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- 28/03/2018 - FAPESP apoiará a modernização de 12 Institutos Estaduais de Pesquisa (Agência Fapesp)Fonte: Agência Fapesp
A FAPESP finalizou o processo de seleção da chamada "Desenvolvimento Institucional de Pesquisa dos Institutos Estaduais de Pesquisa no Estado de São Paulo”. Serão contratadas 12 propostas, apresentadas por 12 institutos de pesquisa, às quais serão disponibilizados R$ 120 milhões, conforme previsto no edital.
Além de recursos de capital e custeio (material permanente e de consumo, serviços de terceiros, entre outros), esse valor inclui apoio da FAPESP por meio de bolsas de Estágio de Pesquisa no Exterior (BEPE) e de Pesquisa no Exterior (BPE), Auxílio à Pesquisa – Pesquisador Visitante, além de recursos dos programas Equipamento Multiusuário (EMU), Políticas Públicas, Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE) e Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes.
"O objetivo é modernizar os institutos de pesquisa do estado. Além de contemplar a aquisição de equipamentos modernos, o edital deu grande ênfase à capacitação de pessoal de alto nível científico e tecnológico, capaz de utilizar esses equipamentos adequadamente”, disse José Goldemberg, presidente da FAPESP.O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), por exemplo, teve aprovado seu plano de desenvolvimento institucional na área de transformação digital: manufatura avançada e cidades inteligentes.
"O IPT pretende usar essa oportunidade de ter um projeto com recursos FAPESP para reforçar competências associadas à transformação digital que a sociedade atravessa, no século 21, em tantas direções”, disse Fernando Landgraf, diretor-presidente do IPT.
"Como a missão do IPT é aumentar a competitividade das empresas e promover a qualidade de vida da nossa sociedade, faz todo o sentido aplicar a transformação digital ao desafio de conduzir duas linhas de pesquisa focadas na sustentabilidade das cidades inteligentes, a gestão ambiental e os sistemas inerciais autônomos, e aplicá-la também à manufatura avançada, com linhas de pesquisa em manufatura aditiva, metrologia avançada e processos bio-físico-químicos”, disse Landgraf.
Entre os projetos selecionados está o do Instituto Agronômico (IAC), "Do básico ao aplicado: modernização da infraestrutura institucional para o fomento, da pesquisa e da inovação do agronegócio”.
"O apoio da FAPESP vem em boa hora. Há 131 anos o IAC tem a missão de transferir ciência e tecnologia inovadoras para a produção agrícola. Para tanto, as pesquisas básicas e aplicadas são fundamentais. Precisamos de investimento em infraestrutura de pesquisa – genômica, inclusive – para multiplicá-la e transferir tecnologia para a produção, observando padrões de sustentabilidade e qualidade, além de formar recursos humanos”, disse Sérgio Augusto Morais Carbonell, diretor-geral do IAC.
Dezenove instituições responderam ao edital lançado em 25 de maio de 2017. As propostas submetidas foram analisadas segundo procedimentos e sistemática adotados pela FAPESP na avaliação de projetos. Mas, por tratar-se do primeiro edital institucional da Fundação, voltado para a modernização de instituições de pesquisa, as propostas foram também submetidas a um Comitê Especial formado por pesquisadores de São Paulo e de outros estados que já ocuparam função de direção em institutos de pesquisa.
INSTITUIÇÕES DE PESQUISA, PROJETOS E VALORES CONTRATADOS:
Instituição
Projeto
Valor contratado (R$)
Instituto Adolfo Lutz
Plano de Desenvolvimento Institucional em Pesquisa
10,839 milhões
Instituto Agronômico
Do básico ao aplicado: modernização da infraestrutura institucional para o fomento, da pesquisa e da inovação do agronegócio
13,205 milhões
Instituto Biológico
Plano de Desenvolvimento Institucional em Pesquisa: modernização e adequação de unidades multiusuárias estratégicas
11,731 milhões
Instituto Butantan
Criação do Centro de Recursos Biológicos
9,060 milhões
Instituto Dante Pazzanese
Plano de Desenvolvimento Institucional em Pesquisa
7,912 milhões
Instituto de Botânica
Desafios para a conservação da biodiversidade frente a mudanças climáticas, poluição e uso e ocupação do solo
8,786 milhões
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen)
Capacitação científica, tecnológica e em infraestrutura de radiofármacos, radiações e empreendedorismo a serviço da Saúde
13,599 milhões
Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)
Plano de Desenvolvimento Institucional na área de transformação digital: manufatura avançada e cidades inteligentes
12,476 milhões
Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital)
Plano de Desenvolvimento Institucional em Pesquisa
13,164 milhões
Instituto de Zootecnia
Plano de Desenvolvimento Institucional de Pesquisa
11,665 milhões
Instituto Geológico
Modernização e ampliação da infraestrutura de pesquisa científica para subsidiar políticas públicas na área de meio ambiente
2,876 milhões
Superintendência de Controle de Endemias (Sucen)
Plano de Desenvolvimento Institucional em Pesquisa e Tecnologia para a vigilância e o controle de vetores
4,680 milhões
Total
120 milhões
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- 27/03/2018 - Saúde vai investir R$ 750 milhões em produção de radiofármacosFonte: EBC - Agência BrasilPaula Laboissière - Repórter da Agência BrasilO Ministério da Saúde firmou hoje (27) parceria com a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa para o desenvolvimento do primeiro Reator Multipropósito Brasileiro. O acordo garante investimento de R$ 750 milhões a serem repassados pelo governo federal até 2022. A previsão é de que, ainda este ano, R$ 30 milhões sejam destinados ao projeto.A parceria, segundo a pasta, vai contribuir para o fim da dependência externa na produção de radioisótopos e no fornecimento de radiofármacos ao Sistema Único de Saúde (SUS) a preço de custo. "Esse reator multipropósito fabrica radiofármacos, produtos que são utilizados na quimioterapia e que são, portanto, fundamentais para o tratamento das pessoas”, explicou o ministro Ricardo Barros.Durante entrevista coletiva, ele lembrou que o Brasil já conta com um reator mais antigo e que muitos medicamentos nessa área ainda são importados. A expectativa da pasta é de que, em três anos, o novo equipamento esteja operando. Não há, entretanto, uma estimativa por parte do governo sobre redução de custos com o projeto.De acordo com o ministério, desde 2009, o Brasil enfrenta dificuldades no abastecimento de radioisótopos – utilizados em 80% dos procedimentos adotados na medicina nuclear. O motivo seria a paralisação do reator canadense que abastecia todo o mercado brasileiro e 40% do mercado global. Cerca de 2 milhões de procedimentos médicos utilizam esse tipo de tecnologia."Acredito que esse é um momento importante. São muitos anos desde que foi lançado esse programa para se chegar, hoje, a assinar os contratos e começar os investimentos para a produção no Brasil”, disse Barros, ao citar que o reator dará ao Brasil autossuficiência, além de tornar o país referência em medicina nuclear.O Reator Multipropósito Brasileiro será desenvolvido em Iperó (SP), em um centro experimental da Marinha. O projeto deve ocupar, ao todo, uma área de 2 milhões de metros quadrados, já que, além do reator, está prevista a construção de laboratórios, aceleradores de partículas e lasers de alta potência. -
- 27/03/2018 - Ministério da Saúde destinará R$ 750 milhões para o RMBAcordo foi assinado entre a Amazul e o ministério
Acordo foi assinado entre a Amazul e o ministério
Fonte: AmazulSão Paulo, 27 de março de 2018 - A Amazul – Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. e o Ministério da Saúde assinaram, nesta terça-feira (27/3), acordo de cooperação técnica para o desenvolvimento do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), plataforma que visa, entre outros objetivos, produzir radioisótopos para a fabricação de radiofármacos usados na prevenção e tratamento de câncer. O empreendimento tornará o Brasil autossuficiente na produção de radioisótopos e o repasse de radiofármacos para o SUS a preço de custo.
O acordo garante investimento de R$ 750 milhões, que serão repassados pelo Ministério da Saúde até 2022. Ainda este ano, o ministério fará um aporte de R$ 30 milhões para o desenvolvimento do projeto. O acordo foi assinado pelo ministro Ricardo Barros e o presidente da Amazul, Ney Zanella dos Santos.
A Amazul é co-empreendedora do RMB junto com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) participará do projeto na parte nuclear. A empresa argentina Invap está desenvolvendo o projeto detalhado do RMB, com fiscalização da Amazul e da Cnen.
"Este reator será fundamental para o tratamento das pessoas. Hoje, nós importamos muito desse medicamento e queremos produzir no Brasil, barateando os custos. Esta decisão tem interface com vários outros ministérios, mas agora ele irá priorizar a área da saúde”, afirma o ministro Ricardo Barros.
Os radiofármacos são de grande importância para o tratamento de doenças no Sistema Único de Saúde, pois auxiliam no tratamento de diversas áreas como a cardiologia, oncologia, hematologia e neurologia. Com eles, é possível realizar diagnósticos de doenças e complicações como embolia pulmonar, infecções agudas, infarto do miocárdio, obstruções renais e demências. Além disso, esses produtos são os mais eficientes na detecção de câncer, pois definem qual o tipo e tamanho do tumor e qual o tratamento mais adequado para o paciente.
Para o presidente da Amazul, Ney Zanella dos Santos, o país dispõe de tecnologia para fazer todo o ciclo do radioisótopos. "Temos matéria-prima, tecnologia e pessoal capacitado para esse empreendimento que nos livrará da dependência externa na produção desses insumos estratégicos.”
Desde 2009, o Brasil tem dificuldade no abastecimento de radioisótopos, utilizado em cerca de 80% dos procedimentos adotados pela medicina nuclear. Isso se deve à paralisação do reator canadense que abastecia todo o mercado brasileiro e 40% do mundo. Desde então, o país busca outros fornecedores importados, já que, com demanda reprimida, apenas cerca de 2 milhões de procedimentos médicos utilizam os radiofármacos.
Segundo Zanella, o RMB terá outras aplicações além da medicina nuclear. A plataforma disponibilizará tecnologias que poderão ser aplicadas na agricultura, no meio ambiente e na indústria. Essas tecnologias permitem, por exemplo, testar materiais, localizar fissuras em superfícies como asas de avião ou verificar a quantidade de agrotóxicos contida em alimentos.
O reator nuclear dará ao país autossuficiência, tornando-o referência em medicina nuclear. Também pode tornar o Brasil exportador, já que o número de reatores deste porte é pequeno em todo o mundo, indo na contramão da crescente demanda do produto.
O Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) será desenvolvido na cidade de Iperó (SP), junto ao Centro Industrial Nuclear de Aramar, da Marinha do Brasil, que cedeu parte do terreno.
