadas pelo elemento e outras tantas com sequelas irreversíveis.
No âmbito radioativo, o Césio 137 só não foi maior que o acidente na usina nuclear de Chernobyl, em 1986, na Ucrânia, segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). O incidente teve início depois que dois jovens catadores de papel encontraram e abriram um aparelho contendo o elemento radioativo.
A peça foi achada em um prédio abandonado, onde funcionava uma clínica desativada. Mesmo passadas mais de duas décadas da tragédia, o acidente ainda deixa resquícios de medo. Um exemplo é a situação do local onde morava uma das pessoas que encontraram a peça. A casa em que vivia o catador foi demolida no mesmo ano em que tudo ocorreu. Apesar de o solo ter sido todo retirado e ter sido substituído por várias camadas de concreto, nunca mais qualquer tipo de construção foi feita no local.
A primeira vítima fatal do acidente radiológico foi a garota Leide das Neves Ferreira, de 6 anos. Ela se tornou o símbolo dessa tragédia e morreu depois de se encantar com o pó radioativo que brilhava durante a noite. -
- 16/01/2017 - Ciência e seus usos para a paz e para a guerra - artigo de José GoldembergTrump quer associar seu nome à chegada do homem a Marte, como Kennedy e a ida à Lua
Trump quer associar seu nome à chegada do homem a Marte, como Kennedy e a ida à Lua
Fonte: O Estado de S. Paulo
O que cientistas (e filósofos) fazem é tentar entender a natureza e procurar as causas do que acontece em torno de nós. Frequentemente suas descobertas têm consequências práticas importantes, que abalam o sistema social em que vivem ou abrem caminho para o desenvolvimento econômico.
Um dos melhores exemplos disso é o que ocorreu com Galileu, um frade que no século 16 mostrou claramente que a Terra não era o centro do universo, mas gira à volta do Sol e em torno de si mesma. Galileu não tinha nenhuma outra motivação a não ser entender o movimento, como já havia feito ao estudar a queda de corpos da Torre de Pisa.
Contudo as autoridades eclesiásticas da época perceberam logo quão perigosas eram essas ideias, porque abalariam a visão do mundo vigente na época e sua posição de comando na sociedade. Então, trataram logo de silenciar Galileu, sob a ameaça de tortura.
Outro exemplo é dado pelo que aconteceu com Arquimedes, que fez descobertas científicas importantes no século 2.º a. C., que pôs seus conhecimentos e talentos a serviço do rei de Siracusa, na Sicília, atacada, na época, por uma frota de navios romanos. Arquimedes usou espelhos para concentrar a luz do Sol sobre os navios dos atacantes e incendiá-los, mas não foi o suficiente para impedir a queda de Siracusa. Ele foi morto por um soldado romano que o tomou por um combatente comum. Pelo que se sabe, contudo, o comandante romano repreendeu severamente o soldado, pela perda da oportunidade de aproveitar os conhecimentos de Arquimedes para os interesses de Roma.
Ao longo da História, incidentes como esses se repetiram. Um dos mais recentes foi o uso que o governo americano fez de Wernher von Braun, cientista alemão que desenvolveu os foguetes V-2, que infernizaram a vida dos ingleses no fim da 2.ª Guerra Mundial (1939-1945). Após a guerra Von Braun foi recrutado para desenvolver foguetes para os Estados Unidos e iniciar a corrida espacial. Essa "corrida” é frequentemente apresentada em cores românticas como destinada à "conquista do espaço” – comparada com a descoberta da América, no século 15.
Como tal, tratava-se de um programa militar cujos primeirosroundsforam vencidos pela União Soviética, que lançou o primeiro satélite artificial da Terra, o Sputnik I, em 1957, e o primeiro cosmonauta que viajou no espaço, Yuri Gagarin, a bordo da Vostok I, em 12 de abril de 1961.
A batalha seguinte foi o lançamento de uma expedição à Lua, que os americanos venceram graças ao empenho do presidente John Kennedy. Colocar um homem no espaço ou na Lua não teve grandes consequências práticas ou econômicas, apenas prestígio político. O importante nesses programas foi desenvolver foguetes intercontinentais que podem transportar bombas atômicas a longas distâncias e poderiam aniquilar os países envolvidos no caso de uma guerra nuclear.
Agora, com a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, o que vemos é o nascimento de um novo desafio: enviar uma missão humana a Marte. A "conquista” de Marte é apresentada, novamente, como a "nova fronteira” que excita a curiosidade dos homens e permitirá salvar a humanidade caso o nosso planeta se torne inabitável ou venha a ser destruído por um meteoro.
Capitalistas americanos já estão vendendo viagens para Marte a milionários extravagantes, da mesma forma que outros mistificadores vendem armazenamento criogênico de pessoas que morreram e poderiam, talvez, "renascer” no futuro, quando a cura das doenças que provocaram sua morte tiver sido descoberta.
É até compreensível que empreendedores como Elon Musk, um empresário criativo e controverso, desejem fazer voos comerciais a Marte, mas é de fato lamentável que até cientistas como Stephen Hawking alimentem essas ideias. Em recente palestra do Museu de Ciências de Londres, Hawking disse que a exploração espacial representa um "seguro de vida” para a humanidade, que poderia sobreviver colonizando outros planetas para o caso de o nosso vir a desaparecer.
"Colonizar Marte” parte de premissas erradas e até inquietantes. O argumento de que uma colônia humana em Marte salvaria a nossa civilização de uma colisão com um meteoro não se sustenta. A última dessas colisões aconteceu 70 milhões de anos atrás e deu origem ao fim dos dinossauros, e não ao fim do nosso planeta. Nada garante que isso não venha a acontecer antes em Marte do que na Terra. Além disso, nossa civilização existe há apenas 10 mil anos e fazer planos para o que pode acontecer nos próximos milhões de anos é, no mínimo, especulativo.
