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- 16/02/2023 - Governo reajusta valores das bolsas do CNPq e da Capes“Estamos cuidando dos pesquisadores e das pesquisadoras”, disse a ministra Luciana Santos durante cerimônia no Palácio do Planalto
“Estamos cuidando dos pesquisadores e das pesquisadoras”, disse a ministra Luciana Santos durante cerimônia no Palácio do Planalto
Fonte: MCTI
om o Salão Nobre do Palácio do Planalto lotado de estudantes e representantes da comunidade científica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou o reajuste dos valores das bolsas do CNPq e da Capes. A cerimônia realizada nesta quinta-feira (16) contou com a participação da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e do ministro da Educação, Camilo Santana.
"As pessoas têm que saber que investimento em educação é o melhor e mais barato investimento que o Estado pode fazer. Porque esse país não pode passar a vida inteira sendo exportador de minério”, disse o presidente.
Os reajustes variam entre 25% e 200% nas bolsas de graduação, pós-graduação, de iniciação científica e na Bolsa Permanência e contemplam 258 mil bolsistas.
"Os desafios colocados serão solucionados com pesquisa científica de alta qualidade, desenvolvida em laboratórios bem equipados e com infraestrutura robusta, mas, sobretudo, por pessoas. E essas pessoas devem ser reconhecidas, respeitadas e valorizadas. E é isso que estamos fazendo hoje. Nós estamos cuidando dos nossos pesquisadores e das nossas pesquisadoras”, disse a ministra.O ministro da Educação, Camilo Santana, reforçou a importância dos anúncios para a ciência. "Esse momento é simbólico. É uma demonstração do retorno da autoestima dos nossos pesquisadores, dos nossos alunos, dos nossos professores e, além de tudo, é a esperança de construirmos um mundo melhor através da educação, da ciência e da tecnologia”, disse.
Comunidade científica– O presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos, Vinícius Santos Soares, é doutorando em saúde pública pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ele tem uma história de sucesso e resiliência na área acadêmica – uma experiência parecida com a de muitos outros brasileiros. Nascido em Peixinhos, em Olinda (PE), Vinícius foi o primeiro da família a entrar numa universidade pública e só conseguiu dar sequência aos estudos por causa das bolsas de estudo. "Fui o primeiro da família a entrar numa universidade pública e serei o primeiro a virar doutor e tudo isso graças às políticas públicas de educação e ciência”, contou.
Bolsas- O aumento das bolsas será de 40% para os alunos do mestrado e doutorado, de 25% para os pós-doutorandos, de 75% para a iniciação científica e de 200% para a iniciação científica junior. Além dos valores das bolsas, serão reajustadas em 20% as taxas de bancada para alunos de cursos de doutorado e pós-doutores e os adicionais de bancada das bolsas de Produtividade do CNPq.Os alunos de iniciação científica no ensino médio também vão se beneficiar. Serão 53 mil bolsas para estimular jovens estudantes a se dedicar à pesquisa e à produção de ciência que vão passar de R$ 100 para R$ 300. Na graduação no ensino superior, as bolsas de iniciação científica terão acréscimo de 75%. Vão passar de R$ 400 para R$ 700.
As bolsas para formação de professores da educação básica terão reajuste entre 40% e 75%. Em 2023, haverá 125,7 mil bolsas para preparar melhor os professores, peça central na elevação da qualidade do ensino básico. Atualmente, os valores dos repasses variam de R$ 400 a R$ 1.500.
Recomposição- O governo federal também vai recompor a quantidade de bolsas oferecidas. No caso do mestrado, por exemplo, em 2015 havia 58,6 mil bolsas, número que caiu para 48,7 mil em 2022, redução de quase 17%. Agora, a estimativa é de que sejam ofertadas 53,6 mil.
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- 16/02/2023 - Bolsas de pós-graduação: Presidente do CNPq defende reajuste anual para mestrado e doutoradoEle diz que vai estudar se pesquisadores podem atuar sob contrato temporário, mas afirma ser difícil que tenham direitos de trabalhador CLT; governo federal anuncia novos valores esta quinta
Ele diz que vai estudar se pesquisadores podem atuar sob contrato temporário, mas afirma ser difícil que tenham direitos de trabalhador CLT; governo federal anuncia novos valores esta quinta
Fonte: O Estado de S. Paulo
O novo presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), Ricardo Galvão, defende que as bolsas de pós-graduação no País sejam reajustadas anualmente para manter o poder aquisitivo dos pesquisadores e ser atrativa para os estudantes. Como o Estadão revelou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai anunciar nesta quinta-feira, 16, aumento médio de 40% para o auxílio dado a quem faz mestrado e doutorado. Outras bolsas, como as de formação de professores, terão reajuste ainda maior. O governo deve também divulgar um aumento no número de bolsas concedidas.
As bolsas para pesquisadores não têm reajuste há uma década e, no mesmo período, o salário mínimo quase dobrou de valor. "Compensar toda a inflação desde 2013 acho difícil, mas é um absurdo ficar dez anos sem aumento. É preciso ter um processo de correção anual”, disse Galvão ao Estadão.
Atualmente, os auxílios de pós-graduação são de R$ 1,5 mil para mestrado e R$ 2,2 mil para doutorado. Eles devem ficar em R$ 2,1 mil e R$ 3,3 mil, respectivamente. Bolsas de pós-doutorado, de R$ 4,2 mil, devem ir para cerca de R$ 5 mil, um reajuste de 20%. As de iniciação científica júnior (para alunos de ensino médio) deve triplicar - o valor atual de R$ 100.
Sobre o aumento no número de bolsas, Galvão disse que "esperaria cerca de mil, pelo menos, para mestrado e doutorado”, mas afirmou não ter a informação de quantas serão anunciadas pelo presidente. Atualmente, são 77 mil no CNPQ, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, e mais de 200 mil Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ligadas ao Ministério da Educação (MEC), o que inclui os auxílios para professores em programas de formação.
O aumento dessas bolsas, que hoje vão de R$ 400 a R$ 1,5 mil, segundo o Estadão apurou, foi uma defesa do ministro da Educação, Camilo Santana. Ele acredita que elas podem ajudar a impulsionar o ensino básico no País. Cerca de 60 mil bolsistas - entre alunos de Licenciaturas e professores de escola públicas - recebem o benefício.
Galvão afirmou ainda que vai estudar uma forma de contrato temporário de trabalho para os pesquisadores que recebem bolsa no País. O Brasil é um dos poucos países do mundo que tem um sistema universal do governo de concessão de bolsas. Na Europa, em geral, os pesquisadores são funcionários contratados em pelas universidades e têm direito a férias, bônus e licenças.
"Vamos estudar com a Mercedes (Bustamante, presidente da Capes ) uma forma de implementar um sistema semelhante, já que com a reforma trabalhista é possível fazer um contrato de trabalho temporário no serviço público. Mas ainda não sabemos se é possível juricamente”, disse Galvão.
Segundo a reforma trabalhista, o trabalhador temporário tem direito às mesmas garantias que o empregado por tempo indeterminado, como férias, 13º salário, horas extras, adicionais, pagamento do INSS.
Galvão, no entanto, acredita que não se pode ter uma "mentalidade quadrada” porque o pesquisador não é comparado ao "trabalhador que bate prego”. "Essa questão das férias é complicada porque o pesquisador está o tempo todo no laboratório, se tem de fazer medidas, não pode deixar de ir porque é dezembro”, afirmou. "O grande direito para o cientista é a satisfação de produzir ciência.”
A Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) defende que os bolsistas tenham todos os direitos trabalhistas e previdenciários. "Não pode ser um vínculo precarizado, com um arcabouço de direitos, uma relação frágil em que o que prevalece é o poder do orientador sobre o orientado”, diz o presidente da ANPG, Vinícius Soares.
Até 2016, por exemplo, as mulheres bolsistas não tinham direito à licença maternidade e os casos eram negociados com cada orientador. Soares diz, porém, que a ANPG ainda está estudando também qual a melhor forma de vínculo trabalhista para os bolsistas.
O novo presidente do CNPQ tornou-se nos últimos anos uma das principais lideranças da comunidade científica no enfrentamento ao negacionismo da gestão Jair Bolsonaro (PL). Isso depois de ter sido exonerado em 2019 da diretoria do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão também ligado ao Ministério daCiência, após contestar publicamente declarações do então presidente Jair Bolsonaro(PL), que acusava o órgão de estar "a serviço de alguma ONG” e produzir dados distorcidos sobre o aumento do desmatamento na Amazônia. Ao ser nomeado para o cargo no governo Lula, declarou: "a ciência está de volta”.
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- 14/02/2023 - Lula anuncia quinta-feira reajuste de bolsas de pós-graduação; veja o que mudaAumento médio deve ser de 40%, a partir de março, para auxílios pagos para mestrado, doutorado e iniciação científica
Aumento médio deve ser de 40%, a partir de março, para auxílios pagos para mestrado, doutorado e iniciação científica
Fonte: O Estado de S. Paulo
Renata Cafardo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai anunciar nesta quinta-feira, 16,um reajuste médio de 40% das bolsas de pós-graduação do País, cujo valor é o mesmo desde 2013. Segundo o Estadão apurou, o aumento, que passa a valer a partir de março, será diferente para cada categoria de auxílio. Mestrado e doutorado, por exemplo, devem ter os 40%, mas a bolsa de iniciação científica para o ensino médio pode mais que dobrar (hoje é de R$ 100). A medida foi prometida desde a transição e o governo vinha sendo cobrado por estudantes e pesquisadores pela demora.
Atualmente, os auxílios de pós-graduação são de R$ 1,5 mil para mestrado e R$ 2,2 mil para doutorado. Eles devem ficar em R$ 2,1 mil e R$ 3,3 mil, respectivamente. Bolsas de pós-doutorado, de cerca de R$ 5 mil, devem ter um reajuste menor. O Estadão apurou que o governo pretende dar o aumento em março, mas retroativo a janeiro. Não há previsão de novo valor para médicos residentes, cujos auxílios foram reajustados em 2022.
Lula fez questão de anunciar o pacote, que pode ainda incluir um aumento no número de bolsas no País, para relacionar uma valorização da educação e da ciência diretamente ao seu governo. O evento deve ser às 15 horas, mas a agenda de quinta-feira do presidente ainda não foi divulgada.
Só para os reajustes de mestrado e doutorado, a previsão de investimento é de R$ 1 bilhão, que virá de remanejamentos do orçamento da União, segundo o Estadão apurou. A medida engloba os orçamentos do Ministério da Educação (MEC) e do Ministério da Ciência e Tecnologia, com aumentos nas bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ).
