Ipen na Mídia
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- 10/03/2021 - Aplicativo ajuda pacientes e médicos no controle da epilepsiaStartup da incubadora USP/Ipen-Cietec criou o app para fazer a gestão do quadro de saúde
Startup da incubadora USP/Ipen-Cietec criou o app para fazer a gestão do quadro de saúde
Fonte: Jornal da USP
De acordo com estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), há 65 milhões de pessoas com epilepsia no mundo, uma doença neurológica crônica caracterizada pela recorrência de crises epilépticas que podem se manifestar de diferentes formas dependendo do paciente. Um terço deles não responde à medicação ou cirurgia e, dessa forma, fica difícil prever quando haverá um momento de crise.Para auxiliar essas pessoas no controle da doença, foi criado um aplicativo inédito e gratuito, integrado a uma plataforma digital para médicos. O Epistemic App funciona como um diário. Por meio do preenchimento de um questionário sobre o dia a dia e das crises dos pacientes, o aplicativo armazena indicadores, como: registro de crises epilépticas e seus gatilhos, passando por qualidade do sono, alimentação, prática de esportes até registro e lembrete para medicamentos, entre outros.
A tecnologia foi desenvolvida pela Epistemic, uma startup residente na incubadora USP/Ipen-Cietec e especializada na gestão para tratamento de epilepsia. A proposta do aplicativo é organizar as informações sobre o cotidiano do paciente e facilitar a visualização pelo médico, possibilitando um melhor conhecimento dos padrões das crises.
As perguntas do diário são ajustáveis por paciente e ajudam o médico a entender seu quadro atual para que o tratamento seja feito da melhor forma possível. A ferramenta também permite que o responsável ou cuidador do paciente crie um usuário em nome dele e preencha o questionário com as informações do paciente.
"Temos sempre a preocupação com a comodidade do paciente na hora de administrar suas crises. Nem sempre lembramos tudo aquilo que vivemos. Por isso, o Epistemic App oferece um meio de registro diário através de um questionário com uma sequência de perguntas sobre seus hábitos e suas crises”, explica Paula Gomez, CEO da Epistemic.
O Epistemic App é integrado a uma plataforma digital para médicos, o Epistemic Web. Com esse painel de controle, o médico recebe os dados no formato de gráficos, caso o paciente autorize, contendo informações sobre as crises, o humor, a atividade física, o sono, a alimentação, o funcionamento do intestino, ingestão de medicamentos, entre outros.
Além disso, pelo Epistemic Web, é possível configurar notificações para receber lembretes no horário de tomar cada remédio. O aplicativo já está disponível em português e em inglês, para Android, no Google Play.
Versão Pro: mais funcionalidades
Além do Epistemic App e do Epistemic Web, a startup também disponibiliza o Epistemic Pro, uma versão que permite que o paciente sincronize as informações de diversas marcas de smartwaches. Dessa forma, os dados de sono e atividade física serão preenchidos no diário automaticamente. Com ele, também é possível enviar os dados preenchidos no Epistemic App para o médico, para que ele consiga ver o histórico de forma organizada e agregada na plataforma Epistemic Web. A assinatura do Epistemic Pro é mensal, no valor de R$ 34,90.
A Epistemic nasceu com o projeto do Aurora, tecnologia desenhada para prever crises de epilepsia com uma média de meia hora de antecedência. O dispositivo está em fase de desenvolvimento, pois trata-se de uma pesquisa de longo prazo. Foi com este projeto que Paula Gomez ganhou o prêmio Cartier, destinado a mulheres empreendedoras.
"Colaborar com o desenvolvimento de uma startup como a Epistemic, que tem um propósito tão importante para as pessoas com epilepsia, é gratificante e vai de encontro com a nossa missão de fortalecer e consolidar projetos que tenham o intuito de gerar negócios de impacto na sociedade”, afirma Sergio Risola, diretor-executivo do Cietec.
Da ideia à aplicação prática
Dentro do campus Cidade Universitária da USP, em São Paulo, funciona o Cietec. O Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia foi fundado em abril de 1998 para incentivar o empreendedorismo e a inovação tecnológica por meio da criação, fortalecimento e a consolidação de empresas de base tecnológica.
O Cietec apoia a transformação de conhecimento em produtos e serviços para o mercado, a inserção no ecossistema de inovação, a capacitação técnica e de comercialização, contribuindo para o aumento da competitividade no Brasil.
O centro é a entidade gestora da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da USP e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), onde são conduzidos processos de incubação de empresas inovadoras, em diferentes níveis de maturidade.
Nesses processos, são oferecidos serviços de apoio para demandas nas áreas de gestão tecnológica, empresarial e mercadológica, aproximação com o investimento-anjo, capital semente e venture capital, recursos de fomento público, além de infraestrutura física para a instalação e operação dessas empresas.
Mais informações: www.cietec.org.br/project/epistemic
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- 09/03/2021 - Como funciona o soro para Covid-19 testado pelo Instituto ButantanProduzido a partir do plasma de cavalos, ele busca amenizar os sintomas de pacientes já infectados pelo vírus. Entenda.
Produzido a partir do plasma de cavalos, ele busca amenizar os sintomas de pacientes já infectados pelo vírus. Entenda.
Fonte: SuperinteressanteNa última semana, o Instituto Butantan submeteu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o pedido de autorização para o início de testes clínicos do soro anti-Sars-CoV-2. Ao contrário das vacinas, o composto desenvolvido pelo Butantan deve ser utilizado quando o paciente já está infectado pelo vírus, e não como medida preventiva.Seu processo de fabricação é simples: primeiro, os cientistas injetam o coronavírus inativado em cavalos – ou seja, o vírus está inteirinho ali, mas não é capaz de causar a doença no animal. Os pesquisadores utilizaram radiação para inativar o Sars-CoV-2, contando com o auxílio do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).Depois de ser infectado com essa versão modificada do vírus, o cavalo começa a produzir anticorpos. A escolha do animal não é à toa: as proteínas de defesa geradas por ele são 50 vezes mais concentradas do que as produzidas por humanos. A partir daí, os cientistas extraem o plasma sanguíneo do equino e o purificam. Depois, o produto ainda precisa cumprir uma série de etapas para garantir o controle de qualidade.Ao final, restam apenas anticorpos envasados. O soro, ao ser oferecido às pessoas doentes, age no organismo combatendo o vírus e evitando sua replicação. Por enquanto, o produto foi testado apenas em hamsters infectados. Os cientistas aplicaram uma única dose de soro no roedor cerca de dois dias após o contato do animal com o Sars-CoV-2. O resultado foi um sucesso, mostrando diminuição da carga viral, preservação das funções pulmonares e mudança da resposta inflamatória.Com a liberação da Anvisa, o Instituto Butantan poderá iniciar os testes em humanos. Feito isso, primeiro os pesquisadores terão que aplicar o soro em um número restrito de pacientes, apenas para avaliar a segurança do composto e também a quantidade ideal de doses a serem oferecidas. Apresentando resultados positivos nessa primeira fase, os pesquisadores poderão seguir para ensaios clínicos maiores buscando avaliar a eficácia do soro contra a Covid-19.Os primeiros voluntários serão pacientes transplantados no Hospital do Rim e pessoas com comorbidades internadas no Hospital das Clínicas. O Instituto Butantan conta com 3 mil doses prontas para a fase de testes e outras 3 mil apenas aguardando o envasamento.E qual a vantagem de ter um soro agora que já temos vacinas no país? Um complementa o outro. Além das pessoas ainda não vacinadas, há também os pacientes com sistema imune suprimido devido ao transplante de órgãos ou tratamento para câncer e doenças autoimunes. A imunidade passiva – ou seja, que tem duração limitada oferecida pelo soro é essencial nestes casos.O Instituto Butantan não é o único a investir no soro anti-Covid-19. No ano passado, pesquisadores do Instituto Vital Brasil, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), anunciaram um tratamento parecido. A única diferença é que eles injetavam no cavalo apenas a proteína spike produzida em laboratório, e não a estrutura completa do vírus inativado.O mesmo foi feito na Argentina, país em que o soro está sendo aplicado em humanos desde janeiro, com autorização da Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica (Anmat). Até agora, foram apresentados resultados bastante positivos. Dados divulgados pela Universidade Nacional de San Mantín e expostos no portal G1 mostram que, considerando os 242 voluntários envolvidos nos testes, houve uma redução de 24% na necessidade de internação por UTI. Além disso, a mortalidade apresentou queda de 45% e o uso de suporte respiratório mecânico caiu 36%. -
- 08/03/2021 - Cietec anuncia Thiago Velloso como novo Diretor-PresidenteTomou posse, na última na segunda-feira, 1º, o novo Diretor-Presidente do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia – CIETEC, gestor da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo USP/IPEN-CIETEC, Thiago Velloso, em substituição ao Prof. Dr. Claudio Rodrigues, que ocupava o cargo desde 2008.
Tomou posse, na última na segunda-feira, 1º, o novo Diretor-Presidente do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia – CIETEC, gestor da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo USP/IPEN-CIETEC, Thiago Velloso, em substituição ao Prof. Dr. Claudio Rodrigues, que ocupava o cargo desde 2008.
Fonte: site TI inside
O novo Diretor-Presidente é executivo e empreendedor, especializado em gestão da inovação, e com um histórico de atuação multidisciplinar e passagens por organizações dos setores público e privado.
Recentemente, Velloso ocupou a Superintendência de Relações Institucionais e Mercado da Desenvolve SP, o banco de desenvolvimento do Governo do Estado de São Paulo onde liderou os esforços de captação de recursos da instituição, bem como sua atuação nas áreas de crédito e investimento em inovação e startups.
Paro o novo Diretor-Presidente, o CIETEC é uma instituição de referência no mercado de startups, que acumula conquistas ao longo de mais de duas décadas de atuação. "Somos um dos maiores ambientes de desenvolvimento de startups do país e inseridos em uma geografia extremamente privilegiada, nos campi da USP e IPEN/CNEN no coração da cidade de São Paulo. Dessa forma, nossa principal missão será extrair o máximo valor desses diferenciais competitivos", afirmou Velloso, em seu discurso de posse.
Para o Prof. Dr. Marcos N. Martins, o coordenador da Agência USP de Inovação – AUSPIN, o ingresso de Velloso na equipe do CIETEC deve oxigenar a instituição e ampliar a carteira de projetos em colaboração com a Universidade. "Esperamos colaborar intensamente e confiamos que o novo diretor irá aproximar ainda mais o mercado de investidores privados das nossas startups, um movimento fundamental para nossa estratégia de atuação", ressaltou Martins.
