Ipen na Mídia
-
- 27/02/2022 - Presença militar na usina de Chernobyl é preocupante, diz especialistaEm entrevista à CNN, pesquisador em ciência e tecnologia do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN-SP), Luís Antônio Albiac Terremoto, falou sobre riscos de ação militar na região da usina de Chernobyl, palco do maior acidente nuclear da história.
Para assistir à matéria, acesse o link: CNN Brasil
-
- 11/02/2022 - Alzheimer: PL defendido pelo CNS visa criar política de enfrentamento à doençaUma proposta para a criação de política para enfrentamento ao Alzheimer foi colocada em análise pela Câmara dos Deputados.
Uma proposta para a criação de política para enfrentamento ao Alzheimer foi colocada em análise pela Câmara dos Deputados.
Fonte: Conselho Nacional de Saúde
A Câmara dos Deputados colocou em análise uma proposta que determina a criação da política de enfrentamento ao Alzheimer. O projeto, de origem do Senado, prevê que os órgãos gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) deverão incluir, em um banco de dados, as notificações sobre ocorrências da doença.
O objetivo da proposta é facilitar a disseminação de informação clínica e apoiar a pesquisa médica. O SUS também deverá apoiar o desenvolvimento de tratamentos e medicamentos. A defesa de políticas públicas que atendam as demandas da doença é uma das bandeiras do Conselho Nacional de Saúde (CNS).
No ano passado, por meio da recomendação de nº 36, o CNS solicitou, ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que fosse efetuada a regularização da produção e fornecimento de radiofármacos e a retomada do Complexo Econômico e Industrial da Saúde para a produção de medicamento. Em razão de cortes no orçamento, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) teve que suspender a compra dos insumos, o que prejudicou toda a cadeia de produção e distribuição de radiofármacos e radioisótopos usados para o tratamento de câncer no Brasil. Os radiofármacos produzidos pelo Ipen são usados também em exames para a detecção do Alzheimer.
De acordo com a proposta, a política nacional deverá seguir o Plano de Ação Global de Saúde Pública da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Resposta à Demência e estimular hábitos de vida visando a promoção da saúde e a prevenção de comorbidades. O projeto também altera a Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), a fim de prever programas de atenção integral à saúde física, mental e emocional destinados a idosos carentes residentes em entidades de longa permanência. Essa também é uma das bandeiras do CNS.
Para a conselheira nacional de Saúde Walquiria Alves, a implementação da política prevista pelo projeto é "imprescindível”.Walquiria é também integrante da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz).
"É imprescindível que tenhamos a Política Nacional de Cuidado Integral em Doença de Alzheimer e outras demências, pois irá aperfeiçoar o tratamento nacional da demência, possibilitando que o sistema de saúde seja mais bem estruturado e busque financiamento deforma adequada para garantir atendimento de qualidade disponibilizados às pessoas que convivem com a demência”, afirmou.
Antes de ser encaminhado para votação em plenário, a proposta precisa ser aprovada pelas Comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça da Câmara. Se o texto sofrer qualquer tipo de mudança, precisa novamente ser apreciado pelo Senado. O projeto original é de autoria do senador Paulo Paim.
Ascom/CNS
-
- 08/02/2022 - Trajetória da mestranda da Pós-Graduação IPEN-USP foi tema do programa Boletim CiênciaDando início a uma série de depoimentos de jovens cientistas, o Boletim Ciência entrevistou a mestranda do Programa de Tecnologia Nuclear IPEN-USP Ana Gabryele Moreira. O programa pode ser visto no canal Saúde no YouTube
Dando início a uma série de depoimentos de jovens cientistas, o Boletim Ciência entrevistou a mestranda do Programa de Tecnologia Nuclear IPEN-USP Ana Gabryele Moreira. O programa pode ser visto no canal Saúde no YouTube
O programa Boletim Ciência, produzido pelo Canal Saúde, divulgará durante o mês de fevereiro uma série de entrevistas relacionadas à trajetória de jovens pesquisadoras por conta da celebração, no dia 11 de fevereiro, do Dia Internacional das Mulheres e Meninas nas Ciências.
Abrindo a série, a física médica e mestranda do Programa de Tecnologia Nuclear do IPEN-USP, Ana Gabryele Moreira, foi entrevistada por Neide Diniz. No programa, Moreira comenta sobre sua trajetória desde Salvador, BA, onde nasceu, suas perspectivas na carreira e sobre a necessidade de políticas públicas e representatividade de mulheres pretas na ciência.
Moreira está na fase final de seu mestrado no Centro do Reator de Pesquisa (CERPQ) do IPEN, com orientação do físico Frederico Antonio Genezini. Ela é coautora, junto Priscila Rodrigues, Karoline Suzart e Nelida Lúcia Del Mastro, de uma pesquisa sobre o perfil sociocultural das mulheres que atuam no IPEN-CNEN. É também membro da Women in Nuclear Brasil (WiN), capítulo nacional da Women in Nuclear Global, entidade que estimula a participação feminina nas atividades da área nuclear. Moreira foi uma das 100 alunas de mestrado, representantes dos cinco continentes, a receber bolsa de estudo pelo Programa Marie Sklodowska-Curie, patrocinado pela Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA).
O Canal Saúde é um veículo de comunicação do Sistema Único de Saúde (SUS), criado e gerido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O programa foi ao ar, ao vivo, em 7 de fevereiro de 2022 mas pode ser assistido no link:
-
- 01/02/2022 - Centro de Inovação em Novas Energias oferece quatro vagas de pós-doutoradoFonte: Agência FapespAgência FAPESP– Quatro oportunidades de pós-doutorado com bolsa da FAPESP estão disponíveis pelo projeto "Rota sustentável para a conversão de metano com tecnologias eletroquímicas avançadas”. As inscrições devem ser feitas até 10 de fevereiro. As atividades dos bolsistas serão desenvolvidas no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).
O projeto é vinculado ao Centro de Inovação em Novas Energias(CINE), um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) financiado por FAPESP e Shell.
Os bolsistas participarão de pesquisas relacionadas à eletroquímica, dispositivos de óxido sólido (materiais e processamento), catálise heterogênea e caracterização avançada de materiais. Os candidatos devem ter formação em física, química, ciência dos materiais e engenharia e áreas relacionadas.
As vagas exigem conhecimentos em uma das três áreas: caracterização síncrotron avançada de materiais inorgânicos, que requer experiência anterior com Synchrotron e técnicas como absorção de raios Xe difração de raios X; dispositivos de óxido sólido de alta temperatura, células a combustível e reatores, com experiência anterior em materiais e processamento de dispositivos em alta temperatura, testes eletroquímicos; e uso de espectroscopia óptica Raman para reação de catálise e monitoramento de dispositivos, em que o candidato deve ter experiência anterior com óxidos e catálise.
As inscrições podem ser feitas pelo e-mail cine.m2p@gmail.com.
Mais informações sobre as vagas em: www.fapesp.br/oportunidades/4708.
As oportunidades de pós-doutorado estão abertas a brasileiros e estrangeiros. Os selecionados receberão Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP no valor de R$ 7.373,10 mensais e Reserva Técnica equivalente a 10% do valor anual da bolsa para atender a despesas imprevistas e diretamente relacionadas à atividade de pesquisa.
Caso os bolsistas de PD residam em domicílio fora da cidade na qual se localiza a instituição-sede da pesquisa e precisem se mudar, poderão ter direito a um auxílio-instalação. Mais informações sobre a Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP estão disponíveis em www.fapesp.br/bolsas/pd.
Outras vagas de bolsas, em diversas áreas do conhecimento, estão no site FAPESP-Oportunidades, em www.fapesp.br/oportunidades.
-
- 30/01/2022 - Aplicações da energia nuclear é tema do programa 'Caminhos da Reportagem' com participação de pesquisadores do IPENO programa comenta sobre aplicações da energia nuclear na agricultura, indústria, saúde e propulsão do projeto de submarino nuclear da Marinha
O programa comenta sobre aplicações da energia nuclear na agricultura, indústria, saúde e propulsão do projeto de submarino nuclear da Marinha
O programa "Caminhos da Reportagem", da TV Brasil, divulgou em sua edição de 30 de janeiro, as aplicações da energia nuclear no cotidiano da vida dos brasileiros. O programa destacou o uso da radiação ionizante na agricultura, indústria, saúde e no projeto da Marinha Brasileira para a construção de um submarino nuclear.
Pesquisadores do IPEN participaram da edição comentando sobre pesquisas e serviços realizados nos Centros de Pesquisa do Instituto. As pesquisadoras Anna Lucia Villavicêncio e Mônica Mathor, do Centro de Tecnologia das Radiações (CETER) comentaram sobre irradiação de alimentos e inativação de vírus, respectivamente. O pesquisador Samir Somessari, do CETER, demonstrou algumas aplicações da radiação ionizante utilizadas na indústria. As atividades de produção de radiofármacos para medicina nuclear foram abordadas por Luis Alberto Pereira Dias, do Centro de Radiofarmácia (CECRF).
O diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear da CNEN, Ricardo Fraga Gutterres, entre outros representantes de instituições e empresas contribuem com a pauta em depoimentos.
-
- 28/01/2022 - Energia Nuclear: para que serve?Ainda incipiente no Brasil, a irradiação de alimentos é um tipo de uso da energia nuclear para prolongar a vida útil de produtos. As indústrias que a utilizam são discretas quanto à divulgação por receio de polêmicas contra a tecnologia - mesmo que a informação de "alimento irradiado" já apareça nas embalagens de produtos industrializados.
Ainda incipiente no Brasil, a irradiação de alimentos é um tipo de uso da energia nuclear para prolongar a vida útil de produtos. As indústrias que a utilizam são discretas quanto à divulgação por receio de polêmicas contra a tecnologia - mesmo que a informação de "alimento irradiado" já apareça nas embalagens de produtos industrializados.
Site: TV Brasil
A irradiação consiste em expor um produto a uma dose controlada de radiação ionizante. A técnica elimina, nos alimentos, microrganismos e retarda o amadurecimento, prolongando o prazo de validade. Em alguns casos, substitui até o uso de agrotóxicos. "Para inibir o aparecimento de caruncho no feijão, os lepidópteros, que são aquelas borboletinhas que dão no chá, você irradia, porque antes o pessoal utilizava agrotóxico e é uma carga mutagênica e cancerígena alta”, explica a pesquisadora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) Anna Lucia Villavicencio.