Na realidade o que parece estar por trás disso é que o presidente Donald Trump deseja dar fins exclusivamente militares ao programa espacial americano conduzido pela Nasa, abandonando os projetos dessa agência que são dedicados aos problemas de mudanças climáticas e a usos civis, como GPS, telecomunicações e outros. As missões a Marte têm esse aspecto militar claro.
Além do mais, para Trump, associar seu nome à chegada do homem a Marte, como o de Kennedy ficou vinculado à conquista da Lua, parece adequar-se ao seu temperamento.
Marte, como a Lua e outros corpos celestes investigados por sondas espaciais, são lugares muito inóspitos, com características piores que o Deserto de Atacama, no norte do Chile, e encontrar neles minerais e outros produtos que possam ter interesse real na Terra é uma possibilidade bem remota. Não parece haver nenhum planeta ou asteroide coberto de diamantes. E há ainda enormes oportunidades para utilizar os recursos de que dispomos para preservar a qualidade ambiental da Terra, evitando o aquecimento global e outros danos que a ação do homem está causando à natureza.
*Presidente da Fundação de Amparo À Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp)
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- 16/01/2017 - Pesquisadores caracterizam substâncias produzidas por cianobactérias aquáticasToxinas podem contaminar peixes e frutos do mar, mas pesquisadores também avaliam potenciais aplicações farmacológicas de substâncias não tóxicas
Toxinas podem contaminar peixes e frutos do mar, mas pesquisadores também avaliam potenciais aplicações farmacológicas de substâncias não tóxicas
Fonte: Agência Fapesp
Diego Freire
Boa parte das cianobactérias, conhecidas como algas azuis, vive em águas marinhas, de lagos e de rios, em contato direto com peixes e frutos do mar que podem ser afetados de diferentes formas pelas substâncias produzidas por esses microrganismos, muitas delas ainda desconhecidas. Pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Universidade Técnica da Dinamarca, descobriram e caracterizaram uma série dessas substâncias, produzidas por cianobactérias coletadas em um reservatório em Pernambuco e em folhas de árvores do Parque Estadual da Serra do Mar, no litoral paulista.
As descobertas foram feitas durante a pesquisa "Metabólitos secundários produzidos por microrganismos aquáticos e impacto na qualidade de frutos do mar e de peixes de água doce", realizada com o apoio da FAPESP em cooperaçãocom o Innovation Fund Denmark. O objetivo, de acordo com os pesquisadores, é ampliar o conhecimento sobre a eventual toxicidade dessas substâncias e sobre os riscos de contaminação para consumidores de frutos do mar e peixes. No estudo também são analisadas outras classes de produtos naturais bioativos não tóxicos com potencial para diversas aplicações – entre elas, em medicamentos.
"As cianobactérias são os organismos mais antigos da Terra, bem adaptadas a qualquer ambiente com um mínimo de água. O acúmulo de fósforo, nitrogênio e matéria orgânica em ambientes aquáticos favorece o seu desenvolvimento. Esse crescimento acelerado, fenômeno conhecido como floração, que é facilmente percebido por tornar a água verde, favorece a liberação de substâncias, cujos efeitos em outros organismos não são plenamente conhecidos. Algumas espécies de cianobactérias produzem toxinas que já foram caracterizadas e outros compostos ativos que ainda não foram descobertos”, conta Ernani Pinto, professor da FCF-USP, responsável pela pesquisa.
Dessa forma, o trabalho contempla não só toxinas, mas outras substâncias produzidas pelos microrganismos que podem ter impacto na água, nos frutos do mar e nos peixes.
Entre as substâncias identificadas e caracterizadas pelos pesquisadores quatro são produzidas por uma espécie de cianobactéria coletada do Reservatório de Tapacurá, no município pernambucano de São Lourenço da Mata. O grupo já havia comprovado que a espécie estudada produz a molécula da anatoxina-a(s), toxina com efeito inibidor da colinesterase, inativando a atividade da enzima acetilcolinesterase (AChE), uma das mais importantes e necessárias ao pleno funcionamento do sistema nervoso de humanos, de outros vertebrados e de insetos.
Trata-se do único composto organofosforado natural conhecido. Testes de laboratório mostraram que o efeito da anatoxina-a(s) é igual ao dos inseticidas sintéticos. Sua ingestão pelo animal aquático ou pelo ser humano pode provocar salivação intensa, parada respiratória e parada cardíaca.
Agora, os pesquisadores trabalham para identificar os possíveis efeitos das novas substâncias em diferentes modelos, avaliando sua toxicidade e seus mecanismos de ação. De acordo com Pinto, o que se sabe por ora é que as substâncias são peptídeos inibidores de proteases – enzimas capazes de degradar proteínas.
"Além da produção da anatoxina-a(s), encontramos na mesma cepa quatro substâncias que são inibidoras de protease. Essa sucessão de descobertas em torno da cianobactéria indica que se trata de um organismo de extrema importância, evidenciando sua capacidade de produzir substâncias ativas dos mais variados tipos. A literatura mundial costuma se ater mais aos aspectos toxicológicos, mas essas outras substâncias descobertas podem virar medicamentos, por exemplo.”
Em outra frente da pesquisa, em parceria com o Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP, o grupo encontrou 38 peptídeos produzidos por cianobactérias que vivem na água retida pelas folhas de plantas da Floresta Tropical de Picinguaba, na Serra do Mar – 37 deles inéditos na literatura científica. As substâncias não parecem ser toxinas, mas pertencem a famílias distintas de peptídeos que ocorrem em cianobactérias e que são inibidores de proteases.
"Ainda não foram realizados ensaios toxicológicos para determinar se essas substâncias são tóxicas ou não, mas elas podem cumprir uma função importante na natureza, como na alelopatia – processo que envolve metabólitos secundários produzidos por plantas, algas, bactérias e fungos que influenciam na comunicação intra e entre espécies, no crescimento e desenvolvimento de sistemas biológicos. É a capacidade que as plantas têm de produzir substâncias químicas que, liberadas no ambiente de outras, influenciam de forma favorável ou desfavorável o seu desenvolvimento”, explica Pinto.