Atualmente, são cerca de 200 mil bolsistas na Capes, o que inclui também professores em programas de formação, e 77 mil no CNPQ, de várias áreas do conhecimento.
Perdas
A Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) pedia um reajuste de 75% para todas as bolsas, para compensar as perdas com a inflação dos últimos anos, mas comemorou a definição do anúncio. De acordo com estudos da entidade, desde 2013 o salário mínimo quase dobrou de valor, enquanto os auxílios continuaram os mesmos. "A gente reconhece a conjuntura econômica pesada, mas pede que também seja anunciado um plano de outros reajustes no curto prazo. Esse precisa ser apenas o primeiro”, diz o presidente da ANPG, Vinícius Soares. Segundo ele, a associação vai também reivindicar direitos trabalhistas para os bolsistas.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, o reajuste era uma "necessidade absoluta devido ao descompasso total em relação ao aumento do custo de vida nesses anos e a perda da atratividade da pesquisa científica, levando à evasão de cérebros”. "Falta ainda aumentar o número de bolsas e que, até o fim do mandato do presidente Lula, sejam reconhecidos os direitos previdenciários dos bolsistas”, completou.
No fim do ano passado, o Estadão revelou que os bolsistas ficariam sem receber em dezembro, depois que o Ministério da Economia do governo de Jair Bolsonaro (PL) promoveu um bloqueio nos limites orçamentários e financeiros de todos os ministérios. Após pressão da Justiça e da repercussão negativa na imprensa, os auxílios foram pagos. Universidades, como a USP, chegaram a liberar gratuitamente o restaurante para os alunos de pós graduação.
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- 14/02/2023 - ABC promoveu encontro virtual pelo Dia das Mulheres e Meninas na CiênciaNo dia 11 de fevereiro foi comemorado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. Instituído em 2015 pelas Nações Unidas, a data busca valorizar a contribuição feminina na pesquisa e estimular que cada vez mais meninas sigam a carreira.
No dia 11 de fevereiro foi comemorado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. Instituído em 2015 pelas Nações Unidas, a data busca valorizar a contribuição feminina na pesquisa e estimular que cada vez mais meninas sigam a carreira.
Fonte: Site da ABC
Nesse contexto, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e o Capítulo Brasil da
A OWSD é uma rede pioneira fundada em 1987 a partir de um programa da Unesco, sediada em Trieste, na Academia Mundial de Ciências para o avanço da ciência em países em desenvolvimento (TWAS). A ideia de um ramo brasileiro da entidade surgiu em 2018 e tomou corpo em 2020, com a escolha da ABC como organização anfitriã. Nas palavras de Danila Dias, uma de suas idealizadoras, "este encontro é um marco na história do Capítulo e um incentivo para que cada vez mais mulheres se juntem a OWSD”.
Além de Dias, participaram do encontro a presidente da ABC, Helena Bonciani Nader; a diretora Maria Domingues Vargas; a vice-presidente da OWSD para América Latina e Caribe, Kleinsy Bonilla; a Acadêmica e membra da diretoria provisória do Capítulo Brasil, Eliane Volchan; a pesquisadora e representante da iniciativa Parent in Science, Fernanda Staniscuaski; a pesquisadora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) Denise Fungaro e a pesquisadora da Uerj Josely Khoury.
A desigualdade de gênero no Brasil
Helena Nader abriu as discussões com um panorama geral da mulher na sociedade brasileira. O Brasil ocupa a 94ª colocação em igualdade de gênero no ranking de 146 países do Fórum Econômico Mundial, não figurando nem entre os dez primeiros países da América Latina e Caribe. Esse resultado mostra que o problema é generalizado e presente em todos os setores da sociedade.
Enquanto nas Américas a média de representantes eleitas para as casas legislativas é de 30%, no Brasil não chega a 20%. No setor privado a situação é semelhante, mulheres são apenas 15% nos conselhos gestores das 90 empresas que compõe a Ibovespa, das quais apenas duas têm uma mulher na presidência. "O Brasil é desigual e parece não querer a igualdade”, lamentou a presidente da ABC.
Na ciência o cenário também é desanimador. Apesar de existir uma paridade entre cientistas homens e mulheres atuando no país, isso não se reflete nos cargos mais altos e na progressão de carreira. Nader ainda alertou para o "efeito Matilda”, que faz com que as contribuições de mulheres na pesquisa sejam diminuídas ou atribuídas a homens, lembrando casos históricos como o de Marie Curie e Rosalind Franklin.
Organização para Mulheres na Ciência do Mundo em Desenvolvimento (OWSD, na sigla em inglês) organizaram nesta segunda-feira, 13 de fevereiro, um encontro aberto virtual para debater a situação atual da mulher cientista e discutir os próximos passos da parceria entre as duas entidades.Efeito Matilda e viés implícito
A predisposição da comunidade científica em atribuir maior mérito científico a homens é um fenômeno bastante estudado. A Acadêmica Eliane Volchan apresentou uma série de pesquisas que exemplificam esse viés machista. Em Moss-Racusin et al 2012, pesquisadores distribuíram currículos idênticos entre funcionários de uma universidade americana para uma vaga de chefe de laboratório, a única diferença era o nome do aplicante: "John” ou "Jennifer”. O resultado mostrou que tanto homens quanto mulheres avaliaram melhor o currículo de "John”, inclusive com propostas salariais muito discrepantes quando comparadas a "Jennifer”.Já em Eaton et al 2020, outro grupo repetiu o experimento adicionando um viés de raça, e o resultado encontrado não surpreende: homens brancos foram os melhor avaliados, enquanto mulheres negras tiveram as piores avaliações. Esse "viés implícito”, conforme Volchan denominou, atua também minando o desempenho de pessoas estereotipadas negativamente. Num famoso experimento em 1999, Spencer et al demonstraram que mulheres submetidas a um teste de nível superior performavam significativamente pior quando informadas que a prova seria usada para comparações por gênero. "Pertencer a grupos estigmatizados negativamente na academia exacerba estresses mentais e até fisiológicos, gerando ansiedade e prejudicando o desempenho”, resumiu a Acadêmica.
Para terminar com uma mensagem de esperança, a Acadêmica fez questão de ressaltar que estigmas e estereótipos são construções sociais, e, portanto, podem ser desconstruídos. "Todas as associações implícitas são maleáveis e passíveis de serem substituídas por novas associações mentais”, afirmou. "Para isso, representatividade é crucial”. Ela indicou o artigo de Calaza et al 2021,que traz recomendações sobre como editores, membros de comitês e demais tomadores de decisão na ciência podem fazer para mitigar seus próprios vieses.
Maternidade na ciência
Outro ponto central quando pensamos em mulheres na ciência é a maternidade. Em artigo de 2019, Cech & Blair-Loy já alertavam para a frequência duas vezes maior com que mulheres se viam obrigadas a abandonar a carreira científica após terem filhos, e isso só se agravou com a pandemia. Para a professora da UFRGS Fernanda Staniscuaski, representante do movimento Parent in Science, é chegada a hora de falar abertamente sobre maternidade na academia. "A vida inteira tentamos separar as duas coisas, individualizando o problema. Precisamos entender que é sistêmico”, afirmou.
Staniscuaski sentiu na pele os efeitos que a chegada dos filhos exercem na carreira de uma pesquisadora. Após ser mãe pela primeira vez, em 2013, a professora percebeu que estava cada vez mais difícil competir por recursos e projetos num ambiente tão produtivista, o que a levou a se juntar à iniciativa que reivindica um ambiente menos hostil a mães e pais na ciência. "Desde que comecei a faculdade eu tive certeza de que seria cientista, mas quando tive filhos cheguei a duvidar de minha capacidade”, contou.
Criado em 2016, o Parent in Science conta atualmente com 90 cientistas, em sua maioria mulheres, e já deu alguns frutos importantes. Em 2021, a Plataforma Lattes adicionou o campo "Licenças” para que períodos de pausa na produção científica sejam justificados. Outra vitória foi a inclusão de cláusulas de maternidade em concursos, criando fatores de correção para analisar a produtividade de cientistas que tiveram filhos recentemente. Para além de mudanças institucionais, o Parent in Science também atua na criação de redes de apoio e possui um programa para o financiamento de pós-graduandas mães: o Programa Amanhã.
Próximos passos do Capítulo Brasil da OWSD
Para a vice-presidente regional da OWSD, Kleinsy Bonilla, o Brasil é peça-chave no fortalecimento da entidade na América Latina. O Capítulo Brasil foi o quarto a ser criado na região, em 2018, e desde então outros 11 países seguiram o exemplo. "O Brasil é uma liderança regional e faz parte da trajetória de muitos estudantes latino-americanos”, conta a pesquisadora guatemalteca, que já fez intercâmbio na Unicamp.
Ela destacou a importância dessa conexão Sul-Sul e a capacidade que o Brasil tem de atrair pesquisadoras de outros países em desenvolvimento. Além da criação de redes e do estímulo a premiações voltadas para cientistas mulheres, a OWSD fornece apoio financeiro a cerca de 150 cientistas todo ano, e também oferece auxilio de até US$ 50 mil para que pesquisadoras estabeleçam grupos de pesquisa e laboratórios quando retornam a seus países de origem.
Danila Dias, que integra a diretoria provisória do Capítulo Brasil, afirmou que o próximo passo é elaborar um regimento interno para a organização, assim como fizeram outro Capítulos nacionais ao redor do mundo. Ela incentivou que mais cientistas de juntem à iniciativa e ajudem em sua difusão. "Só pelo trabalho coletivo poderemos avançar”, sumarizou.
A diretora da ABC Maria Vargas, que moderou a sessão, fez um apelo para que mulheres membras da ABC abram seus laboratórios para receber estudantes estrangeiras.
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- 13/02/2023 - 43ª Escola de Verão em Química da UFSCarProgramação abordará temas como “Saúde Mental”, “Políticas de acesso aberto e integridade científica” e “Caracterização de materiais por espectroscopia de fotoelétrons”, entre outros
Programação abordará temas como “Saúde Mental”, “Políticas de acesso aberto e integridade científica” e “Caracterização de materiais por espectroscopia de fotoelétrons”, entre outros
Fonte: Agência FAPESP
A 43ª edição da Escola de Verão em Química da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) acontecerá entre os dias 13 e 17 de fevereiro, em São Carlos.
