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- 26/10/2022 - STF declara inconstitucional proibição de lixo radioativo em RoraimaPedido pela inconstitucionalidade foi formulado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, e defendido pelo advogado-geral da União, Bruno Bianco
Pedido pela inconstitucionalidade foi formulado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, e defendido pelo advogado-geral da União, Bruno Bianco
Fonte: Folha BV (Roraima)
Por Lucas Luckezie
O plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) declarou inconstitucional o trecho da Constituição de Roraima que proíbe a utilização do território estadual como depositário de lixo radioativo, atômico, rejeitos industriais tóxicos e corrosivos. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (26).
O relator da ação foi o ministro Gilmar Mendes, cujo voto favorável à inconstitucionalidade foi acompanhado com ressalvas por Edson Fachin e pela presidente do STF, Rosa Weber. A líder da Corte, inclusive, já comunicou a decisão, por ofício, aos presidentes da Assembleia Legislativa de Roraima, deputado Soldado Sampaio (Republicanos), e do Tribunal de Justiça do Estado, desembargador Cristóvão Suter.
A proibição está no artigo 167, que também proibia a implantação de indústrias de minérios radioativos com vistas à geração de energia nuclear no Estado. O pedido pela inconstitucionalidade foi formulado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, no âmbito da ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 6.907, que tramitava na Corte desde junho de 2021. Veja o trecho declarado inconstitucional:
Art. 167. É vedada a utilização do território estadual como depositário de lixo radioativo, atômico, rejeitos industriais tóxicos ou corrosivos.Parágrafo único. Fica vedada a implantação de instalações industriais no Estado para fins de enriquecimento de minerais radioativos, com vistas à geração de energia nuclear.
Aras entendeu que a proibição feita pela Constituição Estadual, ao disciplinar a implantação de instalações nucleares e depósito de material radioativo ou atômico no território estadual, afrontou três artigos da Constituição Federal de 1988, que conferem à União competência privativa para legislar sobre a matéria. Ele reiterou a manifestação na fase final do processo.
"As normas impugnadas nesta ação, portanto, disciplinam e estabelecem restrições para o exercício de atividades nucleares em âmbito estadual, temática sobre a qual somente lei federal poderia dispor”, defendeu Aras, citando ainda ações diretas que declararam inconstitucionais leis de Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul que tratam de tema semelhante.
Solicitado por Aras a se manifestar nos autos, o advogado-geral da União, Bruno Bianco, que representa o governo federal em ações judiciais, endossou o pedido de inconstitucionalidade, ao entender que compete privativamente à União legislar sobre as atividades nucleares e a localização das usinas que operem com reator nuclear e sobre o transporte e o destino final de materiais radioativos.
A Assembleia também se manifestou a pedido de Aras. Os procuradores geral e adjunto da Casa, Paulo Luis de Moura e Sergio Mateus, defenderam a constitucionalidade da proibição, sob à análise da Carta Magna brasileira. "Como bem retrata o texto constitucional, a ideia de monopólio e exploração de serviços e instalações nucleares é vinculada estritamente ao desenvolvimento dessas atividades, matéria essa não disciplinada pelo texto da Constituição Estadual”.
Para o Legislativo estadual, "o constituinte decorrente do Estado de Roraima, ao impor um comando negativo sobre o tema, legisla não violando a regra de repartição de competências inserida no inc. XXVI, do art. 22, da CRFB, ao contrário, encontra amparo normativo no art. 24, incs. VI, XII e §2º, complementando a legislação federal existente, atendendo as peculiaridades locais e maximizando a proteção já estabelecida pelo texto da Constituição da República”.
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- 25/10/2022 - Técnica evita a degradação de compostos antioxidantes presentes em alimentosEstratégia criado no Centro de Pesquisa em Alimentos da USP aumenta a estabilidade de moléculas conhecidas como antocianinas e poderá ser usada na produção de suplementos alimentares e corantes naturais
Estratégia criado no Centro de Pesquisa em Alimentos da USP aumenta a estabilidade de moléculas conhecidas como antocianinas e poderá ser usada na produção de suplementos alimentares e corantes naturais
Fonte:Agência Fapesp
Agência FAPESP* – Amora, morango, açaí, uva, acerola, repolho roxo e berinjela são alguns dos alimentos ricos em antocianinas, compostos naturais com poder antioxidante que, aliados a um estilo de vida saudável, reduzem os riscos de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e alguns tipos de cânceres. O problema é que menos de 5% das antocianinas mantêm sua estrutura molecular intacta até o fim do processo digestivo. A maior parte dessas moléculas acaba se degradando antes de ser absorvida pelas células.Com o intuito de solucionar esse problema, o Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC) desenvolveu uma estratégia para proporcionar maior estabilidade à estrutura molecular dos compostos. O FoRC é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP)."Para diminuir a degradação das antocianinas, que ocorre durante a digestão, principalmente no pH intestinal e pela ação das bactérias intestinais, desenvolvemos cápsulas em escala nanométrica. Essas nanocápsulas recobrem a estrutura das antocianinas, aumentando a estabilidade química tanto durante o armazenamento quanto na digestão humana”, explica a nutricionista Thiécla Katiane Osvaldt Rosales, autora da pesquisa.Rosales é responsável pelo desenvolvimento da metodologia, que foi patenteada e publicada em três periódicos: Food Hydrocolloids, AntioxidantseColloids and Surfaces B: Biointerfaces.Outros artigos com os resultados da pesquisa estão em fase de revisão. O trabalho é fruto do seu doutorado, feito sob a orientação do farmacêutico-bioquímico João Paulo Fabi, professor da FCF-USP e membro do FoRC.As nanocápsulas são feitas de compostos naturais: pectina, um polissacarídeo extraído de citros, e lisozima, uma proteína encontrada na clara do ovo. Foram realizados testes in vitro, com microscopia eletrônica e de varredura, para avaliar a tecnologia em quatro aspectos: estabilidade, capacidade de proteção física e química, capacidade de absorção pelas células e toxicidade.Proteção sem toxicidadeUm dos testes aplicados foi o InfoGest, um protocolo reconhecido internacionalmente que simula a digestão gastrointestinal humana, levando em consideração diversas variáveis, como temperatura corporal, movimentos peristálticos, ação das enzimas e pH fisiológicos."Nesse teste constatamos que aproximadamente 42% das antocianinas iniciais tinham sido protegidas da degradação no final da digestão simulada ou mantinham suas estruturas moleculares intactas dentro das nanocápsulas ou tinham sido liberadas gradativamente para absorção celular. No grupo-controle, com as antocianinas livres, menos de 13% das moléculas iniciais se encontravam nessas mesmas condições, in vitro”, conta Rosales.Os ensaios foram feitos com o auxílio de marcadores fluorescentes, que evidenciaram não apenas a absorção das nanopartículas como também a não alteração das proporções entre células vivas e mortas: "Quando a célula absorvia a antocianina nanoencapsulada, a cor verde no interior da estrutura celular era visualizada pelo microscópio”, exemplifica. Foram usados tanto o modelo bidimensional, com células aderidas à placa de cultura, quanto tridimensional, com células em esferoides, mimetizando o microambiente intestinal.O próximo passo da pesquisa, já em nível de pós-doutorado, será a realização de testes in vivo. Essa etapa será feita no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em parceria com o FoRC. "Precisamos saber se as nanopartículas continuarão estáveis em um organismo vivo. Além disso, teremos condições de acompanhar in vivo, também com marcadores, como se dá a absorção das nanopartículas e sua biodisponibilidade [aproveitamento no metabolismo]”, acrescenta a pesquisadora.Aplicações promissorasO objetivo final da pesquisa é fazer a transferência da tecnologia para o desenvolvimento de suplementos alimentares com ação antioxidante e usados como adjuvantes no tratamento de doenças. Outra possível aplicação seria a produção de corantes naturais.Segundo Rosales, a tecnologia é acessível por não requerer equipamentos sofisticados ou caros. Além disso, os compostos naturais da matéria-prima ocorrem em abundância. A pectina, por exemplo, é fartamente encontrada em resíduos da indústria alimentícia, como casca de citros e de maçãs.O artigo Nanoencapsulation of anthocyanins from blackberry (Rubus spp.) through pectin and lysozyme self-assemblingpode ser lido em:www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0268005X20329374?via%3Dihub.Já o estudo Nanotechnology as a Tool to Mitigate the Effects of Intestinal Microbiota on Metabolization of Anthocyanins está acessível em:www.mdpi.com/2076-3921/11/3/506.E a pesquisa Nanoencapsulated anthocyanin as a functional ingredient: Technological application and future perspectives pode ser conferida em:www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0927776522003903.* Com informações do FoRC. -
- 25/10/2022 - Exercício parcial de energia nuclear em AngraEvento de abertura relacionado à ação aconteceu no auditório da Defesa Civil
Evento de abertura relacionado à ação aconteceu no auditório da Defesa Civil
Fonte: Prefeitura de Angra dos Reis
Realizado em anos pares, o exercício parcial de energia nuclear, cuja cerimônia de abertura aconteceu na manhã desta terça-feira, 25 de outubro, tem como objetivo ajudar na preparação das entidades e órgãos envolvidos na construção do próximo exercício geral das usinas nucleares de Angra dos Reis.
