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- 27/09/2018 - Pesquisas ambientais na Amazônia devem integrar questões socioeconômicasEm workshop em Washington, cientistas demonstram avanços de pesquisa na região e a necessidade de investigar o impacto social das mudanças climáticas para a criação de políticas públicas
Em workshop em Washington, cientistas demonstram avanços de pesquisa na região e a necessidade de investigar o impacto social das mudanças climáticas para a criação de políticas públicas
Fonte: Agência Fapesp
Maria Fernanda Ziegler, de Washington
A Amazônia está em transição. A alternância entre períodos de secas seguidos por cheias, uma das características principais da região, está mais espaçada. Estima-se que a cada década a temporada de estiagem ganhe 6,5 dias, ou um mês de seca a mais a cada 40 anos.
Houve também o crescimento de 30% do fluxo do rio Amazonas, na altura da cidade paraense de Óbidos. A mudança ocorreu nos últimos 25 anos. A região amazônica também está mais quente, e não é pouco. Observou-se um aumento de 0,9 °C na temperatura média do ar, o suficiente para mudar o comportamento de plantas, animais e do ser humano.
Mudanças no balanço energético e nos ciclos hidrológicos da região têm sido observadas em estudos científicos. Essas mudanças têm impacto profundo na composição da biodiversidade, do solo e também no cotidiano amazônico. Porém, para que haja políticas públicas voltadas ao desenvolvimento social sustentável na região, estudos ambientais na Amazônia devem estar integrados a questões socioeconômicas.
A avaliação foi feita por participantes no workshop Scientific, Social and Economic Dimensions of Development in the Amazon, realizado em Washington, Estados Unidos, em 24 de setembro. O evento – continuação de outro realizado em Manaus em agosto – foi organizado pela FAPESP em conjunto com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e o Wilson Center.
Na abertura do workshop, foi apresentado um vídeo com mensagem de Thomas Lovejoy, professor da George Mason University, nos Estados Unidos.
"A Amazônia tem um ciclo hidrológico que permite gerar seu padrão de chuva. Hoje, esse ciclo está sendo impactado pelo desmatamento, pelo uso excessivo de fogo e pelas mudanças climáticas. Com isso, existe o risco de chegarmos a um ponto de inflexão, quando o desmatamento estiver prestes a atingir um determinado limite a partir do qual regiões da floresta tropical podem passar por mudanças irreversíveis", disse.
Em fevereiro deste ano, Lovejoy e Carlos Nobre, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas – um dos INCTs apoiados pela FAPESP no Estado de São Paulo em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) –, publicaram um alerta sobre o assunto na revistaScience Advances(leia mais em http://agencia.fapesp.br/27180).
"Mudanças no balanço energético e em ciclos hidrológicos já são observadas em pesquisas realizadas na Amazônia. Estamos descobrindo e monitorando essas mudanças. Porém, para conseguir que políticas públicas sejam feitas para a região, é preciso integrar aos estudos científicos aspectos socioeconômicos críticos para a sustentabilidade da região”, disse Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais.
Mudanças no ciclo de cheias e secas afetam a biodiversidade e o cotidiano na região. "Nem todas as plantas são adaptadas ao período de seca prolongado. Com isso, a composição da biodiversidade acaba sendo alterada e ocorre maior mortandade de árvores, por exemplo, o que pode impactar no armazenamento de carbono”, disse.
Por ser tão extensa, a Floresta Amazônica é capaz de armazenar uma grande quantidade de carbono da atmosfera, questão determinante para o avanço das mudanças climáticas.
"A Amazônia armazena entre 100 bilhões e 120 bilhões de toneladas de carbono na biomassa. Porém, nos últimos anos, com o aumento da perda de árvores – por seca, enchente e desmatamento –, se uma pequena fração desse montante for para a atmosfera, vão ocorrer grandes mudanças no balanço CO2atmosférico”, disse Artaxo.
Eventos extremos
Registros históricos recentes de dados de chuva e ocorrência de secas e cheias mais intensas comprovam essa transição no bioma. "Foram três secas muito fortes, uma após a outra, em menos de 20 anos. Isso é um indicador grave. Os dados mostram que algo importante está acontecendo”, disse José Marengo, coordenador-geral do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
Esses eventos climáticos extremos têm aumentado também o risco de incêndios na floresta.
"Nem toda a seca é provocada pelo El Niño. Algumas são, outras têm relação com o Atlântico Tropical Norte mais aquecido, como ocorreu em 2005 e 2010. Em alguns casos, quem manda é o El Niño [aquecimento natural das águas do Pacífico], em outros é o Atlântico e em outros os dois vêm juntos, como em 1983 e 1998”, disse Marengo.
Ele ressaltou, no entanto, que seja por El Niño ou por aquecimento do Atlântico, essa é a parte natural. Não inclui a ação humana. "Se acrescentarmos ao El Niño e ao aquecimento do Atlântico outras condições, como por exemplo o aumento no desmatamento, veremos que a situação pode ser muito mais agravada”, disse.
As consequências da intensidade de secas e cheias vão além das fronteiras amazônicas. Estima-se que 70% dos recursos hídricos da bacia do rio da Prata, mais ao sul do continente, dependem da evaporação sobre a Amazônia. A transição passada pela Amazônia e o impacto em seu ciclo hidrológico, portanto, podem ter consequências importantes no agronegócio das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, assim como na Argentina.
Marengo também defende a necessidade de maior integração entre as pesquisas. Ele foi coordenador do projeto Metrópole, iniciativa internacional que estuda estratégias de adaptação aos impactos das mudanças climáticas. O estudo, realizado na cidade de Santos (SP), estimou perdas econômicas, modelagem dos extremos climáticos e impactos na saúde (leia mais em http://agencia.fapesp.br/25976).
"Poderíamos fazer algo nesse sentido na Amazônia. A previsão é de significativo aumento dos eventos extremos na região nas próximas décadas”, disse.
Outra participante do workshop, Rita Mesquita, pesquisadora do Inpa, concorda com a necessidade de maior integração.
"Os estudos precisam ser interdisciplinares. Modelos sociais, econômicos e ambientais nem sempre têm os interesses alinhados. Mas só quando colocarmos todos esses aspectos juntos, poderemos avançar em questões de sustentabilidade”, disse.
Estimar a ação do homem
Questionado pela plateia sobre qual seria a o peso do efeito antrópico nas queimadas na Amazônia, Artaxo respondeu: "100%. Mesmo nos períodos de seca, trata-se de uma floresta úmida, onde é difícil fazer e manter o fogo”, disse.
A destruição da floresta por queimadas tem se mostrada muito mais significativa que o corte para a exploração madeireira. "O fogo é a maneira mais eficiente para destruir”, disse Douglas Morton, do Goddard Space Flight Center, da Nasa, durante sua fala no workshop.
"O Brasil foi um dos líderes no monitoramento do desmatamento. Sistemas como o Prodes e o Deter do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) criaram uma base, com dados históricos, mas é preciso ir além, com mais investimento”, disse.
Morton coordena um projeto para medir a degradação das florestas. Nele aviões sobrevoam a Floresta Amazônica para identificar a degradação em três etapas (alturas) da floresta.
Além disso, como Morton comentou, a Nasa dispõe de 20 satélites de monitoramento, com dados abertos. "Os satélites dão padrões sobre o que está ocorrendo. Temos modelos para previsões que podem servir para a criação de políticas públicas”, disse.
No evento em Washington, pesquisadores apresentaram outros resultados de projetos apoiados pela FAPESP, para uma plateia formada por cientistas e representantes de ONGs e de agências norte-americanas ligadas ao meio ambiente. A intenção foi trocar experiência para no futuro elaborar colaborações internacionais no estudo da Amazônia.
Mais informações: www.fapesp.br/eventos/amazon-workshop.
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- 26/09/2018 - Incubadora de negócios da USP auxilia no lançamento de produtos (Momento USP Inovação - Jornal da USP no Rádio)Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia da USP transforma ideias em produtos
Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia da USP transforma ideias em produtos
Fonte: Rádio USP - Jornal da USP
O Momento USP Inovação desta semana nos leva a conhecer o Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec) da USP. E para isso conversa com Sérgio Risola, diretor executivo do centro.Risola conta que o centro de inovação foi criado há 20 anos. O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em conjunto com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), ambos da USP, e com apoio da Secretaria do Estado, criou o Cietec. O projeto foi pensado como uma célula que tivesse a função de incubar e acelerar negócios universitários, a exemplo de grandes universidades que já tinham seus próprios centros dessa natureza.
Mas o que é uma incubadora, como o Cietec? O diretor explica que uma incubadora de empresas acolhe uma ideia, ou um produto prototipado, e dá apoio para que a ideia ou produto cresça e se desenvolva. Não só intelectualmente, mas trazendo designe estruturação jurídica para a empresa, por exemplo. Ele lembra também que uma grande apoiadora do projeto, e que dá muitos insumos para que se desenvolvam as ideias e produtos apresentados, é a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Risola fala ainda sobre como o Cietec se relaciona com a inovação. O centro é uma incubadora que apoia negócios inovadores e que têm tecnologia embutida, seja ela pequena (incremental) ou disruptivas (novas e grandes tecnologias). Exemplos dessa inovação são uma empresa que tem menos de um ano e desenvolve medicamentos no tratamento de tumores e uma empresa que desenvolveu um inseticida biológico, que atua no controle de larvas do mosquito vetor da dengue (Aedes aegypti), o DengueTech, patenteado e aprovado pela Anvisa. Ele conta também que o vínculo da empresa com a USP é bem-vindo, porém não obrigatório, basta demonstrar a necessidade de obter mais conhecimento na área, conhecimento esse que reside na universidade e no centro de inovação. Essa política é muito enriquecedora para a empresa, que cresce com o conhecimento empírico que ela já tem previamente, somado ao mais teórico, dos acadêmicos.
O Momento USP Inovação tem a participação de Verônica Lopes, da Agência USP de Inovação.
Download do áudio- O Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP, Faculdade de Medicina e Instituto de Estudos Avançados. Busca aprofundar temas da atualidade de maior repercussão, além de apresentar pesquisas, grupos de estudos e especialistas da Universidade de S. Paulo.
No ar de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.
Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93,7, em Ribeirão Preto FM107,9 pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do celular.
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- 25/09/2018 - Cietec promove Rodada de Negócios Internacional Ryme+Evento visa ajudar empresas brasileiras a estabelecerem parcerias com o mercado internacional
Evento visa ajudar empresas brasileiras a estabelecerem parcerias com o mercado internacional
Fonte: AGUSPIN - Agência USP de Inovação
Por Mariana Gonçalves
O Cietec, entidade gestora da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo USP/Ipen, junto com parceiros da Espanha, França, Portugal, Israel e Uruguai, trazem ao Brasil a 1ª Rodada de Negócios Internacional RYME+, que acontece entre os dias 25 e 26 de setembro, na sede da entidade, em São Paulo. O evento é voltado para empresas que atuam nos setores de saúde e bem-estar, energia, materiais e sustentabilidade industrial, cidades inteligentes e indústrias criativas.
O Ryme+ apoia o desenvolvimento de startups e PMEs contribuindo para uma maior competitividade do território SUDOE (Espanha, França e Portugal) nos países estrangeiros. Co-financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), garante a ida de 50 empresas ao mercado brasileiro para estabelecerem relações comerciais. A Rodada é gratuita e as startups que quiserem participar podem entrar em contato pelo e-mail: stela_projetoryme@cietec.org.Segundo Sergio Risola, diretor-executivo do Cietec, o objetivo de receber o RYME+ no País é ajudar às startups brasileiras a estabelecerem parcerias com o mercado internacional. "O Cietec conta com uma rede de contatos extremamente estratégica e rica para relacionamento que favorecem o desenvolvimento do empreendedorismo brasileiro”, informa Risola.
Confira a lista das empresas internacionais participantes:
Empresas de Portugal:
TUU– plataforma para gestão de projetos de investimento imobiliário, design, remodelação ou construção.
Enging– empresa especializada em desenvolver soluções industriais.
Wisecorp– plataforma de gerenciamento centralizado para alavancar os resultados do agronegócio.