A escola teve início em 1981 por iniciativa de uma série de professores da área de química orgânica e sempre contou com a participação efetiva de alunos de graduação e pós-graduação, além de professores de instituições brasileiras e de outros países.
A programação desta edição será composta por mesas-redondas, palestras e minicursos, que abordarão temas como "Saúde Mental”, "Políticas de acesso aberto e integridade científica”, "Caracterização de materiais por espectroscopia de fotoelétrons”, "Fundamentos Teóricos e Práticos da Microscopia Eletrônica de Transmissão”, "Green energy strategies for sustainable development” e "A Química de Coordenação como ferramenta no aprimoramento da atividade anticancerígena de moléculas orgânicas”.
O público interessado em participar deve se inscrever pelo site do evento. Cada participante poderá se inscrever em até dois minicursos, sendo que cada um custa R$ 50. Os alunos dos cursos de graduação da UFSCar estão isentos da taxa de inscrição.
O evento será no Departamento de Química da UFSCar, na rod. Washington Luis, s/n, km 235, São Carlos, SP.
Mais informações: www.dq.ufscar.br/evq.
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- 13/02/2023 - Escola de Verão IFGW 2023: MagnetismoCurso busca proporcionar aos alunos de final de graduação e pós-graduandos uma visão geral da área de magnetismo e suas aplicações
Curso busca proporcionar aos alunos de final de graduação e pós-graduandos uma visão geral da área de magnetismo e suas aplicações
Fonte: Agência FAPESP
A Escola de Verão 2023 do Instituto de Física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas (IFGW-Unicamp) ocorrerá em formato presencial entre os dias 13 e 16 de fevereiro, em Campinas, e será focada no tema magnetismo.
O curso busca proporcionar aos alunos de final de graduação e pós-graduandos uma visão geral da área de magnetismo e suas aplicações. Serão minicursos e palestras sobre princípios básicos de magnetismo e temas específicos relacionados a pesquisas de professores do IFGW, desde a pesquisa básica, passando pelo desenvolvimento de novos materiais com propriedades magnéticas até a aplicação do magnetismo em medicina.
Também acontecerão visitas ao Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) e vários laboratórios de pesquisa no IFGW.
Para participar, os interessados devem se inscrever pela página do curso e pagar taxa de R$ 90. Os inscritos que desejarem solicitar auxílio financeiro deverão requisitar até duas cartas de recomendação e solicitar que o recomendante envie a carta em até dois dias após a sua inscrição para o endereço extensao@ifi.unicamp.br, informando o nome completo do solicitante no campo "Assunto”. Além disso, eles deverão fazer a inscrição no evento até a próxima quarta-feira (14/12).
As atividades serão realizadas no IFGW, na rua Sérgio Buarque de Holanda, 777, Cidade Universitária Zeferino Vaz, Campinas, SP.
Mais informações: https://sites.ifi.unicamp.br/veraoifgw/.
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- 10/02/2023 - Igualdade de gênero na ciência é uma questão de excelência, diz ministraDeclaração foi feita na cerimônia de entrega do 4º Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher, organizado pela SBPC
Declaração foi feita na cerimônia de entrega do 4º Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher, organizado pela SBPC
Fonte: MCTI
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, participou, nesta sexta-feira (10), em São Paulo, da cerimônia da entrega do 4º Prêmio "Carolina Bori Ciência & Mulher”, realizado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Ao todo, foram agraciadas com prêmios e menções honrosas 18 estudantes do Ensino Médio e de Graduação nas áreas de Biologia e Saúde, Engenharias, Exatas e Ciências da Terra e Humanidades.
Na cerimônia, a ministra lamentou a fuga de talentos brasileiros para o exterior e apontou a desigualdade de gênero na ciência. "No caso das mulheres, vemos com tristeza o abandono da carreira científica em decorrência de um sistema constituído por critérios de avaliação cujo desenho é masculino. Como resultado, uma grande desigualdade no acesso das cientistas às bolsas de estudo e pesquisa”, afirmou.
"As consequências disso vão além da igualdade de direitos e oportunidades que defendemos. É uma questão de excelência. Ao perder talentos femininos, o País perde também a diversidade de olhares que enriquece a sua produção de conhecimento”, acrescentou a ministra.
Ela renovou o compromisso com a retomada da agenda das mulheres na ciência através de políticas públicas robustas e efetivas. "É fundamental fortalecer os instrumentos que dispomos e avançar na construção e implementação de ferramentas capazes de democratizar e garantir a participação feminina, de forma permanente, nos ambientes de pesquisa e desenvolvimento. Vamos enfrentar a desigualdade de gênero que ainda define a distribuição de bolsas de estudo e pesquisa e avançar na inclusão das cientistas e pesquisadoras pretas. Se conseguimos ampliar o acesso dessas mulheres a universidade, ainda há muito o que fazer para que tenham seus talentos reconhecidos na ciência.”
O presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, destacou a importância da diversidade na ciência. "É um belíssimo dia e estamos contentes com o diálogo que a ministra Luciana Santos incitou com a comunidade científica e com este momento que constrói um futuro muito mais plural e muito mais rico do que o país machista que foi planejado desde a sua colonização e que nós estamos revertendo”, disse.
A vice-presidente da SBPC, Fernanda Sobral, e a professora Vanderlan Bolzani também participaram do evento.
Bolsistas do CNPq são destaques do prêmio– Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento científico e Tecnologia (CNPq), Camily Pereira dos Santos foi a primeira estudante a ser homenageada. De Osório (RS), a aluna do curso Técnico em Informática Integrado do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul recebeu prêmio pelo projeto "Desenvolvimento de material biodegradável para absorventes femininos".
"O prêmio vai além do reconhecimento, e eu represento a minha escola e a minha cidade. É muito significativo eu representar a ciência jovem brasileira feita em escola pública”, destacou a jovem.
A ideia da pesquisa começou em 2021, quando a estudante observou a falta de absorventes sustentáveis e se deparou com a falta de absorventes para jovens e mulheres que vivem em vulnerabilidade social. "Eu fiquei preocupada com o impacto ambiental das minhas ações junto com o meio ambiente e me deparei com a pobreza menstrual, quando minha mãe contou que ela não teve acesso a absorventes na juventude e usava materiais improvisados”, contou a aluna, que em seguida, entrou em contato com a professora Flávia Twardowski para ser sua orientadora e ajudar na pesquisa.
O projeto consiste em trocar o algodão e o plástico do absorvente por fibras vegetais da bananeira e do açaí. "Além de ser sustentável, utilizando fibras e menos água para a produção, ele custa só R$ 0,02, tornando acessível para mais mulheres”, disse.A pesquisa também contou com a colaboração da estudante Laura Drebes.
Da cidade de Marechal Deodoro (AL), Wadja Feitosa dos Santos Silva, de 22 anos, graduanda do curso de Química Tecnológica e Industrial da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) recebeu a menção honrosa pelo trabalho "Planejamento de alfa-Cianoacrilatos e alfa-Cianoacrilamidas Baseado em Fragmentos, como Inibidores da NS2B/NS3 dos Vírus Dengue e Zika".
"Fiquei surpresa quando vi meu nome na lista de menção honrosa da SPBC e muito feliz pelo reconhecimento”, disse. "Ser uma representante de meninas na ciência é um grande prestígio. Essa menção honrosa é mais um incentivo para mim e para todas as meninas que fazem ciência.” -
- 10/02/2023 - Reunião na SBPC marca a retomada do diálogo com a comunidade científicaMinistra da Ciência, Tecnologia e Inovação cumpriu agenda nesta sexta-feira (10) em São Paulo, onde teve encontro com representantes da SBPC, ABC, pesquisadores e reitores
Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação cumpriu agenda nesta sexta-feira (10) em São Paulo, onde teve encontro com representantes da SBPC, ABC, pesquisadores e reitores
Fonte: MCTI
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, participou nesta sexta-feira (10), na sede da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em São Paulo, de reunião com representantes da comunidade científica. O encontro selou a retomada do diálogo e o compromisso do MCTI com a participação dos diversos atores do Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia na construção das políticas públicas.
"Quero ressaltar o caráter simbólico desta reunião. Ela é prova inequívoca do nosso compromisso de retomar o diálogo e a parceria com a Academia, a comunidade científica e todos os atores que compõem o Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia”, disse a ministra.
O presidente da SBPC, Renato Janine, abriu o encontro defendendo a adoção de medidas urgentes para superar as dificuldades enfrentadas pelas atividades de pesquisa e desenvolvimento no país. "Após quatro anos de um governo que promoveu o negacionismo, temos urgência de retomar as pautas que podem reconstruir o Brasil. Entendemos e a ministra compartilha a visão da importância da ciência para o desenvolvimento econômico e social. Por isso, temos pressa”, disse Janine.
"A comunidade científica estava precisando de foco e da retomada do diálogo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação”, acrescentou a presidente da Academia Brasileira de Ciências, Helena Nader.
A ministra Luciana Santos reafirmou o empenho do MCTI em recompor o Orçamento e ressaltou que um pedido de crédito suplementar será feito pelo governo federal ao Congresso Nacional para recuperar R$ 4,2 bilhões do FNDCT. Ela sinalizou ainda que o reajuste das bolsas de pesquisa e estudo do CNPq e da Capes deve ser anunciado pelo presidente Lula na próxima semana.
"Apresentamos uma proposta de reajuste e de expansão da oferta de bolsas em todos os níveis. Essa proposta foi aprovada e está aguardando a agenda do presidente Lula para ser anunciada, o que deve ocorrer nos próximos dias”, explicou.
Durante o encontro na SBPC, a ministra ouviu as principais demandas de pesquisadores, reitores e representantes da comunidade científica. A pesquisadora Ana Tereza Ribeiro, do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), destacou a falta coordenação entre os institutos vinculados ao MCTI. "Eles atuam de forma independente, mas devem estar alinhados às demandas estratégicas do país”, avaliou.Já a professora Miriam Grossi, da Universidade Federal de Santa Catarina, defendeu a implementação de políticas afirmativas para promover a inclusão de pesquisadores negros e dos povos originários na ciência. "A ciência brasileira é desigual. Não há pesquisadores negros. E as ações afirmativas são urgentes.”
O presidente da Fapesp, Marco Antônio Zago, lamentou o fenômeno mundial que tem afastado os jovens das carreiras científicas. Segundo ele, o ingresso de estudantes nos cursos de Engenharia caiu 40%, e a demanda por bolsas de estudo e pesquisa está 30% menor. "Reajustar o valor das bolsas é importante, mas não é suficiente. É preciso buscar outras medidas para resgatar os jovens para a ciência.”
