Clipping de Notícias
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- 08/12/2021 - Medicina Nuclear: adiada votação visando privatizar a produção de medicamentos contra o câncerFonte: Blog Tania MalheirosA Comissão Especial da Câmara dos Deputados adiou a votação da proposta que prevê a possibilidade de produção de radioisótopos de uso médico pela iniciativa privada, que estava marcada para esta quarta-feira (8). A nova data da votação ainda não foi marcada. A produção de radiofármacos (medicamentos que emitem radiação para o combate ao câncer), a partir de radioisótopos (insumos) é de responsabilidade do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares da Comissão Nacional de Energia Nuclear (IPEN-CNEN), com mais de 60 anos de existência.Os destaques apresentados pelo PT estavam previstos para serem votados pelo colegiado hoje, mas a reunião foi encerrada em razão do início das votações no Plenário. O deputado Alexandre Padilha (PT-SP), que apresentou os destaques, pediu para que cada um dos três tópicos da proposta seja votado separadamente. O texto-base do relator, deputado General Peternelli (PSL-SP) já foi aprovado na semana passada.
A quebra do monopólio para a produção desses fármacos está prevista na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 517/10, do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que tem sido condenada por entidades como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, vem denunciando que sua presença tem sido vetada nas audiências e alerta que a quebra do monopólio causará danos gravíssimos.
"Entendemos que poderá trazer irremediáveis prejuízos à saúde da população brasileira, além de afetar o desenvolvimento cientifico e tecnológico nesta área tão estratégica da medicina nuclear, a comunidade cientifica gostaria de ser ouvida para que possa apresentar seus argumentos contrários a aprovação desta PEC.”
A Constituição autoriza hoje, sob regime de permissão, a comercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso médico. A produção por empresas privadas, no entanto, só é permitida no caso de radiofármacos de curta duração (meia-vida igual ou inferior a duas horas). Radioisótopos ou radiofármacos são substâncias que emitem radiação e que são usadas no diagnóstico e no tratamento de diversas doenças, principalmente o câncer. Um exemplo é o iodo-131, que emite raios gama e permite diagnosticar doenças na glândula tireoide.
SOBERANIA DO PAÍS
Autor dos destaques que ainda podem alterar a proposta, o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) discorda dos argumentos do relator de que a abertura para o setor privado seja a solução. "A falta de recursos para a aquisição de insumos necessários para a produção de radiofármacos, bem como os limites fiscais, não podem servir de justificativa para a privatização de produtos que envolvem a segurança e soberania do País”, disse.
Alexandre Padilha destaca ainda que está em construção no País o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), em Iperó, São Paulo. Entre os objetivos do RMB está a produção de radioisótopos e de radiofármacos a fim de suprir toda a demanda nacional, incluindo a de molibdênio-99, gerador do tecnécio-99m, que é o radioisótopo mais utilizado na medicina nuclear.
Fonte: Agência Câmara de Notícias - SBPC
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- 06/12/2021 - Água consumida em Poços de Caldas não apresenta contaminação radioativa, afirma relatório inéditoFonte: BandNewsUm relatório científico intitulado "Nota Técnica Nº 02/2021/LAB-PROQ-LAPOC/SECTEC/LAPOC/CGRC/DRS”, elaborado por profissionais do Laboratório de Poços de Caldas (LAPOC) da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), apresentou a seguinte conclusão: "as águas fornecidas pelas estações de tratamento da Prefeitura de Poços de Caldas - MG não apresentam níveis de radioatividade que motive temor por parte dos habitantes do município, pelo fato dessas águas serem adequadas ao consumo humano e, portanto, em conformidade com a legislação”. Além disso, o documento destacou a importância dos processos de tratamento de água realizados no município: "o processo adotado no tratamento contribui substancialmente para reduzir ainda mais a radioatividade”.
De acordo com o documento, a motivação para a realização do estudo surgiu da veiculação de informações sem comprovação científica, sobretudo em redes sociais, acerca de uma suposta contaminação radioativa nas águas do município de Poços de Caldas. O trabalho coletou amostras de água no decorrer do ano de 2020 nos reservatórios de Estações de Tratamento de Água municipais, realizou análises de parâmetros radiométricos e comparou os resultados com a legislação vigente do Ministério da Saúde, concluindo que "a qualidade das águas está em conformidade com a legislação vigente, sendo, portanto, apropriada ao consumo humano”.
O estudo foi conduzido pelos doutores Marcos R. L. do Nascimento, Henrique T. FukumaeHeber L. C. Alberti, todos do LAPOC/CNEN. Para Marcos Nascimento, "esse trabalho visou esclarecer cientificamente esse tema para a população de Poços de Caldas, pois é um assunto de interesse para a saúde pública”. Ainda segundo o químico, pesquisa semelhante já se iniciou para o município de Caldas (MG), sendo que os resultados devem ser divulgados no início de 2023, considerando que as amostragens serão feitas ao longo do ano de 2022. -
- 03/12/2021 - CNEN participa da 18ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) em Brasília - 3 a 10 de dezembroFonte: site da CNEN
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) participa, de 3 a 10 de dezembro, da 18ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Em um estande montado no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, a Comissão apresenta aplicações da energia nuclear realizadas em diferentes áreas e que beneficiam a sociedade brasileira. A instituição também mostra suas atividades no licenciamento e controle do uso das radiações ionizantes no Brasil e os principais projetos que desenvolve na atualidade, como o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB).
No Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade estão reunidas diversas instituições brasileiras que atuam na área de pesquisa, desenvolvimento e inovação. A abertura oficial do evento ocorreu na tarde da última sexta-feira (3/12). Na ocasião, estiveram presentes o presidente da CNEN, Paulo Roberto Pertusi, e o titular da Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD) da instituição, Madison Coelho de Almeida. Após a solenidade de abertura, ambos estiveram no estande da CNEN e conversaram com os expositores e com o público. Na tarde de quarta-feira (8/12), o ministro Marcos Pontes, do MCTI, foi conhecer o estande da CNEN, onde foi recebido pelos expositores e pelo presidente da instituição.
Este ano, o estande da CNEN conta com cerca de 20 expositores vindos de diferentes unidades da instituição. Há servidores do Instituto de Engenharia Nuclear (IEN/CNEN), do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN), do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD/CNEN), do Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste (CRCN-NE/CNEN), do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN/CNEN) e do Escritório de Brasília (ESBRA/CNEN). Em suas diferentes áreas de atuação, os profissionais explicam como a tecnologia nuclear beneficia os brasileiros através de diversas e diversificadas aplicações.
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- 03/12/2021 - Rio é forte candidato a receber quarta usina nuclear do país, diz ministroEstudos do Ministério de Minas e Energia devem terminar no início de 2022; ES e PB também estão no páreo
Estudos do Ministério de Minas e Energia devem terminar no início de 2022; ES e PB também estão no páreo
Fonte: CNN BrasilO ministro Bento Albuquerque disse à CNN que o estado do Rio de Janeiro é um ‘forte candidato’ a receber a quarta usina de energia nuclear do Brasil. A intenção do governo federal é aumentar a quantidade de energia gerada a partir desse tipo de fonte, antes mesmo da conclusão de Angra 3, até como maneira de diminuir os impactos futuros de uma nova crise hídrica.
"Nós já iniciamos os estudos, a Empresa de Pesquisa Energética junto com a própria Eletrobras, de eventuais sítios, ou seja, locais, onde essa usina possa ser construída”, disse o ministro. Com previsão pra terminar no ano que vem, a CNN apurou que os estudos ainda cogitam outros locais do país como Espírito Santo e Pernambuco.
A viabilidade está condicionada à proximidade ao mar, já que a água é usada como elemento de resfriamento. Também são consideradas as características do terreno e a localização geográfica para que a energia gerada chegue ao Sistema Interligado Nacional.
"O Rio é um estado privilegiado no que diz respeito não só à sua posição geográfica, que é na região Sudeste do país, mas também pelo potencial energético que possui, não só na produção de petróleo e gás mas também na geração nuclear – e também por todo parque industrial que existe no Rio de Janeiro. Então o estado do Rio de Janeiro é um grande concorrente e outros estados da federação também”, afirmou Bento Albuquerque.
Depois de anos de paralisação, as obras de Angra 3 foram retomadas pela atual gestão de Jair Bolsonaro (PL). A previsão do Ministério de Minas e Energia é que elas continuem até 2026. A quarta usina nuclear viria antes disso.
Hoje menos de 3% da matriz energética brasileira vem das duas usinas nuclear que o país controla: Angra 1 e Angra 2. "Seria muito bom se nós tivéssemos 3% e se Angra 3 já estivesse em operação”, disse Bento Albuquerque.