O Superintendente do IPEN/CNEN, Dr. Wilson A. P. Calvo, destacou a brilhante atuação da Incubadora, desde a sua criação em 1998, contribuindo de forma decisiva à formação de uma cultura empreendedora e de inovação no Instituto e na Universidade, com empresas que fazem a diferença nesse momento de pandemia do Covid-19, transformando ciência em tecnologia, no atendimento às necessidades imprescindíveis da População Brasileira.
"Tenho certeza de que a nova gestão saberá valorizar e cultivar as inúmeras conquistas da Incubadora USP/IPEN-CIETEC, além de promover a colaboração entre as nossas Instituições de forma participativa, em prol da melhoria do ambiente de negócios, da geração de renda e empregos ao País. Conte conosco nesse novo desafio", finalizou.
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- 08/03/2021 - Butantan submete à Anvisa pedido de autorização para testes clínicos com soro anti-COVIDFonte: Agência FapespAndré Julião | Agência FAPESP – O Instituto Butantan submeteu pedido de autorização à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o início dos testes clínicos com o soro anti-SARS-CoV-2 desenvolvido pela instituição. Composto de anticorpos que reconhecem diferentes partes das proteínas virais, o produto foi desenvolvido em apenas cinco meses. Já foram produzidas 3 mil unidades do soro para os testes com pacientes e outras 3 mil estão prontas para serem envasadas.
"Submetemos à Anvisa um dossiê de desenvolvimento clínico desse produto e devemos receber ainda hoje as observações da agência em relação a esse pedido. Estamos aguardando para começar um estudo clínico com pacientes transplantados de rim, com doutor [José Osmar]Medina no Hospital do Rim, e pacientes com comorbidade, com o doutor Esper [Kallás] no Hospital das Clínicas [da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo]", disse Dimas Tadeu Covas, diretor do Instituto Butantan, em coletiva realizada nesta sexta-feira (05/03).
O soro é obtido a partir da inoculação, em cavalos, do vírus inteiro, inativado por radiação graças a uma parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). Quando recebem o vírus, os animais produzem anticorpos para combatê-lo. O plasma sanguíneo, repleto dessas proteínas, é então extraído e passa por diferentes processamentos, além de purificação e controle de qualidade. O produto que vai nas ampolas é composto apenas de anticorpos, que por sua vez reconhecem proteínas presentes no vírus e, assim, podem impedir que ele se replique no organismo.
"Antes de injetar o vírus em animais, nós constatamos que, mesmo inativado, a sua composição proteica estava mantida, ou seja, todas as proteínas conhecidas como importantes para gerar resposta imune estavam preservadas. Assim, obteve-se um produto policlonal, em que há uma gama de anticorpos contra diferentes epítopos das proteínas virais. Espera-se que essa estratégia seja eficiente em reconhecer o vírus de forma mais abrangente do que, por exemplo, anticorpos dirigidos para apenas uma porção restrita de uma proteína. Isso pode ser uma vantagem no combate às novas variantes do vírus”, explica à Agência FAPESP Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, diretora de inovação do Instituto Butantan e responsável pelo desenvolvimento do soro.
A pesquisadora coordena o Centro de Excelência para Descoberta de Alvos Moleculares (CENTD), um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído pela FAPESP e pela farmacêutica GlaxoSmithKline no Instituto Butantan.
A geração e a inativação dos isolados virais ocorreram no âmbito do projeto "Infecção por Coronavírus (SARS-Cov2) em modelos celulares humanos: busca por estratégias terapêuticas”, financiado pela FAPESP.
Outros soros desenvolvidos contra o SARS-CoV-2 utilizam apenas a proteína S (spike), da espícula do vírus, como antígeno. Um desses produtos foi aprovado para uso em pacientes na Argentina em janeiro. Nos testes clínicos, o soro argentino teria reduzido a mortalidade, o número de dias em cuidados intensivos e a necessidade de respiradores pelos pacientes.
A principal vantagem de usar o vírus inteiro é a possibilidade de os anticorpos policlonais serem eficazes também em novas variantes do SARS-CoV-2. Colaboradores do projeto atualmente realizam testes para avaliar a capacidade do soro de neutralizar as cepas mutadas em circulação, entre elas a P.1. – considerada mais transmissível que as anteriores.
Os últimos testes exigidos pela Anvisa foram realizados no Instituto Butantan e no Laboratório NB3+ do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), em colaboração com Ana Marcia de Sá Guimarães e Edison Luiz Durigon, professores do ICB-USP. Nos experimentos, hamsters foram infectados com o vírus e tratados com uma única dose do soro dois dias depois, quando já apresentavam sintomas da doença. Os resultados revelaram diminuição da carga viral nos pulmões, modulação da resposta inflamatória e preservação das estruturas pulmonares nos animais tratados, quando comparados aos que não receberam o tratamento. A melhora foi estatisticamente significativa no grupo que recebeu o soro.
Pacientes
"O soro anti-SARS-CoV-2 é uma estratégia diferente, por exemplo, do plasma de pacientes convalescentes, que depende da disponibilidade de pessoas que se recuperaram da COVID-19 para doarem o plasma. Além da oferta incerta desse recurso, no plasma de pacientes não se controla a quantidade de anticorpos presentes. No soro, podemos garantir uma proporção de proteína neutralizante em função de uma quantidade de vírus”, diz Chudzinski-Tavassi.
A eficácia do uso de plasma de pacientes, aliás, tem sido questionada. Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos suspenderam recentemente um ensaio clínico que visava avaliar a segurança e a eficácia desse tratamento em infectados com sintomas leves a moderados de COVID-19. Um conselho independente avaliou que, embora a intervenção com plasma convalescente não causasse danos, era improvável que beneficiasse esse grupo de pacientes (leia mais em www.nih.gov/news-events/news-releases/nih-halts-trial-covid-19-convalescent-plasma-emergency-department-patients-mild-symptoms).
As pesquisas do Butantan com o soro obtido a partir da inoculação do vírus em cavalo tiveram como base os resultados de experimentos in vitro (em células em cultura) e in vivo (em animais), os pesquisadores podem sugerir a indicação da soroterapia para pacientes infectados em diferentes graus de intensidade da doença. A efetividade maior da soroterapia provavelmente ocorrerá enquanto o vírus estiver presente no organismo.
O soro pode ser especialmente importante para pacientes que estão com o sistema imune suprimido, como aqueles que receberam transplante de órgãos ou realizam tratamento para câncer e doenças autoimunes, por exemplo. Nesses casos, a imunidade passiva, como é chamado o efeito do soro, pode ser a única solução.
O Instituto Butantan tem em seu portfólio soros contra venenos de serpentes e artrópodes, difteria, tétano, botulismo e vírus da raiva. A fábrica do instituto tem capacidade para produção em larga escala.
"Uma das perguntas que fazem é: se estamos vacinando a população, para que desenvolver um soro? Da mesma forma que vacinamos contra difteria e tétano, por exemplo, nós temos os soros para essas doenças. Sempre haverá alguém que, por alguma razão, não tem anticorpos contra o vírus: aquelas que não se vacinaram ou que realizam tratamentos que suprimem a capacidade do sistema imune de produzir anticorpos são alguns exemplos. Essas pessoas são as que mais se beneficiam do soro”, conta Ricardo Palacios, diretor médico de pesquisa clínica do Instituto Butantan.
Palacios explica ainda que o soro poderia ser usado como forma de prevenção em pessoas expostas ao vírus que possuem comorbidades e podem desenvolver um quadro grave. "Um idoso que vive numa casa em que os outros moradores estão com a doença, por exemplo. Ao tomar o soro, quando o vírus infectá-lo, ele terá anticorpos que podem neutralizá-lo”, diz. O pesquisador ressalta, porém, que soros do tipo só devem ser administrados em ambiente hospitalar.
Monoclonais e policlonais
O soro de anticorpos policlonais pode ter vantagens em relação a outra terapia baseada no mesmo princípio, a de anticorpos monoclonais. A estratégia ficou conhecida por ter sido administrada no então presidente dos Estados Unidos Donald Trump, no ano passado.
O medicamento – aprovado para uso emergencial pela Food and Drug Administration (FDA, a agência norte-americana correspondente à Anvisa) – é composto de cópias sintéticas de anticorpos encontrados no sangue de pessoas que se recuperaram da COVID-19, com capacidade de neutralizar alguma proteína do vírus. Outro grupo do Butantan trabalha no desenvolvimento de uma terapia baseada nesse tipo de anticorpo (leia mais em agencia.fapesp.br/32964/).
"Anticorpos monoclonais são bastante específicos para uma parte do antígeno contra a qual foram desenvolvidos. Em uma situação de pandemia, uma desvantagem é que têm um tempo de desenvolvimento maior e um custo muito mais elevado do que anticorpos policlonais, como os presentes no soro”, diz Chudzinski-Tavassi.
A especificidade pode ainda se tornar uma desvantagem num cenário em que surgem mutações do SARS-CoV-2. O novo soro do Butantan, por sua vez, age sobre diferentes proteínas e por isso tem potencial para reconhecer mesmo as novas variantes do vírus.
Para Chudzinski-Tavassi, apesar da tradição do instituto na produção de soros e em toda a infraestrutura já presente, o novo soro trouxe uma série de aprendizados. Além da patente do antígeno de vírus inativado por radiação e seus usos, foram estabelecidas novas metodologias. A experiência de reunir uma equipe de mais de 70 pessoas mostrou ainda que é possível desenvolver na instituição um produto do começo ao fim em tempo recorde.
"Fica claro que, quando há uma infraestrutura pronta, investimento contínuo e uma equipe especializada, é possível dar uma resposta rápida, mesmo numa emergência como essa pandemia”, conclui.
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- 03/03/2021 - Estudo permite aperfeiçoar dispositivos que geram eletricidade a partir de etanolFonte: Agência FAPESP
Pesquisa conduzida no Centro de Inovação em Novas Energias (CINE) e publicada no International Journal of Hydrogen Energy contribui para melhorar a estabilidade de células de combustível a etanol. Esses dispositivos viabilizam um tipo de carro elétrico que não tem tanque de hidrogênio, não precisa de tomada para carregar a bateria e pode ser abastecido em qualquer posto do Brasil.O CINE é um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído pela FAPESP e pela Shell na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade de São Paulo (USP) e Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).
