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- 23/02/2017 - Entidade alega risco a funcionárias grávidas no Aeroporto de BrasíliaDe acordo com denúncia do Conter, trabalhadoras gestantes são obrigadas a operar aparelhos que utilizam radiação, pondo em risco a gestação
De acordo com denúncia do Conter, trabalhadoras gestantes são obrigadas a operar aparelhos que utilizam radiação, pondo em risco a gestação
Fonte: MetrópoleA operação de aparelhos de scanner em aeroportos brasileiros tem causado polêmica entre trabalhadores e concessionárias. O Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia (Conter) denuncia a alocação de funcionárias grávidas para a tarefa no Aeroporto Internacional de Brasília, e alega que a função apresenta grave risco para as servidoras e os bebês.
O último flagrante ocorreu no dia 23 de janeiro (veja foto abaixo). Na ocasião, uma funcionária grávida utilizava um aparelho emissor de raios X para fazer a checagem de passageiros e bagagens no terminal. De acordo com o Conter, uma situação parecida também foi registrada no dia 31 de março de 2015 em Brasília, e ocorrências do tipo são recorrentes em outros aeroportos pelo Brasil.
Segundo especialistas, o comportamento oferece perigo, já que a exposição dos fetos à radiação pode causar problemas como má formação e retardamento mental. O crescimento também pode ser comprometido, dependendo da quantidade de radiação absorvida e o período da gestação.
Segundo o tecnólogo em radiologia e mestre em engenharia de materiais João Henrique Hamann, o risco é ainda maior se houver exposição à radiação ionizante sem o controle das doses absorvidas nos primeiros três meses de gestação.
"Independentemente da dose, do tipo de radiação e do tempo de exposição, temos um dano que será causado e que pode ou não ser reparado pelo organismo. Portanto, se observarmos sob o aspecto científico da radiobiologia, existe risco à saúde. Principalmente para fetos e embriões, por conta da sensibilidade que possuem”, explica.
Segundo a presidente do Conter, Valdelice Teodoro, a situação também apresenta um outro problema: a pressão psicológica. "Essas moças gestantes não podem deixar o emprego, pois precisam dele para sobreviver, mas trabalham com medo de acontecer alguma coisa e acabam somatizando agressões físicas e psicológicas que se refletem no organismo e no desenvolvimento do bebê”, afirma.
Outro lado
Já para a Inframerica, concessionária responsável pela administração do Aeroporto de Brasília, a operação dos aparelhos com radiação por grávidas não oferece perigo. Em nota, a empresa afirma que "os equipamentos de raios X do Aeroporto de Brasília seguem rigorosamente os padrões e requisitos de radioproteção exigidos pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnem). Os aparelhos têm isenção dos requisitos de proteção radiológica deferidos pelo Cnem. Desta forma, não há qualquer risco de mulheres grávidas operarem ou estarem próximas dos equipamentos”.
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- 21/02/2017 - Laboratório de bolso (Revista FAPESP - nº 272 - fev. 2017)Aumento da eficiência de laser aleatório abre caminho para a fabricação de microchips de baixo custo para exames médicos
Aumento da eficiência de laser aleatório abre caminho para a fabricação de microchips de baixo custo para exames médicos
Fonte: Revista FAPESP
Quebrar recordes de eficiência energética na geração de feixes de laser está se tornando uma rotina para Niklaus Wetter, físico suíço que trabalha no Brasil desde 1988 e há três anos dirige o Centro de Lasers e Aplicações, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo. Em 2015, Wetter e o físico Alessandro Melo de Ana, da Universidade Nove de Julho, apresentaram na revistaOptics Expressuma nova configuração de lentes e espelhos para geradores de laser que usam cristais contendo o elemento químico neodímio. Com o novo arranjo, o dispositivo, um dos mais utilizados no mundo para fins industriais, médicos e de pesquisa, conseguiu aproveitar 60% da energia depositada em seu cristal para gerar luz laser, superando o recorde anterior de 50% para esse tipo de equipamento.
Agora, com a física brasileira Julia Giehl e o físico alemão Felix Butzbach, ambos ex-alunos do Ipen, e o físico espanhol Ernesto Jimenez-Villar, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Wetter conseguiu um avanço ainda maior na eficiência energética de um tipo diferente de laser: o laser randômico ou aleatório, que ganhou a atenção de físicos e engenheiros nos últimos anos por ser de baixo custo e usar dispositivos muito pequenos (verPesquisa FAPESPnº 247). No lugar de um cristal, os equipamentos de laser aleatório produzem uma luz com características do laser convencional a partir de um líquido contendo partículas micro ou nanométricas em suspensão ou de uma mistura de partículas no estado sólido (na forma de um pó). O problema é que a eficiência desse tipo de laser costuma ser baixa. As soluções e misturas de partículas microscópicas convertem em laser no máximo 2% da energia que recebem na forma de luz. Calculando detalhes de como o laser é gerado e amplificado à medida que a luz é refletida várias vezes pelas partículas, a equipe de Wetter descobriu como elevar a eficiência dessa conversão, que agora chegou a 60%. "Esse resultado é comparável ao dos melhores lasers de estado sólido [convencionais] disponíveis no mercado”, afirma Wetter.
O segredo, descobriram os pesquisadores, é misturar partículas de diferentes tamanhos. Nos experimentos, eles usaram grãos de um cristal com 54 micrômetros de diâmetro e grãos quase 10 vezes menores, de apenas 6 micrômetros. Na mistura, as partículas menores preencheram o espaço entre as maiores criando bolsões que aumentaram localmente em 30% o espalhamento da luz – a cada espalhamento mais energia é incorporada ao laser. O resultado final é um aumento de 160% na potência do feixe de laser emitido. Esses resultados foram apresentados dia 31 de janeiro naPhotonics West 2017, em São Francisco, Estados Unidos, a principal conferência de tecnologia laser no mundo. "Temos o recorde atual”, comemora Wetter.
No Ipen, o físico suíço sempre trabalhou na melhoria de fontes de laser de grande potência e precisão, produzidas em equipamentos que usam cristais de alta pureza e lentes e espelhos com polimento especial. São aparelhos de dezenas de milhares de dólares. Desde 2008, porém, seu laboratório persegue em paralelo outra linha de pesquisa: desenvolver melhorias em lasers aleatórios, cujo custo de produção, Wetter avalia, pode um dia chegar à casa dos centavos.
Sua motivação é o impacto tecnológico que os lasers aleatórios prometem produzir no desenvolvimento de laboratórios biomédicos compactos, portáteis e descartáveis, conhecidos pela expressão em inglêslab on a chip. São cartões feitos de vidro ou plástico que contêm uma espécie de encanamento microscópico: canais e reservatórios com milímetros a micrômetros de espessura que permitem o armazenamento, a passagem e a mistura de volumes ínfimos de líquidos. Os pesquisadores projetam essas redes de canais e reservatórios de forma a ser possível combinar amostras de sangue, saliva ou outros fluidos corporais com os reagentes químicos necessários para realizar exames laboratoriais.
Laboratórios de mão
A meta é um dia usar essa tecnologia para oferecer alguns exames a pessoas sem acesso fácil a ambulatórios e laboratórios, como idosos enfermos que não podem sair de casa ou populações carentes que vivem longe dos centros urbanos. Já existem no mundo alguns modelos delab on a chipprontos para uso. No Brasil, uma equipe multidisciplinar coordenada pelo biomédico Marco Aurélio Krieger, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Paraná, está desenvolvendo um chip plástico em forma de disco, com 3 centímetros de diâmetro, capaz de detectar até 20 doenças infecciosas por meio da análise de uma gota de sangue (verPesquisa FAPESPnº192). Os dispositivos que já existem, porém, só realizam diagnósticos mais simples. Identificam, por exemplo, a presença de um patógeno numa gota de sangue, mas não permitem quantificar compostos em amostras biológicas.Alguns obstáculos ainda dificultam a criação de versões mais sofisticadas e baratas doslabs on a chip. Físicos e engenheiros já dominam as técnicas de fabricação dos microcanais nos quais ocorrem as reações químicas necessárias para os exames médicos mais comuns, como o de glicemia, de colesterol ou o de detecção de infecções. Mas o controle dessas reações e a análise dos resultados ainda exigem que o chip seja acoplado a um equipamento externo. Esse equipamento pode ser algo simples, como a lâmpada de luz ultravioleta usada para avaliar os exames feitos no chip da equipe de Krieger, ou uma fonte de laser de alta precisão, necessária para testes mais sofisticados como os que fazem a leitura precisa de níveis de colesterol, insulina e outras moléculas no sangue.
Para que oslabs on a chipse tornem independentes dos equipamentos externos, é preciso incorporar ao cartão de plástico ou vidro uma estrutura capaz de produzir um feixe de laser com direção e comprimento de onda (cor) muito bem definidos, além de potência suficiente para atravessar um microcanal contendo sangue, saliva ou outro fluido biológico. Depois de passar pela amostra, a luz ainda deve chegar a um sensor que analisa as mudanças na intensidade e na cor do laser – alterações nessas propriedades podem indicar a presença das moléculas e a quantidade em que se encontram no material biológico.
Nos Estados Unidos e na Europa, algumas universidades e startups de tecnologia já fabricam chips de diagnóstico capazes de fazer esse tipo de análise em material biológico. Mas esses dispositivos ainda usam lasers produzidos por diodos semicondutores ou cristais geradores de laser convencional que, apesar de relativamente pequenos, custam centenas de dólares. Os aparelhos que geram laser convencional de alta qualidade custam caro porque exigem o uso de espelhos e cristais feitos de material muito puro e com um polimento especial – quanto mais puro o cristal e mais polidos os espelhos, mais eficiente é a produção do laser e mais bem definidas são as suas propriedades necessárias para as análises bioquímicas.
Os físicos esperam resolver esse problema de custo substituindo o laser convencional por laser aleatório. "Vislumbro os lasers randômicos como a maneira mais barata de inserir uma fonte de laser em umlabon a chip”, diz Wetter.
