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- 15/11/2023 - A economia do hidrogênio e a tecnologia nuclear, por Marcelo Linardi (I parte)Fonte: Blog Tania Malheiros
"Nos últimos anos a discussão sobre as possibilidades de utilização da energia do hidrogênio como base energética tem se intensificado. Essa discussão foi acelerada, recentemente, por acontecimentos como: a invasão da Ucrânia pela Rússia, colocando entraves ao comércio de gás natural na Europa e, não menos importante, a aceleração das mudanças climáticas, refletida em eventos do clima extremos por todo o planeta, causando muita destruição, mortes e prejuízos incalculáveis à humanidade.O vetor energético hidrogênio representa uma ótima possibilidade como substituto, setorialmente, para os combustíveis fósseis, no Brasil e no mundo, em que pese o fato de a nossa matriz elétrica já ser em torno de 85% renovável, segundo o próprio Presidente Lula, em discurso recente na Assembleia Geral da ONU. Nenhuma dessas informações é novidade, fato que nos conduz ao objetivo deste artigo.
Especialistas alegam que a opção renovável não importa ao Brasil neste momento, ou ainda que a introdução de carros elétricos não resolveria o problema das emissões nocivas ao meio ambiente ou tampouco que se trata de uma energia limpa, devido à mineração maciça de seus insumos. Pondera-se ainda, que o hidrogênio é inviável economicamente - e também energeticamente – sendo apenas um sonho a desejada Economia do Hidrogênio.
Todas essas afirmações são, no mínimo, apressadas ou mesmo superficiais. Portanto, temos por objetivos tecer algumas considerações sobre esses assuntos, sem esgotá-los, definir alguns termos e, por fim, listar algumas possíveis contribuições que a tecnologia nuclear pode fornecer neste desenvolvimento tão crucial neste momento da humanidade.
Visando, então, a definição do conceito de Economia do Hidrogênio recorre-se ao desenvolvimento tecnológico ao longo da história. A humanidade passou por vários períodos de utilização de diferentes fontes primárias de energia. Podemos citar, por exemplo, a madeira como a primeira fonte primária de energia utilizada pelo homem. Segue-se a este período a era do carvão que, associada a desenvolvimentos tecnológicos, possibilitou a revolução industrial.
Denomina-se então a Economia do Carvão para este período da história, onde grande parte da energia que alimentava a economia provinha do carvão. Seguiu-se, posteriormente, a Economia do Petróleo/Gás Natural, que é a que vivemos hoje. É interessante notar que houve uma descarbonização progressiva das fontes primárias de energia.
Décadas atrás sonhou-se com uma Economia Nuclear, que por motivos diversos (como: a não-aceitação pública, após os acidentes de Chernobyl e Fukushima, além de questões de não-proliferação de armas nucleares) não aconteceu.
Portanto, define-se a Economia do Hidrogênio como sendo a economia, cuja fonte energética principal (mais de 90%), que move essa economia, num certo período da humanidade, provenha do vetor energético hidrogênio, que por sua vez, pode ser obtido de diversas fontes primárias de energia, preferencialmente, de origem renovável, em detrimento à de origem fóssil.
Outra observação interessante se faz necessária e diz respeito à geografia. Todos os recursos naturais de fontes de energias primárias estavam ou estão localizados em determinadas regiões do planeta, beneficiando, naturalmente, os países destas regiões. Este fato gerou e gera conflitos político-econômicos e até guerras.
Por outro lado, a obtenção do gás hidrogênio tem um caráter bastante flexível, sendo este fato uma de suas características mais interessantes. Ele pode ser obtido a partir de energia elétrica (via eletrólise da água), pelas fontes: hidroelétricas, geotérmicas, eólica e solar fotovoltaica, todas geológicas, ou também da eletricidade de usinas nucleares. Também pode ser obtido da energia da biomassa (via reforma catalítica ou gaseificação, seguido de purificação), como: etanol, lixo, rejeitos da agricultura, por exemplo.
A fonte de hidrogênio mais viável economicamente é, entretanto, o gás natural. Seguramente, o gás natural fará, como fonte principal de hidrogênio, uma transição, uma ponte, entre o hidrogênio não renovável e o renovável, também conhecido como hidrogênio verde, ou ainda, de baixo carbono. Essa transição é bem-vinda, pois suaviza a transição tecnológica e já traz benefícios em termos de eficiência energética, se compararmos à simples queima do gás metano.
A rota do etanol como insumo renovável para a obtenção de hidrogênio é particularmente importante ao Brasil. Talvez o único país que pode explorar esta linha de produção, no mundo, em grande escala, devido às suas características, aliás as mesmas que geraram o sucesso do Proálcool, após o desenvolvimento dos carros Flex. Esta flexibilidade em relação à sua obtenção permite que cada país escolha sua melhor maneira de produzir o hidrogênio, segundo suas próprias disponibilidades.
Em uma plena economia do hidrogênio, as emissões poluidoras seriam insignificantes; a eficiência de conversão energética químico/elétrica seria pelo menos o dobro da atual e os conflitos geopolíticos, de origem energética, poderiam ser atenuados (fato inédito na humanidade).
Alguns pontos críticos para o desenvolvimento da Economia do Hidrogênio podem ser citados. O hidrogênio é um vetor energético, ou seja, não está disponível na natureza, precisando ser obtido de uma fonte primária que o contenha, elevando obviamente, o seu custo. Este fato tende a ser minimizado com a produção em grande escala.
Outro ponto crítico seria a segurança em seu manuseio, armazenamento e transporte. Entretanto, a tecnologia pode equacionar este aspecto, como ocorreu com outros tipos de combustíveis no passado. Há também uma necessária mudança de paradigma na indústria, onde toda forma de produção de energia e de meios de transporte têm de ser modificada. O sistema atual de geração centralizada de energia elétrica para um sistema híbrido, incluindo a geração distribuída tem que ser considerado também, envolvendo toda a necessária regulamentação de sistemas de segurança e confiabilidade (vide recente apagão elétrico nacional).
A degradação do meio ambiente é a grande força motriz para a implementação da Economia do Hidrogênio, cujas consequências, como o aquecimento global, são insustentáveis a médio e longo prazos. Neste ponto, um paralelo faz-se útil. A maturidade tecnológica nos tempos iniciais da invenção do automóvel a gasolina pode ser comparada nos dias atuais ao binômio célula a combustível/hidrogênio. Não havia infraestrutura para a rolagem dos automóveis, que tinham, por sua vez, preços proibitivos. A gasolina não era nem abundante nem barata e, tampouco, se encontrava "em cada esquina”. Muitos a temiam, devido à sua inflamabilidade.
Pois bem, aproximadamente cem anos depois, o automóvel tornou-se accessível, existem estradas para sua rolagem e pode-se abastecê-lo em qualquer lugar (sem medo), ou seja, aprendemos a lidar com o combustível e com a produção em massa. Com o crescimento do mercado, os preços caíram. Esta mesma curva de aprendizado pode ser pensada e aplicada à nova Economia.
A seguinte reflexão é de suma relevância para planejamentos de políticas energéticas nacionais. Como o hidrogênio poderá ser obtido de diversas maneiras, qualquer país ou região do planeta poderá obtê-lo. Neste caso, com a introdução da Economia do Hidrogênio, ter-se-ia, pela primeira vez na história da humanidade, uma democratização das fontes primárias de energia, o que seguramente gerará mais progresso e menos tensões políticas.
Associado a estas ações está o desenvolvimento intensivo da tecnologia de células a combustível, visando sempre à redução de custos para aplicações diversas. As metas de custos a serem atingidas variam para cada classe de aplicações: gerações estacionárias de energia elétrica, aplicações portáteis e eletrotração ou transporte em geral. Salienta-se aqui apenas o caráter econômico da tecnologia e não os ambientais, que podem, num futuro próximo, ser tão importantes na nossa sociedade como o financeiro.
Concluindo esta seção, os obstáculos à introdução da chamada Economia do Hidrogênio não configuram dificuldades intransponíveis, ao contrário, apontam um elenco de oportunidades para o surgimento no país de novas empresas de bens e serviços, como demonstrado pelas tecnologias emergente do setor. Este energético (o hidrogênio) pode, em médio prazo, dependendo de políticas, de seu desenvolvimento tecnológico e da abertura de novos mercados, desempenhar um papel importante no cenário mundial de energia.
Quem pretende entender as prováveis e promissoras mudanças no cenário energético futuro, que incluirão, na matriz energética mundial, parcelas crescentes de renováveis e, neste filão, a energia proveniente do hidrogênio, deve conhecer o seu conversor por excelência, a célula a combustível. Estas são os dispositivos mais apropriados para a utilização do hidrogênio como vetor energético.
As tecnologias do binômio hidrogênio/células têm-se desenvolvido bastante nos últimos anos, encontrando aplicações diversas como geradores de energia para meios de transporte (eletrotração para automóveis, caminhões e outros veículos, bem como trens, barcos e outros), para unidades estacionárias (edifícios, condomínios, hospitais, repartições públicas, bancos, torres de comunicação, etc.) e para fins portáteis (laptops, celulares, dispositivos militares, etc.).
Os grandes diferenciais são o baixo (ou nenhum) impacto ambiental e a alta eficiência. Embora a tecnologia de células a combustível não esteja ainda completamente madura e estabelecida (custos, durabilidade), verifica-se que a sua implementação no mercado já começou. Entretanto, é crescente o desenvolvimento da área de novos materiais para equacionar os desafios finais dessa tecnologia.
Resumindo, o hidrogênio já está em fase de implantação e testes em diversos setores energéticos, pavimentando uma possível futura Economia do Hidrogênio, como no setores automotivo, marítimo, da aviação, de fertilizantes (amônia a partir de hidrogênio verde), siderurgia verde, mineração verde (que pode ser a resposta para a obtenção de insumos para baterias e células a combustível), cimento verde, combustíveis híbridos, entre outros.
Enfatizando, mais uma vez para finalizar, os obstáculos à introdução da chamada Economia do Hidrogênio não se configuram como dificuldades intransponíveis. O Brasil já possui o seu roteiro para a Economia do Hidrogênio e um programa nacional de pesquisa e desenvolvimento para esta tecnologia. Um indício da abrangência e seriedade do assunto foi a realização de um evento recente pala ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) em São Paulo. Com a participação de 150 profissionais, o encontro teve o título de "Inteligência, meio ambiente e mudanças climáticas: transição energética – desafios e oportunidades para o país” da qual participamos, entre vários especialistas no assunto. Portanto, o tema é sério, estratégico e merece grande respeito e consideração".
Perfil
MARCELO LINARDI - Pesquisador Emérito do IPEN, no Centro de Células a Combustível e Hidrogênio; graduado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Campinas (1983), com mestrado em Ciências Nucleares pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (1987), doutorado em Engenharia Química - Universitat Karlsruhe (1992) e Pós-Doc pela Universidade de Darmstadt, Alemanha em 1998; autor de vários livros, entre eles, "O IPEN e a Economia do Hidrogênio”, Editora SENAI, 288p, São Paulo, 2022. Exemplares podem ser solicitados, gratuitamente, em superintendente@ipen.br
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- 14/11/2023 - Centro de Pesquisa é inaugurado no Campus São João da Boa VistaInaugurado no dia 9, o Centro de Pesquisa e Inovação em Materiais e Estruturas reúne pesquisadores de várias instituições
Inaugurado no dia 9, o Centro de Pesquisa e Inovação em Materiais e Estruturas reúne pesquisadores de várias instituições
Fonte: Instituto Federal de São Paulo
Na última quinta-feira (09), foi inaugurado, no Campus São João da Boa Vista, o Centro de Pesquisa e Inovação em Materiais de Estruturas (Cepimate). Além dos pesquisadores do IFSP, campi Itapetininga, Guarulhos e São Paulo, participaram também pesquisadores do campus São João da Boa Vista da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).
O Cepimate tem foco na realização de projetos de pesquisa, inovação e desenvolvimento tecnológico, promovendo o desenvolvimento local e regional, além do uso eficiente de recursos humanos e tecnológicos. Estiveram presentes na inauguração, o diretor de pesquisa do IFSP, Thiago Donadon, representando o reitor, Silmario dos Santos; o diretor-adjunto educacional do Campus São João da Boa Vista, Márcio Roberto Martins, na ocasião representando o diretor-geral do campus, Diego Cesar Valente e Silva; o chefe do departamento de Engenharia Aeronáutica do Campus São João da Boa Vista da Unesp, Denilson Paulo Souza dos Santos, além do atual coordenador do Cepimate, Emerson dos Reis.
De acordo com Emerson, o Cepimate tem como ponto forte o compartilhamento não só de conhecimento entre os pesquisadores, mas também de recursos humanos e infraestrutura entre as instituições envolvidas. Já o diretor de Pesquisa do IFSP ressalta a importância da articulação com diferentes atores da pesquisa e inovação e da presença do Centro na região: "O Cepimate une um grupo interessante de pesquisadores tanto do IFSP quanto de outras instituições, como a Unesp e Ipen, permitindo o desenvolvimento científico e tecnológico de toda a região, uma vez que o arranjo produtivo local e regional pode ser ainda beneficiado pelos serviços prestados ou desenvolvidos no Centro”.
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- 13/11/2023 - Brasileiros testam pele de tilápia como tratamento para queimadura e em cirurgias de mudança de sexoFonte: BBC News Brasil
André Biernath
Da BBC News Brasil em Londres
Twitter,@andre_biernathDe um lado, um produto abundante, que era praticamente jogado no lixo em sua totalidade. Do outro, uma área da Medicina com recursos insuficientes e em busca de novas soluções.
Basicamente esse era o cenário quando dois pesquisadores brasileiros se encontraram durante um evento realizado na cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul, em 2014.
O cirurgião plástico Marcelo Borges, de Pernambuco, veio com a ideia inicial de usar a pele de tilápia em glicerol (um líquido conservante) como um curativo para tratar queimaduras.
Em terras gaúchas, ele conversou com o também cirurgião plástico Edmar Maciel, do Ceará, que conseguiu financiamento para iniciar as investigações sobre o novo candidato a recurso terapêutico.