Segundo produtor mundial de etanol – e o primeiro em se tratando do etanol de cana-de açúcar –, o Brasil tem sabido aproveitar esse combustível renovável, vendido em todos os postos de gasolina do país. A novidade é que, além de encher os tanques dos carros que têm motor de combustão interna, essa rede de abastecimento pode servir para movimentar carros elétricos.
Isso porque o etanol pode ser usado para gerar hidrogênio e, a partir dele, produzir eletricidade. O processo, neutro em emissões de carbono, é integralmente realizado em um único dispositivo: uma célula a combustível de óxido sólido (SOFC, na sigla em inglês), assim chamada porque seu eletrólito é composto por um material sólido, geralmente um óxido.
No carro elétrico a etanol, cujo primeiro protótipo foi lançado pela Nissan em 2016, não há tanques de hidrogênio e as baterias dispensam tomadas para recarregá-las. Em vez disso, há uma célula a combustível a etanol.
Agora, uma pesquisa liderada por Fábio Fonseca, do CINE, deu um passo importante no sentido de melhorar o desempenho dessas células a combustível. "O trabalho aprofunda uma sequência de estudos em que tentamos avançar o uso de etanol em células a combustível de óxidos sólidos”, diz Fonseca, gerente do Centro de Células a Combustível e Hidrogênio do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).
"O impacto que essa tecnologia pode ter no país é gigantesco”, informa o pesquisador à Assessoria de Comunicação do CINE. "Podemos pensar em automóveis que dispensam tanques complexos de hidrogênio e capazes de abastecer em qualquer posto, com carregamento tão rápido quanto encher o tanque de etanol. Podemos ir além e levar eletricidade a comunidades distantes do grid, bastando abastecê-las com o etanol – um carregador denso de energia líquido, renovável e disponível”, completa.
As SOFCs estudadas por Fonseca e colaboradores são formadas por camadas de materiais diferentes que cumprem funções complementares. Duas camadas compõem o ânodo. Na catalisadora, o etanol é transformado em hidrogênio e compostos baseados em carbono. Na eletroquímica, a energia química do hidrogênio é convertida em energia elétrica por meio de reações redox. O processo, contudo, ainda apresenta limitações, principalmente, a formação de depósitos de carbono na célula a combustível, que prejudicam o seu desempenho ao longo do tempo.
Pensando em resolver esse problema, o grupo desenvolveu variantes do material que compõe a camada catalisadora do ânodo, normalmente constituída por um compósito de níquel (Ni) e óxido de cério (CeO2). Os pesquisadores introduziram pequenas proporções de outros elementos (todos metais não preciosos) no óxido de cério e avaliaram o desempenho de cada nova variante como catalisadora da conversão do etanol na SOFC. "Estudamos sistematicamente o uso de elementos dopantes visando melhorar o desempenho e minimizar a dependência de metais preciosos na conversão interna e direta de etanol em eletricidade”, conta Fonseca. "A ideia final é ter estabilidade e evitar a degradação do dispositivo”, completa.
O estudo mostrou que o óxido de cério dopado com zircônio ou nióbio evita os depósitos de carbono sem prejudicar a decomposição do etanol em hidrogênio e mantendo estável o funcionamento da SOFC por, pelo menos, cem horas. Em outras palavras, o material mostrou-se eficiente para transformar etanol em hidrogênio sem gerar efeitos não desejados em células a combustível de óxido sólido.
A pesquisa contou com a colaboração de pesquisadores do Ipen, da Universidade Federal Fluminense (UFF), do Instituto Militar de Engenharia (IME), do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e da Université Grenoble Alpes (França).
O artigo The role of the ceria dopant on Ni / doped-ceria anodic layer cermets for direct ethanol solid oxide fuel cell pode ser lido em
www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0360319920340040?via%3Dihub.
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- 10/02/2021 - Pesquisa refina método que usa radiação para conservar acervos históricosA radiação gama pode ser usada para proteger filmes fotográficos e cinematográficos da degradação causada pelas condições ambientais. A dose necessária é de 6 a 10 quilos gray (kGy)
A radiação gama pode ser usada para proteger filmes fotográficos e cinematográficos da degradação causada pelas condições ambientais. A dose necessária é de 6 a 10 quilos gray (kGy)
Fonte: Jornal da USPA aplicação de radiação é uma técnica de conservação de acervos históricos utilizada para proteção, desinfestação e desinfecção de materiais contaminados com insetos e fungos. A historiadora Maria Luiza Emi Nagai determinou o intervalo de doses de radiação gama e feixe de elétrons necessário para proteger filmes fotográficos e cinematográficos, sem alterar a composição do material. Os resultados mostraram que a dose ideal de radiação a ser aplicada com segurança nos filmes é de 6 a 10 quilos gray (kGy) – unidade de medida que representa a quantidade de energia de radiação ionizante absorvida por unidade de massa.O vasto acervo bibliográfico da USP conta com filmes fotográficos e cinematográficos compostos de triacetato de celulose, que é muito sensível às condições ambientais de temperatura e umidade. Umidade acima de 50% já começa a degradar os filmes em um processo chamado desacetilação. Esse processo é conhecido como "síndrome do vinagre”, porque filmes com essa composição contêm ácido acético (vinagre) em sua fórmula. Iniciada a degradação, o material começa a se desfazer, liberando o cheiro forte do ácido."Os filmes têm várias camadas e quando a síndrome do vinagre começa, elas começam a se desintegrar, deixando-os quebradiços”, explica Maria Luiza ao Jornal da USP. A radiação tem o poder de modificar os materiais e, nos filmes, ela atua conferindo maior resistência.A pesquisa foi realizada durante o mestrado de Maria Luiza pelo Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen/USP), sob orientação do professor Pablo Antonio Vásquez Salvador, do Ipen.A metodologiaPara a determinação da quantidade de radiação necessária para proteger os filmes, a pesquisadora utilizou o irradiador multipropósito de cobalto-60 do Centro de Tecnologia das Radiações do Ipen e filmes separados para descarte das bibliotecas da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), ambas da USP. Foi feita uma análise seletiva de filmes que poderiam ser destruídos no processo, para entender os efeitos da radiação gama nos filmes.
Imagem dos tipos de degradação de filmes fotográficos e cinematográficos – Foto: Reprodução do estudo
Os filmes selecionados foram caracterizados e identificados por espectroscopia infravermelho (FTIR-ATR). "Eu não tinha certeza sobre a composição dos filmes, não sabia se eles eram realmente de triacetato de celulose. Precisei fazer essa análise para me certificar”, conta Maria Luiza.Logo depois da caracterização, a pesquisadora dividiu a amostra de filmes em vários pedaços, que receberam doses de radiação. Assim, ela foi capaz de analisar os efeitos da radiação no material e entender o intervalo que não causa dano ao material, sendo responsável por ajudar na conservação. "Um dos maiores desafios foi saber quais eram os efeitos da deterioração e quais eram os da radiação”, diz.
Imagem dos efeitos da desacetilação dos filmes – Foto: Reprodução do estudo
Foi preciso levar em conta os diferentes graus de deterioração em que estavam os filmes. Até nas mesmas unidades há uma diferença porque pode ser que um dos lados tenha estado mais exposto à umidade do que o outro, por exemplo. Por isso, foi preciso levar em conta o estado da amostra para determinação do resultado.Resultados
A pesquisa mostrou que a dose de radiação necessária para proteger o material e eliminar fungos e insetos, sem danos, é de 6 a 10 kGy. "Com o estudo, é possível constatar que a radiação promove aumento da estabilidade dos filmes, o que é positivo porque, no caso de o material estar se danificando a ponto de ser perdido em um futuro próximo, há chance de aplicar radiação para conseguir digitalizá-lo”, conclui a historiadora.
Mais informações: e-mailmalunagai@usp.br, com Maria Luiza Nagai
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- 21/01/2021 - Brasil conclui nos próximos meses projeto inédito de reator nuclear para combater o câncerMas construção do Reator Multipropósito Brasileiro, orçado em US$ 500 milhões, depende da liberação de recursos da União
Mas construção do Reator Multipropósito Brasileiro, orçado em US$ 500 milhões, depende da liberação de recursos da União
Fonte: DefesaNetA Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. - AMAZUL, em parceria com a Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN, está concluindo o projeto detalhado do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), primeiro grande passo para o Brasil alcançar a autossuficiência na produção de insumos para a fabricação de radiofármacos destinados ao diagnóstico e tratamento do câncer e outras doenças. O detalhamento do projeto contou, também, com a participação da empresa argentina INVAP.O próximo passo é construção das instalações e do reator de 30 MW de potência em terreno cedido, parte pela Marinha do Brasil e parte pelo governo de São Paulo, no município de Iperó (SP), em área adjacente ao Centro Industrial e Nuclear de Aramar. Mas, para a conclusão do empreendimento, serão necessários recursos da ordem de US$ 500 milhões, que começaram a ser negociados em 2018 com os Ministérios da Saúde e da Ciência, Tecnologia e Inovações. Nesse mesmo ano, o então ministro da Saúde, Ricardo Barros, se comprometeu em destinar R$ 750 milhões para o início da construção do RMB. Mas os recursos ainda não estão garantidos.O que é o Reator Multipropósito BrasileiroEmpreendimento de alta complexidade, o RMB tem como uma de suas principais finalidades a produção de radioisótopos, que são a base para os radiofármacos utilizados na medicina nuclear. Com isso, o Brasil poderá alcançar a autossuficiência em radioisótopos, que hoje são importados, e ampliar o acesso da população, em todo o território nacional, aos benefícios da medicina nuclear.Para se ter uma ideia, o número de procedimentos com aplicação de radiofármacos no Brasil, em torno de 2 milhões, é três vezes inferior aos realizados na Argentina e Chile, o que demonstra uma grande demanda reprimida. Atualmente, apenas 6,3% dos procedimentos são realizados no Sistema Único de Saúde (SUS) – a maior parte é realizada pela medicina privada, por meio de planos de saúde. Além disso, há um desequilíbrio profundo na oferta desses serviços entre o Sul/Sudeste e outras regiões do País.A AMAZUL agrega ao projeto a expertise de seus empregados que há décadas participam do Programa Nuclear da Marinha. "Para nós, o RMB tem um incalculável valor social, já que coloca a tecnologia nuclear a serviço da saúde dos brasileiros, salvando vidas e melhorando a qualidade de vida dos pacientes”, afirma Antonio Carlos Soares Guerreiro, diretor-presidente da AMAZUL.Os radioisótopos também são aplicados na indústria, na agricultura, no meio ambiente, entre outras áreas. O RMB será empregado, por exemplo, em pesquisas, em testes de materiais e combustíveis para as usinas nucleares e na dopagem de silício para produção de semicondutores, a serem aplicados em dispositivos eletrônicos como celulares e notebooks.Irradiação de alimentosOutro projeto estratégico que a Amazul desenvolverá em 2021 será voltado à instalação de centros de irradiação no Brasil, que tem por objetivo preservar a qualidade e aumentar a vida útil de alimentos. O mercado potencial desses centros de irradiação é grande e vai beneficiar o agronegócio, responsável por 21,4% do PIB e 43% do valor total das exportações, em 2019. Hoje, o Brasil é o terceiro maior produtor de frutas e exporta apenas cerca de 3% da sua produção”, observa Guerreiro.A mesma tecnologia pode ser usada em outros setores, como os de cosméticos, material médico, acervos históricos, obras de arte etc. centros de irradiação para permitir a utilização das tecnologias nucleares para esterilização nos setores de produção de alimentos, medicamentos, cosméticos, insumos para a área médica e outras indústrias.