No Brasil, esse tipo de técnica já é utilizada em algumas indústrias, como a de equipamentos médicos e de cabos de motores de veículos. "Existe um leque de aplicações da tecnologia nuclear, mas não há uma planta industrial dedicada à irradiação de alimentos no país”, avalia o diretor de Radioproteção e Segurança, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
O uso ainda causa dúvidas nos produtores e consumidores. O presidente da Associação Rural e Cultural Alexandre de Gusmão (ARCAG), Shoji Saiki, diz que já ouviu falar, mas ainda tem receio da técnica. "Eu acho que a maior dúvida nossa é sobre a parte de segurança alimentar, a gente ainda não tem uma ideia de como poderia ser, se são seguros estes alimentos.” Tiago Rusin, que é pesquisador do assunto e assessor do Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro, afirma que a técnica não torna o produto radioativo ou contaminado, é um processo físico da radiação ionizante.
Irradiação e Covid-19
Se no campo alimentício a irradiação ainda gera dúvidas, na área da saúde ela já é muito conhecida. Um dos casos mais recentes de sucesso de pesquisas foi com o coronavírus. O IPEN, que já havia usado a irradiação para inativar o vírus da dengue, conseguiu, junto com o Instituto Butantan, usar a técnica contra o vírus da Covid-19. "A irradiação conseguiu inativar o vírus, que ficou morto, porém toda estrutura terciária dele foi mantida”, explica a pesquisadora do IPEN, Mônica Mathor. Segundo a cientista, o organismo reconhece o vírus morto como estranho, mas produz anticorpos eficazes contra ele.
Com isso, o IPEN e o Butantan desenvolveram o soro a partir do plasma do sangue de cavalos onde o vírus inativado foi injetado, que pode ser usado no tratamento de pacientes diagnosticados. O soro ainda está em fase de testes, mas apresenta boas perspectivas. "Ele pode ser utilizado principalmente em pacientes imunodeprimidos ou que têm problema em produzir anticorpos, já que o soro contém anticorpos funcionando, sem precisar do tempo de desenvolvimento do sistema imune do paciente”, explica Mônica Mathor.
Submarino nuclear
Em Iperó, interior de São Paulo, está sendo desenvolvido o reator para o primeiro submarino nacional com propulsão nuclear. A tecnologia vai possibilitar que a embarcação fique submersa por meses, só vindo à superfície devido a tripulação ou abastecimento de alimentos. No caso dos submarinos brasileiros hoje em atividade, há que se realizar entre três e quatro operações de esnorquel por dia. Nesse tipo de operação, o submarino permanece mergulhado, na profundidade de periscópio, admitindo o ar atmosférico para poder partir os conjuntos motor diesel-geradores, que carregam a bateria.
O reator possibilitará uma maior mobilidade, com velocidade média de até 35 nós (quase 65 km/h), ao contrário dos submarinos convencionais tem deslocamento de 6 nós (mais ou menos 11 km/h). Hoje, há 230 portos na costa brasileira e 95% do comércio internacional é por via marítima.
O episódio do programa Caminhos da Reportagem desta semana fala desses usos de tecnologia nuclear nestas e outras áreas, e ainda discute porque ela gera tanto debate.
Ficha técnica
Reportagem - Tiago Bittencourt
Produção -Aline Bastos,Cintia Vargas, Claiton Freitas e Tiago Bittencourt
Apoio produção - Natalia Neves (RJ)
Reportagem cinematográfica - João Marcos Barbosa (SP) e Sigmar Alves (DF)
Apoio reportagem cinematográfica - André Pacheco (DF), Eduardo Guimarães (RJ), Manoel Lenaldo (DF) e Rogério Verçosa (DF)
Auxílio técnico - Caio Manlio (SP), Dailton Matos (DF)
Apoio auxílio técnico - Adaroan Barros (RJ), Alexandre Sousa (DF), Jairom Ferreira (DF),José Carlos (DF), Thyago Pignata (DF)
Edição de imagens e finalização - André Eustáquio e Jerson Portela
Edição de texto - Carina Dourado
Arte - Eudes LinsClique aqui para saber como sintonizar a programação da TV Brasil.
-
- 27/01/2022 - FAPESP e Braskem criam centro de pesquisa em plasticultura para o agronegócioProjeto será conduzido por cientistas ligados ao Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da Unicamp, em parceria com diversas universidades e instituições de pesquisa no Estado de São Paulo
Projeto será conduzido por cientistas ligados ao Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da Unicamp, em parceria com diversas universidades e instituições de pesquisa no Estado de São Paulo
Fonte: Agência FAPESP
Elton Alisson
A FAPESP e a Braskem, uma das maiores produtoras de resinas termoplásticas das Américas, selecionaram um projeto para a constituição de um Centro de Pesquisa de Plasticultura – termo que se refere ao cultivo agrícola auxiliado por plásticos, por exemplo, em telas de sombreamento ou anti-insetos, estufas e filmes para cobertura do solo, entre outros.O projeto será conduzido por pesquisadores ligados ao Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da Universidade Estadual de Campinas (Nipe-Unicamp), em parceria com diversas universidades e instituições de pesquisa situadas no Estado de São Paulo.O novo centro integrará o programa Centros de Pesquisa em Engenharia (CPEs), que viabiliza sinergias entre a iniciativa privada e o setor acadêmico visando produzir e disseminar pesquisa de nível mundial, com a geração de alto impacto econômico e social por meio da inovação."Recursos cada vez mais escassos, como água, fertilizantes e solos férteis, podem ter seu uso potencializado com soluções a partir da plasticultura. O novo CPE terá como missão ampliar aprendizados complexos, apontando caminhos sustentáveis para uma plasticultura contemporânea e gerando soluções práticas nessa área”, conta Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP.A expectativa é impulsionar avanços científicos que revelem o potencial da plasticultura – o uso do plástico na produção rural – para aumentar a disponibilidade de alimentos que chegam ao mercado, tornando-os acessíveis a um maior número de pessoas."Um dos objetivos dos estudos que serão realizados no novo centro será otimizar os insumos e os recursos naturais que são empregados para a produção de alimentos, como a água, além de reduzir os impactos ambientais e aumentar a produtividade para atender à demanda de consumo”, diz à Agência FAPESP, Telma Teixeira Franco, professora da Faculdade de Engenharia Química da Unicamp e pesquisadora do Nipe, que coordena o projeto.Os focos de pesquisa do CPE serão em segmentos estratégicos do agronegócio brasileiro, como os de silvicultura, cana-de-açúcar, grãos (soja e milho), citros, banana, aquicultura, café, cultivo protegido (hortaliças e frutas) e alimentos orgânicos.As pesquisas serão realizadas em colaboração estreita com os produtores agrícolas e associações do setor."Fizemos um levantamento inicial das principais necessidades dos agricultores. A ideia é ouvirmos constantemente os problemas apresentados por eles para buscarmos as soluções”, afirma Franco.Três temas transversais permearão as pesquisas: economia circular e logística reversa, análise técnico-econômica e de impactos e modificações disruptivas no setor de plásticos para agricultura.Os projetos terão a participação de pesquisadores da Unicamp, das universidades de São Paulo (USP), Estadual Paulista (Unesp) e Federal de São Carlos (UFSCar), dos institutos Agronômico (IAC), de Pesca, Florestal, de Citros, de Pesquisa Energéticas e Nucleares (Ipen), da Faculdade de Agronegócios de Holambra (Faagroh), do Instituto Eldorado, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Centro de Tecnologia e Treinamento (EACEA) de Cunha.Exemplos de estudosAs pesquisas no CPE de Plasticultura irão reunir as necessidades dos produtores agrícolas e direcionar as escolhas entre privilegiar tecnologias já dominadas, de fronteira ou disruptivas, ou uma combinação delas, para criar um mercado de cultura plástica sustentável no Brasil.Parte dos estudos será voltada a adaptar soluções plásticas em polietileno, polipropileno e PVC para cobertura de lavouras, preparo protegido de mudas e armazenamento de sementes em silos plásticos e embalagens para proteger os alimentos no transporte para a cidade."Há muitas soluções que já foram desenvolvidas para alguns setores, como a construção civil, que poderiam ser adaptadas para uso em tanques para criação de peixes e crustáceos”, exemplifica Franco."Faremos muitos experimentos em campo para adaptar esses materiais já existentes para novas culturas”, afirma.Outra vertente de estudo será o desenvolvimento de novos materiais para o armazenamento e transporte de grãos, como a soja.Principal produto agrícola exportado pelo Brasil, a oleaginosa é armazenada e transportada a granel, em contêineres, o que acarreta perdas de grandes quantidades do grão. A fim de encontrar uma solução para esse problema, os pesquisadores do novo centro pretendem desenvolver um silo bag – compartimento de armazenamento em formato de bolsa flexível – com propriedades especiais para o armazenamento do grão."Hoje praticamente não se usa silo bag para armazenamento de transporte de soja porque apresenta problemas, como retenção de umidade. Um dos nossos objetivos é desenvolver um silo bag mais apropriado para a soja”, diz Franco. -
- 24/01/2022 - Tecnologia brasileira quer transformar resíduo da produção de etanol em hidrogênio verdeA pesquisa de reaproveitamento da vinhaça é uma das iniciativas do novo laboratório que vai desenvolver reatores eletroquímicos voltados à realidade nacional
A pesquisa de reaproveitamento da vinhaça é uma das iniciativas do novo laboratório que vai desenvolver reatores eletroquímicos voltados à realidade nacional
Fonte: Jornal da USP
A vinhaça é um resíduo poluente gerado pela produção de etanol. Ao ser processada, ela costuma ser utilizada como adubo na fertirrigação de lavouras, sobretudo da cana-de-açúcar, por ser rica em potássio. "Transportar este resíduo até as plantações é um processo caro e trabalhoso para as usinas. Sem contar que, se mal aplicada, a vinhaça pode danificar a plantação e o solo, além de atingir os lençóis freáticos. É possível aprimorar esse processo”, diz Thiago Lopes, professor da Escola Politécnica (Poli) da USP.