Ainda de acordo com o pesquisador, essas substâncias podem ser produzidas para proteger as cianobactérias de animais que consomem plantas. Elas também atuam na homeostase, processo de autorregulação por meio do qual sistemas biológicos tendem a manter sua estabilidade para se ajustar a condições ótimas de sobrevivência.
"O Captopril, fármaco usado no tratamento de hipertensão arterial e em casos de insuficiência cardíaca, foi descoberto e desenvolvido a partir de uma toxina natural inibidora da enzima conversora da angiotensina I. Podemos estar no caminho do desenvolvimento de novos fármacos a partir da descoberta de novas substâncias com mecanismos semelhantes”, diz.
Os resultados foram relatados no artigo Structural Characterization of New Peptide Variants Produced by Cyanobacteria from the Brazilian Atlantic Coastal Forest Using Liquid Chromatography Coupled to Quadrupole Time-of-Flight Tandem Mass Spectrometry, publicado pela revista Marine Drug. Já a descoberta das substâncias produzidas pela cianobactéria coletada no Reservatório de Tapacurá foi relatada na revista Toxicon, no
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- 16/01/2017 - Medidas de raios cósmicos podem levar ao entendimento da matéria escuraDados de cinco anos de atividade do detector de raios cósmicos instalado na estação espacial internacional desafiam o modelo convencional e surpreendem pela quantidade de antimatéria observada
Dados de cinco anos de atividade do detector de raios cósmicos instalado na estação espacial internacional desafiam o modelo convencional e surpreendem pela quantidade de antimatéria observada
Fonte: Agência Fapesp
José Tadeu Arantes
A compreensão da matéria escura – um dos mais fascinantes temas em aberto da física contemporânea – pode estar menos distante do que se imaginava. O balanço de cinco anos de operação do AMS-02 (Alpha Magnetic Spectrometer), o detector instalado na estação espacial internacional (International Space Station – ISS) com o objetivo de medir raios cósmicos antes de sua interação com a atmosfera terrestre, oferece resultados promissores nesse sentido.
A apresentação dos resultados, feita pelo pesquisador principal do experimento, o Prêmio Nobel de Física Samuel Ting, foi transmitida ao vivo pelo CERN, a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear em 8 de dezembro de 2016. Orbitando a Terra cerca de 360 quilômetros acima da superfície, o AMS-02 já registrou até o momento mais de 90 bilhões de eventos de raios cósmicos.
Pesquisadores de 56 instituições de 16 países participam do experimento que tem à frente o Departamento de Energia dos Estados Unidos. Faz parte da equipe a física Manuela Vecchi, professora do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC- USP), que conta com o apoio da FAPESP.
"Nestes cinco primeiros anos de observação, publicamos vários artigos na Physical Review Letters. Entre eles, Antiproton Flux, Antiproton-to-Proton Flux Ratio, and Properties of Elementary Particle Fluxes in Primary Cosmic Rays Measured with the Alpha Magnetic Spectrometer on the International Space Station, em agosto de 2016. A abundância e a precisão dos dados obtidos pelo AMS-02 estão desafiando os modelos convencionais sobre a origem e propagação dos raios cósmicos”, disse Vecchi à Agência FAPESP.
Na colossal quantidade de eventos registrados pelo equipamento – constituídos por partículas produzidas fora do Sistema Solar e que se propagam no espaço com velocidades próximas à da luz –, de especial interesse foi a detecção de antimatéria: antielétrons (pósitrons) e antiprótons.
"Trata-se de uma fração muito pequena da radiação cósmica, da ordem de uma para cada 10 mil partículas. Detectar essas antipartículas é um grande desafio, pois o fundo de prótons é enorme e domina os registros. Mas, combinando diferentes técnicas de detecção, o AMS-02 consegue medi-las com admirável precisão. E isso é fascinante, porque as antipartículas são ‘janelas’ para a busca indireta de matéria escura”, afirmou a pesquisadora.
Para entender tal relação, é preciso recordar uma ideia central da cosmologia contemporânea. Segundo a teoria do Big Bang, ao se formar, cerca de 14 bilhões de anos atrás, o Universo possuía a mesma quantidade de matéria e antimatéria. Porém, uma quebra espontânea de simetria, ocorrida durante uma transição de fase do universo primordial, gerou um pequeno excedente de matéria – da ordem de uma partícula extra de matéria para cada 10 bilhões de pares de partículas e antipartículas. Todo o Universo atualmente conhecido, com suas galáxias, estrelas, planetas e outros objetos materiais, teria se originado desse excedente. Yoichiro Nambu, Makoto Kobayashi e Toshihide Maskawa receberam o Prêmio Nobel de Física de 2008 por seus estudos relativos à quebra espontânea de simetria.
Isso explicaria porque não encontramos antimatéria de forma estável atualmente no Universo. No modelo vigente sobre raios cósmicos, a produção de pósitrons e antiprótons é explicada em função das interações das partículas materiais durante sua propagação no meio interestelar. Mas as medidas realizadas por meio do AMS-02 forneceram um número de antipartículas maior do que o esperado a partir dos processos astrofísicos convencionais.
"Sabemos que a propagação de raios cósmicos no meio interestelar leva à produção de pósitrons e antiprótons. E sabemos também calcular o fluxo esperado dessas antipartículas em função da energia. Um excesso de eventos em relação às previsões exige que outros fenômenos físicos sejam considerados para explicar a diferença. Esse excesso já havia sido detectado pelo satélite PAMELA em 2008. E foi confirmado, com alta precisão, pelo AMS-02”, informou Vecchi.
É aqui que entra a matéria escura. Porque uma hipótese bastante plausível é a de que pares de partículas e antipartículas estejam sendo produzidos, em grande quantidade, a partir da aniquilação de matéria escura. Deve-se levar em conta que, segundo os cômputos atuais, 73% do conteúdo do Universo seria constituído por energia escura, 23% por matéria escura e somente 4% pela matéria conhecida. "Eu não diria que a matéria escura seja a única fonte da antimatéria dos raios cósmicos. Mas, sem dúvida, deve ser considerada como uma das possibilidades”, argumentou a pesquisadora.