Quem é a AMAZUL
A AMAZUL foi constituída em 2013 para promover, desenvolver, transferir e manter tecnologias sensíveis às atividades do Programa Nuclear da Marinha (PNM), do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (ProSub) e do Programa Nuclear Brasileiro (PNB).Dentro do PNM, atua nos projetos para construir, comissionar e operar o primeiro reator nuclear de potência, totalmente nacional, e produzir ultracentrífugas que são instaladas nas Indústrias Nucleares do Brasil (INB), responsáveis pelo enriquecimento do combustível nuclear que é aplicado nas usinas nucleares de Angra. A dualidade dessa tecnologia possibilitará seu emprego tanto para a propulsão naval de submarinos quanto para a geração de energia elétrica.Em relação ao ProSub, a Amazul está comprometida com a busca de parcerias com empresas para aumentar o grau de nacionalização dos submarinos convencionais e de propulsão nuclear, contribuindo também para o fortalecimento da base industrial de defesa nacional. Atualmente, por meio de acordos de cooperação técnica, ajuda a desenvolver tecnologias como o Sistema Integrado de Gerenciamento de Plataforma e o Sistema de Combate de Submarinos.Para a INB, a Amazul elabora atualmente o projeto de ampliação da Unidade Comercial de Enriquecimento de Urânio (UCEU), em Resende (RJ).A Amazul estabeleceu um convênio com a Eletronuclear para atuar no projeto de extensão da vida útil de Angra 1.Com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - IPEN, mantém parceria para atuar no Centro de Radiofarmácia em projetos de modernização e melhoria de processos na fabricação de radiofármacos.A empresa prevê ainda a sua participação no projeto do Centro Nacional de Tecnologia Nuclear e Ambiental (Centena). -
- 19/01/2021 - Produção de órgãos em laboratório coloca médico da USP entre os mais inovadores da América LatinaGabriel Liguori, CEO da startup TissueLabs e pesquisador do Incor, foi indicado ao prêmio Innovators Under 35 LATAM do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (IMT)
Gabriel Liguori, CEO da startup TissueLabs e pesquisador do Incor, foi indicado ao prêmio Innovators Under 35 LATAM do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (IMT)
Fonte: Jornal da USPEm julho de 2019, mais de 35,5 mil pessoas aguardavam por transplante de órgãos no Brasil. No mesmo mês do ano passado, o número saltou para 46.181, aumento de 30%, segundo dados do Ministério da Saúde. Para mudar a vida de milhares de pessoas que esperam por uma doação de órgãos, Gabriel Liguori, médico e pesquisador do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, criou a TissueLabs. Uma startup que desenvolve diferentes materiais para criação de órgãos e tecidos artificiais em laboratório.
O projeto de Liguori o colocou na lista dos 35 jovens mais inovadores, com menos de 35 anos de idade da América Latina, da Innovators Under 35 LATAM I 2020, edição em espanhol da revista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (IMT). O resultado saiu em dezembro.
"Eu diria que é um reconhecimento precoce em relação ao que temos feito, mas que com certeza nos incentiva a continuar. Ser reconhecido pelo MIT como um dos jovens mais inovadores, mostra que você está no caminho certo”, disse o médico de 31 anos.
Para ele, a premiação representa um incentivo e uma oportunidade para a startup permanecer crescendo, além de alcançar a meta de internacionalização, estipulada para este ano. A TissueLabs nasceu em 2019, em sociedade com Emerson Moretto, engenheiro e pesquisador da Escola Politécnica (Poli) da USP.
Atualmente, com 13 integrantes, o empreendimento atende pesquisadores no Brasil e em países como Estados Unidos, México, Portugal e Suíça. A startup funciona com o apoio da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo USP/Ipen – Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia) instalada no campus do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), na Cidade Universitária, em São Paulo.
Ela acaba de receber seu primeiro aporte privado, no valor de R$ 1,5 milhão, realizado por investidores brasileiros e liderado pelo economista Eduardo Zylberstajn. O investimento permitirá à TissueLabs aprimorar suas tecnologias, desenvolver novos produtos e expandir suas atividades para o exterior.
1º coração bioartificial do mundo
Uma das metas da startup é construir o primeiro coração artificial do mundo utilizando a bioimpressão, ou seja, a impressão 3D de tecidos humanos. O primeiro passo eles já deram: desenvolveram um hidrogel para ser utilizado como matéria-prima na bioimpressão.
Ele é constituído de uma mistura de células-tronco do próprio paciente com as células do órgão que se busca reproduzir. "Então se você quer imprimir um coração, consegue produzir os hidrogéis a partir de corações suínos. Se você quer imprimir um fígado, consegue a partir do fígado suíno, e por aí vai”, explicou Liguori.
A bioimpressora também é fabricada pela startup, já que não havia equipamento disponível no mercado para a utilização do hidrogel. Hoje, os produtos TissueLabs já permitem a fabricação de tecidos simples como válvulas cardíacas e vasos sanguíneos.
Apesar de ainda não poderem ser utilizados em humanos, os insumos são comercializados para uso em pesquisa ao redor do mundo, como desenvolvimento de novos medicamentos e avançar na pesquisa sobre várias doenças. De acordo com entrevista à Innovators Under 35 LATAM I 2020, mais de 40 laboratórios e de 200 cientistas ao redor do mundo já trabalham com produtos TissueLabs para estudos biomédicos.
Em relação à construção de órgãos artificiais, Liguori espera que "daqui a dez anos a gente consiga colocar esses órgãos para testes clínicos.”
Trajetória na medicina
Desde muito cedo a medicina esteve presente na vida de Gabriel Liguori. Com poucos dias de vida, sua família descobriu que ele possuía atresia pulmonar, uma cardiopatia congênita. Significa que uma das principais artérias do coração não foi formada, impedindo a circulação correta do sangue entre o coração e o pulmão. A condição levou-o a ser operado com dois anos de idade, e as idas ao Incor, em São Paulo, eram constantes.
"Era frequente estar no hospital, e aquilo desde o começo me despertou interesse. Não era algo que eu via como negativo. Então sempre falei quando criança, quando me perguntavam o que eu queria fazer, que queria ser médico”, conta.
No vestibular, foi aprovado na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), focando sua formação na cardiologia. Já na graduação realizou o curso Principles and Practice of Clinical Research na Universidade de Harvad e estagiou no Children’s Hospital Boston, ambos nos Estados Unidos.
Ele ainda estagiou no Royal Bromptom Hospital, em Londres, e passou por um período de intercâmbio na Holanda, pelo programa International Federation of Medical Students Associations. Os esforços renderam o Prêmio Prof. Dr. Edmundo Vasconcelos de distinção em Cirurgia, ao se formar com destaque, em 2014.
"Participar de projetos de iniciação científica despertou em mim o interesse de querer esse ambiente científico, e não só o da cirurgia. Eu imaginava que queria ser cirurgião cardíaco, então durante a faculdade foquei nisso, mas depois enxerguei outras possibilidades que talvez me permitissem ter um impacto ainda maior na saúde das pessoas”, detalhou Liguori, ressaltando o interesse que descobriu possuir na área de Engenharia de Tecidos após se formar. Decidiu, então, realizar doutorado, em vez de ir para a residência médica. Tornou-se doutor em Cirurgia Torácica e Cardiovascular pela FMUSP em cotutela com a Universidade de Groningen (Holanda), fundando a startup logo em seguida.
Para ler a matéria na íntegra clicar aqui.