A abertura oficial da ação foi efetuada às 9h30, no auditório da Secretaria de Proteção e Defesa Civil, no São Bento. Estavam presentes representantes da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), da diretoria da Eletronuclear, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, da Defesa Civil do estado do Rio de Janeiro, da Marinha do Brasil e da própria Prefeitura de Angra. A introdução para o exercício começa hoje, com a parte de apresentação do cenário e da preparação dos avaliadores. Amanhã, 26, ele passa a ser realizado na prática, sendo finalizado na quinta-feira, 27.
– Esse é um exercício parcial, coordenado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro e gerenciado pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Não haverá movimentação externa, apenas de comunicação entre os órgãos envolvidos, onde será avaliada a capacidade de resposta relacionada ao exercício, com o objetivo de proteger os trabalhadores da usina, o meio ambiente e a população em geral – explica o secretário de Proteção e Defesa Civil, Jairo Fiães.
Todos os representantes das entidades diretamente ligadas ao exercício parcial de energia nuclear puderam falar durante a cerimônia sobre suas expectativas e desejos relacionados à ação, e o contra-almirante Marcelo da Silva Gomes, secretário de Coordenação de Sistema do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, sublinhou justamente a importância do exercício como uma preparação para a atividade que acontecerá em 2023.
– Existem vários avaliadores que vão analisar todos os procedimentos e situações que serão geradas aqui pelo GSI. São essas avaliações que vão permitir o aprimoramento do exercício e dos planos atrelados a ele, de emergência externa e de emergência local, sempre lembrando que o foco de tudo isso é a proteção da população, do meio ambiente, das instalações nucleares e de seus trabalhadores. -
- 25/10/2022 - Eduardo Grand Court assumiu a presidência da EletronuclearFonte: Petronotícias
A Eletronuclear entrou em uma nova fase. A empresa realizou no início desta semana o ato de posse do seu novo presidente, Eduardo Grivot de Grand Court (foto). Ele assumiu o posto no lugar de Leonam dos Santos Guimarães, que estava no comando da companhia desde outubro de 2017. O novo presidente diz que as prioridades de sua gestão serão a conclusão das obras de Angra 3 (que estão paralisadas desde 2015) e a extensão da vida útil de Angra 1.
Court teve uma carreira de mais de 40 anos na Eletronuclear. Antes de assumir o comando da estatal, ele exercia o papel de presidente do Conselho de Administração da Eletronuclear – posto ao qual ele renunciou antes de ocupar a presidência da empresa. Além disso, o executivo também atuava como diretor de Gestão Corporativa e Sustentabilidade da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional S.A (ENBPar).
Além de Court, também tomaram posse nesta semana os novos diretores da Eletronuclear. Para a Diretoria de Operação e Comercialização, o novo titular é Ricardo Luis Pereira dos Santos, ex-diretor Técnico, que continuará acumulando, interinamente, a Diretoria da Usina Nuclear Angra 3. Na Diretoria Técnica, quem assume é Sinval Zaidan Gama, ex-diretor de Operação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e ex-presidente da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf).
Por fim, a Diretoria Administrativa será ocupada pelo almirante Hélio Mourinho Garcia Júnior, que exerceu recentemente o cargo de subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração do Ministério de Minas e Energia (MME). Marcello Cabral continua como diretor Financeiro.
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- 24/10/2022 - Equipe do Ipen vence a 1ª edição do HackAtom, competição científica apoiada pela RosatomFonte: site Defesa em Foco
A equipe HackIPEN, do IPEN, foi a vencedora do Brazil HackAtom, competição científica por equipes com a finalidade de desenvolver ideias sobre um tema relacionado à energia nuclear. Promovida pelo Instituto, em parceria com o Instituto de Engenharia Física (MEPhI) de Moscou e Corporação Estadual de Energia Atômica Rosatom, a disputa envolveu nove equipes de até cinco participantes para a realização de duas tarefas e aconteceu de forma híbrida, nos dias 18 e 19.
Noé Gabriel Pinheiro Machado, Sandro Minarrine Cotrim Schott, Priscila Santos Rodrigues e Maria Eduarda Zaganin Rigo, do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear IPEN/USP, eJabison Rafael de Aguiar Bezerra, graduando de engenharia nuclear e bolsista de inicação científica,foram os vencedores. Em segundo lugar, veio a equipe Hackerspace, com estudantes do Instituto de Física da USP (IFUSP) e também do IPEN, e em terceiro, a Nuclear, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A primeira tarefa foi mais simples. As equipes receberam vários dados brutos de consumo de energia de uma usina nuclear e precisavam analisar esses dados e elaborar um algoritmo que previsse o futuro da usina (em relação ao consumo, não à geração), com escala temporal definida pelos próprios estudantes, desde que coerentes com a proposta. As três primeiras colocadas concluíram o trabalho com êxito, de acordo com Julian Shorto, pesquisador do IPEN e um dos coordenadores do HackAtom.
O desafio maior, segundo Shorto, foi na segunda tarefa, em que as equipes receberam dados brutos de temperatura e pressão uma usina nuclear, durante um período de tempo, e também alguns sinais na instrumentação, como detetores de vibração, e teriam que encontrar a correlação entre esses dados e elaborar uma previsão. "Foi mais difícil, porque, aparentemente, não havia correlação. Eles tentaram, usaram técnicas de inteligência artificial, mas nenhum conseguiu resolver totalmente”.
Shorto atribui a dois fatores: o tempo de 24h para a resolução do desafio – muito curto, na avaliação dele, e o fato de os participantes não terem vivência de uma usina, o que torna missão quase impossível correlacionar dados "sem a prática da vida real”, o que, conforme o pesquisador, "naturalmente indicaria pistas para eles atuarem”. "Para quem não conhece nada de uma usina, ter apenas 24 horas é bem difícil. Eles foram até surpreendentes nos resultados obtidos”, avaliou.