Uma forte candidata a matéria escura é a partícula chamada Wimp – nome formado pelas iniciais das palavras que compõem a denominação inglesa weakly interacting massive particle (partícula massiva fracamente interativa). "A Wimp não é uma partícula do modelo padrão, mas é prevista em extensões do modelo. É concebida como uma partícula estável, portanto, não sujeita a decaimento. Quando aniquilada, daria origem a um par partícula-antipartícula”, explicou Vecchi.
Além da matéria escura, outras fontes possíveis para o excesso de antipartículas são objetos astrofísicos mais convencionais, como pulsares ou remanescentes de supernovas.
O excesso de antipartículas não é o único dado obtido pelo AMS-02 que desafia o modelo vigente. Outras medidas também parecem exigir uma revisão radical. Na composição dos raios cósmicos, 90% são constituídos por prótons (isto é, núcleos do átomo de hidrogênio ionizado). Depois, vêm 8% de partículas alfa (isto é, núcleos de hélio, com dois prótons e dois nêutrons). Em menor quantidade, vêm elétrons, outros núcleos produzidos nas fontes (carbono, nitrogênio, oxigênio e outros elementos, até o ferro), núcleos resultantes da fragmentação de outros raios cósmicos durante a propagação pelo meio interestelar (lítio, berílio e boro). E, compondo uma pequena fração, as antipartículas. "Os dados que já obtivemos não correspondem ao esperado a partir do modelo convencional”, sublinhou a pesquisadora.
Outro achado surpreendente, apesar de ser ainda preliminar, foi a suposta detecção de anti-hélio. "Em cinco anos, o AMS-02 detectou 3,7 bilhões de eventos de hélio e somente alguns poucos eventos de anti-hélio. Mesmo assim, esse achado pode ter grandes implicações fenomenológicas, pois, se confirmado, seria a primeira detecção de antinúcleos nos raios cósmicos”, comentou Vecchi.
A pesquisadora, que mantém uma colaboração científica ativa com o CERN, é professora-doutora do IFSC-USP. Seu auxílio à pesquisa, provido pela FAPESP por meio da modalidade Apoio a Jovens Pesquisadores, deve se estender até 2019.
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- 13/01/2017 - Posição da Aciesp sobre o desmonte da FapespAcademia de Ciências do Estado de São Paulo divulgou nesta sexta-feira, 13 de janeiro, uma nota na qual solicita revisão na LOA 2017, que determina um repasse de 0,89% da arrecadação à Fapesp, abaixo do 1% estabelecido pela Constituição Estadual
Academia de Ciências do Estado de São Paulo divulgou nesta sexta-feira, 13 de janeiro, uma nota na qual solicita revisão na LOA 2017, que determina um repasse de 0,89% da arrecadação à Fapesp, abaixo do 1% estabelecido pela Constituição Estadual
Fonte: Jornal da CiênciaLeia a nota abaixo:
A Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp) vem por meio desta solicitar a imediata revisão da Lei Orçamentária (LOA) 2017 (lei número 16.347 de 29 de dezembro de 2016).
Foi observado que na LOA 2017, o repasse à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) foi equivalente a 0,89% da arrecadação, em claro desacordo com o artigo 271 da Constituição Estadual, que reza que tal repasse deveria ser de 1%.
A Aciesp gostaria de lembrar que o repasse de 1%, conforme o artigo supracitado, vem sendo respeitado por todas as gestões anteriores, desde sua aprovação em 1962.
Devido ao respeito à Constituição, mesmo em tempos de crise econômica, a Fapesp teve, nas últimas décadas, condições de contribuir para tornar o Estado de São Paulo uma das potências mundiais em Ciência e Tecnologia. Os efeitos da regularidade do repasse têm tido impactos sociais, subsidiado a indústria paulista com uma base sólida de ciência e tecnologia e assim mantido o nosso Estado dentro de parâmetros de desenvolvimento compatíveis com os países de primeiro mundo.
Lembramos ainda que o Estado de São Paulo se destaca como um exemplo para o Brasil, pois os repasses feitos com respeito à lei estadual têm mostrado que a Fapesp deveria ser emulada em outros estados da união, de forma a assegurar o desenvolvimento do País.
Assim, o desrespeito à Constituição Estadual que se vê na LOA 2017 é extremamente grave e imputaria uma ruptura histórica e sem precedentes no desenvolvimento paulista. Tal ação tem o potencial de interromper a cultura paulista, que é a de ser o grande estado inovador e pujante da nação brasileira.
A Aciesp acredita que, principalmente em momentos de crise como o atual, a Fapesp é a principal ferramenta de investimento, e não de despesa, para um estado que se denomina a locomotiva do Brasil.
Dado o exposto, reiteramos a necessidade de imediata alteração da LOA 2017 para a manutenção do repasse de 1%, como manda a Constituição Estadual. Temos certeza que o Governador não irá querer passar para a história de São Paulo como o governante que interrompeu o desenvolvimento do Estado de São Paulo.
Aciesp -
- 12/01/2017 - O acelerador de partículas de R$ 1,5 bilhãoNo meio da maior crise econômica da história recente, o Brasil concentra seu investimento tecnológico em um novo acelerador de partículas
No meio da maior crise econômica da história recente, o Brasil concentra seu investimento tecnológico em um novo acelerador de partículas
Fonte: ÉpocaQuem circula pelo polo de alta tecnologia de Campinas, no interior de São Paulo, cruza estradinhas bucólicas pontuadas pelos campi de algumas grandes empresas. São, na maioria, instalações de concreto, cercadas por imensos estacionamentos e quase monótonas quando vistas pelo lado de fora. Um prédio branco salta à vista: parece um estádio de futebol construído em um lugar improvável. "Aqui do meio é que você tem uma noção do real tamanho do prédio”, diz o engenheiro Oscar Vigna, um homem alto e vermelho, queimado das muitas horas passadas sob o sol, supervisionando as obras do prédio que vai abrigar o Sirius, um equipamento que funciona como um microscópio gigante.