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- 26/03/2018 - Emirados Árabes anunciam que seu primeiro reator nuclear está prontoFonte: Swissinfo.chOs Emirados Árabes Unidos disseram nesta segunda-feira (26) que um dos quatro reatores nucleares de sua primeira usina está pronto, conforme o país avança para se tornar a primeira nação árabe a produzir energia atômica.
O anúncio foi feito após o presidente da Coreia do Sul Moon Jae-in e o príncipe da coroa de Abu Dhabi Mohammed bin Zayed visitaram a usina de 20 bilhões de dólares de Barakah, anunciou a agência estatal de notícias WAM.
A usina a oeste de Abu Dhabi está sendo construída pelo consórcio liderado pela Korea Electric Power Corporation (KEPCO).
O xeque Mohammed descreveu como uma conquista "histórica" para o setor energético dos Emirados Árabes Unidos, que é rico em petróleo e gás, mas deseja ampliar outras fontes de energia.
Os Emirados Árabes anunciaram que o primeiro reator iniciaria as operações em 2017, mas a data foi adiada.
A Emirates Nuclear Energy Corporation, que supervisiona o programa nuclear, está esperando aprovação de autoridades regulatórias para começar a operar.
As energias nucleares e renováveis, que atualmente correspondem a uma pequena parcela das fontes de energia da federação, devem representar cerca de 27% da necessidade energética dos Emirados Árabes até 2021.
O segundo reator está 92% completo, o terceiro 81% e o quarto 66%, de acordo com a WAM.
Quando estiverem completamente operativos, os quatro reatores vão produzir 5.600 megawatts de eletricidade, cerca de 25% da demanda do país, segundo o Ministério de Energia.
Os Emirados Árabes almejam continuar diversificando, para atingir sua meta de 50% de energia limpa até 2050.
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- 23/03/2018 - Depois de painéis e aço, próximo alvo de Trump pode ser urânioFonte: Uol
Na quinta-feira, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, impôs tarifas aos bens chineses, ele alertou: "Esta é a primeira de muitas".
Se ele estiver falando sério, outro possível alvo comercial é o urânio. Em janeiro, o governo impôs tarifas aos equipamentos solares exportados para os EUA. Pouco mais de um mês depois, Trump anunciou impostos sobre as importações de aço e de alumínio. As empresas americanas de urânio estão lutando para conseguir um alívio semelhante, porque os geradores de energia nuclear dos EUA estão usando cada vez mais suprimentos do exterior como combustível para suas usinas.
Os fornecedores de urânio estão invocando a mesma seção da Lei de Expansão Comercial usada pelo governo Trump para impor tarifas às importações de aço e alumínio. Se conseguirem, os geradores de energia nuclear dos EUA poderiam enfrentar custos mais altos para as importações de urânio, que representam quase 90 por cento do total consumido.
"A questão do urânio com certeza seria atraente para o governo Trump", disse Bryan Riley, diretor da Free Trade Initiative da National Taxpayers Union em Washington. "A disposição para impor restrições ao aço e alumínio com base em alegações sobre segurança nacional que eram, no máximo, fracas me leva a pensar que o governo está procurando outros setores com queixas semelhantes."
Uma associação profissional do setor nuclear dos EUA revidou na quinta-feira ao advertir que as empresas de serviços públicos já estão tendo dificuldades para lidar com mercados de eletricidade "deprimidos", a concorrência do gás natural barato e os ataques da energia renovável. "As possíveis soluções da petição poderiam expor um número ainda maior de unidades ao risco de fechamento prematuro", afirmou o Nuclear Energy Institute por e-mail.
Guerra comercial?
Enquanto isso, uma guerra comercial com a China já representa uma ameaça à oferta de urânio, disse Dan McGroarty, fundador da Carmot Strategic Group, uma consultoria de minerais de terras raras. "Eu estou um pouco preocupado com a possibilidade de que isso afete o urânio". A China já anunciou planos de represália com tarifas recíprocas sobre US$ 3 bilhões em importações dos EUA, que incluem diversos produtos, do aço até a carne de porco.
Na verdade, Trump poderia decidir evitar o debate sobre o urânio. O setor de urânio não emprega muita gente, e Wyoming - onde grande parte do combustível é produzida nacionalmente - já apoia Trump, disse Kevin Book, diretor administrativo da empresa de pesquisa e análise Clearview Energy Partners em Washington.
Na quinta-feira, o Departamento de Comércio afirmou que seu Escritório de Indústria e Segurança ainda está avaliando a petição dos produtores de urânio. Por sua vez, a Casa Branca já propôs aumentar o orçamento do departamento, em parte para apoiar o cumprimento de um "comércio justo e seguro".
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- 21/03/2018 - Usina nuclear de Angra 2 retoma operação, diz EletronuclearFonte: ExtraSÃO PAULO (Reuters) - A usina nuclear de Angra 2, no município de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, retomou a operação na noite de segunda-feira e deverá elevar gradualmente a potência para alcançar sua capacidade total ainda nesta terça-feira, disse a Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras ELET6.SA> responsável pelo empreendimento.
A usina de 1,35 gigawatt em potência estava parada desde meados de fevereiro para uma operação de reabastecimento de combustível que acontece geralmente a cada 12 meses.
A Eletronuclear adicionou que, além do reabastecimento, foram realizadas inspeções, atividades de manutenção periódica e modificações de projeto no empreendimento nuclear.
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- 20/03/2018 - WNU lança novo curso para altos executivos e prepara evento de tecnologias de radiação no BrasilFonte: PetronotíciasPor Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br)Muitas e boas novidades para o mercado. A World Nuclear University (WNU), que faz parte da World Nuclear Association (WNA), está realizando esta semana um seminário internacional sobre energia nuclear, no Rio de Janeiro. E durante o primeiro dia do encontro, a instituição, liderada pela brasileira Patricia Wieland, apresentou seus próximos planos e metas para o futuro. A entidade está com um novo curso, voltado especialmente aos executivos mais experientes. Além disso, Patricia afirmou que a WNU já tem o convite para fazer uma nova edição de um evento sobre tecnologias de radiação no Brasil.
Para quem está ainda está em processo de formação acadêmica, a diretora da WNU encoraja a continuar a busca por novos conhecimentos e especialização, por mais que o segmento no Brasil esteja passando por um cenário de indefinições momentâneas. "O setor nuclear é global. Se no Brasil não tiver oportunidade, tenho certeza que [os estudantes] podem conseguir no exterior também”, opinou. "Além disso, existe também a possibilidade de se criar startups”, acrescentou a executiva.
A edição deste ano teve um recorde absoluto de inscritos. Como avalia este grande interesse do público brasileiro pelo setor nuclear?
Não fico surpreendida. A área nuclear no Brasil é bem forte e abrangente. Em 2017, fizemos este curso em Itaguaí (RJ), com mais de 100 pessoas. O curso está acontecendo no Rio de Janeiro este ano. Então, é bem natural essa atração. Temos aqui [no Rio] institutos de pesquisa, universidades, órgão regulador, indústria… então, não é surpresa. Acho que, se formos para São Paulo, também teríamos um número parecido.
E quais são as perspectivas para os novos profissionais dentro da área nuclear?
O setor nuclear é global. Antigamente, os profissionais que se formavam pensavam em ficar na mesma região. Mas, hoje em dia, a mobilidade é muito grande. Então, temos no país vários profissionais se formando – e sendo muito bem formados, por sinal, já que as universidades brasileiras são excelentes. E se no Brasil não tiver oportunidade, tenho certeza que eles podem conseguir no exterior também. Não é pelo fato de que o país está passando por um momento em que algumas obras ainda não estão em andamento que o profissional vai deixar de se formar. A formação demora um longo tempo.
O fato do profissional ir ao exterior também não significa que não voltará. Eu sou um exemplo disso. Eu passei um tempo na Agência Internacional de Energia Atômica e voltei – fiquei anos no Brasil. Depois me aposentei, saí do país de novo e nada impede de voltar novamente. É sempre um aprendizado. Então, por mais que alguns alunos no Brasil momentaneamente não tenham oportunidade no país, é importante que eles procurem por algo no exterior e continuem estudando.
Além disso, existe também a possibilidade de se criar startups. É algo de que as pessoas não devem ter medo. É uma opção.
Durante a cerimônia de abertura do seminário, a senhora mencionou a criação de um novo curso da WNU. Poderia detalhar um pouco mais sobre esta novidade?
É um curso que estamos começando agora, voltado às pessoas bem experientes e que estão em posição de decisão, como executivos em cargos mais altos. É um curso que será bem focado nas necessidades individuais. Não é um curso numa sala de aula. É uma visita individual, que começa a partir de uma entrevista com um coach.
Qual balanço a senhora faz da parceria da WNU com a Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN)?
É uma parceria fundamental. A WNU realiza cursos há vários anos com a ABDAN. Já tivemos mais de 10 cursos. Tem funcionado muito bem. Em outros países, também temos parcerias com associações. A ABDAN é membro da World Nuclear Association e isso torna as coisas mais interessantes, porque temos uma interação maior.
Qual o futuro da WNU no Brasil? Quais serão os próximos passos?
Temos um convite para fazer um curso de tecnologias de radiação novamente. Ele já foi feito em São Paulo no ano passado e fomos convidados a voltar. É muito prazeroso fazer este tipo de curso aqui. Podemos fazer em qualquer cidade. O programa do curso pode ser adaptado para a necessidade do país, com certeza.
E como enxerga o momento atual do mercado nuclear brasileiro?
Nesta semana de seminário eu vou aprender muito com meus colegas. É claro que, sendo brasileira, este assunto muito me interessa. Então, acho que é uma troca. Posso também contar da minha experiência no setor. E confio muito nas lideranças do Brasil.
E qual a importância de desenvolvimento de novas tecnologias?
Eu acredito que o foco deve ser a produção de energia limpa. O desenvolvimento de tecnologia é interessante, mas se cada um começar a ter um design novo e moderno de reator nuclear, não chegaremos muito longe. Então, temos que começar a produzir energia. Temos vários exemplos de plantas que produzem com muita segurança. Se a necessidade é esta – combater as mudanças climáticas – temos que usar as tecnologias que existem. Evidentemente, as instituições de pesquisa vão continuar desenvolvendo, mas temos que acelerar este processo [de produção de energia].
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- 20/03/2018 - Diretor de Agência Internacional de Energia Atômica visita IRDFonte: IRDTexto: Lilian Bueno/Ascom IRDO Diretor Geral Adjunto de Cooperação Técnica da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Dazhu Yang, visitou o IRD no último dia 19 de março, acompanhado do chefe da Seção de Cooperação Técnica para a América Latina da AIEA Raul Ramirez Garcia. A comitiva foi acompanhada pela coordenadora-geral de assuntos internacionais da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Viviane Simões, e pelo assessor Chao Tsu Chia. Foram visitadas as áreas de metrologia de raio-X e nêutrons e as instalações do laboratório de indústria.