Em um artigo publicado em julho de 2016 na revista Applied Optics, a equipe de Wetter, em parceria com os grupos dos engenheiros Marco Alayo e Marcelo Carreño, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), descreve a fabricação e o funcionamento de uma fonte de laser aleatório que poderia facilmente ser integrada a umlab on a chip. No experimento, uma fonte externa de luz estimulou as moléculas de uma solução contendo rodamina, corante orgânico que emite luz ao ser iluminado. No lugar dos espelhos, o que amplifica a luz produzida pela rodamina são partículas microscópicas de dióxido de titânio (TiO2), também conhecido como rutila, o principal componente das tintas brancas e dos protetores solares, com grande capacidade de refletir e espalhar a luz. Quando ajustam corretamente a concentração de partículas de rutila ao tamanho e ao formato do microcanal com rodamina, os pesquisadores conseguem gerar um feixe de laser aleatório com direção e cor bem definidos.
Obstáculos tecnológicos
Wetter e seus colaboradores trabalham com diferentes materiais para produzir lasers aleatórios e tentar guiar o percurso dessa luz no interior dos microcanais. O objetivo é superar os obstáculos tecnológicos que impedem a fabricação de umlab on a chipbarato e descartável que funcione com o auxílio de um telefone celular. "Queremos usar o flash da câmera do celular como fonte de luz para gerar o laser aleatório no chip”, explica o físico. A câmera do aparelho serviria para analisar alterações de propriedades do laser que atravessou as amostras. "Se for bem-feito, esse dispositivo talvez possa ser usado em comunidades distantes dos centros urbanos para realizar diagnósticos hoje disponíveis apenas em laboratórios especializados”, conta Wetter.Ainda há muito a fazer. Os lasers aleatórios e o meio ativo desenvolvidos no Ipen, por ora, demonstram que é possível criar o dispositivo. Mas restam barreiras importantes a serem vencidas para se chegar a um dispositivo que possa ser usado por profissionais da saúde. Uma delas é diminuir a energia necessária para ativar a emissão de luz pela rodamina, hoje milhares de vezes mais alta que a fornecida pelo flash de um celular.
Um fenômeno óptico observado recentemente por Wetter e Jimenez-Villar pode ajudar a reduzir a energia necessária para produzir o laser aleatório. Ao revestir as partículas de rutila com uma
fina camada de sílica (SiO2), os pesquisadores produziram, pela primeira vez nesse tipo de laser, um efeito chamado de localização Anderson e aumentaram mais a interação da luz com a matéria, o que reduziu em mais de 10 vezes a energia necessária para gerar o laser. Ainda assim, o flash de um celular não permitiria gerar um laser com potência suficiente para analisar uma amostra biológica. "Temos de melhorar a eficiência de todo o dispositivo para que possa funcionar com um feixe de luz mais fraco”, diz Wetter."A tecnologia dos lasers randômicos está evoluindo rapidamente”, afirma o físico Vanderlei Bagnato, da USP em São Carlos. Ele nota, porém, que outros tipos de laser estão sendo desenvolvidos para integrarlabs on a chip, como os lasers de cavidade vertical. "Nenhuma está completa ainda.”
Projetos
1.Microusinagem com laser de pulsos ultracurtos aplicada na produção e controle de circuitos optofluídicos (nº 2013/26113-6);ModalidadeProjeto Temático;Pesquisador responsávelWagner de Rossi (Ipen);InvestimentoR$ 3.614.777,92.
2.Desenvolvimento de lasers em meios altamente difusos para análise estrutural de tecidos (nº 2012/18162-4);ModalidadeAuxílio à Pesquisa – Regular;Pesquisador responsávelNiklaus Ursus Wetter (Ipen);InvestimentoR$ 279.768,38.Artigos científicos
JORGE, K. C.et al.Directional random laser source consisting of a HC-ARROW reservoir connected to channels for spectroscopic analysis in microfluidic devices.Applied Optics. v. 55 (20). p. 5393-98. 2016.
WETTER, N. U. e DEANA, A. M.Influence of pump bandwidth on the efficiency of side-pumped, double-beam mode-controlled lasers: Establishing a new record for Nd:YLiF 4 lasers using VBG.Optic Express. v. 23. 9379-87. 2015.
REIJN, S-M.et al.Enabling focusing around the corner in multiple scattering media.Applied Optics. v. 54. p. 7740-46. 2015.
JIMENEZ-VILLAR, E.et al.Anderson localization of light in a colloidal suspension (TiO2@Silica).Nanoscale. v. 8. p. 10938-46. 2016.
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- 16/02/2017 - Transporte de pastilha de cobalto para máquina de radioterapia é autorizadoAparelho está desativado em Sorocaba por falta do item, afetando tratamento. Processo de transporte é delicado porque o material é altamente radioativo.
Aparelho está desativado em Sorocaba por falta do item, afetando tratamento. Processo de transporte é delicado porque o material é altamente radioativo.
Fonte: G1Do G1 Sorocaba e Jundiaí
A Comissão Nacional de Energia Nuclear autorizou o transporte da pastilha de cobalto para Sorocaba (SP), onde um equipamento está desativado por falta do item, prejudicando o tratamento de muitos pacientes da região.
Segundo informações da direção da Santa Casa, a empresa que fará o transporte já foi contratada e o objeto deve chegar até o início da semana que vem. É um processo delicado e precisa de autorização porque o material é altamente radioativo.A máquina fica na Santa Casa cidade que é referência em atendimento médico para 48 cidades da região, onde vivem mais de 2 milhões de moradores. As aplicações de radioterapia, que foram interrompidas, devem voltar a ser feitas em abril, segundo o hospital.
A direção da Santa Casa não informa de qual cidade ela vem, mas confirma que a doação da pastilha foi feita pelo mesmo hospital que doou um novo equipamento de radioterapia. O antigo que parou de funcionar em outubro tinha mais de 30 anos de uso.Por conta disso, o único equipamento que atende pacientes que precisam de radioterapia foi desativado no dia 12 de novembro de 2016.
A medida foi tomada por conta do prazo de validade do material radioativo que fica dentro do aparelho que está vencendo. A pastilha de cobalto tem o tamanho de um comprimido e custa aproximadamente R$ 1,5 milhão.
Desde outubro de 2016, pacientes que precisam do tratamento estão sendo encaminhados pela Direção Regional de Saúde de Sorocaba para outros hospitais referência, nas regiões de Campinas e São Paulo.
Equipamento de radioterapia está desativado em Sorocaba (Foto: Reprodução/TV TEM) -
- 15/02/2017 - José Goldemberg recebe título de professor emérito da USPPresidente da FAPESP recebeu o título concedido a professores aposentados que se distinguiram por atividades didáticas e de pesquisa ou que tenham contribuído, de modo notável, para o progresso da USP
Presidente da FAPESP recebeu o título concedido a professores aposentados que se distinguiram por atividades didáticas e de pesquisa ou que tenham contribuído, de modo notável, para o progresso da USP
Fonte: Agência FAPESP
A Universidade de São Paulo (USP) outorgou na terça-feira (14/02) o título de professor emérito ao professor e ex-reitor da universidade, José Goldemberg, presidente da FAPESP. A cerimônia ocorreu no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, e contou com a presença do governador Geraldo Alckmin, de secretários de estado, dos ex-presidentes da FAPESP Carlos Vogt e Celso Lafer – professor emérito da USP também representando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso –, do reitor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Sandro Roberto Valentini, de diretores e conselheiros da FAPESP, além de professores e diretores de unidades da USP e outras autoridades.
A concessão do título a Goldemberg foi aprovada pelo Conselho Universitário da USP em sessão realizada em 4 de outubro de 2016. A honraria é concedida a professores aposentados que se distinguiram por atividades didáticas e de pesquisa ou que tenham contribuído, de modo notável, para o progresso da USP.
Este foi o 17º título de professor emérito concedido pela universidade desde a sua fundação, em 1934, e o primeiro concedido a um ex-reitor. Goldemberg já possuía os títulos de professor emérito do Instituto de Física e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP.
"É um privilégio e uma honra receber da Universidade de São Paulo o título de professor emérito. Devo à USP minha formação e experiência universitária”, disse Goldemberg em seu agradecimento.
"O professor Goldemberg reúne as qualidades de cientista, acadêmico e homem público. Na sua adolescência, se encantou com a busca de respostas para questões simples do mundo que nos cercam. Em seguida, caminhou para equações e questões que derivam da análise dos átomos e da energia. E, depois, voltando-se para a sociedade, buscou aproximar a ciência dela, dando um sentido prático ao conhecimento”, disse Marco Antonio Zago, reitor da USP, em sua saudação.
"Como reitor da USP, modernizou a universidade, fundou o IEA [Instituto de Estudos Avançados] e promoveu de maneira prática a autonomia das universidades públicas paulistas que são, ainda hoje, as únicas instituições genuinamente autônomas na área do conhecimento e da ciência no país. Por isso, a USP decidiu conceder merecidamente o título de professor emérito a ele, que é um cientista com visão social da ciência e que promove essa visão nas instituições em que atua”, afirmou Zago.
Por sua vez, o governador Geraldo Alckmin destacou a contribuição de Goldemberg para a USP e como cientista e também para os governos paulista e federal, além de seu papel como atual presidente da FAPESP.
"Desde que assumiu a presidência da FAPESP, em 2015, a instituição expandiu o apoio a pequenas empresas inovadoras de tecnologia e, apenas no ano passado, aprovou 200 projetos”, disse. O governador fez referência ainda a acordos feitos pela FAPESP com grandes empresas em conjunto com a Escola Politécnica da USP, para utilização de gás natural, e à elaboração em curso de um programa para o desenvolvimento e a modernização dos institutos de pesquisa do estado.
"É fundamental que a FAPESP contribua com São Paulo no avanço das ciências aplicadas, trazendo novos rumos para a ciência paulista”, avaliou.
Autonomia universitária
Em seu discurso, Goldemberg relatou como tentou durante sua gestão como reitor da USP contribuir para o reerguimento da instituição, afetada pelo período autoritário pelo qual o país passou de 1964 a 1985.