Passados nove anos, o projeto gerou quatro produtos diferentes, que são testados em diferentes áreas da saúde humana e animal — de queimaduras a cirurgias de redesignação sexual — com o envolvimento de centenas de pesquisadores no Brasil e em outras partes do mundo.
A iniciativa, aliás, ganhou repercussão internacional — e foi retratada em seriados como Grey’s Anatomy, The Good Doctor, The Resident e One Piece.
Mas como tantos trabalhos acadêmicos diferentes com um mesmo material evoluíram nessa década? E quais são as perspectivas de que a pele de tilápia se transforme numa solução disponível em clínicas e hospitais?
Necessidades e oportunidades
Edmar Maciel conta que o Brasil possui apenas quatro bancos de pele humana — todos eles localizados no Sul e no Sudeste.
Esse material é fundamental para o tratamento de queimaduras mais graves. Ele é usado como enxerto e ajuda a preencher as partes superficiais do corpo que foram afetadas pelo fogo.
"Mas a captação de peles é quase insuficiente no país, principalmente pela falta de uma cultura do nosso povo de fazer a doação desse tecido”, diz ele.
Para completar, o Brasil não utiliza a pele porcina (vinda de porcos) para esse tipo de tratamento, como ocorre em partes da Europa e dos Estados Unidos.
Diante de uma necessidade não atendida, os especialistas viram uma possibilidade: por que não estudar a pele de tilápia para este fim?
"Esse é um peixe criado em grande quantidade no Brasil e no mundo, com a segunda maior produção, atrás apenas das carpas. Além disso, ele possui um ciclo reprodutivo rápido, aguenta temperaturas que variam entre 12 e 38 ºC em cativeiro e demora cerca de seis meses para ter entre 800 gramas e 1 kg”, resume o médico.
Para ter ideia, o anuário de 2022 da Associação Brasileira da Piscicultura aponta que a tilápia já representa 63,5% (ou 486,2 mil toneladas) da produção brasileira de pescados, e a tendência é que esse número suba para 80% até o final da década.
"Nós já sabíamos também que os animais aquáticos trazem um risco menor de transmissão de doenças zoonóticas em comparação com as espécies terrestres.”
Há ainda um último detalhe que torna a pele de tilápia um potencial alvo de estudos. Cerca de 99% desse material não tinha qualquer aplicação comercial e era descartado pelos produtores durante o processamento dos filés.
"O uso evita a contaminação do meio ambiente e ainda gera uma cadeia produtiva e de empregos”, destaca Maciel.
Avaliações iniciais
Com financiamento garantido, Borges e Maciel concordaram em concentrar as pesquisas na Universidade Federal do Ceará.
Lá, as primeiras investigações desvendaram as propriedades moleculares da pele de tilápia e testaram como ela funcionaria em animais de laboratório.
"Nas primeiras etapas, nossa equipe detectou que esse material trazia o colágeno tipo 1, que é muito importante no processo de cicatrização”, detalha Maciel.
Em ratos, os pesquisadores puderam observar que a pele de tilápia tinha uma série de vantagens no tratamento das queimaduras.
"Ela adere na ferida e não permite a contaminação a partir do meio externo, evita a perda de líquidos ou proteínas e reduz a necessidade de trocar o curativo todos os dias”, lista o cirurgião plástico.
Nas palavras do médico, os resultados obtidos nessas primeiras pesquisas foram satisfatórios.
"Infelizmente, essa necessidade de trocar os curativos diariamente é algo que acontece na rede pública brasileira, em que o tratamento das queimaduras depende da aplicação de cremes ou pomadas.”
Com o passar do tempo, os testes passaram a envolver seres humanos. A pele de tilápia foi usada inicialmente em queimaduras simples e mais superficiais, mas logo acabou também aplicada em ferimentos mais graves e profundos, que exigem internação.
Esses trabalhos se concentraram principalmente no Instituto Dr. José Frota, um hospital público de Fortaleza.
A pele de tilápia liofilizada não precisa de refrigeração e tem validade superior a dois anos (Foto: arquivo pessoal)
Um novo produto
O final de 2017 marca o início de uma nova etapa nas investigações sobre a pele de tilápia no Ceará, com a saída voluntária de Marcelo Borges do grupo e a chegada dos pesquisadores Carlos Paier e Felipe Rocha.
Após os primeiros estudos, os cientistas perceberam uma grande barreira para o uso amplificado do material.
"Nosso primeiro produto, a pele de tilápia em glicerol, precisa ficar a uma temperatura de 2 a 4 ºC. Para realizar o transporte dela, é necessário usar uma caixa especial, com gelo seco e termômetro. Toda essa logística eleva o custo”, detalha Maciel.
Para resolver essas questões, os especialistas desenvolveram a pele de tilápia liofilizada. Em resumo, o material é desidratado, esterilizado e embalado a vácuo.
Esse processo de esterilização utiliza substâncias radioativas e acontece no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo.
Importante dizer que essa radiação é inócua e não causa nenhum problema de saúde no paciente — ela serve apenas para eliminar micro-organismos potencialmente perigosos que estavam localizados na pele do pescado.
"A vantagem é que essa pele não precisa ser refrigerada, pode ficar na prateleira em temperatura ambiente, e tem uma validade de dois anos e meio”, pontua o médico.
Novas fronteiras terapêuticas"Ou seja, ela possui os mesmos objetivos e aplicações da pele de tilápia em glicerol, só que com um custo 90% menor no transporte para outros locais”, calcula ele.
A partir de 2018, a pele de tilápia liofilizada virou o carro-chefe do time de investigadores. O produto passou a ser testado não apenas no tratamento de queimaduras, mas em uma série de outras áreas da saúde.
Um desses testes se concentra na ginecologia: no Ceará, algumas pacientes com a Síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser, que nascem sem a vagina (e outras estruturas sexuais/reprodutivas), foram recrutadas para um estudo. O objetivo era construir esse órgão por meio de uma cirurgia que tem a pele de tilápia como um dos componentes principais.
Já alguns trabalhos realizados na Universidade de São Paulo (USP) e na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) focaram nas mulheres que sofrem um encurtamento na vagina, seja por causa de um câncer ou pelo efeito da radiação no aparelho reprodutor feminino.
Por fim, um especialista de Cali, na Colômbia, avaliou a pele de tilápia em cerca de 160 pacientes que passaram pela cirurgia de redesignação sexual — em que há a alteração dos órgãos sexuais masculinos para os femininos.
Nesses três casos, a pele de tilápia é colocada no molde que, durante e após o procedimento operatório, vai garantir o formato da nova vagina.
"O colágeno do material fica em contato com essa nova área e é totalmente transferido para o organismo. Desse modo, se forma um epitélio vaginal, com uma cicatrização espontânea”, detalha Maciel.
Ou seja: nesses casos, as fibras de colágeno da pele de tilápia são transferidas para o leito da vagina, ajudando na formação adequada dessa estrutura.
Crianças e animais
No mundo da pediatria, a pele de tilápia virou objeto de estudos que avaliam o material em crianças que nascem com alterações nos dedos das mãos.
Alguns desses indivíduos possuem os dedos colados — e, após a cirurgia para separá-los, esse produto foi avaliado como um curativo que acelera a cicatrização e facilita a aceitação de um posterior enxerto de pele humana.
Maciel também destaca que, nos últimos anos, a pele de tilápia foi utilizada para tratar animais feridos em incêndios florestais que ocorreram no Pantanal, em Uberaba (MG), na Califórnia (EUA) e no Líbano.
Ainda no meio veterinário, há um terceiro produto feito a partir da pele de tilápia que passou a ser testado mais recentemente.
"Falamos aqui da matriz dérmica. Nós pegamos a pele de tilápia e tiramos a parte de cima, que é o epitélio onde estão as escamas”, explica Maciel.
"O que sobra funciona como um andaime, um arcabouço, feito de colágeno puro. Esse produto é para ser usado internamente no organismo”, complementa ele.
A tal matriz dérmica feita a partir da pele de tilápia está sendo avaliada em cirurgias de hérnia abdominal (quando um pedacinho dos órgãos digestivos escapa pela camada de tecidos protetores que recobre a área) e até em operações no sistema nervoso e nos olhos.
"Hoje, são mais de 430 cachorros operados de úlcera de córnea com o uso da matriz dérmica. Ano que vem, devemos começar os estudos em seres humanos”, projeta o cirurgião plástico.
Por fim, a equipe ainda avalia um quarto produto: o colágeno extraído da pele de tilápia na forma de pomadas, cremes, sprays e suplementos alimentares. Uma possível aplicação aqui seria na área de estética.
O futuro
Vale lembrar que todas essas pesquisas estão em fase experimental. Isso significa que a pele de tilápia é aplicada como um candidato a tratamento, mas não está aprovada ainda para uso clínico pelas agências regulatórias.
Maciel diz que há planos para ampliar o acesso ao produto num futuro próximo.
A pele de tilápia em glicerol já possui patente no Brasil e nos Estados Unidos. A equipe também já registrou os demais produtos (a pele liofilizada, a matriz dérmica e a extração de colágeno) e aguarda uma resposta dos órgãos responsáveis.
"A Universidade Federal do Ceará poderá fazer uma chamada pública e lançar um edital para que empresas interessadas possam licenciar o produto”, informa o médico.
A empresa escolhida, por sua vez, terá o trabalho de buscar a aprovação regulatória (no caso do Brasil, o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para que o produto possa ser comercializado para determinados fins terapêuticos — como o tratamento das queimaduras, por exemplo.
Segundo Maciel, é possível que alguns dos produtos com um volume maior de pesquisas sejam submetidos a esse processo de licenciamento a partir do início do ano que vem.
Para o médico, a tendência é que o material seja muito utilizado na saúde pública.
"A pele de tilápia vem para somar e complementar o trabalho que é feito nos bancos de pele já instalados no país, que têm uma produção pequena por causa dos problemas de captação dos tecidos”, diz ele.
"A ideia é que tudo seja adquirido pelo Ministério da Saúde e distribuído nos centros de queimados e nos hospitais, para que a população mais carente tenha acesso. Estima-se que 97% dos pacientes que se queimam não têm plano de saúde.”
Questionado sobre como vê toda a repercussão do trabalho iniciado há nove anos — inclusive em séries ficcionais produzidas no exterior — Maciel confessa que não esperava tanto.
"Jamais imaginávamos chegar onde estamos hoje. Nosso sonho inicial virou realidade com 36 artigos científicos publicados, 24 prêmios e muita repercussão na mídia”, calcula ele.
"E a satisfação é muito maior diante do fato de que este virou um trabalho de 337 pessoas, número que aumenta a cada semana com a inclusão de novos projetos de pesquisa”, conclui o médico.
Cobra recebendo um curativo de pele de tilápia (Foto: arquivo pessoal)
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- 13/11/2023 - Preservação de acervos culturais e interesse pela ciência nuclear são temas de apresentações na programação 67 anos CNENFonte: CNEN
Casos desafiadores da contemporaneidade no uso da radiação ionizante para preservar acervos culturais foram tema de palestra no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, na tarde da última sexta-feira, 10 de novembro, como parte das comemorações pelos 67 anos da CNEN. Na sequência, outro tema de apresentação foi o Museu do Conhecimento Nuclear, iniciativa para promover a ciência e a tecnologia nucleares e mostrar sua importância para a sociedade em diversas áreas: da geração nucleoelétrica à saúde, passando pela indústria, meio ambiente, agricultura, entre outros setores.
Na abertura das atividades, Fábio Scarano, diretor de Sustentabilidade do Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), Organização Social que administra o Museu do Amanhã, destacou a abertura do espaço para as discussões, enfatizou que o museu se propõe a criar diálogos sobre desejos e vontades, desenvolve esforços no sentido de manter a imaginação e, ainda, como é importante o trabalho voltado para energia desenvolvido pela CNEN. "A ciência trabalha para um amanhã melhor. Também aproveito para parabenizar a instituição pelo seu aniversário”, afirmou.
O presidente da CNEN, Francisco Rondinelli Jr., por sua vez, enfatizou o quanto a instituição é grata "pela abertura desta parceria de futuro com a ciência, com a tecnologia nuclear e com a construção de futuro”, referindo-se ao espaço disponibilizado para as apresentações, seguidas de perguntas abertas ao público, e a forma como a instituição foi bem recebida pela equipe do Museu do Amanhã, tendo a programação sendo realizada no espaço Observatório do Amanhã.
Tecnologia nuclear que promove a arte
Os raios gama se tornaram de grande importância para a preservação de acervos culturais e sua utilização já consolidada no país demonstra que a ciência nuclear está mais próxima dos cidadãos do que se pode imaginar. A irradiação de obras de arte e objetos histórico-culturais com uso dos raios gama se tornou uma alternativa poderosa como primeira etapa de tratamento no processo de restauro.
As restauradoras Vivian Freire e Fernanda Cascardo, da empresa Conservare, trouxeram casos peculiares de obras que passaram pelo processo de irradiação. "Não sei se vocês têm ideia da dimensão de quanto este trabalho é importante para a arte”, disse Fernanda.
O desenvolvimento de recursos e aplicações específicas para eliminar infestações por microorganismos gera produção de conhecimento científico, resultados de destaque do país no cenário mundial, publicações e inúmeros trabalhos científicos, profissionais formados e cada vez maiores desafios. Na disseminação da tecnologia, Pablo Vasquez, do Centro de Tecnologia das Radiações do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN), afirma que o maior desafio foi convencer restauradores e conservadores da efetividade da técnica.
Desde então, foram mais de 50 mil itens preservados com esta tecnologia, a partir da parceria com o instituto, unidade técnico-científica da CNEN em São Paulo, que desenvolve trabalho representativo no país, formando pesquisadores em níveis de mestrado e doutorado. Segundo ele, além do aspecto do pioneirismo, os trabalhos de alto nível atingem diretamente o usuário final.
Na Europa, entre outros países, França, Holanda, Itália, Romênia, Croácia utilizam a tecnologia amplamente. No Brasil, a instalação utilizada para o processo de irradiação é o Irradiador Multipropósito de Cobalto-60, desenvolvido com tecnologia inteiramente nacional e situado no IPEN/CNEN. O apoio da Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA) tem sido importante para a divulgação da tecnologia.