Na reta final, das nove equipes inscritas, apenas quatro se mantiveram na disputa. Shorto acredita que, apesar do pouco tempo para o grau de complexidade dos desafios, o Brazil HackAtom cumpriu seu objetivo, de incentivar o interesse de alunos da física nuclear e de outras ciências exatas e tecnologias pela área nuclear. "O que podemos melhorar, em edições futuras, é o contato com as equipes, talvez oferecendo um tutor para cada uma, por exemplo, e também trabalhar com um pouco mais tempo, antes do evento, sobre questões gerais.
A equipe de professores foi composta por oito membros, sendo três do IPEN – Shorto, Delvonei Andrade e Luis Antonio Albiac Terremoto. Da Rússia, participaram Dmitry Samokhin, Alex Nakhabov, Dmitry Raspopov, Alla Udalova, Dmitry Savkin. Cada avaliador deu duas notas, uma para o resultado em si e outra para a apresentação da equipe. Ao final, a equipe vencedora obteve maior pontuação com sete dos oito avaliadores.
Parceria promissora
Niklaus Ursus Vetter, gerente de Internacionalização do IPEN, comentou sobre "o estreitamento dos laços acadêmicos entre MEPhI e IPEN”, que, por meio de um acordo bilateral, propiciou intercâmbio de vários alunos de pós e de cursos de pós-graduação da USP ministrados por professores russos em colaboração com docentes do IPEN. "Com a realização do evento HackAtom no IPEN, esse acordo chega a outro patamar. Estamos visando, agora, a dupla titulação IPEN – MEPhI, para oferecer aos alunos um mestrado internacional que possa resultar em um aumento de suas oportunidades de carreira”.
"Para nós, o HackAtom não é apenas um evento para promover a tecnologia nuclear, é uma possibilidade de interagir com os jovens talentosos capazes de apresentar soluções realmente interessantes e inovadoras. Estamos realizando este evento no Brasil pela primeira vez em conjunto com nosso parceiro IPEN e esperamos que o HackAtom se torne nosso evento anual comum e atraia o maior número possível de participantes de diferentes universidades e institutos”, disse Valery Karezin, diretor de Projetos do Escritório de Projetos para o Desenvolvimento da Educação e Cooperação Internacional da Rosatom, após o anúncio dos vencedores.
Ruan Nunes, vice-diretor do Centro Regional da Rosatom para a América Latina, falou sobre a "grande satisfação” de poder promover e acompanhar a primeira edição do HackAtom e destacou a disposição e a participação "notáveis” das equipes. "A capacidade de resolver problemas complexos em 24 horas demonstra o quão preparados são os cientistas e estudantes da área. Nada resta além da dar os parabéns aos participantes, ao IPEN e a MEphi. Vamos aguardar ansiosos a próxima edição no ano que vem”.
Wetter, Karezin, Nunes e Dmitry Savkin, vice-reitor de Relações Internacionais do MEPhI participaram do anúncio dos vencedores. Está programada para o final do mês uma cerimônia de premiação. O HackAtom é realizado fora da Rússia desde 2021, a primeira competição foi organizada na Bulgária e depois em outros países, entre eles, Hungria e Argentina.
Equipes
1o. lugar: HackIPEN – Noé Gabriel Pinheiro Machado, Sandro Minarrine Cotrim Schott, Jabison Rafael de Aguiar Bezerra Priscila Santos Rodrigues, Maria Eduarda Zaganin Rigo.
2olugar: Hackerspace (FUSP/IPEN): Victor Keichi Tsutsumiuchi, Cristhian Ferreira Talacimon, Ícaro Vaz Freire, Ricardo Laranjeira Couro Pitta e Júlio de Oliveira Júnior.
3olugar: Nuclear(UFRJ): João Victor Faria de Souza, João Victor Sigaud Andrade Guimarães, Gabriel Faria Beserra, William Luna Salgado e Vinícius Souza Pinheiro Silva
Fonte: site IPEN -
- 21/10/2022 - 'É inacreditável', diz ministro sobre a usina de urânio do Ceará ainda não funcionarO ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, criticou o fato de a usina de urânio e fosfato de Santa Quitéria, no interior do Ceará, ainda não estar em operação, após tantos anos de imbróglios.
O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, criticou o fato de a usina de urânio e fosfato de Santa Quitéria, no interior do Ceará, ainda não estar em operação, após tantos anos de imbróglios.
Fonte: Diário do Nordeste
Victor Ximenes
"É inacreditável não conseguir minerar em Santa Quitéria. Esse projeto significa emprego para o Ceará", disse Sachsida, em palestra a grandes empresários cearenses, no Seminário Energia Brasil, na tarde desta sexta-feira, em Fortaleza.
No entanto, o ministro mostrou-se otimista com o destravamento do lendário projeto, que vem se arrastando desde os anos 1980.
O empreendimento está em fase de obtenção de licenciamento ambiental, após a realização de audiência públicas em junho deste ano. O cronograma prevê início das obras em 2023.
A previsão do consórcio responsável — formado por INB (Indústrias Nucleares do Brasil) e Galvani — é que sejam gerados 8.400 postos de trabalho diretos e indiretos criados durante a construção e outros 2.800 na fase de operação.
Crescimento da EconomiaNo seminário, Sachsida – que foi secretário de Política Econômica e chefe da Assessoria Especial do ministro Paulo Guedes –, também listou uma série de ações do Ministério da Economia, chamadas por ele de "microrreformas", para melhorar o ambiente de negócios e estimular os investimentos privados. Entre elas, estão medidas que reduziram impostos e desburocratizaram setores; bem como os marcos legais, como o do saneamento.
Ele teceu críticas às estimativas erradas do mercado financeiro sobre o desempenho da economia nacional em 2022 e enalteceu os resultados alcançados que, segundo ele, colocam o Brasil em destaque global, à frente da Alemanha, da Inglaterra e da China.
Hidrogênio VerdeO ministro também destacou a importância do hidrogênio verde para o futuro da matriz energética e afirmou que o Governo Federal vem dando suporte à pauta, que recebe grande atenção no empresariado cearense.
Inclusive, está em formulação, em Brasília, um programa nacional com diretrizes para o desenvolvimento da economia do hidrogênio. -
- 16/10/2022 - Projeto bilionário: por que o submarino atômico brasileiro não sai do papelO primeiro submarino atômico do Brasil está sendo produzido desde 1978. O projeto, que deveria ter sido finalizado em 1991, ganhou outra data de entrega, agora para 2029. Os 31 anos de atraso se devem a diversos fatores, como sanções internacionais, a complexidade do projeto e a dificuldade em conseguir a autorização de uso do combustível. Apesar de avançar lentamente, os gastos com o projeto já passaram dos 30 bilhões de reais.
O primeiro submarino atômico do Brasil está sendo produzido desde 1978. O projeto, que deveria ter sido finalizado em 1991, ganhou outra data de entrega, agora para 2029. Os 31 anos de atraso se devem a diversos fatores, como sanções internacionais, a complexidade do projeto e a dificuldade em conseguir a autorização de uso do combustível. Apesar de avançar lentamente, os gastos com o projeto já passaram dos 30 bilhões de reais.
Fonte: UOL
Como está o projeto atualmente?
O primeiro submarino nuclear no Brasil tem nome: Submarino Nuclear Álvaro Alberto (SN-10). O projeto é desenvolvido pela Marinha Brasileira, sob responsabilidade da Itaguaí Construções Navais (ICN).
Além disso, a iniciativa faz parte do Programa de Desenvolvimento de Submarinos, um acordo firmado entre o Brasil e a França, em 2009, para a aceleração do desenvolvimento do projeto nuclear da Marinha.... Isso significa que boa parte do projeto é feita em parceria com profissionais franceses, com transferência de tecnologia e apoio na construção da embarcação.