"O que tentei como reitor foi tentar elevar o nível da universidade para atingir melhor os objetivos para os quais foi criada, em 1934, e que refletiam uma visão republicana e liberal da universidade”, disse Goldemberg.
"Segundo esta visão, a função da universidade é propiciar a busca livre da ciência e da excelência em todas as áreas; realizá-las sem se submeter a interesses de classes, grupos partidários ou a ideologias totalitárias; e garantir o acesso sem utilizar outro critério que não seja a capacidade dos candidatos”, detalhou.
Goldemberg também discorreu sobre sua contribuição como reitor da USP para assegurar a autonomia não só da instituição, mas das outras universidades paulistas, como estabelecido no artigo 207 da Constituição brasileira de 1988, que preceitua que "as universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”.
Uma das versões iniciais do anteprojeto da Constituição, contudo, continha no artigo 207 a expressão "nos termos da lei”, que tornaria indefinida a autonomia das universidades, ponderou Goldemberg.
"Como reitor discuti este tema várias vezes com Mario Covas [1930 – 2001], relator da Constituição, contribuindo para que essa expressão fosse eliminada”, disse.
Na avaliação dele, a defesa apaixonada da autonomia didática-científica e da defesa da ciência e dos cientistas que fez durante toda a sua trajetória teve origem em sua experiência como diretor do Instituto de Física da USP, entre 1970 e 1980, com apoio do então reitor da universidade Miguel Reale (1910 – 2006), e como presidente da SPBC, entre 1979 e 1981.
"Em alguns períodos, a interferência do aparato policial do governo na vida universitária era tal que havia agentes do SNI [Serviço Nacional de Informações] no gabinete do reitor, que não distinguiam entre ideias e atividades subversivas, vetando até a nomeação de professores. Esse aparato policial desapareceu assim que assumi a reitoria da USP, em 1986”, afirmou.
Goldemberg também lembrou que a liberação dos recursos para as universidades paulistas era negociada no passado pelos reitores e o Governo do Estado, e sujeita a atrasos, contingenciamentos e ajustes de todo o tipo.
Como os orçamentos fixados no início do ano eram insuficientes – sobretudo devido à inflação vigente –, era necessário negociar com o governo o tempo todo recursos adicionais (suplementações). "A autonomia de gestão era uma mera ilusão”, afirmou.
"Em 1988, junto com Paulo Renato Souza (1945 – 2011), então reitor da Unicamp, e Jorge Nagler, reitor da Unesp, negociamos com o governador do estado uma nova sistemática de alocação e liberação de recursos. Foi fixada, através do decreto de número 29.598, de 2 de fevereiro de 1989, uma porcentagem fixa do ICMS do estado de 8,4%, que era a média histórica dos três anos anteriores”, disse Goldemberg.
"Esse percentual foi atualizado ao longo dos anos e hoje é de 9,57% – dos quais cerca da metade (aproximadamente R$ 5 bilhões) é destinada à USP e o restante para as outras universidades do estado”, afirmou.
Na avaliação dele, a partir de 1989, a autonomia financeira da USP e o elevado senso de responsabilidade e de missão de uma sucessão de reitores permitiu que a universidade atingisse um nível de desempenho e excelência sem precedentes. E hoje figura entre as 200 melhores universidades do mundo, em um universo de cerca de 10 mil universidades, e é uma das melhores da América Latina, ressaltou.
O aumento de despesas com pessoal a partir de 2010, entretanto, comprometeu mais de 100% dos recursos da USP e colocou em risco a própria autonomia da universidade porque implica na busca de suplementação do Governo do Estado – que é justamente o que se pretendeu evitar com o decreto número 29.598, de 1989, que atribuiu à universidade uma fração fixa do ICMS –, ponderou Goldemberg.
"Nesta situação, as atividades de pesquisa científica e tecnológica, de interesse estratégico para o país, e não apenas de interesse da universidade, só não sofreram uma queda acentuada graças ao apoio da FAPESP”, ressaltou.
Goldemberg defendeu que a indexação dos recursos da USP ao ICMS é justificada pelo fato de que a educação exige um esforço continuado e, assim como a pesquisa, precisa ser alimentada o tempo todo. E que considera essencial em tempos de crise, como a atual, que haja um esforço para esclarecer o governo e a sociedade sobre a importância da universidade e que os gastos que isso implica são justificados, não se confundindo com demandas corporativas das quais a própria universidade tem de saber se defender.
"Um dos argumentos que justificam esta visão é o de que a USP já formou cerca de 300 mil profissionais em todas as áreas desde sua criação há mais de 80 anos, que são líderes incontestes na indústria, agricultura, ciência e cultura do estado e do país. E é graças à USP e a toda influência que exerce no sistema universitário de São Paulo e do país (público e privado) que temos um Incor e tratamento de câncer de primeiro mundo, uma engenharia de vanguarda em grandes obras, uma agricultura avançada e, só para dar um exemplo, um programa pioneiro de álcool de cana-de-açúcar que gera um milhão de empregos por ano”, enumerou.
"Por essas razões é tão importante preservar a USP como uma universidade de primeiro mundo e da qual eu muito me honro hoje em ser professor emérito”, afirmou Goldemberg.
A serviço da ciência e da sociedade
Nascido em Santo Ângelo (RS), em 1928, Goldemberg fez o bacharelado em Ciências (1950) na USP – tendo trabalhado como bolsista orientado pelo professor Marcello Damy de Souza Santos (1914 – 2009), a quem auxiliou na instalação do acelerador Betatron (um tipo de acelerador de elétrons) –, doutorado em Ciências Físicas (1954), livre-docência (1957), professor titular do Instituto de Física e reitor da universidade de 1986 a 1990.
Foi professor catedrático na Escola Politécnica da USP, professor associado na Universidade de Paris, professor titular da Universidade de Toronto, professor visitante na Universidade de Princeton, professor visitante na Academia Internacional do Meio Ambiente de Genebra e catedrático de Estudos Latino-Americanos na Universidade de Stanford.
Goldemberg dirigiu o Instituto de Física da USP, foi presidente da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), da Sociedade Brasileira de Física (SBF), da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
No governo federal, foi secretário de Ciência e Tecnologia da Presidência da República, secretário Interino de Meio Ambiente – quando teve papel decisivo para o sucesso da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (Rio-1992) – e ministro da Educação.
É membro da Academia Brasileira de Ciências desde 1955 e recebeu a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico da Presidência da República do Brasil, em 1995.
Entre diversos prêmios e títulos honoríficos que recebeu em sua carreira estão o prêmio pela contribuição excepcional para o desenvolvimento da economia da Associação Internacional da Economia Energética (1989); de doutor honoris causa do Instituto de Tecnologia de Israel (1991); o prêmio Volvo Meio Ambiente (2000); a Medalha Butantan (2005); o título de pesquisador emérito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (2006); o KPCB Prize for Greentech Policy Innovators (2007), e o Blue Planet Prize (2008), da Asahi Glass Foundation.
Foi selecionado em 2007 pela revista Time como um dos 13 "Heroes of the Environment” na categoria de "líderes e visionários". Recebeu o Trieste Science Prize da Academia de Ciências do Terceiro Mundo (TWAS), em 2010, e o Zayed Future Energy Prize na categoria "Life achievement", em 2013.
Em 2014, foi condecorado com o prêmio "Guerreiro da Educação - Ruy Mesquita" pelo Centro de Integração Empresa Escola (CIEE) e o jornal "O Estado de S. Paulo”. Em 2015, recebeu o prêmio da Fundação Conrado Wessel e foi nomeado presidente da FAPESP.
Desde fevereiro de 2014, ocupa como membro efetivo a cadeira nº 25 da Academia Paulista de Letras (APL).
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- 14/02/2017 - Almaraz: Ordem dos Engenheiros impedida de entrar na central nuclear espanholaDurante a viagem para Espanha, o grupo de engenheiros foi surpreendido com a decisão do cancelamento da visita. Ordem diz que a situação só pode ser encarada como "uma afronta às mais elementares normas de relacionamento das comunidades técnicas" dos dois países. Empresa diz que objectivo inicial da visita foi alterado.
Durante a viagem para Espanha, o grupo de engenheiros foi surpreendido com a decisão do cancelamento da visita. Ordem diz que a situação só pode ser encarada como "uma afronta às mais elementares normas de relacionamento das comunidades técnicas" dos dois países. Empresa diz que objectivo inicial da visita foi alterado.
Fonte: Jornal de Negócios (Portugal)
"Uma decisão inesperada", cujas "razões e motivações carecem certamente de uma justificação" e que "contraria o são relacionamento e as normas de cooperação que devem pautar o relacionamento técnico entre entidades dos dois países" bem como "a desejável transparência a nível da partilha de informação técnica". A Ordem dos Engenheiros de Portugal comenta, desta forma, a decisão da empresa responsável pela central nuclear espanhola de Almaraz que esta segunda-feira, sem que nada o fizesse prever, decidiu cancelar a visita de uma comitiva de engenheiros portugueses.A decisão foi comunicada à Ordem já no decurso da viagem para Espanha, apanhando todos de surpresa e surge numa altura em que a central nuclear tem estado no centro de alguma polémica entre os dois países, na sequência da decisão das autoridades espanholas de, sem terem consultado Portugal, autorizarem a construção de um armazém de resíduos. Almaraz fica a cerca de 100 quilómetros da fronteira portuguesa, pelo que o tema é particularmente sensível do ponto de vista da segurança.
Levantou-se entretanto também a questão do prolongamento, por mais dez anos, do período de funcionamento da central e esta precisamente essa a temática que estava no centro desta viagem a Espanha dos representantes da Ordem dos Engenheiros. Tratava-se "de uma visita de natureza técnica, cujo propósito assentava na recolha de informações sobre a operação da Central, bem como das perspectivas de prolongamento do seu ciclo de vida e sobre a intenção de construção de um depósito de resíduos nucleares", esclarece a Ordem.
