Ipen na Mídia
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- 12/11/2020 - Pós-doutorado no Ipen em metrologia e dosimetriaFonte: Agência FapespAgência FAPESP – O Projeto Temático "P&D&I em metrologia das radiações na área da saúde”, desenvolvido no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), dispõe de uma oportunidade de pós-doutorado com bolsa da FAPESP. O prazo de inscrição se encerra no dia 25 de novembro de 2020.O intuito do projeto é formar uma base metrológica para calibração de detectores com radiações alfa, beta, gama e X, com novos sistemas dosimétricos e metodologias em metrologia das radiações, com técnicas luminescentes e outras, gerando impacto técnico-científico nacional e internacional e contribuindo para o uso seguro das radiações ionizantes.Podem concorrer à bolsa os interessados com graduação em física e doutorado em física aplicada ou em tecnologia nuclear concluído há menos de sete anos.O candidato deve apresentar artigos publicados em revistas indexadas sobre materiais dosimétricos, técnicas de termoluminescência e luminescência opticamente estimulada, além de emissão exoeletrônica termicamente estimulada e fenômenos de fototransferência: TL fototransferida e OSL fototransferida.Os interessados devem enviar por e-mail cópias dos históricos acadêmicos, diploma de doutor, curriculum vitae (ou Lattes) e lista de trabalhos publicados em revistas indexadas sobre os temas solicitados para a coordenadora do projeto, a pesquisadora Linda Viola Ehlin Caldas (lcaldas258@gmail.com).Mais informações sobre a vaga em: www.fapesp.br/oportunidades/3962.A oportunidade de pós-doutorado está aberta a brasileiros e estrangeiros. O selecionado receberá Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP no valor de R$ 7.373,10 mensais e Reserva Técnica equivalente a 15% do valor anual da bolsa para atender a despesas imprevistas e diretamente relacionadas à atividade de pesquisa.Caso o bolsista de PD resida em domicílio fora da cidade na qual se localiza a instituição-sede da pesquisa e precise se mudar, poderá ter direito a um auxílio-instalação. Mais informações sobre a Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP estão disponíveis em www.fapesp.br/bolsas/pd.Outras vagas de bolsas, em diversas áreas do conhecimento, estão no site FAPESP-Oportunidades, em www.fapesp.br/oportunidades. -
- 11/11/2020 - ABDAN defende medidas para criação de ambiente de negócios e premia personalidades do setor nuclearFonte: PetronotíciasPor Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br)
O setor nuclear brasileiro tem alcançado importantes avanços, mesmo diante de um ano tão desafiador como o de 2020. Mas para criar um ambiente de negócios saudável e duradouro em torno dessa indústria, o país ainda tem um caminho a percorrer. Essa é a visão da Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN). A entidade realizou nesta semana a abertura do seminário internacional online Nuclear Trade and Technology Exchange (NT2E) e apontou uma série de medidas que podem ajudar a fomentar o setor. O presidente da associação, Celso Cunha, defendeu a sinergia entre os diversos atores do segmento nuclear para a criação desse cenário propício para negócios."Seria muito importante se criássemos um ambiente de negócios onde atuamos para buscar a solução de diversos fatores que impactam as decisões e o modo de gerir as atividades empresariais, nas mais diversas formas”, sustentou. "Construir um programa de longo prazo e fomenta-lo é fundamental. Também devemos criarmos clusters e uma rota tecnológica nuclear, através de uma política clara de fomento da cadeia produtiva, o que nos permitirá dar passos seguros para o setor”, complementou Cunha.
Projeção de como será a usina de Angra 3Nesse sentido, conforme noticiamos ontem, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, declarou que o governo planeja o desenvolvimento de uma política para fomentar a criação de um cluster nuclear, com a ajuda da Marinha do Brasil e demais ministérios que também investem no setor, para se formar uma cadeia produtiva com empresas privadas e institutos.
O presidente da ABDAN também defendeu reduzir a dependência do fornecimento estrangeiro e aumentar o número de fornecedores dentro da cadeia nuclear. "Devemos também incluir a Micro, Média e Pequena empresa na cadeia de fornecedores do setor nuclear. Tudo isso faz parte da construção de um ambiente de negócios saudável e duradouro”, disse. Ele ainda argumentou que é preciso fomentar a Pesquisa, Desenvolvimento e a Formação de profissionais, além de reformar o sistema regulatório nuclear.
Visão atual de Angra 3"E falando em regulação e fiscalização, a sinalização dada pelo Governo da Criação da Autoridade Nuclear, que é um tema debatido e desejado desde 2008, vem avançando. Aguardamos ansiosamente que, ainda em 2020, este assunto seja resolvido”, declarou Cunha. O presidente da ABDAN reforçou ainda a necessidade de revisão das regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) para o setor de medicina nuclear. Segundo ele, isso permitirá a população brasileira ter maior acesso a novos medicamentos. "Também não podemos esquecer da Flexibilização do Monopólio da Mineração do Urânio, que trará mais agilidade e independência na produção do combustível nuclear”, acrescentou.
Tema central no mercado nuclear brasileiro, a retomada das obras de Angra 3 também foi mencionada. O presidente da ABDAN destacou os esforços da Eletrobrás e Eletronuclear para a liberação de recursos para o Plano de Aceleração das obras do projeto, visando a inauguração da usina entre 2026 e 2027. "A conclusão de Angra 3 será o marco de efetivo destravamento do setor nuclear”, finalizou.
CINCO PERSONALIDADES DO SETOR FORAM HOMENAGEADAS COM A MEDALHA DE HONRA AO MÉRITO NUCLEAR
General Sérgio Etchegoyen e o comandante da Marinha, Ilques Barbosa JuniorDurante o evento, a ABDAN também concedeu a medalha de Honra ao Mérito Nuclear a cinco importantes personalidades que ajudaram no desenvolvimento da atividade nuclear no Brasil. Na categoria Política, o vencedor foi o general do Exército Brasileiro, Sérgio Etchegoyen, que atuou como ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência do Brasil durante o governo de Michel Temer. "Quero expressar minha gratidão pela profunda honra de ter sido escolhido para receber a ordem de Mérito Nuclear concedida pela ABDAN”, declarou Etchegoyen.
Na categoria História, o homenageado foi o Almirante de Esquadra Ilques Barbosa Junior, atual Comandante da Marinha do Brasil. O prêmio foi um reconhecimento pelo trabalho do braço naval das Forças Armadas para fortalecimento do segmento nuclear brasileiro.
"Consciente da importância da ciência, tecnologia e inovação para desenvolvimento sustentável, a Marinha legitima o valor estratégico do setor nuclear e de suas potencialidades, contribuindo para garantir o bem-estar da sociedade brasileira e o futuro das próximas gerações. É com redobrada satisfação, que expresso os mais elevados agradecimentos à ABDAN pela tão relevante comenda”, afirmou Barbosa.
Carlos Alberto Buchpiguel e Wilson Aparecido Parejo CalvoO vencedor na categoria Pesquisa foi o Superintendente do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN),Wilson Aparecido Parejo Calvo. Ele se dedica há anos em pesquisas de aplicações de técnicas nucleares na indústria, saúde, agricultura, meio ambiente, com ênfase em tecnologias de radioisótopos e radiações ionizantes. Já na categoria medicina nuclear, o premiado foi o Diretor do Serviço de Medicina Nuclear e Imagem Molecular do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Carlos Alberto Buchpiguel.
Por fim, na categoria indústria, a medalha foi entregue ao Superintendente de Enriquecimento Isotópico, Ezio Ribeiro da Silva Junior, pela sua contribuição à construção do ciclo de combustível nuclear. Também foi feita uma menção honrosa a ex-presidente da World Nuclear Association (WNA), Agneta Rising, celebrando a parceria entre a WNA e ABDAN nos últimos anos.
"O mundo precisa de países como o Brasil, com muito histórico e muita experiência em energia nuclear. Precisamos de países como o Brasil para liderar e expandir o caminho da energia nuclear na direção de um futuro sustentável”, afirmou Agneta.
Amanhã (12), o NT2E entra em seu segundo dia de atividades, com dois painéis de debates para discutir a segurança no setor nuclear e a economia descarbonizada. Na semana que vem, nos dias 17 e 19, acontecerá o curso internacional da World Nuclear University (WNU).
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- 11/11/2020 - Ipen se equipa para produzir nanorradiofármacosCom apoio da FAPESP, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares está criando um laboratório de padrão internacional, que associa nanotecnologia à radiofarmácia. O objetivo é desenvolver novos produtos, principalmente para o tratamento do câncer
Com apoio da FAPESP, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares está criando um laboratório de padrão internacional, que associa nanotecnologia à radiofarmácia. O objetivo é desenvolver novos produtos, principalmente para o tratamento do câncer
Fonte: Agência FapespJosé Tadeu Arantes | Agência FAPESP
Com 60 anos de atividade, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) produz atualmente cerca de 90% dos radiofármacos utilizados no Brasil. Dito de forma simplificada, radiofármacos são constituídos por moléculas às quais estão associados isótopos radioativos de elementos químicos (iodo, flúor, tecnécio etc.). Dependendo de sua composição, o produto é empregado em exames diagnósticos ou em tratamentos, especialmente do câncer. A produção regular do Ipen atende a 430 hospitais e clínicas em todo o país. E fornece material para 2 milhões de procedimentos anuais. De 30% a 40% dos produtos são direcionados para atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS).
"Como a demanda é muito grande, só podíamos nos dedicar à pesquisa quando a produção estava parada. Com aporte financeiro da FAPESP, estamos criando, pela primeira vez, um espaço específico para a pesquisa. O laboratório encontra-se em fase final de montagem, apesar dos atrasos provocados pela pandemia e pela alta do dólar. Nosso foco é desenvolver novos produtos, associando nanotecnologia à radiofarmácia. Já temos cerca de 50 artigos a respeito, publicados em revistas internacionais de alto impacto”, diz Marcelo Linardi, pesquisador emérito do Ipen.
Linardi é coordenador do projeto "Capacitação científica, tecnológica e em infraestrutura em radiofármacos, radiações e empreendedorismo a serviço da saúde (PDIp)”, apoiado pela FAPESP no âmbito do "Programa Modernização de Institutos Estaduais de Pesquisa”. Além do Ipen, o PDIp apoia a modernização e capacitação de pessoal de outras 11 instituições estaduais de pesquisa, com um total de R$ 120 milhões.
Os R$ 16 milhões destinados ao Ipen foram direcionados para investimentos em infraestrutura e aquisição de equipamentos multiusuários como um sistema de análise STM-AFM Raman SNOM (Scanning Optical Microscopy), mamógrafo digital, entre outros. Incluem também auxílios à pesquisa (dois deles destinados a pesquisadores visitantes do exterior) e o custeio de bolsas (oito de pós-doutorado, duas de doutorado, duas de mestrado e uma de pesquisa no exterior).
"A joia da coroa em matéria de equipamento, adquirido por meio do projeto, é um microscópio a laser com resolução subnanométrica. É o terceiro de seu gênero no mundo todo. Ele possui a mesma resolução do microscópio eletrônico, mas, por não projetar elétrons, não danifica a amostra que está sendo analisada, o que é ótimo para amostras biológicas. Além disso, o feixe de laser pode ser direcionado de várias maneiras, o que possibilita focalizar a amostra sob múltiplos ângulos”, conta Linardi.
Destinado à caracterização de materiais, o novo equipamento vai contribuir para o desenvolvimento de duas áreas-chave de atuação do Ipen: a da rádiofarmácia e a da braquiterapia.
O prefixo grego "braqui” refere-se a curta distância. É o oposto de "tele”, que quer dizer longa distância. Em termos terapêuticos, a braquiterapia possui uma grande vantagem comparativamente à radioterapia externa. Porque, na radioterapia externa, todos os tecidos que estão no caminho entre a saída do feixe de radiação e o local de interesse podem ser danificados pela radiação, enquanto na braquiterapia a fonte de radiação vai diretamente ao ponto – o que minimiza os efeitos colaterais indesejáveis. A associação da nanotecnologia à braquiterapia é um passo ainda mais avançado e sua implementação colocará o Ipen na linha de frente da pesquisa mundial.