Empresas da Espanha:
Bioquochem – empresa de biotecnologia que projeta, desenvolve e fabrica kits e dispositivos para a quantificação rápida e fácil de biomarcadores.
Visualtis – desenvolve soluções voltadas para empresas que desejam aumentar a
eficiência e a eficácia da comunicação com os clientes.MicruX – desenvolve plataformas microfluídicas inovadoras, sensores eletroquímicos e instrumentos analíticos portáteis baseados em Tecnologias Lab-on-a-Chip (LOC) para pesquisa e atividades industriais.
Empresas da França:
Emundus – aplicativo de gerenciamento de campanhas para candidatura em universidades e escolas de negócios que desejam melhorar sua capacidade de atrair e selecionar os melhores alunos.
Camileia – responsável por otimizar a gestão do seu portfólio de imóveis.
Sobre o Cietec
O Cietec – Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia, fuxndado em abril de 1998, tem como missão incentivar o empreendedorismo e a inovação tecnológica por meio da criação, fortalecimento e a consolidação de empresas de base tecnológica. O Cietec apoia a transformação de conhecimento em produtos e serviços para o mercado, a inserção no ecossistema de inovação, a capacitação técnica e de comercialização, contribuindo para o aumento da competitividade no Brasil. O Cietec é a entidade gestora da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica USP/IPEN, onde são conduzidos processos de incubação de empresas inovadoras, em diferentes níveis de maturidade. Nesses processos, são oferecidos serviços de apoio para demandas nas áreas de gestão tecnológica, empresarial e mercadológica, aproximação com o investimento-anjo, capital semente e venture capital, recursos de fomento público, além de infraestrutura física para a instalação e operação dessas empresas.Com informações da assessoria de imprensa do Cietec – Trama Comunicação – (11) 3388-3040 – www.tramacomunicacao.com.br
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- 25/09/2018 - Cietec promove Rodada de Negócios Internacional Ryme+Evento visa ajudar empresas brasileiras a estabelecerem parcerias com o mercado internacional
Evento visa ajudar empresas brasileiras a estabelecerem parcerias com o mercado internacional
Fonte: Site SEGS
O Cietec, entidade gestora da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo USP/Ipen, junto com parceiros da Espanha, França, Portugal, Israel e Uruguai, trazem ao Brasil a 1ª Rodada de Negócios Internacional RYME+, que acontece entre os dias 25 e 26 de setembro, na sede da entidade, em São Paulo. O evento é voltado para empresas que atuam nos setores de saúde e bem-estar, energia, materiais e sustentabilidade industrial, cidades inteligentes e indústrias criativas.O Ryme+ apoia o desenvolvimento de startups e PMEs contribuindo para uma maior competitividade do território SUDOE (Espanha, França e Portugal) nos países estrangeiros. Co-financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), garante a ida de 50 empresas ao mercado brasileiro para estabelecerem relações comerciais. A Rodada é gratuita e as startups que quiserem participar podem entrar em contato pelo e-mail: stela_projetoryme@cietec.org.
Segundo Sergio Risola, diretor-executivo do Cietec, o objetivo de receber o RYME+ no País é ajudar às startups brasileiras a estabelecerem parcerias com o mercado internacional. "O Cietec conta com uma rede de contatos extremamente estratégica e rica para relacionamento que favorecem o desenvolvimento do empreendedorismo brasileiro”, informa Risola.
Confira a lista das empresas internacionais participantes:
Empresas de Portugal:
TUU - plataforma para gestão de projetos de investimento imobiliário, design, remodelação ou construção.
Enging - empresa especializada em desenvolver soluções industriais.
Wisecorp - plataforma de gerenciamento centralizado para alavancar os resultados do agronegócio.Empresas da Espanha:
Bioquochem – empresa de biotecnologia que projeta, desenvolve e fabrica kits e dispositivos para a quantificação rápida e fácil de biomarcadores.
Visualtis - desenvolve soluções voltadas para empresas que desejam aumentar a
eficiência e a eficácia da comunicação com os clientes.
MicruX - desenvolve plataformas microfluídicas inovadoras, sensores eletroquímicos e instrumentos analíticos portáteis baseados em Tecnologias Lab-on-a-Chip (LOC) para pesquisa e atividades industriais.
Empresas da França:
Emundus - aplicativo de gerenciamento de campanhas para candidatura em universidades e escolas de negócios que desejam melhorar sua capacidade de atrair e selecionar os melhores alunos.
Camileia - responsável por otimizar a gestão do seu portfólio de imóveis.Serviço: 1ª Rodada de Negócios Internacional RYME+
Data: 25 e 26 de setembro de 2018
Local: Cietec (Av. Prof. Lineu Prestes, 2242)
Inscrições: stela_projetoryme@cietec.org
Sobre o Cietec
O Cietec - Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia, fuxndado em abril de 1998, tem como missão incentivar o empreendedorismo e a inovação tecnológica por meio da criação, fortalecimento e a consolidação de empresas de base tecnológica. O Cietec apoia a transformação de conhecimento em produtos e serviços para o mercado, a inserção no ecossistema de inovação, a capacitação técnica e de comercialização, contribuindo para o aumento da competitividade no Brasil. O Cietec é a entidade gestora da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica USP/IPEN, onde são conduzidos processos de incubação de empresas inovadoras, em diferentes níveis de maturidade. Nesses processos, são oferecidos serviços de apoio para demandas nas áreas de gestão tecnológica, empresarial e mercadológica, aproximação com o investimento-anjo, capital semente e venture capital, recursos de fomento público, além de infraestrutura física para a instalação e operação dessas empresas.
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- 24/09/2018 - Eletrobras avalia vender fatia da Eletronuclear a grupo estrangeiroFonte: Valor EconômicoA Eletrobras caminha para concluir o ano, se tudo sair como esperado pela estatal, com o endividamento sob controle e fora do segmento de distribuição de energia. Um obstáculo a ser superado, para o qual ainda não há saída definida, é a finalização das obras da usina nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro, que ainda demanda investimentos estimados em R$ 17 bilhões para ser concluída. A estatal avalia ceder uma participação na Eletronuclear a um grupo estrangeiro, que ficará responsável por fazer aportes na companhia e finalizar o empreendimento. A elétrica brasileira, no entanto, permanecerá como controladora da subsidiária. A ideia é lançar uma concorrência internacional para atração de sócios nos próximos meses, antes do início do próximo governo.
A possibilidade de receber um sócio na Eletronuclear é uma das duas alternativas em estudo pelo grupo de trabalho criado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para analisar a retomada das obras da terceira usina nuclear brasileira. A outra alternativa, já conhecida do mercado, seria a companhia estrangeira entrar como sócia especificamente em Angra 3, aportando os recursos necessários para a conclusão da usina. Mas a operação da termonuclear continuaria nas mãos da Eletronuclear.
Segundo Wilson Ferreira Júnior, presidente da Eletrobras, controladora da Eletronuclear, o CNPE deve se reunir no fim deste mês para decidir a solução que será tomada para a retomada das obras de Angra 3, que já consumiram R$ 13 bilhões. O grupo de trabalho entregou no início desta semana o relatório final sobre o tema.
"Esperamos ter uma reunião neste mês no CNPE em que haverá um debate sobre o tema da tarifa [de Angra 3] e, com essa tarifa, sairemos com uma incumbência de fazer uma concorrência internacional para selecionar um sócio", disse Ferreira Júnior, em entrevista exclusiva ao Valor, na sede da estatal elétrica, no Rio.
Entre os principais interessados no negócio, o Valor apurou que estão a russa Rosatom, a chinesa CNNC e o consórcio franco-japonês EDF / Mitsubishi.
De acordo com Ferreira Júnior, a ideia é que o CNPE aprove um reajuste na tarifa de energia de Angra 3, atualmente da ordem de R$ 240 por megawatt-hora (MWh), valor considerável inviável para arcar com os compromissos financeiros do empreendimento e para remunerar um novo investidor no projeto. O executivo não soube dizer de quanto seria o novo valor da tarifa. Estima-se, porém, que o preço supere os R$ 400 o MWh.
Questionado sobre o impacto do reajuste para a tarifa do consumidor, Ferreira Júnior afirmou que a entrada em operação de Angra 3, com a tarifa reajustada, permitirá, na verdade, uma redução média de 1,5% na tarifa de energia para o consumidor final, no ano em que ela iniciar o funcionamento. A queda, explicou, será motivada pelo deslocamento de termelétricas mais caras, com o acionamento de Angra 3.
"A única razão que fez a tarifa de energia brasileira subir tanto nesses últimos meses e anos é a exposição que nós, consumidores, temos ao risco hidrológico", disse o executivo, acrescentando que a operação de Angra 3 tem potencial para diminuir a exposição dos consumidores ao risco hidrológico, provocado principalmente pelas despesas relativas ao GSF (sigla em inglês para fator de ajuste da garantia física de hidrelétricas).
Com índice de conclusão de 67%, Angra 3 teve as obras interrompidas em setembro de 2015, devido a investigações no âmbito da Lava Jato e ao não pagamento, pela Eletronuclear, a fornecedores do empreendimento. A usina, que terá capacidade instalada de 1.405 MW, está prevista para entrar em operação em 2026, de acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2026, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
A questão da busca por um sócio para a Eletronuclear ser um dos temas de conversas entre o presidente da Eletrobras e representantes dos candidados à presidência, que começam a ser recebidos na estatal esta semana.
A ideia das conversas, segundo o presidente da estatal, é entender a visão para infraestrutura e energia dos candidatos para a elaboração do próximo plano de negócios da empresa, para o período 2019-2023, e previsto para ser lançado no fim do ano.
"Vamos começar a recebê-los [representantes do setor de infraestrutura e energia dos candidatos]. E já teremos alguns 'inputs' do que eles querem. Vamos considerar isso também. Imagino que já possamos incorporar alguma coisa da visão ou da preocupação deles para a frente", disse Ferreira Júnior. -
- 21/09/2018 - Estudos apoiados pela FAPESP ganham Prêmio Tese Destaque USPTrabalhos de doutorado são reconhecidos entre aqueles defendidos nos programas de pós-graduação da universidade
Trabalhos de doutorado são reconhecidos entre aqueles defendidos nos programas de pós-graduação da universidade
Fonte: Agência Fapesp
Os trabalhos vencedores da edição 2018 do Prêmio Tese Destaque USP foram anunciados e quatro deles têm apoio da FAPESP. Em sua sétima edição, o prêmio reconhece as teses de doutorado defendidas nos programas de pós-graduação da universidade.
Os trabalhos vencedores com bolsa da FAPESP foram: "Dano muscular promove hipertrofia? A queda de um paradigma sustentada pela análise integrada da taxa de síntese proteica”, de Felipe Romano Damas Nogueira, na categoria Ciências da Saúde; "A apropriação e consolidação do culto de Zeus pela cidade grega: moedas e santuários, política e identidade em época arcaica e clássica”, de Lilian de Angelo Laky, na categoria Ciências Humanas;"Igrejas Paulistas da Colônia e do Império: Arquitetura e Ornamentação”, de Mateus Rosada, na categoria Ciências Sociais Aplicadas; e "Controle ativo de distúrbios harmônicos em veículos híbridos orientado por métricas de qualidade sonora”, de Jaime Alberto Mosquera Sanchez, na categoria Engenharias.
Além desses trabalhos, outros bolsistas da FAPESP receberam menções honrosas: Talita Aline Comunian, Marília Palumbo Gaiarsa, Juliane Cruz Campos, Antonio Anáx Falcão de Oliveira, Lucas Tadeu Fuesse Lya Valéria Grizzo Serignolli.
As grandes áreas premiadas foram Ciências Agrárias, Ciências Biológicas, Ciências Exatas e da Terra, Ciências da Saúde, Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas, Engenharias, Linguística, Letras e Artes e Multidisciplinar. Para cada uma das nove grandes áreas são concedidos um prêmio e duas menções honrosas. O autor da Tese Destaque USP recebe um prêmio no valor de R$ 10 mil e o orientador, recurso para custeio de até R$ 5 mil.
A cerimônia oficial de premiação ocorrerá em 11 de outubro de 2018, às 10 horas, na sala do Conselho Universitário da USP, na rua da Reitoria, 374, térreo, Cidade Universitária, São Paulo. A lista de trabalhos vencedores está no site da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da USP.