Há materiais diversos combinados na mesma obra e, em cada caso, é desenvolvido todo um estudo para o restauro. É preciso entender os processos, materiais utilizados e os tipos de contaminação por micro-organismos. A obras são irradiadas diretamente em caixas, de acordo com o tempo recomendado. Os materiais não ficam radioativos – dúvida que sempre aparece quanto o assunto é apresentado – e há uma série de vantagens do ponto de vista da utilização. Após adequada higienização, as obras podem retornar de forma saudável para o ambiente de exposição.
Museu do Conhecimento Nuclear
As múltiplas possibilidades de divulgação científica, de promoção da ciência, do conhecimento e de valorização do patrimônio científico e tecnológico da área nuclear foram aspectos de destaque na palestra de Antônio Carlos de Abreu Mol, tecnologista do Instituto de Engenharia Nuclear (IEN/CNEN). A apresentação teve como título Museu do Conhecimento Nuclear: promovendo o interesse pela ciência nuclear e sua relação com a sociedade.
O projeto do Museu, virtualizado, pretende despertar o interesse pela ciência, promovendo reflexão e olhar crítico e aproximação da população com a ciência nuclear. Para isso, diversos trabalhos estão sendo desenvolvidos: simuladores em realidade virtual; visitas virtuais, como por exemplo ao reator nuclear de pesquisas Argonauta e ao ciclotron, ambos no IEN/CNEN; jogos e vídeos.
Segundo Mol, para realizar tantas possibilidades de trabalhos, a equipe do Museu do Conhecimento Nuclear também pretende ter um acervo físico e itinerante e compor exposições em diversos espaços. Há três núcleos de trabalho do grupo: educação, desenvolvimento tecnológico e museologia, este último incorporado há cinco meses. Está sendo criada uma plataforma on-line do Museu e sobre a qual ele antecipou algumas novidades, como a Cidade da Ciência, um ambiente imersivo virtual, onde será possível acessar uma videoteca, biblioteca e diversos outros ambientes da cidade.
"É um projeto que nasceu a partir da preocupação com a educação como um todo e da experiência com o desenvolvimento tecnológico para a área de divulgação científica; fruto de um trabalho de mais de 15 anos, voltado ao público jovem e expandido a diversos públicos, como espaço de produção de conhecimento, tecnologia e inovação, com imensas possibilidades”, descreveu Mol. Há bolsistas e alunos envolvidos, compondo a equipe. "Queremos chegar na capacitação de professores da rede pública e temos portas abertas para isso; estou muito motivado”.
Ao finalizar a programação comemorativa, o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da CNEN, Wilson Calvo, afirmou o quanto toda a direção da CNEN está orgulhosa com relação ao trabalho que vem sendo desenvolvido e aos projetos em curso. Agradeceu aos anfitriões da programação que encerrou a data comemorativa da autarquia, a todos os servidores e anunciou que haverá novidades para a Conferência de Ciência e Tecnologia, que será realizada em junho de 2024, em Brasília.
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- 13/11/2023 - CNEN comemora aniversário de 67 anos com programação científico-culturalFonte: CNEN
Uma série de atividades fez parte da programação do aniversário de 67 anos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), autarquia vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), nesta sexta-feira, 10 de novembro de 2023. A agenda alusiva à data festiva foi dividida em dois momentos. Pela manhã, os eventos se concentraram na sede da CNEN, no bairro de Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro. À tarde, o palco das celebrações foi o Museu do Amanhã, localizado na Praça Mauá, centro da capital fluminense.
Estavam presentes gestores da CNEN, como seu presidente, Francisco Rondinelli Júnior, os diretores de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD), Wilson Calvo, de Gestão Institucional (DGI), Pedro Maffia, e de Radioproteção e Segurança Nuclear (DRS), Alessandro Facure. Também marcaram presença diretores das unidades técnico-científicas. Ainda prestigiaram o evento deputados federais carioca e representantes da Marinha, da Amazul, da Agência Brasileiro-Argentina e Controle de Materiais Nucleares (ABACC), da COPPE/UFRJ, do Governo do Estado do Rio de Janeiro, da Eletronuclear, além do subsecretário de Unidades de Pesquisa e Organizações Sociais do MCTI, César Augusto Rodrigues do Carmo e dirigentes das Unidades de Pesquisa: CBPF, CETEM, INT, ON.
Um dos momentos mais importantes da cerimônia culminou com a entrega do Diploma de Reconhecimento ao servidor com maior tempo de serviço na CNEN, Cleber Santos Leite, atual chefe do Serviço Financeiro, e que trabalha na instituição há 50 anos. Além dele, três colaboradores também foram agraciados com a honraria – Erlian Martins Matias, da Manutenção, Nilceia Lázaro e Bruna Oliveira, de Serviços Gerais, sendo os três amplamente aplaudidos pela plateia presente no auditório.
Na ocasião, o presidente da CNEN listou o nome dos servidores mais antigos em atuação no Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), no Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste (CRCN-CO), no Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste (CRCN-NE), nos distrito de Angra dos Reis, de Caetité, e de Fortaleza; nos escritórios de Brasília e de Resende; no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), no Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD) e do Laboratório de Poços de Caldas (LAPOC). Ainda foram relacionados os servidores mais novos da CNEN e do IRD.
Visão de futuro
Demonstrando a sua preocupação com o futuro da área, a CNEN apresentou também duas iniciativas voltadas para os próximos anos. Uma delas trata-se do lançamento do Prêmio CNEN de Melhor Tese, Melhor Dissertação e Destaque IC. Anunciada pelo diretor da DPD, Wilson Calvo, a premiação será destinada para trabalhos de pesquisa na área nuclear, com foco nos programas de pós-graduação da CNEN. A outra é a proposta da Agenda Nuclear, apresentada pelo presidente da CNEN, Francisco Rondinelli Júnior. Baseado em sete pontos, o documento é projetado para o decênio 2025-2035.
São considerados pontos fundamentais para esse período alavancar todo o Ciclo do Combustível Nuclear, a conclusão da Usina Nuclear de Angra 3 e a avaliação dos reatores SMR, impulsionar a exploração dos minérios nucleares, ampliar o acesso da população aos benefícios das aplicações nucleares e a implantação do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN) e do Centro Tecnológico Nuclear e Ambiental (CENTENA).
Atividade cultural
Duas palestras integram a agenda da tarde. No Museu do Amanhã, o público pôde conferir a explanação "Ionização Gama na preservação de acervos culturais”, das restauradoras Fernanda Perroni Cascardo Furtado e Vivian D. Freire, da Conservação e Restauração de Obras de Arte (Conservare). A segunda palestra. "Museu do Conhecimento Nuclear: Promovendo o interesse pela ciência nuclear e sua relação com a sociedade”, foi ministrada pelo pesquisador do Instituto de Engenharia Nuclear (IEN/CNEN).
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- 13/11/2023 - USP abre inscrição de programa para startups de tecnologiaIncubadora da universidade vai selecionar 20 empresas de inovação; formulário está aberto até 16 de dezembro.
Incubadora da universidade vai selecionar 20 empresas de inovação; formulário está aberto até 16 de dezembro.
Site: Poder 360A USP (Universidade de São Paulo) e o Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) abriram vagas de inscrições para um programa que visa a desenvolver deeptechs (startups que utilizam tecnologia de alto nível). O cadastro pode ser realizado até 15 de dezembro neste link. Serão convocadas 20 empresas de inovação.A iniciativa Incubadora de São Paulo tem 6 áreas prioritárias para a seleção: medicina e saúde, biotecnologia, eletroeletrônicos, química, meio ambiente e tecnologia da informação. Entretanto, a USP afirma que outros campos de atuação também podem ser escolhidos.A banca examinadora utilizará os seguintes critérios para escolher os candidatos: grau de inovação, perfil empreendedor, potencial de mercado, risco tecnológico e impacto. O resultado será divulgado em março.Não é necessário ter CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas) para fazer a inscrição. É necessário somente preencher o formulário.Leia abaixo alguns serviços que serão oferecidos para as companhias pelo projeto:- diagnóstico personalizado;
- mentorias;
- capacitações;
- acesso a eventos exclusivos;
- rede parceira que inclui o Sebrae, núcleo de inovação tecnológica no Hospital das Clínicas, Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores) e outros institutos da USP.
As atividades do programa são realizadas de forma híbrida (on-line e presencial). Há divisão em 3 ciclos: descoberta, negócios e aceleração. "Isso permite que os empreendedores recebam suporte adequado de acordo com a maturidade de seus negócios e tecnologias”, diz o comunicado de divulgação do programa enviado à imprensa. Eis a íntegra (PDF – 62 kB)."O formato foi pensado com o objetivo de entregar um valor específico para diferentes momentos da jornada empreendedora, considerando tanto a maturidade do negócio como da tecnologia”, disse Felipe Maruyama, diretor de Operações do Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia), entidade gestora do ambiente.A universidade diz que o programa já abriga 84 startups, a maioria (70%) é ligada às áreas de Ciências da Vida e Tecnologias Verdes. A iniciativa já atendeu 1.000 startups em 25 anos. -
- 12/11/2023 - Fantástico mostra o trabalho de engenheiros e técnicos brasileiros na construção do 1º submarino movido a energia nuclearFantástico também deu uma volta no "Riachuelo", o primeiro dessa nova geração de submarinos que representam um salto tecnológico pra indústria brasileira.
Fantástico também deu uma volta no "Riachuelo", o primeiro dessa nova geração de submarinos que representam um salto tecnológico pra indústria brasileira.
Fonte: G1
O Brasil está a caminho de ter o seu próprio submarino de propulsão nuclear -- com reator 100% nacional. Isso quer dizer que a autonomia é muito maior - não precisa subir à superfície para recarregar bateria, por exemplo.
Enquanto ele não fica pronto, o Fantástico deu uma volta no "Riachuelo", o primeiro dessa nova geração de submarinos que representam um salto tecnológico pra indústria brasileira. Em Aramar, o Fantástico também acompanhou todo o processo de enriquecimento de urânio, o combustível do submarino.
A construção de um submarino
Nada é trivial na construção de um submarino. O projeto envolve pesquisadores de mais de 20 universidades, profissionais de 700 empresas e milhares de trabalhadores.
Equipes se revezam na construção do"Tonelero"e do"Angostura", dois dos quatro submarinos convencionais, a propulsão diesel elétrica. Boa parte dessa tecnologia foi transferida pelos franceses, parceiros do programa brasileiro.
Dois submarinos já foram lançados ao mar. O"Humaitá", que ainda está em fase de testes, e o"Riachuelo", incorporado à Marinha no ano passado.
Primeiro submarino a propulsão nuclear do Brasil
Depois disso, todo o complexo naval vai se dedicar à fabricação do primeiro submarino a propulsão nuclear do Brasil. E a produção do reator nuclear já tá acontecendo em Iperó, no interior de São Paulo.
Engenheiros e técnicos vêm trabalhando na montagem de protótipos de partes estratégicas do submarino com propulsão nuclear. Nas imagens é possível ver a parte do navio onde ficam as turbinas e os geradores, e a sessão onde vai ser instalado o reator nuclear. Mas segundo a Marinha, o local tem tecnologias sensíveis, desenvolvidas pelo Brasil, que são segredos de Estado e não é possível mostrar.
O reator começará a ser testado em terra dentro de quatro anos, no Laboratório de Geração Nucleoelétrica, o Labgene.