A implementação de uma quarta usina nuclear no Brasil já está prevista no Plano Nacional de Energia e a intenção do ministro é ver nesse tipo de fonte, usinas que sejam "mais eficientes, menores que as atuais, com menor custo também e com segurança total”.
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- 02/12/2021 - Comissão especial aprova texto-base da PEC que autoriza empresas privadas a produzir radiofármacosAinda restam votar destaques apresentados pelo PT, que é contra a quebra do monopólio estatal
Ainda restam votar destaques apresentados pelo PT, que é contra a quebra do monopólio estatal
Fonte: Agência Câmara de NotíciasA comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a possibilidade de produção de radioisótopos de uso médico pela iniciativa privada aprovou na quarta-feira (1º) o texto-base do relator, deputado General Peternelli (PSL-SP). O colegiado marcou para 8 de dezembro a votação dos três destaques apresentados pelo PT.
A quebra do monopólio governamental para a produção desses fármacos está prevista na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 517/10, do Senado.
Atualmente, a Constituição já autoriza, sob regime de permissão, a comercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso médico. A produção por empresas privadas, no entanto, só é permitida no caso de radiofármacos de curta duração (meia-vida igual ou inferior a duas horas).
Radioisótopos ou radiofármacos são substâncias que emitem radiação usadas no diagnóstico e no tratamento de diversas doenças, principalmente o câncer. Um exemplo é o iodo-131, que emite raios gama e permite diagnosticar doenças na glândula tireóide.
Redução de custos
Ao defender a aprovação do texto, Peternelli argumentou que a produção pela iniciativa privada "resultará em menores custos para a pesquisa, a produção e o uso de radiofármacos, pois eliminará gastos relacionados com o processo de importação, frete, seguros e câmbio”.
O Sistema Único de Saúde (SUS) possui 65 procedimentos incorporados que utilizam radiofármacos, sendo 54 para diagnóstico e 11 terapêuticos.
Hoje, a produção e a comercialização de radioisótopos no Brasil são realizadas por intermédio da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e seus institutos, como o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo.
Destaques
Autor dos destaques que ainda podem alterar a proposta, o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) discorda que a abertura para o setor privado seja a solução. "A falta de recursos para a aquisição de insumos necessários para a produção de radiofármacos, bem como os limites fiscais, não podem servir de justificativa para a privatização de produtos que envolvem a segurança e soberania do País”, disse.
Alexandre Padilha destaca ainda que está em construção no País o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), em Iperó, São Paulo. Entre os objetivos do RMB está a produção de radioisótopos e de radiofármacos a fim de suprir toda a demanda nacional, incluindo a de molibdênio-99, gerador do tecnécio-99m, que é o radioisótopo mais utilizado na medicina nuclear.
Saiba mais sobre a tramitação de PECs
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- 02/12/2021 - CNS recomenda ao governo investimento de R$ 89,7 milhões para que SUS continue produção de radiofármacos até o final do anoFonte: Conselho Nacional da SaúdeO Conselho Nacional de Saúde (CNS) recomendou nesta quarta (1/12) a regularização imediata da produção e fornecimento de radiofármacos e a retomada do Complexo Econômico e Industrial da Saúde para a produção de medicamentos. A área vem passando por processo de desfinanciamento que tem prejudicado a população brasileira, especialmente quem depende de tratamentos radiofarmacológicos via Sistema Único de Saúde (SUS).
O documento é direcionado ao Governo Federal e ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Segundo a recomendação, diante dos cortes recentes no orçamento, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) teve que suspender a compra dos insumos, o que prejudicou toda a cadeia de produção e distribuição de radiofármacos e radioisótopos usados para o tratamento de câncer no Brasil.
O Ipen é responsável pelo fornecimento de 25 radiofármacos aos laboratórios e hospitais de todo o Brasil, que corresponde cerca de 85% de toda a produção nacional. Em 2020, a verba repassada ao Ipen, pelo Governo Federal, foi de R$ 165 milhões e até agosto de 2021, o instituto recebeu pouco mais de R$ 91 milhões, o que significa um corte de 46% dos recursos.
Segundo o CNS, o Ipen precisa de R$ 89,7 milhões em créditos suplementares para reforçar o caixa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e continuar com produção de radiofármacos até dezembro do corrente ano.
O documento informa ainda que o desabastecimento causado pela paralisação no Ipen pode afetar cerca de 2 milhões de pessoas em todo o país, segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN).
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- 02/12/2021 - A energia nuclear é favorável ao clima?Fonte: Portal Terra
"Quem é contra a energia nuclear é contra a proteção climática", dizem defensores da energia atômica. O tema é altamente controverso. Mas o que dizem os números? Seria esta uma solução para o aquecimento global? São números como esses que geram questionamentos sobre a seriedade com que o mundo lida com a crise do clima: as emissões globais de CO2 devem aumentar em 4,9% em 2021, em comparação com o ano anterior, preveem os pesquisadores da iniciativa Global Carbon Project, em um estudo recente. Sim, é verdade que no ano passado as emissões caíram 5,4% devido à pandemia, e que uma recuperação era esperada. Mas, ainda assim, não com tanta força.Uma vez que o setor de energia continua sendo o maior emissor de gases causadores do efeito estufa, com uma parcela de 40% do total (e com tendência de crescimento), os olhos do mundo, voltados para a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP26), recaem prioritariamente sobre esse tema. Como fazer para tornar nossa energia elétrica mais favorável ao clima?A resposta, para alguns é: com mais energia atômica. Os defensores da energia nuclear a veem como uma tecnologia favorável ao meio ambiente ou, ao menos, transitória. "Quem é contra a energia nuclear é contra a proteção do clima"; "se você não apoia o progresso da energia nuclear, você não é seriamente a favor da redução das emissões"; ou ainda, "está para acontecer o retorno da energia atômica". O que está por trás dessas afirmações?A energia nuclear é livre de emissões?Não. A energia nuclear também gera gases causadores do efeito estufa. Quase nenhuma forma de energia é livre de emissões, mas, falaremos disso mais para frente.A extração, transporte e processamento de urânio gera emissões, assim como a prolongada e complexa construção das usinas nucleares. O mesmo ocorre durante o desmonte dessas estruturas. E, por último, mas não menos importante, o lixo nuclear deve ser transportado e armazenado sob rígidas condições - em um processo que também emite CO2.Mesmo assim, alguns grupos defendem que a energia nuclear seria livre de emissões. Um exemplo disso é um estudo realizado pela empresa austríaca Enco para o Ministério da Economia da Holanda, onde o possível futuro papel da energia nuclear para geração de energia é analisado de maneira positiva."As maiores razões para escolher a energia nuclear são a confiabilidade e segurança no fornecimento, sem emissões de CO2", conclui a análise. A Enco, porém, foi fundada por especialistas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e trabalha com investidores no setor, ou seja, não é completamente livre de interesses."Levando-se em conta o sistema geral atual de energia, a energia nuclear não é, de modo algum, neutra de CO2". Esta é a conclusão do grupo de pesquisas Cientistas para o Futuro, apresentada nas discussões sobre energia nuclear e o clima durante a COP26.Um dos autores do estudo, o pesquisador Ben Wealer, da Universidade Técnica de Berlim, critica os defensores da energia nuclear por "fracassarem em considerar diversos fatores". Por exemplo, a construção e operação dos depósitos de rejeitos, o transporte do lixo nuclear e o desmonte das usinas. Todo os estudos que a reportagem da DW pôde analisar apontam para a mesma direção: as usinas nucleares não são livres de carbono.Qual a quantidade de CO2 gerada na produção de energia nuclear?Nesse ponto, os resultados divergem bastante, dependendo se é avaliado o processo de geração de energia no sentido mais reduzido, ou se é levado em conta o ciclo vital completo de uma usina nuclear. Um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), de 2014, calcula uma quantidade de CO2 de 3,7 a 110 gramas por kilowatt/hora.Durante muito tempo, presumia-se um total de 66 gramas de CO2 por kilowatt/hora, estimativa que, segundo Ben Wealer, não é verdadeira. Ele diz que o valor real seria bem mais alto. Os novos sistemas geram mais CO2 do que os antigos, devido a regulamentações mais complexas, como por exemplo, em questões de segurança.São raros os estudos que avaliam o ciclo completo da existência e geração de energia das usinas nucleares, desde a extração do urânio até os depósitos de lixo