Ao final do encontro, a ministra Luciana Santos assegurou que vai manter o diálogo aberto com a comunidade científica. "Farei desses encontros uma rotina.”Para melhorar a sua experiência na plataforma e prover serviços personalizados, utilizamos cookies.Ao aceitar, você terá acesso a todas as fun
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- 09/02/2023 - Bases para reconstruir a capacidade científica do BrasilPromessa de recuperação de investimentos públicos suscita discussão sobre prioridades e planos para a pesquisa e a inovação do país
Promessa de recuperação de investimentos públicos suscita discussão sobre prioridades e planos para a pesquisa e a inovação do país
Fonte: Revista FAPESP
Embora com vigor e velocidade ainda não definidos, é esperada uma recuperação nos investimentos em ciência, tecnologia e inovação nos próximos anos que trará novas responsabilidades à comunidade científica e aos formuladores de políticas públicas. Eles terão a incumbência de resgatar a capacidade de instituições de pesquisa e de estabelecer prioridades. Os anos recentes foram ásperos. O Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), principal instrumento federal de custeio da pesquisa, vem sofrendo desde 2016 bloqueios de recursos sucessivos e vultosos – o Ministério da Economia atribuía os cortes à necessidade de cumprir o teto constitucional de gastos.
O torniquete no financiamento ocorreu na contramão de um notável crescimento na arrecadação do fundo, hoje na casa dos R$ 10 bilhões anuais. Ele é abastecido por percentuais de receitas e impostos de empresas de 14 diferentes segmentos da economia, que compõem os Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia. Segundo análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apenas algo próximo de R$ 1 bilhão em recursos não reembolsáveis do FNDCT foi investido anualmente entre 2019 e 2021. Em valores atualizados, trata-se do pior patamar de aportes do fundo em projetos científicos e de inovação em instituições de pesquisa e empresas registrado neste século.
Segundo dados do Observatório do Conhecimento, ligado a sindicatos de docentes de universidades federais e estaduais, caiu de R$ 25,3 bilhões, em 2019, para R$ 17,1 bilhões, em 2022, o chamado "orçamento do conhecimento”. A metodologia contempla, por exemplo, gastos e investimentos de universidades federais e recursos de órgãos de fomento à pesquisa, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), agência do Ministério da Educação. "Somando todos os cortes em orçamentos de ministérios ligados à pesquisa, houve um desinvestimento acumulado de R$ 130 bilhões em quatro anos de governo”, estima a cientista política Mayra Goulart, professora das universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e coordenadora do Observatório. A organização trabalha em um inventário de projetos e laboratórios que interromperam seus trabalhos por falta de dinheiro, a ser divulgado neste ano.
A contenção orçamentária atingiu bolsas, projetos e despesas de custeio, mas não alcançou gastos obrigatórios, como salários de docentes e de pesquisadores de instituições e universidades públicas federais. Esse contingente seguiu trabalhando, ainda que com desfalques, uma vez que houve poucos concursos públicos para reposição de aposentados. Mas surgiram rachaduras na usina que forma profissionais de alto nível no país: o sistema nacional de pós-graduação. Também por influência da pandemia, o número de doutores formados em 2020 e 2021 foi de pouco mais de 20 mil, 4 mil a menos do que o contingente titulado em 2019 (ver Pesquisa FAPESP nº 315).
Para a presidente da Academia Brasileira de Ciências, a biomédica Helena Nader, a redução de recursos para projetos de pesquisa, associada ao duradouro congelamento do valor das bolsas federais de mestrado e doutorado, explica em grande medida a redução dos formados. Desde 2013, um bolsista de mestrado do CNPq ou da Capes recebe R$ 1,5 mil mensais e o de doutorado R$ 2,2 mil. "A demanda por formação em pós-graduação diminuiu porque a carreira científica ficou desprestigiada, foi colocada como desnecessária pelo governo. Para que eu vou estudar, investir anos da minha vida, se isso não é considerado relevante para o país?”, analisa Nader, que é pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ela diz que o caminho para recuperar a capacidade científica será longo. "Será necessário, no curto prazo, enfrentar emergências como o valor das bolsas e promover a reestruturação do MCTI, que perdeu nos últimos anos sua capacidade de articulação.”
A economista Fernanda De Negri, coordenadora do Centro de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Sociedade do Ipea, ressalta a necessidade de fazer um diagnóstico preciso sobre a situação dos recursos humanos em áreas estratégicas para o país, tais como tecnologia de informação e energias renováveis. "É preciso avaliar até que ponto dispomos de pesquisadores preparados para atuar em grandes desafios, já que houve uma desaceleração na formação de doutores”, afirma. Vale a mesma lógica, segundo ela, para a infraestrutura de pesquisa: "Não houve em anos recentes editais para atualização de laboratórios de instituições públicas e é provável que vários deles estejam pouco competitivos internacionalmente. Investigamos há pouco tempo a situação dos laboratórios do setor de petróleo e vimos um percentual mais elevado de obsolescência do que em levantamentos anteriores. Será preciso renová-los”.
Embora tenha havido algum alívio nos investimentos federais em 2022, o orçamento federal aprovado para 2023 ainda previa bloqueios superiores a R$ 4 bilhões no FNDCT. Segundo análise feita pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), vários órgãos terão de novo um ano difícil se não receberem socorro. O CNPq, por exemplo, previa aplicar R$ 1 bilhão em bolsas, mesmo patamar do ano passado, mas os recursos para projetos de pesquisa, nos quais os bolsistas de mestrado, doutorado e pós-doutorado deveriam trabalhar, cairiam de simbólicos R$ 35 milhões em 2022 para R$ 28 milhões em 2023. O novo presidente do órgão, o físico Ricardo Galvão, informou que, em conjunto com a Capes, anunciará em breve um reajuste de bolsas da iniciação científica ao pós-doutorado e que utilizará recursos previstos na chamada PEC da Transição, aprovada em dezembro pelo Congresso. Admitiu, contudo, dificuldades para ampliar os investimentos em 2023, já que o orçamento aprovado no Parlamento é restritivo.
A titular do MCTI, a engenheira eletricista Luciana Santos, primeira mulher a assumir o cargo, tomou posse em 2 de janeiro estabelecendo como prioridades iniciais a recomposição orçamentária, com a execução dos R$ 9,9 bilhões previstos para o FNDCT em 2023, e a atualização no valor das bolsas, além de medidas para ampliar a inclusão e a diversidade de gênero. O resgate do orçamento envolveu negociações para não votar no Congresso e deixar perder a validade em 5 de fevereiro a Medida Provisória nº 1.136, baixada no final de agosto de 2022, que adiou para 2027 a aplicação de uma lei aprovada pelo Congresso em 2020 – a lei, discutida amplamente por pesquisadores e empresários e negociada com os parlamentares, proibia os bloqueios do Fundo. Com essa MP, cerca de R$ 14 bilhões poderiam ser bloqueados nos próximos quatro anos, segundo cálculos da SBPC. "Vivemos um verdadeiro apagão no financiamento da ciência brasileira”, declarou Santos, em seu discurso de posse. "São recursos que seriam investidos em ações de inovação e na infraestrutura de institutos que se dedicam, por exemplo, às áreas de energia, petróleo, mobilidade, meio ambiente e tecnologia da informação. Trata-se de uma afronta à legislação aprovada no Congresso Nacional.”
Ainda que ocorra logo uma recomposição de recursos e do valor de bolsas, uma recuperação robusta é esperada a partir de 2024, se o teto de gastos for substituído na Constituição por outro mecanismo de contenção do endividamento público. Para o engenheiro Pedro Wongtschowski, que lidera a Mobilização Empresarial para a Inovação (MEI), fórum vinculado à Confederação Nacional da Indústria (CNI) que reúne representantes de mais de 500 empresas, uma agenda de estratégias de curto prazo deveria se basear em quatro frentes. A primeira passa por investir emergencialmente na infraestrutura científica e tecnológica do país a fim de que ela volte a funcionar. "As universidades federais ficaram à míngua e instituições públicas de pesquisa estão desequipadas e com quadros envelhecidos. É preciso restaurar a capacidade delas de cumprir suas missões institucionais”, afirma. Wongtschowski sugere como prioridade o financiamento de iniciativas que estão próximas da conclusão, a exemplo da fonte de luz síncrotron Sirius (ver Pesquisa FAPESP nº 269).
Uma segunda frente, diz o líder da MEI, consiste em estimular as empresas a ampliar seu volume de inovação. "Isso requer aperfeiçoar o financiamento público, aprimorando incentivos fiscais, de modo geral, e da Lei do Bem em particular”, diz, referindo-se à legislação aprovada em 2005, que estabeleceu apoio a empresas que fazem pesquisa e desenvolvimento (P&D). A terceira frente diz respeito ao apoio a empresas de base tecnológica e à cooperação entre universidades e empresas. "A lei de inovação permite que docentes e discentes de instituições públicas se dediquem à criação de empresas de base tecnológica, mas tem sido pouco usada. As startups são uma fonte de conhecimento novo para as grandes empresas, que as adquirem ou se associam a elas para acelerar seus processos de inovação.”
Por fim, aponta a importância de investir na difusão tecnológica. "Há muito conhecimento acumulado que não chega nem ao setor público nem ao privado e que poderia ajudar a modernizar pequenas e médias empresas”, alerta. Como medida prática, ele sugere a ampliação dos recursos para a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), organização social ligada ao MCTI, criada em 2014. "A Embrapii contou com recursos públicos equivalentes a apenas um terço do que havia sido originalmente contratado. Ainda assim, conseguiu mobilizar um volume de mais de R$ 2 bilhões, em dinheiro do governo e de empresas, em projetos de inovação para o setor industrial e empresarial, e reforçar a qualificação de 70 instituições de ciência e tecnologia que se engajaram nesses projetos.”
Luciana Santos já sinalizou prioridades, resgatando iniciativas engavetadas nos últimos anos. A principal delas é a construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). O projeto foi concebido em 2008 pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) com o objetivo de dar autonomia ao país na produção de radiofármacos, essenciais para o diagnóstico e tratamento de diversas doenças, e que hoje, em boa medida, são importados. O RMB foi incluído em 2012 no Plano Plurianual do governo federal e orçado em cerca de R$ 500 milhões, mas suas obras físicas, em Iperó, interior paulista, não começaram. No ano passado, chegaram a ser interrompidos por algumas semanas a produção de radiofármacos pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e o seu fornecimento a hospitais. Após um bloqueio de recursos decretado pelo Ministério da Economia, faltou dinheiro para a importação de insumos, que mais tarde acabou sendo revertido (ver Pesquisa FAPESP n° 309).