"Estamos fazendo algo novo. Além do Ipen, há apenas mais dois institutos trabalhando nessa linha de pesquisa no mundo. Esse novo campo é chamado de nanobraquiterapia. A nanobraquiterapia poupa ainda mais os tecidos sadios, porque, na escala nanométrica, a molécula que contém a fonte radioativa é capaz de atravessar a membrana celular e entrar diretamente na célula cancerígena”, explica Maria Elisa Rostelato, que coordena a subárea do projeto dedicada especificamente à braquiterapia.
"Por enquanto, em todo o mundo, foram feitos apenas testes com animais. Nosso grupo produziu nanopartículas radioativas e as isolou para que não se agreguem de novo. Estamos trabalhando com isótopos de ouro e entramos na fase da chamada caracterização do material, para saber se, na escala nano, ele conserva suas propriedades. Já depositamos um pedido de patente. O apoio da FAPESP nos permitiu adquirir um equipamento, o Dynamic Light Sizer (DLS), que será dedicado exclusivamente à caracterização das nanopartículas radioativas”, informa Rostelato.
Segundo a pesquisadora, se as nanopartículas de ouro passarem pela "peneira” da caracterização, a fase seguinte será a dos testes in vitro e in vivo para verificar como essa potencial nanofonte radioativa se comporta concretamente diante dos tecidos afetados. "O tratamento do câncer de próstata é nosso foco atual. Mas o emprego desse tipo de material pode ser generalizado para vários tipos de câncer”, afirma.
O pioneirismo do Ipen vem de longe. Instalado em diversos edifícios distribuídos por uma área de 500 mil metros quadrados no campus da Universidade de São Paulo (USP), o instituto foi e continua sendo um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento da medicina nuclear no Brasil e em outros países da América Latina. Seu histórico engloba a introdução de novos radiofármacos e a formatação e controle da logística de distribuição. "Temos 25 produtos no catálogo, sendo o mais conhecido o iodeto de sódio, marcado com iodo 131, utilizado na terapia da tireoide”, diz Elaine Bortoleti, coordenadora do subprojeto de radiofarmácia no âmbito do novo projeto apoiado pela FAPESP.
De acordo com a pesquisadora, uma questão crucial da radiofarmácia relaciona-se com a meia-vida, isto é, com o tempo de decaimento dos componentes radioativos dos medicamentos. Essa meia-vida tem que ser relativamente curta, porque, depois de atender ao objetivo para o qual foi criado, o material precisa decair e ser eliminado pelo organismo – e não continuar atuando dentro dele. "Isso requer toda uma logística. Hoje, o Ipen é capaz de produzir e entregar os fármacos em até 48 horas, para qualquer estado do país. O transporte é feito por empresas cadastradas, monitoradas pelo instituto”, afirma.
"A produção é outro desafio. As células de produção, chamadas de hot cells (células quentes), são blindadas com chumbo e dotadas de um sistema de filtragem do ar com pressão negativa em relação ao meio ambiente, para evitar qualquer possibilidade de vazamento e contaminação radioativa em caso de acidente”, acrescenta.
O beabá da fabricação é produzir o radioisótopo em reator nuclear, bombardeando o elemento estável com nêutrons; ligar quimicamente o radioisótopo à molécula orgânica que deverá carregá-lo até a região de interesse no organismo; realizar depois os procedimentos farmacêuticos padrão, de filtração, diluição etc.; e embalar adequadamente o produto final, em recipientes blindados, refrigerados etc.
Atualmente, todos os radioisótopos utilizados pelo Ipen são importados, porque o reator da instituição é um equipamento de pesquisa e não tem capacidade para produção em larga escala. E este é um grande gargalo para o país, que foi seriamente afetado quando, em 2008, o reator canadense que abastecia todo o mercado brasileiro e 40% do mercado mundial teve suas atividades paralisadas. Foi necessário buscar outros fornecedores, na Argentina e na África do Sul, mas a autossuficiência do país só será assegurada se e quando o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), na cidade paulista de Iperó, se tornar realidade.
"O projeto de modernização visa adequar o laboratório para a fabricação de novos radiofármacos-piloto, para estudos clínicos e registro, com o cumprimento de todas as regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária [Anvisa] em termos de adequação ambiental e segurança. Já estamos trabalhando com moléculas flúor-estradiol marcado com flúor 18, para o monitoramento da terapia do câncer de mama, e de PSNA 1007 marcado com flúor 18, para o monitoramento da terapia do câncer de próstata”, informa Bortoleti.
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- 06/11/2020 - Aparelho portátil da USP dá resultado de coronavírus em menos de um minutoFonte: UOLDo Jornal da USP 06/11/2020 13h25O teste rápido é uma ferramenta fundamental no combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus no Brasil. Para contribuir com este monitoramento, pesquisadores desenvolveram um dispositivo portátil capaz de detectar o SARS-CoV-2, com análises em tempo real: o GRAPH Covid-19.Com rapidez, precisão de resultados e portabilidade, o novo produto pode contribuir de modo significativo na batalha contra este vírus e também no controle de outros tipos de doenças. O dispositivo foi desenvolvido na Biosintesis, empresa de pesquisa, desenvolvimento e inovação, e residente na Incubadora USP/IPEN-Cietec.A soluçãoO GRAPH Covid-19 é uma plataforma de Diagnostic On a Chip (DoC) baseada na tecnologia inovadora de biossensores avançados com nanocompósitos de óxido de grafeno.Uma das vantagens é que a plataforma de diagnóstico GRAPH usa baixo volume de amostra biológica — como, por exemplo, uma gota de sangue —, sendo capaz de detectar e monitorar diversas doenças, tendo como prioridade testar a infecção por SARS-CoV-2. Além disso, o dispositivo terá produção nacional, dispensando a necessidade de importação de insumos e possibilitando alta escala de produção para atender rapidamente à demanda diagnóstica em todo o país.Atualmente, os testes rápidos importados são realizados por imunocromatografia, método de baixa exatidão e que traz grande preocupação com resultados falso-negativos. Por isso, a chegada de biossensores como plataforma diagnóstica no setor clínico é uma evolução tecnológica, com grandes vantagens frente às soluções disponíveis.Diagrama de funcionamento do GRAPH Covid-19 Imagem: USP Imagens/DivulgaçãoDe acordo com Fabiana Medeiros, doutora em Biotecnologia pelo Programa de Tecnologia Nuclear do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) da USP e sócia-fundadora da Biosintesis, os biossensores avançados associados a nanocompósitos de óxido de grafeno podem ser usados para diagnóstico em tempo real e monitoramento de diversas doenças."Os biossensores, quando aplicados em saúde, podem também detectar os diferentes tipos de biomarcadores prognósticos e diagnósticos associados ao câncer, diabete, Alzheimer, infecções virais (zika, dengue, chikungunya, etc.) e bacterianas, assim como vários tipos de técnicas de sensoriamento eletroquímico utilizadas para a detecção precoce de potenciais biomarcadores para essas doenças", explica Fabiana.DiferenciaisO equipamento necessita apenas de pouca quantidade de sangue para detectar e monitorar diversas doenças, entre elas a covid-19 Imagem: USP - Imagens/DivulgaçãoO GRAPH Covid-19 apresenta alguns diferenciais. É o método mais rápido disponível no mercado, com resultados em menos de um minuto; não necessita de laboratórios de biossegurança e também não precisa de mão de obra especializada para sua análise. Além disso, o equipamento é totalmente portátil e não necessita de um ponto de energia, internet ou estrutural laboratorial.É um equipamento que trará muitos benefícios ao monitoramento da pandemia no Brasil, além de apresentar potencial de exportação de tecnologia para outros países. A expectativa é que haja uma redução de custo em torno de 25% em comparação aos testes atuais.De acordo com Fabiana, estão previstas negociações futuras com as esferas governamentais para oferecer o equipamento a hospitais e postos de saúde."Somos uma empresa participante do movimento Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e ficamos em 7º lugar no Concurso Emergencial Covid-19 nº 002/2020 da ABDI/CNI, para a redução dos impactos da pandemia de covid-19 nas áreas dede cidades, bairros e conglomerados urbanos brasileiros com população vulnerável. Por esta iniciativa, e especialmente pela parceria com o IPEN, negociações com as esferas municipal, estadual e federal são um dos principais focos do projeto", destaca.O funcionamento básico do equipamento em laboratório já foi comprovado. No momento, os responsáveis pelo GRAPH Covid-19 estão trabalhando na validação de diagnóstico do SARS-CoV-2. "Esperamos ter resultados mais robustos no primeiro trimestre de 2021 e, naturalmente, o SUS [Sistema Único de Saúde] será o principal foco de atuação desta tecnologia.".Segundo Fabiana, é esperado que os biossensores custem em torno de R$ 155 em escala de produção. Essa produção em escala está prevista para acontecer a partir do registro da plataforma GRAPH na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Já sobre a previsão de quando o equipamento chegará ao mercado, a expectativa é que os testes sejam iniciados com os primeiros protótipos em laboratórios e unidades de saúde em seis meses. -
- 05/11/2020 - Dispositivo portátil criado por pesquisadores brasileiros detecta o coronavírus em tempo realEquipamento usa biossensores avançados com nanocompósitos de óxido de grafeno para detectar o SARS-CoV-2. Além de ajudar no monitoramento da covid no Brasil, poderá ser útil em outras doenças
Equipamento usa biossensores avançados com nanocompósitos de óxido de grafeno para detectar o SARS-CoV-2. Além de ajudar no monitoramento da covid no Brasil, poderá ser útil em outras doenças
Fonte: Jornal da USPO teste rápido é uma ferramenta fundamental no combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus no Brasil. Para contribuir com este monitoramento, pesquisadores desenvolveram um dispositivo portátil capaz de detectar o SARS-CoV-2, com análises em tempo real: o GRAPH Covid-19. Com rapidez, precisão de resultados e portabilidade, o novo produto pode contribuir de modo significativo na batalha contra este vírus e também no controle de outros tipos de doenças. O dispositivo foi desenvolvido na Biosintesis, empresa de pesquisa, desenvolvimento e inovação, e residente na Incubadora USP/IPEN-Cietec.
A solução
O GRAPH Covid-19 é uma plataforma de Diagnostic On a Chip (DoC) baseada na tecnologia inovadora de biossensores avançados com nanocompósitos de óxido de grafeno.
Uma das vantagens é que a plataforma de diagnóstico GRAPH usa baixo volume de amostra biológica – como, por exemplo, uma gota de sangue -, sendo capaz de detectar e monitorar diversas doenças, tendo como prioridade testar a infecção por SARS-CoV-2. Além disso, o dispositivo terá produção nacional, dispensando a necessidade de importação de insumos e possibilitando alta escala de produção para atender rapidamente à demanda diagnóstica em todo o País.
Atualmente, os testes rápidos importados são realizados por imunocromatografia, método de baixa acuracidade (exatidão) e que traz grande preocupação com resultados falso-negativos. Por isso, a chegada de biossensores como plataforma diagnóstica no setor clínico é uma evolução tecnológica, com grandes vantagens frente às soluções disponíveis.
Diagrama de funcionamento do GRAPH Covid-19 – Foto: DivulgaçãoDe acordo com Fabiana Medeiros, doutora em Biotecnologia pelo Programa de Tecnologia Nuclear do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) da USP e sócia-fundadora da Biosintesis, os biossensores avançados associados a nanocompósitos de óxido de grafeno podem ser usados para diagnóstico em tempo real e monitoramento de diversas doenças.
"Esta tecnologia traz benefícios significativos em relação a metodologias analíticas convencionais, tais como rapidez, alta sensibilidade e especificidade. Sua portabilidade permite diagnosticar o SARS-CoV-2 em qualquer local: postos do SUS, unidades de saúde,drive through, regiões remotas e até no controle de portos e aeroportos”
"Os biossensores, quando aplicados em saúde, podem também detectar os diferentes tipos de biomarcadores prognósticos e diagnósticos associados ao câncer, diabete, Alzheimer, infecções virais (zika, dengue, chikungunya, etc.) e bacterianas, assim como vários tipos de técnicas de sensoriamento eletroquímico utilizadas para a detecção precoce de potenciais biomarcadores para essas doenças”, explica Fabiana.