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- 12/11/2023 - Queimadas aumentam excesso de CO2 em SP em mais de 1.000%Estudo relaciona incêndios florestais na Amazônia e no Pantanal com qualidade do ar na Grande São Paulo
Estudo relaciona incêndios florestais na Amazônia e no Pantanal com qualidade do ar na Grande São Paulo
Fonte: Poder 360Estudo de pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) e do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) mostra como a fumaça das queimadas na Floresta Amazônica e no Pantanal, assim como a da queima da cana-de-açúcar, afeta diretamente a qualidade do ar na cidade de São Paulo. O estudo mostrou que o pico de excesso de CO2 (dióxido de carbono) em dias com evento de fumaça foi de 100% a 1.178% maior do que nos sem fumaça. O trabalho foi publicado na revista científica Science of the Total Environment. A pesquisa faz parte do projeto Metroclima, criado em 2020 e financiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). O projeto conta com a participação de diferentes instituições do Brasil e do exterior."O objetivo é a criação de uma rede de medida de gases de efeito estufa, como o CO2 e o CH₄ (metano), na cidade de São Paulo, para avaliação de suas fontes e variabilidade temporal. Há aproximadamente 10 anos se iniciaram as medidas de gases de efeito estufa em áreas urbanas, como, por exemplo, em Los Angeles e Paris”, disse a professora Maria de Fátima Andrade, do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas), coordenadora do projeto. "Antes os dados de GEE estavam concentrados em locais remotos, mas com o tempo foi percebido que as cidades têm um papel central nas emissões e, conforme o tipo de superfície, no balanço do carbono. A meta é poder analisar a evolução das concentrações dos GEE e de suas fontes, inclusive as cidades”, declarou Maria de Fátima.Os pesquisadores realizaram uma análise abrangente para esclarecer como as plumas de fumaça dos incêndios florestais no Pantanal e na Amazônia, bem como a fumaça das queimadas da safra de cana-de-açúcar no interior do Estado de São Paulo, são transportadas e injetadas na atmosfera da região metropolitana da capital paulista, onde pioram a qualidade do ar e aumentam os níveis de gases de efeito estufa."Os pontos de observação estão situados no IAG, na Cidade Universitária, Pico do Jaraguá, Unicid (Universidade Cidade de São Paulo), no Tatuapé, Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), em Pinheiros, e no Parque de Ciência e Tecnologia da USP, na Água Funda”, afirmou a coordenadora do projeto. "Os detalhes dos equipamentos e das medidas podem ser vistos no site do Me troclima. As medidas são contínuas com alta resolução”, disse.Nos dias com eventos de fumaça na região metropolitana da cidade de São Paulo, as concentrações de material particulado fino excederam o padrão da OMS (Organização Mundial da Saúde) em 99% das estações de monitoramento da qualidade do ar. O pico de excesso de CO2 foi de 100% a 1.178% maior que nos dias sem evento de fumaça.Os cientistas demonstraram também que eventos de poluição externa, como incêndios florestais, representam um desafio adicional para as cidades em relação às ameaças à saúde pública associadas à qualidade do ar. Os pesquisadores reforçaram a importância das redes de monitoramento de gases do efeito estufa para rastrear emissões e fontes locais e remotas dos gases em áreas urbanas.Efeitos Nocivos"Os resultados estão sendo obtidos para ser possível uma análise de longo prazo, mas já foram publicados dados relacionados à quantificação da pluma de queimada de biomassa do Brasil Central que chegou a São Paulo”, declarou Maria de Fátima. "Nesse trabalho, também foi possível fazer uma avaliação além da contribuição da queima de biomassa e dos biocombustíveis utilizados pela frota veicular”, afirmou a coordenadora.Segundo a professora, "a identificação e quantificação das fontes são essenciais para o conhecimento do inventário das emissões e para possibilitar as estratégias de controle”. Disse que outro objetivo importante no projeto é "determinar o papel das áreas verdes na cidade para a captura do CO2, contribuindo para sua redução”.A poluição do ar é a principal causa ambiental de doenças e mortes prematuras no mundo. Partículas finas de poluição do ar ou aerossóis, também conhecidas como PM2.5, são responsáveis por 6,4 milhões de mortes todos os anos. Cerca de 95% dessas mortes ocorrem em países em desenvolvimento, onde bilhões de pessoas estão expostas a concentrações internas e externas de PM2.5 várias vezes maiores do que as diretrizes estabelecidas pela OMS.Relatório do Banco Mundial estimou que o custo dos danos à saúde causados pela poluição do ar chega a US$ 8,1 trilhões por ano –o equivalente a 6,1% do PIB (Produto Interno Bruto) global.Além da saúde, a poluição do ar também está ligada à perda de biodiversidade e ecossistema, e tem impactos adversos no capital humano. Reduzir a poluição do ar não só melhora a saúde, mas também fortalece as economias. Estudo do Banco Mundial constatou que uma redução de 20% na concentração de PM2.5 está associada a um aumento de 16% na taxa de crescimento do emprego e uma alta de 33% na taxa de crescimento da produtividade do trabalho."Penalidade Climática"Um aumento previsto na frequência, intensidade e duração das ondas de calor e uma alta associada de incêndios florestais em consequência das mudanças climáticas neste século devem piorar a qualidade do ar, prejudicando a saúde humana e os ecossistemas. A interação entre poluição e mudança climática imporá uma "penalidade climática” adicional para centenas de milhões de pessoas, de acordo com a OMM (Organização Meteorológica Mundial)."À medida que o globo esquenta, os incêndios florestais e a poluição do ar associada devem aumentar, mesmo em um cenário de baixas emissões”, afirmou Petteri Taalas, secretário-geral da OMM. "Além dos impactos na saúde humana, isso também afetará os ecossistemas à medida que os poluentes do ar se depositam da atmosfera na superfície da Terra”, disse.O projeto Metroclima tem a participação de pesquisadores do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), IQ (Instituto de Química), IF (Instituto de Física), Each (Escola de Artes, Ciências e Humanidades) e IGc (Instituto de Geociências). Também há colaboração de cientistas da UTFPr (Universidade Técnica Federal do Paraná), UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e Unicamp (Universidade de Campinas). No exterior, contribuem com o projeto pesquisadores de Nasa Jet Propulsion Laboratory, National Oceanic and Atmospheric Administration e Northestern University (Estados Unidos), Max Planck Institutes (Alemanha) e University of Surrey (Reino Unido). -
- 10/11/2023 - Edital amplia as oportunidades de uso de equipamentos multiusuáriosChamada de projetos, no valor de R$ 200 milhões, estabelece regras inovadoras para a submissão de propostas
Chamada de projetos, no valor de R$ 200 milhões, estabelece regras inovadoras para a submissão de propostas
A FAPESP vai financiar a aquisição, manutenção ou oupgrade de equipamentos de pequeno e médio portes a serem instalados em centrais multiusuários de universidades e instituições de pesquisa. A chamada de propostas, que prevê aporte de R$ 200 milhões, está aberta até o dia 8 de dezembro.
"Neste ano, a Fundação já investiu R$ 450 milhões para apoiar a aquisição de equipamentos de grande porte, submetidos no âmbito de três editais do Programa de Apoio à Infraestrutura de Pesquisa do Estado de São Paulo. Foram aprovadas 56 propostas. Agora, esta nova chamada selecionará projetos com valor entre R$ 100 mil e R$ 2,5 milhões”, diz Marcio de Castro, diretor científico da FAPESP.
O edital tem características peculiares. "O pesquisador responsável não precisa ter um auxílio à pesquisa da FAPESP. Mas ele deve ser o coordenador da central multiusuário na qual o equipamento estará alocado”, explica Castro. E é possível solicitar mais de um equipamento na mesma proposta, desde que os custos totais obedeçam aos limites mínimo e máximo dos valores a serem concedidos.
"Queremos ampliar e melhorar as centrais multiusuários, para atendimento de cada vez mais projetos de alto impacto científico”, afirma Castro.
O pesquisador responsável pela proposta de aquisição, manutenção ou upgrade de equipamentos de pequeno e médio portes não pode ser responsável pelo projeto de pesquisa associado – Auxílio Regular à Pesquisa, Projeto Temático, Jovem Pesquisador, Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID), Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE), entre outros. E o mesmo projeto associado só pode apoiar uma única solicitação de equipamentos multiusuários. Todos os projetos associados precisam ser coordenados por pesquisador apoiado pela FAPESP, com auxílio vigente na data da submissão de proposta.
Para mais informações sobre o edital acesse: https://fapesp.br/16414/faq-emu-pmp.
O edital está disponível em: https://fapesp.br/16266/chamada-para-equipamentos-multiusuarios-de-pequeno-medio-porte-emu-pmp-2023.
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- 09/11/2023 - Na rota do hidrogênio sustentávelBrasil inicia a produção do combustível, estratégico para a transição rumo a uma economia de baixo carbono
Brasil inicia a produção do combustível, estratégico para a transição rumo a uma economia de baixo carbono
Fonte: Revista FAPESP
Brasil está entre os países mais bem posicionados para a produção em larga escala de hidrogênio de baixa emissão de carbono, combustível com alto poder calorífico apontado como importante vetor para a transição energética. O país tem potencial técnico para gerar 1,8 gigatonelada de hidrogênio por ano, sendo por volta de 90% desse volume com uso de energias renováveis. Os dados integram o Plano Decenal de Expansão de Energia 2031, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME).
O estudo identifica diversas fontes e rotas tecnológicas para a produção de hidrogênio de baixo carbono, considerado por muitos especialistas o combustível do futuro por sua capacidade de auxiliar na descarbonização do planeta. É esperado que ele venha a substituir o uso de combustíveis fósseis em setores da economia como o de transportes e de indústrias intensivas em energia (siderúrgicas, metalúrgicas, cimenteiras). Os combustíveis fósseis são responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa (GEE), associados ao aquecimento global e às mudanças climáticas.
Hidrogênio de baixa emissão de carbono é a nova terminologia empregada pela Agência Internacional de Energia (IEA) para designar o hidrogênio (H2) produzido por diferentes rotas com emissão nula ou reduzida de dióxido de carbono (CO2). Integram esse grupo o hidrogênio produzido a partir da reforma do etanol e de outros biocombustíveis ou biomassas (resíduos agrícolas ou florestais); o hidrogênio gerado a partir da eletrólise da água com uso de fontes renováveis (eólica, solar, hidráulica) ou de energia nuclear; o hidrogênio resultante do processo de reforma térmica do gás natural com captura, sequestro e uso de carbono (CCUS); o hidrogênio natural, que pode ser extraído do solo, entre outros.
De acordo com o Programa Nacional de Hidrogênio (PNH2), do governo federal, os projetos de hidrogênio de baixa emissão de carbono já anunciados somam cerca de US$ 30 bilhões. Analistas e pesquisadores do setor energético consultados por Pesquisa FAPESP mostram-se otimistas quanto ao protagonismo do país nesse novo mercado. "O Brasil reúne as condições necessárias para ser um dos líderes globais do setor”, avalia o especialista em energias renováveis Ricardo Ruther, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e coordenador de uma recém-inaugurada usina experimental de produção de hidrogênio verde (H2V) – o produzido por meio da eletrólise da água – da instituição.
"Temos abundância de fontes renováveis de energia eólica e solar, essenciais para a produção de hidrogênio sustentável; um mercado organizado, competitivo e dinâmico de geração de energia elétrica por fontes renováveis; um parque industrial que pode absorver a produção em larga escala de hidrogênio; e relativa proximidade com o mercado europeu, para onde o combustível será exportado”, afirma.
Combustível renovável e limpo
A atenção que se dá ao hidrogênio combustível se explica pelo fato de seu poder calorífico ser cerca de três vezes superior ao do gás natural, da gasolina ou do diesel. Embora abundante no Universo, o hidrogênio raramente é achado de forma isolada, mas está presente no etanol (C2H6O), no metano (CH4) e em outros combustíveis fósseis, além da água (H2O). Para isolar a molécula de hidrogênio e utilizá-la como energia para mover veículos automotores ou em procedimentos industriais, esses compostos precisam ser submetidos a processos químicos.
A principal rota para a produção de hidrogênio é a reforma a vapor do gás natural, cujo principal elemento constituinte é o metano. Nesse processo, o metano é submetido a altas temperaturas em um reator e transformado em H2e CO2. O hidrogênio gerado não é classificado como sustentável porque, durante o processo, o CO2é lançado na atmosfera contribuindo com o aumento de GEE. Para cada quilo de hidrogênio (kgH2) produzido, são emitidos cerca de 11 kg de CO2 (kgCO2).
As diversas rotas para a produção de hidrogênio são comumente identificadas por uma cor. Por essa classificação, que pode sofrer variações conforme o autor, o hidrogênio produzido a partir do metano com emissão de CO2é chamado de cinza, mas, caso o carbono seja capturado, passa a ser designado de azul; o hidrogênio eletrolítico é denominado verde; o que usa energia nuclear na sua produção, roxo ou rosa.
Por entender que a classificação de cores é imprecisa e desprovida de aplicação prática em processos decisórios de contratação de projetos na área, podendo gerar dificuldades regulatórias, a IEA propôs recentemente substituí-la por uma nova nomenclatura baseada na intensidade de emissões da produção de hidrogênio. O organismo passou a sugerir o uso do termo "hidrogênio de baixa emissão”. No Brasil, o PNH2 segue essa recomendação.
Na Europa, para que o hidrogênio receba o rótulo de baixa emissão é preciso que durante seu processo de geração sejam lançados na atmosfera, no máximo, 3,8 kg de CO2por kg de H2produzido (kgCO2/kgH2). O Brasil ainda não definiu seu limite de emissão, mas projeto de lei em tramitação propõe que esse valor seja de até 4 kgCO2/kgH2.
A produção de hidrogênio de baixo carbono no mundo ainda é pequena. O relatório "Global hydrogen review 2023”, da IEA, informa que 95 milhões de toneladas (Mt) de hidrogênio de todos os tipos foram gerados em 2022. Desse total, cerca de 94 Mt foram oriundos da reforma térmica do metano, processo com emissão de GEE, e menos de 1 Mt foi de hidrogênio de baixo carbono, sendo que a maior parte veio da reforma do metano com sequestro e captura de carbono. Mas esse panorama deve mudar rapidamente. As projeções de produção de hidrogênio de baixa emissão de carbono para 2030 remontam a 38 Mt.
A China lidera o incipiente mercado de hidrogênio de baixo carbono, com 30% da produção, seguida por Estados Unidos, Oriente Médio, Índia e Rússia, de acordo com o anuário da IEA. A participação do Brasil é pequena. "Estima-se que em 2022 foram produzidas 509 mil toneladas [t] de hidrogênio no país a partir do gás natural e somente 29 mil t de origem eletrolítica”, diz o engenheiro Gustavo Pires da Ponte, da EPE.
Esse volume deve crescer nos próximos anos em razão de diversas ações e projetos na área. Em junho, o governo paulista lançou uma iniciativa que busca incentivar projetos com foco na descarbonização das cadeias produtivas no estado. Uma das frentes é a Rota Paulista Verde, no âmbito da qual está estruturado o Programa de Hidrogênio de Baixo Carbono, criado com o objetivo de estimular o potencial do estado para diferentes rotas de produção do gás.
"Pretendemos desenvolver a cadeia de valor para toda a indústria de hidrogênio de baixo carbono, o que inclui equipamentos, componentes, serviços e capacitação, sem pré-selecionar uma rota tecnológica ou outra”, declara Marisa Maia de Barros, subsecretária de Energia e Mineração da Secretaria do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo. "Queremos estimular a produção de hidrogênio de baixo carbono, privilegiando a vocação energética paulista.”
O estado de São Paulo, segundo Barros, tem potencial para produzir hidrogênio a partir de diversas fontes, entre elas o etanol e o biometano, biocombustível gasoso gerado a partir do processamento de resíduos do setor sucroenergético, entre outros. "Biometano e gás natural são exatamente a mesma molécula [CH4]. A diferença é que o primeiro é de origem renovável e o segundo de origem fóssil. A mesma tecnologia, já dominada, que utiliza gás natural para produzir hidrogênio, pode usar o biometano”, diz a subsecretária. "O desafio é dar escala à produção do biometano.”
O principal projeto de produção de hidrogênio a partir de produtos ou subprodutos do setor sucroenergético, como etanol e vinhaça, é desenvolvido pelo Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído pela FAPESP e Shell, que recebeu R$ 465 milhões em investimentos desde sua criação, em 2015, sendo R$ 45 milhões da Fundação. O grupo trabalha em três frentes, sendo que a investigação mais adiantada é a que prevê a reforma a vapor do etanol.
Nesse método, o combustível é submetido a temperaturas e pressões específicas e reage com a água em um reator químico, dando origem ao hidrogênio. Carbono biogênico, de origem não fóssil, oriundo da cana-de-açúcar, é emitido no processo. Uma unidade de demonstração está sendo instalada na Universidade de São Paulo (USP) na capital paulista.