O diretor do IRD, Renato Di Prinzio, apresentou as atividades desenvolvidas em radioproteção e segurança, emergência, dosimetria, física médica, metrologia e estudos ambientais, além das atividades de apoio ao organismo regulador brasileiro na área nuclear (CNEN). A formação desde o mestrado e doutorado stricto sensu e a pós-graduação lato sensu foram enfatizados pelo gestor. Participaram do encontro os chefes de divisão e de serviços tecnológicos do IRD.
Yang mostrou interesse na atividade institucional de capacitação que proporciona aos profissionais de países da África cursarem o mestrado lato sensu em radioproteção e segurança de fontes radioativas. O curso realizado no IRD é resultado de uma parceria com a AIEA. "É importante essa atividade, assim como a ida de experts brasileiros a esses países”, afirma. Nas áreas técnicas pode acompanhar laboratórios que tiveram aporte de recursos do organismo internacional.
A comitiva segue em visita para conhecer atividades relacionadas à tecnologia nuclear e ao programa nuclear brasileiro. Os compromissos oficiais incluem visitas ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicaçõe e ao Ministério das Relações Exteriores, em Brasília, dia 20. Na quarta, 21, visitam o projeto de uso de radiação ionizante para controle do mosquito Aedes aegypt, no Recife. Na quinta, conhecerão o Centro Industrial Nuclear de Aramar, em Iperó (SP), instalação da Marinha do Brasil, e o local onde será construído o Reator Multipropósito Brasileiro, projeto voltado à produção radioisótopos, matéria-prima para os radiofármacos empregados na área médica. Dia 23, sexta, visitam a área de radioterapia do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), instituto vinculado à CNEN.
A visita finaliza com um encontro com o presidente da CNEN Paulo Roberto Pertusi para a assinatura de um acordo de cooperação técnica entre o Brasil e a AIEA, ainda no Ipen, em São Paulo.
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- 16/03/2018 - Viena sedia reunião sobre acordo nuclear com Irã, ameaçado por TrumpFonte: Estado de MinasOs Estados Unidos e seus aliados europeus tiveram "muito boas" negociações com vistas a um acordo sobre garantias adicionais pedidas ao Irã para completar o acordo nuclear de 2015, ameaçado por Donald Trump, declarou nesta sexta-feira (15) um alto funcionário americano.
O Irã e as grandes potências se reuniram nesta sexta-feira, em Viena, para avaliar o acordo nuclear alcançado em 2015, nunca antes tão ameaçado como agora, depois das críticas do presidente Donald Trump.
Esta reunião trimestral passa em revista o acordo que entrou em vigor em 2016 com o objetivo de garantir o caráter estritamente pacífico do programa nuclear iraniano em troca de uma suspensão das sanções internacionais.
A reunião acontece em um contexto muito sensível enquanto se aproxima 12 de maio, data em que Trump deu a entender que seu país sairá do acordo e restabelecerá o regime de sanções contra a República Islâmica.
Um alto funcionário do Departamento de Estado, Brian Hook, afirmou nesta sexta em Viena que os Estados Unidos pretendem concluir com os países europeus um acordo "adicional" ao de julho de 2015.
Este acordo seria sobre o programa de mísseis balísticos do Irã, suas atividades regionais no Oriente Médio, a expiração de algumas partes do acordo sobre el programa nuclear previstas a partir de 2026 e inspeções mais estritas da ONU, declarou Hook.
"Tratamos as coisas cada uma no seu momento, tivemos boas discussões em Londres, Paris e Berlim", declarou à imprensa Hook, que era diretor de estratégia do secretário de Estado Rex Tillerson demitido nesta semana por Trump.
A destituição nesta terça-feira do secretário de Estado americano Rex Tillerson, que defendia que os Estados Unidos permanecesse no acordo histórico, reforça a incerteza. Seu sucessor Mike Pompeo, até agora diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), defende a linha dura em relação ao Irã.As grandes potências que assinaram o acordo com o Irã e com Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha, consideram no pacto como uma vitória histórica para a não proliferação nuclear depois de dez anos de tensão.
O acordo entrou em vigor em janeiro de 2016 e tem como objetivo garantir o caráter pacífico do programa nuclear iraniano em troca da suspensão das sanções internacionais.
O Irã garante que nunca tentou desenvolver esse tipo de armamento, mas alertou que o país poderia retomar rapidamente o enriquecimento de urânio caso o acordo seja abandonado.
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- 15/03/2018 - Perspectivas de novos negócios no setor de propulsão nuclear naval são boas na visão da ABENFonte: PetronotíciasPor Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br)O setor de defesa no Brasil pode ser nos próximos anos uma boa fonte de novos negócios para área nuclear do País. De acordo com a presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN), Olga Simbalista, a área de propulsão naval está muito bem em termos de perspectivas, especialmente por conta do desenvolvimento do submarino nuclear. "Temos uma costa imensa de cerca de 8 mil km e 95% das nossas importações são feitas pelo mar. Da mesma maneira, 90% do petróleo está no mar. A defesa dessa área é vital em termos estratégicos”, explica Olga, ao detalhar a importância do Brasil ter submarinos monitorando nosso litoral.A entidade tem, dentro de seu plano de ação, a meta de acompanhar o processo de revisão do programa nuclear brasileiro, que está sendo feita pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. A Aben também está começando a se preparar para organizar a International Nuclear Atlantic Conference, no ano que vem.
Poderia fazer um balanço das principais perspectivas para o mercado nuclear atualmente?
O setor nuclear brasileiro compreende algumas áreas. A primeira é a de propulsão naval, com a construção do submarino nuclear. O reator está sendo desenvolvido pelo Centro Tecnológico da Marinha, em São Paulo. Este centro tem unidades no campus da USP e outra grande unidade em Iperó (SP), onde está sendo construído o prédio para alojar o núcleo do reator e todas as instalações do ciclo do combustível nuclear.
Esse ciclo do combustível tem uma etapa chamada de "sensível”, que é a parte de enriquecimento de urânio. Quem sabe enriquecer, pode fazê-lo para alimentar uma usina com um grau de 4% ou 5%; pode também enriquecer para submarino nuclear, com um nível de 20%; e pode enriquecer acima de 90% para artefatos nucleares. Por isso é chamada de uma tecnologia sensível. A Marinha desenvolveu essa tecnologia de enriquecimento nos anos 90 e vem se aperfeiçoando. Em Aramar (SP), eles possuem o ciclo do combustível completo, fabricam combustíveis para reatores de propulsão nuclear e reatores de pesquisa.
Este segmento está muito bem conduzido. Semanas atrás, em Itaguaí (RJ), tivemos o lançamento do submarino convencional Riachuelo. Temos uma costa imensa de cerca de 8 mil km e 95% das nossas importações são feitas pelo mar. Da mesma maneira, 90% do petróleo está no mar. A defesa dessa área é vital em termos estratégicos. O objetivo deste submarino é fazer a defesa essa costa. Esse parte de propulsão naval, em termos de perspectivas, está muito bem e deve atingir todas as metas.
E em relação as demais áreas?
Hoje, grande parte dos radiofármacos usados no Brasil são importados de Rússia e Argentina. O Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) vai ser usado para que fazer que o Brasil seja autossuficiente na produção de radioisótopos na área de saúde. A Amazul e o IPEN estão fazendo o projeto detalhado, e a planta vai ficar localizada em Iperó próximo de Centro [da Marinha] de Aramar. O terreno está desapropriado e existe a intenção da USP de criar um campus ali próximo para uma unidade dedicada à energia nuclear.
O segmento de pesquisa e desenvolvimento é muito vivo. Existem quatro grandes institutos de pesquisa no Brasil: o IPEN (SP), o IEN (RJ), o CDTN (MG) e o Instituto de Radioproteção e Dosimetria (RJ). Além disso, a CNEN tem um centro em Goiana e outro em Recife que também desenvolvem atividades para área de saúde.
Como enxerga a retomada das obras da usina de Angra 3?
Angra 3 ainda está neste imbróglio, mas estamos vendo uma luz no fim do túnel. O próprio ministro de Minas e Energia, que estaria deixando o ministério de em abril, disse que daria uma solução ao problema do endividamento da Eletronuclear com o BNDES e Caixa. Pelo o que eu vi, o ministro está trabalhando no sentido de conseguir um prolongamento da dívida e a revisão da tarifa de Angra 3. Uma vez feito isso, fica fácil conseguir contratar parceiras estrangeiras para concluir o empreendimento.
No ano passado, nesta mesma época, a situação era pior do que hoje. Já temos a luz no fim do túnel. Se o que o ministro prometeu acontecer, no ano que vem já devemos ter um parceiro para retomar Angra 3.
Quais são os principais desafios e obstáculos atualmente?
No caso do programa de propulsão naval, é não ter solução de continuidade e serem mantidos os orçamentos que vem sendo feitos. É um desafio relativamente pequeno. O mesmo vale para o RMB. No caso de Angra 3, é preciso equacionar a questão das dívidas com BNDES e Caixa, além de rever a tarifa de energia.
Qual são os próximos passos da Aben?
O nosso grande desafio é dar um suporte de informação à sociedade sobre tudo o que está acontecendo. O setor nuclear não é só Angra. Temos uma série de frentes para mostrar quantas coisas existem dentro deste mercado, que possui grandes atrativos. Vamos preparar nossa próxima "International Nuclear Atlantic Conference”, que acontecerá em 2019. É o maior evento internacional do hemisfério sul.
Eu gostaria também de reforçar a importância do comitê do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, que está fazendo a reavaliação do programa nuclear como um todo. Isso não era feito há anos. Acompanhar esse processo de reavaliação faz parte do nosso plano de ação. Já estivemos em Brasília algumas vezes para acompanhar.
Falando em eventos, qual a importância deste tipo de atividade para o setor?
Esse ano teremos grandes eventos no Brasil. O primeiro vai acontecer na próxima semana, que é um seminário da World Nuclear University (WNU). O evento vai acontecer na Urca, no Rio de Janeiro, em parceria com a Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan). Depois, teremos o Seminário Internacional de Energia Nuclear (SIEN) e também a reunião da seção latino americana da American Nuclear Society, aqui no Brasil.
Este tipo de evento, para quem já está no mercado, agrega conhecimento de novas tecnologias, novos contratos e troca de informações entre empresas. Mas para o público jovem, é uma oportunidade de conhecer um setor que é muito pouco abordado dentro das universidades.