Diferenciais do Equipamento
O equipamento necessita apenas de pouca quantidade de sangue para detectar e monitorar diversas doenças, entre elas a covid-19 – Foto: DivulgaçãoO GRAPH Covid-19 apresenta alguns diferenciais. É o método mais rápido disponível no mercado, com resultados em menos de um minuto; não necessita de laboratórios de biossegurança e também não precisa de mão de obra especializada para sua análise. Além disso, o equipamento é totalmente portátil e não necessita de um ponto de energia, internet ou estrutural laboratorial.
É um equipamento que trará muitos benefícios ao monitoramento da pandemia no Brasil, além de apresentar potencial de exportação de tecnologia para outros países. A expectativa é que haja uma redução de custo em torno de 25% em comparação aos testes atuais.
De acordo com Fabiana, estão previstas negociações futuras com as esferas governamentais para oferecer o equipamento a hospitais e postos de saúde. "Somos uma empresa participante do movimento Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e ficamos em 7º lugar no Concurso Emergencial Covid-19 nº 002/2020 da ABDI/CNI, para a redução dos impactos da pandemia de covid-19 nas áreas de cidades, bairros e conglomerados urbanos brasileiros com população vulnerável. Por esta iniciativa, e especialmente pela parceria com o IPEN, negociações com as esferas municipal, estadual e federal são um dos principais focos do projeto”, destaca.
O funcionamento básico do equipamento em laboratório já foi comprovado. No momento, os responsáveis pelo GRAPH Covid-19 estão trabalhando na validação de diagnóstico do SARS-CoV-2. "Esperamos ter resultados mais robustos no primeiro trimestre de 2021 e, naturalmente, o SUS [Sistema Único de Saúde] será o principal foco de atuação desta tecnologia.”
Segundo Fabiana, é esperado que os biossensores custem em torno de R$ 155,00 em escala de produção. Essa produção em escala está prevista para acontecer a partir do registro da plataforma GRAPH na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Já sobre a previsão de quando o equipamento chegará ao mercado, a expectativa é que os testes sejam iniciados com os primeiros protótipos em laboratórios e unidades de saúde em seis meses.
Parcerias
Sob coordenação da Biosintesis, empresa residente na Incubadora USP/IPEN-Cietec, o projeto tem parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Conta com a participação de uma equipe de pesquisadores multidisciplinares, composta de quatro diferentes Centros de Pesquisas: Biotecnologia (CEBIO), Ciência e Tecnologia de Materiais (CCTM), Combustível Nuclear (CECON) e Tecnologia das Radiações (CETER).
"Com a pandemia, as empresas e o governo estão ampliando os investimentos em projetos de inovação e automação de empresas, principalmente para produção de equipamentos hospitalares que podem ser usados no combate ao novo coronavírus. O momento é oportuno para startups voltadas à saúde, como a Biosintesis, que está trazendo sua importante contribuição, por meio da criação deste dispositivo inovador”, afirma Sergio Risola, diretor-executivo do Cietec.
Com foco no desenvolvimento de soluções para apoio ao Sistema Único de Saúde (SUS), o IPEN/CNEN tem incentivado e apoiado vários projetos de pesquisa na prevenção e no combate à covid-19, os quais têm caráter inovador e propõem soluções criativas para o enfrentamento aos desafios desse momento de crise no País. "Muitas dessas pesquisas têm se revelado um sucesso, este é o caso da Biosintesis, que conta com a colaboração de pesquisadores de vários Centros de Pesquisa do IPEN, os quais, com suas expertises, têm dado grande contribuição para o sucesso do projeto. Esses recursos humanos altamente qualificados são motivo de muito orgulho para a nossa instituição”, avalia Isolda Costa, diretora de Pesquisa, Ensino e Desenvolvimento do IPEN.
Sobre o Biosintesis
Em operação desde 2008, o laboratório Biosintesis atua em duas frentes centrais de trabalho: pesquisa, desenvolvimento, inovação: desenvolvimento de novos materiais, engenharia de tecidos e testes/protocolos in vitro; e prestação de serviços para P&D e registro de produtos, atendendo a cinco áreas principais: dispositivos médicos e odontológicos, farmacêutica, puericultura e cosméticos.
Sobre o IPEN
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) é uma autarquia vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) do governo do Estado de São Paulo e gerida técnica e administrativamente pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) do governo federal.
Com destacada atuação na área nuclear, proporcionando avanços significativos no domínio de tecnologias, na produção de materiais e na prestação de serviços de valor econômico e estratégico para o País, o IPEN/CNEN também é excelência na formação de recursos humanos, no âmbito de seu Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear associado à USP.
Sobre o Cietec
O Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), fundado em abril de 1998, tem como missão incentivar o empreendedorismo e a inovação tecnológica por meio da criação, fortalecimento e a consolidação de empresas de base tecnológica. O Cietec apoia a transformação de conhecimento em produtos e serviços para o mercado, a inserção no ecossistema de inovação, a capacitação técnica e de comercialização, contribuindo para o aumento da competitividade no Brasil.
O Cietec é a entidade gestora da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica USP/IPEN, onde são conduzidos processos de incubação de empresas inovadoras, em diferentes níveis de maturidade. Nesses processos, são oferecidos serviços de apoio para demandas nas áreas de gestão tecnológica, empresarial e mercadológica, aproximação com o investimento-anjo, capital semente e venture capital, recursos de fomento público, além de infraestrutura física para a instalação e operação dessas empresas.
Com informações de Trama Comunicações
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- 27/10/2020 - Dispositivo portátil detecta o novo coronavírus em tempo realFonte: FapespA Biosintesis, startup residente na incubadora USP/Ipen-Cietec e apoiada pelo Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), desenvolveu um dispositivo portátil capaz de detectar o SARS-CoV-2 em tempo real.
Batizado de GRAPH COVID-19, o equipamento é uma plataforma de diagnósticos em um chip (DoC, na sigla em inglês) baseada em biossensores avançados com nanocompósitos de óxido de grafeno.
A plataforma de diagnóstico usa baixo volume de amostra biológica – como, por exemplo, uma gota de sangue – e é capaz de detectar e monitorar diversas doenças, além da COVID-19.
As análises não requerem profissionais especializados para executá-las e os resultados saem em menos de um minuto. A expectativa é que o custo seja até 25% menor que os testes disponíveis atualmente.
O dispositivo será fabricado no Brasil e dispensará a necessidade de importação de insumos. A empresa tem a expectativa de exportá-lo.
"A tecnologia que desenvolvemos traz benefícios significativos em relação a metodologias analíticas convencionais, tais como rapidez, alta sensibilidade e especificidade. A portabilidade permite diagnosticar o SARS-CoV-2 em qualquer local, como postos de saúde, regiões remotas e até controle de portos e aeroportos”, avalia Fabiana Medeiros, sócia-fundadora da empresa.
De acordo com Medeiros, os testes rápidos importados são realizados atualmente por imunocromatografia, método de baixa acurácia e que traz grande preocupação com resultados falsos negativos. Por isso, a chegada de biossensores como plataforma diagnóstica no setor clínico é uma evolução tecnológica disruptiva com grandes vantagens frente às soluções disponíveis.
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- 13/10/2020 - Lixo radioativo é tratado com o uso de cascas de arroz e de caféMateriais abundantes e de baixo custo, cascas são capazes de absorver rejeitos dos elementos radioativos amerício e urânio
Materiais abundantes e de baixo custo, cascas são capazes de absorver rejeitos dos elementos radioativos amerício e urânio
Fonte: Jornal da USPPor Júlio Bernardes
Arte: Beatriz Abdalla/Jornal da USPCascas de arroz e de café, dois materiais abundantes e de baixo custo, foram testadas com sucesso no tratamento de rejeitos radioativos em pesquisa do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), instituição associada à USP. Os melhores resultados foram obtidos com a casca de café não processada, que absorveu rejeitos de urânio e amerício, duas substâncias radioativas cuja remoção é feita atualmente por meio de técnicas que apresentam custos elevados de aplicação. O objetivo é que, no futuro, a técnica seja capaz de reduzir volumes significativos de rejeito líquido a pequenas massas de rejeito sólido, facilitando seu acondicionamento final.
Os resultados do trabalho são descritos em artigo publicado na revista científica Environmental Science and Pollution Research. "Os rejeitos usados na pesquisa são provenientes de pesquisas realizadas no próprio Ipen, e armazenados no depósito da Gerência de Rejeitos Radioativos (GRR) do instituto”, relata ao Jornal da USP o pesquisador Leandro Goulart de Araújo, que participou do trabalho. "No entanto, rejeitos similares são gerados em diversas atividades nucleares no mundo, principalmente as relacionadas ao uso de combustível nuclear em reatores de potência ou de pesquisa, com presença dos elementos radioativos amerício, césio e urânio.”
Leandro Goulart de Araújo: cascas com e sem tratamento
foram testadas na absorção de rejeitos – Foto: ResearchGateAs cascas de arroz e café foram obtidas junto às empresas Arroz Vale do Sul e Grupo Sara Lee. "São produtos de fácil obtenção e de baixo custo. Todas as biomassas foram lavadas, secas em estufa, esterilizadas e trituradas”, descreve Araujo. "Uma parte foi utilizada sem nenhum preparo e outra foi submetida a tratamento químico, com uso de ácido, base e processos subsequentes de filtração, lavagem e aquecimento a 60 graus Celsius.” A técnica adotada nos experimentos foi a biossorção, que utiliza biomassas para absorver contaminantes.
Reduzindo rejeitos
O pesquisador ressalta que os resultados dos testes em laboratório foram interessantes para rejeitos de urânio e amerício para todas as variações de biomassas utilizadas, não processadas e processadas quimicamente. "Todas transformaram um grande volume de rejeitos em uma pequena quantidade de biomassa, e a mais eficiente foi a casca de café não processada”, afirma. "Para o césio, as biomassas não foram eficientes, provavelmente em razão da acidez do rejeito radioativo e sua baixa concentração, quando comparada aos outros elementos.”
Adoção em larga escala da técnica dependerá de novos experimentos, com uma quantidade de rejeitos mais próxima da existente em situações reais, como em reatores de potência (para geração de energia) e pesquisa – Foto: Wikimedia Commons
A maior vantagem da técnica de biossorção é o baixo custo e a possibilidade de usar um resíduo para tratar outro, diz Araújo. "Já existem técnicas bastante eficientes para o tratamento de rejeitos contaminados por esses elementos, mas elas são custosas e adotam materiais de difícil obtenção”, observa. A adoção em larga escala do método dependerá de novos experimentos, com uma quantidade de rejeitos mais próxima da existente em situações reais.
Para adequado acondicionamento da biomassa após tratamento é necessário imobilizá-la em uma matriz sólida. "Geralmente se usa o cimento portland para tal”, afirma o pesquisador. "Os resultados preliminares mostram que a biomassa pode ser imobilizada via cimentação, apresentando resultados dentro das normas estabelecidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Espera-se que no futuro a técnica possa ser aplicada para reduzir grandes volumes de rejeitos líquidos a reduzidas massas sólidas, simplificando seu acondicionamento final.”
O estudo foi realizado pelos pesquisadores em gestão de resíduos radioativos do Ipen, com a participação do professor Júlio Takehiro Marumo e Rafael Vicente de Padua Ferreira, que defendeu tese de doutorado sobre o tema no Ipen (cuja pós-graduação é oferecida em parceria com a USP), e Leandro Goulart de Araújo. Também colaboraram Rafael Luan Sehn Canevesi e o professor Edson Antonio da Silva, da Universidade Oeste do Paraná. A pesquisa é descrita no artigo The use of rice and coffee husks for biosorption of U (total), 241Am, and 137Cs in radioactive liquid organic waste, publicado na revista científica Environmental Science and Pollution Researchno último dia 20 de junho.