Também está prevista a retomada do Programa Sino-Brasileiro de Satélites de Recurso Terrestre (CBERS), responsável, desde os anos 1990, pelo desenvolvimento de seis satélites de sensoriamento remoto. De acordo com o presidente do CNPq, Ricardo Galvão, a parceria com os chineses deverá ser pavimentada em uma visita que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, fará a Beijing.
Outra meta anunciada pela ministra é a formulação de uma nova estratégia para o setor de semicondutores, cuja produção, concentrada em países asiáticos, escasseou durante a pandemia, comprometendo a cadeia de suprimentos da indústria eletroeletrônica e de computação do mundo inteiro. Luciana Santos manifestou a intenção de retomar as atividades do Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), uma empresa pública criada em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em 2008, para produzir chips, mas que só conseguiu fabricar circuitos integrados de baixa complexidade. Em 2020, o governo anunciou a liquidação da empresa e a decisão de vender os ativos para o setor privado. Segundo o Ministério da Economia, em seu melhor exercício anual, o empreendimento gerou receita de R$ 7,8 milhões, mas sustentava uma despesa operacional média de R$ 80 milhões por ano desde sua fundação. No ano passado, o Tribunal de Contas da União (TCU) suspendeu a liquidação.
Para discutir os caminhos da política científica do país, a nova ministra avisou que convocará uma nova Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia – a última foi realizada em 2006. A eventual recomposição de recursos deverá alimentar um debate sobre novas prioridades e qual deve ser o equilíbrio entre as demandas fragmentadas de dezenas de milhares de grupos de pesquisa em atividade no país e a aposta em grandes projetos estratégicos. Em anos recentes houve uma tendência de fracionar a aplicação dos recursos disponíveis. "No combate à pandemia, o MCTI selecionou projetos pulverizados, sem capacidade de dar tração ao enfrentamento da emergência sanitária, e eles ainda se revelaram pouco efetivos”, diz o economista André Tortato Rauen, do Ipea. "Os projetos relevantes contra a Covid-19 vieram do Ministério da Saúde e do governo de São Paulo para a produção de vacinas.”
Para além de resgatar ideias que não saíram do papel, será necessário olhar para o futuro, propõe Fernanda De Negri. "É importante ter projetos estruturantes. A recomposição de recursos deve vir acompanhada por desenhos mais eficientes de políticas públicas, com estratégias e objetivos mais complexos”, afirma. Segundo ela, há vocações notórias da ciência brasileira que poderiam inspirar grandes projetos. "Pesquisas relacionadas às mudanças climáticas são um caminho óbvio, à luz da importância que o novo governo dá ao assunto. É um tema que pode inspirar um conjunto consistente de projetos de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para ajudar a mitigar os efeitos das mudanças climáticas, reduzir o volume de emissões e descarbonizar a economia. É uma área de fronteira essencial para o Brasil e para o mundo”, afirma. Uma nova agenda de pesquisa sobre a Amazônia seria relevante. "É preciso investir em novas tecnologias para monitorar o desmatamento. A busca de produtos extraídos da nossa biodiversidade, produzidos de forma sustentável, pode gerar riqueza e emprego na região amazônica. A maior parte da Amazônia está em território brasileiro e o país tem instituições capacitadas para gerar conhecimento de ponta sobre a floresta.”
Ela menciona também a pesquisa em combustíveis renováveis, em que o país tem tradição: "Os recursos poderiam vir do FNDCT, mas há espaço para aproveitar melhor outras fontes. Setores regulados, como petróleo e eletricidade, são obrigados a investir um percentual em P&D, mas esses recursos poderiam ser utilizados de forma mais efetiva”. Segundo De Negri, como os recursos para pesquisa sobre petróleo oscilam muito de um ano para outro, por conta dos preços internacionais, há uma dificuldade de manter pesquisadores e laboratórios mobilizados para projetos de longo prazo. "É necessário mudar regulamentos e criar uma espécie de fundo em que esses recursos seriam depositados e administrados, podendo ser usados na busca de novas fontes de energia”, sugere.
A crise aguda do financiamento ofuscou o efeito de alguns avanços de ordem institucional, analisa André Rauen. "Criamos instrumentos para fazer encomendas tecnológicas a empresas com segurança jurídica e hoje dispomos de uma caixa de ferramentas moderna para regular as relações entre o setor privado, as universidades e o governo”, diz, referindo-se a um decreto de 2018 do governo federal que regulamenta dispositivos da legislação sobre compras públicas e permite a contratação de empresas que executem projetos de P&D. "Essa legislação foi fundamental na parceria entre instituições do país e empresas do exterior para a produção de vacinas contra o novo coronavírus”, afirma.
O economista chama a atenção para um obstáculo que pode surgir à medida que o financiamento retornar. A exemplo do problema que atingiu a formação de novos doutores, também pode haver uma escassez de recursos humanos habilitados para organizar e administrar grandes projetos de pesquisa. "Se bem utilizados, os instrumentos de que dispomos vão exigir uma profissionalização maior da gestão em ciência e tecnologia. Não estamos formando indivíduos que conheçam em profundidade a lógica que une empresas, governo e universidades. Esse profissional existe nos Estados Unidos e está trabalhando em agências como a Darpa, agência de projetos da área de defesa. Será preciso criar programas e definir um norte tecnológico para o país, sob coordenação de profissionais especializados.”
Para o físico Carlos Henrique de Brito Cruz, o momento é propício para repensar o sistema brasileiro de ciência e tecnologia em moldes mais ambiciosos dos que vigoraram no passado. "Não daria para reconstruir melhor do que era antes?”, indagou, em um evento em meados de dezembro que marcou o encerramento das comemorações dos 60 anos da FAPESP. "Seria uma perda de oportunidade discutir apenas como voltar ao que éramos em 2006 ou 2007, em uma espécie de back to the future.” Brito Cruz, que foi diretor científico da FAPESP entre 2005 e 2020 e atualmente é vice-presidente sênior da Elsevier Research Networks, no Reino Unido, lembra que o dinheiro público responde por apenas uma parte, em geral minoritária, do financiamento à ciência dos países e afirmou que é necessário aumentar no Brasil gastos privados em P&D e a presença de pesquisadores atuando dentro das empresas, que é baixa. "A política e a estratégia para ciência, tecnologia e inovação no Brasil são dominadas por uma ideia de que o lugar de fazer a pesquisa é a universidade, a empresa é um local para receber e utilizar o conhecimento e o governo é o patrocinador. Mas nos lugares do mundo que conseguiram organizar a ciência e a tecnologia para benefício da sociedade, das pessoas e da economia, não é desse jeito que se trabalha”, observou em entrevista para o site de Pesquisa FAPESP. "Na pesquisa em computação quântica, empresas como Google, Microsoft e IBM têm um papel tão ou mais importante do que as universidades.”
Ele mencionou dados produzidos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pelo MCTI, segundo os quais o número de pesquisadores contratados pelas empresas no Brasil está abaixo da média de outros 44 países, ocupando as últimas posições da lista. No Brasil há 59 mil pesquisadores trabalhando em empresas – equivalente a 280 por milhão de habitantes. Na Coreia do Sul, há seis vezes mais e, nos Estados Unidos, o número é 10 vezes maior.
Na sua avaliação, seria útil discutir o que é necessário fazer para que as empresas se sintam estimuladas a inovar para ganhar dinheiro e conquistar mercados. "A falta de exposição das empresas ao mercado internacional e de sua inserção nas cadeias de valor do mundo desestimula os dispêndios em inovação. A complexidade das regras tributárias também atrapalha”, avalia. "Por que uma empresa vai contratar um pesquisador e fazer um investimento de risco em um produto novo se ela acaba obtendo mais ganhos contratando um advogado tributarista ou um contador que a ajude a lidar com a complexidade da legislação? Várias dessas ideias nem sequer custariam orçamento para o governo. Dependem apenas de empenho e, claro, uma dificuldade política a enfrentar”, afirmou.
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- 08/02/2023 - Radiação em prol da saúde: por dentro de um acelerador de partículasEscondido no Hospital das Clínicas, centro produz moléculas que ajudam no diagnóstico do câncer e outras doenças
Escondido no Hospital das Clínicas, centro produz moléculas que ajudam no diagnóstico do câncer e outras doenças
Fonte: Veja Saúde
Chloé PinheiroNo último dia 1, cheguei ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP) animada para conhecer pessoalmente o Cíclotron. O acelerador de partículas fornece moléculas radioativas para diagnósticos no Sistema Único de Saúde (SUS).
Logo no início da visita, minha primeira surpresa: na busca pelo lugar certo, ninguém sabia me informar onde ficava o CinRad – Centro Integrado de Produção de Radiofármacos. Compreensível, afinal, o HC é o maior complexo hospitalar da América Latina. Uma verdadeira cidade, com joias desconhecidas pelos próprios funcionários.
O CinRad fica no primeiro prédio a trabalhar com medicina nuclear do país. Desde 1958, naqueles poucos andares, se desenvolvem os mais variados tipos de exames e tratamentos: radioterapia, raio-x, tomografia etc.
A sala onde fomos recebidos guarda, inclusive, um museu, com equipamentos antigos e imagens históricas.
A medicina nuclear
A medicina nuclear, vale explicar, usa moléculas radioativas [que produzem um tipo específico de energia] para analisar o estado de órgãos ou mesmo fazer tratamentos. Essa energia é emitida porque algumas moléculas possuem átomos instáveis em sua estrutura.
Só para lembrar: toda matéria (inclusive nós) é formada por átomos, que, por sua vez, são compostos por minúsculas partículas, com cargas magnéticas diferentes.
Átomos instáveis são, por assim dizer, bagunçados. Para se tornarem mais estáveis, vão liberando energia [radioativa] até ficarem "sossegados” de novo. Esse processo é chamado de decaimento, e pode durar minutos, dias ou anos, dependendo do tipo de radiação emitida e do elemento em questão.
São várias possibilidades de uso. Um feixe de radiação de baixa intensidade atravessa o corpo para fazer uma tomografia computadorizada, marcando com sombra as áreas por onde passa com maior ou menor dificuldade. Uma radiação mais forte e diferente é usada para "queimar” uma célula maligna.