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- 14/03/2018 - Falta de Mo-99 deve ser normalizada nos próximos dias, segundo IpenDesde novembro de 2017, a África do Sul interrompeu a produção de Mo-99, retomando a atividade somente nos últimos dias. Outros fornecedores para o Brasil também enfrentaram problemas. O Ipen confirmou novos embarques e a perspectiva de normalização dos próximos dias.
Desde novembro de 2017, a África do Sul interrompeu a produção de Mo-99, retomando a atividade somente nos últimos dias. Outros fornecedores para o Brasil também enfrentaram problemas. O Ipen confirmou novos embarques e a perspectiva de normalização dos próximos dias.
Fonte: Boletim da SBMNBrasil recebeu 30% a menos do Molibidenio-Tecnecio previsto na semana passada. Desde novembro de 2017, a África do Sul interrompeu a produção de Mo-99, retomando a atividade preliminarmente nos últimos dias. Somado a isso, outros três fornecedores brasileiros, Argentina, Rússia e Holanda, enfrentaram problemas para sua fabricação e distribuição.
Jair Mengatti, diretor de Produtos e Serviços do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), afirma que nenhuma região brasileira deixou de ter acesso ao Mo-99, contudo, menos material foi entregue graças aos problemas pontuais que afetaram os quatro países responsáveis pelo fornecimento ao Brasil.
"Recebemos as confirmações de embarque e essa situação será normalizada nos próximos dias”, adianta.
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- 14/03/2018 - Funcionários do projeto de submarino nuclear brasileiro entram em greveSegundo o sindicato da categoria, mais de 200 trabalhadores cruzaram os braços no Centro Experimental Aramar, em Iperó. Protesto é por negativa em reajuste salarial.
Segundo o sindicato da categoria, mais de 200 trabalhadores cruzaram os braços no Centro Experimental Aramar, em Iperó. Protesto é por negativa em reajuste salarial.
Fonte: G1Por G1 Sorocaba e JundiaíOs profissionais da Amazul, empresa que faz parte do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), da Marinha do Brasil, entraram em greve na manhã desta terça-feira (13) no Centro Experimental Aramar (CEA), em Iperó (SP). A paralisação, segundo o sindicato dos trabalhadores, é pela falta de uma proposta de reposição salarial.A Amazul informou que, como empresa totalmente dependente do Tesouro Nacional, não tem autonomia para conceder reajustes nos salários ou nos benefícios oferecidos aos empregados, que devem ser autorizados pelo governo federal.
De acordo com o diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia (SINTPq), José Paulo Porsani, cerca de 200 funcionários que integram a planta da empresa na Aramar aderiram à paralisação.
A Amazul possui 1.800 empregados, dos quais 800 trabalham em Aramar (Iperó), em dezenas de funções. A empresa participa do Programa Nuclear da Marinha (PNM), Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) e Programa Nuclear Brasileiro (PNB).
O Sindicato informou que a greve deve continuar na manhã desta quarta-feira (14) e que assembleias serão realizadas para deliberar os próximos passos da paralisação.
"Estamos respeitando a medida cautelar que obriga a manutenção das atividades essenciais em alguns setores que necessitam de constante vigilância, como, por exemplo, os de radiação", explica Porsani.
A greve começou às 6h30 desta terça-feira no CEA e também afeta os funcionários no Centro Tecnológico da Marinha (CTM), que funciona dentro da cidade universitária, em São Paulo.
"Além de não fornecer qualquer correção salarial, a proposta não garante para o próximo ano a continuidade dos benefícios existentes hoje", diz o sindicato.
Em nota, a Amazul informou que para o Acordo Coletivo de Trabalho 2018, a empresa, orientada pelo governo federal, garantiu a manutenção dos benefícios, mas não propôs reajustes para salário e benefícios.
Ainda segundo a empresa, o movimento não interrompe as atividades essenciais e não tem impacto sobre os programas, que prosseguirão normalmente.
"A empresa está aberta a novas negociações, mas não pode atender às reivindicações salariais sem autorização do governo federal", finaliza.
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- 13/03/2018 - Leonam Guimarães – Agentes Envolvidos na Construção de uma Usina NuclearFonte: Defesa.net
Leonam Guimarães
Diretor Técnico da Eletrobrás Termonuclear S.A. – Eletronuclear, e membro do Grupo Permanente de Assessoria do Diretor-Geral da Agência Internacional de Energia Atômica – IAEA membro do Conselho de Administração da Associação Nuclear Mundial - WNA e membro do Conselho de Energia Elétrica da FIRJAN Foi Professor Titular da Faculdade de Administração da FAAP, Professor Visitante da Escola Politécnica da USP, Diretor Técnico-Comercial da Amazônia Azul Tecnologias de Defesa SA – AMAZUL, Assistente da Presidência da Eletronuclear e Coordenador do Programa de Propulsão Nuclear do Centro Tecnológico da Marinha. Especialista em Segurança Nuclear e Proteção Radiológica, é Doutor em Engenharia Naval e Oceânica pela USP, Mestre em Engenharia Nuclear pela Universidade de Paris XI e autor de vários livros e artigos sobre engenharia naval e nuclear, gestão e planejamento, política nuclear e não-proliferação.
As discussões sobre a retomada de Angra 3 e expansão futura do parque nuclear brasileiro muitas vezes não são muito claras quando se trata da terminologia usada para descrever os potenciais modelos de negócio para usinas nucleares. Tentando preencher esta lacuna, apresentaremos aqui resumidamente os termos utilizados pela indústria nucleoelétrica para descrever os vários agentes importantes no processo de implantação de uma nova usina nuclear.
O Triângulo da Construção
Podemos chamar de "triângulo da construção” à tríade de organizações composta pelo Proprietário (Owner) da usina nuclear, por seu Arquiteto – Projetista (Architect – Engineer – A&E) e pelo seu Construtor (Constructor).
Proprietário (Owner): Esta parte do triângulo da construção é óbvia, sendo a empresa de serviços públicos (utility) que está comprando a usina nuclear. Esta empresa tem que fornecer o terreno para localização da usina, pagar para tê-la construída, operá-la e conectá-la à rede elétrica nacional. Os proprietários de centrais nucleares podem ser empresas individuais ou grupos de empresas que atuem em conjunto, seja como sócios, seja como empresas separadas e autônomas com propriedade conjunta (em qualquer um dos acordos, distribuem-se os custos).
Os proprietários geralmente tomam a decisão de que precisam de mais capacidade de geração, em primeiro lugar, e então realizam estudos para determinar qual a melhor alternativa para obter essa energia nova. Se os estudos mostram que uma usina nuclear é a melhor opção, então um processo é iniciado envolvendo outros agentes.
No caso de Angra 1 e início da construção de Angra 2, o Proprietário foi FURNAS. No caso da conclusão de Angra 2, o Proprietário foi a ELETRONUCLEAR, nascida da fusão da parte nuclear de FURNAS com a NUCLEN, empresa criada dentro da controladora NUCLEBRÁS para exercer o segundo lado do triângulo, o do Arquiteto – Projetista.
Arquiteto – Projetista (Architect – Engineer A&E): Esta é a empresa responsável pelo projeto da usina na sua totalidade. Na maioria dos casos, uma vez que um proprietário tomou a decisão de construir uma usina nuclear, ele contrata um A&E para conduzir o projeto. O A&E pode ou não ajudar o Proprietário na seleção de uma determinada tecnologia nuclear. Uma vez que o Sistema Nuclear de Geração de Vapor (Nuclear Steam Supply System – NSSS ou N3S) e outros detalhes foram especificados, o A&E projeta a usina como um todo.
Isto incluirá, inevitavelmente, milhares de páginas de documentação técnica. Essa documentação corresponderá às especificações fornecidas tanto pelo fornecedor do N3S quanto pelo Proprietário para o projeto da usina em particular. O A&E precisa analisar, por exemplo, se um projeto em particular incluiria uma torre de resfriamento, ou seria o caso de usar diretamente um rio ou mesmo o mar. O trabalho do A&E está também associado ao gerenciamento da construção, terceiro lado do triângulo.
No caso de Angra 1, o A&E foi a empresa americana Gibbs & Hill. No caso de Angra 2, o A&E foi a NUCLEN. O gerenciamento da construção ficou ao cargo da NUCON, outra empresa controlada pela NUCLEBRÁS, extinta em 1988. Ambas foram sucedidas pela ELETRONUCLEAR. No caso de Angra 3, o A&E atualmente é a ELETRONUCLEAR.
Construtor: Esta é a empresa que constrói ou supervisiona a construção da usina nuclear. Normalmente, o construtor contrata dezenas de subcontratados para executar os trabalhos de lançamento de concreto, montagem de tubulações, instalação do cabeamento elétrico e de instrumentação e controle, etc. O Construtor constrói de acordo com a documentação técnica fornecida pelo A&E e age com base na paulatina disponibilidade dos componentes necessários para a instalação.
Grandes problemas podem ser causados por um construtor que trabalha antes de receber a documentação final de projeto, apenas para verificar, depois que os desenhos finais chegam, que parte do trabalho foi feito de forma não conforme. Isso leva a ter que desfazer e refazer o trabalho. Em outras vezes, o próprio trabalho em si pode ter sido feito de forma errônea e isso ser identificado pelo controle de qualidade, o que leva também a desfazer e refazer o trabalho. Naturalmente, a entrega tardia de desenhos e especificações do A&E também levará a um atraso significativo.
No caso de Angra 2, e também de Angra 3, a ELETRONUCLEAR também desempenha o papel de Construtor, pois as obras civis e a montagem eletromecânica foram contratadas em separado.
Outros agentes importantes
Fornecedor do N3S: Esse em geral é o mais conhecido: Westinghouse – Toshiba, Framatome (ex-AREVA), GE – Hitachi, Rosatom, Mitsubishi, ATMEA, CNNC, etc. É a empresa que realmente projeta e fabrica o próprio reator nuclear e od demais componentes do Sistema Nuclear de Geração de Vapor – N3S a ele ligados. O N3S é montado dentro do edifício de contenção e tem muitas interfaces com o restante da usina. As duas interfaces mais importantes são o vapor que ele envia através de tubulações, que é utilizado para acionamento do turbo-gerador, e a água condensada que volta para o N3S para ser novamente transformada em vapor.
Por mais importante que seja o N3S, seu fornecedor não é a entidade que define o projeto geral da usina, pois isso é da responsabilidade do A&E e do proprietário. Ao longo do tempo, tem havido uma tendência crescente para padronizar e multiplicar usinas de um local para o outro. Esta é a norma hoje em dia, de modo que é apropriado falar sobre um projeto particular em termos do próprio projeto do reator. No entanto, nos "velhos tempos", o discurso geral não era de que uma usina fosse uma "Usina Westinghouse", mas sim uma "Usina Bechtel" ou uma "Usina Stone & Webster", para citar exemplos americanos, porque estas empresas de A&E definiam o projeto geral da usina em que um N3S e muitos outros componentes a ele integrados.