nuclear. Alguns pesquisadores relatam a inexistência de dados. Um estudo do Serviço Mundial de Informações sobre Energia (Wise), calcula que as emissões de CO2 devem ser de 117 gramas por kilowatt de energia nuclear, calculando todo o ciclo vital das usinas.Deve-se levar em conta que o Wise é declaradamente contra a energia nuclear, portanto, não é totalmente imparcial. Mas, outros cálculos sobre o ciclo vital completo também apresentam valores semelhantes. Segundo o pesquisador Mark Z. Jacobsen, as emissões seriam de entre 68 e 180 CO2/kWh, dependendo da mistura de energia elétrica para a extração de urânio, além de outras variáveis.Como é a energia nuclear em comparação com as outras fontes?Se todo o ciclo vital de uma usina nuclear for incluído no cálculo, a energia nuclear estará em melhor posição do que fontes como o carvão ou gás. Mas, em relação às fontes renováveis de energia, a disparidade é enorme.Dados recentes, mas ainda não publicados, calculados pela Agência Federal para o Meio Ambiente da Alemanha juntamente com o Wise, revelam que a energia nuclear libera 3,5 vezes mais CO2/kWh do que os sistemas de células fotovoltaicas para a obtenção de energia solar.Se comparada à energia eólica produzida em terra, a diferença é 13 vezes maior. Em relação à energia hidrelétrica, as usinas nucleares produzem 29 vezes mais CO2.A expansão da energia nuclear pode deter o aquecimento global?Em todo o mundo, defensores da energia atômica, assim como alguns políticos, pedem a expansão do uso desse tipo de energia. Na Alemanha, por exemplo, o partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), descreve a energia nuclear como "moderna e limpa". Os populistas querem o retorno do país à energia atômica, ao mesmo tempo em que outros países planejam novas usinas.O argumento é que, sem energia nuclear, o equilíbrio climático do setor energético se deteriorará. Entretanto, numerosas pesquisas contradizem essa tese."A contribuição [da energia nuclear] é vista de maneira demasiadamente otimista", diz Ben Wealer. "Na verdade, o tempo de construção é longo demais e os custos são muito altos para que se tenha um efeito perceptível nas mudanças climáticas. A energia atômica é disponibilizada de maneira muito lenta", observou.Mycle Schneider, autor do Relatório do Status da Indústria Nuclear Mundial, afirma que, segundo novos cálculos, "a energia nuclear é cerca de quatro vezes mais cara do que a energia solar e a construção demora cinco vezes mais. Se levarmos tudo em conta, a construção de uma usina nuclear levar em torno de 20 anos".O mundo, porém, corre para manter as emissões sob controle dentro de um década. "A energia nuclear não estará apta a dar uma contribuição significativa nos próximos dez anos."Antony Froggatt, pesquisador e consultor de políticas do think tank britânico Chatam House, compartilha dessa opinião. "A energia atômica não é uma solução para as mudanças climáticas". Uma combinação de custos excessivos, consequências ambientais, além da falta de apoio público, depõem contra essa fonte de energia.Devido ao alto custo, essas tecnologias também bloqueiam importantes recursos que seriam destinados ao desenvolvimento de fontes renováveis, explica Jan Haverkamp, especialista do Greenpeace.As energias renováveis podem fornecer energia mais rapidamente, com custos mais baixos e de mais qualidade do que a energia nuclear. "Cada centavo investido em energia nuclear é um centavo que falta para medidas importantes e eficientes para o ambiente. Nesse sentido, a energia nuclear não é favorável ao clima", diz Haverkamp.Além disso, a energia atômica também tem seus problemas com o clima. Nos verões mais quentes, várias usinas têm de ser desligadas ou retiradas completamente da rede energética, uma vez que o resfriamento dos reatores não podia ser garantido devido ao baixo nível de vários rios."Também por essa razão, mas, principalmente por causa dos altos custos, o termo 'renascimento da energia nuclear' não pode ser justificado, por ir contra os fatos", afirma Mycle Schneider. Ele destaca que há anos a indústria nuclear vem se encolhendo."Nos últimos 20 anos, 95 usinas nucleares foram conectadas às redes e 98 foram desligadas. Se considerarmos a China, já existem 50 usinas a menos do que 20 anos atrás. Não existe uma próspera indústria nuclear." -
- 01/12/2021 - Avaliação de segurança para extensão de Angra 1 sairá no final de 23Eletronuclear defende extensão por 20 anos do prazo de operação da usina. Licenciamento será feito pela CNEN e o Ibama
Eletronuclear defende extensão por 20 anos do prazo de operação da usina. Licenciamento será feito pela CNEN e o Ibama
Fonte: Canal EnergiaUma equipe da Eletronuclear dedicada ao programa de extensão da vida útil de Angra 1 deve apresentar o resultado da reavaliação periódica de segurança da usina em dezembro de 2023 à Comissão Nacional de Energia Nuclear. A análise dos 14 itens exigidos é um passo importante no processo de licenciamento junto à CNEN, para a extensão por 20 anos do prazo da operação da usina.
Há um processo de licenciamento também junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que demanda a apresentação da análise ao órgão ambiental. Isso deverá ser feito no momento apropriado, informou o coordenador da Diretoria Técnica da Eletronuclear e gerente de Geração de Longo Prazo e Renovação de Licença de Angra 1, José Augusto Ramos do Amaral. As licenças atuais, emitidas pela CNEN e o Ibama, vencem em 2024.
"Estamos trabalhando com afinco nessa avaliação”, afirmou o gerente do projeto, durante evento paralelo à décima edição da Conferência Internacional Nuclear do Atlântico. Amaral destacou a importância da prorrogação da operação de Angra 1, a mais antiga das duas usinas nucleares em operação no país. A central tem 640 MW de potência instalada e começou a operar em janeiro de 1985.
Em 2018 foi criada um estrutura específica dentro da Eletronuclear para tratar das ações do programa de operação de longo prazo da usina. O coordenador explica que a empresa já vinha trabalhando nisso há vários anos, mas decidiu criar a gerência com a proximidade do fim do contrato.
Pelas normas da CNEN, o prazo para solicitação da renovação da licença é de cinco anos antes do vencimento, o que foi feito em outubro de 2019. O próximo passo é a reavaliação de segurança da usina, que é feita a cada dez anos . A primeira aconteceu em 2004, a segunda em 2014 e a terceira seria em janeiro de 2024, mas será antecipada para dezembro do ano anterior.
A meta da estatal é solicitar a extensão da licença até 2044. A Eletronuclear vai propor à CNEN usar a metodologia adotada nos Estados Unidos, onde existem mais de 90 usinas nucleares em operação, mas também padrões de avaliação de segurança da Agência Internacional de Energia Atômica.
O plano de operação de longo prazo de Angra 1 envolveu ao longo do tempo ações e melhoramentos, segundo o representante da Eletronuclear. Foram realizadas análises em várias etapas para demonstrar que apesar dos efeitos dos envelhecimento da usina e ela tem condições de continuar operando. Há projetos, mais para a frente, que dependerão de financiamento e a estatal espera contar com o apoio do Eximbank americano.
Para Amaral, existem vários desafios para a execução bem sucedida das atividades que compõem a execução desse programa. Os principais deles, em sua avaliação, são a alocação de recursos humanos com a formação adequada para um trabalho que é complexo e multidisciplinar, a contratação de empresas experientes e qualificadas para apoiar o esforço da Eletronuclear e o atendimento aos requisitos regulatórios e às expectativas, em linha com as melhores práticas internacionais.
Ele também incluiu nessa relação o desenvolvimento de um plano de gerenciamento que represente de maneira clara todas as ações necessárias e possibilidades, o monitoramento adequado e a realização de todos os marcos do projeto. E ainda, o desenvolvimento de um plano de negócios e a negociação de recursos financeiros para apoio à aprovação e execução do projeto.
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- 01/12/2021 - Câmara vota quebra do monopólio da produção de medicamentos contra o câncer. SBPC alerta sobre irremediáveis prejuízos para a população e ciênciaFonte: Blog Tania Malheiros
Todo o sistema de atendimento público e privado a pacientes que dependem de tratamento e diagnóstico contra o câncer pode estar ameaçado a partir desta quarta-feira (01/12). É que a comissão especial da Câmara dos Deputados vota hoje a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 517/2010, visando à quebra do monopólio da produção de radioisótopos (insumos com radiação) capazes de produzir radiofármacos (medicamentos) para salvar vidas de milhares de brasileiros.O presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Renato Janine Ribeiro, denunciou que sua presença tem sido vetada nas audiências e alerta que a quebra do monopólio causará danos gravíssimos. "Entendemos que poderá trazer irremediáveis prejuízos à saúde da população brasileira, além de afetar o desenvolvimento científico e tecnológico nesta área tão estratégica da medicina nuclear, a comunidade científica gostaria de ser ouvida para que possa apresentar seus argumentos contrários à aprovação desta PEC.”
