Clipping de Notícias
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- 27/11/2019 - Quer salvar a Amazônia? Aposte na Energia NuclearFonte: Gazeta do Povo"Por mais que a Organização das Nações Unidas, a União Europeia e diferentes governos e ONGs lutem para mudar o perfil da produção global de energia, em busca de fontes menos poluentes, a verdade é que a conta ainda não fecha: o mundo continua dependendo de carvão e gás, que emitem gases causadores do efeito estufa. E não é por falta de alternativas.As células fotovoltaicas que geram eletricidade a partir do Sol surgiram nos anos 1950. As primeiras usinas eólicas de larga escala começaram a operar no início da década de 1990. Décadas se passaram, e, mesmo assim, 38% da energia consumida pela humanidade continua vindo da queima de carvão — a Agência Internacional de Energia (IEA) prevê que, daqui a duas décadas, os combustíveis fósseis, em especial carvão e gás, ainda vão fornecer a maior parte da energia (até porque a demanda global vai aumentar).Enquanto isso, as fontes renováveis (hídrica, solar e eólica), somadas, não passam de 23% do total. Em parte, elas não emplacaram porque não são nada baratas: um estudo do Massachusetts Institute of Technology (MIT) publicado em 2018 indica que basear toda a economia nesses três recursos seria financeiramente inviável. Como salvar o planeta das emissões, se a demanda por energia vai continuar aumentando e as fontes limpas tradicionais não estão dando conta do recado?Existe uma resposta, e ela não está no Sol ou no vento. As usinas nucleares são a mais eficiente e a mais segura forma de geração de energia que a humanidade já inventou. Ainda assim, ela só responde por 10% do total de geração de energia do planeta. Esse percentual precisa aumentar. Se querem mesmo salvar a Amazônia e evitar o aquecimento global, os ecologistas deveriam estar protestando a favor das usinas atômicas, e não contra.Tentativa de retomadaHouve um momento, entre os anos 1960 e 1970, em que as usinas nucleares pareciam estar a caminho de se tornar a fonte padrão de energia do planeta. Afinal, o processo de fissão de átomos estava bem conhecido e controlado. Usinas nucleares não dependem dos ventos, do sol ou da criação de grandes reservatórios de água (caso das usinas hidrelétricas), nem emitem gases poluentes como o gás e o carvão. Um reator atômico pode ser construído em praticamente qualquer ponto do planeta e gerar eletricidade por décadas – as usinas costumam ser construídas para durar no mínimo 40 anos.Mas então vieram os acidentes da usina americana de Three Mile Island, em 1979, e da russa Chernobyl, em 1986. O primeiro incidente deixou claro para o mundo que havia, sim, riscos na produção de eletricidade a partir dos átomos de urânio. O segundo lançou uma nuvem radioativa na direção da Europa.Desde então, o número de usinas nucleares no mundo começou a despencar. São raros os países que baseiam sua matriz energética nesse tipo de instalação, sendo a França e o Japão duas exceções notáveis. Ainda assim, depois do acidente de Fukushima, em 2011, o governo japonês prometeu abandonar totalmente essa fonte de energia até 2030. A Alemanha, que por muito tempo apostou na energia gerada pela fissão de átomos, segue pelo mesmo caminho — logo depois do acidente na costa japonesa, o governo local mandou desligar metade de seus reatores.Atualmente, existem 451 usinas nucleares em operação em 30 países, além de 50 em construção, sendo 21 na China. Há outros 100 projetos em fase adiantada de tramitação. Os Estados Unidos mantêm 97 reatores ativos, a França 58, a China 45, o Japão 37 e a Rússia, 36.Entre os americanos, a construção de reatores alcançou o auge nos anos 1970, decaiu com os acidentes famosos, foi retomada no início deste século e reduzida novamente após Fukushima. Boa parte das usinas do país está perto da data de desativação e só existe, em todo o território norte-americano, uma única obra do tipo em construção. Nos últimos anos, movimentos antienergia atômica conseguiram acelerar a desativação de diferentes usinas em estados como Wisconsin, Vermont, Flórida, Nebraska e California.O número de instalações em construção é pouco expressivo: no pico da inauguração de novos projetos, em 1975, foram lançados 48 projetos de novos reatores em apenas um ano. Acontece que o mercado ainda sofre com as resistências que surgem a cada vez que um acidente acontece.Ainda assim, apesar dos contratempos e ciente de sua importância estratégica, o setor pretende triplicar o número de instalações nucleares até 2050, de forma a alcançar a geração de 25% da demanda mundial por eletricidade. Além dos chineses, os russos se mostram dispostos a investir nesse mercado. A estatal russa de energia nuclear Rosatom estima que, até 2030, as centrais nucleares do país vão impedir a liberação de 711 milhões de toneladas de CO2.Amplas vantagensOs acidentes nucleares geram comoção porque provocam o vazamento de radiação, assim como quedas de avião matam centenas de uma só vez e por isso causam grande impacto na opinião pública. Mas a verdade é que essas usinas são tão seguras quanto viajar por companhias aéreas. Nos Estados Unidos, por exemplo, nem uma única pessoa morreu em decorrência de incidentes com usinas nucleares.Diferentemente das usinas eólica e solar, seus reatores operam 24 horas por dia, sete dias por semana. Trabalhar dentro delas é infinitamente mais seguro do que numa mina de carvão, por exemplo.Depois de construídos, reatores nucleares demandam pouca manutenção e, por isso, geram eletricidade a um custo mais baixo do que usinas movidas a vento ou luz do Sol — cuja oferta, no mundo inteiro, ainda é altamente subsidiada. Elas também ocupam muito menos espaço do que, por exemplo, uma usina hidrelétrica. Como podem ser construídos em qualquer lugar, os reatores nucleares reduzem os custos com linhas e estações de transmissão e distribuição.A interrupção no ritmo de construção de usinas nucleares nos anos 1970 trouxe graves prejuízos para o setor e para o planeta, estima Peter Lang, da Universidade Nacional da Austrália. Em estudo sobre o assunto publicado em 2017, ele estimou: "Se as antigas taxas [de construção] tivessem continuado, a energia de fonte nuclear custaria hoje cerca de 10% do preço atual. A energia gerada por essa fonte poderia ter substituído de 69 mil a 186 mil TWh de energia gerada por carvão e gás, dessa forma evitando 9,5 milhões de mortes e a emissão de 174 Gt de emissões de CO2”.Na comparação com o impacto provocado por outras fontes de eletricidade, "as usinas nucleares são as menos impactantes, ou seja, as mais limpas”, afirma o físico Ítalo Curcio, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie. "As fontes hidrelétricas provocam impacto ambiental de diversas formas. Na inundação do terreno e a intervenção na corrente do rio, por exemplo, alteram toda a fauna e flora da região, incluindo alterações no índice pluviométrico”, afirma."As usinas eólicas, embora sejam menos impactantes que as hidrelétricas e as termoelétricas, provocam ruído e, para seu alto rendimento, possuem os ‘cataventos’ instalados de forma estratégica nas regiões onde o deslocamento de ar ocorre com maior velocidade. Isto interfere nas rotas migratórias de pássaros, além de provocar sons que incomodam certos animais”, continua. Já as usinas solares, diz ele, "além de ocuparem grandes áreas de terreno, em alguns casos desmatadas, o material utilizado nas células fotovoltaicas pode contaminar seriamente o local onde será descartado, depois de seu uso, se não for adequadamente acondicionado”.Verdes a favorPor todos esses motivos, parte da militância ambientalista vem migrando do ataque para a defesa das usinas nucleares. Nomes do porte do pesquisador da Nasa e militante contra o aquecimento global James Hansen, do guru ambientalista Stewart Brand e do ativista James Hansen vêm se posicionando a favor dos átomos como a solução mais viável que a humanidade tem à mão se quiser mesmo abandonar a dependência do carvão e do gás. E mais: em seu livro A Vingança de Gaia, de 2006, o pai do ambientalismo, o cientista britânico James Lovelock, argumentava a favor da expansão rápida da energia nuclear.Outros ativistas deveriam segui-los, disseram 65 cientistas britânicos numa carta aberta aos críticos das usinas nucleares. No texto, eles lembram que a quantidade de urânio equivalente a uma bola de golfe é capaz de fornecer toda a energia elétrica de que uma pessoa precisa ao longo de toda a vida.Além disso, um grupo de senadores americanos composto por personalidades republicanas e democratas, lançou um manifesto pela retomada das usinas nucleares no país. E algumas empresas procuram novos projetos para os reatores — a NuScale, de Oregon, por exemplo, trabalha no desenvolvimento de usinas menores, projetadas para atuar em complemento com projetos de geração eólica e solar. Outras dezenas de startups trabalham, neste momento, em outras soluções criativas utilizando energia atômica.Esse tipo de iniciativa indica que os Estados Unidos podem estar repensando seus temores a respeito da energia nuclear. Enquanto isso, outros locais do mundo, especialmente na Ásia, apostam pesado nos átomos como solução. São países que já perceberam (ou estão percebendo) que esta é a melhor alternativa para as próximas décadas." -
- 27/11/2019 - R$ 0,14 por km: Nissan e IPEN trabalham em híbrido a etanol supereconômicoDesenvolver um carro elétrico que não precise ser carregado na tomada é o objetivo do projeto tecnológico lançado pela Nissan em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). As duas partes assinaram o acordo de cooperação nesta terça-feira (26), em São Paulo, e divulgaram maiores detalhes sobre a novidade.
Desenvolver um carro elétrico que não precise ser carregado na tomada é o objetivo do projeto tecnológico lançado pela Nissan em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). As duas partes assinaram o acordo de cooperação nesta terça-feira (26), em São Paulo, e divulgaram maiores detalhes sobre a novidade.
Fonte: Site Tecmundo
André Luiz Dias Gonçalves, Nexperts
Segundo a montadora japonesa, a ideia é utilizar o etanol para abastecer carros híbridos equipados com célula de combustível, em substituição ao hidrogênio pressurizado, usado atualmente. A tecnologia, chamada Célula de Combustível de Óxido Sólido (SOFC), é inédita no mercado automobilístico.O uso desta tecnologia combinado com os motores elétricos e o seu sistema de bateria garantem uma autonomia de no mínimo 600 km, conforme a Nissan, abastecendo o veículo com apenas 30 litros de bioetanol. Em locais onde este tipo de combustível é bastante difundido, como o Brasil, os veículos elétricos não encontrariam dificuldade para recarregar.