Em Angra 1 o fornecedor do N3S foi a Westinghouse. Em Angra 2 foi a Siemens – KWU. Em Angra 3 é a FRAMATOME (ex-AREVA), que adquiriu a Siemens – KWU.
Fornecedor do Turbo-Gerador: Poucos fornecedores no mundo são capazes de fabricar os turbo-geradores de grande porte associados às usinas nucleares, com potência superior a 1.000 MW. É uma lista curta, que inclui Alston, Mitsubishi, Siemens, GE, além de empresas russas e chinesas. Como cada equipamento deste tipo é feito sob encomenda, é possível combinar-se diferentes fornecedores de turbo-geradores com diferentes fornecedores de N3S.
O fornecedor do turbo-gerador de Angra 1 foi a Westinghouse e o de Angra 2 foi a Siemens. O turbo-gerador de Angra 3 também é Siemens.
Regulador: O regulador é o órgão oficial de uma nação encarregado de garantir a segurança das usinas nucleares. Muitas palavras foram escritas sobre os reguladores, mas para o propósito desta discussão apenas diremos que as inspeções do regulador no projeto e construção de uma usina nuclear são frequentes e que ele tem autoridade para interromper os trabalhos e impor mudanças no projeto e construção. Alterações na regulamentação técnica enquanto uma usina está em construção podem contribuir com um atraso significativo, se o regulador exigir mudanças em trabalhos já concluídos.
Financiador: Obviamente, para que os agentes envolvidos na construção da usina executem as tarefas sob sua responsabilidade torna-se necessário um financiamento. Normalmente, o tomador desse financiamento é o Proprietário, que também aporta uma parcela de recursos como equity. O pagamento do serviço da dívida e da amortização do principal financiado como debt é feito com parte da receita auferida com a venda de energia, cujo preço deverá ser compatível com essa obrigação, a qual se adiciona aos custos operacionais propriamente ditos.
No arranjo convencional, o Proprietário é uma única empresa elétrica (utility), que obtem o financiamento junto a instituições de crédito. Como a construção de uma usina nuclear é um empreendimento intensivo em capital e de longo prazo de maturação, novos arranjos de financiamento têm sido propostos e alguns deles efetivamente praticados.
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- 11/03/2018 - Maior laboratório de pesquisa nuclear do mundo usa tecnologia de universidade brasileiraFonte: Carta Capital - CampinasO Atlas, maior detector de partículas da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern), vai adotar este ano um sistema atualizado de filtragem online de elétrons desenvolvido por pesquisadores do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A UFRJ é uma universidade pública brasileira que, como outras, tem sofrido com falta de investimento.
O Cern é o maior laboratório de física de partículas do mundo e investiga a origem do universo. O sistema brasileiro já era usado. Versão anterior do sistema denominado Neuralringer, da Coppe, foi aprovado pelo Cern em 2016 e utilizado no ano seguinte.
A solução foi desenvolvida por um grupo de cientistas, sob a supervisão do professor do Programa de Engenharia Elétrica da Coppe, José Manoel de Seixas, que coordena a equipe brasileira no Atlas. "Foi feita uma nova atualização do sistema, e a gente vai começar a colidir durante 2018, antes que o Atlas pare para novos upgrades (avanços) e para retomar com a máquina colidindo mais forte do que está colidindo agora”, disse Seixas.
O sistema da Coppe possibilitará ao Cern fazer novas descobertas com menor custo financeiro. A estimativa é que o Cern deixe de comprar até 10 mil computadores com quatro núcleos de processadores cada, o que significa economia em torno de US$ 80 mil, informou o professor da Coppe.
No momento, o Cern está aumentando o número de choques entre prótons para ampliar os eventos físicos, essenciais à investigação e à descoberta de possíveis novas partículas, a exemplo do que ocorreu com o bóson de Higgs, a chamada "partícula de Deus”, em 2012. A comprovação da existência do bóson de Higgs rendeu aos cientistas Peter Higgs e François Englert o Prêmio Nobel de Física de 2013.
O objetivo agora é descobrir se o bóson de Higgs é único ou se se desdobra em outros modelos. "A gente agora quer ver coisas que são ainda mais raras. Agora, eu faço uma colimação maior e aumento muito as chances de bater próton com próton”, explicou Seixas. A ideia é com menos tempo descobrir coisas mais complicadas.
"A experiência pressupõe identificar eventos dessas colisões que são muito raros”, afirmou Seixas. Os pesquisadores do Cern querem aumentar o número de eventos por colisão de 25 para 88, este ano, elevando para 200, até 2024. Isso aumentaria exponencialmente o volume de dados gerados de interesse científico.
O Neuralringer permite encontrar eventos físicos de interesse nesse "palheiro” que não para de crescer. "A gente é capaz de rejeitar mais rapidamente os eventos que não têm chance de interessar ao Atlas e que antes dependiam de uma análise de processamento de imagens que era muito pesada”.
Intercâmbio
Em dezembro do anoa passado, um projeto de pesquisa visando ao aperfeiçoamento do algoritmo do Neuralringer foi aprovado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pelo Comitê Francês de Avaliação da Cooperação Universitária com o Brasil (Cofecub). O edital prevê o intercâmbio de pesquisadores da Coppe, da Université Paris VI (Pierre e Marie Curie) e da Université Clermont-Ferrand (Blaise Pascal), com duração de quatro anos, até 2021.
A parceria entre a Coppe e o Cern começou há cerca de 30 anos. Em 1988, um grupo formado por professores da Coppe visitou pela primeira vez as instalações do Cern, na Suíça. A partir de então, ficou estabelecida parceria que é mantida até hoje com vários projetos comuns, informou a assessoria de imprensa da Coppe/UFRJ. (Alana Gandra- Agência Brasil)
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- 08/03/2018 - Universidades e empresas fortalecem parceriasApesar de entraves, como preconceito dos pesquisadores e burocracia, projetos feitos por companhias e universidades estão crescendo no País
Apesar de entraves, como preconceito dos pesquisadores e burocracia, projetos feitos por companhias e universidades estão crescendo no País
Fonte: O Estado de S. PauloPor Carolina Azevedo, especial para o Estado - O Estado de S. PauloEm abril, a fabricante brasileira de aviões Embraer começará a vender o novo jato comercial E190-E2, o primeiro equipado com uma nova tecnologia para reduzir ruídos, desenhada para atender às novas normas impostas por reguladores dos Estados Unidos e da Europa. Mais do que isso, porém, o avião é resultado de um esforço de pesquisa da fabricante em conjunto com cinco universidades brasileiras, uma prova do potencial que a união entre academia e iniciativa privada têm para impulsionar a inovação.
O projeto de redução de ruídos foi coordenado pelo professor Julio Meneghini, do Núcleo de Dinâmica e Fluidos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Iniciada em 2008, a pesquisa de aeroacústica financiada pela Embraer e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) levou a uma série de melhorias que superaram em 13% a meta de redução de ruído no avião.
"Em cerca de quatro anos, a Embraer e a Fapesp investiram cerca de R$ 30 milhões e essa única aeronave vai trazer um ganho enorme para a empresa e para a sociedade”, diz Meneghini.
O pesquisador trabalha em projetos com a indústria desde 1995, quando liderou um grupo de pesquisa com a Petrobrás. Hoje, Meneghini coordena o Centro de Pesquisa para inovação no Gás, financiado pela Fapesp e pela Shell.
Embora a união entre empresas e universidades possa fazer a força, essa relação nem sempre é fácil. Muitos pesquisadores não veem as parcerias com bons olhos. "Alguns colegas veem com alguma suspeita o relacionamento com empresas, mas hoje a maior parte enxerga que esse relacionamento é importante”, conta o diretor do Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), José Carlos Pinto.
Ainda assim, as parcerias vêm crescendo. Em 2017, a USP firmou cerca de 90 contratos com a iniciativa privada. A expectativa do professor Vanderlei Bagnato, coordenador da Agência USP de Inovação, é de que esse número suba para 100 em 2018. Os investimentos das empresas em pesquisa e desenvolvimento também vem aumentando ao longo dos últimos anos.
Ganha-ganha. Hoje, para os pesquisadores, a cooperação com as empresas é uma forma de financiar pesquisas, colocar seus alunos em contato com problemas de alta relevância social e ganhar visibilidade. "O pesquisador consegue dar um retorno para a sociedade, que, no fim das contas, é quem banca a universidade pública”, afirma Bagnato.
A disposição da universidade ajuda, mas segundo especialistas consultados pelo Estado, a inovação depende essencialmente das empresas. "São as estratégias delas que vão definir o sucesso ou não desse tipo de parceria”, diz o presidente do Conselho Técnico da Fapesp, Carlos Américo Pacheco.
Além do investimento das empresas, é consenso que o governo deve financiar as pesquisas de baixa maturidade. "No Brasil, se confunde muito o que é papel da universidade, do governo e das empresas”, opina Daniel Moczydlower, diretor de desenvolvimento tecnológico da Embraer.
O governo também tem seu papel, segundo os especialistas. Um dos exemplos de mediação positiva é o da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), que é contratada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e pelo Ministério da Educação para fomentar a inovação no País.
A Embrapii certifica centros de pesquisas do País como unidades parceiras, que têm autonomia para fazer parcerias com empresas privadas. Quando um contrato é assinado, a empresa, a universidade e a Embrapi arcam com 33% do custo da pesquisa cada.
Atualmente, há 42 unidades de pesquisa da Embrapii espalhadas pelo País e cerca de 440 projetos acontecendo – do total, somente 11 universidades foram habilitadas. "Elas ainda são minoria, porque os institutos de pesquisas têm mostrado uma eficiência muito maior”, explica o diretor-presidente da instituição, Jorge Guimarães.
Dificuldades. A burocracia e da falta de mecanismos legais, porém, ainda são entraves. "Há amarras legais impedindo que esse relacionamento ocorra de forma fluida”, diz Pinto, da UFRJ. Há algumas tentativas de destravar a burocracia, como o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, publicado em 8 de fevereiro, que se propõe a garantir direitos para facilitar as parcerias público-privadas.
"Com o Marco Legal, está totalmente assegurado que o professor poderá assinar um contrato com uma empresa”, explica a ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader. Antes, os pesquisadores eram impedidos de desenvolver pesquisas financiadas por empresas ou abrir seus próprios negócios se fossem contratados em regime de dedicação exclusiva.