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- 19/01/2021 - Iniciadas na UFC, pesquisas com pele de tilápia já são aplicadas à odontologia, nutrição e cosmética, além de 13 especialidades médicasFonte: Universidade Federal do CearáSucesso no tratamento de queimaduras em seres humanos e animais e em cirurgias de reconstrução vaginal e de redesignação sexual, o uso da pele de tilápia vem ganhando o mundo e desbravando novos horizontes em termos de aplicação. Iniciadas na Universidade Federal do Ceará, as pesquisas hoje já projetam a utilização do produto na odontologia, na nutrição e na produção de cosméticos, e estudos laboratoriais já são feitos em 13 especialidades médicas.Empreendidos em 2015 pelo médico Edmar Maciel, do Instituto Dr. José Frota, em parceria com a UFC, através do Núcleo de Pesquisas e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM), coordenado pelo Prof. Odorico de Moraes, os estudos com pele de tilápia já levaram à criação de diversos produtos, como a pele no glicerol (ou glicerina), a pele liofilizada (desidratada), a matriz dérmica e a extração de colágeno.A pele no glicerol vem sendo aplicada no tratamento de queimaduras e em usos ginecológicos, e a pele liofilizada, conforme estudos clínicos começados há três anos, vem mostrando resultados equivalentes nesses usos. Já a matriz dérmica e a extração de colágeno têm aberto amplo campo de possibilidades para a utilização da pele da tilápia.A matriz dérmica, também denominada scaffold, é um arcabouço feito de colágeno puro, obtido através de um longo processo laboratorial de remoção das células do peixe. É por meio desse material que migrarão os elementos da cadeia da cicatrização da pele. Edmar Maciel, que, desde o início, é o coordenador-geral das pesquisas que envolvem a pele de tilápia, explica que essa matriz foi produzida para ser usada internamente no organismo, nas mais diversas especialidades médico-cirúrgicas.Na odontologia, há estudos no Ceará e em São Paulo, na cidade de Bauru. Na Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, a pele da tilápia está sendo estudada para reparo e proteção do palato (tecido da parte superior da boca) após remoção de enxertos, de forma a proteger a mucosa oral.Através desse colágeno extraído da pele do peixe, também são desenvolvidos estudos nas áreas de cosmetologia e nutrição, que estão em fase inicial e em busca de investimentos. Na primeira, o objetivo é a obtenção de cosméticos para a utilização em todas as partes do corpo. Já na nutrição, explica Maciel, a expectativa é o desenvolvimento de um nutracêutico (componentes alimentares feitos de nutrientes, vitaminas, minerais e outros compostos encontrados em alimentos), a ser disponibilizado em forma de comprimido ou cápsula para ser testado com ingestão via oral.Conforme o coordenador-geral, desde o início de 2018, pesquisas laboratoriais e em animais estão sendo realizadas em 13 especialidades médicas, envolvendo a matriz dérmica ou scaffold, entre elas: cirurgia geral (hérnia abdominal), cirurgia plástica (queimaduras e prótese mamária), cardiologia (válvulas e vasos), ginecologia (vagina, levantamento de útero e bexiga), neurologia (recobrimento de meninge), urologia (reconstrução de uretra e doença de Peyronie), otorrinolaringologia (perfuração de tímpano), endoscopia (fístula esofágica), oftalmologia (lesões de córnea), entre outras.O coordenador-geral das pesquisas explica que esses procedimentos médicos, hoje, são feitos na rede pública brasileira e em outros países do continente americano por meio da utilização de produtos importados, que geram alto custo. A utilização da pele de tilápia, abundante e de baixo custo, pode ser uma alternativa mais econômica e que traz consigo diversas outras vantagens clínicas.Outros estudos, em fase inicial, utilizam a extração do colágeno da pele do peixe para confecção de pomada e spray, com uso em queimaduras e feridas. Edmar Maciel também destaca que o processo de desidratação da pele da tilápia, já obtido, permite que o produto possa ser mantido em prateleira e embalado a vácuo, facilitando a logística e garantindo a redução nos custos para transporte da pele.NPDM – As pesquisas pré-clínicas com a pele da tilápia tiveram início no Núcleo de Pesquisas e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM), da UFC, laboratório que tem grande relevância para o avanço dos estudos. "O NPDM foi muito importante para as descobertas iniciais, principalmente a da presença de colágeno tipo I na pele da tilápia (Profª Ana Paula Negreiros e sua equipe), e para o desenvolvimento dos produtos”, destaca Edmar Maciel.A etapa pré-clínica durou 18 meses na UFC, contando com 11 etapas, entre as quais a esterilização da pele, os estudos toxicológico e microbiológico e os testes em animais. O processo final de esterilização necessita de irradiação, realizada no Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (IPEN-SP), sob a coordenação da Profª Mônica Mathor, através de uma parceria de pesquisa. Só a partir de todos esses processos a pele começou a ser testada em pessoas, em 2016, inicialmente no IJF."Eu e a Universidade temos um compromisso de levar adiante esse projeto, que poderá gerar um bem-estar social inimaginável. Essa pesquisa é um clamor social e existe a necessidade que esses produtos cheguem à rede pública brasileira. Não mediremos esforços para sua continuidade”, defende Edmar Maciel.Por Sérgio de SousaFonte: Edmar Maciel, coordenador-geral da pesquisa com pele de tilápia – e-mail: edmarmaciel@gmail.com -
- 13/01/2021 - Catarinense fala sobre pesquisa com soro contra o coronavírus no Instituto ButantanA matéria foi exibida no Jornal do Almoço (JA), Santa Catarina e está disponível na Globoplay
A matéria foi exibida no Jornal do Almoço (JA), Santa Catarina e está disponível na Globoplay
Fonte: Globoplay
A bioquímica e diretora de Inovação do Instituto Butantan, Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, foi entrevistada, em 13 de janeiro de 2021, no Jornal do Almoço (JA), da RBS TV. filiada da TV Globo em Santa Catarina. Durante a entrevista, esclarece sobre a pesquisa com soroterapia contra o novo coronavírus e as instituições envolvidas no projeto. Dentre elas, cita o IPEN responsável pela inativação do vírus utilizando radiação.
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- 23/12/2020 - FAPESP divulga resultados da chamada Ciência para o DesenvolvimentoFonte: Agência FapespAgência FAPESP – A FAPESP anunciou nesta terça-feira (22/12) os resultados da chamada Ciência para o Desenvolvimento, lançada em 2019, antes mesmo da pandemia da COVID-19, que tem como objetivo apoiar pesquisas orientadas para a solução de problemas nas áreas de saúde, segurança pública, alimentação e agricultura, desenvolvimento econômico, entre outras.
Foram aprovadas 12 propostas, no valor total de R$ 88 milhões, submetidas por consórcios de pesquisa formados por pesquisadores em universidades, secretarias de Estado, instituições públicas e privadas no país e no exterior e empresas. O evento de lançamento foi gravado em vídeo.
Núcleos de Pesquisa Orientados a Problemas de São Paulo
"O edital para a seleção de projetos de pesquisas orientadas à solução de problemas é uma nova forma de articular o meio acadêmico e a sociedade”, disse Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, no evento de apresentação dos resultados do edital.
O edital previa que as propostas deveriam ser submetidas por consórcios, denominados Núcleos de Pesquisa Orientados a Problemas de São Paulo (NPOPs), que articulassem parceiros no desenvolvimento de pesquisa para a solução de problemas.
Um dos projetos aprovados, o "NPOP - Desenvolvimento da cadeia de produção de componentes metálicos para manufatura aditiva”, por exemplo, voltado a investigações relacionadas a novas ligas de alumínio e aço, tem sede no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e envolve dez parceiros, entre eles a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), o Instituto Fraunhofer (IPK), na Alemanha, o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), a Gerdau, a Iochpe-Maxion e a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração. As pesquisas atendem a demandas da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE).
Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP, sublinhou que o edital teve como foco a pesquisa orientada à missão. "Nos últimos anos, depois que os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU entraram na pauta das agências de fomento, há uma ênfase crescente em orientar as ações das agências para pesquisas orientadas à missão.”
O "NPOP - Núcleo de Terapia Celular”, com sede na Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto, também aprovado no edital, por exemplo, articula pesquisadores na Fundação Butantan, no Instituto Butantan e na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) num projeto que visa ampliar a disponibilização de terapia celular e imunoterapias inovadoras para pacientes com neoplasias, entre outros objetivos.
"A pesquisa orientada à missão é um caminho para o desenvolvimento econômico inclusivo e sustentável”, disse Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP.
O "NPOP - BIOTA Síntese”, com sede no Instituto de Estudos Avançados da USP, mobilizará 27 instituições parceiras na análise e síntese de soluções baseadas na natureza, para dar respostas a desafios da agricultura sustentável, segurança hídrica e controle de zoonoses.
A secretária de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen, afirmou que o edital responderá a "grandes desafios” de São Paulo, mapeados pelas secretarias de Estado. Ela citou os exemplos dos NPOPs que terão como missão melhorar a qualidade do pescado e aumentar a produtividade dos citros, café e cana-de-açúcar produzidos no Estado.
Três NPOPs têm como objetivo atender a demandas de segurança pública. Um deles, com sede no Instituto de Matemática e Estatística da USP, em parceria com as empresas Avantia Tecnologia e Engenharia e Equinix do Brasil, desenvolverá pesquisas e tecnologia e capacitará recursos humanos para o monitoramento em tempo real de vídeo ao vivo, com o objetivo de detectar e rastrear pessoas e veículos, oferecendo subsídios para a segurança pública, transporte inteligente e vigilância epidemiológica.
O vice-governador Rodrigo Garcia, que também participou do evento, afirmou que, num ano tão difícil como 2020, as pesquisas para o avanço do conhecimento e para a solução de problemas, apoiadas pela FAPESP, foram um "diferencial” do Estado de São Paulo. "Em 2021, a FAPESP continuará com o seu papel no desenvolvimento de São Paulo.”
Projetos selecionados no edital:
Núcleo de Terapia Celular - NuTeC
Pesquisador Responsável: Dimas Tadeu Covas
Instituição responsável: Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto/FUNDHERP/SSSP
Processo FAPESP: 2020/07055-9Programa multicêntrico utilizando radioligantes de PSMA para o diagnóstico e terapia de pacientes com câncer de próstata
Pesquisador responsável: Wilson Aparecido Parejo Calvo
Instituição responsável: Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares/IPEN/SDE
Processo FAPESP: 2020/07065-4Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Imunobiológicos
Pesquisador responsável: Ana Maria Moro
Instituição responsável: Instituto Butantan/IB/SSSP
Processo FAPESP: 2020/07040-1Pescado para a saúde - melhora da qualidade nutricional do pescado cultivado para consumo humano
Pesquisador responsável: Daniel Eduardo Lavanholi de Lemos
Instituição responsável: Instituto Oceanográfico/IO/USP
Processo FAPESP: 2020/06830-9Centro de Pesquisa e Desenvolvimento sobre Conhecimento ao Vivo
Pesquisador responsável: João Eduardo Ferreira
Instituição responsável: Instituto de Matemática e Estatística/IME/USP
Processo FAPESP: 2020/06950-4BIOTA Síntese - Núcleo de Análise e Síntese de Soluções Baseadas na Natureza
Pesquisador Responsável: Jean Paul Walter Metzger
Instituição responsável: Instituto de Estudos Avançados/IEA/USP
Processo FAPESP: 2020/06694-8Inovação para Vigilância em Saúde (IViS)
Pesquisador responsável: Paulo Rossi Menezes
Coordenadoria de Controle de Doenças/CCD/SSSP
Processo FAPESP: 2020/07050-7Desenvolvimento da cadeia de produção de produção de componentes metálicos por manufatura aditiva
Pesquisador responsável: Mário Boccalini Júnior
Instituição responsável: Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo/IPT/SDE
Processo FAPESP: 2020/06984-6PBIS - Plataforma Biotecnológica Integrada de Ingredientes Saudáveis
Pesquisador responsável: Maria Teresa Bertoldo Pacheco
Instituição responsável: Instituto de Tecnologia de Alimentos/ITAL/SAASP
Processo FAPESP: 2020/07015-7Estratégias biotecnológicas e genômicas para qualidade, produtividade e manejo sustentável de citros, café e cana-de-açúcar no Estado de São Paulo
Pesquisador responsável: Mariângela Cristofani-Yaly
Instituição responsável: Instituto Agronômico de Campinas/IAC/SAASP
Processo FAPESP: 2020/07045-3Núcleo de Inteligência de Dados para o Gerenciamento de Cidades e Segurança - NInDA
Pesquisador responsável: Luis Gustavo Nonato
Instituição responsável: Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação/ICMC/USP
Processo FAPESP: 2020/06899-9Centro de Ciência Aplicada à Segurança (CCAS-FGV)
Pesquisador responsável: João Luiz Becker
Instituição responsável: Escola de Administração de Empresas de São Paulo/EAESP/FGVProcesso FAPESP: 2020/07019-2
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- 16/12/2020 - Cientista-empreendedor do Cietec recebe prêmio do MIT Technology ReviewPremiação recompensa os 35 jovens mais inovadores com menos de 35 anos de idade da América Latina
Premiação recompensa os 35 jovens mais inovadores com menos de 35 anos de idade da América Latina
Fonte: CietecO jovem médico brasileiro, Gabriel Liguori, CEO da TissueLabs, recebe prêmio "Innovators Under 35”. A premiação, realizada pelo MIT Technology Review, edição em espanhol da revista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, recompensa os 35 jovens mais inovadores, com menos de 35 anos de idade da América Latina.