À frente do novo Laboratório de Células a Combustível, situado na Poli e que integra o Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), financiado pela Shell do Brasil e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Lopes pretende desenvolver ali um reator eletrolítico voltado para a realidade da indústria sucroalcooleira nacional. "A vinhaça tem 95% de água em sua composição. A ideia é que por meio desse reator possamos quebrar as moléculas de água para gerar oxigênio e hidrogênio verde”, diz o pesquisador.
Com ampla aplicação, o hidrogênio verde pode ser utilizado, por exemplo, na produção da amônia que entra na composição de fertilizantes. "Hoje a amônia é sintetizada com hidrogênio proveniente de gás natural, o que gera uma pegada de CO2”, conta o pesquisador. Já o oxigênio puro pode ser utilizado para a combustão do bagaço da cana-de-açúcar. "Ao condensar a água, pode-se obter de forma fácil e econômica um CO2 puro para estocagem ou então para ser convertido em produtos.”
Um deles é o ácido oxálico, elemento que, junto a um biomonômero (molécula produzida a partir de fontes naturais), vai entrar na composição do hidrogel que está sendo desenvolvido no âmbito do Programa de Hidrogel, financiado pela Shell Brasil, com recursos da Cláusula de Investimento em P&D dos Contratos de Concessão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), e que envolve várias instituições de pesquisa da USP sob a liderança do RCGI, bem como da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
No caso, o ácido oxálico será produzido pelo Laboratório de Células a Combustível, em colaboração com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O hidrogel gerado ao final de todo o processo de pesquisa será aplicado no processo de plantio em formato de grânulos, que vão se degradar e liberar o carbono para ser armazenado no solo. "A ideia é criar um ciclo virtuoso e habilitar novos mercados no setor sucroalcooleiro nacional.”
Outra vantagem do reator é fazer com que a vinhaça fique mais concentrada – a cada um litro de etanol são produzidos cerca de 10 litros de vinhaça. "É um volume gigantesco para armazenar e transportar. Se estiver mais concentrada, livre de uma fração de água, a vinhaça vai ocupar menos espaço e demandar menos transporte. Vale dizer que esse transporte, em geral, é feito por caminhões movidos a óleo diesel, e isso adiciona pegadas de CO2 ao etanol brasileiro”, aponta Lopes.
Segundo Lopes, a vinhaça concentrada também minimizaria a adição de adubo sintético à lavoura. "A mistura de vinhaça e adubo sintético provoca maior emissão de CO2. Sem contar que, ao reduzir o volume de água, evitamos que o excesso de líquido chegue ao lençol freático e polua os rios.”
O hidrogênio verde também pode alimentar veículos com motor de célula a combustível, uma das modalidades de veículos totalmente elétricos que hoje circulam pelo mundo, sobretudo no Japão. A outra modalidade são os veículos elétricos movidos a bateria recarregável em tomadas especiais. "No motor de um veículo com célula a combustível o hidrogênio reage com o oxigênio que vem do ambiente. A energia elétrica liberada alimenta o veículo e o processo gera como resíduos apenas calor e água pura. Atualmente, esse hidrogênio é obtido em nível mundial por meio de gás natural, o que gera pegadas de CO2. Daí a importância de se descobrir formas de produzir hidrogênio verde. É o que pretendemos fazer no laboratório por meio do concentrador eletrolítico de vinhaça. Tudo está interligado”, aponta Lopes.
De acordo com o pesquisador, estima-se que por volta de 2040 a produção desse tipo de veículo deslanche no Brasil. "Isso deve acontecer, sobretudo, em relação às frotas de ônibus e caminhões, porque um motor de célula a combustível é mais leve do que o motor de um veículo elétrico a bateria, em particular para veículos que rodam mais de aproximadamente 450 quilômetros diários”, informa Lopes. Entretanto, para que isso ocorra, a tecnologia precisa ser aperfeiçoada em termos de desempenho e custo. Segundo o pesquisador, outro objetivo do laboratório é justamente desenvolver peças mais eficientes e baratas para veículos com motor de célula a combustível. "As camadas da célula a combustível podem ser otimizadas através de modelos numéricos avançados e otimização topológica, por exemplo. Somado, o catalisador, da camada catalítica, é feito de platina, metal raro, que vale mais do que o ouro e não existe no Brasil, e o desafio é encontrar opções mais acessíveis”, explica Lopes.
Para buscar essas soluções, o laboratório vai utilizar uma técnica desenvolvida por Lopes durante temporada como pesquisador associado do Imperial College London, no Reino Unido, entre 2012 e 2014. "O motor de um veículo de célula a combustível é alimentado de um lado por oxigênio e de outro, por hidrogênio. No lado que passa o ar colocamos uma mistura com cerca de 1000 (partes por milhão – ppm) de ozônio. Já na camada catalítica, onde acontece a reação da célula a combustível, colocamos um pigmento que, ao interagir com o ozônio, emite luz. Isso nos ajuda a visualizar, por meio de uma câmera, e comparar como o comburente é distribuído em motores de célula a combustível feitos com vários tipos de materiais, com diferentes propriedades, e sob diferentes condições, promovendo assim o desenvolvimento de modelos numéricos avançados de célula a combustível e otimização topológica das mesmas”, prossegue Lopes.
A equipe transdisciplinar do laboratório, que conta com pesquisadores da Poli, do Instituto de Física (IF), do Instituto de Química (IQ) e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, vai trabalhar em conjunto com o Imperial College London no desenvolvimento das diversas camadas que compõem as células a combustível como descrito acima e pretende avançar. Por exemplo, "na camada catalítica a ideia é descobrir se materiais mais acessíveis, como uma mistura a base de ferro, carbono e nitrogênio, podem substituir a platina e serem utilizados pela indústria automotiva”, diz Lopes. "Trata-se de uma demanda mundial. Hoje há, nos Estados Unidos, um consórcio de pesquisa, nos moldes do RCGI, voltado ao desenvolvimento desses materiais. Mesmo porque não existe platina suficiente para trocarmos toda a frota mundial de veículos para célula a combustível. Nós, cientistas, temos muito trabalho pela frente”, conclui Lopes.
Da Assessoria de Comunicação do RCGI
Sobre o RCGI –O Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) é um Centro de Pesquisa em Engenharia, criado em 2015, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Shell. As pesquisas do RCGI são focadas em inovações que possibilitem ao Brasil atingir os compromissos assumidos no Acordo de Paris, no âmbito das NDCs – Nationally Determined Contributions. Os projetos de pesquisa – 19, no total – estão ancorados em cinco programas: NBS (Nature Based Solutions); CCU (Carbon Capture and Utilization); BECCS (Bioenergy with Carbon Capture and Storage); GHG (Greenhouse Gases) e Advocacy. Atualmente, o centro conta com cerca de 400 pesquisadores. Saiba maisaqui.
Texto atualizado em 26/01/2022
-
- 22/01/2022 - Explosão de casos de Covid reforça importância do uso correto de máscaras; veja as mais eficientesO avanço da variante Ômicron do coronavírus causa explosão no número de casos de Covid-19 ao redor do mundo e quebra recordes de toda a pandemia. Neste cenário, as medidas de proteção contra o contágio ganham força e, entre elas, o uso das máscaras tem importância destacada, como afirma o infectologista e diretor médico da Target Medicina de Precisão, Adelino Melo Freire.
O avanço da variante Ômicron do coronavírus causa explosão no número de casos de Covid-19 ao redor do mundo e quebra recordes de toda a pandemia. Neste cenário, as medidas de proteção contra o contágio ganham força e, entre elas, o uso das máscaras tem importância destacada, como afirma o infectologista e diretor médico da Target Medicina de Precisão, Adelino Melo Freire.
Fonte: Hoje em Dia
Bernardo Estillac
"A máscara continua sendo a ferramenta essencial contra doenças respiratórias. Ela serve como barreira tanto para quem está usando como para o ambiente, porque evita que uma pessoa infectada espalhe o vírus pela respiração”, diz o infectologista.
Freire explica que, embora seja importante usar máscaras de qualquer natureza, existem modelos mais eficientes para se proteger do coronavírus, em especial da variante Ômicron.
"Com uma variante tão transmissível assim, se faz necessário que a gente tente utilizar das ferramentas que a gente dispõe, a gente já sabe que as máscaras de maior capacidade de filtrar são a N95 e a PFF2 se destacam nesse processo”, comenta.
De acordo com um estudo realizado pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP) e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), os tipos de máscara citados por Freire retém 95% das partículas, o melhor percentual dentre os equipamentos avaliados.
O estudo, publicado na revista Aerosol Science and Technology em abril de 2021, também avalia a respirabilidade em uma escala que vai de 0 a 10 e um fator de qualidade, calculado através da relação entre a filtragem (capacidade de retenção de partículas) e a respirabilidade, em uma escala que vai de 0 a 25.
-
- 20/01/2022 - Startups da Incubadora USP/IPEN-Cietec recebem fomento para desenvolvimento de projetosAo longo de 2021, mesmo com todas as restrições impostas pela pandemia, 16 empresas da Incubadora USP/IPEN-Cietec receberam recursos de fomento para desenvolvimento de pesquisa inovativa para o mercado. Parte fundamental no processo de incubação oferecido pelo Cietec, o suporte dado à formatação dos projetos de fomento tecnológico é complementar aos serviços de apoio empresarial e mercadológico, no fortalecimento dos negócios incubados.
Ao longo de 2021, mesmo com todas as restrições impostas pela pandemia, 16 empresas da Incubadora USP/IPEN-Cietec receberam recursos de fomento para desenvolvimento de pesquisa inovativa para o mercado. Parte fundamental no processo de incubação oferecido pelo Cietec, o suporte dado à formatação dos projetos de fomento tecnológico é complementar aos serviços de apoio empresarial e mercadológico, no fortalecimento dos negócios incubados.
Fonte: Cietec
Uma das empresárias aprovadas no ano de 2021 foi Erika Molina, CEO da startup Bioptamers – que busca o desenvolvimento de terapias de precisão personalizadas e acessíveis para o tratamento de pacientes acometidos com tipos mais agressivos de câncer, ressalta a importância do fomento recebido para a execução de pesquisa científica direcionada à inovação tecnológica. "Todo o valor recebido através do fomento para Projetos de Inovação em Pequenas Empresas da Fundação de Apoio à Pesquisa no Estado de São Paulo impacta diretamente na validação das provas de conceito essenciais para o desenvolvimento empresarial. Além disso, recebemos também um treinamento voltado exclusivamente para o empreendedorismo, buscando ratificar os pressupostos comerciais do dia a dia”, conta.