No momento, o foco é conseguir o aval internacional para o uso do combustível necessário para a embarcação. Porém, alguns órgãos internacionais estão dificultando o andamento do projeto. Isso se deve principalmente à singularidade desse projeto no Brasil, que seria o primeiro a envolver esse tipo de força nuclear para objetivos militares.
O último pedido formal do Brasil à AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, parte da ONU) foi feito em junho de 2022. O objetivo é obter autorização para empregar urânio enriquecido no reator do submarino.
Porém, para conseguir essa autorização, o governo terá que mudar alguns posicionamentos. O Brasil ainda resiste a aderir aos Protocolos Adicionais do Tratado de Não Proliferação Nuclear.
Esse tratado supervisiona componentes nucleares, como o urânio enriquecido, e permite que a AIEA fiscalize o programa nuclear dos países para verificar se as obrigações contidas no tratado estão sendo respeitadas pelos signatários.
Portanto, esse posicionamento fez com que essas organizações internacionais ficassem inseguras em relação aos possíveis efeitos colaterais que poderiam resultar da falta de fiscalização, por exemplo.
A estrutura do submarino
Com a complexidade do projeto e dificuldade em fazê-lo avançar, fica o questionamento: quais as vantagens de um submarino nuclear para o Brasil?.
Um submarino de propulsão nuclear é bem diferente dos modelos convencionais. A propulsão nuclear, que gera energia pela quebra de núcleos atômicos, dispensa o oxigênio necessário para a queima do diesel.
De acordo com informações da Marinha, o submarino nuclear brasileiro será capaz de deslocar 6 mil toneladas, capacidade de mergulhar até 350 metros ou mais e poderá chegar aos 26 nós de velocidade.
Assim, a estrutura, além de ser mais potente e rápida, consegue ficar submersa por mais tempo sem ter que subir à superfície para reabastecer o oxigênio. Por isso, o submarino poderá alcançar uma autonomia de até 3 meses, sem nenhuma emergência associada ao fator humano.
Além de uma novidade para o Brasil, esse poder bélico seria um diferencial, já que apenas EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Índia operam esse tipo de armamento até então. -
- 14/10/2022 - ENBPar passa a controlar Indústrias Nucleares do BrasilDecreto presidencial que autoriza o aumento de capital social da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), por meio do aporte das ações da União no capital da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), foi publicado no Diário Oficial da União de hoje (14).
Decreto presidencial que autoriza o aumento de capital social da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), por meio do aporte das ações da União no capital da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), foi publicado no Diário Oficial da União de hoje (14).
Fonte: Agência Brasil
Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), a medida garantirá "maior eficiência operacional” à INB, de forma a fortalecer a formação de parcerias e a atração de investimentos privados. "Com o decreto, a INB se tornará uma estatal não dependente da União e, portanto, não receberá mais recursos financeiros do Tesouro para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio geral ou de capital”, informou a pasta.
"A INB já havia atingido a autossuficiência financeira neste ano e agora passa a ser uma subsidiária da ENBPar”, acrescentou.
Em nota, o MME afirma que a alteração acionária trará maior autonomia orçamentária e financeira "e mais eficiência na gestão do caixa por parte da INB”, que passará ater"maior flexibilidade para estabelecer parcerias com a iniciativa privada”, uma vez que, com a nova legislação, será possível desenvolver "outros modelos de associação com parceiros privados para exploração de jazidas minerais que possuam minérios nucleares”.
Com esses minériossão desenvolvidastecnologias de diversos tipos,inclusive para equipamentos que fazem uso de radiação para tratar doenças como câncer; ou para evitar proliferação de fungos em alimentos.
Edição: Graça Adjuto
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- 13/10/2022 - Livro reúne estudos sobre o uso de nanomateriais na conversão de CO2 em combustíveis e outros químicosObra lançada pela Royal Society of Chemistry conta com capítulo escrito por pesquisadoras brasileiras apoiadas pela FAPESP
Obra lançada pela Royal Society of Chemistry conta com capítulo escrito por pesquisadoras brasileiras apoiadas pela FAPESP
Fonte: Agência FAPESP
Lançado recentemente pela Royal Society of Chemistry, o livro 2D Nanomaterials for CO2 Conversion into Chemicals and Fuels traz em seus 16 capítulos vários estudos que investigam as oportunidades do uso de nanomateriais 2D na redução eletroquímica de CO2, dando ênfase nas suas propriedades únicas e no grande número de aplicações que esses materiais apresentam.A edição atende principalmente ao crescente interesse entre pesquisadores acadêmicos e industriais em entender as funcionalidades dos compósitos nanomateriais 2D.Um dos capítulos, intitulado "Photoelectrochemical CO2 Conversion Through the Utilization of Non-oxide Two-dimensional Nanomaterials”, foi escrito por quatro pesquisadoras brasileiras: Lucia Mascaro, Juliana Ferreira de Brito, Patrícia Gon Corradini e Anelisse Brunca da Silva.As autoras estão ligadas ao Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) sediado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – e ao Centro de Inovação em Novas Energias (CINE), um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído em parceria com a Shell na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com a participação de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).No capítulo são apresentados os avanços do uso de nanomateriais bidimensionais não óxidos para a redução fotoeletrocatalítica de dióxido de carbono em meio aquoso. Esses fotocatalisadores vêm recebendo atenção significativa em reações complexas que envolvem várias etapas, como redução de CO2 e divisão de água, devido às suas características catalíticas.Entre os diversos fotocatalisadores bidimensionais não óxidos relatados na literatura, o capítulo também examina os dicalcogenetos de metais de transição bidimensionais, nitretos, carbonitretos, estruturas metal-orgânicas e heterojunções desses catalisadores.O livro pode ser comprado pelo site da Royal Society of Chemistry.* Com informações da Assessoria de Comunicação do CDMF.
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- 13/10/2022 - Acordo de cooperação entre CNEN e AIEA fortalece ensino e treinamento em radioproteção no BrasilFonte: Site CNEN
Um acordo de cooperação entre a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) foi assinado pelo Presidente da CNEN, Paulo Roberto Pertusi, e pela Chefe do Departamento de Segurança e Radioproteção da Agência, Lydie Evrard, no último dia 30 de setembro, na sede do organismo internacional, em Viena, durante o período de realização da 66ª sessão da Conferência-Geral AIEA. O acordo tem como objetivo fortalecer no Brasil a implementação da abordagem estratégica para educação e treinamento em radiação, transporte e segurança de rejeitos, por meio de um centro de formação para países de língua portuguesa.
O "Practical Arragement” ora assinado consubstancia o papel de destaque do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD/CNEN) neste contexto. Desde 2011, o IRD/CNEN tornou-se centro regional de treinamento em radioproteção para países de língua portuguesa em parceria com a AIEA. Oferece anualmente o curso de especialização lato sensu em proteção radiológica e segurança de fontes radioativas, com mais de 10 edições realizadas, abrangendo 110 participantes de diversos estados brasileiros e de oito países africanos de língua portuguesa. Também foram realizados 34 treinamentos especializados em áreas como fundamentos de radioproteção, metrologia, emergência, entre outros, com mais de 1.138 participantes.
De acordo com a AIEA, o instituto pode dar uma valiosa contribuição para a divulgação das normas de segurança da Agência e das melhores práticas em nível regional e inter-regional, com benefício para os países de língua portuguesa em todo o mundo. Para isso, O IRD/CNEN disponibiliza laboratórios, infraestrutura e pessoal altamente especializado para disseminar conhecimento e contribuir com o fortalecimento da cultura de segurança no mundo, que se traduz no uso seguro das radiações ionizantes em suas diversas aplicações em saúde, indústria, agricultura, meio ambiente, entre outras. Outros quatro centros de treinamento regionais AIEA estão localizados na África, Ásia e região do Pacífico, Europa e América Latina, oferecendo cursos em inglês, francês, espanhol, árabe e russo.