O prêmio foi conquistado pelo trabalho desenvolvido pelo cientista-empreendedor na TissueLabs, startup de biotecnologia residente na Incubadora USP/IPEN-Cietec, que desenvolve diferentes materiais para criação de órgãos e tecidos artificiais em laboratório. A experiência de Liguori com uma cardiopatia congênita que, desde criança, o obrigou a ficar muito tempo no hospital e se submeter a uma cirurgia, motivou a criação da TissueLabs, para ajudar a solucionar o problema de pessoas que morrem em listas de espera por um transplante.
Fundada em 2019, o objetivo da criação da TissueLabs vai além de se estabelecer como uma empresa de sucesso. "Apesar de a cada ano ocorrerem mais de 150.000 transplantes de órgãos no mundo, o número de pessoas que precisa de transplante em todo o mundo é muito maior. Nossa missão é mudar o destino de milhares de pessoas que, de outra forma, morreriam na fila por um transplante”, afirma Liguori.
A startup acaba de receber seu primeiro aporte privado, no valor de R$ 1,5 milhão, realizado por investidores brasileiros e liderado pelo economista Eduardo Zylberstajn. O investimento permitirá à startup aprimorar suas tecnologias, desenvolver novos produtos e expandir suas atividades para o exterior.
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- 15/12/2020 - Butantan desenvolve soro contra coronavírusInstituto discute com Anvisa início dos testes clínicos da formulação que poderia ser usada para bloquear a infecção
Instituto discute com Anvisa início dos testes clínicos da formulação que poderia ser usada para bloquear a infecção
Fonte: Revista FAPESP
O Instituto Butantan concluiu o desenvolvimento do processo de produção de um soro contra o Sars-CoV-2, o vírus causador da Covid-19. Mais de 2 mil frascos estão prontos para o início dos testes de segurança e eficácia em pessoas, informou a bioquímica Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, diretora de Inovação do instituto.
Se apresentar a eficácia esperada na próxima etapa de testes, o soro poderia ser usado para tratar pessoas que apresentem os primeiros sintomas da doença, para bloquear o avanço da infecção, segundo a pesquisadora. "O soro poderia ajudar bastante, já que ainda não temos antivirais eficazes contra a Covid-19”, disse Chudzinski-Tavassi.
Resultado de cinco meses de trabalho, o soro é feito a partir de vírus inativado por radiação, por meio de uma técnica desenvolvida com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), aplicado em cavalos. Em resposta ao vírus, os animais produzem anticorpos do tipo imunoglobulina G (IgG), extraídos do sangue e purificados de acordo com uma técnica usada no instituto há décadas para produção de outros soros.
Segundo Chudzinski-Tavassi, o soro mostrou resultados satisfatórios em testes de neutralização em células e segurança em camundongos e coelhos. O estudo está sendo discutido com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para obter autorização para os testes de segurança e eficácia em pessoas, mesmo sem testes similares em modelos experimentais animais.
"Não há nenhum modelo animal que reproduza a Covid-19 do mesmo modo que nos humanos”, comentou. "Por causa dessa impossibilidade, a Argentina, o México e a Costa Rica não realizaram essa etapa, alguns soros já conseguiram a autorização oficial e a Argentina já começou os testes clínicos com seu próprio soro.”
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- 12/12/2020 - Denise Fungaro extrai sílica, componente do vidro, das cinzas da queima de canaA #MulherCientista dessa semana é uma química acostumada a tirar leite de pedra: transforma resíduos aparentemente inutilizáveis em matéria-prima com valor agregado.
A #MulherCientista dessa semana é uma química acostumada a tirar leite de pedra: transforma resíduos aparentemente inutilizáveis em matéria-prima com valor agregado.
Fonte: Superinteressante
Por Maria Clara RossiniO Brasil é o país que mais produz cana-de-açúcar no mundo. O açúcar vira majoritariamente etanol, e o bagaço é queimado em termelétricas para produzir energia elétrica. O problema são as cinzas que sobram após a combustão.É aí que Denise Fungaro atua. A química é pesquisadora do Centro de Química e Meio Ambiente do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). Ela desenvolveu um método para transformar as cinzas da cana-de-açúcar em dióxido de silício, mais conhecido como sílica.A pesquisadora faz a caracterização do resíduo e propõe tratamentos - físicos, químicos ou biológicos - para transformar aqueles restos carbonizados nessa matéria-prima importante: a sílica é o principal componente da areia (e, por tabela, do vidro).O vidro comum de lâmpadas é feito misturando-se a sílica com cal e carbonato de cálcio. A adição do óxido de boro torna o vidro resistente a choques térmicos e altas temperaturas, é graças a essa mistura que existe o célebre pirex, que pode ir ao forno.As nanopartículas de sílica que Denise extrai das cinzas têm, ainda, outras aplicações: baterias de lítio, células a combustível, etc.As cinzas do bagaço apresentam pelo menos 60% dióxido de silício em massa. A química avaliou diferentes condições experimentais que deveriam ser aplicadas para otimizar o processo e extrair a sílica com pelo menos 90% de pureza.Denise recebeu um prêmio da Associação Brasileira da Indústria Química (Abquim) pela pesquisa sobre o aproveitamentoda queima do bagaço da cana. Mas sua linha de pesquisa pode englobar qualquer tipo de resíduo.Em outro projeto de pesquisa, as cinzas geradas na combustão do carvão foram aproveitadas para produzir zeólita. A zeólita é um material adsorvente que pode ser usado para remover poluentes da água ou até o CO2 do ar. Trata-se de uma alternativa sustentável para a própria usina termelétrica que gera as cinzas.Seu terceiro campo de estudo é o aproveitamento dos resíduos das empresas terciárias de reciclagem de latinhas de refrigerante e cerveja. O alumínio também precisa ser utilizado para a produção da zeólita. Em vez de incorporar ummaterial adquirido comercialmente, é possível reutilizar o que a indústria já rejeita.Denise Fungaro ainda faz parte do grupo de estudos em saúde planetária do Instituto de Estudos da USP. A equipe é composta por uma série de pesquisadores brasileiros que trabalham em temas voltados à sustentabilidade. No âmbito social, a pesquisadora faz parte de grupos que debatem a questão das mulheres negras na ciência.
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- 11/12/2020 - Empresários visitam IPEN/CNEN e estudam o uso da irradiação no café para potencializar exportaçãoAo conhecer os benefícios e as vantagens da tecnologia, Nathan Herszkowicz, presidente do Sindicafé-SP, destacou a evolução dos cafés brasileiros e e considera a irradiação uma alternativa para tornás-lo ainda melhor
Ao conhecer os benefícios e as vantagens da tecnologia, Nathan Herszkowicz, presidente do Sindicafé-SP, destacou a evolução dos cafés brasileiros e e considera a irradiação uma alternativa para tornás-lo ainda melhor
Fonte: DefesaemfocoPorMarcelo BarrosIrradiação no Café
A irradiação de alimentos é uma importante ferramenta para dinamizar o agronegócio brasileiro, e os produtores de café estão considerando estudar a viabilidade dessa tecnologia para melhorar a qualidade do grão e potencializar ainda mais a sua exportação. Foi com esse objetivo que o presidente executivo do Sindicato da Indústria de Café de São Paulo (Sindicafé-SP), Nathan Herszkowicz, visitou o IPEN/CNEN na sexta-feira, 4, em reunião articulada pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR).
Herszkowicz foi recebido pelo superintendente do Instituto, Wilson Calvo, e pelo diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Madison Coelho de Almeida. Além de conhecer um pouco as pesquisas sobre o potencial uso da radiação em alimentos, inclusive café, o dirigente do Sindicafé-SP visitou duas instalações do Centro de Tecnologia das Radiações (Ceter/IPEN): os Aceleradores Industriais de Elétrons e o Irradiador Multipropósito de Cobalto-60.
"Nós ficamos bastante entusiasmados com a possibilidade de conhecer essa tecnologia. O café do Brasil passa por uma mudança muito rápida na evolução dos tipos de produto, das tecnologias, da segmentação de públicos consumidores, e a irradiação pode ser mais uma alternativa de negócio nesse novo momento, no qual experimentamos cada vez mais diferenças como elementos importantes para o sucesso do nosso produto”, disse Herszkowicz. Após sua manifestação, foi apresentado o vídeo inédito "Café Especiais de São Paulo”.
Em seguida, Almeida fez uma breve apresentação do setor nuclear brasileiro, com ênfase no papel da CNEN e de suas unidades técnico-científicas na condução da política nuclear em todo o país. Pesquisa, desenvolvimento e inovação, produção de radiofármacos, proteção radiológica, rejeitos e emergências, formação de recursos humanos, aplicações nucleares, ciclo do combustível nuclear, equipamentos pesados e atividade regulatória estão entre as principais funções atribuídas ao setor, além da geração de energia e da propulsão nuclear.
Benefícios e vantagens
Na sequência, Tiago Rusin, da Coordenação-Geral de Desenvolvimento Nuclear do GSI, apresentou o Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro (CDPNB) e seu papel na irradiação de alimentos, destacando os benefícios, as vantagens dessa tecnologia e potenciais aplicações. Também comentou sobre o projeto-piloto de irradiação de mangas, em parceria com a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), e finalizou com um panorama do arcabouço legal no Brasil.