>> "O Brasil deve ter projetos científicos ambiciosos”
A máquina tem um nome complicado: acelerador de partículas do tipo síncrotron. É a ferramenta que os cientistas usam para entender a estrutura atômica das substâncias com as quais vão trabalhar. Algo importante para o desenvolvimento de novos medicamentos, para o aprimoramento de materiais usados na construção civil, na exploração de petróleo e em uma infinidade de outras áreas. Uma máquina imensa, usada para desbravar universos em miniatura. Quando estiver pronto, o Sirius acumulará números parrudos. O prédio de 68.000 metros quadrados abrigará um equipamento com formato de anel e circunferência de 500 metros. Para proteger as pessoas da radiação liberada pelo funcionamento da máquina, planejada para ser a mais avançada desse tipo em todo o mundo, o conjunto será blindado por 1 quilômetro de paredes de concreto. Uma barreira com 1,5 metro de espessura e 3 metros de altura.
Dos números do Sirius, o que mais impressiona é o preço: R$ 1,5 bilhão. É o projeto científico mais ambicioso já levado a cabo no Brasil. Ou é essa a esperança de seus construtores. Sua construção ainda está em andamento. Espera-se que esteja pronto em 2019. E, com a crise econômica e política que aflige o Brasil, o gigantismo do projeto parece ameaçado. "O Sirius é prioritário, mas seria ingenuidade nossa dizer que não há preocupação”, afirma o físico Antônio José Roque, diretor do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), que encabeça o projeto. Desde que o Sirius começou a ser discutido em Brasília, em 2008, a ciência nacional foi do melhor ao pior dos mundos. Entre 2000 e 2013, as verbas para fazer ciência no Brasil cresceram a patamares inéditos para depois despencar, levadas pelos reveses econômicos do segundo governo Dilma. Cientistas deixaram o país e projetos foram postos de lado. O Ministério da Ciência não admite que o Sirius esteja ameaçado: "Num momento como o atual, um projeto como o Sirius traz oportunidades que ajudam o Brasil a sair da crise”, diz a Pasta em nota. Manter as obras dentro do cronograma exigirá repasses de R$ 500 milhões em 2017, nos cálculos do pessoal do LNLS. Mas a primeira versão de 2017, encaminhada pelo governo ao Congresso, fala em destinar apenas R$ 365 milhões. Em 2016, o orçamento proposto pelo governo – R$ 270 milhões – já sofrera reduções. Fechou em R$ 182 millhões.
>>A colisão de buracos negros gera ondas de gravidade. Por que isso importa
O Brasil já conta com um acelerador de partículas, o UVX, também localizado em Campinas. O projeto começou em 1985, por iniciativa dos físicos Ricardo Lago e Ricardo Rodrigues. Foi inaugurado em 1997 com pompa e a presença do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Era o início do LNLS, uma instalação com tecnologia avançada e – coisa inédita no Brasil – aberta para ser usada por pesquisadores de qualquer universidade ou empresa do país e do mundo. Seus construtores entraram para a história do laboratório como heróis improváveis: em um país assolado pela inflação, puseram de pé um equipamento único em toda a América Latina e raro no mundo inteiro. Mas, no começo dos anos 2000, a máquina dava sinais de cansaço. A tecnologia avançara e o UVX ficara obsoleto, em comparação a outros síncrotrons espalhados pelo mundo. "Nós sabíamos que precisávamos construir um acelerador novo”, diz José Antônio Brum, diretor do LNLS entre 2001 e 2008. "Era isso ou fechar as portas.” Em 2008, Brum pediu à equipe do laboratório que desenhasse um pré-projeto do novo acelerador. A proposta foi entregue ao então ministro da Ciência, o físico Sérgio Rezende, durante uma visita ao laboratório. As avaliações preliminares adiantavam que seria um projeto caro, de R$ 600 milhões. Rezende não se incomodou: "Eu disse ao Brum: ‘Vá em frente, que a gente arruma o dinheiro’”, afirma o ex-ministro.
A ciência brasileira vinha de uma sequência de anos bons. A virada que tornaria o Sirius possível começara em 1999, quando o governo FHC criou os fundos setoriais para ciência e tecnologia. Alimentados por impostos cobrados a certos setores industriais, eles abasteceriam o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) – hoje, a principal fonte federal para financiamento de pesquisas. Na época, a maior parte do valor do fundo estava contingenciada. O bloqueio cairia aos poucos, em grande parte graças à pressão de Eduardo Campos, que comandou a Pasta entre o início de 2004 e meados de 2005. Em 2004, o contingenciamento chegava a 57% do fundo. Em 2010, o valor integral estava disponível para ser aplicado. O orçamento do Ministério da Ciência crescia – com uma ligeira regressão em 2011. "Havia recursos para todo o sistema”, diz Rezende. "Estávamos em posição confortável para aprovar bons projetos.” Os esforços do país durante a primeira década do século haviam ganhado reconhecimento internacional. A revista Science publicou, em 2010, um artigo que destacava os bons resultados dos cientistas brasileiros: o número de estudos publicados anualmente dobrara em relação aos anos 1990, o número de doutores formados nas universidades crescia.
Com o apoio do governo, o projeto do Sirius engrenou. Em 2009, o físico Antônio José Roque, professor da Universidade de São Paulo, assumiu a direção do LNLS. Entusiasmado, tornou a construção do Sirius a prioridade do laboratório. Conseguiu, inclusive, trazer o pioneiro Ricardo Rodrigues para o projeto – em 2001, depois de se desentender com a direção da instituição, Rodrigues deixara o LNLS. Turrão, convencê-lo a voltar consumiu três almoços distribuídos ao longo de um mês. "Poucas pessoas no mundo construíram um acelerador do começo ao fim”, diz Roque. E Rodrigues era uma delas. Em 2012, o projeto estava maduro, e a equipe convidou um comitê internacional para avaliar a qualidade do trabalho. Na mesma época, na Suécia, o governo começava a construção de um síncrotron de quarta geração – uma máquina que estaria anos à frente do UVX ou mesmo do Sirius.