Não é a primeira vez que o governo federal tenta encerrar o problema. Um exemplo é a Lei de Inovação, aprovada em 2004, que tinha como objetivo tornar as atividades científicas em fatores estratégicos para o desenvolvimento econômico e social. "Existe um conjunto grande de empecilhos que precisam ser revisados de tempos em tempos para que esse sistema funcione melhor”, diz Pacheco.
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- 08/03/2018 - Mulheres cientistas: saiba quem são as brasileiras que fazem a ciência acontecer - Último Segundo - Portal IGNo Dia Internacional da Mulher, o iG entrevistou mulheres das áreas biológicas e exatas que pesquisam e atuam no cenário científico brasileiro
No Dia Internacional da Mulher, o iG entrevistou mulheres das áreas biológicas e exatas que pesquisam e atuam no cenário científico brasileiro
Fonte: Último Segundo - IGPor Camille Carboni e Marina Teodoro - iG São PauloMarie Curie, Ada Lovelace, Rosalind Franklin, Nise da Silveira e Graziela Maciel Barroso: no Brasil e no mundo, a história está repleta de mulheres na ciência que deixaram sua marca e romperam barreiras nas áreas de exatas e biológicas, por mais que estas ainda sejam vistas como "masculinas”. Seja ao ganhar o Prêmio Nobel duas vezes por suas pesquisas sobre radioatividade, como Curie, ou por ser a maior catalogadora de plantas do Brasil, como Barroso, as mulheres sempre estiveram presentes na produção científica mundial.E hoje? Onde estão as mulheres na ciência ? Quem são as mulheres que comandam equipes de pesquisa, criam projetos, e ganham prêmios mundo afora? Conheça algumas dessas cientistas que o cumpam esses espaços e fazem a ciência acontecer, atualmente, no Brasil.
Ligia Moreiras Sena: mãe e cientista
A paulista Ligia Moreiras Sena, fundadora do site "Cientista Que Virou Mãe” , queria ser engenheira aeronáutica. Aos 15 anos, suas aspirações profissionais incluíam uma graduação no ITA, Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Mas, na época, o instituto não aceitava mulheres.
"Esse foi o primeiro impacto que eu, como menina, encontrei a respeito de ser cientista ”, disse a bióloga, hoje doutora em Ciências e em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). " Embora eu não identificasse isso como entendo hoje, ou seja, como uma consequência do machismo estrutural e do patriarcado da sociedade, já foi um grande impacto para mim naquele momento”.
Com o desejo de ser cientista desde a adolescência, ela mudou seus planos e se formou em Biologia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Sua atuação nas ciências biológicas começou com pesquisas sobre neurociência e neurofarmacologia, área a qual dedicou suas produções tanto no mestrado em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) quanto em seu primeiro doutorado, também em Ciências, pela UFSC. Mas tudo mudou quando Sena engravidou de Clara, hoje com sete anos de idade.
"Eu era uma mulher que não tinha a maternidade como plano, como uma meta. Eu não pensava em ser mãe, eu pensava em ser cientista, e as coisas para mim eram bastante separadas”, explicou.
Tal distinção, porém, foi aos poucos se dissolvendo: o nascimento da filha não foi uma mudança apenas na vida pessoal da paulista, que declara "que tem sido uma grande alegria ser mãe", mas também em sua carreira científica.
Doutorado em Saúde Coletiva
"Assim que minha filha nasceu, abandonei 15 anos de pesquisa na área de neurociência e neurofarmacologia porque comecei a indentificar muitas das dificuldades que as mulheres passavam a viver apenas porque se tornavam mães", conta. E foi a partir daí que Sena iniciou seu segundo doutorado, também na UFSC, mas desta vez com uma pesquisa sobre a violência obstétrica.
Ela conta que a existência das práticas chamou sua atenção. "Isso me pareceu tão desumano, uma violação tão brutal de direitos, que eu simplesmente não consegui continuar a minha carreira e resolvi destinar meus esforços como cientistas para pesquisar a questão da violência obstétrica no Brasil”.
Hoje, sua atuação está diretamente ligada ao doutorado em Saúde Pública – cuja tese discorre sobre o impacto da violência obstétrica sobre as mulheres brasileiras – , principalmente quanto ao direito das mulheres e crianças e o empoderamento feminino por meio da maternidade.
Cenário da mulher na ciência brasileira
Além disso, o tempo como doutoranda e a nova área de pesquisa também evidenciaram muitos dos problemas de gênero ainda presentes na ciência, principalmente com os estereótipos atribuídos às áreas biológicas e exatas.
A mais recente experiência de Sena, porém, não foi a primeira envolvendo desigualdade de gênero na área científica por que ela passou. Ainda em suas pesquisas sobre neurociência e neurofarmacologia , ela revelou ter passado por situações preconceituosas e identificado problemas estruturais na ciência brasileira, alguns deles cujas possíveis explicações passaram a fazer sentido após ter se tornado mãe.
"Embora a gente tenha inúmeras excelentes cientistas aqui no Brasil, reconhecidas internacionalmente, ainda é um meio extremamente machista”, pontuou. "Se fizermos um levantamento, conseguiremos ver uma grande discrepância das mulheres em papéis de liderança na ciência. Estamos quase em pé de igualdade na graduação, mas a proporção diminui conforme aumenta o grau de titularidade”.
Dentre as inúmeras explicações para o desequilíbrio de gênero na área, Sena apontou a forma como a maternidade é vista no Brasil. "A sociedade vê as mulheres mães como as únicas responsáveis pelas crianças, e isso é cruel, desumano e irresponsável”, explicou. Dessa forma, a mulher acumula tarefas domésticas e relacionadas ao cuidado com as crianças, algo que não acontece com os homens.
"A gente vive hoje uma ciência muito produtivista aqui no Brasil. Tem que publicar, publicar, publicar. Então a nossa jornada de trabalho não é apenas as oito horas diárias, na grande maioria das vezes, você tem que chegar em casa e escrever artigo, preparar aulas, cuidar do trabalho de orientandos, e isso exige muito”, descreveu Sena.
Quando se é mulher e mãe, entretanto, a situação muda. De acordo com a paulista, cientistas mães precisam cuidar da vida de seus filhos, e por isso, parte de suas carreiras fica prejudicada. "Talvez esteja aí uma das explicações para o fato de nós termos menos mulheres em cargos de chefia e liderança na ciência no Brasil, embora tenhamos maravilhosas cientistas mulheres”.
"Meu primeiro doutorado foi feito completamente livre, leve e solta, eu não tinha filhos e não era casada. O meu segundo doutorado foi feito com uma criança no colo, então eu sei exatamente a diferença das duas situações”, assinalou.
Denise Alves Fungaro:
pesquisadora premiada na área da Química AmbientalGanhadora de sete prêmios por sua pesquisa sobre a transformação dos resíduos de carvão gerados por termelétricas, a química Denise Alves Fungaro é formada pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado e doutorado em Química Analítica pela mesma instituição e pós-doutorado em Eletroquímica aplicada ao meio ambiente pela Universidade de Coimbra, em Portugal.
A pesquisadora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN-CNEN/SP) tem uma longa história com a área científica: desde criança, a química e seus experimentos sempre chamaram a sua atenção. O interesse, sempre apoiado pelos seus pais, foi o primeiro passo para uma carreira de sucesso, que já lhe rendeu diversos prêmios no campo da Química Ambiental.
Durante sua graduação, na década de 1980, a classe de química era diferente das outras turmas de exatas, como em física ou matemática: "metade da classe era de mulheres, ou seja, havia um equilíbrio de gênero e essa questão passou despercebida”, relembrou.
Fungaro também afirmou não ter sofrido preconceito, em sua área de pesquisa e atuação, por ser mulher, porém, percebe que há estereótipos na sociedade que contribuem para que ainda haja desigualdade de gênero na ciência.
"A desvalorização vem do pensamento de que as pessoas que atuam na área de exatas precisam ser mais inteligentes do que em outras atividades, e de que os homens são mais inteligentes do que as mulheres”, explicou.
Contudo, a pesquisadora destacou a grande presença feminina na área acadêmica química e explicou que a forma de contratação de profissionais em universidades, por meio de concursos, é democrática. "Há avaliação de currículo, prova de conhecimento e prova didática para docentes, todas as etapas com nota. Isso faz com que não haja possibilidade de avaliação subjetiva da banca examinadora”.
O mesmo acontece nas premiações, onde a avaliação é baseada na qualidade do material apresentado. "No entanto, pode haver obstáculos para as mulheres em relação aos cargos de chefia”, explicou.
"Sendo uma pesquisadora com uma carreira de sucesso e destaque na área de química, demonstro que as barreiras enfrentadas pelas mulheres, afetadas por possíveis vieses inconscientes, podem ser superadas”, declarou. "Ainda mais importante, posso ser um referencial feminino para que as jovens que desejam ser cientistas se sintam estimuladas a seguir esse tipo de carreira dando o meu testemunho”.
Além disso, a química também assinalou que a diversidade na ciência é necessária para "resolver os problemas complexos atuais relacionados à energia, água e meio ambiente, em geral, em um ambiente colaborativo”.
Tânia Vertemati Secches:
uma das primeiras geneticistas do BrasilA médica pediatra e geneticista Tânia Vertemati Secches, nascida em 1955, é uma das primeiras especialistas em Genética Médica do Brasil. Ela se especializou em pediatria e, depois de anos de atuação, migrou para a área da genética, ainda muito nova no País. Ela já atuouem pesquisa clínica, ensino e clínica em diversas instituições, como a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e foi professora no curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Itajubá (FMIt).
Vertemati explicou que a sua escolha pela faculdade de medicina aconteceu de forma inspiracional: o pediatra que a acompanhou durante toda a infância foi o principal responsável pela opção, que, segundo a especialista, pode se tornar realidade a partir de um conjunto de fatores.
"Meus pais sempre acreditaram muito em mim, e minha mãe, embora não tenha formação universitária, sempre foi uma mulher de vanguarda, vislumbrando um futuro diferente para mim, um caminho distinto do que era esperado para as mulheres da minha família”, explicou.
O apoio, entretanto, não veio só da família, mas também da comunidade científica da qual faz parte. Como optou por priorizar a família durante um período de sua vida, e acredita que, para as mulheres, conciliar a vida profissional e pessoal ainda é um desafio, o apoio e incentivo foram essenciais para voltar, após alguns anos, à atuação médica.
Em 2002, a médica já estava ligada ao mundo da genética – contato iniciado em 1985, durante o início de um mestrado após o fim da residência pediátrica – e decidiu realizar a nova especialização.