A CEO também destaca a importância do Cietec nessa trajetória, desde a triagem até a divulgação da abertura de ciclos e editais de fomentos, disponibilizando plantão de dúvidas e suporte na inscrição do projeto, colaborações que aumentam as chances de sucesso. "O Cietec nos orientou também na execução do planejamento e monitoramento dos eixos importantes para a seleção para um melhor aproveitamento do fomento visando a tecnologia, capital, gestão, mercado e empreendedorismo”, comemora.
Já a Cor.Sync, startup que oferece uma solução rápida e precisa para o diagnóstico de infarto na emergência hospitalar, recebeu três fomentos para o desenvolvimento da empresa. A HealthTech conta com uma base científica oriunda da academia, fato que normalmente aumenta o tempo para o lançamento de seus produtos. Por essa razão, o processo de investimento pode demorar cerca de dois anos. "Sem a ajuda do Estado não é possível fazer o incremento de um produto de tecnologia no Brasil, assim como ocorre nos países desenvolvidos. Esses testes não seriam possíveis sem recursos de fomento, pois, o tempo e o custo são elevados demais”, ressalta Raul de Macedo – fundador da startup.
No caso da Cor.Sync, os recursos oriundos do Programa PIPE Fapesp, na fase 1, foram aplicados na criação do protótipo, início de testes clínicos, aquisição de materiais e contratação de bolsas para pesquisadores. Já os recursos FINEP, foram orientados para levar o produtos a um próximo nível, com incorporação da IoT (internet das coisas) no dispositivo. "Nós também contamos com a expertise do Cietec, que nos orientou perfeitamente para não errar hora de escrever o projeto. Existem os desafios da prestação de contas que toma bastante tempo e, muitas vezes, nós não temos esse conhecimento dos tramites. O Cietec consegue nos indicar nuances que ajudam a economizar tempo e ter uma jornada de captação mais tranquila e efetiva”, finaliza Raul.
Outra startup que também recebeu o fomento foi a Eccaplan, desenvolvedora de tecnologia e serviços voltadas para redução e compensação no impacto ambiental de empresas, pessoas e cidades. "Os recursos conquistados foram do PIPE 2 e do Senai Inovação, ambos ajudaram muito e foram essenciais no desenvolvimento e realização de ciclos e testes para validação do equipamento automatizado e do acelerador de compostagem”, conta Fernando Beltrame, fundador da startup.
-
- 14/01/2022 - Matéria-prima limpa para uma nova indústria - Podcast Novos AresSe o assunto é sustentabilidade e redução de gases do efeito estufa, é preciso ir além da substituição dos combustíveis fósseis e das fontes de energia não-renováveis. Um grupo do CINE se dedica a transformar o metano em uma matéria-prima limpa, que possa ocupar o lugar do petróleo na indústria do futuro. Saiba mais no episódio 7 do Novos Ares.
Se o assunto é sustentabilidade e redução de gases do efeito estufa, é preciso ir além da substituição dos combustíveis fósseis e das fontes de energia não-renováveis. Um grupo do CINE se dedica a transformar o metano em uma matéria-prima limpa, que possa ocupar o lugar do petróleo na indústria do futuro. Saiba mais no episódio 7 do Novos Ares.
Fonte: Novos Ares
Entrevistados: Fábio Fonseca - Pesquisador do IPEN e Coordenador-geral do Programa 3 do CINE: "De Metano a Produtos”
André Ferlauto - Professor de Engenharia de Materiais da UFABC e Coordenador-adjunto do Programa 3 do CINE: "De Metano a Produtos”
A produção do podcast é da soupods -
- 13/01/2022 - Funcionária da Amazul ganha bolsa de estudo da Agência Internacional de Energia AtômicaA funcionária Stephanie Rodrigues Pavão, que trabalha no Centro de Intendência Tecnológico da Marinha em São Paulo (CeITMSP), foi contemplada com uma bolsa do Programa de Estudo Marie Sklodowska-Curie, da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Ela foi uma das cem mulheres selecionadas pela agência em todo o mundo para participar do programa que visa a inspirar e apoiar mulheres a seguir carreira na área nuclear.
A funcionária Stephanie Rodrigues Pavão, que trabalha no Centro de Intendência Tecnológico da Marinha em São Paulo (CeITMSP), foi contemplada com uma bolsa do Programa de Estudo Marie Sklodowska-Curie, da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Ela foi uma das cem mulheres selecionadas pela agência em todo o mundo para participar do programa que visa a inspirar e apoiar mulheres a seguir carreira na área nuclear.
Fonte: Amazul
por Guilherme Wiltgen
O programa proporciona oportunidades de estágio na AIEA para inscritas em mestrados na área nuclear, como é o caso de Stephanie, que cursa mestrado em Tecnologia Nuclear no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) desde agosto de 2021.
Stephanie tem 29 anos e trabalha como assistente administrativa no CeITMSP, gerenciando contratos do Programa Nuclear da Marinha (PNM) e do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) no exterior. Psicóloga, fez um curso de gestão em projetos de energia nuclear na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo com duração de quase dois anos. A partir daí, passou a investigar a perspectiva psicológica da tripulação dos submarinos, tendo em vista o maior tempo de confinamento dos submarinistas, as normas de segurança exigidas e a complexidade dos riscos.
Stephanie agora se dedica a estudar no mestrado a performance humana nas instalações nucleares brasileiras. "É uma área pouco difundida no Brasil, mas que faz parte dos requisitos de segurança da AIEA”, afirma.
"Essa oportunidade foi um estímulo para continuar os meus estudos na área e reitera o quanto nós, mulheres, precisamos ocupar mais espaços e acreditar no nosso potencial. Ser mulher não é motivo para se sentir incapaz”, diz.
-
- 12/01/2022 - Qual máscara é melhor contra covid? Testes mostram eficácia de cada modeloFonte: UOLTiago Jokura
Da Revista Pesquisa FapespHá quase dois anos, um acessório até então restrito a alguns ambientes profissionais específicos, como o hospitalar, o da construção civil e o da mineração, tornou-se obrigatório no cotidiano das pessoas e passou a ser visto nas ruas de todas as cidades do planeta.
Em face da gravidade e da longa duração da pandemia da covid-19, as máscaras de proteção respiratória tornaram-se onipresentes e devem continuar sendo usadas por mais algum tempo. Os diferentes modelos de máscara têm sido alvo de pesquisas que buscam avaliar sua importância para conter não apenas a disseminação do Sars-CoV-2, mas também para ajudar a deter outros surtos infecciosos, como a recente onda da gripe H3N2 que se espalha por vários estados brasileiros.
Um dos estudos mais recentes foi divulgado em dezembro pelo Instituto Max Planck, na Alemanha. O trabalho confirmou o eficiente papel exercido pelas máscaras como escudos antivírus. Um artigo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) constatou que, mesmo a 3 metros (m) de distância, uma pessoa não vacinada contra a covid-19 e sem máscara leva menos de cinco minutos para se infectar com o novo coronavírus a partir da respiração de um portador do vírus que também esteja sem o acessório de proteção.
A boa notícia é que se essas mesmas duas pessoas estivessem usando máscaras de padrão PFF2 - conhecidas em outros países como N95 -, bem ajustadas ao rosto, a chance de contágio, com quatro vezes mais tempo de contato (20 minutos), seria de apenas 0,1% - ou seja, uma chance a cada mil. (Veja modelos de máscara PFF2 para comprar ao final deste texto)
Outra conclusão do estudo, liderado pelo pesquisador Eberhard Bodenschatz, é de que os modelos PFF2 (de peça facial filtrante) conferem proteção 75 vezes superior às máscaras cirúrgicas - estas, por sua vez, reduzem o risco de contágio para, no máximo, 10%, caso sejam usadas de forma adequada, coladas ao rosto.
Pesquisadores brasileiros são os autores de uma das investigações mais abrangentes sobre a eficiência das máscaras faciais. Realizado por um grupo do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP) e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), o trabalho avaliou 227 diferentes máscaras - desde as feitas com tecnologia de ponta, como as de padrão PFF2/N95, até as costuradas em casa, passando por máscaras cirúrgicas e por aquelas vendidas no comércio popular, com tecidos sintéticos ou de algodão. Os resultados foram publicados na revista Aerosol Science and Technology em abril de 2021.
"No começo da pandemia, a Faculdade de Medicina [FM] da USP entrou em contato com o professor Vanderley John, do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica [Poli-USP], dizendo que só tinha máscaras para mais três semanas, tanto no Hospital das Clínicas como no Hospital Universitário. Como o mercado não estava dando conta de atender a alta demanda, a FM-USP sugeriu a testagem de tecidos alternativos para confecção de máscaras", lembra o estudante de doutorado do IF-USP Fernando Morais, principal autor do estudo.
A iniciativa se transformou no projeto respire!, liderado por John, que procurou colegas do IF-USP para testar a filtração dos artefatos. Para isso, o grupo adaptou um equipamento que costuma ser utilizado para verificar a qualidade do ar na região amazônica e em São Paulo, medindo a quantidade de partículas na atmosfera.
"Nosso grupo estuda aerossóis atmosféricos e seus impactos no ambiente e no clima. Nós já tínhamos a instrumentação, inclusive financiada pela FAPESP, para medir nanopartículas da ordem de 10 nanômetros [nm], que são 100 vezes menores do que a espessura de um fio de cabelo. Também tínhamos geradores de aerossóis capazes de fornecer partículas do tamanho que precisávamos, entre 60 e 300 nm", descreve o físico Paulo Artaxo, do IF-USP, um dos coautores da pesquisa e coorientador de Morais no doutorado.
Ao verificar a capacidade de filtração de partículas (que impede o vírus de ser expelido ou respirado) e a respirabilidade das máscaras (que mede quanto elas facilitam ou dificultam a passagem do ar) foi possível combinar os dois valores e calcular um fator de qualidade (FQ) para cada modelo avaliado (ver infográfico). "Nosso estudo foi pioneiro no mundo ao combinar medidas de filtragem com respirabilidade, o que é relevante, pois muita gente não gosta de usar máscara quando ela dificulta a respiração", diz Artaxo.