Para saber mais acesse
https://www.gov.br/ird/pt-br/assuntos/ensino/pos-graduacao-lato-sensu/o-curso
https://www.gov.br/ird/pt-br/assuntos/ensino/cursos-regulares
https://www.iaea.org/services/training/pgec
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- 11/10/2022 - Brasil HackAtomEstão prorrogadas até sexta (14/10) as inscrições para o Brasil HackAtom, competição científica por equipes para desenvolver ideias sobre um tema relacionado à energia nuclear. O evento, que ocorrerá nos dias 18 e 19 de outubro, é promovido pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em parceria com o Instituto de Engenharia Física (MEPhI) de Moscou (Rússia), com apoio da Rosatom.
Estão prorrogadas até sexta (14/10) as inscrições para o Brasil HackAtom, competição científica por equipes para desenvolver ideias sobre um tema relacionado à energia nuclear. O evento, que ocorrerá nos dias 18 e 19 de outubro, é promovido pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em parceria com o Instituto de Engenharia Física (MEPhI) de Moscou (Rússia), com apoio da Rosatom.
Fonte: Agência Fapesp
A competição é inspirada em um hackathon, um evento tipo sprint de design, no qual diferentes especialistas em tecnologia da informação colaboram em projetos de software. Nessas competições, o objetivo é criar software ou hardware em funcionamento ao final do evento.
No Brasil HackAtom, a ideia é promover o contato dos alunos com questões práticas da área nuclear de maneira lúdica. Eles terão que demonstrar capacidade de trabalhar em equipe para buscar soluções criativas e inovadoras.
Serão formadas equipes de dois a cinco estudantes, a depender do número de inscritos. Alunos de diferentes especialidades podem compor as equipes, desde que sejam da mesma universidade.
Apesar de o HackAtom ter sido idealizado para a modalidade on-line, as equipes podem optar pelo trabalho off-line, sendo responsáveis pela escolha do local e pelo cumprimento das exigências epidemiológicas. Elas deverão ser formadas antecipadamente e, depois de registradas, indicadas pelas instituições participantes. Não há restrições sobre quais tecnologias serão usadas.
Para cada equipe, haverá um responsável dos organizadores, que auxiliará em eventuais problemas, bem como indicará quanto tempo possuem.
Não há requisitos rígidos para os participantes, que podem ser de qualquer instituição de ensino brasileira, mas é preferível que tenham conhecimentos básicos em matemática, física, análise de dados e ciência da computação. As equipes definem o número de participantes na apresentação do projeto ecada uma dispõe de dez minutos. A língua oficial é o inglês.
As inscrições devem ser feitas por formulário on-line.
Mais informações: https://bit.ly/3RLgGcp.
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- 10/10/2022 - Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) coordena Curso Regional da AIEA de Capacitação de Reguladores em Produção de Radiofármacos com CíclotronsFonte: site CNEN
Entre 26 e 30 de setembro de 2022, servidores da Coordenação Geral de Instalações Médicas e Industriais (CGMI/DRS/CNEN) coordenaram, no Rio de Janeiro, um curso regional da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), denominado Regional Training Course on Authorization and Inspection of Cyclotron Facilities for Radiopharmaceutical Production. Peritos da Argentina e Espanha se uniram aos brasileiros na condução do evento.
O curso foi ministrado para membros de autoridades reguladoras de toda a América Latina, contando com representantes da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Republica Dominicana e Venezuela.
As aulas apresentadas baseiam-se nas recomendações internacionais mais recentes sobre o licenciamento de plantas produtoras de radioisótopos com cíclotrons. Tais recomendações foram extraídas de um documento técnico da Agência Internacional de Energia Atômica (TECDOC) que está em vias de publicação. A elaboração deste documento técnico também contou com a participação de servidores da CGMI.
Os aspectos abordados no curso cobriram desde a descrição dos aceleradores cíclotrons, tipos de alvos, campos de radiação e células quentes, cálculos de blindagens, sistemas de segurança (intertravamentos e sistemas de ventilação), plano de emergência, proteção radiológica ocupacional e do público, até sistema de gestão e requisitos de pessoal. Na segunda metade do curso, tratou-se do processo de licenciamento, inspeções, indicadores e lições aprendidas, onde os participantes puderam se beneficiar de discussões guiadas pelos peritos sobre experiência reguladora e operacional para este tipo de instalação.
Durante a semana, os participantes também tiveram a possibilidade de visitar uma planta produtora de radiofármacos localizada em Xerém, município de Duque de Caxias (RJ).
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- 07/10/2022 - Qual o futuro de um país que desestimula a formação de pesquisadores?Número de doutores no Brasil está em declínio desde 2020
Número de doutores no Brasil está em declínio desde 2020
Fonte: Monitor MercantilHá hoje um consenso, fruto do que vem ocorrendo em todo o mundo, de que o desenvolvimento econômico e social de um país depende fundamentalmente do seu avanço no domínio do conhecimento e da capacidade de transformar este conhecimento em novos produtos e processos que gerem riqueza. Logo, a maioria dos países vem investindo cada vez mais na formação de recursos humanos altamente qualificados o que implica em forte estímulo a que uma parcela dos estudantes universitários siga uma carreira científica via cursos de mestrado e doutorado.
O Brasil despertou para esta necessidade no início dos anos 1990 e realizou um grande esforço ao ampliar o número de cursos de pós-graduação com qualidade crescente e estimular os jovens a seguirem uma carreira acadêmica. O sucesso dessa iniciativa foi percebido ao passarmos da formação de 2,8 mil doutores em 1996 para 10,7 mil em 2008 e 24,4 mil em 2019. Este número está em declínio desde 2020.
Ao longo dos anos houve, ainda, estímulos para despertar a vocação científica dos alunos no curso médio e durante a graduação, com a criação e fortalecimento de programas de concessão de bolsas de iniciação científica júnior (para alunos do curso médio) e iniciação científica para alunos dos cursos de graduação. O chamado Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), que concede 35 mil bolsas por ano pelo CNPq, tem sido ampliado com contrapartidas crescentes feitas pelas fundações estaduais de amparo à pesquisa e com recursos das próprias universidades. Importante ressaltar que essa expansão do sistema de formação de recursos humanos ocorreu em todo o país.
Valores das bolsas estão muito baixos
Apesar do muito que foi feito, alguns fatores estão impedindo um sucesso mais marcante dessas inciativas. Destaco aqui dois desses fatores. Primeiro, os valores das bolsas estão muito baixos e não estimulam nossos melhores estudantes a seguirem a atividade científica. Este é um ponto muito crítico pois é impossível fazer boa ciência e desenvolvimento tecnológico com estudantes desmotivados e/ou com formação deficiente. Boa ciência depende de bons cientistas. Atualmente o sistema federal oferece bolsas no valor mensal de R$ 1.500 para o mestrado e R$ 2.200 para o doutorado. São valores muito baixos e que não estimulam a entrada no sistema científico dos melhores alunos.
Oferecer um valor correspondente a um salário-mínimo para alguém que finalizou um curso de graduação chega a ser ofensivo. Logo, é fundamental que imediatamente todas as bolsas dobrem de valor como ponto de partida para recuperação do sistema. Há recursos para este fim, desde que seja recomposto o orçamento do CNPq e da Capes e liberação plena do orçamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
Não há estímulos para empresas absorverem jovens mestres e doutores
Segundo, não tem havido estímulo para que as empresas de base tecnológica absorvam os milhares de jovens mestres e doutores disponíveis. Para tal urge criar condições para que eles comecem a desenvolver projetos de inovação tecnológica tanto diretamente nas empresas como em projeto associativo das empresas com os centros científicos brasileiros que têm condições de apoiar, com sua infraestrutura laboratorial, o desenvolvimento de projetos de inovação. Para tal, as empresas poderiam ser apoiadas com recursos não reembolsáveis provenientes do programa de subvenção econômica do FNDCT que permitam o contrato destes mestres e doutores com valores compatíveis com o mercado internacional.