"Meus mestres foram pessoas que, independente do gênero , me inspiraram a ser quem sou e, apesar de todas as dificuldades de que temos notícias, hoje me sinto capaz de lutar por meu espaço em condições de igualdade”.
"Como em minha área de atuação a idade não é vista como limitação, pude retornar depois que minhas filhas cresceram”, contou. Sua área, inclusive, encaixa-se em uma situação incomum no país: no estado de São Paulo, as mulheres são a maioria com títulos de especialista.
Quanto ao cenário geral das mulheres na ciência e na medicina, Vertemati acredita que a atuação feminina apresenta o diferencial de conseguir associar, de forma simultânea e com facilidade, diversas tarefas. "Talvez porque, historicamente, tenhamos precisado desempenhado mais funções”, explica.
Entretanto, como a área exige de seus profissionais muitas especializações, atualizações e comprometimento, a geneticista enxerga a desigualdade de gênero como um resultado da disposição cultural dos gêneros na sociedade.
"Como, muitas vezes, a mulher ainda é a responsável por cuidar do dia-a-dia da vida familiar, pode ser difícil conciliar a profissão com os afazeres da maternidade, por exemplo. Em um mundo com mais equidade e distribuição de tarefas entre homens e mulheres, possivelmente essa questão poderia ser melhor equacionada”.
Atualmente, a especialista trabalha com atendimento clínico de forma integral. Atua majoritariamente na área genética, como genética oncológica, reprodutiva, erros inatos do metabolismo, dismorfologia e farmacogenética, apesar de ainda atender alguns casos pediátricos.
Beatriz Bonamichi e Viviane Rezende:
pesquisa clínica também é lugar de mulherPara Beatriz Bonamichi, de 33 anos, escolher a área da saúde em que iria atuar nunca foi um problema. Segundo ela, o percurso durante a faculdade não parecia desigual entre homens e mulheres. Porém, ao dar seus primeiros passos em direção à carreira acadêmica, foi possível sentir a diferença de gênero pela primeira vez.
"Percebi que parece existir uma predileção para o gênero masculino nessa área. Foi mais difícil, mas eu queria muito seguir no mundo acadêmico e por isso fiz o doutorado ”, contou ela, que realizou parte da especialização em Endocrinologia na Joslin Diabetes Center - Harvard Medical School, em Boston, nos Estados Unidos.
Mesmo com tanta determinação, Bonamichi percebeu no doutorado que queria trabalhar na área de pesquisa clínica . "Eu queria seguir carreira acadêmica, mas quando fui pra fora conheci mais sobre pesquisa relacionada à indústria farmacêutica e decidi mudar os planos”, contou.
Ao voltar para o Brasil, ela foi em busca de um emprego que satisfizesse seus anseios pela nova área de atuação. "Sinto que meu trabalho faz a diferença na vida das pessoas que passam a ter acesso a um tratamento que poderia demorar anos até chegar a esses pacientes. É por isso que eu escolhi a área de pesquisa clínica”, disse Bonamichi, que hoje é gerente médica da área na farmacêutica Sanofi.
Quando se trabalha pelo que acredita, barreiras podem ser ignoradas e oportunidades podem ser criadas. Para a endocrinologista, que dá suporte médico e científico para vários projetos de âmbito nacional e global nas áreas de oncologia, diabetes e pneumológica, foi na pesquisa clínica que ela encontrou espaço para crescer e se impor como mulher e profissional.
"Hoje consigo ver muitas mulheres ocupando cargos importantes nesse setor. Nunca imaginei que a área fosse tão acolhedora para nós. Por isso, eu acredito que há espaço para o crescimento feminino dentro desse nicho e bato nessa tecla para que mais mulheres saibam disso, porque antes eu também não sabia”, ressaltou ela, que também foi sub-investigadora em estudos relacionados a Diabetes e Doença Cardiovascular no Instituto de Pesquisa Clínica (IPEC).
Quem também partilha do mesmo pensamento é a gerente de operações clínicas da Unidade de Pesquisa Clínica da Sanofi, Viviane Rezende, de 39 anos. Há quase 10 anos na mesma empresa, a carioca é formada em Farmácia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e técnica em biotecnologia pela Escola Técnica Federal Química do Rio de Janeiro.
As duas contam que cerca de 80% do departamento de pesquisa clínica da farmacêutica é formado por mulheres que atuam em funções importantes. O setor envolve pesquisas científicas em humanos para avaliar a segurança e eficácia de um procedimento ou medicamento em teste por meio da coleta de dados.
Filha de pais matemáticos, a escolha pela carreira científica nunca foi um problema para Rezende. "Comecei por acaso na pesquisa clínica, quando precisavam de uma pessoa para organizar arquivos em um antigo estágio. Lá eu tive acesso à informações que me interessavam até que passei a ir atrás do assunto mais a fundo”.
Ela conta que a pesquisa clínica não é muito abordada na faculdade, mas que desde que entrou para esse mundo nunca mais quis sair. Na empresa atual, Rezende já passou pela área de pesquisa clínica em doenças raras e, atualmente, coordena, no País, os estudos internacionais da empresa com moléculas inovadoras.
Mãe de três filhas, duas gêmeas de 4 anos, e uma de 9 anos, a farmacêutica coloca características como maturidade, planejamento, empoderamento e jogo de cintura como as principais influenciadoras para que mulheres sejam bem aceitas nesse setor da ciência. "Acho que o lidar com pessoas e pesquisas, poder fazer uma equipe funcionar bem são funções bem exercidas por mulheres. Quando se é mulher, você aprende a lidar com momentos difíceis, e é por isso que somos boas no que fazemos”, finaliza.
Cientistas feministas: ‘mulheres que podem e fazem ciência de qualidade’
Sim, as mulheres estão por dentro do mundo científico . Se você leu essa matéria até aqui, já deve ter entendido que há muitas de nós realizando trabalhos inovadores e valiosos seja na área de exatas, humanas ou biológicas.
Porém, muitas vezes, o trabalho e o prestígio de uma cientista acaba restrito a uma comunidade específica. Pensando em democratizar esse conhecimento de uma forma inclusiva, a partir de uma linguagem acessível, a bióloga Carolina Biachini resolveu criar, em 2015, um blog onde outras mulheres pudessem se unir para difusão desse tipo de conteúdo. E assim nasceu o " Cientistas Feministas ”.
Para dar vida ao projeto, Bianchi se uniu com outras mulheres feministas que cursam ou já cursaram pós-graduação. Todas são ativistas no âmbito acadêmico e atuam em diferentes áreas do conhecimento.
"A internet é um instrumento que possibilita uma boa difusão da informação. Buscamos falar de assuntos relevantes para a sociedade como um todo, mas especialmente de temas que se relacionam ao feminismo e mulheres de maneira geral”, explicaram Mariana Armond Dias Paes, Laís Vignati, Mariana Pitta Lima e Bianca Lucchesi Targhetta, membros do coletivo que conversaram com a redação do iG .
No endereço eletrônico, é possível encontrar de tudo: desde a descoberta de novas espécies de seres vivos à formação de supernovas e até mesmo resenhas de livros e filmes. Lá, todos os artigos científicos utilizados para basear os textos são recentes, reforçando a ideia de que a ciência é para todas e todos e tem impacto no dia a dia.
"Além disso, todos os textos são de autoria própria, estimulando a divulgadora científica que existe em cada uma de nós”, ressaltaram elas. Juntas por um ideal que ganha força a cada dia, o conteúdo é baseado, muitas vezes, em experiências pessoais. "É a cada novo texto reafirmar que mulheres podem e fazem ciência de qualidade”.
Hoje o blog conta com 70 colaboradoras, entre colunistas e ilustradoras voluntárias, de todos os cantos do Brasil – e até de outros países. Os materiais publicados são organizados em oito editorias, e lá é possível encontrar textos sobre astronomia, biociências, ciências da saúde, ciências humanas e sociais, física, matemática, química e ainda uma coluna chamada de "em off: feminismo”.
Feminismo + ciências = empoderamento
Além da paixão pela ciência, as participantes do projetos também compartilham uma ideologia em comum: o feminismo. Usar o movimento que promove a conquista e o acesso a direitos iguais entre homens e mulheres em um âmbito que ainda é composto, em sua maioria, por pessoas do sexo masculino foi a maneira que elas encontraram de reforçar a importância da representatividade no mundo acadêmico.
"Apesar do progresso em relação ao espaço ocupado por mulheres na ciência brasileira, que têm publicado mais e recebido mais financiamento para pesquisa, ainda existe uma desigualdade de gênero importante. Cargos de maior prestígio e visibilidade ainda têm sido ocupados prioritariamente por homens”, ressaltam.
Para embasar esse argumento, coletivo aponta para uma pesquisa recente que mostrou que as mulheres ocupam os espaços mais baixos nos níveis do sistema de classificação de pesquisadores para receberem bolsas de produtividade pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, enquanto os homens ocupam as posições mais elevadas. "O que reproduz o cenário de desigualdade mas amplo do mercado de trabalho. As mulheres também estão em menor representação na Academia Brasileira de Ciências”, analisa o coletivo.
Na opinião de todas elas, desde a formulação de críticas à própria maneira de produzir ciência – seus pressupostos teóricos e metodológicos – podem sofrer influências feministas.
"Importante citar a contribuição fundamental das teóricas feministas negras para complexificar essa crítica [às barreiras impostas às mulheres no acesso ao campo científico], incluindo a categoria de raça para revelar mecanismos de opressão”, pontuam.
Elas usam como exemplo a ativista americana e filósofa socialista Angela Davis, que esteve no Brasil ano passado e está à frente da convocação da greve internacional das mulheres no 8 de março. "A militância feminista enfrenta desde os mecanismos de exclusão das mulheres no âmbito acadêmico, a crítica da própria ciência e de como tem sido divulgada e produzida historicamente. A agenda precisa ser permanentemente atualizada, incluindo novas pautas”.
Questionadas sobre qual é o melhor caminho para mudar esse cenário, elas insistem em dizer que representatividade é fundamental. O meio que elas encontraram de promover esse conceito foi a partir da internet. Com uma plataforma de fácil acesso e linguagem didática, elas conseguem provar que é possível que mulheres façam ciência, escrevam sobre ciência, participem ativamente da vida acadêmica, do movimento feminista e de discussões pertinentes à sociedade.
"Todas nós estamos aqui representando um pouco das mulheres cientistas, buscando fugir dos estereótipos. Cada colaboradora do blog tem sua própria história de inspiração para a ciência e é com esse pensamento que nos dedicamos à missão de inspirar outras mulheres”, concluem. Vida longa à ciência feminista!