>>Brian Greene: "A física pode estar perdendo a conexão com a realidade"
Para não perder a corrida tecnológica, a equipe de físicos aceitou o desafio de mudar o projeto. "Sabíamos que dava para fazer algo melhor”, diz Liu Lin, líder da equipe de física de aceleradores. "Aquele era o pretexto que faltava.” Durante um mês, a equipe de Lin trabalhou em ritmo de maratona, das 9 às 22 horas. Chegaram a um projeto que tornaria a máquina brasileira a mais brilhante do mundo – até mais que a sueca. Mas o custo cresceu. O Sirius custaria R$ 1,5 bilhão. Em 2012,a cifra não assustou o Ministério da Ciência e Tecnologia. O Sirius sairia do papel, ainda que o Brasil destinasse menos à pesquisa e ao desenvolvimento do que a média mundial. Naquela época, na soma dos investimentos privados e públicos, chegávamos a 1,62% do PIB contra 2,13% em média no mundo. Mas os recursos federais, crescentes nos anos anteriores, garantiam financiamento constante para pesquisa. "A ciência brasileira vive aos soluços e 2013 foi nosso último ano bom”, diz Helena Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
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As dificuldades que se seguiram foram resultado de uma mistura infeliz de problemas econômicos e planejamento ineficaz. A partir de 2014, mudaram as regras para a distribuição dos royalties do petróleo – parte dos recursos foi redirecionada ao Fundo Social, que não tem relação com ciência. Em meio às dificuldades, a comunidade científica se ressentiu da decisão do governo de usar recursos do FNDCT para financiar o programa Ciência sem Fronteiras. Originalmente, o programa – que bancava o intercâmbio de alunos de graduação em universidades estrangeiras – deveria receber recursos de um fundo próprio. Para a comunidade acadêmica, ele canibalizava o dinheiro disponível para a ciência. Como forma de conter gastos, o governo diminuiu o orçamento do Ministério da Ciência. Para piorar, afetadas pela crise, as agências financiadoras estaduais – que tiram uma percentagem dos impostos arrecadados pelos Estados – também ficaram na penúria. Em 2016, numa iniciativa que pegou desprevenida a comunidade brasileira de pesquisadores, o presidente Michel Temer fundiu o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação com o Ministério das Comunicações.
Hoje, os cientistas do país temem os efeitos do teto de gastos no volume de verbas destinadas a pesquisa. Mesmo nesse contexto de penúria nacional, as obras do Sirius prosseguiram porque, em 2015, quando o Ministério da Ciência já amargava seu menor orçamento em nove anos, o então ministro Aldo Rebelo garantiu a inclusão das obras do Sirius no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Para o governo, o projeto deveria ser tratado como prioridade.
>>Ado Jorio: "Brasil precisa fazer pesquisa científica mais ousada"
Em meio a uma crise econômica, faz sentido apostar tão alto? "É importante que o Brasil tenha objetivos ambiciosos”, diz Caetano Penna, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em política científica. "O Sirius é um desafio tecnológico que exige o envolvimento de empresas inovadoras”, diz Penna. A construção do Sirius depende da colaboração do LNSL com, ao menos, 40 empresas nacionais. Elas terão de fabricar os componentes que vão compor o acelerador – peças complexas, cuja fabricação exigirá que invistam no desenvolvimento de novas tecnologias de produção. "O mais perto disso já visto no Brasil foi a conquista das águas profundas pela Petrobras”, diz Penna. Há um consenso entre os pesquisadores brasileiros de que o acelerador deve ser concluído. Na maior parte do mundo desenvolvido existe uma vaga noção de que investimento em ciência significa crescimento econômico futuro. Em 2009, quando a economia americana patinava, o presidente Barack Obama anunciou que destinaria US$ 21 bilhões adicionais para atividades de pesquisa e desenvolvimento científico, como parte de seu plano de recuperação da economia. Não há um consenso quanto ao retorno desse esforço – os economistas não sabem dizer se US$ 1 aplicado em ciência resultará em US$ 1 ou mais no futuro. Mesmo assim, na esteira da crise de 2008, países como Austrália, Canadá, Alemanha e Suécia seguiram o exemplo americano e aumentaram o financiamento para pesquisa. O Brasil não faz isso. Reduziu investimentos científicos na crise. Mas, se o Sirius for até o fim, isso poderá talvez indicar que o país passou a ver ciência como investimento, e não despesa.
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- 11/01/2017 - IPT avança no domínio da cadeia de superímãsFonte: Site Inovação Tecnológica
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) deu mais um passo para a criação de uma cadeia produtiva de superímãs no Brasil.
Após obter os primeiros 100 gramas de didímio metálico no país, uma nova parceria entre o Instituto e a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) visa a produção da liga didímio-ferro-boro, a base para a fabricação de ímãs permanentes com elementos de terras raras.
O projeto, realizado no âmbito da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), terá duração de um ano e aporte de R$ 2,7 milhões, além de um investimento adicional de R$ 500 mil por parte da CBMM, para compra de um equipamento necessário ao resfriamento controlado e criação de microestruturas na liga.
Cadeia dos superímãs
"A cadeia de produção dos superímãs se inicia na extração dos minérios, que é feita em Araxá [MG] pela CBMM. Depois, ocorre a concentração das terras raras, a produção dos óxidos e a obtenção do didímio, realizada na etapa anterior", explica o pesquisador João Batista Ferreira Neto. "Nessa segunda etapa, o objetivo é obter a liga de didímio, ferro e boro, para então passarmos à terceira fase, em que poderemos produzir o pó da liga e o superímã em escala laboratorial".
A produção dos pós de ligas metálicas, dos superímãs em pequena escala e o estudo de revestimentos que possam protegê-los da corrosão, que integram uma terceira fase da cadeia, comporiam um posterior projeto que está em fase de avaliação.