A produção nacional dos radiofármacos é de responsabilidade do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (IPEN-CNEN-SP), o maior da América Latina, com mais de 60 anos de existência. O IPEN-CNEN-SP importa os insumos da África do Sul, Holanda e Rússia, com os quais fabrica os radiofármacos para as clínicas privadas e o Sistema Único de Saúde (SUS). O desabastecimento ocorreu em agosto porque o governo não liberou recursos para a importação, gerando uma crise sem precedentes.
Segundo técnicos do setor, a produção de radioisótopos é regulada pela Constituição Federal e há restrições aos que possuem duração (meia-vida) superior a duas horas. A produção, nesses casos, é realizada exclusivamente pelo IPEN-CNEN-SP, instituto de pesquisa de reconhecida excelência.
O projeto visando a quebra do monopólio da produção é de autoria do senador Álvaro Dias (Podemos-PR) e relatado pelo deputado, general Peternelli (PSL-SP). A intenção é permitir que a iniciativa privada explore radioisótopos de meia-vida superior a duas horas.
Peternelli defende a aprovação da PEC afirmando que a permissão de atuação pela iniciativa privada poderia reduzir custos, em um argumento bastante corriqueiro entre os defensores da privatização das responsabilidades do Estado. Mas segundo fontes do setor, é exatamente o contrário. Haverá um aumento substancial dos insumos, se o setor for entregue à iniciativa privada, garantiram especialistas da área pública. Segundo eles, o governo quer também esvaziar outras entidades, como o Centro Nacional de Tecnologia Avançada (CEITEC), empresa pública que é a única fabricante de semicondutores na América Latina.
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- 01/12/2021 - Comissão vota proposta que pode dificultar tratamento contra o câncer no BrasilPEC relatada por deputado bolsonarista muda a política de produção de radioisótopos e pode afetar o tratamento contra o câncer, em especial no SUS
PEC relatada por deputado bolsonarista muda a política de produção de radioisótopos e pode afetar o tratamento contra o câncer, em especial no SUS
Fonte: Revista FórumUm projeto que pode ter consequências graves para o atendimento de câncer no Brasil pode ser aprovado em comissão especial da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (1º). A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 517/2010, que quebra o monopólio da produção de radioisótopos, ou radiofármacos, de duração prolongada (mais de duas horas), preocupa especialistas.
A produção de radioisótopos é regulada pela Constituição Federal e há restrições aos que possuem duração (maia-vida) superior a duas horas. Nesses casos, a produção é realizada exclusivamente pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e seus institutos, como o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). Ou seja, apenas instituições públicas de pesquisa.
O projeto, apresentado pelo senador Álvaro Dias (Podemos-PR) e relatado pelo deputado bolsonarista General Peternelli (PSL-SP), busca justamente permitir que a iniciativa privada explore radioisótopos de meia-vida superior a duas horas. Peternelli defende a aprovação da PEC afirmando que a permissão de atuação pela iniciativa privada poderia reduzir custos, em um argumento bastante corriqueiro entre os defensores da privatização das responsabilidades do Estado.
Essa mesma posição tem sido utilizada pelo governo de Jair Bolsonaro para esvaziar outras entidades, como o Centro Nacional de Tecnologia Avançada (CEITEC), empresa pública que é a única fabricante de semicondutores na América Latina.
Entidades científicas reagem à PEC 517
Essa quebra de monopólio é criticada pela Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC), que foi impedida participar de audiência pública promovida pela comissão. Para a SBPC, a PEC afeta diretamente pacientes em tratamento de câncer, principalmente no Sistema Único de Saúde (SUS), e a pesquisa científica em medicina nuclear.
A presença da entidade foi cobrada por parlamentares de oposição que queriam ouvir o presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, em audiência antes da votação do parecer do relator.
O Ipen vê o projeto com bastante preocupação. Em parecer enviado ao deputado Alexandre Padilha (PT-SP), o superintendente da instituição, Wilson Calvo, apontou que a aprovação da PEC pode provocar a interrupção na produção dos radiofármacos pelos pesquisadores do Ipen, impactando diretamente nos setores mais vulneráveis da sociedade.
Em parecer, Calvo destacou que o Ipen busca a autonomia em radioisótopos com o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), que está em fase de construção, em Iperó (SP). "Com o novo Modelo de Gestão ao Centro de Radiofarmácia do IPEN-CNEN, juntamente com a produção nacional de radioisótopos no RMB, possibilitará ampliar os procedimentos de diagnósticos e terapias, a preços muito mais acessíveis aos pacientes do SUS, democratizando-se a Medicina Nuclear no País. Atualmente, dos próximos de 2 milhões de procedimentos por ano, somente 25% são destinados à população mais carente, a qual mais necessita de Política Pública do Estado”, afirma.
A PEC vai na contramão desse processo.
Além disso, Calvo aponta para a "necessidade de manutenção da infraestrutura de produção, pesquisa, desenvolvimento, ensino e inovação com recursos orçamentários do governo federal. Destaca-se ainda a obrigação premente de recomposição no quadro de servidores”.
Oposição barra relatório
O relatório de Peternelli foi apresentado no dia 10 de novembro, mas ainda não foi apreciado pela comissão em razão de um pedido de vista coletivo apresentado por parlamentares do campo da oposição. Alexandre Padilha (PT-SP), Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Jorge Solla (PT-BA) pressionam contra a aprovação do texto e têm feito de tudo para obstruir a proposta que consideram danosa para a saúde pública.
"A quebra do monopólio, ao contrário que é afirmado no parecer do Relator, irá enfraquecer a principal instituição formadora de profissionais para operar os serviços de medicina nuclear, além dos profissionais médicos. Irá também dificultar a oferta para as regiões mais remotas que não têm mercado suficiente para atrair investimentos privados de produção, comercialização e distribuição, o que afetará ainda mais a possibilidade de expansão. Além disso, se considerarmos os preços praticados atualmente pelo IPEN e pelo mercado privado, fica nítido que a quebra do monopólio, levará ao enfraquecimento da produção publica, com sérios riscos de elevação do preço dos produtos, constituindo-se em obstáculo adicional para a sua expansão para o SUS, sobretudo para as regiões menos favorecidas”, apontam Padilha, Feghali e Solla em voto separado apresentado à comissão.
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- 01/12/2021 - Aplicações da Inteligência artificial no INAC - 2021: da análise radiológica de exames de Covid-19 à utilização na segurança de usinas nuclearesFonte: ABEN
Os diversos usos, aplicações e os dilemas éticos e sociais da inteligência artificial (AI) foram apresentados na mesa "Artificial Intelligence” dentro da décima edição da Conferência Internacional Nuclear do Atlântico - International Nuclear Atlantic Conference (INAC 2021), promovida pela Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN).
Participaram da apresentação Lamartine Guimarães, físico do Instituto de Estudos Avançados (IEAV) da Aeronáutica; Marcos Machado, médico e físico da Universidade Federal da Bahia (UFBA); Roberto Schirru, físico do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ); e Roberto N. Mesquita, físico do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).
Na abertura da mesa, Lamartine Guimarães falou sobre a atualização e aplicação da AI em paradigmas em ciência e pesquisa nuclear com foco em dois tipos de utilização: aplicação em núcleo naturais, por meio da classificação inteligente de supernovas; e como ferramenta para contribuir na área de segurança nuclear na verificação de falhas e prevenção de acidentes.
O físico e médico da UFBA, Marcos Machado, falou sobre a utilização da AI na área médica com a articulação de exames radiológicos para fazer um diagnóstico de pacientes com Covid-19. A iniciativa, segundo Machado, ajuda o médico a prever e diagnosticar exames de imagens com mais assertividade, relacionando processos químicos, físicos e anatômicos.
Já Roberto Schirru, da UFRJ, problematizou a aplicação da AI dentro no desenvolvimento de ferramentas de segurança na engenharia nuclear e como sistema decisivo de apoio para prevenção de acidentes nas usinas de Angra 1 e Angra 2.
Por fim, Roberto Mesquita, físico do IPEN, apontou os dilemas éticos e sociais envolvendo a utilização da inteligência artificial em áreas como assistência médica, aplicação nuclear, motorização e em atividades que implicam risco de vida.
A programação completa está no site www.inac2021.com.br
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- 01/12/2021 - Por que viabilizar um reator multipropósito brasileiro - palestra durante a INAC 2021A palestra Multipurpose Research Reactor – Past, Presente and Future, do coordenador técnico do Reator de Multipropósito Brasileiro (RMP), José Augusto Perrota, no dia 01/12 às 17h 20, em formato digital (www.inac2021.com.br), dentro do programa da Internacional Nuclear Atlantic Conference INAC 2021, promete ser agitada.