Para obter as moléculas radioativas, os aceleradores de partículas bombardeiam átomos com partículas (alfa, beta, próton, nêutrons, etc.) para que esses átomos estáveis passem por um processo de transmutação e se transformem em átomos radioativos de outros elementos químicos.
Como já explicamos aqui no blog, alguns tipos de aceleradores permitem, por exemplo, o estudo de microorganismos em nível atômico para melhorar o tratamento de doenças.
Já o Cíclotron, que conheci no CinRad, produz moléculas que são injetadas no paciente e marcam células específicas do corpo para fazer exames como o PET-CT. Nele, a tomografia enxerga as células marcadas pela radiação.
Para entender como isso acontece, vamos tomar como exemplo a 18F-Fluordeoxiglicose, ou 18F-FDG, para facilitar. O radiofármaco, fruto da união entre flúor radioativo e glicose, consegue se ligar às células que usam a glicose como fonte de energia, caso dos tumores de pulmão, linfomas e outros tipos de câncer.
Ao passar pela tomografia, a energia emitida pelo 18F-FDG é percebida pela máquina e os tumores aparecem em destaque.
Como funciona o acelerador de partículas Cíclotron
Durante a visita, eu e os outros jornalistas entramos em um vestiário e saímos nas entranhas do laboratório do CinRad devidamente paramentados com roupas de proteção. E com um medidor de radiação pendurado no pescoço, que não apitou em nenhum momento.
Selado em uma sala com ares de bunker, com paredes de quase 2 metros de espessura e uma porta que pesa mais de 200 toneladas, o Cíclotron é uma versão em miniatura dos grandes aceleradores de partículas, como o LHC, que fica na Suíça, e o brasileiro Sirius, usado para produzir luz síncrotron.
Basicamente, como explicamos, seu objetivo é bagunçar moléculas já existentes na natureza para que se tornem radioativas. Quem contou essa história foi o físico Rubens Abe, que conduz o Cíclotron e está na USP desde 1971.
Para fazer isso, moléculas chamadas de alvo são inseridas na máquina em formato líquido, sólido ou gasoso.
Ali, entram em contato com íons negativos [um tipo de partícula subatômica] de hidrogênio, que são acelerados em uma bobina de formato circular para gerar um feixe de prótons [outra partícula] que desestabiliza a estrutura do alvo em questão.
Tomando o 18F-FDG como exemplo novamente, o flúor radioativo é feito no Cíclotron tendo um tipo especial de oxigênio como alvo. Depois da passagem do feixe de prótons, esse oxigênio sofre uma reação em seu núcleo e se transforma em flúor. A partir daí, tem 120 minutos de meia-vida – tempo para que sua energia comece a decair.
O isótopo radioativo formado no acelerador é colhido e enviado para outras máquinas, que fazem a síntese entre ele e a molécula em questão. O resultado é um líquido a ser injetado na veia dos pacientes, que precisa ser mandado rapidamente às instituições que o CinRad atende.
Cada dose é transportada em pesadas cápsulas de tungstênio ou chumbo, que podem pesar até 20 quilos e impedem qualquer vazamento de radiação.
Elas ficam guardadas em um cofre, cuja senha só é liberada após os testes de qualidade, que são conduzidos no próprio CinRad enquanto o produto viaja ao seu destino.
Tecnologia em prol da saúde pública
O Cíclotron, em operação desde 2010, é fruto de uma parceria público-privada com o Hospital Sírio Libanês, que doou os equipamentos. "É o único centro acadêmico do país a produzir radiofármacos para assistência e pesquisa”, comenta o médico especialista em medicina nuclear Carlos Alberto Buchpiguel, professor da USP que apresentou o CinRad a mim e a outros jornalistas.
Hoje, o sistema fabrica cinco compostos aprovados pela Anvisa e já distribuiu mais de 50 mil doses deles. Suas boas práticas foram reconhecidas por entidades internacionais como a Agência Internacional de Energia Atômica.
Além do PET-CT mais clássico, graças a ele é possível realizar gratuitamente tipos do exame hoje não cobertos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como o PET-CT PSMA, para avaliar metástases do câncer de próstata, e o teste conhecido como PET Amiloide, que busca por placas no cérebro relacionadas ao Alzheimer.
"Mais de 6 mil usuários do SUS puderam fazer exames aos quais não teriam acesso normalmente”, aponta Buchpigel. Hoje, o CinRad atende instituições próximas, como o Instituto do Coração (InCor) e o Instituto de Radiologia (InRad), no próprio complexo do HC, e o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).
A ideia é aproveitar o know-how para expandir a produção. "Poderíamos nos tornar referência para toda a rede de hospitais públicos do estado de São Paulo”, conta o médico. Apesar do tempo geralmente curto de vida dos radiofármacos, alguns conseguem viajar num raio de 500 km.
O CinRad pesquisa ainda novas moléculas, que poderão auxiliar no diagnóstico de problemas psiquiátricos, neurológicos e cardíacos. De lá, já saíram mais de 180 artigos científicos, além de soluções para facilitar a produção de compostos cuja demanda é alta.
Para ter ideia, a pequena equipe do CinRad, composta por 13 pessoas, desenvolveu sua própria metodologia para a produção de gálio, mineral que faz parte do PSMA e outros exames, a partir de uma moeda de zinco.
Por fim, a estrutura do CinRad pode ser usada também para uma área promissora da medicina, a teranóstica: a ideia de localizar e, ao mesmo tempo, destruir um tumor. As negociações para captação de recursos e parcerias para isso já começaram. -
- 08/02/2023 - Camilo e Lula devem anunciar que bolsas da Capes e CNPq terão reajuste a partir de marçoAs bolsas serão reajustadas, em média, em 44% e o primeiro pagamento será feito em março, já referente ao mês de fevereiro.
As bolsas serão reajustadas, em média, em 44% e o primeiro pagamento será feito em março, já referente ao mês de fevereiro.
Fonte: O Povo
As bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) deverão ser pagas com o reajuste de valor já no mês de março.Os benefícios serão anunciados em evento com o ministro da Educação Camilo Santana (PT) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está previsto para o dia 16 ou 17 de fevereiro.
As bolsas serão reajustadas, em média, em 44% e o primeiro pagamento será feito em março, já referente ao mês de fevereiro. Ou seja, as bolsas pagas em março já vão estar com o valor reajustado.
O ministro havia dito que o reajuste seria anunciado no final de janeiro, mas a data acabou sendo adiada. "A ideia é de que, até o fim deste mês (janeiro), o presidente possa anunciar os reajustes das bolsas tanto da Capes quanto do CNPq. (O reajuste) valerá a partir do anúncio”, disse Camilo. "Desde 2013, não há reajuste das bolsas da Capes e do CNPq. O presidente já tem determinado estudo e avaliação nesse sentido”, acrescentou o ministro.
As bolsas de pesquisa estão sem reajuste há 10 anos. Segundo a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), o valor das bolsas de estudo teve perda de 75% no poder de compra em comparação ao valor de 2013, quando houve o último reajuste.
Para a associação, os auxílios com valores atualizados deveriam estar em R$ 2.600 (mestrado) e R$ 3.800 (doutorado), mas são de R$ 1.500 e R$ 2.200, respectivamente. A associação tem defendido um reajuste de 40% para as bolsas.
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- 07/02/2023 - Perspectivas e desafios do setor nuclear para os próximos anosProfessores do Departamento de Engenharia Nuclear da Politécnica/UFRJ entendem que a conclusão de Angra 3 e o desenvolvimento de roteadores e micro roteadores devem ser as prioridades do novo governo.
Professores do Departamento de Engenharia Nuclear da Politécnica/UFRJ entendem que a conclusão de Angra 3 e o desenvolvimento de roteadores e micro roteadores devem ser as prioridades do novo governo.
Fonte: Politécnica UFRJ
O mundo vive numa encruzilhada energética, em que ainda existe grande dependência de diversos países com a geração de energia a partir dos combustíveis fósseis, o que torna o cenário cada vez mais desafiador do ponto de vista de desenvolvimento sustentável. Fonte de energia limpa, competitiva e de baixa emissão de CO², a energia nuclear se destaca como uma possível alternativa na matriz energética, mas o seu avanço depende exclusivamente de políticas de Estado, que demandam também investimentos em pesquisa, ensino e inovação.
Convidados para opinarem sobre o assunto, os professores do Departamento de Engenharia Nuclear (DNC) da Escola Politécnica da UFRJ Su Jian, Aquilino Senra e Alessandro Cruz apontaram as principais expectativas do setor para os próximos anos, em busca da autossuficiência e da soberania nacional.
Para os três especialistas, entre os desafios primários que vão abrir o caminho para todos os demais projetos estão a conclusão da usina nuclear de Angra 3; o desenvolvimento de Reator Pequeno Modular (SMR) para a cogeração de eletricidade e dessalinização para regiões de demanda de água potável e eletricidade; a construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) para a autonomia da produção de radiofármacos, essenciais para atender a demanda reprimida da medicina nuclear no país; e a criação de Micro Reator Modular (MMR) para geração de eletricidade subsea ou em plataforma flutuante, aplicado na produção de petróleo e gás offshore.
"O Estado precisa tomar ações imediatas para a conclusão acelerada de Angra 3. Além disso, é necessário iniciar a construção destas novas usinas nucleares com reatores avançados e inerentemente seguros, visando a entrada em operação comercial de duas usinas novas por ano a partir de 2030”, destacou o professor Su Jian, chefe do DNC.
Já Aquilino Senra entende que chegou a hora da transformação das matrizes energéticas, a chamada transição energética, dos países industrializados. "É necessário reduzir a vulnerabilidade da matriz elétrica fortemente concentrada em fontes renováveis, que são intermitentes, sazonais e sujeitas aos efeitos das mudanças climáticas. A solução para esta vulnerabilidade está no desenvolvimento de fontes não-renováveis de energia que atuem na base da matriz elétrica tal como a energia nuclear. A energia nuclear é comprovadamente a que menos emite gases do efeito estufa em todo seu ciclo de vida”, sinalizou o professor.
Responsável pela formulação da política nuclear no país, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) – que terá como ministra a engenheira eletricista Luciana Santos, assumiu o compromisso com a expansão e consolidação do Sistema Nacional de CT&I. "A expectativa é boa, considerando as primeiras declarações públicas da ministra sobre o desenvolvimento da tecnologia nuclear. Acho que irá desempenhar um papel importante na reestruturação do setor nuclear”, avaliou Senra.