Os resultados da investigação comprovaram o que já se sabia - a importância do uso das máscaras no controle epidemiológico de doenças transmitidas pelo ar - e trouxeram detalhes sobre a eficiência dos diferentes tipos de cobertura facial. Considerando somente a filtração, as máscaras que mais se destacaram foram, como esperado, as PFF2/N95, barrando a passagem de 98% das partículas nos tamanhos testados (de 60 a 300 nm).
As máscaras cirúrgicas apresentaram 89% de capacidade de filtragem e as de TNT (tecido não tecido, material obtido por meio de uma liga de fibras e um polímero) formado por três camadas (conhecido como SMS) filtraram 78% das partículas. Máscaras de algodão apresentaram menor retenção de partículas (entre 20% e 60%) porque a trama do tecido deixa mais espaço entre os fios. Se houver costura nessas máscaras, aumenta ainda mais o risco de passagem de partículas que carregam o vírus.
Em termos de respirabilidade, o destaque ficou com as máscaras de TNT, seguidas de perto pelas cirúrgicas. As PFF2/N95 e as de algodão tiveram um índice de respirabilidade menor, mas que não dificulta seu uso, mesmo por longos períodos. "Quando a respirabilidade é extremamente baixa, o ar tem dificuldade para atravessar a máscara. Isso é ruim porque a pessoa tira a máscara na primeira oportunidade", alerta Artaxo.
Correlacionando os dados de filtração com os de respirabilidade, o fator de qualidade de cada máscara foi comparado ao padrão recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). "Esse índice precisa ser superior a 3 para que a máscara atenda aos requisitos mínimos de filtragem e respirabilidade propostos pela OMS", explica Morais.
No estudo da USP/Ipen, as PFF2/N95, as cirúrgicas e as de TNT passaram pelo crivo da OMS, com altos FQ de 13,2, 15,9 e 24,9, respectivamente. Já as máscaras caseiras de algodão, considerando uma média de respirabilidade de 40%, não atingiram o patamar de recomendação, pontuando somente 1,4. "Mesmo que alguns modelos tenham um fator de qualidade muito baixo, é importante lembrar que qualquer máscara é melhor do que não usá-la. Embora dentro do espectro das máscaras haja modelos melhores e piores, eles continuam sendo todos eficientes", diz o engenheiro biomédico Vitor Mori, membro do Observatório Covid-19 BR.
Um aspecto relevante não abordado pelo trabalho de Artaxo, Morais e John foi a vedação. Ajustar a máscara ao rosto, evitando brechas no contato do acessório com nariz, queixo e bochechas, é essencial para que a filtração na vida real seja a mesma observada em laboratório. Mori explica que há dois elementos que contribuem para uma melhor vedação. "Se a máscara tem clipe nasal e elásticos para prendê-la na nuca, ela tem mais condição de ficar bem ajustada ao rosto. Com uma melhor vedação, o ar que sai e o que entra passa somente pelo filtro, maximizando a retenção de partículas", afirma. Segundo Artaxo, um bom ajuste da máscara ao rosto é essencial para que ela proporcione a retenção adequada. Recomendação nesse sentido consta do artigo de seu grupo.
Vírus retidos
Outra pesquisa sobre o uso de máscaras feita no país, que utilizou como amostra um grupo de pessoas infectadas pelo novo coronavírus, revelou um aspecto interessante relacionado ao uso desses itens de proteção: o patógeno foi encontrado apenas na camada interna das máscaras, sugerindo um bloqueio na transmissão. Feito por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o estudo analisou 45 peças faciais utilizadas em situações cotidianas por 28 pacientes, sendo 30 delas de tecido de algodão, com duas ou três camadas, e 15 do modelo cirúrgico.
Os resultados, publicados como preprint (artigos ainda não submetidos ao processo formal de revisão por pares) no repositório medRxiv, sugerem que máscaras variadas dificultam ou impedem que os vírus sejam expelidos com alto grau de eficiência - reforçando a ideia de que proteções respiratórias evitam, antes de tudo, que infectados espalhem doenças.
"Diversos dados indicam que a presença de múltiplas camadas da máscara é um fator importante para a proteção, assim como a porosidade do tecido, que não pode ser excessiva", destacou Andreza Salvio, doutora em biologia parasitária do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) da Fiocruz e uma das integrantes da equipe responsável pelo estudo, em material divulgado pela instituição. "Além disso, é fundamental perceber que a máscara é só uma entre diversas medidas que devem ser adotadas para conter a disseminação da Covid-19, ao lado, por exemplo, do distanciamento social e da vacinação", completou.
Sem interferência
Outro estudo, também da FM-USP, apoiado pela FAPESP e divulgado no medRxiv como preprint, indica que o uso de máscaras, ainda que possa causar algum desconforto, não interfere significativamente nos padrões de respiração e na fisiologia cardiovascular, inclusive durante a prática de exercício físico em intensidades moderadas a altas.
Os pesquisadores trabalharam com 17 homens e 18 mulheres saudáveis realizando testes ergoespirométricos em esteira - que avaliam as respostas cardiopulmonares por meio da troca de gases expirados e inspirados ao longo do exercício físico -, coleta de lactato (indicador de intensidade de esforço físico e de fadiga muscular) e monitoramento cardíaco constante, em variados graus de esforço. Os voluntários correram uma sessão com máscara de tecido de três camadas e outra sessão sem o acessório, possibilitando a comparação.
"O estudo mostra que a máscara de tecido não afetou substancialmente as variáveis fisiológicas ou metabólicas durante o exercício físico aeróbico", afirma Natália Guardieiro, médica do exercício e do esporte, doutoranda da FM-USP e primeira autora do artigo. "Mesmo nos exercícios mais intensos, os efeitos da máscara foram mínimos, pois o organismo realiza compensações fisiológicas. Portanto, a máscara não deve ser uma barreira para a prática de atividade física", conclui.
-
- 12/01/2022 - Método simples, limpo e escalável permite obter material promissor para geração de energia renovávelPesquisadores ligados ao Centro de Inovação em Novas Energias desenvolveram estratégia para produzir nitreto de boro hexagonal, também conhecido grafeno branco (processo de esfoliação do nitreto de boro hexagonal
Pesquisadores ligados ao Centro de Inovação em Novas Energias desenvolveram estratégia para produzir nitreto de boro hexagonal, também conhecido grafeno branco (processo de esfoliação do nitreto de boro hexagonal
Fonte: Agência Fapesp
Agência FAPESP* – Os materiais bidimensionais, assim chamados porque a sua espessura varia de apenas um átomo até poucos nanômetros, têm ganhado protagonismo graças às suas propriedades únicas e à miniaturização de dispositivos que ocorre em segmentos tão diversos como eletrônica, saúde ou energia. Entretanto, a preparação de alguns desses materiais em escala industrial, mantendo as suas propriedades, ainda é um desafio.Em trabalho realizado no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e recentemente publicado no periódico Materials Today Advances, pesquisadores ligados ao Centro de Inovação em Novas Energias (CINE) e ao Centro de Ciência e Tecnologia de Materiais do Ipen apresentam uma importante contribuição à busca por métodos que viabilizem a produção industrial desses materiais ultrafinos.Os autores desenvolveram um método rápido, limpo e simples para obter nanofolhas de nitreto de boro hexagonal, que são formadas por camadas planas de átomos de boro e nitrogênio dispostos em forma de hexágonos. Pelas suas propriedades eletrônicas e mecânicas e a sua alta capacidade de adsorção, o material é promissor, por exemplo, para aplicações na área de geração e armazenamento de energias renováveis – um dos focos do CINE, um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído pela FAPESP em parceria com a Shell.Para obter o nitreto de boro hexagonal na sua versão bidimensional, é necessário esfoliá-lo, ou seja, extrair folhas de poucas camadas de espessura a partir da versão macroscópica. Conhecido como grafeno branco, o nitreto de boro hexagonal é semelhante ao material de carbono em muitos aspectos, mas é muito mais difícil de se esfoliar."Neste trabalho foi apresentado um método de esfoliação de cristais de nitreto de boro em um material de poucas camadas, de dimensões nanométricas, por meio do plasma de uma bobina de Tesla modificada”, descreve Almir Oliveira Neto, pesquisador titular no Ipen e membro do CINE, que liderou o trabalho.A bobina de Tesla é um aparelho simples, que pode ser construído artesanalmente, capaz de produzir descargas de alta tensão (arcos voltaicos). Essas descargas elétricas ionizam o entorno, formando o chamado "plasma frio”, no qual os elétrons estão em um estado energético mais alto do que o resto das partículas. A esfoliação do nitreto de boro pelo novo método ocorre quando os elétrons são disparados contra uma quantidade macroscópica de nitreto de boro. Nesse momento, parte da energia dos elétrons é transferida para a estrutura do cristal, o que aumenta a distância de ligação entre as camadas atômicas até um ponto em que a ligação se rompe.De acordo com Oliveira Neto e o pós-doutorando Fernando Brambilla de Souza, autores principais do artigo, o método é promissor para a produção industrial desse material bidimensional. Além de possibilitar o aumento da escala de produção, a metodologia só utiliza nitreto de boro, energia elétrica e gás nitrogênio como insumos. Além disso, o processo pode ser realizado em apenas uma etapa em um equipamento compacto, que pode ser construído facilmente e com baixo custo.O estudo teve apoio da FAPESP por meio de três projetos (14/09087-4, 14/50279-4 e 17/11937-4). Os resultados completos podem ser conferidos no artigo Facile, clean and rapid exfoliation of boron-nitride using a non-thermal plasma process, disponível em: www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2590049821000515?via%3Dihub.* Com informações da Assessoria de Comunicação do CINE.
-
- 07/01/2022 - José Carlos, renomado pesquisador capivariano, da roça para doutorado em Stuttgart Universität, AlemanhaDr. José Carlos Bressiani, segundo filho do saudoso casal Otília Veronez Bressiani/Éttore Bressiani, o carismático Telê, trabalhou na roça, no armazem da família, na Fazenda Bressiani, onde morava, cursando até o 3º ano escolar primário, na Escola do Bairro Barnabé. Depois veio para Capivari cursar o 4º ano, morando com o avô Carlos Bressiani. Completado o primeiro ciclo escolar, parou de estudar, voltou para o trabalho no sítio por três anos.