Essa motivação, acrescentam os responsáveis em comunicado, esteve clara desde o início da marcação da visita, que "estava há muito agendada". Não será esse o entendimento dos responsáveis da Central, explorada pelas empresas Iberdrola, Endesa e União Fenosa. Em declarações à Lusa, fonte da central explicou que"há dezenas de visitas anualmente de cortesia e de caráter técnico" geral, para explicar às mais diversas entidades "o que é e como funciona uma unidade nuclear de produção de eletricidade". No entanto,a Ordem dos Engenheiros pretendia "investigar" as condições de prolongamento da central e a construção do aterro nuclear "e isso não era o tema da visita".
O cancelamento foi recebido "com total surpresa por parte da Ordem", cuja delegação integrava o bastonário, Carlos Mineiro Aires, os dois vice-presidentes nacionais, membros do Conselho Directivo Nacional, os presidentes dos Colégios Nacionais de Engenharia Electrotécnica e de Engenharia do Ambiente, o coordenador da Especialização de Energia, um membro da Assembleia de Representantes e vários especialistas.
Nada fazia perspectivar que a Ordem, "preocupada com a segurança dos portugueses e com os impactes transfronteiriços" do futuro da central nuclear "pudesse ser confrontada com este desfecho imprevisível" que, consideram os representantes dos engenheiros, "é um mau exemplo do que deve ser o relacionamento, no campo técnico, entre dois países vizinhos" e "uma afronta às mais elementares normas de relacionamento das comunidades técnicas e associativas de Espanha e Portugal".
(notícia alterada às 13:00 com reacção de fonte da Central de Almaraz citada pela agência Lusa)
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- 14/02/2017 - NASA descobriu bolsas de radiação no ar que podem ser perigosas para quem viaja de aviãoAs bolsas apresentam níveis de radiação duas vezes maiores do que os transmitidos durante uma radiografia ao tórax
As bolsas apresentam níveis de radiação duas vezes maiores do que os transmitidos durante uma radiografia ao tórax
Fonte: Visão
Quem tem medo de andar de avião normalmente pensa em cenários apocalíticos, como a queda do avião. No entanto, um estudo da NASA revelou um perigo que poderá ser bem mais comum do que a queda – segundo o Curiosity.com, estatisticamente falando, precisaríamos de viajar de avião uma vez por dia durante 55 mil anos até termos um acidente fatal.
Esse perigo tem a ver com a descoberta de bolsas de altos níveis de radiação, encontradas em regiões de latitude magnética específicas e a alturas frequentemente atravessadas por voos comerciais (de 35 000 a 39 000 pés, mais ou menos 11 a 12 quilómetros).
A radiação ionizante destas nuvens é cerca de duas vezes maior do que aquela que é transmitida durante uma radiografia ao tórax e tem o poder de danificar células genéticas, que podem provocar cancro.
Embora até aqui já se soubesse que em qualquer voo os passageiros são afetados por uma pequena quantidade de radiação – a tripulação tem, inclusivamente, o dobro da taxa normal de melanoma, um cancro de pele – este estudo revela algo novo. Das motorizações feitas em 213 aviões comerciais, os investigadores verificaram picos de atividade radioativa em cinco casos.
De acordo com site Quartz, os investigadores do Automated Radiation Measurements for Aerospace Safety, um projeto inovador que pretende estudar e melhorar as condições de segurança da aviação, consideram que a principal preocupação tem a ver com os efeitos que esta radiação pode provocar com o passar do tempo, já que atravessar algumas destas bolsas de radiação, à partida, não aumenta os riscos para a saúde.
Uma radiografia ao tórax aumenta o risco de cancro mortal numa proporção de 1 em 200 mil, portanto o risco absoluto deve ser baixo. No entanto, deve haver um balanço entre estes dados com o número de voos e se o risco pode ser evitável.
Na aviação norte-americana ainda não existem padrões de segurança de exposição a radiação para os viajantes. No entanto, W. Kent Tobiska, um dos autores do estudo, disse ao New Scientist que as regulações vão surgir nos próximos anos.
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- 14/02/2017 - Programa de Apoio à Propriedade Intelectual tem novas chamadasFonte: Agência Fapesp
A FAPESP anunciou a abertura de novas chamadas de propostas para o Programa de Apoio à Propriedade Intelectual (PAPI) nas modalidades Capacitação e Institucional.
A modalidade Capacitação apoia o aprimoramento dos conhecimentos técnico-científicos dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) das instituições de ensino superior e pesquisa do Estado de São Paulo.
O apoio se dá por meio do financiamento de estudos e intercâmbio em instituições estrangeiras de notório reconhecimento nas atividades de transferência de tecnologia (Fase 1). Após a finalização bem-sucedida da Fase 1, poderão ser submetidos projetos de pesquisa nas áreas de gestão, valoração e transferência de tecnologias (Fase 2).
A instituição-sede deverá se comprometer com o afastamento remunerado dos membros da equipe que farão as visitas ou estágios em instituição no exterior.
As propostas serão recebidas na FAPESP até 29 de abril de 2017. A chamada está disponível em: www.fapesp.br/10766.
Institucional
Na modalidade Institucional, instituições de ensino superior e pesquisa do Estado de São Paulo são apoiadas por meio do apoio ao registro e licenciamento de propriedade intelectual criada a partir dos resultados de pesquisas financiadas pela FAPESP.
O orçamento total apresentado à FAPESP poderá ser de até 50% do valor despendido nos dois anos anteriores com recursos próprios do NIT para a gestão da propriedade intelectual resultante de projetos de pesquisa financiados pela FAPESP.
A estimativa de contrapartida poderá incluir desembolsos para o pagamento de taxas, honorários para a prestação de serviços especializados para a redação do relatório descritivo do pedido de patente ou para o licenciamento das tecnologias e horas da equipe do NIT dedicadas à gestão e licenciamento da propriedade intelectual resultante de pesquisas financiadas pela FAPESP.
As propostas também serão recebidas até 29 de abril. A chamada está publicada em: www.fapesp.br/10767.
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- 13/02/2017 - “Acidente com o Césio é tratado como tabu e ninguém o insere na história da cidade”Gore e trash, obra dos goianos rememora, com muito terror ficcional, um dos episódios mais trágicos da história de Goiás
Gore e trash, obra dos goianos rememora, com muito terror ficcional, um dos episódios mais trágicos da história de Goiás
Fonte: Jornal Opção
Os produtores da HQ destacam: "Não estamos ridicularizando nenhum dos envolvidos no acidente, em momento algum, e não ignoramos a triste memória da população acerca do acidente” | Arte de Rodrigo Spiga
Ademir Luiz & Sarah Cabral
Especial para o Jornal OpçãoEm 2017, o acidente radiológico com o Césio-137, ocorrido em Goiânia, completa 30 anos. Partindo desse trágico evento real, o roteirista Ronaldo Zaharijs e os artistas Eduardo Menna e Rodrigo Spiga lançaram, no dia 13 de janeiro (uma sexta-feira 13!), o romance gráfico "137”. A obra é uma ficção de terror que solta a criatividade para imaginar quais efeitos colaterais a radioatividade poderia ter gerado na população goiana, particularmente nos moradores dos arredores de Abadia de Goiás, cidade vizinha à capital, onde se encontra o depósito — que deveria ser provisório e se tornou definitivo — dos rejeitos radioativos. A HQ foi patrocinada pela plataforma de crowdfunding, ou financiamento coletivo, Catarse, e publicada pela Editora Contato Comunicação. Para falar dessa obra gore e intencionalmente trash, entrevistamos Rodrigo Spiga, primeiro desenhista da HQ e responsável pela capa, e Ronaldo Zaharijs.
Ademir Luiz – A narrativa do romance gráfico se passa nos arredores da cidade de Abadia de Goiás, onde fica o depósito dos rejeitos radioativos do Césio-137. Para desenhar os cenários houve uma pesquisa no local?
Rodrigo Spiga – Houve um estudo do local, da aparência geral da região rural imediata à Abadia de Goiás; porém, o local onde a história se passa, o sítio da família do personagem Sérgio, é fictício. O conceito do lugar foi feito especialmente para ambientar e climatizar a história de acordo com o necessário para o tema da história.
Ademir Luiz – O acidente expôs os goianos ao preconceito pelo país e afora. Consideram que a HQ que estão produzindo, que sugere que a radioatividade provocou mutações nos habitantes de Abadia de Goiás, pode contribuir para a manutenção desse estereótipo?
Rodrigo Spiga – Dificilmente. O que acontece aqui é apenas o uso da história do estado para a produção de uma história fictícia, e normalmente o leitor entende este tipo de coisa. Na história, os mutantes têm caráter tão absurdo que a história ganha ar cômico, é mais uma brincadeira com o estereótipo caipira do que com o próprio acidente com o Césio-137, e o leitor tem de estar aberto a este tipo de assunto. Além do mais, temos o próprio brasão da cidade de Abadia de Goiás, brincando com o fato do depósito de lixo radioativo estar lá: carregam o símbolo radioativo junto a uma vaca.
Ademir Luiz – Em "O massacre da serra elétrica” temos uma família disfuncional com membros que, apesar de tudo, fazem as refeições em comum e, de alguma maneira, se importam uns com os outros. Jason, em "Sexta-Feira 13”, e Michael Myers, em "Halloween”, são personagens estabelecidos por preceitos freudianos. Os mutantes de seu romance gráfico não apresentam traços de humanidade, são basicamente máquinas de matar. Não dar-lhes nenhuma complexidade, nem pessoal nem na relação entre eles, foi consciente? Se sim, por quê? Considerando que a tendência atual é problematizar o mal, como aconteceu em obras como "Malévola” e "Drácula, a História não contada”.