Mais informações: e-mails jtmarumo@ipen.br, com Júlio Takehiro Marumo, e leandro.araujo@ipen.br, com Leandro Goulart de Araújo
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- 10/10/2020 - Atividades virtuais marcam o aniversário de 64 anos da CNEN e integram programação do Mês Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovações (MNCTI)Uma palestra institucional sobre a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), realizada virtualmente pelas redes sociais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), abriu a programação deste dia 10 de outubro. A data é o aniversário de 64 anos da CNEN e também o dia da Comissão no Mês Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovações (MNCTI), organizado pelo MCTI.
Uma palestra institucional sobre a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), realizada virtualmente pelas redes sociais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), abriu a programação deste dia 10 de outubro. A data é o aniversário de 64 anos da CNEN e também o dia da Comissão no Mês Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovações (MNCTI), organizado pelo MCTI.
Fonte: Site CNEN
No encontro virtual, iniciado às 9 horas, o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da CNEN – Madison Coelho de Almeida - e o diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear - Ricardo Fraga Gutterres apresentaram as atividades da CNEN, seus desafios e projetos. Eles também lembraram os 64 anos da instituição, destacando a trajetória de conquistas das últimas décadas, o importante papel que exerce atualidade, o empenho e a elevada capacitação de seus profissionais.
Para assistir à palestra, clique aqui.
Na palestra das 11 horas, o Dr. Márcio Tadeu Pereira, pesquisador do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), unidade da CNEN em Belo Horizonte (MG) abordou o tema O que é irradiação? E irradiação gama?
Ele apresentou as característica deste tipo de radiação ionizante, detalhou a diferença entre radioatividade e irradiação e explicou como ocorre uma irradiação gama e quais são seus usos, entre os quais vale destacar: esterilizações, atenuação de hemoderivados, agregação de valor a gemas (coloração de gemas), combate a pragas agrícolas e a insetos transmissores de doenças e pesquisas diversas.
Para assistir à palestra, clique aqui.
Às 12 horas, na última palestra da manhã, a Dra. Lidia Vasconcellos de Sá falou sobre Segurança radiológica na saúde e no meio ambiente. A pesquisadora do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD/CNEN), unidade da CNEN no Rio de Janeiro, mostrou como a radiação ionizante faz parte do ambiente de vida da raça humana, estando presente, por exemplo, nos raios cósmicos e em materiais radioativos de ocorrência natural no solo, na água e mesmo em alimentos.
Abordou também os principais usos das radiações ionizantes na vida cotidiana, que ocorrem em uma ampla variedade de propósitos benéficos à sociedade, como na indústria, medicina, agricultura, na pesquisa e na educação. Falou ainda dos mecanismos de controle estabelecidos internacionalmente, a infraestrutura existente no país para assegurar a segurança de operações rotineiras e, ainda, os mecanismos de resposta e mitigação a possíveis incidentes e acidentes em várias práticas que envolvem o uso das radiações ionizantes.
Para assistir à palestra, clique aqui.
A programação da CNEN foi retomada na parte da tarde com a palestra O que são radiofármacos e como eles nos diagnosticam e nos curam. O Dr. Emerson Soares Bernardes, pesquisador do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN), unidade da CNEN na cidade de São Paulo, explicou que radiofármacos são moléculas que, quando acopladas a um radioisótopo, adquirem propriedades diagnósticas ou terapêuticas.
Estas moléculas são utilizadas não apenas para diagnosticar e tratar processos patológicos, como o câncer, mas também para monitorar o funcionamento de vários órgãos, como coração, rins, entre outros.
Para assistir à palestra, clique aqui.
Um ponto de destaque na programação ocorreu às 16 horas. O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Paulo Roberto Pertusi, foi entrevistado pelo engenheiro Daniel Fonseca Lavouras. Na entrevista, foi ressaltada a data do aniversário de 64 anos da CNEN, com referência à competência e relevância da instituição demonstradas nestas mais de seis décadas de atividade. "Quero parabenizar a todos os nossos servidores e colaboradores, que fazem a CNEN ser a grande instituição que é”, declarou o presidente.
Respondendo a questionamentos do entrevistador, Pertusi teve a oportunidade de falar mais detalhadamente sobre as atividades da CNEN. Ele ressaltou a relevância da Comissão para o desenvolvimento das aplicações da energia nuclear em diversas áreas, em benefício da sociedade brasileira. Falou também do empenho e profissionalismo da instituição para garantir que o uso de tecnologias nucleares ocorra dentro de elevados padrões de segurança.
Pertusi abordou ainda os desafios e projetos da instituição e as ações em curso para criação da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN), que absorverá as funções e responsabilidades da CNEN quanto ao licenciamento e controle do setor nuclear brasileiro.
Para assistir à entrevista, clique aqui.
Os Projetos Estruturantes do Setor Nuclear foram o tema da palestra que iniciou às 17 horas. Nesta que foi a atividade de maior duração dentro da programação da CNEN, dois coordenadores-gerais da Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD) da Comissão focaram em apresentar projetos que terão grande impacto na área nuclear do País, trazendo considerável desenvolvimento para o setor e também grandes benefícios em diferentes segmentos sociais.
Os Drs. Francisco Rondinelli Júnior (Coordenação-Geral de Aplicações das Radiações Ionizantes) e Orlando João Agostinho Gonçalves Filho (Coordenação-Geral de Ciência e Tecnologia Nucleares) mostraram a relevância e o atual estágio de desenvolvimento de três projetos centrais do setor nuclear brasileiro que estão sob a coordenação da Comissão Nacional de Energia Nuclear:
- Reator Multipropósito Brasileiro (RMB)
- Laboratório de Fusão Nuclear (LFN)
- Repositório para Rejeitos de Baixo e Médio Nível de Radiação (RBMN)
Para assistir à palestra e conhecer mais sobre estes projetos estruturantes liderados pela CNEN, clique aqui.
Neste dia de comemoração dos 64 anos da CNEN e de realização de ações de popularização da ciência, a programação da instituição foi ampla e diversificada, com atividades virtuais sendo realizadas até o início da noite. O último tema tratado foi O que é o combustível nuclear e como ele promove progresso e saúde. A palestra, que iniciou às 19 horas, foi proferida pela Dra. Elita Fontenele Urano de Carvalho, pesquisadora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN), unidade da CNEN na cidade de São Paulo.
Ela ressaltou que o Brasil faz parte de um seleto grupo de países com jazidas de urânio e tecnologia de enriquecimento deste minério. Com isso, o País possui produção do combustível nuclear - em forma de pastilhas e placas - para abastecimento de reatores nucleares, sejam eles de pesquisa, sejam de potência. A pesquisadora explicou como ocorre esta produção, apresentando o ciclo do combustível nuclear, da mineração ao produto final. Abordou ainda as diversas aplicações realizadas com alvos irradiados de urânio, salientando as inúmeras possibilidades de benefício para a Medicina Nuclear e outros segmentos e também para a pesquisa básica e aplicada.
Para assistir à palestra, clique aqui.
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- 28/09/2020 - USP e IPEN assinam acordo para consolidar criação do curso de Engenharia NuclearCurso terá duração de cinco anos em período integral e o ingresso poderá ser feito já a partir de 2021 pelo vestibular da Fuvest ou pelo Sisu
Curso terá duração de cinco anos em período integral e o ingresso poderá ser feito já a partir de 2021 pelo vestibular da Fuvest ou pelo Sisu
Fonte: Jornal da USP
A USP e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), por meio do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), assinaram hoje, dia 28 de setembro, um acordo de cooperação para consolidar a parceria na criação da habilitação em Energia Nuclear, que será oferecida como opção de composição dos cursos de graduação em Engenharia de Materiais e Engenharia Metalúrgica da Escola Politécnica (Poli).Com duração de cinco anos em período integral, o ingresso poderá ser feito já a partir de 2021 pelo vestibular da Fuvest ou pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). As novas vagas são decorrentes de remanejamento interno nos cursos da Escola. Os estudantes terão grade curricular comum, podendo optar pela especialização em Engenharia Nuclear ao fim do terceiro ano.
A nova habilitação, aprovada pelo Conselho Universitário no dia 23 de junho, foi criada tendo em vista a carência da oferta de cursos semelhantes no País e a demanda esperada de profissionais na área.
"A proposta de criação da nova habilitação já vinha sendo estudada há algum tempo e é resultado de um esforço coletivo, de um trabalho sério, que resultou na criação de curso de acordo com as novas diretrizes curriculares”, destacou a diretora da Poli, Liedi Legi Bariani Bernucci, na cerimônia realizada virtualmente e que contou com a presença de dirigentes da Universidade, do IPEN e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
Para o reitor Vahan Agopyan, a parceria representa "um jogo ganha-ganha, porque o curso nasce consolidado pela experiência e excelência de duas importantes instituições e a sociedade é que ganha com isso, pois entregamos a ela o que temos de melhor”.
O superintendente do IPEN, Wilson Aparecido Parejo Calvo, ressaltou a profícua parceria com a USP, principalmente no que se refere ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear Ipen/USP, que acaba de atingir a marca de 3 mil mestres e doutores titulados (1 mil de doutorado e 2 mil de mestrado).
O presidente da CNEN, Paulo Roberto Pertusi, afirmou que a criação do curso na USP "é um marco na história da engenharia nuclear no País. Agradeço à USP por mostrar à sociedade os benefícios que a educação, a ciência e tecnologia podem trazer para nosso povo”.
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- 28/09/2020 - Governo prepara MP para criação de novo órgão regulador do setor nuclearFonte: Agência epbr
O governo federal tem pronta uma minuta de medida provisória (MP) para criar a Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN), novo órgão para fiscalizar atividades nucleares.O texto é uma resposta às exigências de órgãos de controles, como o Tribunal de Contas da União (TCU), e da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
O entendimento é que a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) atualmente fiscaliza suas próprias atividades. A comissão é, ao mesmo tempo, um órgão executor de projetos da política nuclear e fiscal do setor.
O Ministério de Minas e Energia (MME), comandado por Bento Albuquerque, está à frente da criação da ANSN. Almirante de Esquadra da reserva, o ministro e alguns de seus assessores diretos têm passagem pelo setor nuclear, dentro e fora da Marinha.
A criação do novo órgão ocorre em um momento em que o governo federal traça metas para o setor, envolvendo a conclusão das obras da Usina Nuclear de Angra 3, retomar atividades de mineração de urânio, implantar o Repositório Nacional de Rejeitos Radioativos e construir o Reator Multipropósito Brasileiro, por exemplo.
São planos para os próximos dez anos, segundo a pasta.
No longo prazo, a meta do MME é instalar um total de 10 GW de potência em novas usinas nucleares até 2050.
A proposta de MP vem da "necessidade imperiosa e urgente de segregar competências – hoje a cargo da CNEN – que não podem estar sob a alçada de um mesmo agente público (…) que, concomitantemente, desenvolve a política nacional de energia nuclear no Brasil, desenvolve pesquisas, e, também, é responsável por estabelecer normas, regular, licenciar e fiscalizar as suas atividades, além do uso da energia nuclear em todo o país”, afirma o MME.
O diagnóstico é feito pelo Chefe da Assessoria Especial de Gestão Estratégica do MME, Ney Zanella, em um dos documentos que fundamentam a medida provisória – obtidos pela epbr por meio da Lei de Acesso à Informação.
CNEN fica no MCTI, ANSN vai para o MME e Marinha mantém independência
O plano de criação da ANSN prevê uma cisão da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que atualmente é responsável por todas as etapas do setor, como pesquisa, operação e fiscalização de projetos que usam tecnologia nuclear.Segundo a minuta da MP, a comissão será reestruturada e continuará responsável pelas áreas de ciência, tecnologia, inovação e pesquisa, subordinada ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCTI), de Marcos Pontes, tenente-coronel da reserva da Força Aérea Brasileira (FAB).