Conservação e aumento da vida útil dos alimentos, controle de pragas e doenças, segurança sanitária e fitossanitária, ganhos para a saúde pública e abertura de mercados externos foram alguns dos benefícios da irradiação de alimentos mencionados por Rusin. Entre as vantagens, estão a redução de perdas pós-colheita, desifestação de grãos e vegetais frescos, aumento do prazo de validade dos produtos, redução de micro-organismos deteriorantes, eliminação de micro-organismos patogênicos e esterilização depalletse embalaganes finais.
Pujança
Jorge Caetano Júnior, coordenador-geral de Sanidade Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), destacou o fato de a irradiação de alimentos no Brasil estar bem regulamentada e apontou para a necessidade de irradiar não apenas o que sai do país, mas também os insumos de interesse do país. Cenários e características da agropecuária brasileira, usos potenciais da irradiação em produtos agropecuários e principais desafios e encaminhamentos em curso foram os tópicos abordados.
"A irradiação de alimentos é uma tecnologia que possibilita a pujança da agropecuária brasileira”, afirmou Caetano Júnior. Por fim, comentou sobre ações desenvolvidas no âmbito do Grupo Técnico 7 (GT-7) do CDPNB e suas recomendações. O GSI criou 12 grupos de trabalho, coordenados por diferentes órgãos do Governo Federal, para subsidiar o Programa Nuclear Brasileiro em todas as suas vertentes. O GT-7 teve como objetivo dinamizar a aplicação da tecnologia nuclear na agropecuária.
O superintendente do IPEN/CNEN, Wilson Calvo, mencionou os diversos irradiadores na América Latina e no Caribe, e também os tipos de radiação ionizante (raios gama, feixe de elétrons e raios-x) que estão sendo estudados e utilizados em alimentos. Destacou as instalações do Instituto, entre elas o Irradiador Multipropósito de Cobalto-60, "tecnologia 100% nacional, fruto da dedicação e da competência dos pesquisadores, engenheiros e técnicos do Instituto”, onde são irradiados produtos diversos, inclusive objetos de acervos culturais do país.
A pesquisadora Anna Lucia Villavicencio, coordenadora do Grupo de Pesquisas "Aplicação da Radiação Ionizante em Alimentos, Ingrediantes e Produtos Agrícolas” no Ceter/IPEN, encerrou as apresentações falando sobre "Benefícios da Irradiação de Alimentos para o Mercado de Cafés Brasileiros”, foco principal da reunião. Explicou as características do processo e as principais vantagens da tecnologia. "Basicamente, é uma técnica para preservação e desinfestação de alimentos”, disse.
Instalações à disposição
Encerradas as apresentações, a comitiva visitou o Irradiador Multipropósito de Cobalto-60 e os Aceleradores Industriais de Elétrons, onde foi recebida pelos pesquisadores Pablo Vásquez e Samir Somessari, respectivamente gerentes adjuntos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação e de Produtos e Serviços do Ceter/IPEN. Dentre os convidados, estavam Fernando Giachini Lopes, do Instituto Totum, CC Rogério Diniz, do GSI/PR, além de dirigentes do IPEN/CNEN.
"Nossas instalações estão à disposição das empresas que queiram realizar estudos e testes com seus produtos”, disse Calvo. Para Almeida, as perspectivas representam "um novo paradigma” para a indústria nacional do café: "Uma importante pauta de exportação brasileira passa a fazer parte da irradiação de alimentos. Estudos serão iniciados em 2021, visando à mitigação de fungos e até melhoria de aroma e sabor do café; seja in natura, seja já processado”, afirmou o titular da DPD/CNEN.
Sobre o CDPNB–Criado pelo Decreto de 2 de julho de 2008 e alterado pelo Decreto de 22 de junho de 2017, o CDPNB é coordenado pelo GSI/PR e tem como princípios o uso da tecnologia nuclear para fins pacíficos, o respeito a convenções, acordos e tratados, a segurança nuclear, a radioproteção e a proteção física, o domínio da tecnologia do ciclo do combustível e o emprego da tecnologia nuclear para o desenvolvimento nacional e o bem estar da sociedade.
Fonte: IPEN
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- 11/12/2020 - Pós-doutorado em radiofármacos no IpenFonte: Agência FapespAgência FAPESP – Uma oportunidade de pós-doutorado com bolsa da FAPESP está disponível no projeto "Capacitação científica, tecnológica e em infraestrutura em radiofármacos, radiações e empreendedorismo a serviço da saúde (PDIp)”. O prazo de inscrição se encerra no dia 23 de dezembro de 2020.
As atividades do projeto são exercidas no Centro de Química e Meio Ambiente do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).
A pesquisa inclui o desenvolvimento de práticas laboratoriais avançadas em qualificação química e isotópica de radiofármacos e nanobiomateriais, para aplicação na saúde, via técnica de espectrometria de massas. Os radiofármacos produzidos no Ipen precisam ser avaliados por testes pré-clínicos para aprovação junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O candidato deve ter doutorado em farmácia, bioquímica, química, engenharia química ou áreas afins, e conhecimentos em: síntese e caracterização de materiais nanoestruturados; técnicas analíticas e desenvolvimento de kits liofilizados para administração sistêmica de fármacos. Além disso, exige-se experiência em desenvolvimento tecnológico, atividade industrial ou transferência de tecnologia no âmbito de produtos biomédicos para administração sistêmica.
Os candidatos devem enviar e-mail para egp02@ipen.br. Na mensagem devem ser anexados o currículo Lattes, uma carta de interesse apresentando brevemente seus resultados de pesquisa mais importantes publicados, projeto de pesquisa e comprovação de experiência em desenvolvimento tecnológico.
Mais informações sobre a vaga em: www.fapesp.br/oportunidades/4017.
A oportunidade de pós-doutorado está aberta a brasileiros e estrangeiros. O selecionado receberá Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP no valor de R$ 7.373,10 mensais e Reserva Técnica equivalente a 10% do valor anual da bolsa para atender a despesas imprevistas e diretamente relacionadas à atividade de pesquisa.
Caso o bolsista de PD resida em domicílio fora da cidade na qual se localiza a instituição-sede da pesquisa e precise se mudar, poderá ter direito a um auxílio-instalação. Mais informações sobre a Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP estão disponíveis em www.fapesp.br/bolsas/pd.
Outras vagas de bolsas, em diversas áreas do conhecimento, estão no site FAPESP-Oportunidades, em www.fapesp.br/oportunidades.
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- 26/11/2020 - Ipen se equipa para produzir nanorradiofármacospen se equipa para produzir nanorradiofármacos Com apoio da FAPESP, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares está criando um laboratório de padrão internacional, que associa nanotecnologia à radiofarmácia. O objetivo é desenvolver novos produtos, principalmente para o tratamento do câncer
pen se equipa para produzir nanorradiofármacos Com apoio da FAPESP, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares está criando um laboratório de padrão internacional, que associa nanotecnologia à radiofarmácia. O objetivo é desenvolver novos produtos, principalmente para o tratamento do câncer
Fonte: Pfarma
Com 60 anos de atividade, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) produz atualmente cerca de 90% dos radiofármacos utilizados no Brasil. Dito de forma simplificada, radiofármacos são constituídos por moléculas às quais estão associados isótopos radioativos de elementos químicos (iodo, flúor, tecnécio etc.). Dependendo de sua composição, o produto é empregado em exames diagnósticos ou em tratamentos, especialmente do câncer. A produção regular do Ipen atende a 430 hospitais e clínicas em todo o país. E fornece material para 2 milhões de procedimentos anuais. De 30% a 40% dos produtos são direcionados para atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS).
"Como a demanda é muito grande, só podíamos nos dedicar à pesquisa quando a produção estava parada. Com aporte financeiro da FAPESP, estamos criando, pela primeira vez, um espaço específico para a pesquisa. O laboratório encontra-se em fase final de montagem, apesar dos atrasos provocados pela pandemia e pela alta do dólar. Nosso foco é desenvolver novos produtos, associando nanotecnologia à radiofarmácia. Já temos cerca de 50 artigos a respeito, publicados em revistas internacionais de alto impacto”, diz Marcelo Linardi, pesquisador emérito do Ipen.
Linardi é coordenador do projeto "Capacitação científica, tecnológica e em infraestrutura em radiofármacos, radiações e empreendedorismo a serviço da saúde (PDIp)”, apoiado pela FAPESP no âmbito do "Programa Modernização de Institutos Estaduais de Pesquisa”. Além do Ipen, o PDIp apoia a modernização e capacitação de pessoal de outras 11 instituições estaduais de pesquisa, com um total de R$ 120 milhões.
Os R$ 16 milhões destinados ao Ipen foram direcionados para investimentos em infraestrutura e aquisição de equipamentos multiusuários como um sistema de análise STM-AFM Raman SNOM (Scanning Optical Microscopy), mamógrafo digital, entre outros. Incluem também auxílios à pesquisa (dois deles destinados a pesquisadores visitantes do exterior) e o custeio de bolsas (oito de pós-doutorado, duas de doutorado, duas de mestrado e uma de pesquisa no exterior).
"A joia da coroa em matéria de equipamento, adquirido por meio do projeto, é um microscópio a laser com resolução subnanométrica. É o terceiro de seu gênero no mundo todo. Ele possui a mesma resolução do microscópio eletrônico, mas, por não projetar elétrons, não danifica a amostra que está sendo analisada, o que é ótimo para amostras biológicas. Além disso, o feixe de laser pode ser direcionado de várias maneiras, o que possibilita focalizar a amostra sob múltiplos ângulos”, conta Linardi.
Destinado à caracterização de materiais, o novo equipamento vai contribuir para o desenvolvimento de duas áreas-chave de atuação do Ipen: a da rádiofarmácia e a da braquiterapia.O prefixo grego "braqui” refere-se a curta distância. É o oposto de "tele”, que quer dizer longa distância. Em termos terapêuticos, a braquiterapia possui uma grande vantagem comparativamente à radioterapia externa. Porque, na radioterapia externa, todos os tecidos que estão no caminho entre a saída do feixe de radiação e o local de interesse podem ser danificados pela radiação, enquanto na braquiterapia a fonte de radiação vai diretamente ao ponto – o que minimiza os efeitos colaterais indesejáveis. A associação da nanotecnologia à braquiterapia é um passo ainda mais avançado e sua implementação colocará o Ipen na linha de frente da pesquisa mundial.