Considerando o preço médio de R$ 2,9 por litro de Etanol no Paraná, por exemplo, um carro com a tecnologia da Nissa gastaria apenas R$ 0,14 por quilômetro, ou ainda 20 km por litro de etanol.
Além de oferecer uma nova alternativa para o mercado de carros híbridos, a montadora também quer usar a parceria com o IPEN para transformar o modo como os veículos são integrados na sociedade, tentando viabilizar a introdução do sistema em carros de passeio.
Como funciona o sistema SOFC da Nissan
A tecnologia SOFC da marca asiática se baseia na reação química de vários combustíveis com o oxigênio para produzir hidrogênio e depois eletricidade. Bastante eficiente, o sistema funciona com etanol ou etanol misturado à água, além de ser totalmente limpo, contribuindo para preservar o meio ambiente.
Entre 2016 e 2017 a Nissan realizou testes utilizando dois veículos equipados com a tecnologia, as vans e-NV200, que se adaptaram facilmente ao uso cotidiano do país, segundo a montadora.
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- 26/11/2019 - Evento aborda desafios de falar de ciência na era digitalFonte: Zero Hora
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O primeiro evento da série de debates "#PapoemRede", organizada pela Rede Brasileira de Jornalistas e Comunicadores de Ciência, debaterá os desafios de falar sobre ciência na era digital.O evento busca discutir quais são as vantagens, oportunidades e dificuldades para o jornalismo e divulgação científica em um cenário dominado pela redes sociais e fake news.
O debate ocorre na próxima sexta-feira (29), às 9h, no auditório Rômulo Ribeiro Pieroni Ipen (av. Dr. Lineu Prestes, 2.242, Butantã), em São Paulo. O ingresso custa R$ 7,50.
O evento terá transmissões nas páginas da RedeComCiência no Facebook e no Instagram.
Programação:
9h45 Dois anos de RedeComCiência: o que fizemos até agora e o que ainda vamos fazer, com André Biernath, presidente da RedeComCiência
10h15 Mesa redonda A divulgação da ciência na era dos meios digitais, com Iberê Thenório, do canal Manual do Mundo, Laura Freitas e Ana Bonassa, do canal Nunca Vi 1 Cientista e Gabriel Alves, da Folha de S.Paulo, com mediação de Ana Paula Artaxo, do Ipen
11h15 Conferência Como falar de ciência para o grande público?, com Álvaro Pereira Junior, da Globo
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- 26/11/2019 - Nissan e Ipen fazem parceria para desenvolvimento do uso de etanol em carros à célula de combustívelOs estudos começaram em 2016 pela Nissan do Brasil e sua matriz japonesa e já foram realizados testes com um protótipo
Os estudos começaram em 2016 pela Nissan do Brasil e sua matriz japonesa e já foram realizados testes com um protótipo
Fonte: Portal Terra
Cleide Silva
A Nissan e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), ligado à USP, assinaram nesta tarde, 25, convênio para a segunda fase do projeto de desenvolvimento do uso do etanol em automóveis movidos à célula de combustível. Inédito no mundo, o sistema permitirá que o próprio combustível da cana gere a energia para a célula, sem necessidade de carregar na tomada, tornando mais viável a chegada de carros elétricos do País.
Os estudos começaram em 2016 pela Nissan do Brasil e sua matriz japonesa e já foram realizados testes com um protótipo, de veículo que comprovou a viabilidade do uso do bioetanol (etanol de segunda geração). "Agora o objetivo é trabalhar na redução do tamanho dos equipamentos, no aumento do desempenho e na redução de custos para que a tecnologia seja disseminada", explicou Wilson Calvo, diretor do Ipen.
Além de ser uma tecnologia com praticamente zero emissão de poluentes pelos veículos, ela é mais fácil de ser adotada pois o país já dispõe de ampla rede de postos de abastecimento de combustíveis, enquanto o sistema de carregadores de baterias ainda não está disponível em larga escala.Segundo Marco Silva, presidente da Nissan do Brasil, o Ipen foi escolhido pela matriz do grupo para tocar essa nova fase do projeto por já trabalhar, há cerca de 15 anos, com estudos visando o uso do etanol em células de combustível. "É um projeto de grande interesse do País por se encaixar na nossa matriz energética", afirma. "Além disso, o conhecimento das instituições brasileiras, como o Ipen, vai contribuir para uma iniciativa global da marca, que pode beneficiar não só o Brasil, mas todo o mundo."
Essa tecnologia foi um dos temas abordados no mês passado durante o Salão do Automóvel de Tóquio, no Japão, onde as empresas tradicionalmente apresentam as tecnologias futuros para o setor automobilístico. O evento de hoje ocorreu no campus do Ipen, na Cidade Universitária.
Investimento
Os dois parceiros vão investir inicialmente R$ 300 mil, mas, por ser um convênio de 60 meses, em princípio, novos aportes deverão ser aplicados na medida do necessário.
Segundo a Nissan, o projeto envolve o desenvolvimento de uma Célula de Combustível de Óxido Sólido (chamada de SOFC), que funciona por meio da energia elétrica gerada a partir da utilização do bioetanol. Pelos testes feitos até agora com o protótipo, o uso desse sistema combinado com a alta eficiência dos motores elétricos e o sistema de bateria garantem ao veículo autonomia superior a 600 km com 30 litros de etanol.
"A colaboração do Ipen será no desenvolvimento da célula de combustível a etanol de menor porte (do que o usado nos testes), mais eficiente e mais barato", afirmou Fabio Coral Fonseca, pesquisador do instituto e responsável pelo projeto. "A vantagem é transformar diretamente em eletricidade a energia de um combustível renovável e estratégico para o País para viabilizar o carro elétrico".
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- 25/11/2019 - INB avança ampliação da Usina de Enriquecimento de UrânioContrato com a Amazul para detalhamento do projeto básico e instalação de 12 cascatas ultracentrífugas permitirá o pleno atendimento de combustível para Angra I e II
Contrato com a Amazul para detalhamento do projeto básico e instalação de 12 cascatas ultracentrífugas permitirá o pleno atendimento de combustível para Angra I e II
Fonte: Canal EnergiaDa Agência CanalEnergiaA Indústrias Nucleares do Brasil – INB assinou na última sexta-feira, 22 de novembro, um contrato com a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa – Amazul para elaboração dos detalhes do projeto básico para ampliação da Usina de Enriquecimento de Urânio, localizada na Fábrica de Combustível Nuclear da INB em Resende (RJ). A implantação dessa 2ª fase contemplará três etapas, com o contrato abrangendo a Etapa 1, que consiste na instalação de 12 cascatas de ultracentrífugas. Quando a fase for concluída, aINBalcançará uma capacidade de enriquecimento de urânio que atenderá plenamente as necessidades de combustível nuclear das usinas de Angra I e Angra II.Outro marco importante para o setor acontecerá sexta-feira que vem, 29 de novembro, com a realização do evento de inauguração da 8ª cascata de ultracentrífugas, que contará com a presença de representantes do Governo Federal, da Marinha do Brasil e do setor nuclear, na INB Resende. Com a entrada em operação de mais uma cascata, a empresa aumentará em 20% a produção de urânio enriquecido no país, sendo possível produzir 60% do necessário para abastecer a Usina Nuclear de Angra 1. A 8ª cascata faz parte da 1ª fase de implantação da Usina de Urânio, prevista para ser concluída em 2021 com a instalação da 9ª e 10ª cascatas. -
- 25/11/2019 - Nissan e Ipen fazem parceria para desenvolvimento do uso de etanol em carros à célula de combustívelOs estudos começaram em 2016 pela Nissan do Brasil e sua matriz japonesa e já foram realizados testes com um protótipo
Os estudos começaram em 2016 pela Nissan do Brasil e sua matriz japonesa e já foram realizados testes com um protótipo
Fonte: O Estado de S. Paulo
Cleide Silva, O Estado de S.Paulo
A Nissan e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) assinaram nesta tarde, 25, convênio para a segunda fase do projeto de desenvolvimento do uso do etanol em automóveis movidos à célula de combustível. Inédito no mundo, o sistema permitirá que o próprio combustível da cana gere a energia para a célula, sem necessidade de carregar na tomada, tornando mais viável a chegada de carros elétricos do País.
Os estudos começaram em 2016 pela Nissan do Brasil e sua matriz japonesa e já foram realizados testes com um protótipo, de veículo que comprovou a viabilidade do uso do bioetanol (etanol de segunda geração). "Agora o objetivo é trabalhar na redução do tamanho dos equipamentos, no aumento do desempenho e na redução de custos para que a tecnologia seja disseminada”, explicou Wilson Calvo, diretor do Ipen.Além de ser uma tecnologia com praticamente zero emissão de poluentes pelos veículos, ela é mais fácil de ser adotada pois o país já dispõe de ampla rede de postos de abastecimento de combustíveis, enquanto o sistema de carregadores de baterias ainda não está disponível em larga escala.
Segundo Marco Silva, presidente da Nissan do Brasil, o Ipen foi escolhido pela matriz do grupo para tocar essa nova fase do projeto por já trabalhar, há cerca de 15 anos, com estudos visando o uso do etanol em células de combustível. "É um projeto de grande interesse do País por se encaixar na nossa matriz energética”, afirma. "Além disso, o conhecimento das instituições brasileiras, como o Ipen, vai contribuir para uma iniciativa global da marca, que pode beneficiar não só o Brasil, mas todo o mundo.”
Essa tecnologia foi um dos temas abordados no mês passado durante o Salão do Automóvel de Tóquio, no Japão, onde as empresas tradicionalmente apresentam as tecnologias futuros para o setor automobilístico. O evento de hoje ocorreu no campus do Ipen, na Cidade Universitária.
Investimento
Os dois parceiros vão investir inicialmente R$ 300 mil, mas, por ser um convênio de 60 meses, em princípio, novos aportes deverão ser aplicados na medida do necessário.
Segundo a Nissan, o projeto envolve o desenvolvimento de uma Célula de Combustível de Óxido Sólido (chamada de SOFC), que funciona por meio da energia elétrica gerada a partir da utilização do bioetanol. Pelos testes feitos até agora com o protótipo, o uso desse sistema combinado com a alta eficiência dos motores elétricos e o sistema de bateria garantem ao veículo autonomia superior a 600 km com 30 litros de etanol.