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- 19/09/2018 - Amazul participa da Conferência da Agência Internacional de Energia AtômicaFonte: AmazulA Amazul integra a comitiva brasileira presente à 62ª Conferência Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que se realiza em Viena até dia 21/9. A empresa tem um estande em local destacado na conferência, juntamente com a Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep), a Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). A Amazul é representada por Ney Zanella dos Santos, diretor-presidente; Luciano Pagano, diretor técnico e de Operação; e Nilo Almeida, coordenador técnico. O presidente da Cnen e conselheiro da Amazul, Paulo Roberto Pertusi, também participa da conferência.
Um dos eventos principais da conferência é um fórum científico sobre clima, no qual especialistas discutem como a ciência e a tecnologia nuclear ajudam a mitigar, monitorar e adaptar-se às mudanças climáticas.
Na pauta do segundo dia, discutiu-se também o fortalecimento da segurança em medicina nuclear, o emprego das tecnologias no combate ao câncer e na ciência forense, o papel da liderança informal na conquista da igualdade de gênero e outros temas técnicos e políticos.
Para a Amazul e a Cnen, que estão desenvolvendo o Reator Multipropósito Brasileiro, um dos debates mais importantes foi sobre "Entregando resultados contra o câncer”, no qual especialistas de alto nível de centros de câncer de todo o mundo destacaram o apoio da AIEA na capacitação, assessoria técnica e aquisição de ferramentas e equipamentos para a luta contra a doença.
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- 18/09/2018 - Programa interativo revela estrutura de cristais para estudantes - Jornal da USPAlunos podem construir cristais passo a passo e ver sua estrutura em imagens tridimensionais
Alunos podem construir cristais passo a passo e ver sua estrutura em imagens tridimensionais
Fonte: Jornal da USP
PorJúlio Bernardes
Editorias:Ciências Exatas e da Terra,Tecnologia
URL Curta:jornal.usp.br/?p=194607
Entender como os átomos dos elementos químicos formam cristais não é uma tarefa simples, principalmente para estudantes que aprendem sobre as propriedades dos materiais. Por essa razão, uma pesquisa do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), instituição associada à USP, criou o programa de computador CrystalWalk. Por meio dele, os alunos podem construir cristais passo a passo e ver sua estrutura em imagens tridimensionais. O CrystalWalk é um software livre que pode ser utilizado on-line e em dispositivos como computadores, tablets e smartphones."Cristais são sólidos onde os átomos estão distribuídos de modo organizado no espaço”, explica o professor Ricardo Leal Neto, do Grupo de Visualização Científica em Materiais do Ipen. "Um cristalógrafo estuda essa organização do ponto de vista das simetrias dos cristais, pois delas dependem suas propriedades químicas e físicas, como, por exemplo, as propriedades ópticas.”
Ricardo Leal Neto, orientador da pesquisa, aponta que o Crystal Walk é um software interativo que procura desafiar os estudantes a desvendar estruturas básicas de cristais, o que é importante do ponto de vista didático – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Devido à complexidade das simetrias, Leal Neto aponta que ensinar sobre cristais não é fácil. "As necessidades dos cristalógrafos e dos estudantes de engenharia de materiais são diferentes. Existem softwares cristalográficos que constroem cristais com base nas simetrias, a partir de 236 grupos espaciais”, conta. "Porém, nos livros didáticos sobre ciências dos materiais, as simetrias são reduzidas a um grupo de 14 redes espaciais, sem deixar claro que são diferentes das estruturas cristalinas, o que dificulta o aprendizado.”
Construindo cristais..
No CrystalWalk, os alunos participam do processo de construção dos cristais, passo a passo, com comandos que possibilitam escolher estruturas básicas e os átomos que entrarão em sua composição. "Ele foi construído com uma preocupação didática, sua interface foi projetada para criar empatia e reduzir complexidades apontadas por estudantes”, afirma o pesquisador Fernando Bardella, que desenvolveu o CrystalWalk em sua tese de doutorado. Segundo Leal Neto, orientador da pesquisa, a abordagem é bastante interativa e demanda uma participação ativa do usuário em todo o processo. "Apesar de limitante e bastante restritivo para o uso de cristalógrafos, no CrystalWalk estudantes são desafiados a desvendar estruturas básicas de cristais, o que é considerado importante do ponto de vista didático”, destaca.
Também foram incorporadas funcionalidades didáticas e interativas para aumentar o alcance social da ferramenta, como a criação de narrativas didáticas sobre a construção de cristais e compartilhamento com outros dispositivos por meio de QR Code (código de reconhecimento). "O usuário pode ver as imagens por meio de realidade virtual assistida, utilizando o mouse e o teclado de um computador, ou com óculos 3D que fazem estereografia por cores, uma tecnologia mais acessível”, relata o pesquisador. A pesquisa também avaliou outras tecnologias que possibilitam diferentes níveis de imersão, como o Oculus Rift (óculos com controles manuais) e o Google Cardboard (óculos adaptados para telefones celulares).
Fernando Bardella, que desenvolveu o Crystal Walk, relata que o Grupo de Visualização Científica em Materiais pesquisa tecnologia experimental que projeta estruturas cristalinas virtuais em objetos reais – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Os pesquisadores destacam que o CrystalWalk tem uma proposta de acessibilidade e democratização, e por isso a portabilidade da aplicação é uma característica importante para que funcione no maior número de dispositivos possível, como desktops, tablets e smartphones. "Desenvolvido utilizando a plataforma WebGL/HTML5, o CrystalWalk possui código aberto, é gratuito e disponível on-line”, descreve Bardella. O site com o programa é http://gvcm.ipen.br/CrystalWalk.
Sala de aula
Alunos utilizando o CrystalWalk em sala de aula - Foto: Cedida pelo pesquisador
O CrystalWalk já está sendo utilizado em sala de aula também em outras instituições. "Ele é um software de cristalografia para não cristalógrafos, e pode ser usado por alunos de graduação ou pós-graduação em engenharia de materiais, de química, física e geologia, entre outras áreas”, acrescenta Leal Neto. Alunos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), por exemplo, utilizam o CrystalWalk no laboratório de manufatura aditiva, lançando mão de recursos da aplicação específicos para impressão 3D de modelos.Atualmente, o grupo estuda o potencial imersivo em ambientes intermediários de virtualidade por meio da plataforma de computação holográfica Microsoft Hololens, tecnologia experimental de realidade mista capaz de projetar hologramas diretamente na retina do usuário. "Nesta plataforma, estruturas cristalinas virtuais são sobrepostas ao mundo real”, destaca Bardella. "Como este é um trabalho multidisciplinar, a ideia é buscar alunos de iniciação científica e mestrado de diversas áreas para participarem dos projetos de pesquisa do grupo.” A página do grupo de pesquisa é http://gvcm.ipen.br.
Mais informações: e-mail - gvcm@ipen.br, com Fernando Bardella, André Montes Rodrigues e o professor Ricardo Leal Neto ( lealneto@ipen.br).
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- 18/09/2018 - Equipamento amplia inclusão escolar de crianças com deficiências severas - Blog EstadãoFonte: Estadão - Blog Vencer Limites
Luiz Alexandre Souza Ventura
Um equipamento simples e inovador está ajudando a ampliar a inclusão de crianças com deficiências severas na AACD Lar Escola, em São Paulo. Batizado de Greg Maker, o dispositivo é ligado ao computador por conexão USB, usa uma placa que, por meio de fios com ‘garra jacaré’, transfere as funções de teclado e mouse para os mais diversos objetos, como CDs, massinhas, pratos, frutas, plantas e bonecos."Existem alunos com restrições severas de comunicação. Quando eles se expressam, é muito difícil compreendê-los, e foi possível entendê-los com o uso do Greg Maker”, afirma a coordenadora pedagógica da Escola de Educação Especial da AACD Lar Escola, Roberta Galasso.
"Estamos falando sobre estudantes muito absortos por causa das complexidades das deficiências congnitivas, mas que conseguiram participar da atividade, interagir, se comunicar e responder aos exercícios propostos”, diz a professora.O equipamento foi desenvolvido pela startup Engrenar, especializada em acessibilidade digital e tecnologia assistiva, residente no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia, entidade gestora da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo USP/Ipen – Cietec, instalada no campus Ipen, na Cidade Universitária.
A AACD Lar Escola atende estudantes de 6 a 17 anos com deficiências físicas e intelectuais, quase todos (95%) com paralisia cerebral. "Uma aluna que convive com movimento involutários, mas consegue usar o teclado normal do computador com uma ponteira ligada a um capacete, está começando a usar o Greg Maker em casa”, comenta a coordenadora da escola.
O currículo da unidade é desenvolvido em projetos. No semestre passado, o tema foi a Rússia. Cada sala elaborou suas práticas com base nesse assunto central, destacando história, cultura e meio ambiente. Em uma das atividades, voltada à gastronomia russa, os estudantes aprenderam sobre pratos típicos e os principais alimentos consumidos no país europeu.
"Fizemos uma relação dos alimentos (batata, beterrada e outros itens), que foram reunidos in natura dentro de uma caixa de papelão. E buscamos algumas receitas da Rússia. O Greg Maker foi ligado nestes alimentos e a atividade pedia os produtos da receita de uma sopa, por exemplo. Quando o aluno tocava no item escolhido por ele para integrar essa receita, o nome do item era apresentado em áudio pelo computador”, conta a professora.
"Em outra sala, na pesquisa sobre os objetos mais importantes da Rússia, surgiu a Matryoshka. Então, os alunos montaram uma réplica da figura, confeccionada com material reciclado, com a placa do Greg Maker ligada nas costas desse boneco. Foi gravada uma música, com a voz dos alunos, e essa música era acionada quando as crianças tocavam na Matryoshka. Ela falava com eles”, explica a pedagoga.
Para Roberta Galasso, o Greg Maker é uma ferramenta socioeducativa que pode incrementar as atividades escolares para crianças com deficiência. "Essa ferramenta pode ser potencializada em casa, pelos pais desses estudantes, replicando o que já foi feito na escola”, destaca a coordenadora.
"É um processo que requer preparação e aprendizado. Não basta instalar e começar a usar”, ressalta a educadora. A próxima fase de uso do Greg Maker na AACD Lar Escola será com peças de Lego, aliando o equipamento à robótica, com as primeiras atividades previstas para o fim do ano.
COMO OBTER – Quem tiver interesse em obter o Greg Maker deve entrar em contato pelo telefone (11) 3039-8319 ou no email contato@gregmaker.com.br. O equipamento custa R$ 300,00 (trezentos reais).
IMAGEM 02:Quem tiver interesse em obter o Greg Maker deve entrar em contato pelo telefone (11) 3039-8319 ou no email contato @gregmaker.com.br. O equipamento custa R$ 300,00. Descrição #pracegover:Dispositivo sendo acoplado a CDs. Crédito: Divulgação
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- 18/09/2018 - Novo material permite a liberação controlada de medicamentosPesquisadores da Unesp e da Universidade de Franca combinam argila e polímero em escala nanométrica para criar estrutura que possibilita carregar e liberar fármacos gradualmente
Pesquisadores da Unesp e da Universidade de Franca combinam argila e polímero em escala nanométrica para criar estrutura que possibilita carregar e liberar fármacos gradualmente
Fonte: Agência Fapesp
Elton AlissonJá utilizados na agricultura e em cosméticos, os minerais da argila também podem ser aplicados em medicamentos, como anti-inflamatórios e quimioterápicos, para melhorar seus efeitos.
Pesquisadores do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Araraquara, e da Universidade de Franca (Unifran) desenvolveram um novo material, à base de argila e de um polímero. A estrutura permite carregar e liberar fármacos de forma lenta e gradual. Dessa maneira, possibilita controlar a absorção de medicamentos pelo organismo e evitar oscilações da concentração na corrente sanguínea.
O novo material foi desenvolvido no âmbito do INCT de Tecnologias Ecoeficientes Avançadas em Produtos Cimentícios – um dos INCTs financiados pela FAPESP em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) no Estado de São Paulo. O processo de obtenção da estrutura foi descrito em artigo publicado na revista Applied Materials & Interfaces, da American Chemical Society.