"Estamos fazendo algo novo. Além do Ipen, há apenas mais dois institutos trabalhando nessa linha de pesquisa no mundo. Esse novo campo é chamado de nanobraquiterapia. A nanobraquiterapia poupa ainda mais os tecidos sadios, porque, na escala nanométrica, a molécula que contém a fonte radioativa é capaz de atravessar a membrana celular e entrar diretamente na célula cancerígena”, explica Maria Elisa Rostelato, que coordena a subárea do projeto dedicada especificamente à braquiterapia.
"Por enquanto, em todo o mundo, foram feitos apenas testes com animais. Nosso grupo produziu nanopartículas radioativas e as isolou para que não se agreguem de novo. Estamos trabalhando com isótopos de ouro e entramos na fase da chamada caracterização do material, para saber se, na escala nano, ele conserva suas propriedades. Já depositamos um pedido de patente. O apoio da FAPESP nos permitiu adquirir um equipamento, o Dynamic Light Sizer (DLS), que será dedicado exclusivamente à caracterização das nanopartículas radioativas”, informa Rostelato.
Segundo a pesquisadora, se as nanopartículas de ouro passarem pela "peneira” da caracterização, a fase seguinte será a dos testes in vitro e in vivo para verificar como essa potencial nanofonte radioativa se comporta concretamente diante dos tecidos afetados. "O tratamento do câncer de próstata é nosso foco atual. Mas o emprego desse tipo de material pode ser generalizado para vários tipos de câncer”, afirma.
O pioneirismo do Ipen vem de longe. Instalado em diversos edifícios distribuídos por uma área de 500 mil metros quadrados no campus da Universidade de São Paulo (USP), o instituto foi e continua sendo um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento da medicina nuclear no Brasil e em outros países da América Latina. Seu histórico engloba a introdução de novos radiofármacos e a formatação e controle da logística de distribuição. "Temos 25 produtos no catálogo, sendo o mais conhecido o iodeto de sódio, marcado com iodo 131, utilizado na terapia da tireoide”, diz Elaine Bortoleti, coordenadora do subprojeto de radiofarmácia no âmbito do novo projeto apoiado pela FAPESP.
De acordo com a pesquisadora, uma questão crucial da radiofarmácia relaciona-se com a meia-vida, isto é, com o tempo de decaimento dos componentes radioativos dos medicamentos. Essa meia-vida tem que ser relativamente curta, porque, depois de atender ao objetivo para o qual foi criado, o material precisa decair e ser eliminado pelo organismo – e não continuar atuando dentro dele. "Isso requer toda uma logística. Hoje, o Ipen é capaz de produzir e entregar os fármacos em até 48 horas, para qualquer estado do país. O transporte é feito por empresas cadastradas, monitoradas pelo instituto”, afirma.
"A produção é outro desafio. As células de produção, chamadas de hot cells (células quentes), são blindadas com chumbo e dotadas de um sistema de filtragem do ar com pressão negativa em relação ao meio ambiente, para evitar qualquer possibilidade de vazamento e contaminação radioativa em caso de acidente”, acrescenta.
O beabá da fabricação é produzir o radioisótopo em reator nuclear, bombardeando o elemento estável com nêutrons; ligar quimicamente o radioisótopo à molécula orgânica que deverá carregá-lo até a região de interesse no organismo; realizar depois os procedimentos farmacêuticos padrão, de filtração, diluição etc.; e embalar adequadamente o produto final, em recipientes blindados, refrigerados etc.
Atualmente, todos os radioisótopos utilizados pelo Ipen são importados, porque o reator da instituição é um equipamento de pesquisa e não tem capacidade para produção em larga escala. E este é um grande gargalo para o país, que foi seriamente afetado quando, em 2008, o reator canadense que abastecia todo o mercado brasileiro e 40% do mercado mundial teve suas atividades paralisadas. Foi necessário buscar outros fornecedores, na Argentina e na África do Sul, mas a autossuficiência do país só será assegurada se e quando o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), na cidade paulista de Iperó, se tornar realidade.
"O projeto de modernização visa adequar o laboratório para a fabricação de novos radiofármacos-piloto, para estudos clínicos e registro, com o cumprimento de todas as regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária [Anvisa] em termos de adequação ambiental e segurança. Já estamos trabalhando com moléculas flúor-estradiol marcado com flúor 18, para o monitoramento da terapia do câncer de mama, e de PSNA 1007 marcado com flúor 18, para o monitoramento da terapia do câncer de próstata”, informa Bortoleti.
Por José Tadeu Arantes | Agência FAPESP
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- 20/11/2020 - IPEN vai entrar no campo da pesquisa médica contra o câncerFonte: Diário da SaúdeCom informações da Agência FapespRadiofármacosO IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) produz atualmente cerca de 90% dos radiofármacos utilizados no Brasil.
Radiofármacos são constituídos por moléculas às quais estão associados isótopos radioativos de elementos químicos como o iodo, flúor, tecnécio etc. Dependendo de sua composição, o produto é empregado em exames diagnósticos ou em tratamentos, especialmente do câncer.
A produção regular do IPEN atende a 430 hospitais e clínicas em todo o país. E fornece material para 2 milhões de procedimentos anuais. De 30% a 40% dos produtos são direcionados para atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS).
Mas a instituição agora quer avançar também na área das pesquisas médicas.
"Estamos criando, pela primeira vez, um espaço específico para a pesquisa. O laboratório encontra-se em fase final de montagem, apesar dos atrasos provocados pela pandemia e pela alta do dólar. Nosso foco é desenvolver novos produtos, associando nanotecnologia à radiofarmácia. Já temos cerca de 50 artigos a respeito, publicados em revistas internacionais de alto impacto," contou o Dr. Marcelo Linardi, pesquisador do IPEN.
Microscópio a laser
Com recursos de R$16 milhões, financiados pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), a instituição já adquiriu equipamentos multiusuários, como um microscópio de última geração (STM-AFM Raman SNOM) e um mamógrafo digital.
"A joia da coroa em matéria de equipamento, adquirido por meio do projeto, é um microscópio a laser com resolução subnanométrica. É o terceiro de seu gênero no mundo todo. Ele possui a mesma resolução do microscópio eletrônico, mas, por não projetar elétrons, não danifica a amostra que está sendo analisada, o que é ótimo para amostras biológicas. Além disso, o feixe de laser pode ser direcionado de várias maneiras, o que possibilita focalizar a amostra sob múltiplos ângulos," contou Linardi.
Destinado à caracterização de materiais, o novo microscópio a laser vai contribuir para o desenvolvimento de duas áreas-chave de atuação do IPEN: a da radioarmácia e a da braquiterapia.
Braquiterapia e nanobraquiterapia
O prefixo grego "braqui" refere-se a curta distância. É o oposto de "tele", que quer dizer longa distância. Em termos terapêuticos, a braquiterapia possui uma grande vantagem comparativamente à radioterapia externa porque, na radioterapia externa, todos os tecidos que estão no caminho entre a saída do feixe de radiação e o local de interesse podem ser danificados pela radiação, enquanto na braquiterapia a fonte de radiação vai diretamente ao ponto - o que minimiza os efeitos colaterais indesejáveis.
A associação da nanotecnologia à braquiterapia é um passo ainda mais avançado e sua implementação colocará o IPEN na linha de frente da pesquisa mundial.
"Estamos fazendo algo novo. Além do IPEN, há apenas mais dois institutos trabalhando nessa linha de pesquisa no mundo. Esse novo campo é chamado de nanobraquiterapia. A nanobraquiterapia poupa ainda mais os tecidos sadios, porque, na escala nanométrica, a molécula que contém a fonte radioativa é capaz de atravessar a membrana celular e entrar diretamente na célula cancerígena", explica Maria Elisa Rostelato, que coordena a área do projeto dedicada especificamente à braquiterapia.
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- 17/11/2020 - Ministério busca recursos para Reator Multipropósito BrasileiroFonte: Isto ÉAgência Brasil - O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, afirmou que o governo está trabalhando para liberar recursos para a construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). O novo reator terá capacidade de produzir radioisótopos e radiofármacos, necessários para suprir a demanda da medicina nuclear nacional – atualmente, em parte, importados."[O RMB] tem que sair do papel e se tornar realidade à sociedade brasileira. Trabalhamos fortemente no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para viabilizar a liberação dos recursos necessários, via Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico”, disse o ministro ontem (16) em visita ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), na capital paulista.O país tem encontrado dificuldade para importar radioisótopos e radiofármacos em razão da alta do dólar. A situação se agravou com a pandemia de covid-19, que inviabilizou parte da logística do transporte aéreo devido ao fechamento dos principais aeroportos internacionais.Radioisótopos e radiofármacos são utilizados principalmente na realização de exames médicos, como a tomografia, e em diversas terapias, especialmente no tratamento do câncer. Além do campo da medicina, o RMB possibilitaria a realização de testes de combustíveis nucleares e materiais estruturais visando avaliar a integridade estrutural destes quando submetidos a altas doses de radiação, o que não existe no país. -
- 17/11/2020 - Ministério busca recursos para Reator Multipropósito BrasileiroNovo reator terá capacidade de produzir radioisótopos e radiofármacos
Novo reator terá capacidade de produzir radioisótopos e radiofármacos
Fonte: Agência BrasilO ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, afirmou que o governo está trabalhando para liberar recursos para a construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). O novo reator terá capacidade de produzir radioisótopos e radiofármacos, necessários para suprir a demanda da medicina nuclear nacional – atualmente, em parte, importados."[O RMB] tem que sair do papel e se tornar realidade à sociedade brasileira. Trabalhamos fortemente no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para viabilizar a liberação dos recursos necessários, via Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico”, disse o ministro ontem (16) em visita ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), na capital paulista.O país tem encontrado dificuldade para importar radioisótopos e radiofármacos em razão da alta do dólar. A situação se agravou com a pandemia de covid-19, que inviabilizou parte da logística do transporte aéreo devido ao fechamento dos principais aeroportos internacionais.Radioisótopos e radiofármacos são utilizados principalmente na realização de exames médicos, como a tomografia, e em diversas terapias, especialmente no tratamento do câncer. Além do campo da medicina, o RMB possibilitaria a realização de testes de combustíveis nucleares e materiais estruturais visando avaliar a integridade estrutural destes quando submetidos a altas doses de radiação, o que não existe no país.