"A colaboração do Ipen será no desenvolvimento da célula de combustível a etanol de menor porte (do que o usado nos testes), mais eficiente e mais barato”, afirmou Fabio Coral Fonseca, pesquisador do instituto e responsável pelo projeto. "A vantagem é transformar diretamente em eletricidade a energia de um combustível renovável e estratégico para o País para viabilizar o carro elétrico”.
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- 21/11/2019 - Indústria nuclear defende criação de agência reguladora para o setorSegundo presidente da associação setorial, é preciso separar as atividades de regulação e fiscalização, hoje reunidas num mesmo agente
Segundo presidente da associação setorial, é preciso separar as atividades de regulação e fiscalização, hoje reunidas num mesmo agente
Fonte: Valor EconômicoPor Rodrigo Polito, Valor — RioO presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), Celso Cunha, defendeu há pouco a criação de uma agência reguladora específica para o setor nuclear. Segundo ele, a concentração das atividades de regulação e fiscalização em um único agente, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), é prejudicial ao setor."Um dos grandes nós do setor está na regulação e na fiscalização”, disse o executivo, durante cerimônia do prêmio "Reconhecimento Nuclear”, promovido pela entidade, no Rio.
"O mercado anseia por uma definição sobre a separação das funções regulatórias e de fiscalização da Cnen. A criação de uma autoridade regulatória ou uma agência forte, ágil e independente é algo aguardado por todos, inclusive pelos próprios organismos internacionais”, completou.
Ele destacou que, "com o aquecimento do mercado nuclear”, a indústria não pode ser freada pela área regulatória.
Em apresentação no evento nesta sexta-feira, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, informou a intenção do governo de duplicar a participação da energia nuclear na matriz energética brasileira.
A capacidade de energia nuclear no Brasil hoje é da ordem de 2 mil megawatts (MW). Angra 3, projeto de usina nuclear que teve as obras interrompidas em 2015 e que o governo pretende retomar em 2020, terá 1,4 mil MW.
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- 21/11/2019 - A surpreendente causa de centenas de mortes após acidente nuclear de Fukushima — não é a radiaçãoO desastre na usina nuclear em 2011 causou a liberação de contaminação radioativa e forçou a evacuação de cerca de 140 mil pessoas. O acidente também levou o governo japonês a tomar medidas drásticas que tiveram consequências inesperadas, segundo um novo estudo.
O desastre na usina nuclear em 2011 causou a liberação de contaminação radioativa e forçou a evacuação de cerca de 140 mil pessoas. O acidente também levou o governo japonês a tomar medidas drásticas que tiveram consequências inesperadas, segundo um novo estudo.
Fonte: G1
O acidente nuclear de Fukushima no Japão foi o pior desde o desastre de Chernobyl, em 1986.
Em 11 de março de 2011, um terremoto de magnitude próxima de 9 causou um tsunami com ondas de 14 metros e a água inundou a usina nuclear de Daiichi no município de Fukushima, na costa nordeste do país.
O tsunami causou danos à usina nuclear e a liberação de material radioativo.
Mas, além das vítimas diretas do acidente, uma decisão das autoridades japonesas causou mais de 1.280 mortes adicionais. E essas mortes não foram devidas à radiação, mas ao frio.
É o que os pesquisadores do IZA, o Instituto de Economia do Trabalho da Alemanha, declaram em um artigo, segundo o qual o caso de Fukushima inclui uma lição vital para governos de todo o mundo.
Princípio da precaução
O artigo é intitulado Cuidado com o Princípio da Precaução: Evidências do Acidente Nuclear de Fukushima Daiichi.
"Uma definição geralmente aceita do Princípio da Precaução é que certas atividades não devem ser realizadas se a ameaça de dano potencial não for totalmente compreendida", disse à BBC News Mundo um dos autores do artigo, Matthew Neidell, pesquisador do IZA e professor na Escola de Saúde Pública e Administração da Universidade Columbia, nos Estados Unidos.
Após o acidente nuclear em Fukushima, a mera possibilidade de um apocalipse radioativo em um país traumatizado por duas bombas nucleares levou a uma decisão drástica.
Todas as usinas nucleares japonesas, responsáveis por 30% da eletricidade consumida em todo o país, foram fechadas em pouco mais de um ano.
"Em 14 meses após o acidente, a produção de energia nuclear cessou completamente no Japão", disse Neidell.
"E essa redução na produção de energia nuclear foi compensada por um aumento na importação de combustíveis fósseis. Isso, por sua vez, levou a um aumento no preço da eletricidade de até 38% em algumas regiões."
Esse aumento de preço, de acordo com Neidell, é a chave para entender as mortes adicionais.
Mortes por frio
Neidell e seus colegas apontam que o apagão nuclear e o aumento no preço da eletricidade levaram a uma redução no consumo de eletricidade, da qual muitas pessoas dependiam para se aquecer.
Muitas pessoas passaram reduzir o uso dos sistemas de aquecimento e isso causou mortes por doenças ligadas à exposição ao frio, segundo os pesquisadores.
Entre 2012 e 2013, houve uma queda no consumo de eletricidade de até 8%, com média de 4,9% nos meses de inverno.
Os autores estabeleceram uma correlação por meio de modelos matemáticos e estimam que a cessação da energia nuclear causou até 1.280 mortes nas cidades analisadas — o grupo avaliado representa 28% da população total do Japão, portanto, o número geral seria ainda maior.
"Usamos modelos econométricos para vincular o aumento da mortalidade às mudanças nos preços da eletricidade e excluir outros fatores que poderiam ter levado a mortes adicionais", disse Neidell.
A principal lição
"Não há mortes atribuídas diretamente à exposição à radiação, mas alguns estudos falam em 130 mortes", diz o artigo.
"Também é estimado que 1.232 mortes foram resultado de evacuação após o acidente", acrescenta ele.
Neidell disse à BBC Mundo que, em apenas 4 anos, "as mortes devido ao aumento no preço da eletricidade provavelmente superaram as mortes resultantes do acidente nuclear".
"Mas os altos preços da eletricidade continuaram depois do fim do estudo, portanto, é quase certo que a interrupção da produção de energia nuclear contribuiu para mais mortes do que o próprio acidente."
O caso de Fukushima demonstra que as decisões sobre políticas de energia podem ter sérias consequências na saúde e na vida das pessoas.
"Devemos lembrar que o princípio da precaução nos leva a focar apenas nos possíveis riscos de uma ação", disse Neidell à BBC Mundo.
"Mas esse princípio não leva em conta que a alternativa, neste caso, descontinuar o uso da energia nuclear, também pode ser perigosa."
Segundo Neidell, é crucial ter em mente que "algo que abandonamos por precaução será substituído por outra opção, mas essa alternativa também tem seus próprios riscos". -
- 21/11/2019 - Evento discutirá os desafios de falar sobre ciência na era digitalOs desafios de falar sobre ciência na era digital será o tema da primeira edição do Papo em Rede, evento da Rede Brasileira de Jornalistas e Comunicadores de Ciência. A ação será no dia 29 de novembro, em São Paulo.
Os desafios de falar sobre ciência na era digital será o tema da primeira edição do Papo em Rede, evento da Rede Brasileira de Jornalistas e Comunicadores de Ciência. A ação será no dia 29 de novembro, em São Paulo.
Fonte: Portal Imprensa
Kassia Nobre
André Biernath, presidente da Rede, explica que o objetivo é discutir as vantagens, oportunidades, dificuldades e desafios para o jornalismo e a divulgação científica em tempos de redes sociais e desinformação.
"Nós pensamos em uma série de projetos de encontros informais para que pudéssemos conversar e discutir um pouco sobre o cenário brasileiro de jornalismo de ciência e da divulgação cientifica. A nossa ideia é fazer outros eventos a partir deste primeiro e que nós possamos discutir as dificuldades que a gente encontra no dia a dia. E resolvemos começar com esta questão de redes sociais e fake news”.
Biernath afirma ainda que o público-alvo não são só jornalistas que cobrem ciência.
"A gente tem como público-alvo jornalistas que cobrem ciência, jornalistas que cobrem vários assuntos, mas que vez ou outra uma pauta de ciência cai no colo dele. Também congregamos assessores de imprensa, profissionais de comunicação de instituições públicas e privadas, professores, alunos, cientistas interessados em fazer divulgação da ciência e também influenciadores digitais. A gente espera que este grupo veja a rede como um canal de suporte para que eles façam suas reportagens da melhor maneira possível”.
Confira a programação do evento9h45 – Dois anos de RedeComCiência: o que fizemos até agora e o que ainda vamos fazer (André Biernath – presidente da RedeComCiência)10h15 - Mesa redonda - A divulgação da ciência na era dos meios digitais - participação de Iberê Thenório (Manual do Mundo), Laura Freitas e Ana Bonassa (Nunca Vi 1 Cientista) e Gabriel Alves (Folha de São Paulo), com mediação de Ana Paula Artaxo (Ipen)11h15 - Conferência - Como falar de ciência para o grande público? - Álvaro Pereira Junior (Fantástico, Rede Globo).
A criação da RedeA Rede foi criada em 2018 como um grupo fechado no Facebook após jornalistas que cobrem ciência participarem da Conferência Mundial de Jornalismo de Ciência.
"Nós sentimos a falta de um grupo que representasse nosso país. Um grupo que esteja acima das redações e de nossos cargos e que nós jornalistas de ciências possamos nos reunir e discutir o que a gente está fazendo e como a gente pode melhorar. A gente tinha uma preocupação muito grande de ter uma atuação internacional maior para mostrar o trabalho que é feito aqui no Brasil. Nossas dores, dificuldades, ideias e iniciativas”, explica o presidente.
A Rede busca ainda criar uma estratégia de integração nacional para agregar jornalistas fora de São Paulo. "Nós estamos fazendo uma série de eventos e a ideia é levar workshops, palestras e debates para instituições fora de São Paulo. O primeiro modelo foi um workshop na Universidade Federal do Mato Grosso que foi um debate sobre jornalismo de ciência. Nós repetimos este evento em uma universidade de Lajeado (RS) e pretendemos levar em janeiro para Fortaleza”.