Cabe registrar que um número crescente desses jovens está migrando para o exterior e sendo absorvidos no sistema produtivo internacional. Estamos exportando o que temos de mais valioso, nossos talentos duramente preparados, sem receber nada em troca.
Wanderley de Souza é professor titular da UFRJ, membro da Academia Nacional de Medicina, Academia Brasileira de Ciências e US National Academy of Sciences.
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- 07/10/2022 - Amazul participa de conferência da AIEAO diretor-presidente da Amazul, Newton de Almeida, o diretor técnico Carlos Alberto Matias e os empregados Rafael Komatsu, Rômulo Hamamoto e Yasser Said participaram da 66ª Conferência Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), realizada em Viena, na Áustria, de 26 a 30 de setembro. A agência, criada pela ONU, é um centro de cooperação internacional no setor nuclear e busca promover o uso pacífico e seguro das tecnologias nucleares.
A Amazul compôs o estande brasileiro junto com as demais empresas brasileiras do setor nuclear. A comitiva do Brasil foi integrada por representantes do governo federal, Comando da Marinha, órgãos e entidades ligados à energia nuclear e empresas privadas.
Dentre as diversas atividades atendidas, os dirigentes e empregados da Amazul participaram do Fórum Científico, cujo tema central foi "Raios de esperança: cuidados com o câncer para todos”. Esse fórum teve grande relevância para os negócios da Amazul relativos ao programa de modernização do Centro de Radiofarmácia do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), na contribuição para produção de radiofármacos para todo o País, e ao empreendimento do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), que permitirá a independência do país na produção de radioisótopos e radiofármacos, além de pesquisas científicas no campo da saúde, indústria, agroindústria e meio ambiente.
Houve, também, a participação em painéis sobre pequenos reatores modulares (SMR da sigla em inglês) e sobre os novos projetos de reatores avançados, também chamados de reatores de 4ª geração e que são o futuro da tecnologia nuclear para geração de energia. Uma visita técnica ao laboratório de dosimetria da AIEA, em Viena, ampliou o conhecimento sobre a capacidade da agência de oferecer apoio a essa atividade, desenvolvimento de novas tecnologias e treinamento para os países membros.
Na oportunidade, o diretor-presidente e o diretor técnico realizaram importantes reuniões com os representantes das empresas brasileiras e estrangeiras do setor nuclear, com as quais a Amazul mantém projetos em andamento ou em prospecção, e participaram de um encontro de trabalho com representantes da indústria nuclear dos Estados Unidos. Houve, ainda, reuniões com dirigentes da empresa argentina Invap (Investigación Aplicada S.E.), quando foram delineados os possíveis modelos de negócio visando à construção do RMB, cujo projeto detalhado foi concluído e entregue à Comissão Nacional de Energia Nuclear em dezembro de 2021, numa parceria entre a Amazul e a Invap.
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- 05/10/2022 - Cerca de 16 mil tambores enferrujados com material radioativo começam a ser reembalados em CaldasFonte: Blog Jornalita Tania MalheirosPara evitar vazamento de Torta II (material radioativo contendo urânio e tório) na Unidade de Descomissionamento de Caldas (UDC), em Caldas (MG), a Indústrias Nucleares do Brasil (INB), desde 28/9, voltou a reembalar 16.100 tambores metálicos enferrujados, trabalho que deve durar de 12 a 14 meses. No início do ano, outros 3.500 tambores foram reembalados, além de 400 bombonas plásticas.A empresa contratou um leito de hospital em Poços de Caldas, destinado à descontaminação de vítima de um eventual acidente durante o trabalho. A operação conta com equipamentos e profissionais próprios e contratados. "Como sobreembalamos 3.500 tambores no início do ano, temos um parâmetro de como a operação deve acontecer e a previsão do tempo de término”, explicou o gerente da INB, João Viçozo da Silva Júnior. "Nessa operação também ocorrerá a pesagem e retirada de amostras para análises laboratoriais, objetivando aprimorar o inventário da Torta II”, informou.
Os profissionais envolvidos na operação passaram por treinamentos antes do início da atividade no dia 28 de setembro passado. Para os funcionários do hospital contratado, foram ministrados treinamentos de proteção radiológica e de atendimento à emergência radiológica.
RISCOS DE CONTAMINAÇÃO
Em junho do ano passado, sob risco de contaminação radioativa, a empresa começou a substituição das coberturas (telhado) dos sítios de Torta I, na área AA-171 da unidade de Caldas. Havia riscos de disseminação radioativa via contaminação do solo, água de chuva e ar. "Um dos acidentes que pode ocorrer é a queda de telhas com suspensão de Torta II no ar durante as atividades de troca de telhas, com ou sem vítimas. Abalroamento, cortes, esmagamentos, fraturas, atropelamentos, asfixias também são possíveis”, consta em documento a que o blog teve acesso com exclusividade.
O local abriga os milhares de tambores com Torta II, armazenados há anos em Caldas, em condições nada seguras, cobertos por telhados danificados pelo tempo, chuvas e ventos. O material é herança maldita da extinta Nuclemon, em São Paulo, onde durante décadas o Brasil operou com material radioativo das areias monazíticas subtraídas do litoral da Bahia, Rio de Janeiro e Espírito Santo. As várias atividades envolvendo a troca do telhado estão sendo acompanhadas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). A unidade de Caldas está instalada numa de área de cerca de 18 km2, onde funcionou a primeira unidade de mineração e beneficiamento de urânio do Brasil.
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- 28/09/2022 - INB confirma denúncia de racismo e transfobia praticados contra profissional negro transgênero. Leia a nota da empresa, que apura o casoFonte: Blog Jornalista Tania MalheirosA Indústrias Nucleares do Brasil (INB) acaba de confirmar a denúncia de racismo e transfobia, feita ontem (27/9) pelo BLOG, praticada por uma chefia de Relações Públicas da Comunicação Institucional da empresa, para tentar adiar a contratação de um profissional negro transgênero aprovado em concurso público prestes a ser admitido na empresa.
A INB "não coaduna com nenhum ato de discriminação de gênero, identidade sexual, raça e etnia, condição física, classe social, procedência geográfica, estado civil, idade, religião, cultura e convicção política”. E acrescenta: "Este princípio basilar está fixado no Item 2.1.2 do Código de Ética, Conduta e Integridade da empresa”.
Até a formalização da denúncia feita pelo vice-presidente do Sindicato dos Mineradores de Brumado e Microrregião, Lucas Mendonça, a INB manteve-se em silêncio, sem prestar informações sobre o caso. Denúncias foram feitas também há cerca de 15 dias por empregados que testemunharam as ofensas proferidas contra o profissional. Desta forma, informa a empresa, "todos os processos de admissão de concursados estão ocorrendo normalmente, de acordo com a classificação do concurso e o previsto no respectivo Edital”.
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- 26/09/2022 - CINE ConferenceCentro de Inovação em Novas Energias promove conferência científica em Campinas para apresentar avanços recentes em ciência e tecnologia para a transição energética
Centro de Inovação em Novas Energias promove conferência científica em Campinas para apresentar avanços recentes em ciência e tecnologia para a transição energética
Fonte: Agência FAPESP
O Centro de Inovação em Novas Energias (CINE) realizará a sua terceira conferência científica nos dias 18 e 19 de outubro, em Campinas. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até sexta-feira (30/09).