O projeto, no valor de R$ 50 milhões, financiados pela Shell, tem como parceiros a empresa Hytron, a companhia do setor sucroenergético Raízen, a montadora japonesa Toyota, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e a USP, por meio do RCGI. A planta-piloto, prevista para entrar em operação no segundo semestre de 2024, terá 425 metros quadrados e capacidade para gerar 4,5 kg de hidrogênio por hora.
"Será a primeira estação experimental de abastecimento de hidrogênio renovável do mundo a partir de etanol”, diz o engenheiro e físico Julio Meneghini, diretor científico do RCGI e professor da Escola Politécnica (Poli) da USP. O combustível será usado em três ônibus e um automóvel, todos elétricos e dotados de um dispositivo chamado célula a combustível, que gera eletricidade a partir do hidrogênio, sem emitir GEE.
"Se o etanol tiver uma pegada negativa de emissão de CO2em seu processo produtivo, ou seja, eliminando mais carbono do que o lançado na atmosfera, o hidrogênio gerado passará a ter uma pegada negativa”, afirma Meneghini. O etanol pode ser negativo em carbono se não forem usados fertilizantes nitrogenados no plantio da cana nem combustíveis fósseis nas máquinas agrícolas e caminhões de transporte do insumo. O carbono emitido no processo de fermentação da cana teria que ser capturado e armazenado.
Thiago Lopes, coordenador de projetos do RCGI, destaca uma vantagem do hidrogênio gerado a partir da reforma térmica do etanol: a logística de transporte. Ele explica que o transporte do hidrogênio produzido no processo de eletrólise ainda é complexo e caro, pois exige a compressão do gás em cilindros de alta pressão ou sua liquefação em tanques criogênicos (mantidos em baixíssima temperatura), o que encarece o envio do combustível de seu local de produção para o de consumo. "Esse problema não existe na conversão do etanol em hidrogênio. O etanol já tem uma cadeia de transporte estabelecida. É muito mais fácil transportá-lo na forma líquida do que comprimir ou liquefazer o hidrogênio”, destaca Lopes.
O reformador de etanol do projeto foi desenvolvido pela Hytron. "Projetamos essa nova tecnologia com o apoio da FAPESP e chegamos a um estágio pré-comercial. Com o teste do equipamento na USP, vamos elevar o grau de maturidade da tecnologia, chegando ao nível comercial”, ressalta Daniel Lopes, diretor comercial da Hytron.
Outra frente de investigação com etanol no RCGI, em estágio inicial, é sua transformação em hidrogênio por meio de uma reforma eletroquímica. "Nesse caso, utiliza-se eletricidade para quebrar a molécula de etanol e gerar hidrogênio, em um processo parecido ao da eletrólise da água”, explica o coordenador do projeto, o engenheiro químico Hamilton Varela, diretor do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP.
De acordo com o químico Edson Antonio Ticianelli, professor do IQSC e participante do estudo, uma das propostas do grupo foi substituir a reação anódica do eletrolisador, que no sistema convencional é a reação de oxidação da água, pela oxidação do etanol, o que melhora a eficiência energética do processo. Os pesquisadores investigam materiais adequados à produção de catalisadores que favoreçam a quebra da molécula do etanol. Superado esse desafio, o próximo será desenvolver um reformador eletroquímico para o etanol.
A terceira linha de pesquisa usa como matéria-prima a vinhaça. Para cada litro de etanol produzido, são gerados cerca de 12 litros desse material, um subproduto 95% composto por água. A vinhaça tem alto potencial de contaminação do lençol freático e emissão de GEE. Para minimizar esses efeitos, hoje ela é reaproveitada como biofertilizante no plantio da cana. No projeto do RCGI, a vinhaça é concentrada em um reator eletroquímico para reduzir a fração de água e gerar hidrogênio sustentável e oxigênio. O grupo já depositou uma patente do processo.
Além das três rotas investigadas pelo RCGI, também há no Brasil estudos prevendo o uso direto de etanol em células a combustível de óxido sólido (Sofc). Nesse caso, a quebra da molécula do etanol para a geração de hidrogênio ocorrerá no veículo – e não em uma estação independente, como no projeto da USP. Pesquisas com esse foco são feitas no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), com apoio da FAPESP (ver Pesquisa FAPESP nº 308).
Hidrogênio eletrolítico
Além de iniciativas focadas na conversão de biomassa e biocombustíveis em hidrogênio de baixo carbono, avançam no país projetos de geração do chamado hidrogênio verde (H2V), cujo processo produtivo é nulo ou praticamente nulo em emissão de CO2. São plantas comerciais ou experimentais, boa parte em estágio inicial. Em Pernambuco, a fabricante de gases industriais White Martins iniciou em 2022 a produção no Complexo Industrial de Suape. Foi o primeiro H2V certificado no país e na América do Sul. Usando energia solar, a planta pode produzir 156 t do gás por ano, que serão destinadas a uma indústria de alimentos da região.
Na Bahia, a fábrica de fertilizantes nitrogenados Unigel pretende começar em 2024 a produzir hidrogênio verde em escala industrial no Polo Petroquímico de Camaçari, com uso de energia eólica. Ao custo de R$ 120 milhões, a fábrica terá capacidade de 10 mil t anuais do gás. Em dois anos, a produção deve quadruplicar.
Outro projeto em operação no país fica no Complexo Termelétrico do Pecém, no Ceará, onde a companhia energética EDP Brasil produz H2V em uma usina-piloto, um projeto de pesquisa e desenvolvimento com capacidade para produzir 197 t por ano a partir de energia solar. O governo cearense planeja estabelecer no Porto do Pecém o primeiro hub nacional de H2V.
"Trinta e três memorandos de entendimento já foram assinados com empresas nacionais e estrangeiras, sendo que três avançaram para a fase de pré-contrato”, informa Joaquim Rolim, secretário-executivo da Indústria da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado do Ceará. "Devemos começar a produção comercial em 2026 ou 2027 e projetamos gerar cerca de 1 Mt de hidrogênio verde a partir de 2030”, diz.
"O Ceará, assim como todo o Nordeste, tem grande potencial para a geração de energia eólica e solar, principal insumo para a geração de hidrogênio verde. A localização do estado, mais próxima dos portos europeus e norte-americanos, favorece a exportação do combustível renovável”, analisa a engenheira química Diana Azevedo, vice-reitora da Universidade Federal do Ceará (UFC) e diretora do Centro de Tecnologia da universidade.
Também professora do Departamento de Engenharia Química da UFC, Azevedo coordena uma pesquisa relacionada à cadeia produtiva do hidrogênio verde, mais especificamente à estocagem e ao transporte do combustível. "Transportar o hidrogênio do ponto onde é gerado ao de consumo é desafiador, pois ele é um gás extremamente leve que requer muita energia para ser armazenado, na forma gasosa ou liquefeita”, esclarece Azevedo. Uma forma de superar essa dificuldade é transformar o hidrogênio em compostos líquidos, como amônia, ou incorporá-lo em sólidos, como no hidreto de magnésio, e depois recuperá-lo. "Nossas pesquisas preveem a criação de compósitos com magnésio, ferro e suportes carbonosos para o armazenamento químico de hidrogênio”, diz a pesquisadora.
Pesquisas para a produção de hidrogênio de baixo carbono também são realizadas na UFSC e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), entre outras universidades e centros de pesquisa brasileiros, que inauguraram recentemente plantas-piloto para a geração de H2V. As duas iniciativas têm apoio da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ). "Nosso projeto tem capacidade para produzir 3 t de hidrogênio por ano a partir de eletrolisadores, que usam energia fotovoltaica”, informa Andrea Santos, coordenadora do projeto e professora do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da UFRJ.
"Vamos testar o combustível em bicicletas elétricas híbridas movidas a hidrogênio e células a combustível, em processos industriais e em células a combustível de óxido sólido. Também investigaremos novos catalisadores para a produção de biocombustíveis e combustíveis sustentáveis de aviação [SAF], que podem ser fabricados a partir de H2V”, afirma Santos.
Em setembro, a pesquisadora publicou com colegas da UFRJ um artigo de revisão avaliando a produção de hidrogênio no país a partir de uma perspectiva técnico-econômica. Segundo o estudo, publicado na revista Energies, "a eletrólise é o processo mais investigado na literatura, pois contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa e apresenta outras vantagens, como maturidade, eficiência energética, flexibilidade e potencial de armazenamento de energia”.
Na UFSC, a usina experimental de H2V também terá múltipla função. "Será ao mesmo tempo um laboratório de pesquisa aplicada em hidrogênio verde e seus derivados, um laboratório-escola voltado à capacitação profissional dos recursos humanos e uma vitrine tecnológica com o estado da arte das tecnologias envolvidas na produção desse combustível renovável”, destaca Ruther.
Fruto de um investimento de R$ 14 milhões do governo alemão, os telhados e a fachada dos prédios da usina são usados para captar energia solar. "Vemos um paralelo entre o desenvolvimento da energia solar, o armazenamento de energia, a mobilidade elétrica e o hidrogênio verde”, compara Ruther. "Foi o desenvolvimento da tecnologia solar fotovoltaica, sua aplicação em grande escala e a resultante redução de custos que trouxeram essa fonte à posição de ser hoje a tecnologia mais barata para a produção de energia elétrica no Brasil e no mundo. Na nossa visão, o mesmo processo está em curso com a tecnologia do hidrogênio verde.”
Pedras no caminho
Apesar do potencial brasileiro para a produção de hidrogênio de baixo carbono, muitos desafios ainda precisam ser superados para o país elevar a escala produtiva, a começar pelo seu preço final. De acordo com a IEA, em 2022 a produção de 1 kg de hidrogênio de fontes fósseis custava entre US$ 1,5 e US$ 6,1, enquanto o de baixa emissão de carbono também a partir de combustíveis fósseis se situava entre US$ 1,8 e US$ 7,6. O valor do chamado hidrogênio verde ia de US$ 3,8 a US$ 12.
A redução do custo do H2V depende de algumas variáveis, entre elas a disponibilidade e o preço da energia elétrica renovável usada para converter a água no gás. "O valor da energia elétrica é um elemento crucial na composição do custo do H2V”, alerta Caroline Chantre, economista do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da UFRJ. A pesquisadora é coautora de um artigo publicado 2022 na revista Sustainable Production and Consumption que analisou a percepção de agentes econômicos sobre o desenvolvimento do mercado de hidrogênio no país. "Nosso estudo mostrou que, em termos gerais, o médio prazo, entre seis e 10 anos, foi apontado por 43% dos agentes como uma estimativa adequada para a maturidade do H2V no Brasil”, informa.
Outra dificuldade para elevar a escala produtiva do H2V, segundo estudo publicado na Nature Energy, em 2022, é a capacidade de eletrólise, que se relaciona à fabricação de eletrolisadores e à construção de usinas que adotem essa rota. "Mesmo que a capacidade de eletrólise cresça tão rapidamente como a energia eólica e solar, o fornecimento de H2V permanecerá escasso no curto prazo e incerto no longo”, apontam os autores.
Tornar os eletrolisadores mais eficientes é parte da solução do problema. Um campo de pesquisa é o desenvolvimento de catalisadores, materiais que elevam a velocidade das reações químicas na eletrólise, de baixo custo, fácil produção e boa eficiência energética. Esse é o foco do trabalho da química Lucia Helena Mascaro, professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e pesquisadora do Centro de Inovação em Novas Energias (Cine), um CPE apoiado pela FAPESP.
O grupo emprega materiais compostos formados por níquel, molibdênio e cobre, níquel e fósforo, níquel, cobalto e fósforo e molibdênio e enxofre. "Essas ligas têm alta estabilidade e baixo potencial para a reação de redução da água, implicando boa eficiência energética”, diz Mascaro. "Além disso, são materiais não nobres e abundantes. Os catalisadores são preparados por meio de eletrodeposição, uma técnica simples, escalável e de baixo custo.”
Diante dos resultados das pesquisas, publicadas no Journal of the Electrochemical Societye no ACS Applied Materials & Interfaces, entre outros periódicos científicos, a equipe partiu para a montagem e o teste de protótipos de eletrolisadores com os novos catalisadores em escala maior e mais próximos do sistema real.
Também na UFSCar, outra linha de estudo que pode tornar mais atrativo o processo de geração de hidrogênio é liderado pelo engenheiro químico Luís Augusto Martins Ruotolo, do Laboratório de Tecnologias Ambientais. O objetivo do trabalho é realizar, simultaneamente, em um único equipamento (um reator eletroquímico) a geração de hidrogênio e o tratamento de efluentes industriais. "É uma estratégia inovadora que pode contribuir para o aumento da produção de hidrogênio”, diz o pesquisador.
Ele explica que uma forma de tratar esses efluentes, resíduos aquosos contendo poluentes orgânicos oriundos de processos químicos industriais, é pela rota eletroquímica, composta por duas meias reações, a anódica, que ocorre em um dos polos do reator, e a catódica, no outro. "As reações anódicas são responsáveis pela degradação dos poluentes orgânicos, deixando o efluente pronto para o descarte”, explica Ruotolo. "Nossa proposta é usar a reação catódica para produção simultânea de hidrogênio. Assim, uma unidade de tratamento de efluentes industriais poderia passar a ser também uma usina de hidrogênio”, diz o pesquisador.
Especialistas também destacam a necessidade de alinhar as perspectivas de produtor e consumidor, criando demanda pelo hidrogênio. "Esse problema começa a ser resolvido quando surge uma procura em grande escala, como a que se desenha na Europa, estimulando investimentos no Brasil”, diz Ruther, da UFSC.
A elaboração de um marco regulatório e o estabelecimento de políticas públicas de incentivo também são fundamentais para impulsionar os diversos projetos ainda em estágio inicial de hidrogênio de baixo carbono no país. "A regulação é elemento-chave para garantir estabilidade e segurança aos investimentos”, afirma Chantre. "Apesar de o Brasil ter vantagens competitivas expressivas, ainda precisamos avançar em termos de políticas públicas alinhadas a uma estratégia de descarbonização de longo prazo.”