A vinculação da ANSN será definida em decreto, mas o MME afirmou à epbr que o novo órgão será supervisionado pela pasta.
As atribuições atuais da Agência Nacional de Mineração (ANM) em relação à mineração de urânio, bem como a regulamentação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre as usinas termonucleares de Angra ficarão a cargo da ANSN.
A atuação da futura autoridade inclui ações não relacionadas diretamente com a geração de energia, como projetos de irradiação de alimentos e medicina nuclear.
Mais um ponto de contato dos militares com o setor. A Amazul (Amazônia Azul Tecnologias de Defesa), por exemplo, pretende criar centros de irradiação voltados para esterilização de alimentos, medicamentos, cosméticos, insumos para a área médica e outras indústrias.
Estatal da Marinha, a Amazul foi criada em 2013 para desenvolver tecnologias prioritárias do Programa Nuclear da Marinha (PNM) e do Programa Nuclear Brasileiro (PNB). O projeto de maior identificação com as forças armadas é o reator de propulsão nuclear.
Os principais projetos da Marinha na área nuclear não ficarão, contudo, sob a responsabilidade da nova autoridade nacional.
No ano passado, o governo enviou um projeto de lei ao Congresso Nacional que atribui à própria Marinha a fiscalização do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) e do PNM. A lei foi sancionada por Jair Bolsonaro (sem partido) em janeiro de 2020.
A decisão do novo órgão envolveu, especialmente, os ministérios de Minas e Energia, o MCTI e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), do general da reserva Augusto Heleno, e que atualmente abriga o Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro (CDPNB).
MME e Marinha buscam protagonismo
As atribuições da nova Autoridade Nacional de Segurança Nuclear são reflexo do protagonismo de Bento Albuquerque e do grupo oficiais da Marinha ligados ao setor desde o início do governo.O vice-almirante Zanella é presidente do conselho da Nuclep, estatal de caldeiraria pesada que atende a projetos nucleares da Marinha, e das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), responsável pelo enriquecimento e mineração de urânio – área em que Bento Albuquerque defende a entrada de capital privado, sob controle do governo.
O próprio ministro presidiu o conselho da Nuclep até 2019 e liderava o programa de desenvolvimento do submarino nuclear, o Prosub, no qual Zanella também atuou.
O governo Bolsonaro planeja privatizar a Nuclep. A estatal, diretamente vinculada à CNEN, foi incluída no Programa Nacional de Desestatização (PND) em abril deste ano.
"O mercado está ansioso para isso”
Para o presidente da ABDAN (Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares), Celso Cunha, a subordinação ao MME do órgão que também cuidará de outros usos nucleares, como irradiação de alimentos e medicina nuclear, não é um problema."Mais de 70% da atividade é Minas e Energia. O mercado está ansioso para isso, é um debate mais do que maduro e a criação de um ambiente regulatório independente dá credibilidade ao setor”, disse.
Cunha afirma que a fiscalização do setor nuclear é totalmente diferente dos demais, especialmente pelo controle que se deve ter sobre os minérios e combustíveis nucleares.
"Mineração de urânio não é só escavar um buraco, estamos falando de um componente que tem controle mundial, em que somos fiscalizados”.
Além das usinas nucleares de Angra 1 e 2, a ANSN ficará responsável, por exemplo, por fiscalizar o Reator Multipropósito Brasileiro, do IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) e mais de duas mil instalações nas áreas de segurança, serviços, indústria e medicina.
Preocupação na Economia é com salários
O político epbr, serviço de informações exclusivas da epbr, antecipou na semana passada que a equipe econômica mantém ressalvas com a criação da ANSN.O problema identificado não é o mérito da proposta, mas a possibilidade de aumento de despesa a médio e longo prazos.
Mesmo com a justificativa de que não seriam necessários gastos para a criação do órgão, o receio é que a nova autoridade abra portas para uma pressão por recursos para fortalecimento do órgão e eventual transformação da autoridade em agência reguladora.
Com isso, seria necessário a equiparação de cargos e carreiras dos atuais funcionários com os servidores das agências, o que significaria mais custo para as contas públicas.
Segundo a minuta da MP, não há previsão de aumento de despesa com a criação da ANSN. A estratégia do governo é a reorganização de funções gratificadas e uso de cargos já existentes na CNEN.
A diretoria da nova autoridade funcionará de forma semelhante às agências reguladoras, com indicação pelo ministério supervisor e nomeação pela Presidência da República.
A MP não detalha a estrutura regimental e os cargos da nova autarquia, que serão definidos também por decreto.
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- 26/09/2020 - Pesquisadora do IPEN esclarece sobre aplicações de nêutrons em análises clínicasO vídeo pode ser acessado no Canal Mulheres na Ciência, no Youtube
O vídeo pode ser acessado no Canal Mulheres na Ciência, no Youtube
A física Cibele Bugno Zamboni, do Centro do Reator de Pesquisa (CERPQ) do IPEN, esclarece sobre aplicações da Física Nuclear na área da Saúde, destacando a realização de análises clínicas utilizando nêutrons.
O vídeo pode ser acessado no canal Mulheres na Ciência, criado em setembro de 2019 pela profa. Débora Peres Menezes e suas alunas Beatriz Nattrodt D´Avila e Gabriela Gauce, do Departamento de Física da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Link para o vídeo -
- 25/09/2020 - Mineração biotechUso de bactérias para tratar minérios em jazida de ouro em Mato Grosso pode reduzir risco ambiental e custos de operação
Uso de bactérias para tratar minérios em jazida de ouro em Mato Grosso pode reduzir risco ambiental e custos de operação
Fonte: Revista FAPESP
A mina de ouro Zé do Vermelho, em atividade desde 2015 em Paranaíta, no norte de Mato Grosso, programa instalar até abril de 2021 um sistema de bio-oxidação que utiliza microrganismos no processo de tratamento do material extraído da jazida. O investimento no conjunto de reatores bioquímicos com capacidade de processar 60 toneladas de material mineral por dia é estimado em R$ 3 milhões. "O biotratamento permitirá uma economia significativa de insumos químicos e resultará numa mitigação enorme do risco ambiental”, prevê o empresário André Vienna, gestor da Tório Mineração, a controladora da unidade matogrossense. A mina produz 120 quilos (kg) de ouro por ano e tem reserva medida em cerca de 8,2 toneladas (290 mil onças).A separação do ouro do material mineral extraído de uma jazida é realizada primeiro por peneiramento e, depois, por moagem por meio de métodos gravimétricos, utilizando centrífugas ou mesas vibratórias. Muitas vezes, porém, o ouro está envolto por enxofre, sulfetos e outras impurezas. É o chamado ouro refratário. A extração então exige um processo de lixiviação, isto é, a dissolução das impurezas em solução química.
A bio-oxidação é realizada com a incorporação de uma etapa prévia à lixiviação. O processo é simples. "As bactérias dispostas em reatores, grandes tanques de aço revestidos de polipropileno, alimentam-se do enxofre contido no minério. Seu metabolismo produz ácido sulfúrico. As impurezas são separadas e dissolvidas na solução corrosiva”, explica Rafael Vicente de Pádua Ferreira, cofundador da Itatijuca Biotech. A startup é a responsável pelo desenvolvimento do sistema, feito com tecnologia nacional, que será implementado na mina Zé do Vermelho. As bactérias utilizadas, inofensivas aos seres humanos, são das espécies Acidithiobacillus ferrooxidans e Acidithiobacillus thiooxidans. A Itatijuca é residente na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e da Universidade de São Paulo (USP), gerida pelo Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia da Universidade de São Paulo (Cietec).
"A Tório será a primeira mineradora a adotar um sistema de biotratamento desenvolvido no país”, salienta a química especialista em biotecnologia Denise Bevilaqua, atual coordenadora do grupo de pesquisa Bioprocessos Aplicados à Mineração e ao Meio Ambiente do Instituto de Química na Universidade Estadual Paulista (IQ-Unesp), em Araraquara, no interior paulista. Segundo ela, embora os processos de biotratamento mineral sejam consolidados e conhecidos em nível acadêmico e na mineração mundial, é preciso estabelecer uma rota biotecnológica específica para cada corpo mineral conforme a composição de seus minérios e condições ambientais. Outro desafio é escolher a cepa de microrganismos mais adequada. "Não há receita de bolo. Cada operação mineral exige o estabelecimento de um processo biotecnológico próprio”, frisa.
Após o biotratamento, diz Vienna, a lixiviação demanda uma menor quantidade de material químico. Segundo ele, testes em escala-piloto realizados pela Itatijuca indicam um potencial de redução em 70% na utilização de ácido e cianeto e uma diminuição de 50% no tempo de lixiviação. O custo total da lixiviação deverá ser reduzido em 35%. Ele prefere não divulgar a comparação em números absolutos, uma vez que o volume de material químico utilizado e o tempo de lixiviação são determinados pelas características do lote de material a ser tratado e depende de muitas variáveis.
A menor utilização de produtos químicos no processo e a total eliminação do enxofre consumido das bactérias resultam em menor quantidade de rejeitos líquidos ácidos na lixiviação, que precisam ser drenados e tratados. Reduzem também o risco de liberação dos resíduos químicos no lençol freático, em caso de acidentes ou de incidência extraordinária de chuvas. Os resíduos sólidos também carregam quantidade menor de químicos e impurezas minerais, permitindo uma disposição final mais segura. "O risco ambiental da lixiviação é mais fácil de ser controlado”, explica Ferreira. "Quando sistemas como esse são instalados antes do início da atividade mineral, o licenciamento ambiental, em tese, corre mais rápido.”
Outra vantagem do pré-tratamento com a bio-oxidação é um melhor aproveitamento do minério refratário. "Muitas vezes os reagentes químicos na lixiviação tradicional não conseguem liberar o ouro encoberto pelas impurezas e todo o material acaba classificado como resíduo”, descreve Ferreira. "Durante os testes em escala-piloto triplicamos a eficiência na recuperação do ouro do material refratário”, afirma.
Despertar brasileiro
Quando implementar o processo de bio-oxidação, a Tório se tornará a única mineradora brasileira a utilizar métodos biotecnológicos em seu processo produtivo. A bio-hidrometalurgia, o conjunto de técnicas que utiliza rotas com microrganismos para retirar impurezas que envolvem minérios, é conhecida desde os anos 1960. Sua aplicação ocorreu pela primeira vez em uma mina de ouro na África do Sul, a Fairview, em 1986. Hoje, o biotratamento é bastante usual em extração de cobre, ouro, níquel, ferro, urânio e outros metais em minas em diversos países.
A pesquisa brasileira esteve entre as pioneiras da bio-hidrometalurgia. Uma equipe coordenada pelo biólogo Oswaldo Garcia Júnior implementou no início dos anos 1980 uma planta-piloto inédita no mundo para o biotratamento de urânio, desenvolvida para a Empresas Nucleares Brasileiras (Nuclebrás), estatal responsável por projetos de energia nuclear. O processo foi bem-sucedido, mas acabou desativado quando a empresa foi extinta em 1989. Em 1986, Garcia criou um núcleo de bio-hidrometalurgia no IQ-Unesp, onde se formou Maurício César Palmieri, cofundador da Itatijuca Biotech.
Além das iniciativas experimentais, como a implementada pela companhia Vale no biotratamento de cobre na Mina do Sossego, no Pará (ver Pesquisa FAPESP nº 200), e a realização de projetos com vários minérios pelo Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), a única aplicação em escala industrial de bio-hidrometalurgia em uma mineradora no Brasil foi realizada pela São Bento Mineração. A operação de extração de ouro ocorreu em Santa Bárbara, em Minas Gerais, com tecnologia utilizada fornecida por sua controladora, a anglo-australiana BHP Billiton. A mineradora, no entanto, fechou as portas, por conta do declínio da atividade de produção do ouro, interrompendo o projeto.
A experiência da Tório, conforme Denise Bevilaqua, do IQ-Unesp, pode representar o despertar da mineração brasileira para a bio-hidrometalurgia. "A mineração é uma atividade muito tradicionalista. Ninguém quer ser o primeiro a incorporar uma inovação, mas, quando alguém adota e é bem-sucedido, todos querem fazer igual”, observa.