A palestra Multipurpose Research Reactor – Past, Presente and Future, do coordenador técnico do Reator de Multipropósito Brasileiro (RMP), José Augusto Perrota, no dia 01/12 às 17h 20, em formato digital (www.inac2021.com.br), dentro do programa da Internacional Nuclear Atlantic Conference INAC 2021, promete ser agitada.
Fonte: ABEN
Isso porque a discussão em torno da PEC 517, da Câmara dos Deputados, que propõe a flexibilização do monopólio da União na fabricação de radiofármacos (medicamentos compostos por substâncias radioativas, usados para diagnóstico e tratamento de doenças, em especial, diferentes tipos de câncer) jogou holofotes, nos últimos dias, sobre a importância da criação do RMB para produção de radioisótopos e radiofármacos dentro do país.
O que justifica viabilizar esse empreendimento da ordem de U$ 500 milhões? Ser o principal empreendimento de base científica e tecnológica da área nuclear do país e permitir dobrar imediatamente o número de procedimentos anuais realizados em medicina nuclear; garantir a estabilidade no fornecimento de radioisótopos; contribuir para ampliação do número de clínicas e hospitais que oferecem serviços de medicina nuclear; e promover economia de mais de U$15 milhões/ano com custos de importação de insumos.
Hoje, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares- IPEN/CNEN-SP produz mais de 30 diferentes tipos de radiofármacos. Cerca de 2 milhões de procedimentos são realizados, por ano, para atender a mais de 400 clínicas atuando em medicina nuclear, sendo 1,5 milhão para a área privada e somente 500 mil para o SUS.
"A medicina nuclear per capita oferecida no SUS é 1/10 do que é disponibilizado na área privada” – calcula Perrotta.
O IPEN/CNEN-SP arrecada, com essa venda, cerca de R$ 120 milhões/ ano, que são depositados no caixa único do Governo Federal.
Perrotta aponta que a situação atual do setor é de muita preocupação: "O IPEN/CNEN-SP já teve mais de 1600 funcionários e hoje são menos que 600 por falta de reposição das vagas. Os laboratórios estão encerrando atividades e a manutenção e transferência do conhecimento estão comprometidas. O desenvolvimento do RMB sente por demais essa perda das equipes técnicas. Por sua vez, o interesse do setor privado é comercial. Não vai se interessar na pesquisa ampla”.
O empreendimento RMB terá, além do reator nuclear de pesquisa, toda uma infraestrutura de laboratórios para realizar as finalidades propostas, localizada em Iperó (SP) em 2 milhões de metros quadrados. Os principais laboratórios associados são: laboratório de processamento e manuseio de radioisótopos; laboratório de feixe de nêutrons; laboratório de análise pós-irradiação; laboratório de radioquímica e análise por ativação, além de instalações suporte para pesquisadores. Na forma concebida, será o catalisador para um grande centro de pesquisa nacional de aplicação de radiações para benefício da sociedade e da manutenção do conhecimento da tecnologia nuclear.
Essa tecnologia está presente em diversas aplicações para a sociedade, com ênfase em aplicações em especialidades médicas como a cardiologia, oncologia, hematologia e a neurologia. Com ela, é possível realizar diagnósticos precisos de doenças e complicações como embolia pulmonar, infecções agudas, infarto do miocárdio, obstruções renais, demências. É uma das melhores e mais eficientes maneiras de detectar o câncer, pois define o tipo e extensão de um tumor no organismo, o que ajuda na decisão sobre qual o tratamento mais adequado para cada caso
O RMB também será usado para testar combustíveis nucleares para os reatores de potência utilizados no Brasil, e promover pesquisas básicas e tecnológicas em aplicações as mais diversas, como na indústria, na agricultura e no meio ambiente, dentre outras.
Hoje o empreendimento possui as condições técnicas de iniciar a construção, mas não dispõe de recursos financeiros e humanos para sua realização.
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- 30/11/2021 - Especialistas debatem irradiação de alimentos como futuro para a agricultura no INAC 2021MAPA idealiza plano de negócio para aumentar exportações
MAPA idealiza plano de negócio para aumentar exportações
Fonte: ABEN
Na tarde desta terça-feira, 30, a aplicação da tecnologia nuclear no setor agrícola foi debatido por pesquisadores e especialista no XV Encontro de Aplicações Nucleares (XV ENAN), realizado dentro da décima edição da Conferência Internacional Nuclear do Atlântico - International Nuclear Atlantic Conference (INAC 2021), promovida pela Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN).
O encontro promoveu um debate em torno do fomento de planos de negócios e da desmistificação do consumo e do custo para promover a irradiação de alimentos, técnica que expõe os produtos agrícolas a uma quantidade de radiação controlada e que pode colaborar com a conservar alimentos para exportação, o controle biológico e erradicação de pragas e insetos.
Conforme apresentado, a energia nuclear vem sendo utilizada em diversas partes do mundo na desinfestação de larvas em frutas.
A mesa foi coordenada por Anna Lucia Villavicencio, pesquisadora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), e Valter Arthur do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA). Entre os debatedores, estiveram Luis Rangel, diretor de Estudos e Prospecção da Secretaria de Política Agrícola, do Ministério da Agricultura (MAPA); Tiago Rusin, Assessor Técnico no Departamento de Coordenação do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI); e Roberto Betancourt, diretor titular de Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).
Luiz Rangel apresentou alguns pontos do plano de negócios para irradiação na agropecuária desenvolvido pelo MAPA. Segundo ele, até 2050 a demanda por alimentos no mundo crescerá 33%, sendo necessário que o Brasil se prepare para superar as barreiras sanitárias envolvendo a exportação de alimentos e atenda à demanda necessária no futuro.
Roberto Betancourt, da Fiesp, destacou a prioridade em se pensar e criar estratégias para implementação da irradiação de alimentos, para ele "essa técnica vai contribuir com redução de perdas e do desperdício de alimentos, reduzindo os custos da operação de produção e transporte”, ressalta. Ao exemplificar a cadeia de produção do amendoim, Betancout, sugere que a adoção da irradiação pode possibilitar uma redução de 15% de perdas e aumentar o dobro das exportações no País.
"O país tem técnicas altamente qualificadas, falta desmistificar a utilização da irradiação e partir para ação. Precisamos deixar de utilizar produtos químicos que deixam resíduos e produzir produtos de valor agregado” revela Betancout.
Por fim, Tiago Rusin fez uma apresentação da estrutura organizacional e das estratégias do governo brasileiro para promover a técnica de irradiação de alimentos no País. Para Rusin, o intuito é ampliar a durabilidade de forma segura, reduzindo o desperdício e expandindo o mercado exportador. "O projeto piloto de irradiação de mangas mostrou que elas duram em médida três vezes mais depois da exposição à energia nuclear. A irradiação elimina parasitas e reduz o brotamento em muitos vegetais” explicou.
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- 30/11/2021 - Aplicações Nucleares na BiomedicinaO soro terapêutico que reduz o avanço da Covid e a pele “humana” a partir do colágeno de peixe, que sai na impressora 3D
O soro terapêutico que reduz o avanço da Covid e a pele “humana” a partir do colágeno de peixe, que sai na impressora 3D
Fonte: ABEN
Desde abril do ano passado, o Instituto de Pesquisas Energética e Nucleares – IPEN/CNEN, vem promovendo testes de inativação de vírus SARS-COV-2, do Coronavírus, através de radiação ionizante com fonte de cobalto 60. Segundo a farmacêutica-bioquímica Mônica Mathor, "chegaram a um soro terapêutico para ser usado em pacientes com comorbidades, contaminados pela Covid. A Anvisa já aprovou o estudo clínico no Hospital do Rim e para pacientes oncológicos do Hospital das Clínicas”.
"Esses estudos mostraram outra aplicação desse processo de radiação no SARS-CoV-2, um vírus muito sensível à radiação: a esterilização de tecidos biológicos para bancos de tecidos (muito pouco usados por causa da pandemia)”, conta Mônica.
Uma técnica tem sido explorada nessa linha de reposição de tecidos humanos usando a pele de tilápia – desenvolvida no IPEN há cerca de quatro anos e que hoje tem mais de 200 pesquisadores envolvidos no estudo de multicentros em todo o mundo.
Os pesquisadores descobriram que retirando colágeno da pele de tilápia esterilizada por radiação e injetando numa impressora 3D é possível fabricar pele.
O assunto foi um dos temas do Encontro Nacional de Aplicações Nucleares – ENAN, que aconteceu dentro da INAC 2021. Mais especificamente na mesa redonda "New Trends in Radiation Processing”, no dia 30/11/21.