Juliana Adlyn/Cientistas Feministas
Coletivo Cientistas Feministas produz conteúdo cientifico de qualidade criado apenas por mulheres na ciência -
- 07/03/2018 - NUCLEAR - MB e Nuclear Univerty promovem cursoA WORLD NUCLEAR UNIVERSITY, ABDAN E MARINHA PROMOVEM O CURSO DE CURTA DURAÇÃO “THE WORLD NUCLEAR INDUSTRY TODAY”
A WORLD NUCLEAR UNIVERSITY, ABDAN E MARINHA PROMOVEM O CURSO DE CURTA DURAÇÃO “THE WORLD NUCLEAR INDUSTRY TODAY”
Fonte: Defesa.netInscrições gratuitas, até 15 de março, no site: http://abdan.org.br/wnu-short-course/
A World Nuclear University (WNU), em parceria com a Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN) e com a Marinha, representada pela Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM), promoverá o Short Course "The World Nuclear Industry Today”, no período de 19 a 23 de março, na Escola de Guerra Naval (EGN), no Rio de Janeiro (RJ). O Curso inclui Visitas Institucionais à Eletronuclear, às Indústrias Nucleares do Brasil e ao Complexo Naval de Itaguaí.
As inscrições são gratuitas e poderão ser realizadas no site da ABDAN: http://abdan.org.br/wnu-short-course/, até o dia 15 de março, enquanto houver disponibilidade de vagas. Serão emitidos Certificados de participação.
O Curso tem como objetivos: ampliar o conhecimento sobre Energia Nuclear no mundo de hoje; identificar como as habilidades e a experiência locais se alinham ao cenário nuclear global; fomentar o desenvolvimento de uma visão prospectiva da indústria nuclear; e formar uma rede de profissionais da área, em âmbito nacional e internacional.
Para militares, o Uniforme será o 5.5 (Marinha) ou correspondente (demais Forças). O Traje Civil sugerido é o ‘Passeio”.
SERVIÇO
Evento:
Curso de Curta Duração - "The World Nuclear Industry Today”
Período: 19 a 23 de março
Local: Escola de Guerra Naval (EGN), Auditório Tamandaré.
Av. Pasteur, nº 480. Praia Vermelha, Urca. Rio de Janeiro, RJ.
Inscrições gratuitas: até o dia 15 de março no site da ABDAN: http://abdan.org.br/wnu-short-course/
Uniforme: 5.5 (Marinha) ou correspondente (demais Forças).
Traje Civil: Passeio.Mais informações:
Assessoria de Comunicação Social da DGDNTM
dgdntm-comunicacao@marinha.mil.br
(61) 3429-1809/(61) 3429-1954 -
- 06/03/2018 - Defesa realiza seminário sobre os 50 Anos do Tratado de Não-Proliferação (TNP) de Armas NuclearesFonte: Ministério da DefesaO Seminário Internacional "50 Anos do Tratado de Não-Proliferação (TNP) de Armas Nucleares: Impasses e Perspectivas” realizado, nesta terça-feira (6), na Fundação Fernando Henrique Cardoso (FFHC), em São Paulo, reuniu autoridades governamentais, embaixadores, ministros e acadêmicos brasileiros e estrangeiros. O evento foi realizado pelo Ministério da Defesa por meio do Instituto Brasileiro de Estudos em Defesa (IBED), em parceria com o Ministério das Relações Exteriores e a FFHC.O seminário proporcionou o debate aprofundado sobre os impasses do TNP no fortalecimento da segurança internacional, bem como suas perspectivas futuras. O evento realizado pelo IBED e MRE ocorre em meio ao ressurgimento de discussões sobre armas nucleares e à crescente demanda global por energia.
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Etchegoyen, falou da importância de uma flexibilidade no TNP para a promoção do desenvolvimento científico e tecnológico do país. "Nós que tínhamos avançado cientificamente, tínhamos capacidade tecnológica, tínhamos capacitado gente. Hoje nós temos uma lacuna enorme de capacidades individuais, de gente capaz de prosseguir com o nosso programa nuclear de natureza pacífica”, afirmou Etchegoyen.
O ex-presidente da república, Fernando Henrique Cardoso, destacou a importância do Brasil estar alinhado com o que ocorre no mundo em relação às armas nucleares, lembrando que vários países não aderiram ao tratado e continuaram se modernizando. Um exemplo dado pelo ex-presidente foi a Rússia. "Vivemos em um mundo complexo. Nessa matéria nós devemos nos manter alerta, ver o que está acontecendo no mundo e tomar nossas decisões de acordo com os nossos interesses. Depois de 50 anos, o tratado é um assunto que deve ser debatido”, afirmou Fernando Henrique.
Participaram também da abertura do evento o ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann; e o secretário-geral das Relações Exteriores, embaixador Marcos Galvão.
TNP
O Tratado de Não-Proliferação (TNP) de Armas Nucleares é um acordo internacional que tem o objetivo de impedir a proliferação das armas nucleares, promover a cooperação para o uso pacífico desta energia e alcançar o desarmamento nuclear.
O Seminário foi estruturado em dois painéis: pela manhã, "Autonomia e Cooperação Internacional na área Nuclear”; e, no período da tarde, "O TNP e a Segurança Internacional: Impasses e Perspectivas”.
Brasil e Argentina
A Argentina e o Brasil aderiram ao TNP em 1995 e 1998, respectivamente, e concluíram o "Acordo entre a República Federativa do Brasil e a República Argentina para o Uso Exclusivamente Pacífico da Energia Nuclear”, que foi assinado em julho de 1991 em Guadalajara, México, e entrou em vigor em 12 de dezembro de 1991 após a aprovação dos respectivos Congressos Nacionais.
O acordo bilateral criou a Agência Brasileira-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC), para aplicar um Sistema Comum de Contabilidade e Controle nas atividades nucleares dos dois países.
O secretário-geral da ABACC, Marco Marzo, apresentou uma firme opinião sobre o TNP. "Ruim com o TNP, muito pior sem ele. Hoje 9 países atuam com armas nucleares, mas se não houvesse o tratado talvez a situação estivesse muito pior”, disse o secretário, que também elogiou o acordo bilateral entre Brasil e Argentina. "O sucesso da ABACC se dá devido ao contínuo apoio dos dois países. Nós precisamos que essa cooperação seja incrementada. Acredito muito no futuro da Argentina e Brasil. Somos um exemplo para o resto do mundo. Temos que batalhar para que isso continue”, concluiu o secretário.
O TNP e a Segurança Internacional
No último painel do seminário o ex-representante da Organização das Nações Unidas (ONU) para o desarmamento, embaixador Sergio Duarte, falou da importância do TNP e dos demais tratados ligados ao tema, inclusive do recente tratado de proibição de armas nucleares. "A proliferação das armas nucleares é um perigo, mas a existência da arma também é um perigo”, disse.
Ao analisar o cenário atual sobre o TNP e sua eficácia, o subsecretário-geral de Assuntos Políticos Multilaterais, Europa e América do Norte, do Ministério das Relações Exteriores (MRE), embaixador Fernando Simas Magalhães, destacou: "o tratado continua a expressar uma opção correta para aquilo que nós queremos. O TNP representou um fato novo do ponto de vista diplomático. Diante das escolhas que fizemos, a diplomacia vai continuar a ser o caminho para que o Brasil possa atuar nesses assuntos”, afirmou.
Após as apresentações dos painéis, os participantes do evento puderam sanar dúvidas sobre os temas apresentados. O encerramento do seminário foi realizado pelo presidente da Fundação Alexandre Gusmão, embaixador Sérgio Eduardo Moreira Lima, e pelo ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer. "Os procedimentos de segurança na área de tecnologia nuclear merecem atenção e é um tema fundamental para o futuro do país”, concluiu Celso Lafer.
Por Débora Sampaio
Assessoria de Comunicação
Ministério da Defesa -
- 06/03/2018 - Encontro em São Paulo debaterá sobre Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares'50 anos do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares: Impasses e Perspectivas' acontece na Fundação FHC, no Centro de São Paulo, a partir das 8h30. O presidente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, participará do seminário com palestra, às 11h50.
'50 anos do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares: Impasses e Perspectivas' acontece na Fundação FHC, no Centro de São Paulo, a partir das 8h30. O presidente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, participará do seminário com palestra, às 11h50.
Fonte: Petronotícias
O Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP) foi assinado em 1968 e entrou em vigor em 1970. O Brasil aderiu ao acordo apenas em 1998. Passados 50 anos da assinatura da TNP, um encontro que será realizado em São Paulo visa promover um debate aprofundado sobre as conquistas e impasses do tratado no fortalecimento da segurança internacional, bem como suas perspectivas futuras.O encontro acontece em um momento onde tensões nucleares surgem no mundo, ao mesmo tempo em que é crescente a demanda global por energia, especialmente a nuclear, que é uma fonte limpa e de geração firme.
O evento está sendo organizado pela Fundação Henrique Cardoso e acontecerá amanhã, 6 de março, a partir das 8h30. O encontro está dividido em dois painéis de debate: "Autonomia e cooperação internacional na área nuclear” e "O TNP e a segurança internacional: Impasses e Perspectivas”.
Veja abaixo a programação completa:
Hora: 08h30 às 16h30
08h30 às 09h00: Credenciamento e welcome coffee
09h00 às 09h50: Abertura
09h50 às 13h00: Painel 1 – "Autonomia e cooperação internacional na área nuclear”
13h00 às 14h30: Pausa para o almoço
14h30 às 16h00: Painel 2 – "O TNP e a segurança internacional: impasses e perspectivas”
16h00 às 16h30: EncerramentoLocal: Fundação FHC – Rua Formosa, nº 367, 6º andar, Centro – São Paulo/SP
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- 05/03/2018 - Presidente da Eletronuclear participa de seminário sobre a não proliferação de armas nuclearesFonte: Eletronuclear
O presidente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, participará do seminário "50 anos do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares: Impasses e Perspectivas”. O evento, promovido pela Fundação Fernando Henrique Cardoso, será realizado nesta terça-feira (6), das 8h30 às 16h30, em São Paulo. Leonam fará palestra, às 11h50, sobre autonomia e cooperação internacional na área nuclear, tema que será abordado por vários palestrantes.Em vigor desde 1970, o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) foi assinado por 189 países, incluindo algumas das nações que possuem armas nucleares, como Estados Unidos, Rússia, França, China e Reino Unido. O Brasil também é signatário.
O TNP tem como objetivos impedir a produção e a proliferação de material nuclear para fins bélicos e promover a erradicação das armas nucleares. Segundo o tratado, os países que têm esse tipo de armamento se comprometem a não transferi-lo aos que não o detém. Já os países que não possuem armas nucleares se comprometem a não produzi-las ou adquiri-las.