Rodrigo Spiga – O "137” é diferente desses filmes citados. Se aproxima mais de a "Viagem Maldita” e "Pânico na Floresta”, pois os protagonistas aqui são os sobreviventes e não os assassinos. Isso nos deu a liberdade para explorar os personagens nessas situações extremas citadas na pergunta. Os mutantes são sim máquinas de matar, mas isso visto pelos olhos das vítimas. Eles podem ter relações familiares, podem ter profundidade, mas isso as vítimas não têm como saber e pouco nos interessaria demonstrar. Os mutantes apenas aparecem acompanhados pelas vítimas e o enquadramento dessas cenas sempre é escolhido a ponto de priorizar esse ponto de vista. Por isso a escolha de não mostrar hora alguma qualquer tipo de relação entre os mutantes, inclusive nunca confirmar se eles são mutantes, ou se eles forem mutantes, se surgiram pelo fato de o depósito de lixo radioativo estar ali. Lembramos que quem falou isso foi um personagem de ideias questionáveis: Miguel.
Do nosso ponto de vista, esses "mutantes caipiras radioativos” podem muito bem ser seres humanos perfeitamente normais com uma aparência um pouco detestável e com um paladar diferenciado. Poderíamos problematizar o mal, mas não nos interessa, isso tira a graça de uma história de premissa simples. Tudo o que o leitor precisa saber é que esses ditos mutantes tiveram fome e tiveram a sorte de ter um grupo de jovens passando por ali, quiseram os comer e comeram, isso para não haver a chance de serem confundidos com os mocinhos, como acontece nesses dois filmes citados na pergunta, o vilão perde seu poder, não é mais vilão, é apenas um ser incompreendido pela grande maioria das pessoas. Isso nos tira o "fazer pela vontade de fazer”, que é o "mal pelo mal”, a "ação pela ação” etc.
Sarah Cabral – "137” é a adaptação de uma das maiores tragédias ocorridas em Goiás. Geralmente, as obras de ficção que trabalham esse tema procuram ser realistas, mas vocês optaram pelo fantástico. Sendo assim, como foi o processo de concepção da narrativa da HQ, em que é ignorada toda a triste memória da população acerca do acidente e apresentada uma versão ficcional com direito a mutantes e "cozido de carne humana”? A inspiração para a criação veio por onde? Cinema? Livros?
Rodrigo Spiga – Primeiramente, a "137” não é a adaptação do ocorrido, apenas introduzimos o acidente com o césio na história do próprio estado, o que muitas pessoas o esquecem de fazer; esse acidente por aqui é tratado como tabu, ninguém o insere na história da cidade. Nós o inserimos e ele trouxe certas consequências para algumas pessoas. Infelizmente, em nosso mundo ficcional, para algumas pessoas, como os mutantes, as consequências foram maiores. Não estamos ridicularizando nenhum dos envolvidos no acidente em momento algum e não ignoramos a triste memória da população acerca do acidente; temos a personagem Cintia para nos lembrar das consequências.
Ronaldo Zaharijs – A inspiração veio principalmente do cinema. Filmes anteriores à era em que se você não problematiza ou dá explicação para tudo, você está sendo um mau artista.
Sarah Cabral – Sabe-se que o período entre a criação até o "produto final” da obra é bastante extenso e, por muitas vezes, o processo é tido com muita interferência e mudanças. A respeito disso, como se dá a relação da produção visual da história com a ideia original da obra? O peso autoritário de um roteiro a ser seguido tem regido a obra ou, conforme a obra vem se desenvolvendo, a história vem seguindo outros caminhos até então não imaginados?
Rodrigo Spiga – Nós temos o período do projeto em que a figura do roteiro vai lentamente sumindo e virando a figura do quadrinho, e todas as imagens, ações e falas são um só; esse é o sinal de um projeto bem executado, quando não sentimos a figura do roteiro no quadrinho – assim como no cinema. Nesse período, temos a produção visual, seja em forma de rascunhos, "rafes”, layouts, conceitos de personagem e de cenário, decupagem do próprio roteiro. É nesse período em que as mudanças acontecem, as mudanças de história, para que a leitura possa fluir mais perfeitamente. Os cortes e adições de cenas, a definição do "timing”, tudo isso é feito nessa etapa, e é essa etapa que é cercada de mudanças no roteiro base.
Ronaldo Zaharijs – O peso autoritário do roteiro no quadrinho quase sempre é ruim quando são pessoas separadas que executam as etapas de produção, que são poucas, geralmente duas. O ilustrador cria as sequências visuais a partir do zero, as imagens a partir do zero, a partir do momento em que o roteiro já dita por base de regra enquadramento, definições de cena etc. Assim, corta a ação criativa do ilustrador. Então, foi decidido eliminar esse peso autoritário na obra, e há mudanças de ambos os lados sempre que se fazem necessárias.
Sarah Cabral – A ideia por trás de uma obra artística, independente de qual seja a sua forma a ser materializada, frequentemente será questionada quanto a presença de um significado subjetivo afim de categorizar a obra como arte ou não. Dentro da história em quadrinho, é possível distinguir duas obras: a história da obra narrada versus a obra dramatizada em imagens. Considerando isso, foi desejado que a obra tivesse uma subjetividade? Ou haveria uma ausência de significado abstrato, que caberia ao leitor encontrá-lo ao acaso e elevá-la ou não à condição de arte?
Rodrigo Spiga – Primeiramente, o quadrinho não pode ser dividido em "obra narrada” e "obra em imagens”; tudo deve ser um só, pois as imagens contam o que você vê e as palavras comumente o que se ouve. Mas acaba por aí a divisão, já que o produto deve ser um só. E, nisso, entra a liberdade e necessidade de se materializar personalidade em forma de falas, faladas e não escritas. Muitas vezes, se não na maior parte das vezes, é necessário ignorar a gramática, assim como ignoramos no momento em que falamos, muitas das vezes, claro. A subjetividade no quadrinho pode ser encontrada em diversos níveis, como dito na pergunta cabe ao leitor querer identificar isso, estamos seguros que fizemos essa "arte” mencionada, seja na composição visual, nos enquadramentos, na forma de se seguir a narrativa visual, no apelo em forma de história em conjunto ao falado. Elevar esta obra a arte cabe somente a sua forma de conceituá-la, não exatamente ao que fizemos ou deixamos de fazer.
Ademir Luiz é professor da graduação e pós-graduação da Universidade Estadual de Goiás (UEG), e Sarah Cabral é acadêmica de Arquitetura e Urbanismo na mesma instituição
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- 07/02/2017 - Fazenda fixa US$ 301 milhões para importações destinadas à pesquisaA medida foi publicada no Diário Oficial da União de hoje (6). Em carta encaminhada na última quarta-feira, a SBPC e outras 7 instituições pleitearam a liberação imediata das cotas de importação
A medida foi publicada no Diário Oficial da União de hoje (6). Em carta encaminhada na última quarta-feira, a SBPC e outras 7 instituições pleitearam a liberação imediata das cotas de importação
Fonte: Jornal da Ciência
Após mobilização da SBPC e outras 7 entidades pela liberação de cotas de importação de equipamentos e insumos para pesquisas científicas, tecnologia e inovação, o Ministério da Fazendapublicou segunda-feira, 6, no Diário Oficial da União, a Portaria 59, que fixa o limite global anual para 2017 das importações destinadas à pesquisa científica e tecnológica. O limite estipulado é de US$ 301 milhões.
Na última quarta-feira (1), a SBPCenviou uma cartaao secretário da Receita Federal, Jorge Antonio Deher Rachid, com cópia para os ministros da Fazenda, Henrique de Campos Meireles, do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Oliveira e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, pedindo providências para que fossem liberadas as cotas de importação de equipamentos e insumos para pesquisa científica, tecnologia e inovação, conforme a Lei 8010/94.
Assinaram também a carta a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Nacionais de Ensino Superior (Andifes), o Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies), o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), o Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti) e o Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (Fortec).
No documento, as entidades afirmavam que as referidas importações se encontram paralisadas desde o inicio do ano e a demora vinha prejudicando dezenas de projetos de forma irreversível.
Jornal da Ciência/Texto publicado 06/01/2017
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- 06/02/2017 - Irã quer reforçar relações com o Brasil em ‘todos os setores’Presidente iraniano diz que o interesse principal de Teerã no País é nos setores de energia e de transporte
Presidente iraniano diz que o interesse principal de Teerã no País é nos setores de energia e de transporte
Fonte: O Estado de S. Paulo
TEERÃ - O presidente do Irã, Hassan Rouhani, afirmou neste domingo, 5, que seu país está interessado em desenvolver as relações com o Brasil "em todos os setores”, especialmente no de energia e de transporte.
Rouhani ressaltou que os laços bilaterais "avançaram notavelmente nos últimos anos e devem ser promovidos”, informou em comunicado o Ministério das Relações Exteriores iraniano.
Rouhani recebeu as credenciais do novo embaixador brasileiro em Teerã, Rodrigo de Azeredo Santos, que afirmou, por sua vez, que o Irã é "um parceiro confiável” na região, segundo a nota oficial.O embaixador destacou que Irã e Brasil sempre tiveram "relações amistosas” e o governo brasileiro quer "desenvolver a cooperação nos campos da indústria, da energia, do transporte, da ciência, da tecnologia, da cultura e da agricultura”.
Azeredo destacou que o Brasil não pretende exportar bens ao Irã, mas está interessado em importar petróleo e outros produtos energéticos.
Por sua vez, o chanceler iraniano, Mohamad Javad Zarif, ressaltou que "as capacidades de cooperação bilateral são amplas” e o Irã é "um parceiro adequado” para o Brasil na região.
Brasil e Irã já cooperam em vários setores como o de petróleo e gás e o petroquímico.
Rouhani também recebeu as credenciais do embaixador português, João José Corte Real, e instou os investidores desse país a aproveitar as oportunidades econômicas que o Irã apresenta após o acordo nuclear.
O pacto nuclear assinado em julho de 2015 levou à suspensão das sanções diplomáticas e comerciais impostas ao Irã, em troca de que o país limitasse seu programa atômico./ EFE
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- 02/02/2017 - SBPC e mais 7 entidades pedem liberação de cotas de importação de equipamentos e insumos para CT&IEm carta enviada ao secretário da Receita Federal, Jorge Antonio Deher Rachid, as instituições alertam que a paralisação tem prejudicado dezenas de projetos de forma irreversível
Em carta enviada ao secretário da Receita Federal, Jorge Antonio Deher Rachid, as instituições alertam que a paralisação tem prejudicado dezenas de projetos de forma irreversível
Fonte: Jornal da CiênciaA SBPC mais sete entidades enviaram uma carta, nesta quarta-feira (1), ao secretário da Receita Federal, Jorge Antonio Deher Rachid, com cópia para os ministros da Fazenda, Henrique de Campos Meireles, do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Oliveira e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, pedindo providências para que sejam liberadas as cotas de importação de equipamentos e insumos para pesquisa científica, tecnologia e inovação, conforme a Lei 8010/94.