Dr. José Carlos Bressiani, segundo filho do saudoso casal Otília Veronez Bressiani/Éttore Bressiani, o carismático Telê, trabalhou na roça, no armazem da família, na Fazenda Bressiani, onde morava, cursando até o 3º ano escolar primário, na Escola do Bairro Barnabé. Depois veio para Capivari cursar o 4º ano, morando com o avô Carlos Bressiani. Completado o primeiro ciclo escolar, parou de estudar, voltou para o trabalho no sítio por três anos.
Fonte: Correio de Capivari
Ávido por conhecimento, fez um cursinho de três meses com a profª Dorilda, prestou exame de admissão, sendo aprovado para cursar o Científico no Ginásio Padre Fabiano.
No término do Científico, sem cursinho, prestou vestibular e foi aprovado na Universidade Federal de São Carlos (1974), para a Faculdade de Engenharia de Materiais.
Tornou-se um dos pesquisadores mais respeitado na área, no Brasil e no mundo.
Continuou estudando, con cluindo seu mestrado em Tecnologia Nuclear pela Universidade de São Paulo (1980) e doutorado (Dr. rer. nat.) na área de Materiais – Stuttgart Universität (1984), Alemanha.Aposentou-se após 44 anos de trabalho no IPEN.
Foi agraciado com o título de Pesquisador Emérito do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – IPEN em 30/08/2021 durante as comemorações de 65 anos do IPEN e 45 anos do Programa de Pós-Graduação do Instituto junto a USP.Vamos registrar aqui um pouco da vida acadêmica deste extraordinário capivariano, dr José Carlos Bressiani, que saiu da roça, estudou com fervor e extrema dedicação, ganhou os degraus do conhecimento, sendo reconhecido nacionalmente pelos seus trabalhos e pesquisas no IPEN – Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares.
Formou-se Engenheiro de Materiais pela Universidade Federal de São Carlos (1974), conquistou o mestrado em Tecnologia Nuclear pela Universidade de São Paulo (1980) e doutorado (Dr. rer. nat.) na área de Materiais – Stuttgart Universität (1984), Alemanha.
Pesquisador do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – IPEN/CNEN-SP de 01/1975 até 09/2019 e professor de pós-graduação no Programa de Tecnologia Nuclear do IPEN, curso vinculado à Universidade de São Paulo até 2015.
Especialista na área de Engenharia de Materiais, com ênfase em Materiais Cerâmicos e Biomateriais. Chefe da Divisão de Materiais Cerâmicos de 1988 a 04/2004, Diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Ensino de 06/2004 a 12/2012 e Superintendente do IPEN de 12/2012 a 12/2016. Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear – RJ) de 07/2017 até 05/2019.
Foi membro da comissão setorial do RHAE-MCT (1988 a 1990); coordenador, vice-coordenador e membro do Grupo Técnico do Sub-programa de Novos Materiais do PADCT-MCT (08/1990 a 04/1995); membro da comissão organizadora de mais 40 congressos nacionais e internacionais; duas vezes Presidente da Associação Brasileira de Cerâmica (05/1991 a 06/1992 e 06/1998 a 06/2000) e Diretor da mesma de 1987 até 07/2014. Membro da Comissão de Pós-Graduação do IPEN a partir de 1997, Vice-Presidente a partir de 05/2000 e Presidente a partir de 01/2005 até 06/2013.
Diretor do Centro Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e Científica, CenDoTeC de 05/2004 até 09/2013. Membro do Conselho de Administração das Indústrias Nucleares do Brasil – INB, de 01/2010 até 03/2014. Membro do Conselho Superior do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo de 02/2010 a 01/2014. Fundador e editor adjunto da revista Materials Research de 10/1998 até 2015;
Foi membro da comissão Editorial das revistas Cerâmica, Tile & Brick International e "Interceran – International Ceramic Review; ex-membro dos Comitês Assessores do CNPq e da do Conselho Técnico CAPES. Membro do Conselho Fiscal das Indústrias Nucleares do Brasil – INB, de 04/2014 a 03/2015.
Membro – Científico do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas – CBPF de 10/2014 a 10/2016.
Orientou mais de trinta mestrados e doutorados e publicou mais de 300 artigos científicos em revistas e anais de congressos.
Aposentou-se em 09/2019 após 44 anos de trabalho no IPEN.
Foi agraciado com o título de Pesquisador Emérito do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – IPEN em 30/08/2021 durante as comemorações de 65 anos do IPEN e 45 anos do Programa de Pós-Graduação do Instituto junto a USP. -
- 05/01/2022 - FAPESP e Shell lançam chamada para constituir Centro de Inovação OffshoreNovo centro visa incorporar tecnologias e processos sustentáveis e de baixa emissão de carbono à produção de energia offshore
Novo centro visa incorporar tecnologias e processos sustentáveis e de baixa emissão de carbono à produção de energia offshore
Fonte: Agência FAPESP
A FAPESP e a Shell anunciaram a abertura de uma chamada de propostas para constituição do Centro de Inovação Offshore Shell Brasil-FAPESP (OIC). Propostas serão recebidas até 29 de março de 2022."Há mais de cinco anos a Shell e a FAPESP vêm investindo conjuntamente em pesquisa. Este modelo de parceria, com investimentos públicos e privados, potencializa exponencialmente a capacidade de geração de respostas. Esperamos que os pesquisadores do Estado de São Paulo apresentem propostas com perguntas científicas que valorizem ainda mais estes investimentos. O acordo propicia que o aporte de R$ 35 milhões pela FAPESP viabilize o aporte de R$ 52 milhões por parte da Shell nas diferentes instituições acadêmicas lideradas pela USP", afirmou Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP.O OIC será o terceiro Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído em parceria entre a FAPESP e a Shell. Já estão em operação o Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), com sede na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e o Centro de Inovação em Novas Energias (CINE), com sedes na USP, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).No segundo semestre de 2022, após anúncio dos resultados, o OIC se juntará ao portfólio de núcleos mantidos pelos dez CPEs da FAPESP, que viabiliza sinergias entre a iniciativa privada e o setor acadêmico visando produzir e disseminar pesquisa de nível mundial, bem como gerar alto impacto econômico e social por meio da inovação.O novo centro se concentrará em pesquisas e tecnologias com potencial de impactar positivamente a forma como a indústria de energia offshore é construída e operada – iniciando a transição para a esperada produção de energia com redução de emissões e sustentabilidade.O edital define cinco áreas tecnológicas que devem ser abordadas pelo novo centro: processos inovadores; baixa emissão de gás carbônico offshore; saúde segurança e meio ambiente; materiais inovadores e nanotecnologia; e ciências computacionais e digitais.As propostas para a constituição do OIC devem prever no plano de pesquisa o desenvolvimento de um ou mais projetos para cada área tecnológica, com objetivos e metas específicos.O Centro de Inovação Offshore deverá ter sede em uma instituição de ensino superior e pesquisa no Estado de São Paulo, que será responsável pela coordenação científica dos projetos do centro e pela gestão e custeio das atividades administrativas ali desempenhadas.A instituição-sede também gerenciará, no âmbito da execução dos projetos, a participação de instituições parceiras, ou seja, outras empresas, instituições credenciadas, universidades ou startups que irão compor o seu ecossistema de pesquisa.Caberá também à instituição-sede apoiar o pesquisador responsável que responderá pela iniciativa do OIC e que liderará o comitê executivo do centro, órgão encarregado da supervisão de todas suas operações diárias. O pesquisador responsável terá como pares membros das instituições de pesquisa envolvidas, como os coordenadores de inovação e difusão, bem como da Shell (à qual cabem as posições do diretor-adjunto e do representante de inovação).FAPESP e Shell financiarão o novo centro por até cinco anos, renováveis por outros cinco, mediante aportes anuais de até R$ 17,5 milhões. Ao final de sua vigência, o OIC captará um volume total de recursos da ordem de R$ 87,5 milhões, divididos entre FAPESP e Shell na proporção de 40% e 60%, respectivamente.Propostas devem ser submetidas por meio do SAGe (https://fapesp.br/sage). Após o recebimento de todas as avaliações, revisores nomeados em conjunto por FAPESP e Shell enviarão um feedback aos proponentes.A chamada de propostas está disponível em: fapesp.br/15247. -
- 29/12/2021 - Esvaziar IPEN “põe em risco a vida de 2 milhões de pessoas” que se tratam de câncer, alerta diretor do institutoGoverno cortou verbas do Instituto que fabrica radiofármacos usados no tratamento e no diagnóstico de câncer. Ao mesmo tempo, parlamentares ligados ao Planalto iniciaram tramitação da PEC para esvaziar instituto e privatizar o setor
Governo cortou verbas do Instituto que fabrica radiofármacos usados no tratamento e no diagnóstico de câncer. Ao mesmo tempo, parlamentares ligados ao Planalto iniciaram tramitação da PEC para esvaziar instituto e privatizar o setor
Fonte: Hora do Povo
O governo Bolsonaro cortou 44,8% dos recursos destinados à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), na Lei Orçamentária Anual 2021. O corte levou à paralisação, pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), da produção de radiofármacos e radioisótopos usados para o tratamento de câncer no Brasil. Em 2020, a verba repassada ao IPEN pelo governo federal foi de R$ 165 milhões. Neste ano, até agosto, o instituto recebeu pouco mais de R$ 91 milhões.Corte de Verbas
Este corte abrupto de verbas colocou em risco a vida de cerca de 2 milhões de pessoas em todo o país, segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN). O IPEN é responsável pelo fornecimento de 25 tipos de radiofármacos aos laboratórios e hospitais de todo o Brasil. Cerca de 85% de toda a produção nacional desse tipo de medicamento, com material radioativo, sai de lá.
Os radiofármacos produzidos pelo IPEN têm duas funções. Uma é o tratamento em si que, no caso de alguns tipos de câncer, são a única opção. Outra é o diagnóstico por imagem – exames que ajudam a detectar a presença do câncer e de outras doenças. Com a falta de verbas, hospitais chegaram a cancelar tratamentos por causa do desabastecimento.
Paralelo aos cortes de verbas do governo que ameaçaram a vida das pessoas, avançou no Congresso Nacional a tramitação de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que tem o objetivo de esvaziar a atuação do IPEN e transferir para grupos privados a responsabilidade pela importação e fabricação dos radiofármacos.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 517/10, do Senado, de autoria do senador Álvaro Dias (Podemos-PR), prevê a quebra do monopólio governamental para a produção dos radioisótopos. Hoje, a produção e a comercialização desses fármacos no Brasil são realizadas por intermédio da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e seus institutos, como o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), em São Paulo.