Recentemente, o governo brasileiro também anunciou que estuda uma parceria nuclear com a Argentina para o desenvolvimento de SMR e do RMB, e na geração de energia nuclear em geral. "Considero bem oportuno que os países latinos unam forças no sentido de consolidar a tecnologia nuclear. Parceria bem-posta salvaguardando os sigilos tecnológicos poderá fortalecer ambos os países”, considerou o professor Alessandro Cruz.
Ele também destacou que este tipo de avanço é essencial para o fortalecimento do mercado e abertura de oportunidades para futuros egressos da Politécnica-UFRJ. "Quase todos os egressos, desde a primeira turma, em 2014, até a última estão sendo alocados no mercado de trabalho nacional e internacional. A maior parte deles têm sido absorvidos pela Amazul, Comissão Nacional de Energia Nuclear, Westinghouse, Framatome e universidades americanas”.
O chefe do DNC, Su Jian, reforçou: "A UFRJ vem formando recursos humanos de alta qualidade em Engenharia Nuclear nos níveis de mestrado e doutorado desde 1968 e no nível de graduação desde 2010. Junto com outras universidades e institutos de ciência e tecnologia, promovemos excelência no ensino, pesquisa, desenvolvimento e extensão no setor nuclear do país.”
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- 07/02/2023 - Turquia: terremotos não danificam central nuclear em construçãoFonte: ABEN
O site World Nuclear News (WNN) reportou que os graves terremotos que atingiram a Turquia felizmente não causaram danos à central nuclear de Akkuyu, que abriga quatro usinas com reatores de água pressurizada (PWR) em construção. A equipe responsável pelo empreendimento informou que, após extensas medidas de diagnóstico de segurança, a construção do sítio continua. A informação também foi enviada à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para Autoridade Regulatória Nuclear turca.
Akkuyu abrigará quatro reatores de tecnologia russa, edificados pela corporação estatal Rosatom, de modelo VVER-1200. A expectativa é que a construção da primeira usina, iniciada em 2018, termine neste ano. Juntas, as quatro unidades deverão atender a cerca de 10% das necessidades elétricas turcas.
Leia o texto completo aqui.
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- 06/02/2023 - Curso de Verão 2023 do Instituto de Física da USPEvento terá em sua programação 20 palestras, seis oficinas e outras atividades complementares que podem ser presenciais ou on-line
Evento terá em sua programação 20 palestras, seis oficinas e outras atividades complementares que podem ser presenciais ou on-line
Fonte: Agenda FAPESP
O Curso de Verão 2023 do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP) acontecerá entre os dias 6 e 10 de fevereiro de 2023, em São Paulo.
O objetivo do curso é aprimorar a cultura geral em física do estudante de graduação e início de pós-graduação e auxiliar na sua escolha de área de atuação. Isso será feito por meio de palestras e oficinas sobre a atual atividade de pesquisa em física, em particular aquela feita no IFUSP.
O curso terá em sua programação 20 palestras, seis oficinas e outras atividades complementares. Os temas serão apresentados por docentes do IFUSP e abordarão tópicos como o lado escuro do Universo, levitação acústica, espectroscopia molecular, física nuclear aplicada, luz síncrotron no Laboratório Sirius, entre outros.
Os interessados em participar devem se inscrever até dia 31 de dezembro de 2022, por formulário disponível no portal do IFUSP. É obrigatória a opção por duas oficinas/minicursos, sendo a primeira opção a de preferência.
As atividades serão realizadas de forma presencial no prédio do IFUSP, cujo endereço é rua do Matão, 1.371, Cidade Universitária, São Paulo. Também será possível acompanhar livremente on-line.
Mais informações:http://portal.if.usp.br/pesquisa/pt-br/node/2172.
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- 01/02/2023 - Cápsula radioativa que caiu de caminhão na Austrália é encontradaO recipiente, do tamanho de uma ervilha, contém Césio-137, que emite grandes quantidades de radiação. Austrália Ocidental estava sob alerta.
O recipiente, do tamanho de uma ervilha, contém Césio-137, que emite grandes quantidades de radiação. Austrália Ocidental estava sob alerta.
Fonte: Portal G1
Autoridades da Austrália encontraram nesta quarta-feira (1º) a cápsula radioativa perdida há seis dias e que colocou parte do país sob alerta por radiação.
A cápsula, do tamanho de uma ervilha, caiu de um caminhão durante o transporte em uma rodovia. Membros das equipes que participaram das buscas disseram que a tarefa seria como encontrar uma agulha no palheiro.
Veja detalhes da busca:
- A cápsula foi encontrada ao sul da cidade de Newman, cidade do estado da Austrália Ocidental, no oeste do país;
- O objeto foi detectado por um veículo das equipes de busca;
- Um equipamento que capta a radiação emitida pela cápsula disparou;
- Os integrantes da equipe desceram então de veículo e encontraram a cápsula ao lado da estrada.
A cápsula contém Césio-137, substância que emite quantidades perigosas de radiação- é o equivalente a receber dez raios X em uma hora.
Entre os efeitos ao corpo humano, estão queimaduras na pele e câncer, em caso de exposição prolongada.
O presidente-executivo da gigante mineradora Rio Tinto Iron Ore, Simon Trott, responsável pela cápsula, pediu desculpas pelo incidente, mas o governo abriu uma investigação para apurar as falhas na segurança do transporte.As equipes de busca passaram seis dias vasculhando toda a extensão da rodovia. Especialistas também suspeitavam que a cápsula poderia ter se alojado dentro de algum pneu de carros que passaram por lá.
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- 27/01/2023 - Austrália emite alerta para caixa perdida com césio-137: 'Não toque'Fonte: UOL
O Departamento de Saúde do governo do Oeste da Austrália informou os cidadãos sobre a busca por uma caixa contendo césio-137, material radioativo que já causou, no Brasil, o mais grave acidente radioativo da história. Segundo o comunicado, uma cápsula pequena, com apenas 6 milímetros de diâmetro e 8 milímetros de altura, foi perdida durante um transporte feito entre duas minas na região norte da cidade de Newman. A data estimada foi entre os dias 10 e 16 de janeiro.Apesar das buscas, os especialistas em saúde pediram para que os cidadãos não toquem, não peguem e muito menos abram a cápsula, sob risco de seríssimos danos de saúdo devido à radiação.
"A exposição a esta substância pode causar queimaduras por radiação ou doenças graves. Se as pessoas virem a cápsula ou algo parecido, afaste-se dela e mantenha outras pessoas longe dela também"
Comunicado feito pelo Dr. Andrew Robertson, chefe do Conselho de Radiologia do Departamento de SaúdeA orientação é que, caso o material ou algo similar seja avistado, os cidadãos informem aos departamentos competentes. O governo australiano também orientou que as pessoas mantenham-se informadas sobre as buscas por meio da mídia.
Relembre acidente com césio-137 em Goiás
Em 13 de setembro de 1987, funcionários de um ferro velho em Goiânia (GO) partiram, a marretadas, o cabeçote de um equipamento usado em radioterapia. A peça, que havia sido encontrada por dois catadores num prédio em ruínas do antigo Instituto Goiano de Radioterapia (IGR), estava abandonada ali desde meados de 1985.
Durante a desmontagem, os catadores chegaram até a cápsula que armazenava 19 gramas de césio-137, que, administrado dentro da máquina, emitia radiação controlada para matar células cancerígenas. Fora do recipiente de chumbo, o pó altamente solúvel e de fácil dispersão é letal.
À medida que os pedaços da máquina eram vendidos para outros ferros-velhos, aumentava o número de pessoas que reclamam de náuseas, vômito e diarreia. Também houve fascínio de cidadãos pelo brilho emitido pelo material, o que disseminou ainda mais a contaminação direta.
Goiânia ficou 16 dias contaminada com o césio sem saber. Quatro pessoas morreram, enquanto cerca de 6.500 pessoas foram atingidas com algum grau de irradiação e outros 249 casos registraram contaminação mais grave. A Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) classifica o caso de Goiânia como o maior acidente radioativo do mundo pela extensão da tragédia.
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- 26/01/2023 - Brasil vai avançar na construção do Reator Multipropósito, afirma ministra Luciana SantosO anúncio foi feito durante visita oficial à Argentina – parceira estratégica do Brasil no empreendimento.
O anúncio foi feito durante visita oficial à Argentina – parceira estratégica do Brasil no empreendimento.
Fonte: MCTI
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação vai avançar na construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), que tem o objetivo de garantir a autonomia do país na produção de radioisótopos para uso na medicina e para apoiar pesquisas científicas na área nuclear. O anúncio foi feito pela ministra Luciana Santos, que acompanha a visita oficial do presidente Lula ao país vizinho.
A Argentina é parceira estratégica do Brasil no desenvolvimento do RMB. Para 2023 e 2024, estão previstos investimentos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) para o empreendimento, incluindo a contratação de empresa argentina para a elaboração do projeto detalhado da planta de processamento de radioisótopos.
Segundo a ministra, as relações bilaterais com a Argentina serão, a partir de agora, intensificadas, com a retomada de projetos que foram paralisados. "A agenda mais importante de cooperação científica na América Latina é com a Argentina. É uma agenda muito diversa, que vai desde as parcerias no Reator Multipropósito até a formação de especialistas no âmbito do Cabbio. Vamos avançar tanto com o Reator Multipropósito quanto o projeto SABIA-Mar, que vai apoiar o monitoramento na região”, explicou a ministra.
O projeto SABIA-Mar prevê a construção e operacionalização de dois satélites de sensoriamento remoto para monitoramento dos oceanos e zonas costeiras da região que compreende o Brasil e a Argentina. No encontro com o ministro Daniel Filmus, em Buenos Aires, Luciana Santos destacou o avanço da Plataforma Multimissão (PMM), que é a base para o satélite SABIA-Mar e atingiu o grau máximo de maturidade com o satélite Amazonia 1, que está operando em órbita, com sucesso, desde 2021.
Já o Centro Latino-Americano de Biotecnologia (Cabbio) foi criado em 2020 com base no centro binacional implantado em 1986. Atualmente, também conta com a participação de Uruguai e Colômbia. Ao longo de sua história, mais de 125 projetos foram apoiados e mais de 5,5 mil pesquisadores capacitados.
"O Cabbio é uma demonstração de que a cooperação científica pode impulsionar e consolidar a integração regional”, ressaltou a ministra Luciana Santos.