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- 08/11/2023 - MIR destina 1,9 milhão ao CNPq para parceria que garante bolsas de pesquisa em 17 UniversidadesSão 259 bolsas para alunos negros do Programa Institucional de Iniciação Científica para Ações Afirmativas (PIBIC-AF)
São 259 bolsas para alunos negros do Programa Institucional de Iniciação Científica para Ações Afirmativas (PIBIC-AF)
Fonte: Ministério da Igualdade Racial
O Ministério da Igualdade Racial por meio da Diretoria de Políticas de Ações Afirmativas, investiu R$1.994.300,00 para implementação de 259 bolsas no âmbito do Programa Institucional de Iniciação Científica para Ações Afirmativas (PIBIC-AF). As bolsas são destinadas aos alunos negros, tem o valor de R$700,00 e duração de 11 meses.
O Programa Institucional de Iniciação Científica Ações Afirmativas, foi criado em 2009 pelo CNPq em parceria com a Secretaria Especial de Políticas de Promoção de Igualdade Racial (SEPPIR), estabelecendo ações afirmativas para o Programa Institucional de Iniciação Científica. A Diretora de Políticas de Ações Afirmativas, Anna Venturini, destacou a importância do programa para a democratização doacesso àpesquisa.
"O PIBIC-AF é uma política essencial e complementar às ações afirmativas nas universidades, pois abre espaço para que estudantes de graduação que ingressaram por ações afirmativas tenham um primeiro contato com a pesquisa e a cultura científica. O programa também contribui para a permanência desses estudantes nas universidades, já que os valores (reajustados no início de 2023) podem auxiliá-los com despesas diversas que, muitas vezes, são essenciais para sua manutenção nos cursos", disse.O programa se destina a formação técnico-científica de estudantes de graduação, ampliando o acesso de estudantes beneficiados pelas políticas de ações afirmativas, no caso do PIBIC – AF os alunos são selecionados através de chamadas públicas a cada dois anos.
As 17 universidades beneficiadas pelo recurso são: Universidade Federal do Sul da Bahia, Universidade Federal de Goiás, Universidade de Brasília, Universidade de São Paulo, Universidade Federal do Paraná, Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Estadual de Santa Cruz, Universidade Federal da Bahia, Universidade Federal do ABC, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Universidade Federal de Alagoas, Universidade Estadual de Campinas, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Universidade Federal do Maranhão, Universidade Federal de Pernambuco, Universidade Federal do Amapá.
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- 08/11/2023 - Prêmio Alumni USP celebra ex-alunos com trajetórias profissionais de impacto positivo na sociedadeForam reconhecidos 13 ex-alunos da USP em seis categorias que se destacaram pelo impacto positivo e contribuições das atividades profissionais que realizam para a sociedade
Foram reconhecidos 13 ex-alunos da USP em seis categorias que se destacaram pelo impacto positivo e contribuições das atividades profissionais que realizam para a sociedade
Fonte: Jornal da USP
Egressos diplomados da USP que se destacaram por suas contribuições e que impactaram positivamente a sociedade foram premiados no dia 7 de novembro com o Prêmio Alumni USP 2023, numa cerimônia realizada na Sala do Conselho Universitário, no campus da Universidade, no bairro do Butantã, em São Paulo. O vídeo da premiação está disponível no Canal Alumni USP no Youtube.
A edição de 2023 do prêmio recebeu 482 inscrições nas seguintes categorias: Contribuições em Ciência e Tecnologia, Contribuições em Inovação e Empreendedorismo; Contribuições em Arte e Cultura; Contribuições na Sustentabilidade Ambiental; Contribuições na Qualidade de Vida das Pessoas e Contribuições nas Relações Humanas e Inclusão Social.
Foram reconhecidos 13 destaques que incluem egressos de graduação e pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado), com trajetória profissional percorrida pelo menos há mais de dez anos da última titulação na USP. Eles receberam certificado e medalha condecorativa.
"A cerimônia de outorga do Prêmio Alumni USP foi emocionante para todos, pois os egressos por meio de suas trajetórias profissionais nos mostraram, além do engajamento social, o grande impacto positivo e contribuições das atividades profissionais que realizam em prol da qualidade de vida das pessoas, na sustentabilidade ambiental, econômica, no avanço das ciências, nas inovações por meio do empreendedorismo, artes e cultura”, destacou Maria Helena Marziale, coordenadora do Alumni USP. Ela recomenda assistir ao vídeo da cerimônia, disponível on-line, para que as pessoas conheçam essas trajetórias. "Para os gestores e professores da Universidade esse feedback dado pelos egressos foi muito importante, pois comprova que a USP está cumprindo seu papel social enquanto universidade pública de excelência”, disse.
Neste ano o Alumni USP também premiou em duas categorias as unidades da Universidade mais engajadas com a plataforma, que aumentaram seu número de inscritos no último ano. A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) foi a unidade vencedora em número absoluto de inscritos na plataforma Alumni. E o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia foi a unidade vencedora em número relativo de inscritos.
Confira abaixo os premiados na edição 2023:
Prêmio Alumni USP – Contribuições na Qualidade de Vida das Pessoas
Renata Càssar
Renata Càssar é nutricionista formada pela FSP-USP com bacharelado em Nutrição e Dietética, e obteve seu mestrado em Saúde Pública com foco em Nutrição pela mesma universidade. Com o compromisso de melhorar a saúde global, atuou para melhorar o perfil nutricional de centenas de produtos alimentícios e bebidas no Brasil e no exterior, além de operar como especialista em assuntos científicos e regulatórios, trabalhando nos segmentos de alimentos e farmacêuticos.
Menção Honrosa – Flávia Marques Ferrari
Egressa do curso de Ciências Biológicas do IB-USP, Flávia atuou como coordenadora de comunicação do Observatório Covid-19 BR, além de ser cofundadora do coletivo #TodosPelasVacinas. Atualmente dirige o Instituto Mario Schenberg, no qual lidera campanhas que disseminam informações críticas e promovem mudanças positivas; a iniciativa foi premiada com o prêmio tiktok4good do tiktok awards de 2021.
Prêmio Alumni USP – Contribuições nas Relações Humanas e Inclusão Social
Denise Alves Fungaro
Egressa do curso de Química com Atribuições Tecnológicas, Mestrado e Doutorado em Química Analítica na USP, atua como pesquisadora no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares desde 1995. Sua linha de pesquisa é o aproveitamento de resíduos agroindustriais de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e da Agenda 2030. Além disso, trabalha estimulando a inclusão de jovens negras e negros na ciência.
Menção Honrosa – Claudia Almeida Colaferro
Mestre em Comportamento do Consumidor pela FEA-USP e especializada em Neurociência, Cláudia foi presidente Américas e CEO da América Latina nos últimos dez anos e, antes disso, executiva C-level em multinacionais. Além disso, é a fundadora e atual CEO e investidora da rede AngelUs, que conta com mais de 250 mulheres reconhecidas nas mais diversas áreas, preparando colaboradoras na luta pela equidade de gênero na liderança.
Prêmio Alumni USP – Contribuições na Sustentabilidade Ambiental
Yugo Matsuda
Engenheiro Ambiental pela EESC-USP, Yugo Matsuda conferiu contribuições na sustentabilidade ambiental com iniciativas de combate às mudanças climáticas. Atua com a recuperação de terras degradadas no bioma amazônico e com a implantação de florestas biodiversas e multifuncionais com espécies nativas da região. Além disso, promoveu a conservação e recuperação de 1 milhão de hectares em quatro biomas brasileiros e de mananciais hídricos mineiros.
Menção Honrosa – Enio Bueno Pereira
Egresso do curso de Física pelo IF-USP, foi também o primeiro mestre formado pelo IAG-USP no curso de Geofísica. Atuou no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe na área de radioatividade ambiental, onde desenvolveu e patenteou um equipamento inédito para mediar gás radônio em tempo real. Organizou também o Laboratório de Modelagem e Estudos de Recursos Energéticos Renováveis – Labren, que desenvolve atividades de pesquisa e ensino em meteorologia energética com foco na transição energética limpa.
Prêmio Alumni USP – Contribuições em Inovação e Empreendedorismo
Sidney Nakao Nakahodo
Egresso de Engenharia de Materiais da EP-USP, é uma das maiores autoridades em empreendedorismo espacial nos Estados Unidos. É fundador e sócio-diretor da Seldor Capital, empresa de investimento baseada em Nova York, e compõe o corpo docente da School of International and Public Affairs (SIPA) da Universidade Columbia. Atua ainda como cofundador, consultor e mentor de inúmeras startups e organizações empreendedoras, liderando iniciativas em colaboração com instituições de classe mundial, como Nasa e Google.
Menção Honrosa – Gisele Bohn Machado
Egressa do curso de Química do IQ-USP, Gisele atua para promover facilidades para a sociedade, nas áreas automotiva, agrícola e em saúde e medicina. Além de ter atuado como executiva em multinacionais, desenvolveu soluções para o setor de saúde utilizando inteligência artificial, promovendo um tratamento de saúde de ponta a um custo sustentável. É, ainda, cocriadora da start-up Evolve, que desenvolve soluções de dados e inteligência artificial para melhorar a experiência de pacientes.
Prêmio Alumni USP – Contribuições em Arte e Cultura
Gazy Andraus
Gazy Andraus é doutor egresso do programa de Ciências da Comunicação da ECA-USP e, atualmente, realiza a produção e difusão de Histórias em Quadrinhos (HQs) e Fanzines como arte. Sua cocriação, o fanzine Matrix, foi premiado pela I Bienal de HQ do Rio de Janeiro e pelo HQMIX em 1991. Sua pesquisa de doutorado recebeu, ainda, troféu como melhor tese na área das HQs pelo HQMIX, que premia os melhores da área quadrinhística. Finaliza agora o pós-doc pelo PPGACV da FAV-UFG, como bolsista do PNPD-Capes.
Menção Honrosa – Carolina Yokota de Paula Lima
Egressa do curso de Licenciatura em Letras pela FFLCH-USP e mestre pelo programa de Linguagem e Educação da FE-USP, Carolina atua com ensino da língua e da literatura, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades essenciais de leitura, escrita e comunicação. Realiza o projeto Poemas e Aquarelas, no qual alunos fazem oficinas elaborando poemas e aquarelas, resultando em um livro impresso e digital. Seu projeto foi considerado modelo a ser seguido no site finlandês de educação Hundred.org.
Prêmio Alumni USP – Contribuições em Ciência e Tecnologia
Ana Paula Appel
Ana Paula Appel é egressa do ICMC-USP, com doutorado em Ciência da Computação e mestrado em Ciência da Computação pela USP. Cientista de dados sênior e embaixadora sênior de quantum na IBM Client Engineering LA, exerce papel de liderança como chefe do conselho global de Ciência de Dados na IBM. Recebeu, ainda, título de Master Inventor e registrou mais de 58 patentes, além de ser a primeira mulher a obter a certificação de Ciência de Dados L3 na América Latina.
Menção Honrosa – Wagner Aparecido Vendrame
Graduado em Engenharia Agronômica pela Esalq-USP e mestre pelo programa de Fisiologia e Bioquímica de Plantas da Esalq, é professor titular e chefe assistente do Departamento de Horticultura Ambiental da Universidade da Flórida. Wagner atua colaborando com a vinda de estudantes brasileiros para programas internacionais em seu laboratório, como o Ciência sem Fronteiras, e bolsas-sanduíche para alunos de doutorado no Brasil.
Menção Honrosa – Duília Fernandes de Mello
Doutora em Astronomia pelo IAG-USP. Vice-reitora da Catholic University of America (UCA) e, atualmente, responsável pela internacionalização da universidade. Foi a primeira mulher a ocupar o cargo de professora titular do Departamento de Física da universidade. Foi pesquisadora do Nasa Goddard Space Flight Center, para o qual continua colaborando pelos estudantes, brasileiros e estadunidenses, que a procuram buscando oportunidades de pesquisa. Dentre esses estudantes, nove brasileiros obtiveram o título de Ph.D. e 20 realizaram estágios.
Confira a cerimônia de premiação no Canal Alumni USP no Youtube
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- 07/11/2023 - Queimadas aumentam excesso de gás carbônico em até 1.000% na Grande São PauloFumaça vinda da Amazônia, Pantanal e de queimadas da cana elevou em até 1.178% o pico de excesso do poluente, que é um dos principais gases de efeito estufa
Fumaça vinda da Amazônia, Pantanal e de queimadas da cana elevou em até 1.178% o pico de excesso do poluente, que é um dos principais gases de efeito estufa
Fonte: Jornal da USP
Um estudo de pesquisadores da USP e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) mostra como a fumaça das queimadas na floresta amazônica e no Pantanal, assim como a da queima da cana-de-açúcar, afeta diretamente a qualidade do ar na cidade de São Paulo. A pesquisa apurou que em dias com evento de fumaça, o pico de excesso de dióxido de carbono (CO2) foi de 100% a 1.178% maior do que nos dias sem fumaça. O trabalho foi publicado em artigo da revista científica Science of the Total Environment.
A pesquisa faz parte do projeto Metroclima, criado em 2020 e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que conta com a participação de diferentes instituições do Brasil e do exterior, cujos detalhes podem ser consultados neste site.
"O objetivo é a criação de uma rede de medida de gases de efeito estufa (GEE), como o CO2 e o metano (CH4), na cidade de São Paulo, para avaliação de suas fontes e variabilidade temporal. Há aproximadamente dez anos se iniciaram as medidas de gases de efeito estufa em áreas urbanas, como, por exemplo, em Los Angeles e Paris”, relata a professora Maria de Fátima Andrade, do IAG, coordenadora do projeto.
"Antes os dados de GEE estavam concentrados em locais remotos, mas com o tempo foi percebido que as cidades têm um papel central nas emissões e, conforme o tipo de superfície, no balanço do carbono. A meta é poder analisar a evolução das concentrações dos GEE e de suas fontes, inclusive as cidades”.