No documento, as entidades afirmam que as referidas importações se encontram paralisadas desde o inicio do ano, pois o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – órgão central do Siscomex – responsável pela análise do enquadramento do projeto beneficiário, até o momento não pôde emitir Licença de Importação. Essa demora tem prejudicado dezenas de projetos de forma irreversível.
Assinam também a carta a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Nacionais de Ensino Superior (Andifes), o Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies), o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), o Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti) e o Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (Fortec).
Leia aqui o documento na íntegra.
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- 02/02/2017 - Aciesp faz mapeamento da produção científica no Estado de São Paulo“Quando o empresário tem que tomar a decisão de se instalar em uma determinada região, ele precisa saber onde estão os nichos de expertise. Informação é crítica para essas decisões”, comenta o idealizador do projeto, José Eduardo Krieger
“Quando o empresário tem que tomar a decisão de se instalar em uma determinada região, ele precisa saber onde estão os nichos de expertise. Informação é crítica para essas decisões”, comenta o idealizador do projeto, José Eduardo Krieger
Fonte: Jornal da CiênciaA Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp) acaba de lançar um estudo com o mapeamento das atividades científicas no Estado. Baseado nos grupos de pesquisa e pesquisadores cadastrados no CNPq, o "Mapa da Ciência de São Paulo” analisa as 15 mesorregiões paulistas e levanta o número de pesquisadores, a produção de artigos e o impacto dessa produção, desde 2002 até 2011. O objetivo do estudo é criar um banco de dados que indique as áreas de concentração de diferentes expertises e como esse tipo de conhecimento vem se desenvolvendo.
"A gente precisa se colocar no sapato de alguém externo à comunidade científica, e estruturar uma maneira de mostrar onde estão os experts desses conhecimentos”, comenta o professor titular de Medicina Molecular na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), José Eduardo Krieger, que idealizou o projeto durante sua gestão como presidente da Aciesp, entre 2011 e 2015.
Segundo ele, esse estudo é importante justamente porque constitui um mapa das expertises do Estado de São Paulo, levando em conta suas 15 mesorregiões econômicas. "Quando o empresário tem que tomar a decisão de se instalar em uma determinada região, ele precisa saber onde estão os nichos de expertise. Informação é crítica para essas decisões”, comenta.
Além de ser um instrumento para desenvolvimento de empresas inovadoras, Krieger ressalta que este também é um material fundamental para políticas públicas.
Para o atual presidente da Aciesp, Marcos Buckeridge, o fato de o estudo ser baseado nos grupos de pesquisa do CNPq, permite um levantamento mais amplo dos pesquisadores e pesquisas realizadas em São Paulo. Ao todo, foram mapeados 7,5 mil grupos de pesquisa nesse período. "O documento é uma análise da evolução da produção científica por todo o Estado na primeira década do século XXI”, resume.
O estudo é focado na densidade de pesquisadores por mesorregião – divisão criada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para fins estatísticos, que congrega municípios com similaridades econômicas e sociais de uma área geográfica – distribuídos nas oito grandes áreas científicas (saúde, humanas, exatas e da terra, biológicas, sociais aplicadas, engenharias, agrárias e linguísticas, letras e artes).
Para cada área de conhecimento, foram feitos mini-gráficos com o número de pesquisadores, o percentual deles em relação a todo o Estado e o número desses cientistas que possuem índice h entre 1 e 2, 3 e 5 e maior ou igual a seis – ou seja, o impacto de suas produções em dois períodos, entre 2009 e 2011 e durante toda a década analisada. O mapeamento também traz a evolução da produção científica, com o número de artigos produzidos ano a ano, de 2002 a 2011, o número de citações que essas publicações tiveram, além da média de citações por artigo.
Nesse período, o estudo contabilizou um total de 54 mil pesquisadores em São Paulo. Desses, 22% estão concentrados na área de ciências da saúde e cerca de 17% em humanas.
"Vai ser bacana, por exemplo, a partir desse mapeamento, discutir o papel das ciências sociais, porque esse é um ponto polêmico que o governador já levantou, e que tem muita pesquisa relevante. Ao mesmo tempo, o estudo mostra também lacunas, onde deveríamos ter feito mais e não fizemos”, comenta Buckeridge.
Distribuição
Como esperado, as mesorregiões Metropolitana de São Paulo e de Campinas possuem as maiores concentrações, em todas as áreas. Mas é interessante observar que mesmo as regiões mais distantes desses centros, como as de Presidente Prudente, Assis ou Bauru, possuem estudos de alto impacto.
"O estudo mostra a contribuição da ciência em todo o Estado de São Paulo, que não está concentrada apenas na capital, mas está distribuída por todo o território. Precisamos agora buscar uma distribuição mais homogênea”, diz a vice-presidente da Aciesp, Vanderlan Bolzani.
Bolzani, que é também vice-presidente da SBPC, ressalta a importância de, a exemplo do que fazem os países mais desenvolvidos, conhecer onde estão os pesquisadores de São Paulo e verificar como essa massa crítica vem colaborando para o desenvolvimento da CT&I. "Não adianta ter 54 mil cientistas, se os cidadãos não têm ideia do que são eles, o que fazem, e como essa ciência pode impactar no dia-a-dia de todos”, diz.
Segundo ela, os dados mostram o que cada região tem de mais forte. "A partir dessa radiografia, é possível ao Estado fazer uma autoavaliação sobre o que ele deseja para a CT&I. O que o governo e toda a população esperam de um Estado que tem um corpo científico tão robusto? Esperamos que seja olhar para frente”, conclui.
O próximo passo, conforme conta Krieger, é criar uma interface eletrônica, com informações mais específicas, que promova ligações entre pesquisadores, empreendedores, e sociedade em geral. "Esse é apenas um primeiro recorte, que reflete as atividades dos primeiros anos desse novo milênio. A ideia é perenizar esse tipo de procedimento”, diz.
O "Mapa da Ciência de São Paulo” está disponível em PDF aqui.
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- 02/02/2017 - FAPESP disponibiliza R$ 15 milhões para projetos inovadores de empresasChamada de propostas para o 2º Ciclo do Programa PIPE encerra em 2 de maio; resultados serão anunciados em 31 de agosto
Chamada de propostas para o 2º Ciclo do Programa PIPE encerra em 2 de maio; resultados serão anunciados em 31 de agosto
Fonte: Agência Fapesp
A FAPESP disponibilizou R$ 15 milhões para apoiar ideias inovadoras apresentadas por empresas com até 250 empregados sediadas no Estado de São Paulo, no âmbito do 2º Ciclo da Análises de 2017 do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE). O prazo para a submissão de propostas encerra em 2 de maio de 2017. Os projetos selecionados serão anunciados em 31 de agosto de 2017.
As empresas interessadas devem apresentar projetos de pesquisa que podem ser desenvolvidos em duas etapas. Na Fase 1, a FAPESP apoiará com até R$ 200 mil projetos que contemplem a demonstração da viabilidade tecnológica de um produto ou processo, com duração máxima de nove meses. Na Fase 2, de desenvolvimento do produto ou processo inovador e duração máxima de 24 meses, os recursos aportados pela Fundação podem chegar a R$ 1 milhão.
Se os proponentes já tiverem realizado atividades tecnológicas que demonstrem a viabilidade do projeto – correspondente à Fase 1 – podem submeter propostas diretamente à Fase 2.
Também podem apresentar propostas empresas ainda não constituídas formalmente – na condição de "empresa a constituir” –, desde que essa formalização ocorra após a aprovação da proposta e antes da celebração do Termo de Outorga.
O pesquisador proponente deverá demonstrar conhecimento e competência técnica no tema do projeto, mas não é exigido nenhum título formal, seja de graduação ou pós-graduação.
O programa não exige contrapartidas, mas a empresa deverá comprometer-se a oferecer condições adequadas para o desenvolvimento do projeto de pesquisa durante o período de sua execução e em envidar os melhores esforços para a comercialização bem-sucedida dos resultados.
Para saber mais sobre o PIPE acesse o endereço: www.fapesp.br/pipe.
O texto completo da Chamada de Propostas está em http://www.fapesp.br/pipe/chamada-2-2017.
A FAPESP divulgará o resultado da avaliação por meio do envio dos pareceres técnicos dos avaliadores. Essas avaliações podem ser úteis para o aperfeiçoamento da proposta, seja ela aprovada ou não. Em caso de não aprovação o proponente poderá aperfeiçoar a proposta corrigindo as falhas apontadas e submeter nova solicitação em edital subsequente.
Para esclarecer eventuais dúvidas sobre o programa e a elaboração de propostas ao 2º Ciclo de Análises 2017 do PIPE, será realizado o Diálogo sobre Apoio à Pesquisa para Inovação na Pequena Empresa, em 29 de março, das 9h às 12 h, na sede da FAPESP, em São Paulo. O evento tem apoio do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) e do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi).
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- 01/02/2017 - Russa Rosatom fornecerá concentrado de urânio para brasileira INBFonte: UOL
A Uranium One, subsidiária da gigante nuclear russa Rosatom, venceu concorrência internacional aberta pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB) para o fornecimento de concentrado de urânio (U3O8) para a estatal brasileira. O valor do negócio, cujo resultado foi divulgado nesta quarta-feira no "Diário Oficial da União", não foi revelado.