"O que estamos desenvolvendo aqui éknow-how, é capacitação para que o Brasil possa produzir esses ímãs. É um passo fundamental na cadeira produtiva e necessário para que, após estudos de viabilidade técnico-econômica, seja possível unir as empresas que produzem e as empresas que consomem os ímãs, na outra ponta da cadeia," disse João Batista.
Vantagens competitivas
Com aplicações em turbinas eólicas, carros elétricos e motores de alto de desempenho, como os utilizados em eletroeletrônicos, os superímãs são produtos importantes para o fornecimento a indústrias de alto valor agregado. Em um mercado atual quase completamente controlado pela China, que possui mais de 55 milhões de toneladas de reservas em terras raras e domina toda a cadeia de produção dos ímãs, João Batista defende que o avanço se faz necessário diante de algumas vantagens de que o Brasil pode se utilizar.
"Depois da China, temos a maior reserva de terras raras do mundo, com 22 milhões de toneladas, e ainda temos uma vantagem produtiva: as terras raras estão no rejeito da extração do minério de nióbio explorado pela CBMM, de maneira que o custo de extração seria abatido do custo total de produção", esclarece o pesquisador. "Além disso, os países da Europa, os EUA e o Japão, grandes consumidores dos superímãs, procuram alternativas de fornecimento que, por ser exclusivo, os tornam dependentes do mercado chinês."
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- 11/01/2017 - SBPC e ABC enviam carta a Alckmin sobre a redução do repasse à FapespAs entidades informam que os valores destinados à Fapesp sofreram redução na Lei Orçamentária Anual de 2017, não atingindo o limite mínimo de 1% da receita tributária do Estado de São Paulo, conforme prevê o artigo 271 da Constituição Estadual
As entidades informam que os valores destinados à Fapesp sofreram redução na Lei Orçamentária Anual de 2017, não atingindo o limite mínimo de 1% da receita tributária do Estado de São Paulo, conforme prevê o artigo 271 da Constituição Estadual
Fonte: Jornal da CiênciaOs presidentes da SBPC, Helena Nader, e da ABC, Luiz Davidovich, respectivamente, enviaram uma carta governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ressaltando que os valores destinados à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) sofreram redução na Lei Orçamentária Anual de 2017 (LOA 2017, lei No. 16.347 de 29 de dezembro de 2016), não atingindo o limite mínimo de 1% da receita tributária do Estado de São Paulo, conforme prevê o artigo 271 da Constituição Estadual.
Na carta, as entidades pedem que o governador corrija essa situação, "atribuindo à Fapesp a missão planejada de desenvolvimento tecnológico e engenharia e restituindo a ela os respectivos valores orçamentários”.
No documento, ambos destacam ainda a importância do papel que a Fapesp tem assumido, desde a sua criação, para o fortalecimento do conhecimento científico e tecnológico do Estado de São Paulo.
Veja aqui carta na íntegra.
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- 11/01/2017 - Finep firma empréstimo junto ao BID para financiar pesquisas nos próximos cinco anosMontante total é da ordem de US$ 1,5 bilhão, dos quais US$ 310 milhões serão executados ainda este ano. Valor é próximo ao aprovado para o FNDCT neste ano. Esta foi a primeira vez que a Finep captou recursos no exterior
Montante total é da ordem de US$ 1,5 bilhão, dos quais US$ 310 milhões serão executados ainda este ano. Valor é próximo ao aprovado para o FNDCT neste ano. Esta foi a primeira vez que a Finep captou recursos no exterior
Fonte: Jornal da CiênciaA Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) vai receber US$ 1,5 bilhão do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O montante captado via empréstimo será distribuído à agência vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) nos próximos cinco anos. Esta é a primeira vez que a Finep capta recursos no exterior.
"O acordo entre a Finep e o BID sinaliza novos rumos no relacionamento financeiro do País com o exterior. O Brasil se reinsere nos fluxos de crédito e financiamentos internacionais com a assinatura. É uma clara demonstração de como o governo pretende potencializar todos os instrumentos disponíveis para alavancar seu crescimento econômico, além de um claro sinal de confiança internacional”, afirmou o presidente da Finep, Marcos Cintra.
Parte do valor, US$ 310 milhões, será executada ainda este ano. Segundos dados fornecidos pela Financiadora, este recurso, em reais, é praticamente o mesmo que o total aprovado para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) para 2017: R$ 1,3 bilhão.
"Quitamos dívidas de 2009 a 2015. Com o empréstimo, agora dá para respirar. Tivemos um aumento do orçamento e estamos aumentando a captação”, destacou o diretor Financeiro da Finep, Ronaldo Camargo.
Dentro os programas que serão apoiados com os recursos oriundos do empréstimo junto ao BID estão o Plano de Desenvolvimento e Inovação da Indústria Química (Padiq) e o Plano de Desenvolvimento, Sustentabilidade e Inovação do Setor de Mineração e Transformação Mineral (Inova Mineral). Um programa voltado ao setor de biocombustíveis avançados, em fase de estruturação pela Finep, também terá acesso a esses recursos.
O BID ainda será coinvestidor em empresas inovadoras em estágio inicial e vai auxiliar, com recursos não reembolsáveis e apoio técnico especializado, no fortalecimento institucional da Financiadora e no desenvolvimento e aplicação de metodologias e processos para o monitoramento de resultados.
Como foi
A negociação entre as partes duraram cerca de dois meses e meio. Em dezembro último, foi definido o formato da operação em reunião na sede do MCTIC, em Brasília (DF), e apresentado à Comissão de Financiamento Externos (Cofiex) – órgão do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão –, que liberou a captação de recursos do exterior.
Pelo acordo, caso as diferentes parcelas do total de US$ 1,5 bilhão sejam executadas antes dos períodos pré-estabelecidos, a Cofiex pode autorizar a Finep a adiantar a aplicação do restante dos recursos previstos para os anos subsequentes. O Banco Central e o Ministério da Fazenda são os avalistas da transação.