No evento, será discutido o desenvolvimento de novas tecnologias para a transição energética. Os participantes poderão conhecer os resultados mais recentes relacionados ao aprimoramento de materiais e sistemas dedicados a gerar e armazenar energia limpa e a produzir combustíveis e matérias-primas de forma sustentável. Poderão também se atualizar sobre métodos experimentais e computacionais para a pesquisa na área de novas energias.
A programação conta com palestras de cientistas da academia e da indústria do Brasil e do exterior, além de apresentações orais e de pôsteres dos pesquisadores do CINE, com os resultados científicos obtidos e as contribuições para a transição energética.
O CINE é um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído por FAPESP e Shell, com sedes na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na Universidade de São Paulo (USP) e no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).
O evento será realizado no hotel Vitória Concept, situado na avenida José de Souza Campos, 425, em Campinas.
Inscrições e informações sobre a conferência podem ser acessadas em: https://www.cine.org.br/conference2022/.
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- 15/09/2022 - Governo criou Grupo de Trabalho para discutir avanços na segurança do Programa Nuclear BrasileiroFonte: PetronotíciasO governo deu novos passos no sentido de assegurar a integridade e segurança das instalações nucleares no país. O ministro Chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, constituiu um novo grupo de trabalho dentro do âmbito do Comitê de Articulação nas Áreas de Segurança e Logística do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro.
O objetivo do novo grupo será ajudar na elaboração da fase III do processo de avaliação de ameaças ao Programa Nuclear Brasileiro. O grupo de trabalho terá integrantes da Comissão Nacional de Energia Nuclear, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, do Ministério da Defesa, do Comando da Marinha, da Eletronuclear, da INB, dos governos do Rio de Janeiro e São Paulo, além de representantes do próprio GSI.
Para lembrar, desde o ano passado, o governo brasileiro iniciou um processo de avaliação de ameaças ao Programa Nuclear Brasileiro. Esse trabalho visa criar a chamada Ameaça Base de Projeto (ABP) – que é um conjunto de informações sobre e características de potenciais adversários que possam oferecer riscos às instalações e ao transporte de material atômico.
Ao elaborar a ABP, o Brasil estará em linha com as boas práticas e recomendações de órgãos internacionais. O país é um Estado Membro da Agência Internacional de Energia Atômica. Como o Petronotícias informou, em março, o Brasil ratificou a chamada Emenda à Convenção sobre Proteção Física de Materiais Nucleares e Instalações Nucleares. O documento aponta uma série de princípios a serem seguidos pelo país e um deles é o "Princípio da Ameaça”, que exige que cada nação estabeleça o conjunto de ameaças que passam prejudicar as atividades nucleares.
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- 13/09/2022 - Acidente em Goiânia faz 35 anos, mas Brasil ainda erra com lixo nuclearComo o Brasil lida com o lixo radioativo que produz? Parte dele está guardado até hoje perto de prédios residenciais em Interlagos (SP)
Como o Brasil lida com o lixo radioativo que produz? Parte dele está guardado até hoje perto de prédios residenciais em Interlagos (SP)
Fonte: Byte - site Terra
De Ivana Fontes
Lixo nuclear é um tema que, no Brasil, automaticamente remete ao vazamento ocorrido em Goiânia, em 1987. Foi consideradoo maior acidente radioativo da história fora de uma instalação nuclear, matando oficialmente quatro pessoas, mas estima-se que 2.000 pessoas foram afetadas.
Na ocasião, um aparelho de radioterapia contendo o material radioativo césio-137 foi deixado em uma clínica desativada, Depois, foi coletado por catadores e levado para um ferro-velho. Algumas pessoas se encantaram pelo pó que "brilhava" azulado, mas infelizmente, tratava-se de um componente altamente perigoso, quese espalhou e fez várias vítimas diretas e indiretas na época.
Algumas partes da região onde o contato do césio-137 foi maior tornaram-se inabitadas, e ainda existe material radioativo estocado em solo brasileiro. O fato trouxe lições para o Brasil aprender a cuidar melhor de materiais radioativos, mas ainda há muitas incertezas.
Como é gerado o lixo nuclear e onde se localiza
Hoje em dia, todo o lixo nuclear armazenado no Brasil é gerado pelas usinas Angra 1 e Angra 2 e armazenado em piscinas, que ficam na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
Porém, o lixo de Angra 1 e 2 agora é levado para uma nova instalação, chamada Unidadede Armazenamento Complementar a Seco para Combustíveis Irradiados (UAS). Este processo começou no ano passado. Juntas, essas duas usinas produzem cerca de 3% de toda a energia consumida no país.
Os elementos combustíveis ficam no núcleo do reator por três anos. Quando não podem mais ser usados para gerar energia, recebem o nome de "elemento combustível irradiado” (ECI) e são levados para contêiners no interior de piscinas nas usinas.
A professora Emico Okuno, do Instituto de Física da USP, comentou no podcast da própria instituição que a questão da segurança nos reatores nucleares é complicada. "Quando acontece um acidente em reator nuclear, é realmente um problema, porque nos arredores você não vai poder viver cerca de 10 mil anos. Agora o uso na nossa vida cotidiana tem muitas aplicações importantes”, explica ela.
São Paulo e Minas Gerais guardam bastante lixo radioativo
De acordo com reportagem do Estadão de outubro de 2021, existem irregularidades no armazenamento do lixo radioativo. Na época, o governo federal buscava — e ainda busca — local para armazenar 1.179 toneladas de rejeitos radioativos, um lixão nuclear que ainda está guardado em galpões velhos localizado no bairro de Interlagos, na zona sul de São Paulo.
O material não poderá mais ficar no local, que é cercado por prédios residenciais e terá de ser desocupado. Mas ainda não houve acordo sobre um novo local para levar os rejeitos.Eles contém a chamada "Torta II", resíduo que vem do tratamento químico da monazita, um fosfato que inclui terras raras e metais pesados comourânio e tório. Esse material pertencia à antiga Nuclemon, a Usina de Santo Amaro, em São Paulo. Nos anos 80, com o fechamento da usina e a venda do terreno, parte desse rejeito foi transferida para a INB Caldas. O material é considerado de baixa radioatividade, mas precisa ser guardado sob diversas normas de segurança para evitar contaminações.
A Nuclemon é uma antiga estatal nuclear que operou em São Paulo e foi fechada após a contaminação de seus trabalhadores, problemas trabalhistas e a morte de um de seus funcionários.
A INB também armazena cerca de 3.500 toneladas de Torta II em área de proteção ambiental sem documentação do Ibama na Unidade de Estocagem de Botuxim (UEB), em Itu (SP).
A empresa deseja levar os rejeitos de Interlagos para a pequena cidade de Caldas (MG) ou para Itu, mas o poder público dos municípios já se manifestou para não receber o material.
Em 2016, um documento interno da INB afirmou que uma outra quantidade de Torta II armazenada em Unidade de Tratamentos de Minérios em Caldas (MG) "apresenta riscos de vazamentos devidos à deterioração em função do tempo dos tambores de metal, das bombonas plásticas e dos paletes de madeira que dão sustentação às pilhas". O local armazena 12.534 toneladas de Torta II, quase 11 vezes o volume guardado em Interlagos.
Em dezembro do ano passado, a INB e o Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN), autarquia vinculada ao Ministério da Ciência, assinaram contrato para realizar estudos hidrológicos, hidrogeológicos e isotópicos relacionados ao armazenamento em Caldas. A ideia é trazer novas soluções para os rejeitos nucleares.