Os pesquisadores realizaram uma análise abrangente para esclarecer como as plumas de fumaça dos incêndios florestais no Pantanal e na Amazônia, bem como a fumaça das queimadas da safra de cana-de-açúcar no interior do Estado de São Paulo, são transportadas e injetadas na atmosfera da Região Metropolitana de São Paulo, onde pioram a qualidade do ar e aumentaram os níveis de gases de efeito estufa.
"Os pontos de observação estão situados no IAG, na Cidade Universitária, Pico do Jaraguá, Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), no Tatuapé, Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), em Pinheiros, e no Parque de Ciência e Tecnologia da USP (Cientec), na Água Funda”, aponta a professora do IAG. "Os detalhes dos equipamentos e das medidas podem ser vistos no site do Metroclima. As medidas são contínuas com alta resolução”.
Nos dias com eventos de fumaça na área metropolitana da cidade de São Paulo, as concentrações de material particulado fino excederam o padrão da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 99% das estações de monitoramento da qualidade do ar, e o pico de excesso de CO2 (dióxido de carbono) foi de 100% a 1.178% maior do que nos dias sem evento de fumaça. Os cientistas demonstraram ainda que eventos de poluição externa, como incêndios florestais, representam um desafio adicional para as cidades, em relação às ameaças à saúde pública associadas à qualidade do ar, e reforçaram a importância das redes de monitoramento de gases do efeito estufa para rastrear emissões e fontes locais e remotas dos gases em áreas urbanas.
Efeitos nocivos
Os resultados estão sendo obtidos para ser possível uma análise de longo prazo, mas já foram publicados dados relacionados à quantificação da pluma de queimada de biomassa do Brasil Central que chegou a São Paulo”, observa Maria de Fátima Andrade. "Nesse trabalho, também foi possível fazer uma avaliação além da contribuição da queima de biomassa e dos biocombustíveis utilizados pela frota veicular.”
"A identificação e quantificação das fontes são essenciais para o conhecimento do inventário das emissões e para possibilitar as estratégias de controle”, enfatiza a professora do IAG. "Um outro objetivo importante no projeto é determinar o papel das áreas verdes na cidade para a captura do CO2, contribuindo para sua redução.
”A poluição do ar é a principal causa ambiental de doenças e mortes prematuras no mundo. Partículas finas de poluição do ar ou aerossóis, também conhecidas como partículas finas ou PM2,5, são responsáveis por 6,4 milhões de mortes todos os anos. Cerca de 95% dessas mortes ocorrem em países em desenvolvimento, onde bilhões de pessoas estão expostas a concentrações internas e externas de PM2,5 que são várias vezes maiores do que as diretrizes estabelecidas pela OMS. Um relatório do Banco Mundial estimou que o custo dos danos à saúde causados pela poluição do ar chega a US$ 8,1 trilhões por ano, o equivalente a 6,1% do PIB global.
Além da saúde, a poluição do ar também está ligada à perda de biodiversidade e ecossistema, e tem impactos adversos no capital humano. Reduzir a poluição do ar, por outro lado, não apenas melhora a saúde, mas também fortalece as economias. Um estudo recente do Banco Mundial constatou que uma redução de 20% na concentração de PM2,5 está associada a um aumento de 16% na taxa de crescimento do emprego e um aumento de 33% na taxa de crescimento da produtividade do trabalho.
"Penalidade climática"
Um aumento previsto na frequência, intensidade e duração das ondas de calor e um aumento associado de incêndios florestais em consequência das mudanças climáticas neste século provavelmente piorarão a qualidade do ar, prejudicando a saúde humana e os ecossistemas. A interação entre poluição e mudança climática imporá uma "penalidade climática” adicional para centenas de milhões de pessoas, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM).
"À medida que o globo esquenta, os incêndios florestais e a poluição do ar associada devem aumentar, mesmo em um cenário de baixas emissões”, alerta Petteri Taalas, secretário geral da OMM. "Além dos impactos na saúde humana, isso também afetará os ecossistemas à medida que os poluentes do ar se depositam da atmosfera na superfície da Terra.”
O projeto Metroclima tem a participação de pesquisadores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Instituto de Química (IQ), Instituto de Física (IF), Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) e Instituto de Geociências (IGc). Também há colaboração de cientistas da Universidade Técnica Federal do Paraná (UTFPr), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Unicamp. No exterior, contribuem com o projeto estudiosos da NASA Jet Propulsion Laboratory (JPL), National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) e Northestern University (Estados Unidos), Max Planck Institutes (Alemanha) e University of Surrey (Reino Unido). O artigo Impact of extreme wildfires from the Brazilian Forests and sugarcane burning on the air quality of the biggest megacity on South America pode ser lido neste link.
Mais informações: e-mail maria.andrade@iag.usp.br, com a professora Maria de Fátima Andrade
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- 07/11/2023 - Lançada plataforma inovalink, que vai reunir dados sobre o ecossistema de inovação do BrasilParceria entre MCTI, Sebrae, Universidade de Viçosa e Anprotec, ferramenta traz dados sobre incubadoras, aceleradoras de negócios e empresas de inovação
Parceria entre MCTI, Sebrae, Universidade de Viçosa e Anprotec, ferramenta traz dados sobre incubadoras, aceleradoras de negócios e empresas de inovação
Fonte: MCTI
A plataforma inovalink, que vai reunir uma ampla base de dados sobre incubadoras, aceleradoras de negócios e empresas de inovação brasileiras, foi lançada nesta terça-feira (7), durante a 33ª Conferência Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores), em Brasília. A iniciativa é uma parceria entre Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Anprotec.
O inovalink traz um mapeamento e um conjunto de informações sobre os atores do ecossistema de inovação nacional. A ferramenta vai servir de base para a formulação e desenvolvimento de políticas públicas, para o estabelecimento de parcerias e será uma vitrine sobre os ambientes de inovação do país.
"Os dados da plataforma serão fundamentais para a gente tomar decisões e criar os programas nacionais de apoio a esses empreendimentos. Vamos saber o efetivo impacto no sistema nacional de ciência e tecnologia e os resultados econômicos que essas empresas geram”, afirmou o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTI, Guila Calheiros, na cerimônia de lançamento do inovalink.
Guila Calheiros reforçou que o inovalink vai complementar o InovaData-BR, plataforma do MCTI que faz um mapeamento dos parques tecnológicos do país. Segundo ele, os dados do InovaData-BR são essenciais para a definição de políticas públicas, a exemplo da chamada lançada neste ano que destinou R$ 240 milhões para investimentos em parques tecnológicos brasileiros.
"Temos esse mapeamento, que é feito há seis anos, com os números, efeitos econômicos e geração de empregos dos parques tecnológicos”, afirmou o secretário. Segundo ele, o inovalink vai ajudar a embasar o impacto das políticas públicas em incubadoras, aceleradoras de negócios e empresas atendidas por esses ambientes de inovação.
Mapeamento
O gerente nacional de Inovação do Sebrae, Paulo Renato Macedo Cabral, reforçou que os dados dão condições de promover chamadas públicas de inovação e ajudar na construção de políticas públicas. "Tenho certeza que quando essa plataforma estiver preenchida irá fazer uma diferença enorme. Precisamos avançar na economia da inovação. Precisa mostrar que a cada um real que se coloca nesse ecossistema, ele transborda para o Brasil”, ressaltou.
Pesquisadora do núcleo de tecnologias de gestão da Universidade Federal de Viçosa, Adriana Faria detalhou o funcionamento e a importância da plataforma desenvolvida pelo grupo de pesquisa da UFV. "Nesse primeiro momento estamos identificando todas as incubadoras e aceleradoras e já são 250 mapeadas. Agora, no segundo momento, vamos mapear as empresas vinculadas a elas. A expectativa é que sejam mais de 30 mil”, apontou.
O inovalink também vai disponibilizar relatórios que abordam temas como pesquisa e desenvolvimento de modelos de referência, baseados em análise estatística e diagnóstico sobre sistemas de gestão, governança e negócios das incubadoras, aceleradoras e parques tecnológicos.
O presidente da Anprotec e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Chico Saboya, reforçou a necessidade de dados robustos que retratem a força do ecossistema de inovação do país.
Acesse a plataforma em inovalink.org -
- 01/11/2023 - Maior reator de fusão nuclear do mundo é ligadoFonte: Inovação Tecnológica
Maior reator de fusão do mundo
Engenheiros japoneses deram a partida no maior reator de fusão nuclear do mundo - e ele permanecerá com esse título até o término do projeto internacional ITER.
A geração do plasma dentro do tokamak JT-60SA está longe de significar que ele já seja capaz de produzir energia, mas ligá-lo é o primeiro passo essencial, e simbolicamente importante o suficiente para que a equipe marcasse sua inauguração, que deverá acontecer em 10 de Dezembro próximo.
O JT-60SA é basicamente uma máquina de pesquisa e desenvolvimento, um reator experimental, só que de um porte não alcançado até hoje. A máquina de quatro andares de altura foi projetada para conter um plasma aquecido a 200 milhões de graus Celsius por cerca de 100 segundos, muito mais tempo do que todos os tokamaks já construídos.
Mas chegar a esta marca deverá levar alguns anos. O grande desafio dos reatores de fusão do tipo tokamak está justamente na contenção do plasma dentro de campos magnéticos, já que esse gás ionizado é quente o suficiente para derreter as paredes do reator se a contenção magnética não funcionar.
Assim, o plasma é gerado aos poucos, começando por alguns microssegundos, seguido por extensas análises técnicas dos dados, até que haja confiabilidade técnica suficiente para se tentar manter o plasma ativo por mais tempo.
Laboratório
Como se trata de um laboratório, o reator permitirá que os físicos estudem o plasma e seu comportamento, sobretudo sua insistência em escapar das contenções. O que eles aprenderem será utilizado no ITER, do qual o Japão também é signatário.
Mas o JT-60SA não é apenas uma miniatura do ITER - ele tem 15,5 metros de altura, metade do reator internacional. Há uma diferença marcante de projeto, já que o JT-60SA usará apenas hidrogênio e seu isótopo deutério, e não trítio (ou trício). O trítio, uma terceira forma de hidrogênio, é difícil de produzir e, pior de tudo, é radioativa. Ainda assim, o trítio é considerado a opção mais eficiente para a produção de energia por fusão nuclear, por isso ele foi a escolha de combustível para o ITER.
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- 25/10/2023 - IPEN lamenta morte do engenheiro casabranquense Guto ZanchettaFonte: Jornal do Parabrisa
É com profundo pesar que o IPEN informa a passagem do engenheiro de produção Antônio Augusto Zanchetta na tarde de 21 de outubro de 2023, em São Paulo.
Aos 70 anos, completados em abril deste ano, Zanchetta atuava desde seu ingresso no Instituto, em novembro de 1980, no Serviço de Operações de Aceleradores de Aceleradores Ciclotron (SEOAC), atualmente vinculados ao Centro de Radiofarmácia (CECRF).
Formado pela Universidade Santa Cecília (UNISANTA) e com especialização, Zanchetta participou ativamente das instalações e operação dos aceleradores de partículas Cyclone-30 e Cyclone-18.
Os equipamentos são utilizados para a produção de radioisótopos e radiofármacos utilizados para realização de diagnóstico em Medicina Nuclear.
Em 2019, ocasião em que as atividades de Radiofarmácia no IPEN completaram 60 anos, Zanchetta , um dos profissionais com mais tempo de atuação na área, foi homenageado junto aos demais colegas de trabalho.
O IPEN se solidariza com a família e amigos pela ausência sentida de Zanchetta, ser humano generoso, profissional dedicado que tinha sempre a sensibilidade de dizer a palavra certa para estimular seus companheiros de trabalho na superação dos desafios apresentados.
Ele foi sepultado no município de Casa Branca, SP, no dia 22/10/23. Deixa a esposa Evânia Buzato Custódio Zanchetta e os filhos Antônio Augusto, Marcelo e as irmãs Ana Maria, Marili, sobrinhos e demais familiares. -
- 24/10/2023 - CNEN presente em assinatura de Memorando de Entendimento pelo fortalecimento da área nuclearFonte: CNEN
O presidente da CNEN, Francisco Rondinelli Jr., esteve presente, no dia 23 de outubro, na cerimônia de assinatura do Memorando de Entendimento (MoU) entre a Secretaria de Energia e Economia do Mar do Estado do Rio de Janeiro (Seenemar) e a Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), realizada no Palácio Guanabara, Rio de Janeiro, voltado a firmar colaboração entre as duas instituições para fortalecer o ambiente de negócios e a oferta de energia.
O evento reuniu presidentes da Eletronuclear, Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Nuclebrás Equipamentos Pesados S. A. (Nuclep), Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (Amazul), entre outros dirigentes, representantes políticos, parlamentares e gestores da área nuclear. O presidente da Frente Parlamentar Mista de Tecnologia e Atividades Nucleares, deputado federal Júlio Lopes (PP-RJ) participou da solenidade. Pela CNEN, também esteve presente o Diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear Alessandro Facure.
O Estado do Rio de Janeiro concentra a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis, além de atividades industriais, instituições do setor, a sede da CNEN, e duas de suas unidades técnico-científicas, o Instituto de Engenharia Nuclear (IEN) e o Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD).
Também possuem relevância no setor a Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM), os Estaleiros e a Base Naval que constituem a infraestrutura industrial de apoio ao Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), além de empresas privadas atuantes na cadeia produtiva.
O presidente da Aben John Forman ressaltou a presença de diversas entidades juntas pelo nuclear e afirmou que a assinatura do documento tem grande importância no cenário atual. "É uma oportunidade para a indústria do Rio de Janeiro se preparar para esse momento”.
O secretário estadual de Energia e Economia do Mar do Rio, Hugo Leal, afirmou que, na atualidade, a demanda global pela transição energética e pela descarbonização evidencia o papel essencial da energia nuclear, uma energia limpa que também traz novos componentes e tecnologias, como os reatores modulares. "Somos parceiros importantes para aproximar essa temática nuclear da sociedade; as pessoas precisam entender a força dessa energia”, afirmou.
Os presidentes das entidades do setor nuclear anunciaram alguns de seus resultados de destaque e projetos em curso e reafirmaram o compromisso com os avanços econômicos e sociais para o Estado, com geração de emprego e renda, fazendo frente ao combate aos impactos ambientais e à mudança climática.