"Combinamos uma argila comercial, chamada montmorilonita sódica, com um gel polimérico em escala nanométrica [da bilionésima parte do metro]. Com isso, conseguimos obter um material que possibilita liberar uma medicação paulatinamente, nas doses e taxas mais adequadas, mantendo a concentração ideal na corrente sanguínea”, disse Eduardo Molina, professor da Unifran e um dos autores da pesquisa, à Agência FAPESP.
Os pesquisadores incorporaram a montmorilonita sódica em uma matriz flexível e transparente, composta por polióxido de etileno (PEO). Esse material, com características de hidrogel, na forma de uma rede rígida tridimensional, é capaz de absorver volumes elevados de água em seus interstícios, sem se dissolver. Por isso, é considerado um excelente material para liberação controlada de fármacos.
Sozinho, contudo, o hidrogel permite a liberação de um fármaco muito rapidamente. Além disso, pode apresentar um problema, chamado burst release– liberação imediata –, em que uma dose alta de um medicamento é liberada no início e depois mantida a uma determinada taxa. "O hidrogel à base somente de polióxido de etileno não permite obter a liberação lenta e controlada do fármaco”, disse Molina.
Uma vez que a argila é conhecida como um material impermeabilizante, os pesquisadores tiveram a ideia de tentar combiná-la com o hidrogel para verificar se o material poderia se constituir em uma barreira e permitir um controle fino da quantidade de fármaco liberado.
Para testar essa hipótese, diferentes concentrações de montmorilonita sódica foram incorporadas em um hidrogel híbrido orgânico-inorgânico, chamado siloxano-poliéter ou ureasil, por meio de um processo denominado sol-gel.
Esse método de preparo de materiais é baseado em uma série de reações químicas, nas quais ocorre a transformação de um líquido com partículas nanométricas em suspensão – o "sol” – em um gel.
A combinação dos dois materiais – a argila e o hidrogel polimérico – resultou em um nanocompósito no qual foi incorporado diclofenaco sódico durante a preparação do material. O fármaco é um anti-inflamatório, administrável por via oral ou por injeção, bastante utilizado para aliviar o inchaço e a dor gerados, por exemplo, por artrite, reumatismo, lesões musculares, cirurgias ou gota.
As análises das estruturas dos nanocompósitos, feitas por meio de diferentes técnicas de caracterização, revelaram que era possível distinguir claramente o hidrogel polimérico, a argila e o fármaco nos materiais.
Em testes de desempenho do material na liberação do diclofenaco, feitos em laboratório, em recipientes que simulam as condições biológicas, constatou-se que a argila foi essencial para controlar a forma como o fármaco era liberado.
Ao ajustar a porcentagem de argila usada na preparação dos nanocompósitos, foi possível evitar que uma dose grande de diclofenaco sódico fosse liberada no início, e que a liberação posterior ocorresse de forma pausada e a uma taxa constante e previsível.
"Conseguimos obter um efeito, chamado difusão de barreira, que permitiu controlar a quantidade de fármaco liberada de acordo com o tempo”, explicou Molina.
Lamelas nanométricas
Os pesquisadores constataram que, dependendo da quantidade de montmorilonita sódica incorporada no hidrogel, a argila assume a forma de lamelas nanométricas homogeneamente dispersas no material. Essas lamelas nanométricas de argila atuaram como uma barreira física à passagem das moléculas de água e do fármaco pelos canais do hidrogel.
"As lamelas de argila formaram um labirinto no interior do material, que retardou o movimento e imprimiu um determinado ritmo à absorção de água e à liberação do diclofenaco sódico”, afirmou Molina.
Na avaliação dos pesquisadores, o nanocompósito poderia ser usado para revestir comprimidos, por exemplo, e atuar como um sistema de liberação de fármacos para tratamentos prolongados de artrite, enxaqueca e dor pós-cirúrgica, entre outros.
O artigo Highly controlled diffusion drug release from ureasil–poly(ethylene oxide)–Na+–montmorillonite hybrid hydrogel nanocomposites(doi: 10.1021/acsami.8b04559), de Celso R. N. Jesus, Eduardo F. Molina, Sandra H. Pulcinelli e Celso V. Santilli, pode ser lido na revistaApplied Materials & Interfaces em pubs.acs.org/doi/10.1021/acsami.8b04559.
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- 17/09/2018 - CNEN participa da 62ª Conferência Geral da AIEAFonte: Site da CNEN
Entre os dias 17 e 21 de setembro acontece a 62ª Conferência-Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em Viena,Áustria. O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Paulo Roberto Pertusi, os diretores Alexandre Gromann (Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear - DRS) e José Carlos Bressiani (Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento - DPD) e a Coordenadora - Geral de Assuntos Internacionais, Viviane Simões compõem a delegação da autarquia no evento. Ao longo da semana, 77 eventos paralelos mostrarão trabalhos de ponta dos países membros, utilizando técnicas nucleares, destacando atividades e programas especiais.Representantes dos Estados membros da AIEA, inclusive em nível ministerial ou superior, estão reunidos na Conferência para discutir os principais elementos das prioridades da Agência em seu trabalho sobre o uso pacífico de tecnologias nucleares. Durante a Conferência, os delegados considerarão uma série de questões, desde o fortalecimento das atividades da Agência relacionadas à ciência, tecnologia e aplicações nucleares, até a melhoria da eficiência das salvaguardas da AIEA e a crescente cooperação internacional em energia nuclear, transporte e segurança de resíduos.
Nos dias 18 e 19 de setembro ocorre o Fórum Científico intitulado "Tecnologia Nuclear para o Clima: Mitigação, Monitoramento e Adaptação”, reunindo especialistas de renome, representantes do governo e acadêmicos de 21 países para discutir o papel que a ciência nuclear pode desempenhar na mitigação, monitoramento e adaptação à mudança climática.
O Fórum abordará tópicos como o papel da energia nuclear na limitação das emissões de gases de efeito estufa e a competitividade da energia nuclear, como as técnicas nucleares estão promovendo a compreensão da mudança climática e seu impacto nos oceanos e na agricultura, e o papel que a ciência nuclear desempenha para ajudar os países a se adaptarem às consequências da mudança climática, abordando riscos à segurança alimentar e combatendo pragas e doenças animais.
Para demonstrar seu compromisso com a sustentabilidade, a AIEA está organizando a Conferência Geral como uma reunião verde de acordo com as diretrizes do rótulo ecológico austríaco, mantendo o impacto ecológico do evento o mais baixo possível. Para participar dessa iniciativa, os delegados são incentivados a escolher opções ecologicamente corretas ao planejar sua participação, incluindo a redução do uso de papel baixando o aplicativo "Conferências e Reuniões da AIEA” disponível nos dispositivos IOS e Android como um acesso único a informações sobre a Conferência Geral e seus eventos paralelos. O aplicativo permite que os usuários montem sua própria agenda personalizada de eventos e atividades relacionadas ao evento.
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- 17/09/2018 - Grandes potências disputam mercado de energia atômica no continente africanoEnquanto os europeus debatem a abolição da energia atômica, os países africanos estão cada vez mais interessados em desenvolver suas atividades nucleares. Pelo menos dez deles indicaram recentemente a intenção de construir centrais para responder à necessidade de eletricidade na região. Rússia, China e França estão dispostos a investir na atividade em um continente que conta com a vantagem de possuir importantes reservas de urânio.
Enquanto os europeus debatem a abolição da energia atômica, os países africanos estão cada vez mais interessados em desenvolver suas atividades nucleares. Pelo menos dez deles indicaram recentemente a intenção de construir centrais para responder à necessidade de eletricidade na região. Rússia, China e França estão dispostos a investir na atividade em um continente que conta com a vantagem de possuir importantes reservas de urânio.
Fonte: RFI
Enquanto os europeus debatem a abolição da energia atômica, os países africanos estão cada vez mais interessados em desenvolver suas atividades nucleares. Pelo menos dez deles indicaram recentemente a intenção de construir centrais para responder à necessidade de eletricidade na região. Rússia, China e França estão dispostos a investir na atividade em um continente que conta com a vantagem de possuir importantes reservas de urânio.Diante de uma população cada vez maior, os países africanos enfrentam uma demanda crescente de eletricidade, indispensável para o desenvolvimento econômico, mas também de infraestruturas necessárias tanto para a população quanto para atrair investidores. As autoridades da região avançam em busca de fontes de energia vindas de diferentes tecnologias, seja por meio de centrais térmicas, solares, eólicas ou hidrelétricas. No entanto, a opção atômica é cada vez mais cogitada no continente. Para os promotores da energia nuclear, essa tecnologia seria capaz de cobrir rapidamente as necessidades na região.
Apesar dos custos em investimentos, dos riscos ambientais e de segurança, vários países já demostraram interesse no átomo. Argélia, Marrocos, Tunísia, Egito, Gana, Quênia, Uganda, Zâmbia, Níger, Nigéria e Sudão afirmaram claramente a vontade de produzir energia nuclear, mesmo se alguns ainda engatinham em suas pesquisas e sofrem da falta de investimentos.
Mas para Mikhail Chudakov, diretor-geral-adjunto da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), "a África tem sede de energia e a energia nuclear poderia fazer parte da solução para muitos países”. Principalmente diante do crescimento da população, que deve passar dos 1,3 bilhões atuais para 2 bilhões em 2050.
Apenas a África do Sul produz energia nuclear no continente
A história da energia nuclear na África não é recente. A primeira central foi inaugurada no Congo, nos anos 1950. Mas o projeto, implementado pela Bélgica com objetivo científico, foi interrompido em 1970, substituído por outras tentativas que nunca conseguiram alcançar seus objetivos plenos.
Outros países, como Líbia, Argélia, Marrocos e Nigéria, também construíram reatores que serviam principalmente para a pesquisa médica. Alguns, como a Argélia, chegaram a exprimir uma ambição bélica, mas renunciaram rapidamente à ideia de fabricar bombas atômicas.
Atualmente, apenas a África do Sul dispõe de uma central nuclear em atividade plena no continente. Os sul-africanos começaram a atividade atônica por meio de um programa militar secreto que contou com a produção de seis bombas atômicas nos anos 1980. A atividade bélica só foi interrompida quando o país ratificou o tratado de não-proliferação nuclear, em 1991. Em seguida, a África do Sul se concentrou em uma atividade destinada a complementar a geração de eletricidade.
Mas numa tentativa de se liberar da dependência do carvão – responsável na época por 90% da produção de eletricidade na África do Sul – o então presidente Jacob Zuma lançou um ambicioso programa de desenvolvimento do parque nuclear, que acabou sendo deixado de lado em detrimento das energias renováveis. "Nós vamos lançar um estudo para determinar se precisaremos do nuclear após 2030. Mas, até lá, vamos manter nossa capacidade de produção de eletricidade nuclear”, declarou o ministro sul-africano da Energia, Jeff Radebe, no final de agosto.
França tenta se impor diante de China e Rússia
Para responder às ambições nucleares, as autoridades africanas se aproximam de países que possuem experiência na área e que desejam investir no continente. A França, bastante presente na África, tenta como pode ocupar o terreno, por meio de acordos de acesso às minas de urânio. Mas os franceses, que possuem um grande parque nuclear e conhecem o assunto, enfrentam a concorrência dos chineses e dos russos, que já disputam o setor.
Em 2015, o Egito anunciou oficialmente que a Rússia construiria uma primeira central nuclear em El-Dabaa, em pleno deserto. O projeto, estimado de US$ 4 bilhões, deve estar operacional em 2025, ao mesmo tempo que uma central instalada pela empresa russa Rosatom na Nigéria. Moscou prepara ainda mais um projeto no Sudão.
Já do lado chinês, Pequim anunciou este mês que a China General Nuclear Power Corporation iria começar a explorar uma mina de urânio na Namíbia. Os asiáticos também assinaram um acordo com Uganda para a construção de uma usina nuclear, além de confirmarem o lançamento da primeira central nuclear do Quênia.