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- 24/01/2023 - Incubadora da USP e do Ipen recebe inscrições para novo programa de desenvolvimento de startupsTrinta empresas de todo o Brasil receberão mentoria e capacitação para o desenvolvimento de negócios de alto impacto
Trinta empresas de todo o Brasil receberão mentoria e capacitação para o desenvolvimento de negócios de alto impacto
Fonte: Agência FAPESPEstão abertas até 31 de janeiro as inscrições para o Programa DNA, da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (Ipen).Serão selecionadas 30 startups de todo o Brasil para receber mentoria e capacitação para o desenvolvimento de negócios de alto impacto positivo, intensivos em conhecimento e tecnologia. Pela primeira vez, 50% das vagas de incubação serão destinadas a mulheres, pessoas negras, pardas, com deficiência, representantes de povos originários, comunidades tradicionais e LGBTQIA+.O programa é voltado prioritariamente para startups das seguintes áreas: saúde, ciências da vida, tecnologias verdes, tecnologia da informação, indústria 4.0 e educação.As atividades do Programa DNA são híbridas, unindo experiências on-line e presencial. Os empreendedores terão acesso a uma metodologia estruturada em três ciclos: Descoberta, Negócios e Aceleração. Cada ciclo oferece capacitação adequada ao estágio de desenvolvimento da startup, combinando mentorias coletivas e individuais, workshops, aulas e outras atividades voltadas a estimular habilidades vitais para o empreendedorismo inovador.Para se candidatar, não é necessário ter CNPJ constituído. Os interessados devem se inscrever por formulário on-line. A banca examinadora avaliará critérios como perfil empreendedor, mercado, inovação, finanças e gestão. O resultado do processo seletivo será divulgado em março.Mais informações em www.inscricoes.cietec.org.br/incubadora-usp-ipen/. -
- 23/01/2023 - Presidente da NUCLEP revela avanços recentes da empresa rumo à construção do submarino nuclear brasileiroFonte: Petronotícias
O Brasil terá, ao longo dos próximos anos, o desafio de iniciar a construção do seu primeiro submarino de propulsão nuclear, que será uma ferramenta fundamental na defesa das riquezas da nossa extensa costa. Além disso, o desenvolvimento desse empreendimento trará um grande salto tecnológico para o país, com um grande legado de aprendizado e desenvolvimento de capital humano. Tirar esse projeto do papel, contudo, não será tarefa fácil e dependerá da competência dos principais atores das indústrias nuclear e de defesa, sob a liderança da Marinha do Brasil. Nesse contexto, a estatal Nuclep terá um papel fundamental, já que é a única companhia brasileira que consegue reunir alta capacitação na fabricação de equipamentos nucleares e experiência na construção de cascos de submarinos.No comando da empresa desde 2017, o contra-almirante Carlos Henrique Seixas está liderando um processo de crescimento e fortalecimento da companhia, preservando o caráter estratégico da Nuclep. O presidente da estatal lembra que o submarino nuclear brasileiro é um desenvolvimento totalmente nacional, envolvendo assim muitos segredos militares. "A Nuclep é uma empresa de caldeiraria pesada, além de ser a única companhia no país capaz de construir um submarino nuclear. Tanto o casco do submarino quanto outros equipamentos – tais como o vaso do reator e os trocadores de calor, por exemplo – serão desenvolvimentos nacionais”, afirmou.
Atualmente, a companhia já atua em parte das obras do Laboratório de Geração de Energia NucleoElétrica (LABGENE) – protótipo em tamanho real do submarino nuclear. A Nuclep está construindo o Bloco 40, seção onde ficará o reator do LABGENE. A empresa também está preparando-se para iniciar a construção da Seção de Qualificação do submarino. Seixas também detalha como a Nuclep está buscando novos negócios no segmento de transmissão de energia e fala das perspectivas de assinar novos contratos para fornecimento de equipamentos para a usina nuclear de Angra 3.
Para começar nossa entrevista, gostaria falar sobre a participação da Nuclep no Programa de Submarinos da Marinha. Poderia nos atualizar sobre o Bloco 40 do LABGENE? E como estão as tratativas para construção da Seção de Qualificação do Submarino de Propulsão Nuclear?
Nós estamos dentro do cronograma. A Nuclep tem até o dia 29 de abril para entregar o Bloco 40, que é a seção onde será instalado o vaso do reator no LABGENE. A partir deste mês, começaremos a transferir algumas peças para Iperó (SP), onde está sendo construído o LABGENE, para realizar as atividades de montagem.
A Nuclep também está em tratativas com a Itaguaí Construções Navais (ICN) sobre a construção da Seção de Qualificação do Submarino de Propulsão Nuclear. Provavelmente, até fevereiro, teremos a assinatura de contrato entre a Nuclep e a ICN para a fabricação dessa seção. Estamos em fase final de acerto de detalhes jurídicos do contrato para a fabricação da Seção de Qualificação. Como o nome sugere, a Seção de Qualificação será usada para qualificar os operários que vão fazer os procedimentos de soldagem de caldeiraria durante as obras de construção do Submarino de Propulsão Nuclear.
Uma das principais virtudes do Programa de Submarinos da Marinha é a transferência de tecnologia da França para o Brasil, que garantirá ao nosso país a capacidade de projetar, construir, operar e manter seus próprios submarinos convencionais. Poderia falar um pouco do legado deixado a partir dessa parceria entre os dois países?
A França transferiu para o Brasil a qualificação em engenharia da construção de cascos de submarinos. A Nuclep enviou funcionários para França, onde passaram por programas de qualificação para o desenvolvimento dos cascos dos submarinos convencionais de classe Scorpène. Agora, quando falamos sobre o Submarino de Propulsão Nuclear, é importante lembrar que esse é um desenvolvimento nacional. A França ajudou no desenvolvimento e no aprendizado na parte de construção do casco do submarino convencional. Já o Submarino de Propulsão Nuclear é um desenvolvimento totalmente nacional, principalmente no que se refere a área nuclear.
Por ser um projeto nacional, que demanda muitos anos de desenvolvimento, isso traz qualificação para as indústrias brasileiras, principalmente as indústrias de defesa. Além disso, outros efeitos positivos são a qualificação da nossa mão de obra e a geração de empregos. Ou seja, esses são pontos fundamentais para o desenvolvimento do Brasil.
Tendo em vista esse grande desafio de desenvolver um projeto totalmente nacional, qual será o papel da Nuclep durante as obras do submarino nuclear?
A Nuclep é uma empresa de caldeiraria pesada, além de ser a única companhia no país capaz de construir um submarino nuclear. Tanto o casco do submarino quanto outros equipamentos – tais como o vaso do reator e os trocadores de calor, por exemplo – serão desenvolvimentos nacionais. Tudo isso requer um sigilo de informações. Então, ao meu ver, acredito que um desenvolvimento nacional desse porte não pode ser repassado para entes privados – sejam eles nacionais ou internacionais.
Alguns equipamentos requerem segredos que são estratégicos e, portanto, fica evidente a importância de uma empresa estatal estratégica, como a Nuclep. Hoje, já estamos construindo alguns equipamentos que vão compor o LABGENE e o submarino de propulsão nuclear.
Somos a única empresa brasileira com capacidade técnica para atuar no segmento nuclear. Não existe hoje, no Brasil, nenhuma empresa de caldeiraria pesada com a capacidade que a Nuclep possui, tanto em termos de pessoal quanto de material. Somente a Nuclep tem as qualificações necessárias para atuar nesse segmento tão importante.
Agora, gostaria de falar de outras áreas de atuação da empresa. É possível falar um pouco sobre como estão as prospecções no segmento de construção de torres de linhas de transmissão?
Estamos muito empolgados com esse setor, que irá ampliar o nosso faturamento. Hoje, estamos terminando um contrato com a Neoenergia, entregando as últimas peças. Além disso, estamos competindo no mercado, em busca de novos negócios. Em dezembro foram realizados os leilões de linhas de transmissão. Isso, consequentemente, vai estimular a construção de torres. Estamos com muita coisa em aberto, com reuniões quase que semanais para buscar novos contratos. Temos a expectativa de, nos próximos dois ou três meses, assinar novos contratos para a construção de torres de transmissão.
E quanto aos novos negócios dentro do segmento nuclear?
Recentemente, assinamos com a Eletronuclear a fabricação do pacote de trocadores de calor de Angra 3, equipamentos fundamentais na troca térmica dos diversos sistemas da usina e que estão diretamente ligados à energia obtida pela planta e a geração de energia elétrica. A perspectiva é que a construção desses equipamentos seja iniciada até o final do primeiro semestre. Nesse primeiro pacote, serão nove trocadores e teremos um prazo de 26 meses para a entrega desses equipamentos.
Estamos também discutindo sobre uma série de outros contratos com a Eletronuclear. Além desse primeiro pacote de trocadores de calor, existem outros dois pacotes – o segundo com 15 trocadores e o terceiro com mais 23. Estamos na disputa para trazer o contrato desses trocadores para a Nuclep.
Quanto mais obras tivermos na Nuclep, teremos mais geração de empregos para a região de Itaguaí e seu entorno. Itaguaí melhora muito quando a Nuclep está cheia de empregados. Precisamos desenvolver o país e gerar empregos para que os nossos cidadãos tenham uma condição de vida mais adequada.
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- 23/01/2023 - STF invalida regras estaduais sobre atividades nuclearesFonte: ABEN
A Agência CanalEnergia noticiou que o Supremo Tribunal Federal (STF) invalidou normas de Minas Gerais, Mato Grosso, Rio Grande do Norte e Distrito Federal que tratavam do exercício de atividades nucleares. As regras dessas unidades federativas proibiam ou restringiam a instalação de depósitos de rejeitos nucleares e radioativos em seus territórios. A decisão, unânime, foi tomada no julgamento de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental e de três Ações Diretas de Inconstitucionalidade ajuizadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), ocorrido em 16 de dezembro do ano passado.
No entendimento do relator, ministro Dias Toffoli, foi aplicada a jurisprudência da Corte que a matéria está inserida na competência privativa da União para legislar sobre atividades nucleares de qualquer natureza. Cabe à União a função de explorar os serviços e as instalações nucleares de qualquer natureza e exercer o monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados.
Outros casos
Em agosto de 2022, o Plenário do STF decidiu, por unanimidade, a inconstitucionalidade de normas dos Estados do Maranhão, Bahia e Alagoas que impunham restrições e disciplinavam o exercício de atividades nucleares em seus territórios. A decisão se deu no julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 6899, 6901 e 6903 (saiba mais aqui).