O engenheiro de minas brasileiro Carlos Hoffmann Sampaio, um dos maiores especialistas no assunto e professor do Departamento de Engenharia Mineral e Industrial da Universidade Politécnica da Catalunha (Espanha), explica que a maior dificuldade da bio-hidrometalurgia é a baixa velocidade que as bactérias agem. "Por isso, ela é normalmente usada para minas pequenas.” Apesar disso, ele defende que o uso do método possui um potencial de expansão expressivo, principalmente na mineração de minérios valorizados, como o ouro – em julho, sua cotação internacional está em torno de US$ 58 (cerca de R$ 315) o grama. Uma cotação nesse patamar, avalia Sampaio, estimula a exploração, inclusive em reservas minerais com baixos teores de ouro.
Numa jazida hipotética, exemplifica Sampaio, em cada mil quilos de minério se extrai por volta de 5 gramas de ouro liberado, não coberto por sulfetos, que podem ser obtidos apenas com a lixiviação tradicional, com cianeto. No mesmo material, há também outros 15 gramas de ouro refratário, aquele recoberto por sulfetos. Nesse caso, utilizar o biotratamento antes da lixiviação com cianeto resulta em um total de 20 gramas de ouro para cada mil quilos de minério. "Trata-se de um ganho que não se pode desprezar”, afirma o especialista.
Link para a matéria completa aqui
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- 25/09/2020 - Na pele da tilápiaMaterial biológico já conhecido para o tratamento de queimaduras começa a ser usado em cirurgias ginecológicas
Material biológico já conhecido para o tratamento de queimaduras começa a ser usado em cirurgias ginecológicas
Fonte: Revista FAPESP
O Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher da Universidade Estadual de Campinas (Caism-Unicamp) foi palco de um procedimento experimental inédito no fim de abril. Pela primeira vez, cirurgiões usaram pele de tilápia-do-nilo (Oreochromis nicoticus) na reconstrução do canal vaginal de uma paciente transexual que havia se submetido, anos atrás, a uma malsucedida cirurgia de redesignação sexual, passando de homem a mulher. O procedimento é fruto de uma extensa pesquisa sobre o uso da pele de tilápia para finalidades médicas iniciada há quatro anos no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade Federal do Ceará (NPDM-UFC), em parceria com o Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ), de Fortaleza.A paciente trans, cuja identidade foi preservada, procurou a equipe do cirurgião Leonardo Bezerra, do Departamento de Saúde Materno-Infantil da UFC, após saber dos bons resultados do uso de pele do peixe na reconstrução vaginal – técnica conhecida como neovagina – de 10 mulheres portadoras de um raro distúrbio congênito, a síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser, que as faz nascer sem o canal vaginal ou com ele pouco desenvolvido. A mesma equipe já havia operado com êxito uma mulher que teve de reconstruir a vagina por causa de sequelas de um câncer ginecológico.
"A opção que a paciente trans tinha era fazer um autoenxerto com segmento de intestino, uma cirurgia extremamente agressiva, demorada e com complicações a longo prazo”, diz Bezerra. "O uso da pele de tilápia permite uma operação mais simples, rápida e menos invasiva. O epitélio da pele de tilápia funciona como arcabouço e suporte para o desenvolvimento do epitélio vaginal, com elasticidade, dimensão e funcionalidade adequadas.”
Tanto na cirurgia feita na Unicamp quanto nas realizadas no Ceará, nas mulheres com a síndrome de Rokitansky, as pacientes ficam cerca de uma semana com um molde acrílico envolto na pele de tilápia dentro do canal vaginal. Depois a prótese é retirada e a pele do peixe deixada no local. "O colágeno (da pele da tilápia) vai sendo destruído, as moléculas são ‘quebradas’ e a pele do animal é incorporada ao tecido. Isso faz com que células presentes no canal vaginal se diferenciem em outras, formando o epitélio vaginal”, explica o médico Manoel Odorico de Moraes, coordenador do NPDM e professor da Faculdade de Medicina da UFC. Não há necessidade de medicar os pacientes com drogas imunossupressoras, pois o material biológico não é colocado dentro da cavidade abdominal, mas na vagina, que é uma extensão da pele humana. "Até hoje não houve nenhum caso de rejeição”, diz Moraes.
A equipe cearense tem sido bastante procurada por pacientes transexuais que fizeram cirurgia de redesignação sexual de homem para mulher, com resultados insatisfatórios, pela técnica clássica, na qual se usa a pele do próprio pênis para a construção da neovagina. "Ocorre que, antes da cirurgia, elas fazem um tratamento hormonal para que o corpo adquira características femininas, o que reduz o tamanho do pênis. Com isso, sobra pouca pele de pênis e a vagina fica pouco funcional”, conta Leonardo Bezerra, da Faculdade de Medicina da UFC.
Rede de pesquisa
Moraes lidera desde 2015 a pesquisa com pele de tilápia, ao lado do cirurgião plástico Edmar Maciel, presidente do IAQ. O estudo teve início quando eles abraçaram uma ideia original do cirurgião plástico Marcelo Borges, professor da Faculdade de Medicina de Olinda (PE). Após ler uma reportagem sobre artesanato feito com pele de tilápia, Borges imaginou que poderia usar o material para tratar queimados por ser muito rico em colágeno e se tratar de um item barato – em geral, é descartado pela indústria pesqueira. O uso de curativos biológicos para tratar feridas e queimaduras não é novidade no mundo. Além da própria pele humana, disponibilizada por bancos de pele, usa-se pele de porco, entre outros materiais.
Hoje, a linha de pesquisa com a pele de tilápia tem a participação de 189 colaboradores distribuídos em sete estados e outros seis países – Estados Unidos, Alemanha, Holanda, Colômbia, Guatemala e México. "Todos eles são coordenados por nosso grupo”, afirma Maciel. O material biológico é objeto de 43 projetos de pesquisa conduzidos dentro e fora do Brasil.
Além do bem-sucedido tratamento de queimados e da reconstrução de vagina, estão sendo estudados outros usos do material em procedimentos odontológicos e veterinários. "Até agora depositamos cinco pedidos de patente no Brasil e no exterior”, diz Maciel. Entre os produtos em teste, destacam-se scaffolds (suportes estruturais), biomaterial projetado para ser empregado na produção de válvulas cardíacas e telas para reparos de tendões e hérnias abdominais. "Só para scaffolds, há mais de uma dúzia de possíveis empregos diferentes”, informa o cirurgião plástico.
O material biológico utilizado pelos pesquisadores é fornecido pelo banco de peles de tilápia da UFC, construído pela empresa Biotec Solução Ambiental com patrocínio da Enel, distribuidora de energia elétrica no Ceará. Pioneiro no Brasil, o banco atualmente é mantido com apoio do Centro Universitário Christus (Unichristus), instituição privada de ensino superior de Fortaleza. As peles, provenientes de peixes criados em tanques de água doce, são doadas pela empresa de pescados Bomar, de Itarema, no litoral cearense.
Antes da aplicação nos pacientes, o material passa por um rigoroso processo de limpeza, descontaminação e esterilização nos laboratórios da UFC (ver infográfico). No Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo, as peles são submetidas a radioesterilização em um irradiador industrial multipropósito, construído pelo Ipen com auxílio da FAPESP. A lavagem e a esterilização retiram qualquer resquício de odor do material, embora mantenha o desenho característico da pele do peixe. Antes da liberação para uso clínico, as peles passam por testes de qualidade microbiológicos, histológicos e de toxicidade celular.
Cicatrização mais rápida
De acordo com Odorico Moraes, entre os 300 pacientes tratados para queimadura até hoje, 30 deles crianças, não houve nenhum caso de infecção. O Ministério da Saúde está estudando a inclusão da pele de tilápia no tratamento de queimados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em geral, a terapia para queimaduras é feita com sulfadiazina de prata, uma pomada antimicrobiana e cicatrizante, sendo que os curativos usados exigem troca diária. Os feitos com pele de tilápia podem ser substituídos em intervalos de tempo maiores, poupando o incômodo para o paciente, material e mão de obra hospitalar. Os médicos e pesquisadores relatam redução de custos, diminuição no tempo de cicatrização e de dor com o curativo biológico.
O possível efeito analgésico interessou a um grupo de doutorandos de periodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP). Eles desenvolvem um estudo-piloto para o uso do curativo biológico em procedimentos cirúrgicos periodontais, que envolvem os tecidos de proteção e suporte dos dentes, como gengiva e osso. "Estamos bem animados e a expectativa é alta com relação à possibilidade de tirar a dor do paciente”, declara Gustavo Manfredi, doutorando da FOB.
Uma aplicação inusitada ocorreu no exterior. Após tomar conhecimento da pesquisa no Brasil, a veterinária Jamie Peyton, da Universidade da Califórnia em Davis, nos Estados Unidos, usou a pele de tilápia para tratar de dois ursos e um leão-da-montanha feridos em incêndios florestais na Califórnia. Segundo informações da universidade, os ursos começaram a andar logo após a aplicação do curativo biológico nas patas feridas, sugerindo um efeito imediato na melhora da dor. Um dos ursos acabou comendo a nova pele, mas a rápida recuperação surpreendeu os veterinários americanos.
Outro experimento envolvendo a pele de tilápia deverá ocorrer com o envio de amostras ao espaço em um foguete, em junho deste ano. A ideia partiu do Clube de Astronomia Louis Cruls, de Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, participante do projeto Cubos no Espaço, que tem parceria da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos. "Vamos analisar se a estrutura molecular e as proteínas da pele de tilápia, em especial o colágeno tipo 1, sofrerão alterações após ficar na estratosfera, sob baixa pressão e intensa radiação”, conta o médico Edmar Maciel, do IAQ.
Com relação à cirurgia realizada na paciente transexual em Campinas, que passava bem em meados de maio, a expectativa é verificar se a pele da tilápia vai mesmo se transformar em epitélio vaginal. "Não se sabe se a transformação desse tecido vai ocorrer do mesmo modo como nas mulheres com síndrome de Rokitansky”, diz o ginecologista da Unicamp Luiz Gustavo Oliveira Brito, que participou da operação.
"A cirurgia não é nova, mas o material é diferente”, ressalta. Em outros lugares, afirma, usa-se membrana amniótica (da placenta) ou material sintético, feito de látex. Ele acredita, no entanto, que, se houver uma empresa interessada, a pele de tilápia poderá ser uma boa alternativa. "Tudo depende da viabilidade do produto.” Brito, Bezerra e equipe trabalham em um artigo científico relatando o caso, que será submetido para publicação no segundo semestre.
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- 17/09/2020 - Queimadas no Pantanal aumentam poluição na cidade de São PauloFonte: CNNAs queimadas no Pantanal estão aumentando a poluição na cidade de São Paulo. A informação é do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).
De acordo com o levantamento dos técnicos, a camada de poluição que a cidade geralmente registra neste período do ano passou de 1.500 para 2.800 metros.
No último final de semana, a fumaça das queimadas causou chuva com coloração escura e assustou moradores de São Francisco de Assis, no interior do Rio Grande do Sul.
À CNN, o pesquisador Eduardo Landulfo, do Ipen, afirmou que "há evidências do transporte do Pantanal como também do interior do estado".
"Nós reiniciamos hoje as nossas medidas, que havíamos identificado faz dois dias, e vamos checar novamente. É uma camada em 4km, que desconfiamos que esteja vindo da região do Pantanal, mas ainda vamos confirmar", explicou.
"É um transporte por massas de ar em diferentes níveis. Hoje estamos vendo nível em 4 km, mas às vezes as origens são distintas – ou das regiões do interior do estado ou do Centro-Oeste", completou.
De acordo com o pesquisador do Ipen, a fumaça que é transportada pelos ventos acaba "descendo por onde passa" e acumulando na poluição da cidade.
Com isso, a qualidade do ar fica prejudicada e deve melhorar apenas com chuva por vários dias. "Isso é necessário", acrescentou.