Além do potencial que representa a África para os promotores do nuclear, o continente possui 20% das reservas mundiais de urânio, indispensável para a produção de energia atômica. Dos 54 países africanos, 34 possuem o elemento químico em seu subsolo. As principais minas estão na África do Sul, Malawi e Namíbia. O Níger, um dos países mais pobres do planeta e que possui um dos menores índices de residências equipadas com energia elétrica, concentra em seu território a 4ª maior reserva mundial de urânio
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- 16/09/2018 - Lições Aprendidas para a Retomada do Programa Nuclear Brasileiro - Artigo de Leonam dos Santos GuimarãesFonte: Defesanet
Leonam dos Santos GuimarãesDiretor-Presidente da Eletrobrás Termonuclear S.A. – ELETRONUCLEAR, Conselheiro de Administração da World Nuclear Association (WNA) e membro do Grupo de Assessoria Permanente em Energia Nuclear do Diretor-Geral da International Atomic Energy Agency (IAEA)
Os percalços enfrentados durante a construção de novos projetos de usinas nucleares na Europa e nos EUA claramente abalaram a confiança na indústria e gerou dúvidas em líderes políticos e formadores de opinião sobre a capacidade da energia nuclear de contribuir ainda mais para reduzir as emissões de carbono da matriz energética global. Essa perda de credibilidade é injusta, uma vez que os problemas subjacentes são totalmente corrigíveis e dado que a tecnologia demonstrou ainda no século passado ser uma das opções mais rápidas e eficazes para descarbonizar a geração elétrica.
Muitos têm ponderado sobre como diminuir os custos nucleares. Uns argumentam que a comercialização de reatores avançados o mais rápido possível seria a chave, enquanto outros postulam que a construção em série de projetos padronizados e comprovados seria a solução. Ambos os argumentos têm mérito e merecem uma avaliação mais profunda, mas há coisas ainda mais fundamentais para melhorar a economia da geração nuclear, que devem ser alcançadas em ambos os casos.
Entretanto, há também lugares, especialmente na Ásia, onde os projetos de usinas nucleares estão sendo entregues no prazo e dentro do orçamento e, na verdade, um número crescente de países está iniciando programas de geração elétrica nuclear. A construção de novas usinas é uma opção inquestionavelmente competitiva em muitas partes do mundo. A questão é como criar essas condições para o sucesso em todos os lugares.
Na indústria nuclear, diz-se que, em termos econômicos, apenas dois números importam: os custos financeiros e os custos de capital. Os custos de construção de uma usina nuclear são altos em comparação com outras fontes. Portanto, grandes somas de dinheiro precisam ser garantidas antecipadamente.
Por outro lado, os custos de combustível e operação das usinas nucleares são baixos quando comparados com a maioria dos geradores termoelétricos convencionais, tornando-as ideais para geração na base da carga, constituindo investimentos muito lucrativos no longo prazo, uma vez que os custos de financiamento sejam pagos. Um terceiro número, portanto, também importa muito: o tempo necessário para construir a usina e começar a efetivamente gerar caixa. Essas noções básicas nos dão uma pista sobre o que precisa acontecer primeiro.
Redução nos custos de financiamento.
O primeiro passo para reduzir os custos de entrega da eletricidade nuclear tem pouco a ver com a tecnologia ou padronização de reatores e tudo a ver com o custo do financiamento. O custos projetados de novas usinas nucleares são fortemente afetados pela taxa de desconto[2], uma medida do retorno financeiro esperado. Os custos da energia nuclear são simplesmente dominados pelo que os proprietários esperam receber, ou precisam pagar.
Alguns responderiam a isso ressaltando que, se houvesse melhor evidência de que as usinas nucleares poderiam ser construídas dentro do prazo e do orçamento, o capital privado se tornaria mais acessível. Embora seja verdade, essa resposta não é particularmente perspicaz. Ela ignora o fato de que as usinas nucleares são projetos megainfraestruturais de importância nacional, com grandes riscos para os investidores, mas também importantes benefícios para a sociedade, tais como garantia da segurança energética, ar mais limpo, mitigação das mudanças climáticas, crescimento econômico regional e desenvolvimento sustentável.
Além disso, os próprios governos são a fonte de alguns dos maiores riscos enfrentados por esses projetos. Há muitos exemplos ao longo da história de lamentável interferência política na energia nuclear: casos de projetos cancelados em estágios avançados de construção, casos em que usinas concluídas nunca foram autorizadas a operar, casos em que usinas operacionais foram obrigadas a fechar, apesar de estarem em conformidade com os requisitos regulatórios, e casos em que impostos nucleares específicos se tornaram uma carga tão grande que influenciaram na decisão dos proprietários de descomissionar usinas prematuramente.
Nenhuma perícia em engenharia ou genialidade empreendedora pode superar a ideologia e o oportunismo político. Esse risco aumenta o custo de financiamento de projetos nucleares, já que os investidores invariavelmente consideram um prêmio adicional para assumi-lo.
Um apoio político forte, consistente e explícito aos programas nucleares é a única maneira de reduzir esses riscos. Os governos podem precisar reforçá-lo por meio de envolvimento direto, fornecendo garantias de empréstimos ou tomando parte do projeto, por exemplo. Eles também devem definir a estrutura do mercado para garantir que os fatores externos sejam internalizados e que seja propiciada estabilidade aos investimentos de longo prazo. Em um mundo que responde às realidades das mudanças climáticas, onde a demanda por eletricidade está crescendo e os países estão buscando um maior grau de segurança energética, tais intervenções são plenamente justificadas.
E quanto às instituições financeiras? Elas deveriam estar procurando financiar usinas nucleares como prioridades de governança ambiental e social. Isto vale especialmente para os bancos nacionais e internacionais de desenvolvimento, muitos dos quais, injustificadamente, se recusam a financiar projetos nucleares. O que nos leva ao segundo passo.
Redução do risco regulatório.
A energia nuclear é a tecnologia para uso civil mais regulamentada do planeta. É um pouco irônico esperar que as usinas nucleares frequentemente tenham de competir sem assistência em mercados "desregulados". Os projetos nucleares tipicamente:· requerem aprovação a nível nacional, regional e local (em alguns casos até internacional);
· levam anos de planejamento e são inviáveis de serem continuados sem um consenso político robusto;
· requerem estudos de impacto ambiental detalhados e longas consultas públicas;
· são licenciados e regulados por autoridades de segurança independentes, com o poder de parar a construção ou operação a qualquer momento, e,
· são abrangidos por tratados e acordos internacionais relativos ao comércio e transporte de materiais nucleares, segurança e responsabilidade civil, etc.Os reguladores da segurança têm contribuído para atrasos em projetos nucleares, por vezes de forma injustificada, como quando novos requisitos são introduzidos após a construção ter começado. É preciso evitar a mudança de requisitos regulatórios, para se ter alguma chance de entregar projetos com sucesso, dentro da qualidade, custos e prazos planejados.
Também há muito que pode ser feito internacionalmente em termos de harmonização de regulações, códigos e padrões. A indústria nuclear foi originalmente desenvolvida como uma série de empresas nacionais, mas os projetos têm um caráter cada vez mais internacional. O progresso na harmonização deve ajudar a reduzir a carga de licenciamento da concepção (que pode chegar a centenas de milhões de dólares), aumentar a diversidade e a qualidade da base de fornecedores e reduzir a possibilidade de erros durante a construção. Todas essas coisas devem ter impactos perceptíveis nos custos de entrega.
Ao mesmo tempo, há uma ativa discussão em muitos países sobre a adequação das atuais abordagens regulatórias e quais requisitos realmente contribuem para ganhos significativos de segurança. Esse tema deve continuar a ser aprofundado e mudanças práticas acontecerem, especialmente à medida que novas tecnologias inovadoras são trazidas à tona que podem ser injustamente prejudicadas pela estrutura existente. As evidências mostram claramente que a energia nuclear é uma das fontes de energia mais seguras[3]. Seria um desfecho ruim se a regulamentação impedisse o desenvolvimento nuclear ao invés de possibilitá-lo. A regulamentação nuclear e seus códigos e padrões estão fortemente ligados ao desempenho nuclear, o que nos leva finalmente à própria indústria, e ao terceiro passo.
Melhorar o desempenho da indústria
O terceiro passo para reduzir os custos da energia nuclear é, obviamente, que a indústria melhore seu desempenho na construção. Isso exige que todas as partes envolvidas [4], proprietários, fornecedores e contratados, aprendam as lições do gerenciamento de projetos nucleares anteriores, ao mesmo tempo em que integram tecnologias de ponta e melhores práticas. A construção de megaprojetos é, naturalmente, extraordinariamente complexa.
Essa complexidade cria muitas armadilhas, mas também, deve-se dizer, inúmeras oportunidades de otimização. A regra de ouro da construção nuclear é acertar na primeira vez. Quando um erro é cometido ou a gerência (ou reguladores) decide que o retrabalho é necessário, isso pode levar a danos triplos. Há o custo do trabalho e dos componentes originais, o custo de sua remoção e, é claro, o custo da substituição.
Se este trabalho estiver no caminho crítico do cronograma, isso levará a um atraso no comissionamento, e é aí que realmente começa a doer, na medida em que juros adicionais são acumulados aos empréstimos que agora terão que esperar mais tempo para ter a receita gerada pela operação da usina. Isso confirma a necessidade de priorizar a qualidade no gerenciamento de projetos nucleares, ao invés de selecionar produtos ou empreiteiros com preços mais baixos, já que isso provavelmente economizará tempo e custos mais tarde.
Os inaceitáveis atrasos em projetos de usinas nucleares na Finlândia, França e EUA foram agravados pelo fato de que eles eramfirst-of-a-kind(FOAK) e os países não construíram reatores por décadas, perdendo competência, como resultado. Infelizmente, o termo FOAK acaba se aplicando funcionalmente a projetos nucleares mesmo quando a mesma tecnologia é construída em diferentes países devido à limitada internacionalização anteriormente mencionada.
Vale a pena notar que quase nenhum dos problemas encontrados nesses projetos pode ser atribuído ao projeto básico do reator (uma ressalva é que a construção não deve começar até que um projeto detalhado seja desenvolvido). A escolha da tecnologia não parece ser a fonte do problema. No entanto, a própria tecnologia oferece a solução.
Afinal, nada permanece o mesmo para sempre e esta é a era da evolução tecnológica acelerada. Inovações como a digitalização e a impressão 3D estão transformando a maneira como a indústria faz e monta as coisas. As capacidades de fabricação das cadeias de suprimentos encontradas nos países nucleares mais avançados são um salto quântico em relação aos dias pioneiros. Novas técnicas introduzidas em um país podem ser transferidas para outros, se a indústria local estiver disposta a aprender e os reguladores estiverem dispostos a aceitar a mudança.
O caminho crítico
As chaves para reduzir os custos dos projetos nucleares são: facilitar o acesso a financiamento barato, reduzir as barreiras regulatórias e melhorar o desempenho da indústria na construção. Comprometer-se de todo o coração com a realização de projetos avançados o mais rápido possível ou com a construção em série de uma frota de reatores padronizados é uma preocupação que se segue aos fatores acima e não os substitui.
Ironicamente, são os defensores das energias renováveis que muitas vezes parecem se opor mais energicamente à energia nuclear por causa dos "custos”. É irônico porque há dez anos você poderia ter dito a mesma coisa sobre a energia solar ou eólica, mas isso era motivo para um programa consistente de apoio do governo com a intenção de reduzir o preço dessas tecnologias, não abandoná-las. Este programa de apoio foi inquestionavelmente justificado, uma vez que as energias renováveis oferecem benefícios distintos e o seu potencial de crescimento é promissor. O mesmo vale para a energia nuclear.
Melhorar o desempenho da construção de usinas nucleares e, em decorrência, sua atratividade econômica, exige que os países não desistam no primeiro tropeço. A indústria pode aprender fazendo, mas isso claramente não é possível se os programas são descontinuados e a expertise desapareça. O compromisso político é essencial.
É possível construir usinas nucleares rapidamente. Em 1996, a unidade 6 de Kashiwasaki Kariwa[5]foi conectada à rede elétrica após apenas três anos, estabelecendo a referência para o desempenho da construção nuclear. O que fundamentalmente impede que isso seja alcançado novamente? Se os períodos de construção de cinco, quatro ou até três anos se tornassem a norma da indústria, certamente ninguém poderia descartara prioria energia nuclear como sendo muito demorada ou muito cara para contribuir significativamente na luta contra a mudança climática.