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- 30/11/2021 - MCTI estuda produção de radiofármacos por laboratórios especializadosO ministro do MCTI, Marcos Pontes, se reuniu nesta terça-feira (30) com representantes do Laboratório Cristália e com diretor da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN/MCTI)
O ministro do MCTI, Marcos Pontes, se reuniu nesta terça-feira (30) com representantes do Laboratório Cristália e com diretor da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN/MCTI)
Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e InovaçõesO ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, astronauta Marcos Pontes, participou nesta terça-feira (30) de uma reunião com representantes do laboratório Cristália e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), que faz parte da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), autarquia vinculada ao MCTI. O laboratório sugeriu que a produção de radiofármacos, que hoje são produzidos exclusivamente pelo IPEN, pode ser auxiliada pela iniciativa privada e colocou-se à disposição do ministério e do país para estudar uma possível parceria.
O ministro Marcos Pontes demonstrou entusiasmo pela possibilidade. "Se a gente tivesse uma empresa pública, por exemplo, uma fundação, que consiga fazer essas transações sem ter que manejar recursos na caixa do Tesouro o problema estaria resolvido”. Hoje, o recurso gerado pela produção de radiofármacos do IPEN, que são vendidos para hospitais de todo país, não retornam diretamente para o instituto. O dinheiro vai para o Tesouro Nacional e só depois o Governo Federal libera recursos dentro do orçamento para o ministério, que o divide com as diversas vinculadas – entre elas a CNEN/MCTI.
O diretor de Pesquisa de Desenvolvimento da CNEN/MCTI, Madison Almeida, destacou que o Brasil ainda é dependente da importação destes radioisótopos, mas que a produção de radiofármacos no IPEN não está comprometida, e aponta uma solução no futuro. "Nós temos hoje uma dificuldade orçamentária; a dificuldade produtiva inexiste. O fato é que o Brasil ainda é dependente da importação desses radioisótopos, dos quais com o Reator Multipropósito Brasileiro pronto daqui cinco anos, nós seremos independentes”.
Recentemente o País passou por uma descontinuidade na produção de radiofármacos, necessários para milhares de pacientes em tratamento de câncer no país. O MCTI conseguiu de forma emergencial recursos do Governo Federal para a manutenção da produção destes medicamentos. Durante audiência pública na Câmara dos Deputados, o ministro Marcos Pontes, esclareceu que o gargalo na produção dos radiofármacos ainda são entraves orçamentários. "O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações tem tomado uma série de ações desde junho de 2020, há mais de um ano, e chegou nessa situação por causa de fatores contribuintes. O problema não está resolvido, é um problema sério. Nós colocamos R$ 19 milhões no limite da lei orçamentária, mas isso não vai resolver o problema”, declarou o ministro na ocasião.
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- 30/11/2021 - Novos usos da radiação - mesa-redonda da INAC 2021Na International Nuclear Atlantic Conference - INAC 2021, produzida pela Associação Brasileira de Energia Nuclear- ABEN com o tema: “Tecnologia Nuclear: redução da nossa pegada de carbono e aumento da qualidade de vida”, acontecerá a mesa-redonda “New Trends in Radiation Processing" no dia 30/11/21 de 14h às 15h30min.
Na International Nuclear Atlantic Conference - INAC 2021, produzida pela Associação Brasileira de Energia Nuclear- ABEN com o tema: “Tecnologia Nuclear: redução da nossa pegada de carbono e aumento da qualidade de vida”, acontecerá a mesa-redonda “New Trends in Radiation Processing" no dia 30/11/21 de 14h às 15h30min.
Fonte: ABEN
Processamento por radiação é uma técnica que usa radiação gama, feixes de elétrons e de raios-X para irradiar produtos e preservar ou modificar suas características. A grande vantagem dessa técnica reside na obtenção de efeitos físicos, químicos e biológicos reprodutíveis com controle adequado da dose absorvida no material irradiado.
O coordenador do debate será Wilson Calvo, superintendente do IPEN-CNEN/SP. E à mesa estarão três convidados: Bumsoo Han- da Agência Internacional de Energia Atômica; e Wilson Cody diretor de desenvolvimento de negócios da Ion Beam Accelerators/IBA - fabricante de aceleradores; e Florent Kuntz, pesquisador da Aerial.
Bumsoo Han vai abordar as novas tendências de processos relevantes na área de processamento por radiação; Wilson Code vai abordar as características do Rhodotron - um moderno e complexo acelerador de elétrons que permite também a produção de raios X; e Florent Kuntz sobre os novos sistemas dosimétricos adequados para usar nos processos em desenvolvimento.
Atualmente, a esterilização de produtos médicos, tratamento de alimentos e modificação de polímeros são as aplicações mais importantes na indústria de processamento por radiação. Mas o espectro de aplicações é muito amplo: preservação de obras de arte e patrimônio cultural, despoluição de gases e águas com grande contribuição ao meio ambiente e pesquisas na área de biomédica, como irradiação de osso, peles e tecidos.
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- 30/11/2021 - Tecnologia usa irradiação para diminuir a fome no mundo - Mesa Redonda na INAC 2021Técnica de conservar alimentos à base de irradiação é tema de debate na International Nuclear Atlantic Conference - INAC 2021, produzida pela Associação Brasileira de Energia Nuclear - ABEN. Na mesa redonda que acontecerá no dia 30/11, às 15h40, em formato digital (www.inac2021.com.br) será discutida a aplicação da energia nuclear na agricultura e traz importantes referências do setor.
Técnica de conservar alimentos à base de irradiação é tema de debate na International Nuclear Atlantic Conference - INAC 2021, produzida pela Associação Brasileira de Energia Nuclear - ABEN. Na mesa redonda que acontecerá no dia 30/11, às 15h40, em formato digital (www.inac2021.com.br) será discutida a aplicação da energia nuclear na agricultura e traz importantes referências do setor.
Fonte: ABENEntre os debatedores, estarão: Luis Rangel - diretor de Estudos e Prospecção da Secretaria de Política Agrícola, do Ministério da Agricultura (MAPA); Anna Lucia Villavicencio - pesquisadora do IPEN / CNEN e pós doutora em flores comestíveis irradiadas; Valter Arthur - doutor em Agronomia na área de Entomologia; Tiago Rusin - Assessor Técnico no Departamento de Coordenação do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; e Roberto Betancourt - Diretor titular de Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).Da pauta constam: a necessidade de conservação de alimentos em função do crescimento demográfico; e o desenvolvimento nacional de uma política de Estado que adote a irradiação de alimentos. O objetivo é ampliar a durabilidade de forma segura, reduzindo o desperdício e expandindo o mercado exportador.Como exemplo, as frutas têm sido irradiadas com segurança em larga escala pelo mundo. Em média, elas duram três vezes mais depois da exposição à energia nuclear. A irradiação elimina parasitas e reduz o brotamento em muitos vegetais.Contato imprensa: Whatsapp: 21.979368737 - Gloria Alvarez -
- 29/11/2021 - Reator nuclear pode tornar Brasil autossuficiente em radiofármacosEmpreendimento reduzirá riscos de desabastecimento e custos dos medicamentos, além de ampliar o acesso dos brasileiros à medicina nuclear
Empreendimento reduzirá riscos de desabastecimento e custos dos medicamentos, além de ampliar o acesso dos brasileiros à medicina nuclear
Fonte: AmazulSão Paulo, 29 de novembro de 2021 - O Brasil deverá tornar-se autossuficiente na produção de radiofármacos para o diagnóstico por imagens e tratamento de câncer e outras doenças com o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), cujo projeto detalhado acaba de ser concluído pela Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (Amazul) e pela empresa argentina Invap, dentro do convênio de parceria técnica com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen).
O RMB é um reator nuclear de pesquisa que tem como uma de suas finalidades a produção de radioisótopos, que são o insumo para radiofármacos utilizados na medicina nuclear.
"Como a maioria dos radioisótopos é importada, o RMB reduzirá os riscos de desabastecimento e os custos de produção dos radiofármacos e da realização de exames. Com isso, criará condições para investimentos privados na área de medicina nuclear e a ampliação do número de pessoas aos benefícios da medicina nuclear”, afirma o engenheiro Francisco Roberto Portella Deiana, diretor-presidente interino da Amazul.
A tecnologia nuclear é usada na cardiologia, oncologia, hematologia e neurologia, principalmente. Os radiofármacos permitem realizar diagnósticos precisos de doenças e complicações como embolia pulmonar, infecções agudas, infarto do miocárdio, obstruções renais e demências, entre outros. A medicina nuclear é a maneira mais eficiente de detectar o câncer, pois define o tipo e a extensão de tumor no organismo, o que ajuda a decisão sobre qual o tratamento mais indicado para cada caso.