A empresa fornecerá 982 mil libras, o equivalente a 445,4 toneladas, de concentrado de urânio, também conhecido com "yellowcake". O produto é utilizado no processo de enriquecimento de urânio, para o abastecimento das usinas nucleares brasileiras. -
- 31/01/2017 - Eletronuclear declara nula licitação para montagem da usina nuclear Angra 3Fonte: UOL Notícias
(Reuters) - A estatal Eletronuclear, da Eletrobras, declarou nulo o processo de licitação que havia resultado na contratação de um consórcio para realizar a montagem eletromecânica da usina nuclear de Angra 3, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, segundo publicação no Diário Oficial da União desta segunda-feira.
As empresas Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, UTC, Techint, Odebrecht e EBE e o consórcio Angramon, formado por elas, recorreram da anulação, mas tiveram os pedidos indeferidos pela Eletronuclear.
O processo foi analisado em uma reunião realizada em 26 de janeiro na sede da Eletronuclear, segundo o aviso de anulação, assinado pelo diretor presidente da companhia, Bruno Barretto.
No início de janeiro, Andrade Gutierrez e UTC assinaram acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no qual admitiram cartel na licitação, o que já havia sido feito pela Camargo Corrêa em agosto de 2015.
As irregularidades no contrato com as empresas para montagem de Angra 3 foram reveladas em meio às investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, que apura um enorme esquema de corrupção entre empresas e políticos no Brasil.
Após a denúncia, e em meio a atrasos de pagamentos pela Eletronuclear, as construtoras paralisaram as obras de Angra 3.
No final de dezembro, a Eletronuclear assinou memorando de entendimento com a chinesa CNNC para possível participação da empresa em uma retomada da construção de Angra 3. -
- 30/01/2017 - Dispositivo apresenta maior nível de interação entre luz e movimentoDesign de componente desenvolvido por pesquisadores da Unicamp permitiu aumentar o acoplamento entre ondas de luz e mecânicas
Design de componente desenvolvido por pesquisadores da Unicamp permitiu aumentar o acoplamento entre ondas de luz e mecânicas
Fonte: Agência Fapesp
Elton Alisson
Os dispositivos optomecânicos – capazes de confinar simultaneamente ondas de luz e mecânicas, de modo a possibilitar que interajam – podem ser úteis tanto para o estudo de questões fundamentais da Física, como para o uso de luz para detectar movimento, como já fazem os chamados acelerômetros. Presentes emsmartphones, esses componentes eletrônicos ajustam a orientação da tela de paisagem para retrato e vice-versa, ao detectar o movimento de rotação do aparelho pelo usuário.
O uso desses dispositivos optomecânicos para estudar fenômenos quânticos macroscópicos – no qual as propriedades da matéria em escala macroscópica, como as vibrações mecânicas, passam a ser governadas pelas leis que regem os átomos (a mecânica quântica) – ou para identificar movimentos muito sutis requer, contudo, níveis extremamente elevados de interação – ou acoplamento – entre as ondas de luz e as ondas mecânicas, conforme explicam especialistas na área.
Um grupo liderado pelos pesquisadores Thiago Pedro Mayer Alegre e Gustavo Silva Wiederhecker, do Instituto de Física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), conseguiu desenvolver, durante pesquisasapoiadas pela FAPESP na modalidade de auxílio Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes, um dispositivo optomecânico com um novodesignque permitiu apresentar níveis de acoplamento entre as ondas de luz e as mecânicas maiores do que os relatados para outros dispositivos semelhantes desenvolvidos em laboratório.
O novo dispositivo optomecânico e a demonstração experimental de seu funcionamento foram relatados em um artigo publicado na revistaOptic Express, destacado pela Optical Sociey of America.
"A forma como desenhamos o dispositivo permite aumentar os níveis de interação entre as ondas de luz e mecânicas que perpassam por ele”, disse Alegre, à Agência FAPESP.
"Dessa forma, o dispositivo poderá ter tanto aplicações práticas, como subsidiar nossa pesquisa básica, ajudando a responder algumas perguntas como o que acontece na transição entre o mundo microscópio quântico e o mundo macroscópico clássico”, exemplificou.
O dispositivo criado pelos pesquisadores, baseado em um disco de silício com 24 mícrons de diâmetro e apoiado em um pedestal central de dióxido de silício para que o disco vibre, possui um formato semelhante a um alvo de dardo – chamadobullseye, em inglês – com ranhuras circulares concêntricas.
Esse formato permite confinar as ondas de luz e mecânicas no dispositivo usando mecanismos separados.
As ondas de luz ficam confinadas somente na borda do disco por reflexão interna total – um fenômeno óptico em que, dependendo do ângulo de incidência sobre a interface entre dois meios (como a água e o ar), a luz é completamente refletida, como uma fonte luminosa no interior de uma piscina ou aquário. Dessa forma, a luz fica comprimida próxima à borda do disco, percorrendo o círculo por um longo tempo. Já as vibrações mecânicas podem se espalhar por todo o material.
As ranhuras circulares concêntricas, entretanto, criam regiões de frequência proibidas para a propagação de ondas mecânicas de modo que estas fiquem confinadas somente na parte externa do disco, onde interagem diretamente com a luz, explicou Alegre.
"Ao confinar as ondas de luz e mecânicas na borda do disco foi possível aumentar a interação entre elas. Dessa forma será possível explorar questões como fenômenos quânticos em objetos macroscópicos”, afirmou.
Processo de fabricação
Em dispositivos desenvolvidos por outros grupos de pesquisa, as ranhuras circulares concêntricas foram usadas para confinar ondas de luz na região central, e não nas bordas, como os pesquisadores da Unicamp fizeram agora.
Com base na constatação de que as vibrações mecânicas, assim como as ópticas, podem ser entendidas como ondas, o grupo de Alegre teve a ideia de usar as ranhuras circulares concêntricas para confinar as ondas mecânicas na borda do dispositivo e fazer com que interajam com maior intensidade com as ondas ópticas nessa mesma região.
"A ideia de desenvolver o disco com esse desenho de alvo de dardo foi evitar que o modo mecânico ‘enxergasse’ o pedestal central que suporta o disco e permitisse que a estrutura toda vibrasse, eliminando as perdas mecânicas”, afirmou.
Segundo ele, o dispositivo é altamente personalizável e compatível com os processos de fabricação industrial existentes hoje, o que o torna uma solução para melhorar sensores que detectam força e movimento, por exemplo.
Uma de suas potenciais aplicações seria na área de telecomunicações, como modulador óptico.
Uma vez que o dispositivo tem a propriedade de perceber e excitar a vibração mecânica, poderia ser usado como uma chave óptica, ligando ou desligando um feixe de laser que o atravessa, de forma muito mais eficiente do que as tecnologias moduladoras usadas hoje em redes de telecomunicações ópticas, exemplificou.
"Como o dispositivo foi fabricado de acordo com os processos industriais atuais, qualquer grupo do mundo poderia reproduzi-lo”, afirmou.
O grupo de pesquisadores da Unicamp, que também é integrado por Newton Cesário Frateschi e Felippe Alexandre Silva Barbosa, tem se dedicado à nanofotônica – ramo que estuda a interação entre a matéria e a luz confinada em diminutas regiões.
O artigo"Hybrid confinement of optical and mechanical modes in a bullseye optomechanical resonator”(doi: 10.1364/OE.25.00508), de Alegre e outros, pode ser lido na revista Optic Express e em www.osapublishing.org/oe/abstract.cfm?uri=oe-25-2-508.
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- 29/01/2017 - Abertas inscrições de candidatos a bolsas de mestrado e doutorado da CNENFonte: Justiça em Foco
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) receberá, de 24 de janeiro a 19 de fevereiro, inscrições dos interessados em candidatar-se às bolsas de pós-graduação oferecidas pela instituição. Neste ano, serão concedidas dez bolsas de mestrado e cinco de doutorado.Os candidatos serão selecionados, de acordo com os critérios estabelecidos no Edital 01/2017 (ver Edital 2017 retificado, abaixo), entre alunos de pós-graduação de programas reconhecidos pela CAPES. Os projetos de pesquisa precisam ser desenvolvidos em áreas de interesse da CNEN, tais como aceitação pública da tecnologia nuclear; análise e avaliação de segurança e de impactos ambientais de instalações nucleares e radiativas; aplicações e efeitos das radiações ionizantes na agricultura e em alimentos, na indústria, na saúde, no meio ambiente, nas artes e na cultura, entre outras áreas elencadas no edital.As bolsas são no valor de R$ 1.500, para o mestrado e de R$ 2.200, para o doutorado. O resultado final do processo seletivo será conhecido a partir de 5 de abril. Após realizada a seleção, as bolsas serão concedidas pelo período de 24 meses (mestrado) ou 48 meses (doutorado).Os interessados em candidatar-se deverão preencher o Formulário de Aplicação (anexo I do edital) e encaminhar, entre outros documentos, a Proposta de Trabalho, cujo roteiro consta do anexo II. Os parâmetros de avaliação do pedido e correspondente pontuação podem ser consultados no anexo III.
Caso contemplado, o candidato deverá providenciar a documentação listada no anexo IV do edital e preencher os formulários dos anexos V, VI e VII.
Outras informações podem ser solicitadas na Secretaria de Formação Especializada (SEFESP) da CNEN, pelos telefones 2173-2187/2188 ou pelo e-mail sefesp@cnen.gov.br. -
- 27/01/2017 - “Ciência, hoje, significa desenvolvimento econômico e social”, afirma Helena NaderEm entrevista à Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), a presidente da SBPC, Helena Nader, fala sobre os prejuízos sociais e os riscos que o País enfrenta num patamar internacional
Em entrevista à Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), a presidente da SBPC, Helena Nader, fala sobre os prejuízos sociais e os riscos que o País enfrenta num patamar internacional
Fonte: Jornal da CiênciaCiência e tecnologia estão em risco com o corte de investimentos públicos. A produção científica e tecnológica é fundamental para o avanço da sociedade, para formular políticas de mobilidade urbana, de agronomia, agroecologia, saúde, educação e em todos os campos para o desenvolvimento econômico e social. Nesta entrevista à Fisenge, a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader fala sobre os prejuízos sociais e os riscos que o País enfrenta num patamar internacional.
O orçamento para ciência e tecnologia é um dos mais baixos. Com a aprovação da PEC 55, quais serão as consequências?