Serviço#Papo em Rede no. 1 - os desafios de falar de ciência na era digitalAuditório Romulo Ribeiro Pieroni - IPEN - São Paulo, SP29 de novembro de 2019, 09h-12h15Ingresso: R$ 7,50. -
- 16/11/2019 - Etanol é alternativa válida - artigo Fernando CalmonCarro a álcool evoluiu para flex, que ainda terá avanços em consumo e emissões por causa do Rota 2030
Carro a álcool evoluiu para flex, que ainda terá avanços em consumo e emissões por causa do Rota 2030
Fonte: O Estado de Minas
Coluna Fernando CalmonAgora em 2019 comemoram-se os 40 anos do protocolo entre o Governo Federal e a indústria automobilística que deu origem aos primeiros carros 100% movidos a álcool, cujo primeiro a receber um certificado foi um Fiat 147. Posteriormente, deu-se conta de que há quatros tipos de álcool – metanol, etanol, butanol e propanol – e no Brasil se chegou a usar uma mistura de metanol, etanol e gasolina (batizada de MEG) no início dos anos 1990, por curto período. Então se decidiu, adiante, por etanol (abreviado pela letra E) como nome correto. A sigla usada no mundo passou a ser E100 (puro) e E85, E27 ou E10 para indicar o percentual de sua mistura com a gasolina.
Durante a 19ª Conferência Internacional Datagro, no fim do mês passado em São Paulo, foi anunciado outro marco de grande importância. Em 24 de dezembro de 2019 começa a embalar o programa Renovabio com a regulamentação dos créditos de descarbonização (captura de CO2 ou gás carbônico precursor de aquecimento da atmosfera e mudanças climáticas).
Conhecidos pela sigla CBio e precificados em bolsa de valores, estes créditos comercializáveis estimularão as usinas de etanol a produzir de forma mais eficiente, focadas na descarbonização e boas práticas de balanço energético e ambiental. Em médio prazo o CBio poderá tornar mais competitivo o preço do combustível verde ante a gasolina.
Por outro lado, em razão do programa Rota 2030 também surgirão progressos nos motores flex quanto à economia de combustível e menores emissões. Há metas rígidas de redução de poluentes controláveis e do próprio CO2. No futuro, motores híbridos otimizados para 100% de etanol de cana (neutro em carbono no ciclo de vida) poderão ser alternativa aos elétricos a bateria no Brasil.
Há outra possibilidade. Pilhas a hidrogênio geram eletricidade para carros elétricos. A partir de etanol no tanque de combustível, sem mudar nada da infraestrutura de abastecimento, um reformador a bordo transforma o combustível vegetal em hidrogênio. No fim deste mês, a Nissan assinará convênio com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) da Universidade de São Paulo. O grande avanço é eliminar o reformador e o Ipen não só aceitou o desafio como terá apoio da marca japonesa.
Tração elétrica continua a ser tanto solução quanto problema, neste caso pelo alto preço e outros desafios das baterias, inclusive de infraestrutura de recarga e origem nem sempre limpa da eletricidade. Agora mesmo a Alemanha decidiu aumentar os subsídios para carros elétricos até 2025. Ao mesmo tempo em que isso foi saudado pela indústria e por ambientalistas, desnuda outra realidade: os consumidores não vinham mostrando interesse firme, pois incertezas continuam.
Comprar um automóvel pelo dobro do preço é decisão difícil em qualquer lugar. De outro lado, ninguém garante que os atuais impostos pesados sobre combustíveis não serão transferidos depois para as tarifas de eletricidade, com impacto sobre custo total de propriedade. A manutenção de um elétrico é, de fato, bem mais baixa, porém a substituição ou reforma das baterias depois de 8 a 10 anos de uso teria de cair muito de preço para não anular a economia esperada.ALTA RODA
OUTUBRO - foi mês de boas vendas no mercado interno, mas no acumulado do ano está ligeiramente abaixo da previsão da Anfavea, que espera crescimento de 9,1% em 2019 sobre 2018. Segundo a entidade, há razões para esperar crescimento também em 2020. Já é possível encontrar crédito com juros de 10% a 12% ao ano (padrão, 19%) para os melhores clientes.
ERRO - de calibração levou à detonação e daí à pré-ignição, ocasionando ruptura de pistão, biela e bloco, seguida de forte vazamento de óleo e incêndio em unidade do novo Onix Plus no Maranhão. Recall começa no dia 18 de novembro envolvendo todos os veículos em circulação e em estoque. Antes da nova geração do Onix sedã a GM não produzia motores turbo no Brasil.
HYUNDAI HB20 - sedã, na versão de topo Diamond Plus, mostrou importante subida de nível geral nesta segunda geração. Motor turbo 1-litro, 3-cilindros tem ótimas respostas e baixo nível de ruído e vibração. Melhorou muito o espaço no banco traseiro. É o primeiro carro nacional com frenagem autônoma emergencial. Acabamento de boa qualidade inclui até maçanetas cromadas.
STATION CLUBMAN e crossover Countryman, da grife John Cooper Works, são produtos de alto desempenho da britânica Mini. Ambos têm motor turbo de 306 cv e tração 4x4. Interior encanta pela originalidade e bancos bem projetados. Embora o crossover (R$ 239.990) deva vender mais que a station (R$ 219.990), esta impressiona por extraordinária rapidez em curvas.
QUANDO aprovado no Congresso em até 120 dias, o brasileiro não pagará mais o seguro obrigatório DPVAT. Indenizações de baixo valor, fraudes recorrentes e descontrole administrativo da Seguradora Líder levaram o sistema ao descrédito. Todo motorista deve se preocupar agora com seguro próprio a favor de terceiros. Haverá grande concorrência entre seguradoras. -
- 11/11/2019 - Brasil vê agência nuclear como trampolim para adesão à OCDEFonte: Reuters
BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil está considerando ingressar na Agência de Energia Nuclear (NEA, na sigla em inglês), órgão especializado da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o que poderia servir como um trampolim para a adesão no clube das nações ricas, segundo o chefe da NEA.O diretor-geral da NEA, William Magwood, disse que a associação à agência, que agrupa 33 países com 85% da capacidade de energia nuclear do mundo, é direta e baseada no interesse mútuo em compartilhar tecnologia nuclear de ponta.
"A associação pode acontecer muito rapidamente e isso significa que é um trampolim muito prático para a adesão à OCDE”, afirmou Magwood em entrevista na sexta-feira.
Ele disse que a Coreia do Sul usou esse caminho na década de 1970 e, mais recentemente, a Argentina ingressou na agência em 2017, com a intenção de ajudar sua candidatura pendente à OCDE.
"Eles certamente estão falando sobre isso, é algo que o governo brasileiro está analisando”, declarou Magwood no final de uma visita ao Brasil durante a qual ele esteve na usina Angra 3, ainda inacabada.O Brasil esperava se unir à OCDE rapidamente com o apoio que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ofereceu ao presidente Jair Bolsonaro em março. Em outubro, no entanto, Trump disse que a Argentina tinha o apoio dos EUA para se juntar primeiro ao órgão.
PEQUENO É BOM
Magwood disse que o Brasil estava fazendo a coisa certa ao concluir sua terceira usina nuclear, Angra 3, na costa sul do Rio de Janeiro, apesar do preço para concluir o trabalho, estimado em cerca de 15 bilhões de reais.
A empresa estatal de energia nuclear Eletronuclear está buscando um parceiro para Angra 3 e restringiu as opções para a chinesa National Nuclear Corp (CNNC), a francesa EDF ou a russa Rosatom.
"É um investimento tão grande que faz sentido avançar e finalizar a usina, mas, além disso, o Brasil deve começar a procurar novas tecnologias”, disse Magwood.Magwood afirmou que o Brasil está certo em planejar novos reatores porque as preocupações com as mudanças climáticas exigirão energia mais limpa para o futuro, e as autoridades brasileiras com quem ele falou disseram que o país está atingindo os limites de seu potencial hidrelétrico.
Enquanto o governo estuda planos para construir mais usinas nucleares no Nordeste, seria bom estudar pequenos reatores que são mais baratos e seguros e podem ser construídos em maior número, disse ele. -
- 08/11/2019 - INB assina termo para medidas emergenciais em barragem de rejeitos radioativos em MGReunião para assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi em reunião nesta sexta-feira (8). Barragem de urânio, tório e rádio fica em Caldas.
Reunião para assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi em reunião nesta sexta-feira (8). Barragem de urânio, tório e rádio fica em Caldas.
Fonte: G1
Por EPTV 1 — Pouso Alegre, MG
O presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB) assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público Federal (MPF). A assinatura foi em uma reunião na manhã desta sexta-feira (8), na sede da Procuradoria da República em Pouso Alegre (MG).
No acordo, foram propostas medidas emergenciais para efetivar o Plano de Segurança da barragem da empresa na cidade de Caldas (MG). Além disso, foi previsto o Plano de Ação Emergencial. Ambos eram cobrados pelo MPF, que queria a garantia da segurança da barragem.
A reunião teve a participação dos procuradores da República Lucas de Moraes Gualtieri, Gabriela Saraiva Vicente, além do presidente da INB, Carlos Freire Moreira. O acordo tem prazo de dois anos e pode ser prorrogado.
A empresa deve entregar relatórios sobre o andamento das medidas, que têm prazos definidos. A INB alega que, antes da assinatura do TAC, já iniciou ações como o treinamento de equipes, o aprimoramento de sistemas de monitoramento e reuniões com Defesa Civil e autoridades.
A empresa Indústrias Nucleares do Brasil é responsável por uma unidade de minério em Caldas, onde há uma barragem de rejeitos com aproximadamente 2 milhões de metros cúbicos de urânio, tório e rádio. Recentemente, uma obra foi feita para um novo sistema extravasor da barragem.
A obra fez parte de um plano emergencial recomendado pelo MPF após uma consultoria da Universidade de Ouro Preto (Ufop) que constatou infiltrações e riscos de ruptura. Em março, a INB entregou um plano emergencial de segurança.
Além da barragem de rejeitos, a área da INB tem a Barragem de Águas Claras, de tamanho maior.
Em caso de rompimento, além de afetar diretamente os moradores da região, as duas barragens atingiriam rios.
No início de 2019, procuradores do Ministério Público Federal visitaram a barragem. Na época, foi feito um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para adequar a estrutura à Política Nacional de Segurança das Barragens.
No entanto, faltava a INB providenciar mudanças, como a instalação de sirenes e a digitalização, que vai permitir o acompanhamento em tempo real da situação da barragem. -
- 07/11/2019 - Eletronuclear solicita à CNEN extensão de vida útil de Angra 1Fonte: Eletronuclear
A Eletronuclear, empresa estatal que controla as usinas da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), em Angra dos Reis (RJ), solicitou formalmente à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) a extensão de vida útil de Angra 1, de 40 para 60 anos. A documentação com o pedido foi entregue pelo presidente da empresa, Leonam dos Santos Guimarães, na tarde desta quinta-feira (7/11) na sede da CNEN, no Rio de Janeiro.