Atualmente, o Brasil compra os insumos da Rússia, África do Sul e Países Baixos. Para atender à demanda anual de cerca de 2 milhões de procedimentos em medicina nuclear, o país gasta cerca de US$ 15 milhões (cerca de R$ 82,6 milhões) em radioisótopos que são processados e enviados a 430 hospitais e clínicas brasileiras.
Orçado em cerca de US$ 500 milhões, o RMB é um empreendimento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, gerido pela Cnen, em parceria técnica da Amazul. Para a construção do complexo do RMB já existe área de 2 milhões de metros quadrados adjacente ao Centro Industrial e Nuclear Aramar, no município de Iperó, no interior de São Paulo. Do total, 1,2 milhão de metros quadrados foram cedidos pela Marinha do Brasil e o restante por meio de desapropriação realizada pelo governo do Estado de São Paulo.
O empreendimento já obteve a aprovação das licenças ambientais para o início das obras e atualmente estão sendo executados planos socioambientais preliminares.
Importância do empreendimento
O projeto de engenharia de detalhamento do RMB inclui, além do reator propriamente dito, as estruturas, sistemas e componentes do complexo que abrange prédios e outras instalações. Devido à complexidade do empreendimento, o trabalho envolveu a elaboração de 3.842 documentos pela Amazul e a verificação de outros 5.348 elaborados pela argentina Invap, responsável pelo projeto relativo ao prédio do reator.
Para a realização do projeto, foi fundamental a expertise da Amazul em 13 áreas de conhecimento de engenharia em geral e sete de tecnologia nuclear, além da alta qualificação de seus profissionais.
Nessa etapa, foram liberados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, por meio da Finep – Financiadora de Estudos e Projetos, recursos da ordem de R$ 150 milhões. Os responsáveis pelo empreendimento estão realizando gestões para a obtenção de recursos para o início das obras de construção.
Com o RMB, o País sairá da condição de importador de radioisótopos para uma maior autonomia e eventual posição de exportador, além de se tornar um polo de desenvolvimento de novos radiofármacos de interesse nacional.
O Brasil tem quatro reatores nucleares de pesquisa dedicados a atividades diversas como pesquisa básica e tecnológica, produção de radioisótopos, testes de combustível nuclear e desenvolvimento de novos materiais, dentre outras aplicações.
Os radioisótopos são produzidos em maior escala apenas pelo reator IEA-R1, com potência máxima de 5 megawatts (MW), instalado no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, localizado no campus da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista. Segundo José Augusto Perrotta, coordenador-técnico do projeto do RMB, esse reator não tem capacidade para produzir em escala o molibdênio-99, radioisótopo que dá origem ao radiofármaco tecnécio-99m, empregado em 80% dos procedimentos de medicina nuclear realizados no país.
O RMB, de 30 MW, é um reator nuclear mais potente e com maior espectro de aplicações que o do Ipen. Além de radioisótopos, produzirá traçadores que são usados em pesquisas em agricultura, indústria, proteção do meio ambiente e biologia. Permitirá, por exemplo, a realização de testes de materiais e combustíveis nucleares para reatores de potência, utilização de feixes de nêutrons para pesquisa científica e tecnológica e em diversos campos da ciência, análise por ativação neutrônica, além de treinamento de pessoal para manutenção e operação de reatores de potência. Essas tecnologias permitem, por exemplo, testar materiais, localizar fissuras em superfícies como asas de avião ou verificar a quantidade de agrotóxicos contida em alimentos.
"É o grande projeto estruturante da ciência e tecnologia nuclear no país", diz Madison Coelho de Almeida, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Cnen.
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- 29/11/2021 - A INAC 2021, principal conferência sobre energia nuclear do Hemisfério Sul, começou nesta segunda, 29Este ano o evento tem como tema: redução de carbono e mais qualidade de vida
Este ano o evento tem como tema: redução de carbono e mais qualidade de vida
Fonte: ABEN
A décima edição da International Nuclear Atlantic Conference (INAC-2021) (Conferência Internacional Nuclear do Atlântico) começou na manhã desta segunda-feira, dia 29 de novembro. Devido à pandemia o evento está sendo realizado de forma virtual. O chair do encontro é Claudio Almeida.
A cerimônia de abertura contou com a participação de Carlos Henrique da Costa Mariz, presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN), promotora e organizadora da INAC 2021; do ministro Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Júnior, Ministro de Estado de Minas e Energia (MME); Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da International Atomic Energy Agency (IAEA); Wiliam D. Magwood, diretor-geral da Nuclear Energy Agency (NEA); Marco Antonio Saraiva Marzo, secretário da Agência Brasileira-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC); e Sérgio Freitas de Almeida, secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
O tema da Conferência é "Tecnologia nuclear: redução da nossa pegada de carbono e aumento da qualidade de vida". Trata-se de uma iniciativa multidisciplinar e visa promover uma discussão sobre o papel essencial da ciência nuclear e da tecnologia de todas as suas aplicações em benefício e desenvolvimento da sociedade.
O presidente da ABEN, Carlos Henrique Mariz. Em sua saudação inicial, prestou homenagem especial ao ex-presidente da Associação, Rogério Arcuri Filho, que faleceu vítima de Covid-19, em 11 de maio de 2021. "A presente diretoria, escolhida e comprometida com ele, dará prosseguimento para que os sonhos e metas de Rogério se transformem em obras e entregas para a sociedade. Nesse momento prestamos nossa homenagem ao grande amigo Rogério e às demais vítimas dessa pandemia, com nossos pensamentos e orações e expressamos nossa solidariedade para sua família e amigos” destacou Carlos Henrique Mariz.
O presidente da ABEN ressaltou em sua fala, a Segundo Mariz, o INAC já se consolidou como um dos mais relevantes eventos da área nuclear em nível nacional e internacional e a escolha do tema deste ano evidencia a vinculação do evento às preocupações sociais. "Estamos em sintonia com as preocupações da sociedade com o aquecimento global, conforme metas do Acordo de Paris, e compreendemos o grande papel que a geração nuclear tem como forte alternativa para produção de energia de base, com mínima emissão de gases de efeito estufa e em substituição à produção com combustíveis fósseis, assunto amplamente discutido na recente COP-26, em Glasgow. Estamos em sintonia com o papel abrangente que a tecnologia nuclear tem com suas inúmeras aplicações. Na medicina, na agricultura, na produção de alimentos, no combate às pragas, na proteção dos nossos mares, etc, com grande contribuição para o aumento da nossa qualidade de vida! o momento é de intensa atividade na geração de energia nuclear no mundo e no Brasil com anúncios de projetos de construção de novas usinas e expansão da vida útil de muitas em operação”, ressaltou Mariz.
Rafael Grossi, diretor-geral da International Atomic Energy Agency (IAEA), também salientou a importância de debater tais temas, segundo ele existem pessoas no mundo que ainda não têm acesso à eletricidade. "Aliviar a sua pobreza tem que fazer parte do nosso plano, e isso significa que a demanda por energia vai crescer, e que a demanda por energia nuclear vai aumentar, sendo necessário desenvolver ações para aumentar matrizes energéticas com baixo teor de carbono”. Grossi ainda afirmou:” Precisamos que a matriz energética consiga fazer duas coisas em simultâneo, evitar poluentes que causam mudanças climáticas e doenças respiratórias e fornecer combustível de forma confiável a um custo acessível para impulsionar o crescimento econômico”.
O Ministro de Estado de Minas e Energia (MME), Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Júnior, colocou em relevo os eventos que ocorrem de forma paralela ao INAC, como o 22º Encontro de Física de Reatores e Termo hidráulicos (ENFIR); o 15º Encontro de Aplicações Nucleares (ENAN); 7º Encontro da Indústria Nuclear (ENIN), a Expo INAC (exposição de projetos e materiais); e as sessões técnicas de pôsteres juniores (para estudantes de graduação).
"No Ministério de Minas e Energia temos dado passos muitos decididos em coordenação com as demais áreas de governo, para promover a expansão da energia nuclear em nossa matriz energética, e consolidar a posição do Brasil no setor. Temos foco no desenvolvimento de energias limpas e renováveis, e destacamos que o Brasil tem uma das matrizes de energia elétrica mais limpas do mundo, com 85% de fontes renováveis” salientou Albuquerque Júnior.