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- 10/01/2017 - Tratamento contra o câncer inédito no país é usado em hospital do RSTécnica minimiza efeitos colaterais da radioterapia nos pacientes. Sistema Calypso evita que radiação atinja células e órgãos sadios.
Técnica minimiza efeitos colaterais da radioterapia nos pacientes. Sistema Calypso evita que radiação atinja células e órgãos sadios.
Fonte: G1Um tratamento contra o câncer inédito no país começou a ser adotado nesta terça-feira (10) pelo Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegra. Segundo a instituição, a técnica evita que a radioterapia afete células e órgãos sadios, minimizando os efeitos colaterais, como mostra reportagem do RBS Notícias (veja no vídeo).
Pacientes com câncer são submetidos à radioterapia para eliminar ou impedir que as células de tumor aumentem. O objetivo do Sistema Calypso é atenuar os efeitos colaterais causados no tratamento, evitando que a radiação atinja células sadias.
A tecnologia combina a ação do equipamento que emite a radioterapia com o implante no corpo do paciente de cápsulas eletromagnéticas, que guiam a radiação até onde está o tumor, evitando que células saudáveis sejam atingidas.O coordenador da unidade de radioterapia do hospital, Wilson José de Almeida Júnior, explica que, durante a aplicação da radioterapia, é muito difícil para o paciente ficar completamente imóvel. No caso do câncer de próstata, isso gera problemas como diarreias e sangramento. Mas com o novo método, o paciente pode voltar imediatamente à vida normal.
"É um tratamento clínico que conseguimos fazer de uma forma ambulatorial. As pessoas não precisam deixar de trabalhar para fazer a radioterapia. Como os sintomas são muito baixos no sentido da intensidade, ele tolera muito bem o tratamento, isso não desloca a pessoa do seu trabalho, da sua área de convívio", explica Almeida Júnior.
Nesta terça, o primeiro paciente fez o implante das capsulas foi submetido à radioterapia para combater o câncer de próstata. A expectativa é que logo a técnica seja usada pra outros tipos de câncer, como de mama e pulmão. Por enquanto, o tratamento ainda não está disponível para planos de saúde e pacientes do SUS.
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- 10/01/2017 - Última reunião em Viena sobre acordo nuclear iraniano antes da era TrumpFonte: UOL
Viena, 10 Jan 2017 (AFP) - O Irã e as grandes potências se reuniram nesta terça-feira em Viena para analisar os progressos realizados como parte do acordo nuclear concluído em 2015, num contexto de incertezas com a chegada de Donald Trump à Casa Branca, que criticou o texto.
"Tudo aconteceu conforme previsto", assegurou o representante russo Vladimir Voronkov à imprensa após o fim da reunião, ressaltando que a implementação do acordo estava de acordo com os compromissos.
"A confiança está crescendo. Isso também é importante", observou ele.
Organizado a pedido de Teerã após a renovação pelos Estados Unidos das sanções contra o país, o encontro reuniu durante quase três horas os diretores políticos dos seis países envolvidos no acordo e sob mediação da Comissão Europeia.
O encontro é o quarto desde a entrada em vigor, em janeiro de 2016, do acordo destinado a garantir o caráter estritamente pacífico do programa nuclear do Irã.
Ele ocorre em um contexto de expectativa, uma vez que o novo presidente americano Donald Trump, que toma posse em 20 de janeiro, ameaçou durante sua campanha eleitoral "rasgar" o texto, considerado como um grande sucesso diplomático do governo Obama.
Do lado iraniano, o acordo também perdeu um apoio simbólico de peso na pessoa do ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani, que morreu no domingo aos 82 anos.
Concluído após duras negociações em julho de 2015 entre o Irã e o Grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha), na capital austríaca, o acordo prevê a suspensão das sanções ao Irã em troca de um rigoroso controle de suas atividades nucleares.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão da ONU encarregado de supervisionar a aplicação do acordo por Teerã, atestou até à data que a República Islâmica tem cumprido com suas obrigações.
Por sua vez, a comunidade internacional retirou a maior parte das sanções contra o Irã, permitindo um retorno do país ao mercado de gás e petróleo.
Acordo 'tenebroso'Mas, no início de dezembro, o Congresso americano renovou por dez anos o Iran Sanctions Act (ISA). O presidente Barack Obama, muito envolvido na conclusão do acordo, autorizou a prorrogação, mas recusou-se a assinar a lei.
O Irã considera que esta extensão constitui uma "violação" do acordo nuclear e acusa os Estados Unidos de impedir uma normalização real das relações econômicas, especialmente financeiras, com o resto do mundo.
Os Estados Unidos suspenderam as sanções anti-iranianas relacionadas à questão nuclear, mas impõe outras ligadas aos direitos humanos, pelo suposto apoio de Teerã ao "terrorismo" no Oriente Médio e seu programa de mísseis balísticos.
As sanções americanas penalizam o setor bancário iraniano e as indústrias de energia e defesa. Portanto, o impacto econômico do acordo nuclear foi muito menos importante do que se esperava pelo Irã, onde essa frustração poderia prejudicar uma possível reeleição do presidente moderado Hassan Rohani em maio.
Apesar de Trump ter considerado no final de dezembro o acordo como algo "tenebroso", até agora não especificou a maneira como pretende agir em relação a este texto.
No entanto, nomeou como futuro chefe da CIA um ferrenho opositor do Irã, Mike Pompeo, que está empenhado em voltar atrás em um "acordo desastroso".
Obama, no entanto, duvida que Trump seja capaz de desmantelar "um acordo fantástico (...) que impede o Irã de obter uma arma nuclear".
As autoridades iranianas também estimaram que o novo presidente americano não poderia retroceder, especialmente porque foi "aprovado" pela ONU. A União Europeia também destacou o caráter "multilateral" do texto.
Voronkov também se mostrou sereno sobre as intenções de Trump. "A campanha eleitoral é uma coisa, mas o palco onde entra em função é outro", disse à Tass ,estimando que o novo presidente "terá a oportunidade de ver o documento de outra maneira".