Angra 1 entrou em operação em 1985. Seus 40 anos de atividade, portanto, se completam no ano de 2024. Conforme Leonam, o pedido de extensão ocorre agora porque "havia um compromisso da Eletronuclear de fazer esta solicitação cinco anos antes do vencimento da licença operacional”. A Chefe de Gabinete da CNEN, Cássia Helena Pereira Lima, representando o presidente da instituição, Paulo Roberto Pertusi, afirmou que "a CNEN se empenhará para que o processo de análise do pedido ocorra dentro do prazo adequado, mas com foco na segurança, radioproteção e no extremo rigor técnico”.
O titular da Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear (DRS) da CNEN, Ricardo Fraga Gutterres, foi quem recebeu a documentação, em formato digital, das mãos de Leonam Guimarães. Para Gutterres, a Eletronuclear e a DRS/CNEN exercem funções claramente distintas no setor nuclear, mas "as reuniões realizadas entre técnicos das duas instituições podem colaborar para troca de informações nos processos críticos da Central Nuclear”. Ele acredita que o pedido de extensão da vida útil de Angra 1 também deverá contar com esta forma de relacionamento, permitindo à CNEN uma análise bastante detalhada e rigorosa da solicitação.
Além das lideranças presentes, o ato de entrega do pedido de extensão contou com considerável parcela do corpo técnico de ambas as instituições. O engenheiro Jefferson Borges Araújo, diretor da unidade da CNEN em Angra dos Reis, explica que as usinas nucleares brasileiras, seguindo um padrão dos Estados Unidos, foram licenciadas para operar por 40 anos. Conforme o padrão norte-americano adotado no Brasil, o pedido de extensão de vida útil deve ser feito cinco anos antes do fim da licença de operação. Entre os vários itens que serão analisados na solicitação, estão o Programa de Gestão de Envelhecimento (PGE) e também procedimentos relacionados à gestão do conhecimento e à obsolescência. Angra 2, que ainda tem um prazo mais amplo de sua vida útil inicialmente licenciada, já iniciou estudos para implementar um Programa Integrado de Gestão do Envelhecimento de Sistemas, Estruturas e Componentes.
De acordo com Jefferson Borges, as extensões de vida útil de reatores nucleares vêm ocorrendo no mundo todo e foram possíveis por dois fatores principais. Um deles é o avanço tecnológico, o que permitiu que novos materiais e técnicas sustentassem a segurança das usinas por um tempo maior que o inicialmente projetado. Também pesa na decisão de estender a vida útil o fato de os padrões de segurança adotados inicialmente serem tão rigorosos que permitam uma ampliação do prazo de operação licenciado.
Os Estados Unidos, por exemplo, já realizaram extensão de operação para mais de 70 usinas nucleares, nas quais a vida útil passou, na maioria dos casos, de 40 para 60 anos. Naquele país, já foram iniciados estudos que podem estender a operação das usinas para até 80 anos. Procedimentos de extensão de vida útil de reatores nucleares também ocorreram na França e na República Checa, entre outros países. -
- 07/11/2019 - Partido Verde alemão aprova moção para fim de acordo nuclear com o BrasilBancada da sigla pleiteia que Alemanha encerre pacto bilateral em vigor há 44 anos. Com Bolsonaro no poder, verdes veem clima favorável para que medida seja aprovada no Parlamento alemão.
Bancada da sigla pleiteia que Alemanha encerre pacto bilateral em vigor há 44 anos. Com Bolsonaro no poder, verdes veem clima favorável para que medida seja aprovada no Parlamento alemão.
Fonte: DWA bancada do Partido Verde alemãoaprovou nesta terça-feira (05/11) uma moção para a saída da Alemanha do vigente acordo nuclear bilateralcom o Brasil, que será apresentada ao Bundestag, oParlamento alemão. Em vigor desde 1975, a cooperação serviu de base para a construção das usinas nucleares de Angra dos Reis. A decisão sobre o encerramento unilateral da parceira deverá ser analisada pelos deputados na próxima semana.
Esta é a segunda vez que os verdes tentam encerrar o Acordo Nuclear Brasil-Alemanha. Uma iniciativa semelhante apresentada em 2014 fracassou. A deputada Sylvia Kotting-Uhl, que é presidente da comissão parlamentar para Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear, avalia que o momento atual é favorável para a aprovação da moção.
"A situação no Brasil mudou. Há um novo presidente, que rapidamente mostrou que não adota padrões ambientais e de direitos humanos semelhantes aos da Alemanha. Isso significa que, do ponto de vista alemão, a situação piorou muito", afirma Kotting-Uhl, que está liderando a inciativa ao lado do deputado Jürgen Trittin, que faz parte da comissão parlamentar para o Exterior.
De acordo com Kotting-Uhl, a manutenção do acordo com o Brasil também contradiz a decisão da Alemanha de abandonar a energia nuclear até 2022. Anunciado pela chanceler federal Angela Merkel em 2011, o desligamento de todas usinas nucleares no país foi uma reação ao desastre de Fukushima.
Na nova moção sobre o acordocom o Brasil, os parlamentares destacam que a decisão alemã de abandonar a energia nuclear tem como objetivoproteger a sociedade dos riscos e que, por isso, o governo alemão deveria seguir esse princípio em outros países.
"Quando solicitamos o encerramento do acordo, há cinco anos, o governo alemão argumentou que precisava dele para ter influência sobre os padrões de segurança que seriam usados, por exemplo, na construção de Angra 3. Esse acordo, no entanto, não contribuiu para que houvesse essa influência. Nem o governo alemão nem a sociedade alemã tiveram acesso a informações sobre os padrões de segurança desse projeto", destaca Kotting-Uhl.
Em vigor há 44 anos e negociado durante o regime militar, o acordo previa a construção de oito usinas nucleares no Brasil, em parceria com empresas alemãs, além do desenvolvimento de uma indústria teuto-brasileira para a fabricação de componentes e combustível para os reatores.
Com vigência inicial de 15 anos, o pacto prevê a prorrogação por períodos de cinco anos, caso nenhuma das partes o cancele. Até agora, ele já foi estendido seis vezes.
Do papel, porém, saíram apenas duas usinas, a Angra 1 e 2. Angra 3está em construção há 35 anos, e as obras estão paralisadas desde 2015 devido a um escândalo de corrupção. Já foram gastos quase 10 bilhões de reais no projeto, e para finalizá-lo serão necessários mais 15 bilhões de reais. A conclusão da usina é uma das prioridades do governo de Jair Bolsonaro.
Na justificativa para o fim do Acordo Nuclear Brasil-Alemanha, o Partido Verde destaca que a parceria não contribuiu para melhorar a segurança nas usinas de Angra, que foram construídas numa região de risco de deslizamento de terra e sem proteção satisfatória para o caso de acidentes ou catástrofes. Além disso,Angra 3 está sendo construída com uma tecnologia ultrapassada, argumentam os verdes.
O documento ressalta também as precárias condições ambientais e de segurança na exploração de urânio no Brasil, citando um relatório da ONG francesa Comissão de Pesquisa Independente e Informação sobre Radioatividade (CRIIRAD) que mostrou os impactos negativos para a saúde de moradores das regiões de minas de urânio no país.
A moção destaca que cada país é soberano para decidir sobre suas fontes de energia, mas pontua que, num mundo globalizado, nenhuma nação toma decisões sem levar em consideração desenvolvimentos de outros países e sem debates com outros governos.
Como exemplo, citao desmatamento e os recentes incêndios na Amazônia, que levaram a Alemanha a suspender, em agosto deste ano, o financiamento de projetos para a proteção da floresta diante a "inação" do governo brasileiro.
Os verdes argumentam ainda que o Brasil pretender não apenas ampliar massivamente o uso da energia nuclear, mas também alcançar o domínio de todo o ciclo do combustível nuclear, o que possibilitaria a construção de uma bomba atômica. O texto aponta que opaís tem ainda a intenção de construir submarinos nucleares e se recusa há anos a assinar um protocolo adicional ao Tratado de Não Proliferação Nuclear da Agência Internacional de Energia Atômica.
"Com a saída do acordo nuclear, a Alemanha pode enviar um sinal de que não apoia o caminho nuclear brasileiro. Tal procedimento não seria excepcional, pois em 2007, por exemplo, o governo alemão encerrou um acordo semelhante com o Irã", diz o texto.
A moção argumenta que o fim unilateral do acordo não impactaria a cooperação e a troca de informações técnicas no setor entre os países, estabelecidas num outro tratado, de 1978.
Além do encerramento do acordo em 17 de novembro, a moção pede o fortalecimento da cooperação entre os países nos setores de energia renovável, com a adoção de novos tratados nesta área, e a proibição da exportação de bens que poderiam ser utilizados na construção de um submarino nuclear.
Parlamento dará palavra final
A moção deve ser analisada na próxima quarta-feira pelas comissões de Economia e Meio Ambiente do Parlamento alemão e até sexta-feira deve ser discutida no plenário.
Para ser aprovado, o documento precisa dos votos da maioria dos 709 deputados. Atualmente, o Partido Verde possui 67 cadeiras;contra as 246 da União Democrata Cristã (CDU) e de seu partido-irmão, a União Social Cristã (CSU);as 152 do Partido Social-Democrata (SPD);as 91 da Alternativa para a Alemanha (AfD);as 80 do Partido Liberal Democrático (FDP);e as 69 da legenda A Esquerda, além de 4 deputados independentes.
Na primeira vez que osverdes apresentam uma moção pedindo o encerramento do acordo com o Brasil, em 2014, a iniciativa contou com o apoio da legenda A Esquerda, mas fracassou diante da oposição dos partidos governistas, CDU/CSU e SPD.
Na época, o Parlamento alemão era menos fragmentado, composto apenas pelos verdes, social-democratas, pela união entre cristão-democratas e social-cristãos e pela esquerda. O Brasil era governado pelapresidente Dilma Rousseff, cujo partido, o PT, mantém há décadas uma relação de proximidade com o SPD. Diante do desejo brasileiro de manter o acordo, era muito pouco provável que o SPDaprovasse o fim do pacto.
O clima atual é mais favorável para a iniciativa dos verdes. A coalizão de governo anda fragilizada desde as recentes eleições regionais, nas quais CDU e SPD sofreram derrotas e perderam parte de seu eleitorado para os populistas de direita. Soma-se a isso a insatisfação de muitos social-democratas diante da manutenção da coalizão com o partido de Merkel.