[1] Leonam dos Santos Guimarães é Diretor-Presidente da Eletrobrás Termonuclear S.A. – ELETRONUCLEAR, Conselheiro de Administração da World Nuclear Association (WNA) e membro do Grupo de Assessoria Permanente em Energia Nuclear do Diretor-Geral da International Atomic Energy Agency (IAEA)
[2] OECD, Projected Costs of Generating Electricity, 2015 Edition(Custos Projetados da Geração de Eletricidade, Tabela 3.11, considerando 85% do fator de capacidade), disponível emhttps://www.oecd-nea.org/ndd/pubs/2015/7057-proj-costs-electricity-2015.pdf[3] OECD/NEA, Comparing Nuclear Accident Risks with Those from Other Energy Sources, disponível em https://www.oecd-nea.org/ndd/reports/2010/nea6861-comparing-risks.pdf[4] Guimarães, L.S., Agentes Envolvidos na Construção de uma Usina Nuclear, março de 2018, disponível em http://www.aben.com.br/noticias/agentes-envolvidos-na-construcao-de-uma-usina-nuclear[5]WNA, Kashiwazaki Kariwa 6, Japan, disponível em http://www.world-nuclear.org/reactor/default.aspx/KASHIWAZAKI KARIWA-6
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- 14/09/2018 - A pequena 'Chernobyl' do Brasil ainda mostra rastro da radiaçãoJá se passaram 31 anos desde o acidente radiológico de Goiânia – maior acidente radioativo da história do Brasil e maior do mundo ocorrido fora de usinas nucleares. A Sputnik Mundo conta a história da tragédia que até hoje está marcada na vida de centenas de brasileiros.
Já se passaram 31 anos desde o acidente radiológico de Goiânia – maior acidente radioativo da história do Brasil e maior do mundo ocorrido fora de usinas nucleares. A Sputnik Mundo conta a história da tragédia que até hoje está marcada na vida de centenas de brasileiros.
Fonte: Site Sputnik
Em 1974, o Instituto Goiano de Radioterapia (IGR), privado e localizado no Centro de Goiânia, adquiriu uma bomba de césio-137. Onze anos depois, a instituição mudou de localização, abandonando o equipamento de teleterapia no interior das antigas instalações, que posteriormente foram demolidas sobrando apenas algumas salas em ruínas — e em uma delas se encontrava o aparelho.Com o abandono, Roberto dos Santos Alves e Wagner Mota Pereira entraram na propriedade ilegalmente no dia 13 de setembro de 1987, levando consigo o aparelho radioativo.
No mesmo dia, os homens começaram a vomitar, achando se tratar de uma intoxicação alimentar, mas não deixaram de tentar abrir o aparelho.
Pereira, além de estar vomitando, começou a sentir náuseas e diarreia. Mas o mais visível era uma queimadura em uma de suas mãos. No dia 15, ele foi ao médico, que o aconselhou descansar em casa.
Alves foi quem liberou a cápsula da cabeça giratória, e no seguinte conseguiu perfurar a janela feita de irídio, que permitia a passagem da radiação para o exterior.
"Abriram e depois cada um foi para sua casa, onde se sentiram mal. Como Wagner estava e precisando comprar remédios, resolveu vender a peça a Devair Ferreira", relatou à Sputnik Mundo a presidente da Associação das Vítimas do Césio 137, Sueli Lina Moraes.
No dia 18 de setembro, os dois decidiram vender a cápsula, mesmo fascinados com o achado. Como se tratava de metal, os dois resolveram oferecer ao dono de um ferro-velho, Devair Ferreira, que considerou a peça valiosíssima, levando para casa, onde a expôs inconscientemente ao ambiente quase 20 gramas de cloreto de césio-137 (CsCl), muito parecido com sal de cozinha, mas que emite um brilho azulado na escuridão.
A substância estava fascinando todos os conhecidos e familiares de Devair, que distribuía com os mais próximos. Sua mulher — Maria Gabriela, por exemplo, começou a perder cabelo, a ter uma hemorragia interna e a sofrer de confusão mental. O irmão de Devair, Ivo Ferreira, levou um pouco da substância para sua filha, Leide das Neves, que não só tocou como ingeriu partículas do césio.
Devair vendeu o material a outro ferro-velho no dia 25 de setembro. Vale destacar que foi Maria Gabriela quem notou que alguma coisa estranha estava acontecendo, pois todos ao redor estavam adoecendo simultaneamente. Ela decidiu pegar a substância de volta para levá-la a um hospital local, onde foi confirmado por um físico se tratar de radiação.
No mesmo dia, 23 de outubro, morreram Leide e Maria Gabriela, que foram enterradas em covas vedadas com cimento. Por sua vez, Devair passou por tratamento no Rio de Janeiro, e morreu sete anos depois.
O caso ganhou repercussão nacional, fazendo com o que o governo tomasse medidas extraordinárias para limpar a zona contaminada. Em alguns locais, a camada superior do solo foi removida, e nos prédios onde a sustância entrou em contato foram confiscados e analisados todos os móveis minuciosamente.
A descontaminação foi complicada já que o material ativo era solúvel em água. A limpeza produziu várias toneladas de resíduos radioativos, que representaram durante décadas perigo ao meio ambiente.
Umas 112 mil pessoas foram examinadas no Estádio Olímpico de Goiânia. Dentre elas, 249 pessoas foram identificadas com altos índices de radiação — 120 tinham radiação na vestimenta e outras 129 haviam sido contaminadas.
"Hoje em dia, a maioria das pessoas sofre de hipertensão e diabetes. Além disso, há outras pessoas com outros problemas de saúde. Nem todos dividem esta informação, mas sabemos que muitas pessoas sofrem de dolências", explicou Sueli Lina Moraes.
Segundo explicou Moraes, o acidente fez com que o governo criasse o Centro de Atenção aos Afetados pela Radiação, que, atualmente, divide os pacientes em três grupos.
No primeiro grupo entram as pessoas com dose superior a 20 REM no corpo (em 2017 havia 94 pessoas neste grupo). Já os pacientes que apresentam taxas inferiores a 20 REM entram no segundo grupo (88 pessoas). No terceiro grupo estão todos que trabalhavam e viviam na zona contaminada, ou seja, 959 pessoas.
"O governo brasileiro ajudou as vítimas do acidente pagando pensões e dando assistência médica. Só que foi aparecendo o terceiro grupo, das pessoas que foram trabalhar com as vítimas, ou seja, os moradores, as enfermeiras e os médicos — todos se contaminaram", indicou Moraes.
Depois de três décadas, ainda dá para ver os efeitos da catástrofe.
"Há uma incerteza, pois não sabemos o que vai acontecer com os pacientes e conosco. Depois de 31 anos, agora estão surgindo consequências, com muitas pessoas do terceiro grupo sofrendo de câncer, que foram aqueles que não receberam assistência na época", concluiu Moraes.
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- 13/09/2018 - Presidente da CNEN e Diretor do IPEN visitam a FundacentroParceria entre as instituições deve acontecer até o final do ano
Parceria entre as instituições deve acontecer até o final do ano
Fonte: Site Fundacentro
Por ACS/ Alexandra Rinaldi
O Presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Paulo Roberto Pertusi e o Diretor Superintendente do IPEN, Wilson Aparecido Parejo Calvo visitaram, pela primeira vez, o Centro Técnico Nacional da Fundacentro, em São Paulo, na manhã de quinta (13).Recepcionados pelo Presidente Substituto e Diretor Técnico da Fundacentro, Robson Spinelli Gomes, pelo Diretor de Administração e Finanças, Ricardo Felix; Allan David Soares, Diretor Executivo Substituto; Benedito Silva Guimarães, Chefe da Auditoria Interna e Ricardo Cardoso da Silva, Procurador-Chefe, os dirigentes de ambas as instituições assistiram ao filme institucional na Presidência, seguindo posteriormente, por visita técnica nas coordenações técnicas da entidade.
O primeiro setor a ser visitado foi a biblioteca Eduardo Gabriel Saad, onde a coordenadora, Erika Alves dos Santos explanou sobre o download de publicações, atendimento a demandas nacionais e internacionais, bem como sobre os mais de 100 mil títulos disponíveis para consulta do público.
Posteriormente, os dirigentes do CNEN e IPEN visitaram a Galeria dos Presidentes, na entrada do auditório, momento em que Spinelli destacou os diferentes momentos da história da instituição.
A primeira coordenação técnica a receber os dirigentes foi a Coordenação de Higiene do Trabalho. Walter Pedreira, chefe, apresentou os laboratórios de Química Orgânica, Química Inorgânica, Laboratório de Difratometria de Raios X, Serviço de Instrumentação, Laboratório de Microscopia e Laboratório de Gravimetria, responsáveis por diferentes análises de particulados no ambiente de trabalho, como também pelo monitoramento de trabalhadores à exposição ocupacional aos agentes de riscos físicos e químicos presentes nos ambientes laborais.
Durante a visita no Serviço de Instrumentação foi apresentado o Geiger Muller, primeiro equipamento adquirido pela Fundacentro para medir níveis de radiação ionizante e fabricado no IPEN. Para Paulo Pertusi, ao conhecer a estrutura da Fundacentro, bem como os equipamentos disponíveis, observou que de maneira geral, os órgãos públicos são muito bem equipados, mas que precisam ser melhor aproveitados em seu pleno potencial.
Seguindo a visita, os dirigentes passaram pelo Serviço de Informática, subordinado à Diretoria de Administração e Finanças. Recepcionados por Diego Ricardi dos Anjos e Norisvaldo Ferraz Junior, os visitantes receberam informações sobre o monitoramento de acessos de usuários em São Paulo e nos demais estados onde a Fundacentro está presente, o monitoramento remoto por gráficos dos laboratórios da instituição, utilização do aplicativo SST Fácil, como também do software IBUTG.
Na Coordenação de Segurança nos Processos de Trabalho, o chefe, José Damásio de Aquino, explanou sobre como são feitos os ensaios de respiradores e técnicas de ensaio de equipamentos de proteção individual de forma geral.
Unidas pela parceria
Spinelli lembra da cooperação técnica da Fundacentro durante a década de 90 com liberação de recursos para aquisição de instrumentação e equipamentos naquela época para o Centro Regional de Ciências Nuclerares CRCN/CNEN.
A Fundacentro e o IPEN não estão ligadas somente pela carreira de ciência e tecnologia e pela cultura de pesquisa, mas pelo longo histórico de parceria. Entram para a história, ações de formação de profissionais da Fundacentro formados pelo IPEN, pela atuação em conjunto em bancas de mestrado e doutorado de ambas instituições.
Agora a intenção de Spinelli, Presidente em Exercício, é ampliar esta parceria também com o a CNEN, promovendo melhor interação entre as três entidades de pesquisa para que juntas possam desenvolver ações de intercâmbio técnico-científico com vistas a estabelecer ações de prevenção de adoecimentos e acidentes ocupacionais. Para isso, será firmado um Protocolo de Intenções entre as instituições.
Para Pertusi que recebeu o convite de forma positiva, a CNEN já vem realizando reuniões mensais com as demais unidades de pesquisa para integrar o universo de instituições da área nuclear. "É importante para a CNEN se abrir para outras instituições no sentido de ampliar as ações técnicas em áreas de conhecimento correlatas”, até porque a CNEN sempre foi muito fechada em razão de sua atuação na área nuclear. Vejo um campo muito grande de interação entre a Fundacentro e a CNEN”, destacou.
Os visitantes receberam no final da visita, o livro "As doenças dos trabalhadores” de Bernardino Ramazzini, "Fundacentro – Meio século de Segurança e Saúde no Trabalho” e outras publicações técnicas.
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- 13/09/2018 - Custo alto impede o uso no Brasil da radioterapia com prótons contra câncerTrata-se de um tratamento muito caro e ainda sem previsão de disponibilidade no país
Trata-se de um tratamento muito caro e ainda sem previsão de disponibilidade no país
Fonte: Folha de S. Paulo
Apesar de existir há décadas, a tecnologia de radioterapia mais avançada até hoje, a protonterapia, cobre menos de 1% dos pacientes com câncer no mundo. Trata-se de um tratamento muito caro — e ainda sem previsão de disponibilidade no Brasil.A protonterapia tem esse nome porque usa exclusivamente feixes de prótons para atingir massas tumorais. Assim como na radioterapia convencional, que trabalha com raio-X, com elétrons e com raios gama, dependendo do protocolo do tratamento, a radiação de prótons danifica o DNA das células tumorais — o que causa morte celular.