Rondinelli destacou que estão sendo desenvolvidas diversas iniciativas no país pela CNEN, como o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), que proporcionará a autossuficiência na produção de radioisótopos e grande desenvolvimento para a medicina nuclear no país, entre outros projetos estruturantes da autarquia.
"Além do importante papel no licenciamento, temos as aplicações da tecnologia nuclear na indústria, no meio ambiente, na saúde, na agricultura, na conservação de bens de patrimônio histórico. Em praticamente todos os setores encontramos uma aplicação da energia nuclear. A CNEN trabalha para entregar os melhores produtos e processos para a sociedade”, concluiu o dirigente.
Por meio do MoU entre a Seenemar e a Aben será possível estabelecer ações voltadas a desenvolver, acompanhar e identificar demandas da área nuclear.
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- 23/10/2023 - CNEN avança no RMB com workshop para equipe da TRACTEBEL, empresa contratada para consultoria ao planejamento da implantação do projetoFonte: CNEN
Com o objetivo de proporcionar uma compreensão detalhada do projeto Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), abordando suas características e especificidades, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) promove, a partir desta segunda-feira, 23, um workshop para 16 profissionais da TRACTEBEL, empresa contratada para prestar serviços de consultoria para planejamento da implantação do empreendimento. O evento será realizado ao longo da semana, no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN), na Cidade Universitária, em São Paulo.
O RMB, projeto estruturante do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), coordenado e executado pela CNEN, é o maior empreendimento para a área nuclear do país, na atualidade. De acordo com Patrícia Pagetti, coordenadora técnica do RMB, os profissionais da TRACTEBEL possuem expertise em gerenciamento de projetos de grande vulto na área nuclear, além de dominarem diversas disciplinas técnicas fundamentais para o sucesso do RMB, que será construído no município de Iperó, a 127 quilômetros da capital paulista.
Durante o workshop, a equipe da TRACTEBEL terá a oportunidade de se aprofundar nas características e especificidades do projeto, a partir das apresentações da equipe de coordenação do RMB/CNEN, ao longo da semana. "A ideia é que eles se familiarizem com o projeto do RMB e conheçam todas as características e especificidades da planta. Além disso, o evento proporcionará um espaço para discussões estratégicas e o desenvolvimento de planos detalhados para as próximas etapas de implantação do empreendimento”, acrescenta Pagetti.
Visando a uma interação mais direta entre os profissionais da TRACTEBEL Engie e da CNEN, ao longo da execução do contrato, a coordenação do RMB disponibilizou um escritório de apoio à empresa nas instalações do IPEN/CNEN. "Este workshop promete ser um marco na preparação da equipe da TRACTEBEL para um papel importante no apoio ao planejamento e detalhamento da implantação do RMB, mais um passo em direção a um futuro promissor no setor de tecnologia nuclear”, afirma José Augusto Perrotta, que coordenou o projeto ao longo de14 anos.
O contrato entre a Fundação Pátria e a empresa TRACTEBEL, para apoio à CNEN na elaboração de Plano Estratégico de Gestão de Engenharia para Implantação do Empreendimento RMB – uma das principais metas do Convênio Finep RMB172 – foi firmado em 21 de setembro de 2023, quando também foi realizado, no IPEN/CNEN, o kick off meeting(reunião inicial) entre a coordenação do RMB/CNEN e os gerentes de projeto da Tractebel.
Entre os serviços que serão desenvolvidos nesse contrato, que tem duração de nove meses, estão a definição do modelo de organização para implantação do RMB, o estudo do inventário atual de documentação do projeto, o detalhamento do cronograma de execução da obra, o respectivo planejamento orçamentário detalhado, o escopo de contratação das empresas executoras, assim como os modelos e critérios de seleção e de contrato das mesmas, a estrutura organizacional necessária, incluindo recursos humanos, as ferramentas para a gestão do empreendimento e as licenças, permissões e autorizações.
"Prioridade nacional”
O Convênio Finep RMB172 foi assinado em dezembro de 2022, entre a Finep, a Fundação Pátria e a CNEN (Convênio Finep/PATRIA/CNEN 01.22.0592.00). Espécie de "guarda-chuva” para os demais contratos que viabilizarão o empreendimento RMB, o Finep RMB172 tem o valor total de R$ 172,13 milhões, e o prazo para execução é de 36 meses. Os recursos são oriundos da fonte "Ações Transversais”, e serão desembolsados no período de2022 a 2024, correspondente à atual fase de implantação do projeto, contemplando as metas a serem cumpridas pela CNEN.
Conforme detalhou Pagetti, estão planejadas, também, a execução de serviço inicial de terraplenagem, a construção da ponte sobre o Ribeirão do Ferro e a execução de planos ambientais associados às obras iniciais de infraestrutura.
Embora o Convênio Finep RMB172tenha sido firmado em 2022, foi neste ano, após a mudança de governo, que o RMB passou a ser considerado prioritário para o MCTI. Em todos os pronunciamentos sobre projetos e desafios de sua pasta, a ministra Luciana Santos tem destacado o papel estratégico do RMB. No último dia 6, ela participou da assinatura do Memorando de Entendimento (MoU), entre os presidentes da CNEN e da CNEA — Comissão de Energia Atômica da Argentina (CNEA), em Buenos Aires.
O documento foi assinado por Francisco Rondinelli Júnior, pela CNEN, e Adriana Serquis, pela CNEA. "O governo brasileiro e o MCTI abraçaram o RMB, que é estratégico para o avanço do setor nuclear no país”, disse Rondinelli. O MoU estabelece possibilidade de parceria com a empresa de engenharia que executou o projeto da planta argentina no projeto da planta de processamento de radioisótopos que será construída no RMB.
"Esta ação está associada à meta de elaboração do Projeto Detalhado de Engenharia do Laboratório de Processamento de Radioisótopos (Prédio N04) do convênio Finep RMB172”, explica Pagetti. Entre outras finalidades, o RMB vai garantir ao Brasil autossuficiência em insumos para a produção de radiofármacos, usados no diagnóstico e tratamento de diversas doenças. "Mas sua importância vai muito além”, observa Pagetti, acrescentando que "o RMB não é um apenas o projeto de um reator, é um novo instituto de tecnologia nuclear, com pesquisa, ensino e inovação”.
Apoio da Amazul
Ainda no âmbito do Finep RMB172, no último dia 17 foi firmado um contrato entre a Fundação Pátria e a empresa Amazul visando à prestação de serviço de engenharia para apoio à CNEN no cumprimento de algumas das metas estabelecidas em 2022, no Finep RMB172.O kick off meeting entre a coordenação do RMB/CNEN e os representantes da AMAZUL foi realizado na última sexta-feira, 20, no IPEN/CNEN.
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- 23/10/2023 - Hidrogel produzido por cientistas da Unesp e da Unifesp melhorou a cicatrização de feridas diabéticasApós 14 dias, as feridas dos animais tratados com o hidrogel contendo AnxA12-26 estavam completamente cicatrizadas
Após 14 dias, as feridas dos animais tratados com o hidrogel contendo AnxA12-26 estavam completamente cicatrizadas
Fonte: Agência FapespJulia MoióliPesquisadores brasileiros desenvolveram um hidrogel de baixo custo com ação anti-inflamatória que poderá, no futuro, ajudar a tratar feridas crônicas na pele, como as que costumam acometer pessoas com diabetes. Resultados promissores de testes em animais foram divulgados na revista Biomedicine & Pharmacotherapy.De acordo com a Federação Internacional de Diabetes, o Brasil é o sexto país em número de pessoas com a doença, que atingiu proporções epidêmicas e se tornou a quinta causa de morte no mundo. São 17,7 milhões de indivíduos sofrendo diariamente com as alterações metabólicas causadas pelo comprometimento da secreção e ação da insulina, como nefro e neuropatias e dificuldades na cicatrização de feridas. Estima-se que um entre cinco pacientes com diabetes possa desenvolver feridas crônicas, como a úlcera do pé diabético.Em pessoas saudáveis, lesões cutâneas são imediatamente seguidas de uma sequência de eventos que levam à cicatrização: o sangramento é controlado pela agregação plaquetária, proporcionando uma estrutura de suporte para a fixação e proliferação celular, ocorre formação de novos vasos sanguíneos e deposição de colágeno. Para quem sofre de diabetes, no entanto, o processo é muito mais complicado. A hiperglicemia aumenta a produção de substâncias derivadas do oxigênio (oxidantes) e, ao contrário da cicatrização normal, as feridas diabéticas são caracterizadas principalmente pela resposta inflamatória exacerbada e o processo da formação de vasos sanguíneos prejudicado.Recentemente, hidrogéis biológicos têm sido empregados com sucesso para acelerar o processo de cicatrização de feridas por conta do ambiente úmido e estéril que proporcionam. No trabalho apoiado pela FAPESP (projetos 19/19949-7, 16/02012-4 e 15/12411-0) e conduzido durante o doutorado de Monielle Sant'Ana Leal, pesquisadores das universidades Estadual Paulista (Unesp) e Federal de São Paulo (Unifesp) desenvolveram uma fórmula à base da proteína anexina A1, cujo envolvimento na regulação da inflamação e da proliferação celular já havia sido comprovado em estudos prévios do mesmo grupo. No artigo mais recente, o grupo descreve que o tratamento pode modular o microambiente da lesão, favorecendo a regeneração do tecido.O efeito do hidrogel contendo AnxA12-26 (os aminoácidos que vão do número dois ao 26 na cadeia de peptídeos que forma a proteína) foi avaliado em testes com camundongos que tiveram um quadro semelhante ao do diabetes tipo 1 induzido. Observou-se nos animais uma diminuição de células inflamatórias três dias após a indução das lesões. Após 14 dias, as feridas já estavam completamente cicatrizadas. A título de comparação, os animais que não passaram por nenhum tratamento e que receberam aplicação apenas do hidrogel apresentaram as características comuns da fase aguda da inflamação, com lesões mais intensas no terceiro dia.Análises mostraram que o tratamento promoveu melhora na regeneração tecidual pela proliferação de queratinócitos (células com papel fundamental na restauração da homeostase da pele), redução de macrófagos (células-chave no processo de cicatrização) e aumento do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF, que induz o crescimento de vasos sanguíneos).Já um ensaio de citotoxicidade in vitro (feito para avaliar como as células da pele reagem ao material) assegurou a biocompatibilidade do produto, sugerindo a segurança para aplicação tópica."Nosso hidrogel é altamente absorvente, mantém o meio úmido ideal para a cicatrização e mostra eficiência para levar ao processo de cicatrização completa da lesão, com redução de tempo de cicatrização, inclusive”, afirma Sonia Maria Oliani, pesquisadora do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce-Unesp) e coordenadora do estudo. "Trata-se de uma opção eficaz e que pode ampliar o arsenal terapêutico para o tratamento de feridas diabéticas.”EconomiaOutras vantagens do hidrogel desenvolvido pelos pesquisadores paulistas são a facilidade de produção e o baixo custo – este último é um fator fundamental a ser considerado, uma vez que os gastos médicos anuais com diabetes na América do Sul e Central ultrapassam US$ 65,3 bilhões.O produto também tem potencial para ser usado com outras finalidades. No momento, os pesquisadores testam seu efeito no tratamento de lesões na mucosa bucal. -
- 19/10/2023 - Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) é tema de diálogo na SNCTEmpreendimento vai ajudar o país a ser autossuficiente na produção de fármacos
Empreendimento vai ajudar o país a ser autossuficiente na produção de fármacos
Fonte: MCTI
O futuro da energia nuclear brasileira foi tema do painel "Diálogos Científicos” na 20ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, nesta quarta-feira (18), em Brasília. O debate, realizado pela Secretaria de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social (SETAD), contou com a presença de representantes da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
O consultor da CNEN professor José Augusto Perrotta apresentou para uma plateia de professores universitários e técnicos das áreas o projeto do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), que no futuro será um dos mais importantes centros de pesquisa de tecnologia nuclear no país e para a produção de fármacos.
Perrota destacou a importância de propagar o trabalho realizado pelo CNEN e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) sobre a energia nuclear. "Nosso trabalho é pegar esse conhecimento sobre ciência nuclear e transformá-lo em tecnologia. O que a gente faz é entender a ciência e transformar em tecnologia para aplicação para a sociedade, para melhorar a qualidade de vida da sociedade”, disse.
O RMB vai trazer a autossuficiência do Brasil para produção dos radioisótopos. "Sendo que a maior parte desses radioisótopos são fornecidos e usados como insumo para radiofármacos usados na medicina nuclear. Este é o grande objetivo social desse reator”, explicou a coordenadora técnica do RMB e assessora de Pesquisa do CNEN, Patrícia Pagetti.
De acordo a coordenadora, além da aplicação na medicina, a segunda função do reator brasileiro é para ser usado na aplicação estratégica e desenvolver novos materiais, como novos combustíveis para reatores. "A terceira função é ter um grande laboratório de feixe de nêutrons e vários laboratórios associados para desenvolver pesquisas científicas e desenvolver novas tecnologias. Isso traz um grande avanço para a área nuclear no país”, enfatizou a representante do CNEN.
Patrícia também enfatizou a necessidade de colocar em debate o que o Brasil tem feito com relação às tecnologias em energia nuclear. "Qualquer discussão nessa área mostrando as aplicações sociais e estratégicas da energia nuclear são pacíficas. A gente tem cada vez mais que divulgar o que é a tecnologia nuclear e todas as aplicações que trazem tantos benefícios para a sociedade”, completou.
Acordo com a Argentina– No início do mês de outubro, a ministra Luciana Santos, assinou, em Buenos Aires, um acordo de cooperação com Argentina para a implantação do Reator Multipropósito Brasileiro na cidade de Iperó (SP). A parceria facilitará a construção do RMB, segundo explica Patrícia. "Esse acordo foi feito para que uma empresa argentina, que tem muita experiência em projetos de reatores, possa ajudar no avanço da construção do RMB”, disse.
Além da planta de produção de radioisótopos, a parceria envolve projetos conjuntos de pesquisa e desenvolvimento e ações que beneficiarão toda a cadeia produtiva da indústria nuclear nos dois países.