Segurança Nacional
A Constituição já autoriza, sob regime de permissão, a comercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso médico. A produção por empresas privadas é permitida no caso de radiofármacos de curta duração (meia-vida igual ou inferior a duas horas). Ao defender a aprovação do texto da PEC, o General Peternelli, relator do projeto na Câmara, argumentou que a produção pela iniciativa privada "resultará em menores custos para a pesquisa, a produção e o uso de radiofármacos, pois eliminará gastos relacionados com o processo de importação, frete, seguros e câmbio”.
O superintendente do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (IPEN-CNEN), Wilson Calvo, enviou carta aos parlamentares da Comissão Especial da Câmara dos Deputados e contestou as afirmações do relator. "Atualmente, o preço do gerador de 2.000mCi (radiofármaco) produzido pelo IPEN-CNEN é de R$ 6.835,00 e o praticado pela iniciativa privada é de R$17.200,00. Mesmo com a correção pela variação cambial do radioisótopo (99Mo), o preço desse gerador praticado pelo instituto passaria a R$8.885,50. Além disso, tratam-se de produtos injetáveis e o rigor da ANVISA e a saúde dos pacientes são prioritários”, informa Wilson Calvo.
Em entrevista ao HP, o superintendente do IPEN alertou que a PEC-517/2010, que abre caminho para a quebra do monopólio da União, não garante o investimento do Estado, imprescindível à modernização das instalações de produção do Centro de Radiofarmácia do IPEN/CNEN.
Calvo informou que, depois de ter sido adiada a votação algumas vezes e terem sido canceladas em duas ocasiões audiências públicas com entidades representativas da comunidade científica, a Proposta de Emenda à Constituição que autoriza a iniciativa privada a produzir e comercializar todos os radioisótopos de uso na medicina foi aprovada, no último dia 15 de dezembro, e deverá seguir para apreciação do Plenário da Câmara dos Deputados.
O especialista explicou que radioisótopos são os insumos necessários para a obtenção de radiofármacos (medicamentos que emitem radiação) utilizados no diagnóstico e tratamento de doenças, principalmente contra o câncer, cuja produção, atualmente, é monopólio da União, sob a responsabilidade do IPEN/CNEN.
50 Milhões de Procedimentos
"Nós não somos contra a iniciativa privada, mas o texto da PEC não garante, por exemplo, os recursos para a obtenção das boas práticas de fabricação (BPF) no IPEN/CNEN e o consequente registro definitivo dos produtos junto à Anvisa”, afirmou Calvo. Entre os 24 radiofármacos produzidos pelo IPEN/CNEN, atualmente, estão os geradores de 99mTc, responsáveis por 85% dos diagnósticos de doenças em Medicina Nuclear, e 21 produtos possuem registro na Anvisa "por meio de uso consagrado, com mais de 50 milhões de procedimentos realizados no País”.
Para produzir os geradores de 99mTc, o IPEN/CNEN depende 100% da importação do insumo, o radioisótopo 99Mo, fornecido pela Rússia, África do Sul e Holanda. Em mais de seis décadas de atuação, o Instituto só teve a produção comprometida em três situações: em 2009, com a paralisação do então principal produtor mundial de radioisótopos, o Reator Nuclear NRU, do Canadá; no auge da pandemia de Covid-19, em 2020, que comprometeu a logística de voos internacionais; e este ano, após o corte de 44,8% nos recursos destinados à CNEN, na Lei Orçamentária Anual 2021.
"E mesmo em 2020, com a pandemia, o IPEN/CNEN não deixou de abastecer as clínicas e os hospitais. Inclusive, na ocasião, nossos esforços foram reconhecidos pela própria SBMN [Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear] e pela Casa Civil [pronunciamento em cadeia nacional do ministro Braga Neto]”, ressalta Calvo. Em carta enviada ao superintendente, a diretoria da SBMN agradeceu ao Instituto "pela sua atuação, que possibilitou a chegada de insumos vindos da África do Sul até o Instituto de forma segura, em operação de repatriação de brasileiros e ação integrada com a CNEN, Casa Civil e os Ministérios da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e das Relações Exteriores (MRE)”.
Reator Multipropósito Brasileiro
Para o superintendente do IPEN, a principal saída para o Brasil é a consolidação do Projeto Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), a ser instalado em Iperó (SP), que vai garantir ao País autossuficiência na produção de radioisótopos, principalmente do 99Mo. "Além disso, o RMB pode ser também um potencial exportador desse radioisótopo, saindo o Brasil da condição de dependência total para a de fornecedor mundial. Mas isso deveria estar contemplado no texto da PEC-517/2010, e não está”, adverte Calvo.
Um dos pontos levantados por Calvo, em todas as suas manifestações sobre a PEC-517/2010, é justamente a necessidade de adoção de uma matriz autossustentável para o Instituto, de maneira que não dependa exclusivamente do Estado e que, no futuro, venha a ser praticado no RMB. Ou seja, um modelo em que os recursos da comercialização dos itens a serem produzidos e dos futuros serviços tecnológicos prestados sejam revertidos ao próprio produtor.
Essas medidas, segundo o superintendente do IPEN/CNEN, possibilitarão ampliar a oferta de diagnósticos e terapias a preços mais acessíveis ao Sistema Único de Saúde (SUS), expandindo e democratizando o atendimento aos usuários da rede pública. "Atualmente, dos 2 milhões de procedimentos realizados por ano, somente 25% são destinados à população que depende da rede pública de saúde. Entretanto, esta proposta de ampliação encontra-se em risco, da forma como está o texto da PEC-517/2010”.
Os países com maior número de procedimentos (diagnósticos e terapias) em Medicina Nuclear possuem seus próprios reatores nucleares de pesquisa, para produção dos radioisótopos localmente, tais como, Estados Unidos e Argentina, dentre outros. A entrega da comercialização dos radiofármacos para a iniciativa privada retirará do IPEN uma de suas principais fontes de receitas exatamente no momento em que está sendo construído o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) que tornará o Brasil, não só autossuficiente em produção de radiosótopos, mas também exportador do produto.
O IPEN-CNEN possui um Plano de Ação firmado com a ANVISA até 2025 e vem trabalhando na modernização de suas instalações de produção dos radiofármacos e geradores de 99Mo/99mTc no Centro de Radiofarmácia. Dessa forma, produzirá no conceito de Boas Práticas de Fabricação (BPF), e registrará seus 24 produtos atuais não mais na RDC 263/2019 (radiofármacos de uso consagrado) e sim na RDC 451/2020, a qual dispõe sobre o registro, notificação, importação e controle de qualidade de radiofármacos e substitui a RDC 64/2009, que criou esta classe de medicamentos no Brasil. O Centro de Radiofarmácia terá capacidade para duplicar sua produção, preparando-se, principalmente, para a entrada em operação do RMB.
Investimentos em Tecnologia Nacional"É uma pena que todo o investimento de R$ 14 milhões que está sendo feito para modernizar a Radiofarmácia do IPEN, por meio do nosso projeto aprovado na FAPESP, corra o risco de se perder com a entrada da iniciativa privada no mercado, se passar essa PEC do jeito que está sendo proposta. Lamentavelmente, nem mesmo a mídia está interessada nessa discussão, que pode significar um retrocesso na medicina nuclear do Brasil, no sentido de desfavorecer a população usuária do Sistema público de saúde”, comentou Marcelo Linardi, pesquisador aposentado e coordenador do Projeto "Capacitação científica, tecnológica e em infraestrutura em radiofármacos, radiações e empreendedorismo a serviço da saúde (PDIp)”.
Os geradores de 99Mo/99mTc são responsáveis por 85% dos diagnósticos de doenças em Medicina Nuclear. Principalmente, representam 72,8% do faturamento/arrecadação anual no Instituto, no total de R$ 120 milhões em 2019. Os radiofármacos de iodo-131 (131I), lutécio-177(177Lu) e gálio-67 (67Ga) respondem, respectivamente, por 13,18%, 4,38% e 2,71%. Assim, dos 24 produtos distribuídos pelo IPEN-CNEN apenas esses 4 (quatro) têm grande interesse comercial pelo setor privado.
O novo Modelo de Gestão ao Centro de Radiofarmácia do IPEN-CNEN, juntamente com a produção nacional de radioisótopos no RMB, possibilitará ampliar os procedimentos de diagnósticos e terapias, a preços muito mais acessíveis aos pacientes do SUS, democratizando-se a Medicina Nuclear no País. Atualmente, dos próximos 2 milhões de procedimentos por ano, somente 25% são destinados à população mais carente, a qual mais necessita de Política Pública do Estado.
O deputado Alexandre Padilha (PT-SP), vem tentando impedir a aprovação da PEC, afirmando que a produção de radiofármacos é questão de "soberania nacional” e será equacionada com a construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), em São Paulo. "A falta de recursos para a aquisição de insumos necessários para a produção de radiofármacos não pode servir de justificativa para a privatização de produtos que envolvem a segurança e soberania do País”, disse o deputado.
O reator poderá produzir os radioisótopos importados pelo IPEN. O tratamento é feito em cerca de 440 clinicas privadas e do Sistema Único de Saúde (SUS).
Na avaliação da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), a proposta de emenda à Constituição, se aprovada, vai retirar recursos do setor nuclear público brasileiro e prejudicar pacientes do Sistema Único de Saúde, com um possível encarecimento da produção. "Não podemos entregar a produção de insumos para a rede privada, sucatear o IPEN e encarecer produtos para o SUS”, afirmou a deputada.
Convocada duas vezes a se manifestar em audiência pública, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) foi comunicada do cancelamento poucas horas do início previsto para sua participação. Entretanto, em Carta Aberta divulgada em 18 de novembro, o presidente Renato Janine Ribeiro alertou que a "quebra do monopólio causará danos gravíssimos”, podendo trazer irremediáveis prejuízos à saúde da população brasileira”.
Segundo Janine, a aprovação da PEC-517/2010 também vai "afetar o desenvolvimento cientifico e tecnológico nesta área tão estratégica da medicina nuclear”. O presidente da SBPC lamentou o "cancelamento em cima da hora” e solicitou que a comunidade cientifica fosse ouvida para que pudesse "apresentar seus argumentos contrários a aprovação desta PEC”. De acordo com o presidente da SBPC, a entidade não obteve resposta da Comissão.