A diferença é que, na protonterapia, os prótons perdem menos energia no caminho que percorrem pelo corpo até o tumor, preservando melhor os tecidos saudáveis ao redor da região doente. Os prótons colidem na massa tumoral. Isso significa que eles não chegam a atravessar a área doente.
A maior experiência envolve pacientes pediátricos com tumores cerebrais. Nesse caso, os doentes tratados com protonterapia podem ter menos problemas cognitivos e de perda de memória na vida adulta, porque áreas saudáveis do cérebro são preservadas, segundo a explicação de Márcio Fagundes, diretor do Instituto de Câncer de Miami do Hospital Batista de Saúde do Sul da Flórida.
O especialista trabalha desde 2011 exclusivamente com essa técnica, e já passou por três centros de protonterapia nos EUA.
O próton tem massa maior do que o elétron, que é usado na radioterapia convencional. É como se fosse um carro muito pesado que freia repentinamente ao encontrar um obstáculo —e, nesse momento, dissipa muita energia na "balançada” final da freada.
Essa comparação é do físico Don Lincoln, do Fermilab, laboratório de física de partículas de alta energia do Departamento de Energia dos Estados Unidos, em vídeo de divulgação científica sobre a técnica.
No tratamento, os prótons são acelerados em uma máquina hospitalar que costuma ter cerca de 200 toneladas — o dobro do peso e do tamanho de um equipamento de radioterapia convencional. Depois, são lançados em feixes precisos a dois terços da velocidade da luz.
Esse tipo de máquina já tem registro no Brasil pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desde 2017, mas não está disponível nos hospitais. Isso porque ainda não existe um centro específico de prótons no país no sistema público ou privado de saúde — e não há expectativa de construção desse equipamento nos próximos anos.
O problema é que o procedimento é caro, os equipamentos são igualmente custosos e a equipe envolvida precisa de treinamento específico.
Um tratamento inicial para tumor infantil com protonterapia nos EUA, que é referência mundial na área, sai, na cotação do dólar atual, por cerca de R$ 80 mil iniciais. Pode chegar a uma média de R$ 400 mil de acordo com estimativa de Fagundes, diretor do Instituto de Câncer de Miami.
Há, hoje, cerca de 30 centros específicos em tratamentos com prótons nos EUA e 20 em países como Alemanha e Holanda. Porque são raros, diz Fagundes, menos de 1% dos pacientes de câncer no mundo recebem tratamento de protonterapia.
A indicação é especial para tumores cerebrais pediátricos, mas há outras aplicações. Um exemplo é o tumor de mama esquerda cujo tratamento de radioterapia convencial, dependendo da localização do problema, pode causar danos ao coração.
"A expectativa é de que cerca de 20% dos pacientes com tumor poderiam ter vantagens na utilização de prótons”, diz Fagundes.
A radioterapia tradicional, vale frisar, funciona bem para a maioria dos casos, pondera Bernardo Garicochea, oncologista do Sírio-Libanês. "Por isso, tratamentos mais caros e mais complexos como da protonterapia não se disseminaram muito no Brasil.”
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- 13/09/2018 - Usinas nucleares na rota do furacão Florence nos EUA reacendem fantasma da explosão de FukushimaFlorence deve chegar ao continente nesta quinta-feira, 13. Mais de um milhão de pessoas tiveram que deixar suas casas.
Florence deve chegar ao continente nesta quinta-feira, 13. Mais de um milhão de pessoas tiveram que deixar suas casas.
Fonte: Site G1 de notícias
Além da evacuação de 1,7 milhão de pessoas em três estados, americanos correm contra o tempo para garantir a segurança de reatores nucleares que serão atingidos pelo furacão Florence, que deve chegar ao continente nesta quinta-feira.Rebaixado nesta quarta-feira para categoria três, com ventos de até 195 km, o furacão ainda é descrito como "extremamente perigoso" e "catastrófico". Segundo o Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA, mais de 10 milhões de moradores da Carolina do Norte, da Carolina do Sul e da Virgínia estão sob observação ou aviso de tempestade.
Não bastassem os impactos naturais previstos para quando chegarem ao chegarem ao continente, os ventos e tempestades também levantam preocupação sobre a integridade das 16 usinas de energia nuclear que existem nos três estados - 12 delas nas Carolinas do Sul e do Norte, onde os efeitos do furacão devem ser mais dramáticos.
Em 2011, no Japão, a usina nuclear de Fukushima explodiu após um tsunami seguido por um terremoto, deixando milhares de mortos, feridos e desabrigados. Enquanto países europeus anunciavam planos para o fechamento definitivo de suas plantas nucleares após a tragédia, os EUA defenderam o modelo e o presidente Donald Trump, há três meses, deu ordens a seus auxiliares para reverterem o fechamento de usinas nucleares pouco lucrativas com novos incentivos.
A lembrança japonesa desperta preocupação entre moradores das regiões atingidas, que temem o vazamento de bacias de substâncias tóxicas (como a que transbordou após chuvas torrenciais na cidade mineira de Mariana, em 2015) e danos aos reatores nucleares.
Além das usinas nucleares, outras 9 siderúrgicas, 9 áreas de armazenamento de lixo tóxico e depósitos de restos da produção de carvão, segundo a imprensa americana, estão próximas a área que deve ser tomada pelo furacão Florence, trazendo riscos novas tragédias no esteio da passagem do furacão.
Dona de seis das usinas nucleares da região - duas delas próximas a rota prevista -, a Duke Energy diz ter criado uma megaoperação emergencial e afirma ter deslocado 20 mil funcionários para atuarem durante e depois do furacão.
A estimativa da empresa é que entre 1 e 3 milhões de clientes ficarão sem energia após esta "tempestade de magnitude que vai além da vista em muitos anos".
Reatores desligados
À BBC News Brasil, Catherine Butler, porta voz da Duke Energy, disse a empresa tem funcionários treinados para atuação em tragédias naturais e obedece às regras determinadas pela Comissão de Regulação Nuclear (NRC - Nuclear Regulatory Commission, na sigla em inglês) do governo americano em caso de furacões.
A reportagem pergunta sobre medidas se segurança em relação aos reatores nucleares.
"A recomendação é que o reator seja desligado pelos menos duas horas antes dos ventos chegarem à planta e acontece quando a velocidade média do furacão está entre 113 e 121 km/h", disse Butler.
"Mas ainda é impossível prever a antecedência com que desligaremos porque isso depende do caminho que o furacão tomar, da intensidade e outros fatores."
Ainda segundo a porta-voz, "duas das nossas usinas estão mais próximas da área atingida: Brunswick e Shearon Harris".
Elas têm capacidade, respectivamente, de 1870 e 932 megawatts - para efeito de comparação, um megawatt alimenta em torno de mil casas nos EUA.
Segundo Butler, todos os materiais que possam ser levados pelos vendavais e torrentes estão sendo retirados das usinas, comida e água estão sendo estocados para os funcionários que continuarão trabalhando durante o furacão e inspeções regulares estão sendo realizadas junto a autoridades americanas.
"Nossas usinas foram desenhadas para suportar furacões e contam com as tecnologias mais complexas dos Estados Unidos", disse a executiva por telefone à BBC News Brasil.
Ainda assim, a empresa, que atende a 4 milhões de clientes nas duas Carolinas, afirma que, dada a magnitude das tempestades, a recuperação dos serviços pode levar semanas, em vez de dias, como previsto inicialmente.
Mais próxima entre as usinas na rota do furacão, Brunswick chama atenção por ter equipamentos semelhantes os da usina japonesa de Fukushima.
Fukushima
Em 2011, após um desastre natural, três reatores nucleares derreteram e liberaram material radioativo, gerando o segundo maior acidente nuclear da história (depois de Chernobyl).
O episódio levou autoridades americanas a reforçarem as regras de segurança nas 99 usinas nucleares espalhadas pelo país.
Apesar da criação de novos mecanismos de contenção de danos em emergências e desastres naturais, os EUA se mantiveram como os principais produtores de energia nuclear do planeta e defendem o uso da matriz energética.
O gesto vai na contra-mão de países como a Suiça, que depois da tragédia japonesa anunciou o encerramento de atividades nucleares até 2034 e a Alemanha, que foi mais longe e fechou 8 reatores logo após a explosão de Fukushima, além de prometer fechar todos os seus reatores nucleares nos até 2022.
Nesta quarta, a Comissão de Regulação Nuclear disse que enviou mais inspetores para as usinas e criou um centro de respostas a acidentes para apoio em tempo real durante a tempestade.
"Nós estamos preparados e nossos protocolos de inspeção são muito sérios", disse a porta-voz da Duke Energy à BBC News Brasil.
Segundo a empresa, os dois reatores de Brunswick têm capacidade de suportar ventos com velocidade superior a 250 km/h e foram projetados a 6 metros acima do nível do mar para garantir que não serão afetados pelas inundações.
'Um soco de Mike Tyson'
Além das Carolinas do Sul e do Norte e da Virginia, a Georgia declarou estado de emergência nesta quarta-feira. Mais ao norte, a capital dos Estados Unidos, Washington, também recorreu ao estado de emergência no início da semana.
À BBC News em Washington, um técnico do Serviço Nacional de Meteorologia disse que "esta provavelmente será uma tempestade de uma vida inteira para partes da costa da Carolina".
"Não posso enfatizar o suficiente sobre o potencial de danos inacreditáveis causados por vento, tempestade e inundações com esta tempestade", continuou.
Jeff Byard, da Agência Federal de Gerenciamento de Emergências, definiu o furacão como "um soco de Mike Tyson na costa da Carolina".
Analistas estimam prejuízos de mais de US$ 170 bilhões e danos em 759.000 casas e prédios comerciais.
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- 10/09/2018 - A sombra das revistas predatórias no BrasilEstudo mostra quantos pesquisadores do país publicam em periódicos com práticas suspeitas
Estudo mostra quantos pesquisadores do país publicam em periódicos com práticas suspeitas
Fonte: Revista FAPESPUm estudo feito por pesquisadores da Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) analisou a penetração na comunidade científica do país das chamadas revistas predatórias, periódicos internacionais de acesso aberto que adotam critérios frouxos para selecionar papers, bastando que os autores paguem para vê-los publicados. Em um artigo divulgado em julho na revista Scientometrics, o grupo compilou a produção científica entre 2000 e 2015 dos brasileiros com título de doutor cadastrados na plataforma de currículos Lattes – o total foi de 2,3 milhões de publicações de 102.969 pesquisadores. Com base nessas informações, foram rastreados os artigos difundidos em periódicos suspeitos.
Um dado alentador é que tais revistas seduzem uma fração pequena de autores brasileiros – entre 0,26% e 0,49% do total de artigos publicados, dependendo dos critérios adotados. O grupo da UFRGS selecionou três parâmetros para identificar periódicos com práticas controversas. Um deles foi a menção ao título da revista em uma listagem de mais de 1,5 mil publicações suspeitas, produzida entre 2010 e 2017 pelo biblioteconomista norte-americano Jeffrey Beall, da Universidade do Colorado. Apenas 0,49% dos artigos estavam em revistas inseridas nesse índice. Tal critério, contudo, é polêmico – o próprio Beall, um crítico do acesso aberto, aboliu a lista depois de ser ameaçado com processos por editoras que se sentiam injustiçadas.
Para prevenir vieses, os pesquisadores adotaram cuidados extras. Primeiro, combinaram dois parâmetros diferentes: não bastava o periódico fazer parte da lista de Beall, mas também era necessário que estivesse ausente do Diretório de Revistas de Acesso Aberto (Doaj), que exige de seus afiliados a adoção de normas básicas de qualidade, como a existência de revisão por pares dos manuscritos. Analisando esses dois critérios, o percentual de artigos brasileiros divulgados em revistas possivelmente predatórias caiu para 0,44% do total. Por fim, associou-se um terceiro critério, que é a inexistência de avaliação do impacto da publicação por meio de indicadores de citações como o Journal Citation Reports, vinculado à base Web of Science, ou do Scientific Journal Rankings, do grupo espanhol Scimago – quanto mais precário é o periódico, menor costuma ser a chance de ser citado. As publicações que se encaixavam nas três características representaram 0,26% do total.