As consequências serão desastrosas, e com um agravante: a PEC 55 coincide com o momento em que o orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) está em um patamar baixíssimo. O orçamento do MCTIC previsto no Projeto de Lei Orçamentária para 2017 é de R$ 5,2 bilhões, o que significa praticamente a metade do orçamento de 2014 em valores corrigidos: R$10 bilhões. Mais uma comparação: o orçamento executado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia em 2004, em valores corrigidos pelo IPCA, foi de R$ 5,8 bilhões. Ou seja, vamos voltar a um orçamento de 13 anos atrás. Seria a mesma coisa que dizer para um chefe de família que ganha hoje R$5 mil que, a partir do ano que vem, ele terá que se virar com um salário de R$2.500,00. Reconhecemos, obviamente, que o governo precisa fazer o ajuste fiscal, mas não concordamos com limitações tão severas para educação, ciência, tecnologia e inovação. O governo federal está cometendo o equívoco que considerar educação e CT&I como despesas, e não como investimentos. Dessa maneira, estaremos longe dos países desenvolvidos que investem cada vez mais nessas áreas. Veja que a China, diante da crise econômica que enfrenta, decidiu em março deste ano que ciência é a plataforma para alavancar a economia do País. A China hoje investe 2,1% do PIB em CT&I e pretende chegar a 2,5%.
Qual a importância do investimento em ciência brasileira?
Até um tempo atrás, a geração de produtos primários em abundância até que podia sustentar a economia de um país. Hoje, porém, a principal fonte de sustentação de uma economia está no desenvolvimento e na aplicação do conhecimento científico e tecnológico. O mundo vive hoje a economia do conhecimento. Ao lado de um sistema educacional eficiente e universal, o traço que caracteriza os países desenvolvidos, com economia moderna, é a existência de um sistema dinâmico e robusto de geração de ciência, tecnologia e inovação. E não estamos falando aqui somente de países tradicionalmente desenvolvidos, como, por exemplo, Inglaterra, Estados Unidos e Alemanha, mas também de países que despontaram recentemente na economia mundial, como Cingapura, Coreia do Norte e Finlândia. Mesmo a geração de produtos primários exige, hoje, a participação intensa da ciência e da tecnologia. Temos o exemplo disso aqui mesmo no Brasil. Há trinta anos, importávamos alimentos; hoje, somos um dos maiores produtores e exportadores mundiais. Qual foi causa dessa mudança excepcional? O trabalho de pesquisa realizado pela Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária] e de nossas faculdades de agronomia, zootecnia e veterinária. A importância do investimento em ciência é que ciência hoje significa desenvolvimento econômico e social; significa produção de riqueza, ou seja, lucro para as empresas, salário para os trabalhadores e impostos para o governo; significa promover a qualidade de vida das pessoas. Ao limitar bruscamente os investimentos em ciência, a PEC 55 estará jogando o Brasil para o retrocesso econômico e social.
Corremos o risco de perda da soberania em produção de conhecimento?
Certamente, vamos caminhar para trás uns pares de anos. Números do SCImago Journal & Country Rank – reconhecidos universalmente – mostram que em 1996 os pesquisadores brasileiros publicaram nas principais revistas científicas do mundo 8.784 artigos, número que dava ao Brasil a 21ª posição no ranking mundial da produção científica. Em 2015, publicamos 61.122 artigos e subimos para a 13ª posição global. Nossa produção científica se multiplicou por sete nesses 20 anos, enquanto a produção científica mundial cresceu 2,8 vezes. Dentre os BRICS, o crescimento da produção cientifica da China corresponde à ousadia do país: 14,5 vezes mais ciência entre 1996 e 2015. Na comparação com os demais, o Brasil ficou acima: a produção da Índia cresceu 5,9 vezes; a da África do Sul, 4,0; e da Rússia, 1,8. Quase empatamos com a Coreia do Sul, que multiplicou por 7,2 sua produção de ciência no mesmo período. Para comparar com outras economias emergentes: o México cresceu 4 vezes; a Austrália, 3,5; e o Canadá, 2,1. Esses números mostram que o Brasil aumentou bastante sua participação na ciência mundial. É esse patrimônio de valor imensurável que a PEC 55 vai colocar ladeira abaixo.
Quais as consequências para as pesquisas sobre zika vírus?
Não temos informações precisas sobre as pesquisas com o zika vírus, mas queremos crer que o governo federal manterá os investimentos anunciados. No entanto, não podemos ficar felizes pelo fato de as pesquisas com o zika vírus estarem asseguradas. E as demais doenças, que também estão sendo objeto de pesquisas, mas terão seus orçamentos extintos? É isso que o governo quer: vamos nos salvar do zika, mas continuar morrendo de malária? E os novos dados que mostram a gravidade da chikungunya? E o câncer e outras doenças degenerativas, também vamos abandonar? Continuaremos comprando pacotes do exterior para os tratamentos mais modernos dessas doenças que envolvem biofármacos, como anticorpos monoclonais?
De que forma os profissionais da ciência serão afetados?
Estamos sendo afetados, primeiramente, na nossa dignidade. Ao limitar os investimentos em ciência, as palavras com que estão escritas a PEC 55 significam algo como "senhores e senhoras cientistas, fiquem aí quietinhos durante vinte anos porque o governo acha que nesse período vocês não serão importantes para o País”. Seremos impedidos de trabalhar com um mínimo de condições. Com certeza, seremos olhados com comiseração e pena pelos cientistas de todo o mundo, inclusive de países mais pobres que o Brasil, porém providos de um senso de futuro que nossos governantes no plano federal estão mostrando não ter.
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- 27/01/2017 - HUB oferece nova terapia contra dor para pacientes com câncerFonte: MetropolisOferecer qualidade de vida a pacientes com câncer que sofrem com dores crônicas e, até mesmo, quando a morfina já não surte mais efeito. Esse é o objetivo do Samário-153, material nuclear usado para combater principalmente a dor óssea causada pela metástase do câncer. É um tipo de radioterapia disponível no Hospital Universitário de Brasília (HUB), o único da rede pública do Distrito Federal a oferecer a terapia.
"Muitas vezes o paciente fica internado meses só para controlar a dor, sendo que ele pode fazer a terapia com Samário e ir para casa. Não vamos dar a cura, mas vamos dar qualidade de vida a esse paciente”, explica o enfermeiro da Unidade de Medicina Nuclear do HUB Flávio Andrade.
Para utilizar o Samário-153, a instituição precisa de autorização da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). O HUB recebeu a visita de representantes da comissão, que reavaliaram o serviço e autorizaram a terapia ambulatorial, quando o paciente faz o tratamento e vai para casa, sem necessidade de internação. Antes de iniciar a radioterapia, é preciso passar por uma avaliação clínica.
"Como o HUB tem muitos pacientes oncológicos, é importante investir nesse tipo de terapia que alivia a dor e melhora a qualidade de vida”, afirma a chefe da Unidade de Medicina Nuclear, Flávia de Freitas Rodrigues.
O primeiro paciente a fazer a terapia foi Lucas Rodrigues, de 15 anos. Diagnosticado em 2013 com osteossarcoma, câncer no osso, ele sofre com fortes dores em todo o corpo. Por isso, passa a maior parte do tempo deitado. "Com esse remédio, espero ficar mais sentado sem dificuldade, brincar, ler e me distrair um pouco”, planeja ele.
Lucas também tem esperança de realizar dois sonhos: voltar a estudar e brincar com um carrinho de controle remoto, que deseja ganhar. "Tenho certeza que vou melhorar e poder sair, colocar um banquinho com travesseiro para sentar na rua de casa, que não é asfaltada, e brincar com esse carrinho, que já é próprio para trilha”, acredita Lucas.
Com informações da Agência UnB
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- 27/01/2017 - CNPq divulga vencedor do Prêmio Almirante Álvaro Alberto 2017Samuel Goldenberg, diretor da Fiocruz do Paraná, foi agraciado na edição que teve como área Ciências da Vida; prêmio será entregue em maio
Samuel Goldenberg, diretor da Fiocruz do Paraná, foi agraciado na edição que teve como área Ciências da Vida; prêmio será entregue em maio
Fonte: Agência Fapesp
O diretor do Instituto Carlos Chagas (ICC) da Fundação Oswaldo Cruz do Paraná, Samuel Goldenberg, foi o vencedor do Prêmio Almirante Álvaro Alberto 2017, concedido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em parceria com a Fundação Conrado Wessel e a Marinha do Brasi.O prêmio, que neste ano destacou pesquisas na área de Ciências da Vida, será entregue em maio, no auditório da Escola Naval do Rio de Janeiro.
Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade de Brasília (UnB), Samuel Goldenberg é doutor pela Universidade de Paris VII e pesquisador da Fiocruz desde 1982. Coordenou a implantação da Fiocruz no Paraná, foi diretor do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e é diretor do Instituto Carlos Chagas (ICC, Fiocruz-Paraná).
Membro titular da Academia Brasileira de Ciências, Goldenberg atua na área de Biologia Molecular, com ênfase em Parasitologia Molecular, com pesquisas sobre diferenciação de Trypanosoma cruzi, regulação da expressão gênica em parasitos, genômica funcional e desenvolvimento de insumos para diagnóstico.
A premiação também concedeu títulos de Pesquisador Emérito a oito pesquisadores: Ângelo Barbosa Monteiro Machado (UFMG), Fábio de Melo Sene (USP), Ingedore Grunfeld Villaça Koch (Unicamp), Jorge de Lucas Junior (Unesp), Jorge Luiz Gross (UFRGS), Jose Arthur Giannotti (Cebrap), Luiz Carlos Bresser Pereira (FGV), Othon Henry Leonardos (UnB), Ricardo de Araújo Kalid (UFSB), Sandoval Carneiro Junior (UFRJ).
O prêmio é concedido anualmente, em sistema de rodízio, a uma das três grandes áreas do conhecimento –Ciências Exatas, da Terra e Engenharias; Ciências Humanas e Sociais, Letras e Artes; e Ciências da Vida.