-
- 21/12/2021 - Gabryele Moreira estuda desigualdade de gênero na física nuclearEssa #MulherCientista é a primeira brasileira negra a receber o Prêmio Marie Curie da Agência Internacional de Energia Atômica – graças a suas pesquisas em desigualdade de gênero e em física médica.
Essa #MulherCientista é a primeira brasileira negra a receber o Prêmio Marie Curie da Agência Internacional de Energia Atômica – graças a suas pesquisas em desigualdade de gênero e em física médica.
Fonte: Super InteressanteNatural da periferia de Salvador (BA), Gabryele Moreira teve um choque quando foi realizar seu mestrado em tecnologia nuclear no Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (IPEN), em São Paulo. "Eu conseguia me reconhecer nas pessoas quando estava na Bahia. Mas, quando cheguei ao IPEN, percebi que as pessoas pretas como eu eram minoria”, conta à Super.A pesquisadora da área nuclear teve muita influência de professoras negras quando estudava em uma escola pública próxima a uma unidade da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Foram essas mulheres que mostraram à Gabryele a importância do ensino superior, e a possibilidade de ingressar em universidades públicas a partir do sistema de cotas. Em São Paulo, por outro lado, ela não encontrava pessoas de sua cor à frente das salas de aula.Gabryele conta que começou a perceber, a partir do cotidiano do instituto, como o mundo da energia nuclear é dominado por homens brancos. Foi então que ela conheceu a WiN (Women in Nuclear), organização sem fins lucrativos que trabalha para que mais mulheres participem do setor nuclear, ocupando espaços de liderança."Às vezes, você precisa ter um choque para transformá-lo, em algum momento, em uma revolução”, afirma Gabryele. "Não dá para cruzar os braços.” Então, a pesquisadora decidiu investigar a desigualdade de gênero na área nuclear, partindo do IPEN – que é vinculado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e localizado na Universidade de São Paulo (USP).
Junto às pesquisadoras Priscila Rodrigues, Karoline Suzart e Nelida Mastro, ela desenvolveu um estudo do perfil sociocultural das mulheres do instituto. Elas responderam perguntas sobre sua cor, naturalidade, áreas que atuam e se ocupam cargos de chefia. O formulário também questionava se elas eram orientadas, em seus estudos, por homens ou mulheres. A pesquisa ouviu também mulheres das áreas técnica e administrativa do IPEN.
Um total de 105 mulheres responderam ao questionário. Cerca de 84% delas se declararam brancas; 9,6% negras e 6,7% amarelas. "A maioria das mulheres são orientadas por homens brancos e há poucas mulheres em cargos de chefia. A gente também percebeu que a maioria das mulheres estavam na área de física médica”, explica Gabryele.
A física médica é uma área da física nuclear aplicada à saúde, que envolve a produção de medicamentos para tratamento de câncer – dos quais 85% produzidos no Brasil são feitos no IPEN. Pesquisadores da área são responsáveis por equipamentos usados na radiologia, além do planejamento e cálculo de doses para tratamentos de câncer.
Gabryele, que se formou em Física Médica pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) em 2018, indica que as descobertas do estudo demonstram a feminilização da área de saúde – fenômeno que acontece porque as mulheres tradicionalmente estão envolvidas em tarefas relacionadas a cuidar, educar e servir.
A investigação e a pesquisa de mestrado – sobre análise de amostras biológicas, geológicas e ambientais em reator nuclear – renderam à Gabryele o Prêmio Marie Curie da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, em inglês), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU). Ela é a primeira mulher preta brasileira a receber a premiação.
O prêmio oferece uma bolsa de 10 mil a 40 mil euros para que pesquisadoras se mantenham na área nuclear. Gabryele também terá a possibilidade de estudar no exterior, fazendo um estágio na IAEA – na sede em Viena (Áustria) ou em instituições vinculadas.
-
- 16/12/2021 - Proposta macabra. Facada no projeto do reator multipropósito.Fonte: Blog Tania MalheirosEm mais um ano marcado pelo sofrimento dos brasileiros com a pandemia da Covid-19, a alta do desemprego e a crise econômica sanitária que o governo Bolsonaro colocou o país, temos sofrido também a descontinuidade de políticas e serviços públicos, como forma primária de justificar a redução dos investimentos e sua posterior privatização. Um dos principais exemplos desta agenda nefasta é o desfinanciamento do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), que por mais de uma vez, interrompeu a produção de radiofármacos devido a suspensão de repasses do governo federal.O IPEN é uma das principais instituições de pesquisa técnico-científica e de desenvolvimento tecnológico do nosso país. Administrado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), autarquia do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o órgão é fundamental na garantia do direito à saúde, através da produção de radiofármacos.
É uma indústria radiofarmacêutica de excelência e, além de sofrer com a ausência de recursos, foi golpeada com a PEC 517/2010, de autoria do Senador Álvaro Dias, que busca determinar que, sob regime de permissão, serão autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos agrícolas e industriais, e a produção, a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e uso médicos.
Discutimos a PEC por mais de um mês e meio na Comissão Especial criada para analisar a proposta e junto com outros parlamentares da oposição, após muitas obstruções, impedimos que o texto original fosse aprovado pelo que ele significa de ataques ao direito à saúde dos brasileiros e a soberania nacional. Um projeto macabro de concentração e abandono da maioria da população brasileira no acesso a esses serviços.
A quebra do monopólio para os radioisótopos de meia-vida curta não proporciona a democratização do acesso, pelo contrário. A atuação da iniciativa privada se concentrou nas capitais do Sul e Sudeste, onde evidentemente há retorno dos investimentos. Desta forma, a expansão do acesso e dos serviços não se deu pela quebra do monopólio, ação que fica evidente ao identificarmos que o IPEN continua responsável pela quase totalidade da oferta dos radiofármacos usados no SUS e na saúde suplementar no Brasil.
Com destaques, o texto foi aprovado na Comissão e caso também seja no plenário da Câmara dos Deputados vai significar que: o governo federal vai se sentir desobrigado a manter investimentos no IPEN; uma empresa que registrar qualquer produto na Anvisa, o IPEN estará impedido de o produzir; medicamentos que já são caros ficarão ainda mais e aumento de lobbies para pressão no orçamento do SUS e aumento na mensalidade dos planos de saúde.
Além da área da saúde, a proposta dá uma facada no projeto do reator multipropósito, que garante soberania de produção do insumo para que o Brasil não precise mais importar.
Esse relatório vai asfixiar o IPEN, aumentar o valor dos insumos, tirar mais dinheiro do SUS e dos usuários dos planos de saúde, concentrar os serviços para um mercado menos aquecido e inviabilizar o projeto do reator multipropósito.
Todas as audiências públicas da Comissão foram acompanhadas pelos trabalhadores do IPEN que, durante mais de 60 anos de atividade, exerceu o seu papel de principal fornecedor de radiofármacos para clínicas e hospitais instalados por todo o país e nunca faltou com o que a Constituição brasileira estabelece como obrigação do Estado. Inclusive, em conjunturas extremamente adversas, como a atual de pandemia, com o atendimento de 100% da demanda.
A tramitação da PEC segue no Congresso e qualquer marco legal em relação aos radioisótopos deveria ter como ponto central o direito à saúde e à vida, estabelecidos com a nossa Constituição, que determina que o direito à saúde da população não deve ser algo movido aos interesses do mercado. Pode haver parceria privada no desenvolvimento e tecnologia, mas desde que liderada pelo interesse público, pelo SUS. Vamos permanecer na luta para que o direito seja garantido.
Alexandre Padilha - Médico, professor universitário, deputado federal (PT-SP), ministro da Coordenação Política de Lula e da Saúde de Dilma e Secretário de Saúde na gestão Fernando Haddad na cidade de SP.
Este BLOG fazJ ORNALISMO INDEPENDENTE. A sua colaboração é muito importante para a manutenção do trabalho iniciado em 2018. Agradecemos a contribuição. PIX: 21 99601-5849. Ou Banco do Brasil – Agência: 3520-3 – CC: 15416-4 – Muito obrigada!
-
- 15/12/2021 - Medicina nuclear: produção de medicamentos para combater o câncer nas mãos da iniciativa privadaFonte: Blog Tania MalheirosA comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a possibilidade de produção de radioisótopos de uso médico pela iniciativa privada concluiu na noite desta quarta-feira (15) a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 517/10, de autoria do senador Álvaro Dias (PSDB-PR). O último destaque ao relatório do deputado General Peternelli (PSL-SP) foi rejeitado. O texto poderá seguir para análise do Plenário da Câmara.A proposta aprovada quebra o monopólio do governo para a fabricação de radioisótopos. Atualmente, a produção e a comercialização desses fármacos no Brasil são realizadas pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares da Comissão Nacional de Energia Nuclear (IPEN-CNEN). O General defende que a privatização reduzirá os custos da produção. A direção do IPEN afirma que é o contrário.
A Constituição autoriza hoje, sob regime de permissão, a comercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso médico. A produção por empresas privadas, no entanto, só é aceita no caso de radiofármacos de curta duração (meia-vida igual ou inferior a duas horas).
Radioisótopos ou radiofármacos são substâncias que emitem radiação usadas no diagnóstico e no tratamento de diversas doenças, principalmente o câncer. Um exemplo é o iodo-131, que emite raios gama e permite diagnosticar doenças na glândula tireoide.
Os deputados Alexandre Padilha (PT-SP), Jorge Solla (PT-BA) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ), entre outros, criticaram a matéria. Na avaliação dos parlamentares, a PEC 517/10, se aprovada, vai retirar recursos do setor nuclear público brasileiro e prejudicar pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), com um possível encarecimento da produção.
São dois milhões de procedimentos por ano por clinicas privadas e do SUS. "Apenas reivindicamos que a regulação desse processo fosse pública, pelo SUS. A lógica do preço cobrado desse radiofármaco tem que ser a da regulação pública. Não pode ser a lógica da iniciativa privada, que pratica hoje um preço quase três vezes maior que o do País”, afirmou o deputado Alexandre Padilha.
Fonte: Agência Câmara de Notícias – Foto: General Peternelli. Leia diversas matérias sobre o assunto, entre elas, a carta do presidente do IPEN, na semana passada.