Previsão
Com o tempo seco e sem chuva há quase um mês, a capital paulista registrou a maior temperatura do ano – 34,1°C – no último sábado (12).
De acordo com o técnico em meteorologia Adilson Nazário, do Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas da prefeitura de São Paulo (CGE-SP), em entrevista à CNN, a previsão é de chuva a partir do dia 20 na capital paulista.
Explicação
À CNN, o físico Edmilson Dias de Freitas, professor do departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), explicou, nesta quarta-feira (16), que o aumento da poluição "faz parte do escoamento natural da atmosfera no Brasil". "Traz todo o material e a umidade, mas eventualmente vai trazer também poluentes", disse.
"Temos a contribuição mais baixa dos veículos e outras fontes, e, em níveis mais altos, essa parcela que vem de outras regiões. No final, isso acaba se misturando e temos uma camada poluída muito mais extensa na vertical", apontou.
De acordo com Freitas, esse aumento da poluição é perceptível a olho nu e nos efeitos à saúde, por exemplo. Ele ressaltou que "a chuva contribui bastante para a remoção desses poluentes da atmosfera. É sempre bem-vinda nesses casos", concluiu.
Situação no Pantanal
Segundo a plataforma de monitoramento de focos de incêndio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Mato Grosso do Sul já acumula 7.493 pontos de queimadas em 2020, até o dia 13 de setembro.
Nesta terça-feira (15), o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, adiantou que o governo federal vai anunciar liberação de R$ 3,8 milhões ao Mato Grosso do Sul para o combate às queimadas no Pantanal. A informação foi divulgada à colunista Renata Agostini, da CNN.
A expectativa é que também haja um anúncio específico para o Mato Grosso, que também foi afetado pelas queimadas.
De acordo com decreto assinado pelo governador do MS, Reinaldo Azambuja (PSDB), o fogo já atingiu todos os municípios do estado. Além disso, houve aumento de atendimentos nos postos de saúde em decorrência de problemas respiratórios. A área atingida já ultrapassa de 1.450.000 hectares.
(Edição: André Rigue)
Link para a matéria e entrevistas aqui
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- 14/09/2020 - Queimadas no Pantanal e falta de vento e chuva fazem camada de poluição sobre São Paulo dobrar, detecta IPENAltura da camada de poluição nesta época do ano costuma ser de 1.500 metros, mas com a combinação das condições atuais, ela alcançou 2.800 metros. Fenômeno foi registrado com medição a laser
Altura da camada de poluição nesta época do ano costuma ser de 1.500 metros, mas com a combinação das condições atuais, ela alcançou 2.800 metros. Fenômeno foi registrado com medição a laser
Fonte: G1A cidade de São Paulo passa por dias de poluição acima da média, de acordo com o monitoramento com laser feito pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).
A camada de poluição sobre a metrópole nessa época do ano costuma se estender até uma altitude de 1.500 metros. No último domingo e nesta segunda-feira (14), no entanto, ela alcançou quase o dobro: 2.800 metros.
A piora acontece por um conjunto de condições desfavoráveis: falta de vento e chuva, que poderiam ajudar a levar os poluentes embora, e queimadas em outras regiões do país.
Ventos do Centro-Oeste
Quando há aproximação de uma frente fria, forma-se uma espécie de "canaleta de vento" que traz ar das regiões Oeste e Centro-Oeste do continente para a cidade. Isso é uma característica natural, mas com as mudanças climáticas, tornou-se mais evidente.
Como há poluição vinda das queimadas no Pantanal, isso veio para o Sudeste, explica Eduardo Landulfo, pesquisador do Centro de Lasers e Aplicações do IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares).
A poluição que fica em camadas mais altas geralmente é de queimadas. É comum que esse material seja levado de São Paulo pela brisa do mar ou pela chuva. Isso não aconteceu nos últimos dias, segundo ele.
"A poluição está se acumulando. Há um ciclo diário de trocas de calor com o terreno, com a vegetação, com a umidade, mas os níveis de poluição se sedimentaram, um ficou em cima do outro."
Em algumas regiões da cidade também há concentração de ozônio, mas o principal poluente é material particulado --são elementos como poeira, areia e cinzas.
Uma das provas de que a poluição que está estacionada na capital paulista vem de outras regiões do país é que há camadas distintas em textura -- Landulfo usa a palavra "desacopladas" para descrever isso.
Espera-se que a altitude deste transporte esteja acima da cidade e misture-se pouco com a atmosfera local, mas os dados parecem indicar que o material chegou em níveis mais baixos e se adicionou à poluição local, ou seja, virou mais uma camada. Esse resultado preocupa e deve ser melhor estudado, diz ele.
A alta coluna de poluição já é ruim, mas ela implica em outro problema: os raios do sol enfrentam dificuldade para penetrar nas camadas mais próximas do solo, o que causa um efeito de inversão térmica. Isso significa que a atmosfera perto do chão está quente, mas acima dela o calor é ainda mais intenso, então a poluição das camadas mais baixas fica retida embaixo, sem se dispersar.
A grande maioria das estações de monitoramento da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) indica condições de moderadas a ruim.
O laboratório do IPEN que identificou esses fenômenos tem apoio federal do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, além da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo (Fapesp).
A equipe inclui o próprio Landulfo, Alexandre Cacheffo, Alexandre Yoshida, Gregori Moreira, Fábio Lopes, Fernando Morais e estudantes de mestrado e doutorado.
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- 18/08/2020 - Café virtual aborda mulheres na ciência nuclear e no meio ambienteEvento mostrou como ciência nuclear contribui para conservação ambiental a partir do olhar de mulheres referência na área
Evento mostrou como ciência nuclear contribui para conservação ambiental a partir do olhar de mulheres referência na área
Fonte: Portal do GovernoA 16ª edição do Café Virtual (promovido pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente e pelo Instituto Florestal) da última quinta-feira (13) debateu o tema "Mulher, sim. Nuclear, sim. Meio Ambiente, também: derrubando barreiras”.
O evento contou com as palestrantes Isolda Costa, coordenadora de Pesquisa, Desenvolvimento e Ensino do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen/Cnen), Maria José Alves de Oliveira, pós-doutoranda Ipen/Cnen, Nélida Lúcia del Mastro, presidente da Women in Nuclear Brasil, e Isabelle Boemeke, modelo e influencer digital.
A ciência nuclear é mais que a produção de eletricidade, com ferramentas usadas para estudar recursos de água doce, sistemas biológicos, processos atmosféricos e sistemas oceânicos. A tecnologia nuclear melhora as práticas agrícolas, promove avaliação de impacto ambiental e o monitoramento da poluição e fornece soluções para combater a fome e melhorar a sustentabilidade ambiental. E as mulheres têm sido assíduas contribuidoras nesta área de conhecimento.
Na abertura, o diretor-geral do Instituto Florestal, Luis Alberto Bucci, ressaltou a importância da mulher e a contribuição em todas as áreas de conhecimento. "A mulher evolui muito, constantemente. Temos muito a aprender com todas elas”, afirmou.
Profissionais
Isolda Costa destacou que as mulheres representam 32% do quadro de profissionais no IPEN, onde inúmeras pesquisas são desenvolvidas com o uso da energia nuclear em favor do meio ambiente – entre elas, projetos envolvendo o impacto das atividades humanas na água, qualidade do ar, filtro solar em água do mar e problemática do plástico.
Maria José Alves de Oliveira disse que iniciou sua vida profissional como pesquisadora do IPEN, onde foi responsável por inúmeros trabalhos. Ela cita a pesquisa com hidrogel, um tipo de polímero ionizado que tem diversas aplicações, desde o tratamento de doenças como a leishmaniose até a limpeza de obras de arte.
Essa participação recebe o apoio da Woman in Nuclear (WiN), uma organização mundial, que encoraja as mulheres que trabalham nas indústrias nucleares em todo o mundo, em especial nas aplicações da energia e radiação.
Nélida Lúcia del Mastro, presidente da WiN Brasil, reforçou que a tecnologia nuclear e das radiações e suas aplicações são altamente benéficas para a humanidade, com muitas possibilidades de desenvolvimentos. E o desconhecimento do tema pela população geral é um entrave que precisa ser superado.
A divulgação do tema conta com o apoio da modelo e influencer Isabelle Boemeke. Ela contou que a energia nuclear entrou em sua vida por acaso, mas permaneceu por paixão e se tornou um propósito.
No encerramento do encontro, o superintendente do Ipen/Cnen, Wilson Aparecido Parejo Calvo, enfatizou que as mulheres no instituto ocupam posições de destaque. "Elas são muito dedicadas e competentes. Esse é um momento de desafio, principalmente na busca por recursos para as pesquisas, mas sem desanimar”, salientou.
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- 15/08/2020 - Novo teste indica vírus no ar e reforça risco de má ventilaçãoPesquisa da USP mostra importância de renovação do ar em ambientes fechados e manutenção de temperatura e umidade adequadas
Pesquisa da USP mostra importância de renovação do ar em ambientes fechados e manutenção de temperatura e umidade adequadas
Fonte: R7O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP constatou a presença do novo coronavírus em micropartículas expelidas quando as pessoas falam e mostrou que elas ficam suspensas no ar - reforçando a tese de que a doença pode ser transmitida pelo ar. Essa possibilidade já foi levada em conta por mais de 200 cientistas ao redor do mundo e passou a ser reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no mês passado.
Saiba como se proteger e tire suas dúvidas sobre o novo coronavírus
Segundo os pesquisadores, o monitoramento da qualidade do ar dentro dos ambientes e a ventilação, aliados às medidas de higiene e distanciamento, devem ser seriamente considerados na reabertura de espaços fechados, como escritórios.
"A gente já tinha uma boa percepção e conhecimento, em décadas de ciência, de que a falta de ventilação facilita a transmissão de diferentes vírus, como o da gripe, afirma Arthur Aikawa, CEO da startup Omni-electronica e pesquisador responsável pelo estudo.
Estudos com o Sars-coV-1 têm mais evidências, porque houve mais tempo para pesquisar o assunto. Em ambientes mal ventilados, o ar não é trocado e os bioaerossóis ficam suspensos no ar. Isso vai aumentando o risco de contaminação. As pessoas ficam horas em um ambiente fechado, sem máscara e a contaminação acaba se disseminando".
A startup está incubada no Centro de Inovação, Ciência e Tecnologia (Cietec), ligado à Universidade de São Paulo e ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). O projeto recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do VedacitLabs.
Para fazer a pesquisa, um dispositivo de monitoramento da Qualidade do Ar Interior (QAI) desenvolvido pela startup, chamado SPIRI, coletou mais de 20 amostras em ambientes fechados do hospital e foram feitas análises durante dois meses. Mesmo sendo um ambiente hospitalar, o grupo de pesquisadores notou que a ventilação contribuía para a dispersão das micropartículas.
Renovação
Aikawa destaca que, em ambientes de escritório e de lazer, o que se vai ver nos próximos meses "é um receio muito grande para voltar, porque não significa que vai ter 100% de segurança". Já se sabe, pondera, "que é importante aumentar a taxa de renovação do ar, mas não precisa desligar o sistema de ar condicionado, porque a movimentação do ar é importante para que as partículas decantem e se dispersem". Também é importante manter temperatura e umidade adequadas, "evitando que as pessoas fiquem doentes e com a imunidade reduzida".O dispositivo desenvolvido pela empresa consegue verificar, em tempo real, temperatura, umidade do ar, presença de material particulado, compostos orgânicos voláteis e concentração de dióxido de carbono (CO2), considerado um indicador de eficácia da ventilação em ambientes internos, seguindo padrões da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Um dispositivo é suficiente para uma área de 200 m² e tem o custo mensal de R$ 400.
Ar limpo
O que se recomenda, adverte o CEO da startup, é, se a pessoa não tiver como conseguir construir o sistema de monitoramento, que mantenha o sistema de ar condicionado higienizado, não o desligue e tenha ventilação cruzada". Manter a qualidade do ar e a ventilação não ajuda a reduzir o risco de infecção se as medidas de distanciamento e de higiene não forem cumpridas.