No Brasil, desde que assumiu o poder,o presidente Jair Bolsonarovem arrancando críticas internacionais, particularmente em relação à proteção do meio ambiente,e já trocou farpas com Merkel.
"Precisamos da maioria e, para isso, do apoio do governo alemão ou de um dos partidos governistas. Tenho esperança, pois o governo alemão já reagiu de maneira semelhante no caso das queimadas da Amazônia. Por isso, esse caso pode resultar numa reação devido à mudança de postura em relação à energia nuclear que ocorre com Bolsonaro", opina Kotting-Uhl.
A contribuição da energia nuclear para a matriz energética brasileira é ínfima. As duas usinas em funcionamento são responsáveis por 1,13% da energia gerada no país, de acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
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- 06/11/2019 - Ex-funcionários de indústria nuclear de SP pedem indenização na Justiça por problemas de saúdeEles alegam que ficaram doentes porque foram expostos à radiação; Nuclemon ficava Zona Sul da capital.
Eles alegam que ficaram doentes porque foram expostos à radiação; Nuclemon ficava Zona Sul da capital.
Fonte: G1
Por Luiza Vaz e Luiz Fernando Toledo, SP1— São Paulo
Ex-funcionários da Nuclemon, uma indústria nuclear que funcionava na Zona Sul de São Paulo, estão pedindo na Justiça uma indenização por problemas de saúde. A empresa já fechou há mais de 20 anos, mas eles alegam que ficaram doentes porque foram expostos à radiação.
Na terça-feira (5) aconteceu a primeira audiência do caso, e o Ministério Público decidiu entrar como parte do processo para também cobrar indenização da empresa.
A empresa era estatal e começou a operar nos anos de 1940, no Brooklin, Zona Sul da capital paulista. Entre outras atividades, processava um tipo de areia para a retirada de tório e urânio - dois elementos químicos radioativos. Só que como a Nuclemon surgiu antes mesmo da legislação que regula esse tipo de trabalho, acredita-se que ex-funcionários tenham sido expostos à radiação.
Por mais de 20 anos, Venâncio Alves foi um dos funcionários da Nuclemon. Em entrevista ao SP1, ele disse que não era orientado sobre o tipo de material que manuseava na empresa. "A gente demorou para perceber porque a gente não sabia", afirmou. "Depois eles começaram a explicar que tal setor era radioativo, tinha um pouquinho de radiação, mas não fazia mal nenhum, que não era para ter medo."De acordo com Venâncio, não havia equipamento de segurança. Eles usavam um macacão como uniforme. A situação começou a mudar com o acidente com o Césio 137, em Goiânia, em 1987. As notícias sobre os efeitos da radiação se espalharam e os funcionários ligaram o alerta.
"Depois que eles começaram a medir com dosímetro e tal e a gente viu que tinha algo errado. Tinha um representante que passava medindo a radiação e aí nós começamos a perceber, mas depois de muitos anos", diz o ex-funcionário Eliseu Faustino Alves.
"Eu me sinto enganado. a gente foi enganado por uma monte de gente. pessoal que sabia do que se tratava aquilo ali", diz Venâncio.
A Indústria Nuclear do Brasil (INB), responsável pela Nuclemon, disse que a empresa oferecia proteção aos operários mas que, naquela época, muitas das tecnologias ainda estavam sendo desenvolvidas. A empresa falou que, após o fechamento, a Nuclemon encaminhou os trabalhadores para monitoramento em institutos especializados, e que vai prestar os esclarecimentos necessários à Justiça.
Funcionários tiveram câncer
Em 1991, Ministério Público, médicos e especialistas fizeram uma vistoria na empresa e constataram inúmeras irregularidades. Parte dos funcionários foi submetida a exames detalhados, e a doutora Vera foi quem cuidou disso na época.
"Na época nós fizemos uma avaliação completa de todos os trabalhadores que vieram até aqui que foram 160 trabalhadores e foi feito hemograma, exames físicos completos, vários deles tinham leucopenia e também tivemos acessos a exames feitos na época de medidas de urânio e tório na urina e nas fezes e medidas de corpo inteiro de radioatividade e vários trabalhadores tinham exames alterados inclusive trabalhadores do setor administrativo”, afirma a pneumologista e médica do trabalho Maria Vera Cruz de Oliveira.
De acordo com a médica. a radiação não fica restrita ao ambiente.
"Ela ultrapassa, claro, as paredes. Muitas vezes ela está ali no ambiente. ela sai pelas janelas, então a população do entorno tinha exposição também e essa provavelmente é uma das razões para o fechamento da empresa no prazo de 3 anos”, afirma a médica.
Resíduo radioativo
O processo de fechamento foi delicado e monitorado de perto pelas autoridades. Em 1993, o prédio onde funcionava a Nuclemon foi demolido e, após várias análises, o local foi liberado para uso. Atualmente há um condomínio residencial no endereço. Já os resíduos da atividade da empresa foram transferidos para um terreno em Interlagos.A região bastante movimentada com condomínios, indústrias e empresas. Dentro de um galpão está o material que veio da Nuclemon. É um resíduo radioativo.
A área é cercada e há alertas sobre o risco de radiação. Mas, segundo especialistas, se o material estiver armazenado da maneira correta, não oferece perigo a quem vive lá."Moro há bastante tempo aqui e me preocupa porque não sei se estão fazendo algum tratamento, se tem alguma coisa acontecendo", afirma o morador Vagner Cardoso.
O físico especialista na gestão de rejeitos radioativos Roberto Vicente garante que não há motivo pra preocupação.
"Não há qualquer risco para quem viva nas imediações, vizinho àquele terreno, não há risco por causa da radiação. Os materiais estão contidos, embaladas, e os níveis de radiação fora do deposito estão tão baixos quanto os que a gente observa no ambiente por causa da radioatividade natural”, afirma.
Além dos resíduos, a principal herança da Nuclemon está na vida dos ex-funcionários. Alguns ainda fazem acompanhamento médico, com a mesma Doutora Vera.
"Agora no momento nós temos em torno de 100 trabalhadores que continuam em acompanhamento ativo, que ainda vem nas consultas, mas em particular nos temos um grupo de 65 trabalhadores que periodicamente estão aqui e o que chama a atenção é que um terço deles desenvolveu câncer. câncer de várias localizações. Felizmente muitos deles já se trataram, mas infelizmente alguns vieram a morrer por causa desses tumores que eles apresentaram”, diz ela.Os ex-funcionários entraram na Justiça contra a empresa INB, responsável pela Nuclemon. Eles pedem indenização por danos morais e assistência médica vitalícia.
"Espero que um dia a gente consiga alguma coisa, o que muitos coitados não esperavam e já foi tudo. e nós estamos na luta para ver o que vai acontecer conosco”, diz o ex-funcionário José Pereira Gomes.
Para assistir ao vídeo,clicar no link
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- 06/11/2019 - Alunos do CDTN vencem Olimpíada Nuclear 2019 da WNUEquipe brasileira apresentou avaliação da aceitação e conhecimento da população brasileira sobre a ciência e tecnologia nuclear
Equipe brasileira apresentou avaliação da aceitação e conhecimento da população brasileira sobre a ciência e tecnologia nuclear
Fonte: CDTN
Na última sexta-feira (01), a equipe de estudantes do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) venceu a Olimpíada Nuclear 2019, organizada pela World Nuclear University (WNU) em Viena, na Áustria. O grupo é liderado por Vitor Fernandes de Almeida (mestrando/PGCDTN) é formado pelas alunas Anna Flavia Peluso (Iniciação Científica/CDTN), Edilaine da Silva (mestranda/PGCDTN), Luciana Ribeiro (doutoranda/PGCDTN),Nathalia Medeiros (Iniciação Científica/CDTN)e, foi supervisionado pelo professor Amir Zacarias Mesquita, ao abordar o desconhecimento da população brasileira sobre os temas da tecnologia nuclear e uso de radiação.
A Olimpíada Nuclear 2019 da WNU é apoiada pela Agência Internacional de Energia Atômica. A competição teve quatro fases, e contou com a participação de 20 times de todas as partes do mundo. Entre os finalistas estavam uma segunda equipe brasileira de alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, uma equipe estadunidense e outra chinesa.Na primeira fase da competição internacional os participantes foram desafiados a submeter um vídeo sobre algum aspecto de tecnologia da radiação. A fase 2 foi feita a partir de entrevistas orais que testavam os conhecimentos de tecnologias da radiação, habilidades comunicativas e motivações da equipe. Já a terceira fase consiste em um relatório sobre os resultados de uma pesquisa pública, realizada pelos participantes.
O vídeo intitulado "Usos da radiação em nossas vidas!” (Uses of Radiation in Our Lives!) enviado pela equipe para concorrer na primeira fase da competição abordou como a radiação é temida pelas pessoas e como isso se dá, principalmente, pela falta de informação sobre o assunto. O material produzido pela equipe está disponível no Youtube.
Já o relatório "Avaliação da aceitação e conhecimento da população brasileira em ciência e tecnologia nuclear” (Evaluation of the acceptance and knowledge of the Brazilian population on nuclear science and technology), produzido pela equipe, apontou dados sobre o conhecimento dos brasileiros em relação a tecnologias nucleares, dentre elas a dos radiofármacos, através de uma pesquisa feita pela equipe. De acordo com os resultados das pesquisas, 39% dos brasileiros entrevistados tinham pouco ou nenhum conhecimento sobre radiofármacos, e isso se deve, principalmente, ao fato de 77% dos participantes da pesquisa alegarem nunca terem feito procedimentos que utilizam dessa tecnologia.
Foram nove meses de trabalho da equipe vencedora. Para o líder do grupo de estudantes, o mestrando do Programa de Pós-Graduação do CDTN Vitor Fernandes de Almeida, a experiência foi de grande aprendizado. Para ele, vencer a Olimpíada Nuclear 2019 e mostrar os resultados internacionalmente só reforçam a importância do tema. "Sabemos que atualmente a comunicação ficou facilitada devido à Internet. Por outro lado, a quantidade de informações incorretas apenas se intensificou e muitos brasileiros não possuem o conhecimento básico sobre os usos das radiações em nossa sociedade. No nosso relatório, fomos capazes de concluir que o conhecimento público sobre os usos dia radiação está diretamente relacionado com o grau de aceitação da área. Foram 348 entrevistas realizadas pelo grupo, que resultaram na oportunidade de evidenciar a importância de uma comunicação clara, objetiva e de fácil compreensão”, relata Almeida.