Em seu discurso, o Ministro colocou em relevo que o setor nuclear vai começar uma nova etapa dessa atividade de regulação, fiscalização e licenciamento, de forma independente, com as ações que estão sendo desenvolvidas pelo Governo para a expansão do setor energético no País. "Destacamos a criação da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear, que terá grandes desafios com a retomada do Programa Nuclear Brasileiro e a expansão esperada em todos as áreas desde a mineração até a aplicação final na energia elétrica, no Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (LABGENE) da Marinha; na fabricação de radiofármacos, na radiação de alimentos, e no futuro o reator multipropósito, que vai concentrar as pesquisas afetas a todos os setores”.
Ainda segundo o Ministro "Estamos radiantes com todas essas iniciativas, isso simboliza o resultado de um trabalho sério, entre Governo, empresas e a área acadêmica. No âmbito do ministério estamos trabalhando na retomada dos estudos de localização de novos sítios nucleares, em parceria com o CEPEL, sendo meta intensificar esse trabalho para que tenhamos a identificação de áreas preferenciais, que permitam ao Governo propor para o Congresso Nacional a implantação de novos centrais nucleares - o reputo de importância para o desenvolvimento e segurança do sistema de energia elétrica do Brasil”, concluiu o ministro.
Contato com a imprensa: 21.979368737 (Gloria Alvarez)
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- 24/11/2021 - Estatal nuclear mantém lixo radioativo em local sem licenciamento ambientalSem documentação do Ibama, sítio em Itu, interior de SP, armazena 3.500 toneladas de rejeito radioativo
Sem documentação do Ibama, sítio em Itu, interior de SP, armazena 3.500 toneladas de rejeito radioativo
Fonte: Brasil de FatoThales SchmidtSão Paulo (SP) |Sempre com a promessa de encontrar uma destinação ou uso, o Brasil abriga desde a década de 1970 toneladas de rejeitos radioativos. O material é resultado da mineração de monazita pela Nuclemon, antiga estatal nuclear que operou em São Paulo e foi fechada após a contaminação de seus trabalhadores, problemas trabalhistas e a morte de um de seus funcionários. Hoje, o material é administrado pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB), companhia que sucedeu a Nuclemon, e parte dele está guardado, ao menos desde 2012, em um local sem licenciamento ambiental, no Sítio São Bento, em Itu (SP). O local fica em uma área de proteção ambiental do município paulista.
Batizado de Torta II, o material é resultado do processamento químico da monazita para a extração de terras raras — elementos químicos de alto valor e interesse industrial. Esse processo era realizado na unidade da Nuclemón no bairro do Brooklin, na capital paulista, durante a ditadura militar.
Quando moradores de Itu questionaram a presença do elemento radioativo no município na década de 1980, o então presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Rex Nazaré Alvez, afirmou ao Estadão que a Torta II era um elemento de "alto valor comercial".
Ainda assim, o depósito permanece intocado desde então e gerando custos de manutenção e segurança. Uma possível negociação surgiu em 2013, quando a venda da Torta II para a China foi cogitada. A empresa Global Green Energy Science compraria o material para reprocessá-lo e aproveitar as quantidades restantes de tório e urânio. Todavia, o negócio não prosperou porque as autoridades de Pequim não forneceram a licença ambiental de importação do material.
O frustrado negócio da China não impediu a CNEN de repetir o argumento de que a Torta II não seria um rejeito e teria, na verdade, um uso no futuro. Em audiência pública na Câmara de Vereadores de Caldas, em Minas Gerais, outro município que também abriga os rejeitos, a CNEN voltou a defender uma hipotética destinação futura do material.
"Ela é um material radioativo, uma vez que a definição de rejeito radioativo é quando o material não tem previsão futura de aproveitamento e a Torta II pode ser aproveitada para recuperação de urânio contido nela e terras raras”, afirmou Antonio Luiz Quinelato.
O hipotético uso futuro de rejeitos da mineração de elementos radioativos é, também, um dos argumentos do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) para expandir as usinas nucleares no país. Elaborado pelo Ministério de Minas e Energia, o Plano Nacional de Energia 2050 (PNE) estabelece diretrizes de longo prazo para o setor energético do país e afirma que a "opção brasileira” é não considerar o armazenamento do combustível nuclear usado (urânio) "como rejeito”.
"Isso porque há esforços mundiais no desenvolvimento de tecnologias de reaproveitamento desse combustível, que apresenta ainda teor energético”, diz o PNE 2050. "De tal forma que o país adotou a política de estocar o seu combustível usado no sítio das usinas no aguardo do desenvolvimento dessas novas tecnologias de reprocessamento e aproveitamento.”
Origem radioativa
A Torta II foi levada para Itu entre 1975 e 1981. Em 1987, relatório da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) apontou que os trabalhadores que faziam a segurança do local estavam expostos a níveis acima do recomendado de radiação "causando riscos profissionais de exposição”, noticiou o jornal Estadão.
"Se há perigo para os funcionários, existe também para a população, pois um dos mananciais que abastecem a cidade está a apenas 600 metros do depósito", afirmou o prefeito de Itu na época, Lázaro José Piunti, à publicação.
A INB afirma em seu site que "não se sabe ao certo o motivo que levou os administradores da Nuclemon a levar a Torta II" para Itu e que não havia à época "legislação ambiental contrária à instalação do depósito no local”.
Em documento interno, de 2016, a INB reconhece que outra quantidade de Torta II armazenada na Unidade de Tratamentos de Minérios em Caldas (MG), "apresenta riscos de vazamentos devidos à deterioração em função do tempo dos tambores de metal, das bombonas plásticas e dos paletes de madeira que dão sustentação às pilhas".
Sede da primeira mina de urânio do país, a mineira Caldas hospeda a maior parte dos rejeitos de Torta II do país, com 12,5 mil toneladas.
A posse do material segue um assunto controverso, com os atuais prefeitos de Caldas e Itu afirmando na imprensa não terem interesse em hospedar a Torta II.
Em nota enviada ao Brasil de Fato, a INB afirma que o licenciamento ambiental do seu depósito de lixo nuclear em Itu está "em andamento" e que fez a solicitação da documentação em 2012 e 2015 para o Ibama e que "o material está devidamente acondicionado na Unidade".
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"É importante ressaltar que, independente da licença, a INB desenvolve um Programa de Monitoração Radiológica Ambiental no Sítio São Bento, Botuxim/SP, e todos os anos encaminha relatório das monitorações para o Ibama e a Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN. No histórico não foi identificado nenhum aumento de concentrações radiológicas, o que demonstra que o material está devidamente acondicionado na Unidade”, afirma a INB em nota.
O Ibama não respondeu aos questionamentos da reportagem.
Contaminação e morte
Em 1987, com a morte de um dos trabalhadores da Nuclemon por contaminação por sílica e o acidente com césio-137 em Goiânia, as atividades da Nuclemon passaram a ser alvo de maior atenção. E uma série de problemas foi detectada.
A Câmara Municipal de São Paulo instaurou uma CPI para investigar a empresa em 1991. O relatório final da comissão cita um laudo de Fiscalização do Instituto de Radioproteção e Dosimetria que encontrou elementos radioativos acima do limite em toda a unidade da estatal. Em alguns locais, o índice de radiação era até 100 vezes superior ao limite.
A CPI também indicou que a Nuclemon utilizava jornadas extraordinárias e que os trabalhadores não tinham os equipamentos necessários para sua prática profissional.
Com problemas de saúde causados pelo Nuclemon, trabalhadores da antiga estatal hoje processam a INB e pedem planos de saúde vitalícios e indenizações por danos morais, existenciais e materiais.
Esses antigos profissionais criaram a Associação Nacional dos Trabalhadores da Produção de Energia Nuclear (ANTPEN) e passaram a coletar informações sobre as enfermidades gestadas pela Nuclemon: leucemia, câncer gástrico, câncer de próstata, câncer de bexiga, hipertensão, diabetes, retite, silicose e pneumoconioses.
Enquanto a incidência de câncer de próstata brasileira está em torno de 2% da população, essa enfermidade é quatro vezes mais comum entre os ex-trabalhadores da Nuclemon, aponta laudo do processo da ANTPEN.
"A Torta II parece uma massa, um barro, um barro mole e marrom”, afirma José Venâncio, trabalhador da Nuclemon entre 1970 e 1993 e presidente da Antpen.
Venâncio afirma que uma parte considerável dos trabalhadores da Nuclemon era formada por retirantes nordestinos, que aceitavam o trabalho braçal e as longas horas de turno. Sem saber da radiação, ele diz que a convivência com os rejeitos nucleares era comum e parte dos trabalhadores chegou a manusear o material com as próprias mãos.
Sobre a falta de licenciamento ambiental da Torta II em Itu, o ex-trabalhador da Nuclemon afirma: "a ditadura acabou, mas eles continuam fazendo a mesma coisa”.
Edição: Rodrigo Durão Coelho