"A gente tem de começar pelo básico. Distanciamento, higienização, usar máscara", aconselha Aikawa.
Tendo investimento, a startup pensa em, no futuro, realizar o mesmo tipo de estudo em transportes coletivos, onde as pessoas ficam fechadas em um ambiente propício a ser mal ventilado. "Daria para fazer um monitoramento e ter amostras em linhas de ônibus para mapear em que linhas e dias estão sendo detectadas micropartículas. Isso poderia ajudar na retomada de forma mais ampla."
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- 12/08/2020 - Estudo brasileiro evidencia suspensão do Sars-CoV-2 em locais fechadosAmostras coletadas no Hospital das Clínicas da USP reforçam que novo coronavírus consegue permanecer no ar por horas - mas boas práticas de ventilação reduzem riscos
Amostras coletadas no Hospital das Clínicas da USP reforçam que novo coronavírus consegue permanecer no ar por horas - mas boas práticas de ventilação reduzem riscos
Fonte: Revista Galileu
No início de julho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu um alerta que a comunidade científica vinha fazendo há um tempo: a presença do novo coronavírus (e possível via de transmissão) pelo ar. Entre os cientistas que já estavam de olho nessa possibilidade estão pesquisadores da startup Omni-electronica, residente na incubadora USP-IPEN-Cietec.Desde junho, os especialistas vêm realizando testes no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP) para investigar a presença aérea do Sars-CoV-2 no ambiente hospitalar.
Para conduzir a investigação, os cientistas utilizam o Spiri, um sistema de monitoramento da qualidade do ar em ambientes fechados desenvolvido pela Omni-electronica. O equipamento consegue monitorar, em tempo real, indicadores da Qualidade do Ar Interior (QAI), fator que aponta se a área interna de um edifício está adequada à saúde e ao bem-estar das pessoas. Entre esses indicadores está, por exemplo, a concentração de dióxido de carbono (CO2).
Segundo Arthur Aikawa, CEO da Omni-electronica e pesquisador responsável pelo estudo, o HC foi escolhido justamente por ser um ambiente fechado onde o vírus causador Covid-19 da está circulando.
Os pesquisadores conseguiram capturar o Sars-CoV-2 suspenso no ar - até agora, foram coletadas mais de 20 amostras. As análises feitas pelo Spiri, no entanto, são animadoras: a ventilação adequada desses locais, feita a partir da circulação do ar através de janelas abertas, pode reduzir o risco de contaminação pelo agente infeccioso.
Mas há agravantes a serem considerados. De acordo com Aikawa, a poluição é um deles, pois o vírus suspenso fica "grudado” no material particulado, partículas microscópicas de poluentes presentes no ar. "Além disso, o acúmulo de pessoas também faz o ar ficar carregado. Por isso, fazer o ar circular é importante para a manutenção de um ambiente mais limpo”, orienta o cientista.
O estudo corrobora, portanto, o que a ciência vinha alertando e a OMS demorou a reconhecer: não é apenas o contato direto com gotículas expelidas por tosse, espirro ou fala que disseminam a Covid-19. Esses bioaerossóis podem ficar no ar durante horas e, sem a ventilação adequada, ser transmitidos por essa via.
Para Aikawa, o estudo servirá para embasar políticas públicas eficazes em auxiliar a retomada pós-quarentena e evitar uma nova onda de contaminação. Além disso, ele reforça que todos os cuidados propostos pela OMS — higienização frequente das mãos e distanciamento social - continuam sendo necessários.
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- 12/08/2020 - Proposta de Emenda Constitucional visa aumentar Produção de Radiofármacos no BrasilFonte: PetronotíciasAssessores do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República estão participando de debates sobre uma proposta de emenda constitucional que tramita na Câmara e visa a ampliação da produção de radiofármacos no Brasil, dando fim ao monopólio estatal nesta atividade. Nesta semana, o tema foi discutido com os deputados General Peternelli e Hiran Gonçalves.
A PEC 517/2010 propõe uma nova redação para a Constituição Federal, autorizando a comercialização e utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos agrícolas e industriais sob o regime de permissão para o setor privado. Ainda sob esse mesmo regime, seriam também permitidas a venda e a utilização de radioisótopos para pesquisa e usos médicos.
"Atualmente, a produção de uma série de radioisótopos com meia-vida superior a duas horas – essenciais na medicina nuclear – só pode ser feita por dois órgãos estatais – o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e o Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), localizados em São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente”, escreveu o deputado Hiran Gonçalves, em uma rede social. Com o fim do monopólio estatal, a meta da PEC é democratizar o acesso dos brasileiros a esses radioisótopos. "Vamos trabalhar para a sua aprovação na Câmara dos Deputados”, concluiu Gonçalves.
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- 31/07/2020 - Cnen e USP oferecem nova graduação em Engenharia NuclearFonte: Revista Brasil Nuclear
Com grandes projetos no horizonte, tais como a finalização das obras de Angra 3 e construção de novas usinas nucleares; a implantação do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), o qual tornará o país autossuficiente na produção de radiofármacos para a Medicina Nuclear; a fabricação do primeiro submarino com propulsão nuclear, dentro do escopo do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) da Marinha do Brasil e a instalação do Repositório de Baixo e Médio Nível de Rejeitos Radioativos (RBMN), dentre outros, o Programa Nuclear Brasileiro (PNB) precisará, fundamentalmente, da reoxigenação dos recursos humanos.A despeito de o setor historicamente enfrentar questões político-orçamentárias, o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Madison Almeida, acredita que os jovens que desejam trilhar uma carreira na área receberão oportunidades efetivas, pois a expansão do programa nuclear acarretará a criação e a modernização de usinas termonucleares, laboratórios e instalações nucleares e radioativas - seja para pesquisa, seja para uso médico ou industrial. "Da mesma forma, aplicações na agricultura, no meio ambiente e na mineração, dentre outras, também demandarão trabalho dos nossos engenheiros nucleares. No âmbito público e privado. Essa opinião não é somente da Cnen, mas já foi compartilhada pela Eletronuclear, Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (Amazul), Marinha do Brasil e Indústrias Nucleares do Brasil (INB), por exemplo”, afirma.
Nesse sentido, a Cnen deve prestar uma grande contribuição na formação de profissionais especializados no setor nuclear, com a criação de um curso de graduação em Engenharia Nuclear, envolvendo seu Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen/Cnen) e a Universidade de São Paulo (USP). Esse será o segundo curso de Engenharia Nuclear, em nível de graduação, no Brasil, pois a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) ministra o seu, desde 2010.
De acordo com Madison Almeida, a expectativa é que o curso tenha início em 2021 e contemple uma grade curricular robusta e abrangente, tanto em termos de disciplinas obrigatórias como eletivas. Ele explica que houve grande discussão de outubro de 2019 a março de 2020, da qual surgiram, como alguns dos conteúdos pretendidos, Física de Reatores Nucleares, Engenharia do Núcleo do Reator, Radioproteção/Aplicações Nucleares, Experimentos em Reator de Pesquisa, Aplicações da Radiação Ionizante e de Radioisótopos em Processos Industriais e no Meio Ambiente, Fundamentos para o Transporte de Radiação, Química das Radiações e Redes Neurais Artificiais na Engenharia Nuclear. As vagas foram fixadas pela Escola Politécnica da USP (Poli/ USP) em número de dez, para a entrada em 2021.
"Trata-se de belíssimo projeto, multidisciplinar, que demonstra a sinergia histórica entre a Cnen e a USP, materializadas pelo Ipen/Cnen e pela Escola Politécnica da USP (Epusp). O Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena/ Esalq/USP), o Centro de Coordenação de Estudos da Marinha em São Paulo (CCEMSP) e outros órgãos também participam da iniciativa. Já estivemos com o Professor Dr. Antonio Carlos Hernandes, vice-reitor da USP e, juntamente com o corpo de professores do Ipen/Cnen, queremos registrar o apoio e empenho da Profa. Dra. Liedi Bernucci, diretora da Epusp, do Prof. Dr. Claudio Schon, do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais, do Prof. Dr. José Carlos Mierzwa, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental, ambos da Epusp, dentre outros. Também dos vários Professores Doutores do Ipen/Cnen, como Wilson Calvo, Delvonei Andrade e Antonio Teixeira. É uma retomada de ações que foram descontinuadas em 2013, por motivos de força maior”, declara Madison Almeida.
De acordo com ele, a Escola Politécnica da USP e o Ipen/Cnen chegaram ao consenso de que o curso deverá ser oferecido no Município de São Paulo, na Cidade Universitária Armando Salles Oliveira, no Butantã. O campus oferecerá possibilidade integrada, laboratorial, para que docentes e discentes utilizem instalações como os reatores de pesquisa no Ipen/Cnen, que são o IEA/R-1 e o Ipen/MB-01, bem como o irradiador multipropósito, os aceleradores cíclotron e de elétrons e inúmeras outras dos campi da USP e do Ipen/Cnen. "Sem falar que a maior atratividade docente e discente, para esta proposta, reside na Grande São Paulo, em que pese desejarmos ter alunos de todo o país”, completa.
Com relação ao corpo docente, o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Cnen revela que será composto por egressos da própria USP e do Ipen/ Cnen, uma vez que já há expertise profissional concentrada nos professores doutores de ambas as organizações. Atualmente, não está em discussão o número exato de docentes. Todos da Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares e alguns departamentos da Escola Politécnica da USP estarão envolvidos no projeto.
Ao passo que se prepara para contribuir na formação de jovens engenheiros nucleares em nível de graduação, em parceria com a USP, a Cnen tem feito uma radiografia quanto à situação de pessoal na ativa no setor nuclear. Em paralelo, a Comissão estuda a realização de programas de gestão do conhecimento, bem como concede bolsas de estudo nos diversos níveis. "A Medida Provisória nº 922, de 28 de fevereiro de 2020, também é instrumento do governo que converge para a possibilidade de contratações no âmbito público. E todos os projetos de arrasto são objeto de empregabilidade dos formandos na almejada graduação. Damos destaque ao Reator Multipropósito Brasileiro, ao Repositório de Baixo e Médio Nível de Rejeitos Radioativos e ao Laboratório de Fusão Nuclear (LFN), dentre outros”, pontua.
À frente da Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento da Cnen desde agosto de 2019, Madison Almeida é mestre em Ciências Aeroespaciais, com MBA em Administração e especialização em gestão de pessoas no serviço público. Foi coordenador geral das áreas nuclear e aeroespacial, no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e Comunicações (MCTIC), no biênio 2017/18, e gerente de tecnologia satelital, na Telebras, em 2019, cargo ocupado até vir trabalhar na Cnen. Em sua visão, o maior desafio é a implantação de projetos estruturantes, como o RMB, o RBMN e o LFN, com equipes de excelentes profissionais na gestão dos mesmos. Ele assinala, ainda, que outro grande desafio é a recomposição e manutenção dos recursos humanos na área nuclear. Com relação aos projetos em curso, cita o planejamento de uma rede de pesquisas, a ida da DPD/Cnen acompanhada de outros atores às escolas, a divulgação sistemática das ações ao público, a realização de atividades envolvendo Small Modular Reactors (SMRs), gestão de radiofármacos, Técnica do Inseto Estéril, dentre outros. Além, é claro, das ações interinstitucionais focadas no combate à pandemia Covid-19.
"Trabalhamos em profunda sinergia com instituições como a Marinha do Brasil (com histórico de cooperação, de décadas), com os ministérios de Minas e Energia, da Defesa, das Relações Exteriores, da Saúde, com o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Gostaria de agradecer o apoio do nosso Ministério, na pessoa do ministro Marcos Pontes, bem como da Cnen, na pessoa do presidente Paulo Pertusi, que pauta sua gestão pela integração dos esforços - dentro e fora da Comissão. Como última palavra, gostaria de dizer que entidades como a Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben) têm muito a contribuir com o Programa Nuclear Brasileiro, por meio de ações integradas conosco, sobretudo pelo alcance que têm junto aos diversos públicos”, finaliza Madison Almeida.