O professor Amir Mesquita, que supervisionou o trabalho, conta que os alunos foram bem-sucedidos em todas as etapas. Ao serem informados que estariam na final, na Áustria, os estudantes iniciaram uma vaquinha virtual para obter o recurso para toda equipe estar presente, uma vez que a organizadora WNU garantia apenas a presença do líder do grupo e do supervisor. Em diálogo com a Eletrobras Eletronuclear, A estadia das demais quatro integrantes foi viabilizada graças ao apoio da Eletronuclear. Mesquita externalizou seus agradecimentos ao professor Fernando Lameiras, coordenador do Programa de Pós-Graduação do CDTN; ao diretor do CDTN, Luiz Carlos Ladeira; e ao presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães.
Na ocasião, o diretor do CDTN, Luiz Ladeira, manifestou sua satisfação com a vitória da equipe, e aproveitou a oportunidade para reiterar o apoio institucional para eventos dessa natureza.
Com o objetivo de abordar a comunicação pública eficaz em ciência e tecnologia nuclear, a Olímpiada Nuclear da WNU é uma oportunidade internacional para estudantes demonstrarem seus conhecimentos e habilidades em relação as aplicações das tecnologias nucleares no cotidiano, como forma de melhorar a qualidade de vida das pessoas. A WNU é uma rede mundial de instituições de ensino e pesquisa envolvidas em usos pacíficos da energia nuclear.
Os trabalhos foram julgados por um time de experts de diferentes nacionalidades. Os vencedores serão contemplados com um curso de curta duração da WNU, "The World Nuclear Industry Today".
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- 04/11/2019 - Fim do monopólio do urânio beneficiará 'setor em ebulição' no Brasil, diz especialistaO interesse dos chineses de explorar urânio no Brasil, e a sinalização do governo de quebrar o monopólio nuclear, são boas notícias para um "setor aquecido e que precisa de parceiros", segundo analista ouvido pela Sputnik Brasil.
O interesse dos chineses de explorar urânio no Brasil, e a sinalização do governo de quebrar o monopólio nuclear, são boas notícias para um "setor aquecido e que precisa de parceiros", segundo analista ouvido pela Sputnik Brasil.
Fonte: SputnikDurante a viagem do presidente Jair Bolsonaro à Ásia e ao Oriente Médio, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse em Pequim que autoridades chinesas demonstraram intenção em participar da exploração do minério no Brasil, hoje sob monopólio das Indústrias Nucleares do Brasil (INB).
Para o presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), o engenheiro Celso Cunha, essa possibilidade representaria a geração de muitos recursos para o país.
"O Brasil hoje está em verdadeira ebulição no sentido em que o setor nuclear está aquecido, está se movimentando, e precisa de muitos parceiros. Não só chineses, mas russos, americanos, franceses, precisamos de todos", disse o especialista.
O mercado chinês demonstra potencial. A energia nuclear representa 8% da matriz energética do país, e o governo quer elevar essa participação para 25%.
"A China, nesse momento, está construindo 12 usinas nucleares. É muito importante ter esse parceria", opinou Cunha.
O especialista frisou que o "Brasil é a sétima maior reserva de urânio do mundo", ao passo que "só foram estudados um terço do território nacional". O engenheiro explicou ainda que em alguns casos é permitida a exploração do urânio ao lado de empresas privadas.
Legislação permite Parcerias Público-Privadas em alguns casos
"Atualmente, a legislação existente permite uma Parceria Público-Privada em uma mina em que o urânio existe em menor quantidade do que outros minérios", afirmou. Um exemplo é a mina de Santa Quitéria, no Ceará.
Mas de acordo com o engenheiro, é preciso quebrar o monopólio, ou pelo menos flexibilizar ainda mais as leis, para permitir a exploração de outros países e empresas nos casos em que o urânio é o minério mais abundante.
"Quem controla todas essas lavras são as Indústrias Nucleares Brasileiras, que domina todo esse processo, que poucos países do mundo dominam, o enriquecimento do urânio", disse Cunha, que apesar de defender a abertura do mercado, faz uma ressalva.
'Minério debaixo da terra não vale nada'
"Você tem que determinar o que é sua reserva estratégica, ou seja, aquilo que você não quer vender, porque você precisa para nossas usinas, daquilo que quer vender e transformar em recursos para o país. O minério debaixo da terra não serve para nada", afirmou.
Para ser usado como combustível nos reatores das usinas nucleares, o urânio passa por uma série de processos, até se tornar uma espécie de pastilha, o chamado enriquecimento do minério. "A INB produz urânio enriquecido a até 5% em peso do isótopo 235 para a fabricação dos combustíveis que abastecem as usinas Angra 1 e Angra 2 e, no futuro, também Angra 3", informa o site da entidade.
Para o presidente da ABDAN, o ambiente é favorável para uma mudança nas leis brasileiras. "Acredito que a quebra do monopólio possa ocorrer ano que vem. O governo está conversando com todas as partes. Os parlamentares terão a sensibilidade de entender a importância disso para o país".
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- 23/10/2019 - Nissan mostra no Japão tecnologia de etanol de 2ª geração criada no BrasilMontadora apresentou, no Salão do Automóvel da capital japonesa, projeto que permite uso de combustível de cana para gerar hidrogênio da célula de combustível
Montadora apresentou, no Salão do Automóvel da capital japonesa, projeto que permite uso de combustível de cana para gerar hidrogênio da célula de combustível
Fonte: O Estado de S. Paulo
Cleide Silva*, O Estado de S.Paulo
TÓQUIO – Em evento em que carros elétricos são a principal atração, a Nissan anunciou nesta quarta-feira, 23, em Tóquio, no Japão, que um projeto iniciado no Brasil pode ser uma nova alternativa global para o futuro dos chamados carros verdes.
O uso do etanol de segunda geração para produzir a energia de veículos movidos a célula de combustível já é visto como "comercialmente viável"pelo presidente da Nissan do Brasil, Marco Silva, embora ainda sejam necessários vários testes para confirmar sua viabilidade.
Em parceria com universidades brasileiras e engenheiros da empresa no Brasil, Estados Unidos, China e Japão, a Nissan descobriu que pode usar o etanol extraído de cana geneticamente modificada para gerar o hidrogênio da célula de combustível.
"Com isso, podemos reduzir o tamanho da bateria e aumentar sua eficiência, dispensar o reformador (equipamento que provoca a reação química necessária para gerar eletricidade) e, assim, reduzir custos", afirmou Silva em apresentação feita especialmente para jornalistas brasileiros.
Testes no Brasil
A empresa iniciou no Brasil em 2016 estudos para usar o etanol nas células de combustível, tecnologia que praticamente elimina toda a emissão de poluentes.
Agora em sua segunda fase de testes em conjunto com a Universidade de Campinas (Unicamp) e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), ligado à USP, o projeto começa a se mostrar viável comercialmente e, segundo Silva, poderá ser adotado de forma global. "Esse já não é um projeto só do Brasil."
Os testes até agora foram feitos em uma van da Nissan, a NV200, e o próximo passo será em automóveis, informa Motohisa Kanijo, engenheiro que lidera o projeto. "Acredito que esta seria a melhor solução econômica (para o carro a célula de combustível)."
Segundo ele, serão necessáriosmais cinco anos de estudos para chegar ao ponto de teste da tecnologia em automóveis. A solução, além de mais barata, dispensaria a necessidade de infraestrutura de abastecimento de hidrogênio em postos, pois todo o processo de geração de energia ocorreria dentro da própria célula de combustível.
Como os projetos da indústria automobilística para reduzir emissões de poluentes envolvem diferentes tipos de tecnologias, a Nissan apresenta no Salão do Automóvel de Tóquio o protótipo Ariya, o primeiro utilitário esportivo (SUV) elétrico da marca que em breve chegará ao mercado.
A Honda também mostra seu primeiro automóvel 100% elétrico, o Honda-e, que será produzido no Japão a partir de 2020, assim como scooters também movidas a eletricidade.
Preocupação com a economia
Outra novidade da Honda é a nova geração do Fit, que chega ao Japão em versões híbrida e a gasolina. O Fit é o único modelo da mostra que virá para o Brasil, em data ainda não revelada. "Isso ocorrerá no momento certo", limita-se a dizer o presidente mundial do grupo, Takahiro Hachigo. Apostas são de que o novo modelo chegue ao País em 2021, na versão flex.
O executivo afirma ser "uma preocupação" para o grupo o fato de a economia brasileira não estar crescendo. Por outro lado, ele espera que a melhora nas vendas de automóveis "continue por um longo tempo".
Tradicionalmente um evento para mostrar tecnologias futuristas, o salão de Tóquio deste ano está mais voltado às tecnologias de combustíveis limpos e a maioria dos expositores apresentam produtos nessa linha, seja carro elétrico, híbrido e a célula de combustível.
Veículos autônomos, vedetes do salão anterior, em 2017, estão nos estandes mas sem o mesmo destaque dos elétricos. "Os autônomos começarão a chegar para usos específicos, mas ainda estão longe do dia a dia do consumidor, enquanto os elétricos já são uma realidade", justifica Silva.
*A JORNALISTA VIAGOU A CONVITE DA ANFAVEA
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- 23/10/2019 - Em clima de otimismo, INAC entra em seu terceiro dia debatendo novos projetos nucleares do PaísFonte:Petronotícias
A International Nuclear Atlantic Conference (INAC) está entrando hoje (22) em seu terceiro dia, em Santos (SP), já com um saldo bastante positivo. Além da extensa agenda de debates nos primeiros dias do congresso, outras importantes discussões vão acontecer, conforme explica a chair da INAC, Alice Cunha da Silva (ao centro, na foto ao lado). "Teremos pela primeira vez na INAC um debate sobre o papel da mulher no setor nuclear. Outro tema que será discutido hoje é o Repositório Nacional de Rejeitos Radioativos”, afirmou a executiva. Alice ressalta que um ponto marcante do evento tem sido o otimismo que tem dado o tom em todos os painéis, em virtude das sinalizações importantes que o governo tem anunciado nos últimos meses. Apesar das boas expectativas, Alice lembra que também existem desafios que precisam ser superados. "Um deles é a solução de Angra 3, que ainda está em processo. A questão da mineração [de urânio] também. Outro assunto é a renovação de mão de obra. Existem ainda desafios pela frente, que já estão sendo tratados nesse aprofundamento de estruturação que o setor está vivendo”, concluiu.Qual o balanço do evento até agora e o quais os assuntos debatidos até então?