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- 12/09/2022 - Fumaça da Amazônia chega a São PauloUma grande nuvem de materiais particulados, carregados de fuligem das queimadas, parte da região amazônica, avança sobre o Centro-Oeste e chega ao Sudeste e Sul do País; previsão é de que essa situação se prolongue por setembro
Uma grande nuvem de materiais particulados, carregados de fuligem das queimadas, parte da região amazônica, avança sobre o Centro-Oeste e chega ao Sudeste e Sul do País; previsão é de que essa situação se prolongue por setembro
Fonte: Site Amazônia Real
Por Eduardo Nunomura
São Paulo (SP)– Na manhã desta sexta-feira (9), o cientista Eduardo Landulfo, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), saiu de casa e sentiu um cheiro de queimada. Ao contrário de milhares de paulistanos que tiveram a mesma sensação, ele tinha a certeza da origem daquele odor: era da Amazônia. No início da noite de quinta, ele já tinha coletado dados do Sistema Lidar do Centro de Lasers e Aplicações (Celap), que mostravam que uma imensa "língua” de materiais particulados tinha chegado a São Paulo e baixado a uma altitude de 2 mil metros.
É comum se detectarem as chamadas "plumas de aerossóis” geradas pela poluição normal de uma metrópole. Mas as imagens de satélite revelam que também a fuligem das queimadas da Amazônia estão agora sob as cabeças dos paulistas e também da população dos estados do Sul do Brasil, assim como na dos vizinhos Bolívia, Paraguai e Peru. "Você vê uma ‘língua enorme’ de material particulado e é isso que, com a umidade, cria aquela sensação de quase neblina, um smog, formando um cenário mais desfavorável para a qualidade do ar”, explica Landulfo, que conversou com aAmazônia Real.
Enquanto a entrevista transcorria, Landulfo enviava imagens que mostram claramente essa "língua” se formando e se concentrando nas Amazônias brasileira e boliviana. No lado do Brasil, há uma linha que começa no sul do Amazonas e do Pará, avançando pelo Tocantins e continuando sobre Acre, Rondônia e Mato Grosso. De lá, ela desce afunilando em direção às regiões Sudeste e Sul. "Quando há uma frente fria entrando, há uma diferença de pressão, que cria um duto entre o Centro-Oeste e o Noroeste, quase que sugando a fumaça”, explica o cientista.
No ranking de dez municípios brasileiros com mais focos de incêndio, detectados peloPrograma Queimadasdo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), todos estão nessa região: Lábrea (AM), São Félix do Xingu (PA), Porto Velho (RO), Altamira (PA), Feijó (AC), Boca do Acre (AM), Colniza (MT), Novo Progresso (PA), Tarauacá (AC) e Candeias do Jamari (RO). Os dados se referem ao número de focos acumulados entre 1 e 8 de setembro.
Em condições normais, os materiais particulados ficam em altitudes elevadas, acima de 3 mil a 4 mil metros, o que faz com que as pessoas não sintam a sua presença. Mas os computadores do Celap detectaram que a pluma de partículas aerossóis desceu a uma altitude de 2 mil metros. Do ponto de vista meteorológico, isso se deu por conta das condições climáticas: a frente fria combinada com o dia quente de quinta-feira fez com que os materiais particulados praticamente aterrissassem na direção do solo – o que fez, enfim, as pessoas notassem algo diferente no ar.
Até o meio-dia desta sexta-feira, não ocorreu um fenômeno assustador, de agosto de 2019, quando São Paulo viu o dia se tornar noite por causa da mesma poluição vinda da fumaça da Amazônia. Mas, segundo Landulfo, o sinal de alerta foi dado, uma vez que a circulação desses materiais particulados deverá se estender por todo o mês de setembro.
"Tem muita coisa vindo de fora do Brasil também, da Bolívia”, alerta o cientista, que relaciona com a alta incidência de queimadas detectadas pelos satélites da Nasa. Segundo os dados do Programa Queimadas do Inpe, o Brasil teve em setembro 26.444 focos de incêndio florestal, ante os 7.245 da Bolívia e os 2.174 do Peru. "Quando há queima (da floresta), todo o material particulado é levado para cima, e pelas condições meteorológicas, elas vão atingindo diferentes níveis, podendo subir ou descer. Se você sente o cheiro de fumaça, é porque ele (o material particulado) realmente caiu.”
O mês de agosto registrou 33.116 focos de queimadas na Amazônia, quebrando desastrosos recordes de destruição nos últimos 12 anos. Apenas no dia 22, houve 3.358 focos de incêndios, mais que o dobro do "dia do fogo” de 2019. Em questão de poucos anos, o Brasil viu sua trajetória descendente de desmatamento se tornar novamente ascendente, alcançando em 2021 um recorde em 13 anos, com 12.415 quilômetros quadrados. Mas a lógica da destruição por meio do fogo continua em setembro.
O "dia do fogo”
Eduardo Landulfo trabalha há 25 anos no Ipen, hoje no Laboratório de Aplicações Ambientais de Lasers. Em agosto de 2019, ele foi um dos pesquisadores que notou a presença da incômoda presença da fumaça vinda da Amazônia. Na época, os dados indicavam que uma grande nuvem de aerossóis se formou por São Paulo a altitudes que variavam de 2 mil a 4 mil metros, que chegaram a obstruir a chegada da luz solar. Isso ocorre porque essa nuvem de poluição é carregada de monóxido de carbono, dióxido de carbono, materiais particulados e até metano. Ao ser questionado se poderia comparar com o que aconteceu três anos atrás, ele afirma que "em 2019 foi pior”, mas com a ressalva de que essa impressão valia até a data de 9 de setembro e o mês ainda está só no começo.
AAmazônia Real, em agosto de 2019, relatou que houve um aumento de 300% no número de focos de queimadas na região por conta do "dia do fogo”. Produtores rurais do município de Novo Progresso, no sul do Pará, realizaram uma operação orquestrada para incendiar a floresta amazônica. Na ocasião, funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ficaram de mãos atadas, não podendo combater as chamas, já que o próprio governo de Jair Bolsonaro, representado na época pelo ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, negou o envio da Força Nacional de Segurança para apoiar as brigadas de incêndio.
No Twitter, a candidata a deputada federal por São Paulo Sonia Guajajara(Psol), uma das principais lideranças indígenas do País, externou pela manhã sua preocupação a fumaça vinda da floresta.
O que realmente preocupa o cientista do Ipen é que essa queima não parece ser aquela provocada pela cultura tradicional de queimadas que proprietários rurais costumam adotar nessa época do ano. Ou seja, não é tão aleatória quanto se imaginaria. "Quando olhamos os focos de focos, há uma certa organização, não parecem ser pontos pequenos de queimada. É maior e mais organizado, e isso é preocupante”, informa.
"É um sinal de alerta para não pensarmos que o que está na Amazônia não nos afeta. Isso tem consequências para a saúde, (os materiais particulados) vão para o trato respiratório, quem tem asma vai ter uma piora nos próximos dias”, conclui. O sistema do Ipen fica dentro da Cidade Universitária, na zona oeste de São Paulo, e realiza medições diárias das distribuições em altitude do material particulado.
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) indicava, às 11 horas desta sexta-feira, que a qualidade do ar na região metropolitana de São Paulo estava na faixa N3 – Ruim, uma vez que os níveis de materiais particulados estavam na faixa dos 113 µg /m³, e que para as próximas 24 horas as condições metereológicas são desfavoráveis para a dispersão dos poluentes dióxido de enxofre, partículas inaláveis, dióxido de nitrogênio, monóxido de carbono e ozônio.
Na Amazônia Real, exerce a função de editor de especiais. (nunomura@amazoniareal.com.br). Mestre e doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo, é professor de Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. Iniciou a carreira jornalística em 1992, no grupo Folha, e teve passagens pelo Estadão e pela revista Veja. Foi repórter especial por quase dez anos no Estadão.