Embora a penetração das revistas predatórias seja restrita, o estudo apontou motivos de preocupação. Um deles é que vem crescendo o número de autores brasileiros que recorrem a esses periódicos. "Entre 2010 e 2015, triplicou o número de artigos de brasileiros em revistas listadas por Jeffrey Beall”, diz o engenheiro Denis Borenstein, especialista em pesquisa operacional aplicada, um dos autores do estudo. O dado mais delicado, porém, é que várias revistas apontadas como predatórias estavam presentes no sistema Qualis Periódicos, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que classifica cerca de 30 mil publicações para avaliar a produção científica dos programas de pós-graduação do Brasil. "Em todas as áreas do conhecimento, havia revistas recomendadas pelo Qualis que se encaixam nos três critérios adotados por nós para identificar práticas predatórias. Nenhuma delas têm conceito elevado, mas o fato de valerem algo na avaliação estimula pesquisadores a submeterem artigos a elas”, explica Borenstein.
Avaliação quadrienal
A classificação do Qualis Periódicos é atualizada anualmente por comitês de especialistas de 49 áreas que são responsáveis pela avaliação quadrienal dos programas de pós-graduação brasileiros. Talita Moreira de Oliveira, coordenadora-geral de atividades de apoio à pós-graduação da Capes, explica que os membros desses comitês fazem um esforço contínuo para identificar publicações predatórias e eliminam várias delas a cada ano, mas, com a entrada constante de novos periódicos, o trabalho nunca termina. "Quando uma revista não é indexada em bases internacionais, tentamos avaliar de outras maneiras se ela tem qualidade. As comissões de áreas tiveram acesso e reavaliaram algumas revistas no Qualis entre 2013 e 2016 com base em algumas listas de possíveis veículos predatórios, mas não existe uma lista fechada”, afirma. Segundo ela, o fato de revistas suspeitas eventualmente escaparem do crivo dos comitês não significa que resultaram em uma avaliação vantajosa para quem publicou nelas."A classificação do Qualis que tem valor é aquela do ano em que a avaliação quadrienal é feita e a mais recente foi em 2016. Já aconteceu, por exemplo, na área de zootecnia, de programas de pós-graduação terem a nota rebaixada porque tinham muitas publicações em revistas apontadas como predatórias – mas isso só foi descoberto nos momentos finais da avaliação e os artigos foram desconsiderados”, diz.
Segundo os autores, das cinco revistas suspeitas mais utilizadas por brasileiros, três são de agronomia: o American Journal of Plant Sciences, o International Journal of Food, Agriculture and Environment e o Agricultural Sciences. Também há um periódico de química, o American Journal of Analytical Chemistry, e outro de economia, o Journal of Academy of Business and Economics.
O interesse do grupo da UFRGS pelo tema surgiu há cerca de cinco anos. "Chamou minha atenção o interesse de pesquisadores que conheço por publicar em uma revista chamada African Journal of Business Management, que havia sido incluída no Journal Citation Reports, embora com fator de impacto baixo. Fui pesquisar e descobri que havia denúncias de práticas predatórias. Avisei os colegas e mandei uma carta à Capes comunicando o achado”, afirma Borenstein. A revista, que não está mais indexada em bases internacionais, é editada pela empresa nigeriana Academic Journals. Uma parceria com outro pesquisador da UFRGS, o especialista em métodos quantitativos Marcelo Perlin, permitiu coletar dados da plataforma Lattes e analisá-los.
O estudo fez outras constatações. Não se confirmou a ideia de que pesquisadores jovens e inexperientes são o público principal desses periódicos. Observou-se que, quanto mais antigo era o título de doutor, maior era a probabilidade de o autor publicar em títulos suspeitos. "A má conduta está associada a pesquisadores experientes, que possivelmente têm conhecimento das práticas levianas, mas acham que podem se beneficiar delas.”
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- 10/09/2018 - Abdan leva propostas do setor nuclear aos presidenciáveis com medidas que podem criar milhares de empregosFonte: PetronotíciasO Brasil já está vivendo o clima das eleições de outubro. O setor empresarial, por sua vez, se movimenta para levar seus pleitos aos presidenciáveis. No caso da indústria nuclear, a Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), que reúne as principais companhias desse segmento, elaborou uma série de propostas para os candidatos ao Palácio do Planalto. As medidas incluem a conclusão de Angra 3, a construção de quatro novas usinas e a criação de um programa de Estado para o setor. Essas ideias não beneficiariam apenas o mercado nuclear, mas trariam também ganhos para todo o Brasil. "Cada usina dessa gera, no pico, até 9 mil empregos diretos. Olhando para a cadeia indireta, e multiplicando por aquele fator consagrado de 3,6, estamos falando de 36 mil empregos diretos e cerca de 140 mil indiretos. E isso apenas na área de geração”, afirmou o presidente da Abdan, Celso Cunha. Além disso, a construção de novas centrais também vai ajudar na redução dos custos na energia elétrica. "Imagine que coloquemos Angra 3 e mais quatro usinas em operação, podemos ter um impacto (desconto) de 7,5% no preço da tarifa média, o que é muita coisa”, acrescentou.
Qual o objetivo da Abdan ao apresentar essas propostas aos presidenciáveis?
A nossa intenção é mostrar como as empresas estão enxergando o setor nuclear brasileiro, principalmente a parte de geração. Queremos apresentar, aos candidatos à Presidência, como isto pode afetar na criação e geração de empregos. Até porque, em nossa proposta, as usinas serão construídas com recursos de empresas [privadas], associadas à Eletronuclear. Mas, para isso, é preciso que o governo avance com a questão de Angra 3, enquanto que a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) preveja novas usinas no Plano Nacional de Energia (PNE 2050).
O senhor poderia detalhar os benefícios que o setor nuclear pode gerar para o país?
Só para se ter uma ideia, para cada usina, estamos falando de US$ 9 bilhões. Este é o custo de cada uma delas. Então, é plenamente factível que as empresas estejam interessadas em participar destas construções. E, o mais importante, a um preço de venda de energia de cerca de R$ 400 MW/h, que é muito inferior ao que temos de usinas térmicas. Isso é uma questão muito importante, porque podemos ter uma redução na tarifa de até 1,5% para cada usina dessa que entrar na rede. Imagine que coloquemos Angra 3 e mais quatro usinas em operação, podemos ter um impacto de 7,5% no preço da tarifa média, o que é muita coisa.
E em termos de geração de empregos? Quais serão os impactos positivos caso as propostas sejam colocadas em prática?
Cada usina dessa gera, no pico, até 9 mil empregos diretos. Olhando para a cadeia indireta, e multiplicando por aquele fator consagrado de 3,6, estamos falando de 36 mil empregos diretos e cerca de 140 mil indiretos. E isso apenas na área de geração.Como consequência do aumento de usinas, a INB (Indústrias Nucleares do Brasil) teria que completar todo o ciclo de produção e aumentar seu parque para suprir isso. Nossas minas de urânio estão paradas e precisariam passar a produzir novamente. Dessa forma, estamos falando de 200 mil a 300 mil empregos indiretos e diretos. Isso é um impacto grande. Consideramos muito importante esse fato, especialmente porque o Brasil vive uma crise hídrica. Temos limitações colocadas pela preocupação ambiental. Então, a Abdan considera essa proposta como sendo conservadora e que é factível para o próximo Presidente da República dê partida nisso.
Apesar de todas as dificuldades, é plenamente possível a construção das quatro novas usinas propostas?
É plenamente possível. Com isso, podemos dar estabilidade ao sistema, com espaço para todas as fontes de energia. Há espaço para todo mundo na matriz energética. A nuclear traria muita credibilidade ao nosso sistema elétrico, porque tem um fator de capacidade de 90% – ou seja, durante 90% do tempo ela está gerando. No caso da energia solar, esse fator é de 20%. Mas, claro, nem por isso que a solar deixa de ser atrativa. Mas ela sozinha não resolve o problema do Brasil. Precisamos de energia de base.
Outra proposta da Abdan é a criação de um programa de Estado para o setor nuclear. Por que considera isso importante neste momento?
O setor nuclear passou por muitos anos sendo desarticulado. E precisamos enxergar este segmento como uma questão estratégica do país. Ele precisa ser um programa de Estado e não de um governo apenas. Um programa dessa natureza perpassa governantes. No caso da usina de Angra 3, precisaríamos de 55 meses para começar a gerar energia elétrica. Um período de 55 meses ultrapassa o mandato de um presidente. Outra questão importante é que o segmento precisa ser reestruturado.
De que forma?
Nós precisamos separar a questão da regulamentação e fiscalização da área de pesquisa e produção. São coisas totalmente distintas. É regra básica de qualquer administração: quem projeta não executa e quem executa não fiscaliza. Não podemos ter tudo dentro de uma instituição apenas. Está na hora de separar essa questão como um todo. Não podemos esquecer também do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). Ele é um projeto que vai levar cerca de 4 anos para estar plenamente operacional. Hoje, temos um volume de procedimentos [médicos] sendo executados que é cinco vezes menor que o da Argentina – que, por sua vez, tem uma população cinco vezes menor que a do Brasil. O nosso país não atende a população na área de medicina nuclear. É importante lembrar que esse atendimento de saúde está concentrado no Sudeste e do Sul do país. É importante levar a todos os centros de distribuição [esses medicamentos]. Veja o arraste em volume de empregos que vão ser gerados, desde técnicos até os médicos. Por isso, os nossos governantes devem governar para o país e enxergar além de seus mandatos. Por isso que, nesse momento, nos colocamos à disposição de levar essas propostas aos candidatos e que essas ideias façam parte de seus programas de governo.
E como está o interesse das empresas privadas em participar de projetos no setor nuclear?
O mais importante é que a iniciativa privada está disposta a colocar recursos. Neste momento, onde o país precisa de dinheiro para tudo, não adianta ter propostas para áreas onde não há recursos. Com as propostas da Abdan, estamos apresentando um caminho com recursos. Acho que nós, como uma associação que busca o desenvolvimento das atividades nucleares, precisamos nos manifestar e proporcionar informações aos candidatos.
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- 05/09/2018 - Japão confirma pela primeira vez morte de trabalhador de Fukushima por radiaçãoHomem de 50 anos desenvolveu câncer de pulmão depois de participar do trabalho de emergência na usina em 2011. Colapso de reatores provocado por inundação após tsunami causou pior desastre nuclear do mundo desde Chernobyl.
Homem de 50 anos desenvolveu câncer de pulmão depois de participar do trabalho de emergência na usina em 2011. Colapso de reatores provocado por inundação após tsunami causou pior desastre nuclear do mundo desde Chernobyl.
Fonte: G1O Japão anunciou pela primeira vez que um trabalhador da usina nuclear de Fukushima morreu após ser exposto à radiação, informou a mídia japonesa.
O homem de 50 anos desenvolveu câncer de pulmão depois de participar no trabalho de emergência na usina, entre março e dezembro de 2011, após o devastador tsunami.
O governo japonês pagou indenização em quatro casos anteriores em que os trabalhadores contraíram câncer após o desastre, de acordo com a agência de notícias Jiji.
No entanto, esta é a primeira vez que o governo reconhece uma morte relacionada à exposição à radiação na usina, informou o jornal Mainichi.
O jornal acrescentou que o homem trabalhou principalmente na usina nuclear número 1 de Fukushima e em outras centrais nucleares no país até 2015.
Após o desastre, ele foi encarregado de medir a radiação na usina e, embora tenha usado uma máscara facial completa e um traje de proteção, desenvolveu câncer de pulmão em fevereiro de 2016.
O tsunami de março de 2011, desencadeado por um enorme terremoto submarino, matou cerca de 18 mil pessoas e inundou a usina nuclear de Fukushima, provocando o colapso de seus reatores e levando ao pior desastre nuclear do mundo desde Chernobyl.