A INAC foi aberta com duas mesas redondas. Uma cerimônia de abertura no início, um pouco mais rápida, com representantes do setor, autoridades dos ministérios e da Marinha, que falaram do cenário positivo do setor nuclear e da relevância do evento.
Em seguida, tivemos uma mesa redonda com o presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan), Celso Cunha, junto com os presidentes de organizações nucleares do Brasil e da Argentina. Eles estão bem otimistas sobre o futuro da energia nuclear no Brasil. A Nucleoeléctrica Argentina SA (NA-SA) falou sobre extensão de vida das plantas nucleares na Argentina. Eles já passaram por esse processo, e agora o Brasil passará também pela extensão de vida de Angra 1.
Então, o sentimento comum entre os participantes é de otimismo?
Sim. Dentro da cerimônia de abertura, o ponto importante foi a perspectiva das autoridades presentes. Na minha fala, eu ressaltei que apesar desses aspectos positivos que estamos tendo agora, ainda existem muitos desafios pela frente e isso foi reforçado por outros participantes da mesa.
Na segunda mesa de abertura, foram mencionados mais detalhes dos projetos prioritários da Eletronuclear, como a Unidade de Armazenamento a Seco (UAS), a extensão de vida de Angra 1, Angra 3 e novas plantas. Foi um ponto comum, entre todos, as perspectivas de que a tecnologia nuclear será parte do nosso futuro. Estão muito otimistas, apesar dos muitos desafios pela frente.
Que desafios são esses?
Um deles é a solução de Angra 3, que ainda está em processo. A questão da mineração [de urânio] também. Outro tema é a renovação de mão de obra. Existem ainda desafios pela frente, que já estão sendo tratados nesse aprofundamento de estruturação que o setor está vivendo. Sempre que tentamos expandir ou caminhar para algo mais estruturado, os desafios surgem. Mas isso é padrão para qualquer setor.
Além dos projetos da Eletronuclear, os outros empreendimentos também foram citados?
A INAC tem vários outros eventos acontecendo simultaneamente. Esses eventos trouxeram discussões extremamente relevantes para o setor, como quebra do monopólio de radiofármacos, reatores modulares, medicina nuclear, irradiação de alimentos. Ainda vai ser falado da utilização da tecnologia nuclear para preservação de obra de artes.
Tivemos uma mesa sobre pesquisa e desenvolvimento com uma pesquisadora de um laboratório muito importante dos Estados Unidos. Na mesma mesa, um representante do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações falou da pesquisa de desenvolvimento do setor nuclear no Brasil. A INAC procura sempre trazer grandes nomes internacionais e nacionais para fazer com que a discussão seja bastante relevante, trazendo bons frutos para o setor.
Serão mais de 680 apresentações de trabalhos técnicos, entre graduação, mestrado e doutorado. É um evento bem abrangente, que abraça indústria, academia, pesquisadores, estudantes, profissionais e executivos para discutir o setor nuclear no Brasil e no mundo.
E quais serão as próximas atividades dentro da INAC?
Teremos pela primeira vez na INAC um debate sobre o papel da mulher no setor nuclear. Outro tema que será discutido hoje é o Repositório Nacional de Rejeitos Radioativos. Além disso, trouxemos estudantes de escolas públicas para conhecer um pouco mais sobre a tecnologia nuclear. Ontem, recebemos um grupo e outro estará no evento hoje (23). Também tivemos, pela primeira vez, a discussão sobre o tório durante o congresso.A INAC abrange muitas pessoas, de todos os campos da tecnologia nuclear. Ela tem essa abrangência, o que permite essa troca de conhecimento muito grande, algo muito importante para o desenvolvimento do setor.
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- 22/10/2019 - Após repercussão de reportagem, INB diz possuir compromisso com a segurança da populaçãoFonte: Agência Sertão
Após a publicação de uma reportagem da BBC News denunciar acidentes com materiais radiativas e relacionar a incidência de casos de câncer na região de Caetité à mineração de Urânio, a Indústria Nucleares do Brasil (INB) emitiu uma nota onde afirma que a empresa tem compromisso com a segurança e a população na realização de suas atividades.A empresa estatal afirma ainda na nota que compre todos as exigências ambientais e que informa todas as suas atividades aos órgãos reguladores.
A INB ressaltou mais uma vez que os municípios de Caetité e Lagoa Real estão localizados em uma província uranífera, sendo que o urânio está presente em suas águas e rochas em sua forma natural.
Por fim, a empresa ressaltou uma pesquisa realizada por especialistas da Fiotec, instituição que faz parte da Fiocruz, levantou o número de mortes por câncer nos municípios que estão próximos à mina (Caetité e Lagoa Real) e comparou-os com os de outros municípios da Bahia, onde não há mineração de urânio. Este estudo analisou os dados de 1990 a 2005, ou seja, há 14 anos.
Veja a nota da INBSe você gostado conteúdo daAgência Sertão, colabore para o aprimoramento do nossoJornalismoa partir de R$ 10 por mês e seja um assinante - Saiba como!
Mineração de urânio: compromisso com a segurança e a população
A Indústrias Nucleares do Brasil – INB está presente em Caetité/BA muito antes do início das suas operações no município participando do dia a dia da população tanto através da geração de emprego e renda como através de programas sociais e de comunicação.
Ao longo dos anos tem buscado realizar suas atividades com o máximo de segurança, sempre melhorando processos de acordo com o desenvolvimento de novas técnicas como também devido à indicação de órgãos reguladores e fiscalizadores.
A INB entende que assuntos em torno da energia nuclear como a radiação, por exemplo, ainda são muito desconhecidos do público em geral e, por isso, busca esclarecer ao máximo suas atividades, realizando diversas ações como a manutenção de um centro de informações, o Espaço INB, na praça central do município baiano. É importante destacar que o urânio é um mineral com baixa radioatividade natural.
As atividades de mineração de urânio foram paralisadas entre 2014 e 2015 porque a Mina da Cachoeira se exauriu e foi necessário iniciar o processo de licenciamento para uma nova mina. Atualmente, a INB está aguardando a licença da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama para iniciar a lavra da Mina do Engenho.
Compromisso com os órgãos reguladoresA Unidade de Concentrado de Urânio (URA) da INB possui Autorização de Operação Permanente (AOP), concedida pela Comissão Nacional de Energia Nuclear- CNEN, em setembro de 2009. Desde então, a AOP vem sendo renovada regularmente, a cada 24 meses, sempre após a INB comprovar ao órgão licenciador o cumprimento das condicionantes impostas para a manutenção da autorização. A última renovação aconteceu em abril deste ano, através da Resolução CNEN Nº 241.
Compromisso com o meio ambiente
A INB desenvolve permanentemente programas de monitoração ambiental e de proteção radiológica para assegurar a qualidade do meio ambiente e preservar a saúde de seus empregados e da população que mora nas proximidades da mineradora.
Na Unidade da INB em Caetité existe uma equipe dedicada à execução destes programas. As atividades realizadas seguem procedimentos previstos e aprovados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. Os resultados das análises realizadas dentro dos programas de monitoração são enviados pela INB para serem avaliados e aprovados pelos dois órgãos. São procedimentos importantes para validação e a credibilidade dos resultados obtidos.
É importante ressaltar que a região de Caetité é considerada uma Província Uranífera devido à quantidade e qualidade de seus recursos de urânio. O urânio está presente em suas águas e rochas em sua forma natural.
A empresa possui registros da radiação encontrada naturalmente na região de Caetité através do Programa de Monitoração Ambiental Pré-Operacional, realizado no período 1989/1999 e também estabelecido junto aos órgãos fiscalizadores CNEN e Ibama. Essas informações mostram as características do solo, dos sedimentos, das águas, da poeira, e da radiação ambiente na região antes do início das atividades de mineração e servem como parâmetros para comparar com as análises que são feitas regularmente através do Programa de Monitoração Ambiental Operacional.O que se observa ao se comparar os dados obtidos antes e após o início das atividades na Unidade é que as oscilações encontradas na fase operacional se mantêm dentro da faixa dos valores obtidos na fase pré-operacional.
Compromisso com os empregados
Todos os empregados da INB, sejam orgânicos ou terceirizados, usam Equipamentos de Proteção Indiviual (EPI) de acordo com o local que trabalham e as atividades que realizam. Existe uma fiscalização rigorosa quanto ao uso desses EPI.
Também é realizado um acompanhamento com todos os empregados que atuam em áreas controladas através das bionálises (exames de urina). O resultado das análises compõe o histórico de dados destes trabalhadores. O cálculo das doses é reportado anualmente à CNEN, através do Programa de Monitoração Radiológico Ocupacional. Os resultados sempre são fornecidos quando solicitados pelos empregados.
Compromisso com a Recuperação Ambiental
O descomissionamento está previsto no Relatório Final de Análise de Segurança (RFAS) apresentado à CNEN em 2015.A INB também desenvolve um Programa de Recuperação de Área Degradadas, aprovado pelo IBAMA, como medida de compensação ambiental. Todos os anos a empresa encaminha um relatório ao órgão fiscalizador comprovando que o programa está em andamento. Esse programa tem sido realizado desde o início das atividades da INB em Caetité.
Compromisso com a transparência
Pesquisas realizadas em diversas partes do mundo demonstraram que o urânio natural não contribui para o aumento do número de casos de câncer ou de qualquer outra doença decorrente da radiação do urânio. O urânio está presente na crosta terrestre desde a formação do planeta Terra; a atividade de mineração não aumenta a radiação emitida por esse mineral porque ela trabalha com o urânio em estado natural.Uma pesquisa realizada por especialistas da FIOTEC, instituição que faz parte da FIOCRUZ, levantou o número de mortes por câncer nos municípios que estão próximos à mina (Caetité e Lagoa Real) e comparou-os com os de outros municípios da Bahia, onde não há mineração de urânio. O estudo, que analisou os dados no período entre os anos de 1990 – antes da implantação da INB Caetité – e 2005, constatou o seguinte: "Não foi observada, até o momento, alteração no perfil de mortalidade por câncer na população de Caetité e Lagoa Real, nem maior probabilidade de se adquirir câncer nesses municípios, seja por conta da radioatividade natural do local, seja por conta das atividades de extração e beneficiamento de urânio”.