Ipen na Mídia
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- 13/06/2021 - CNEN é notificada de extravio de iodo-131Fonte: Comissão Nacional de Energia Nuclear
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) foi informada na tarde do último sábado (12/6) do extravio de uma embalagem para uso exclusivo médico-hospitalar contendo o elemento radioativo iodo-131 (I-131), colocando-se imediatamente em ação para acompanhar os esforços destinados à localização do material e para colaborar com o que for necessário a este fim. O conteúdo extraviado serviria para duas a quatro doses aplicadas em procedimentos de diagnóstico e é considerado de baixo risco. Mesmo com a periculosidade relativamente pequena, a CNEN, com a cautela e precaução necessárias para estes casos, acionou a sua equipe de emergência e a Coordenação de Resposta a Emergência (CoRE).O material foi produzido pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN), em São Paulo. A empresa encarregada do transporte, autorizada pela CNEN a esse tipo de operação, coletou no Instituto, no dia 7 de junho, um lote com 15 embalados de I-131. Destes, 14 foram regularmente entregues a seus destinatários.
A falta de um deles teria sido percebida quando o veículo de entrega chegou a um hospital de Belo Horizonte e o material não foi localizado no compartimento de carga. A empresa transportadora busca verificar se o material foi indevidamente entregue a outro cliente. A CNEN está averiguando os procedimentos e abriu uma sindicância para apurar o ocorrido.
O iodo-131 está acondicionado em embalagens de chumbo que o blindam e evitam qualquer irradiação para o ambiente. Estas embalagens estão em um balde plástico especialmente preparado para este tipo de transporte (foto abaixo). Tanto o balde quanto as embalagens em seu interior estão identificados com o trifólio, símbolo da radiação. Como todo radiofármaco, o seu uso ou manipulação inadequados podem vir a causar danos à saúde. Caso alguém localize o material, é importante entrar em contato com a CNEN pelos telefones (21) 99769 7313 ou (21) 99872 4624, ou com as autoridades de segurança mais próximas.
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- 09/06/2021 - Medicina nuclear do Brasil recebe grande avanço com isótopos promissores da corporação russa RosatomNesta semana, os lados russo e brasileiro celebraram um novo contrato que prevê entregas dos isótopos médicos mais promissores na indústria farmacêutica nuclear do Brasil – Lu-177 e Ac-225.
Nesta semana, os lados russo e brasileiro celebraram um novo contrato que prevê entregas dos isótopos médicos mais promissores na indústria farmacêutica nuclear do Brasil – Lu-177 e Ac-225.
Fonte: Sputnik BrasilIsotope – fornecedor oficial de isótopos e parte integrante da Corporação Estatal de Energia Nuclear Rosatom – assinou um novo contrato de cinco anos com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares do Brasil (IPEN), um departamento da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)."Esse contrato é o resultado de muitos anos de trabalho escrupuloso de ambos os lados. Ele tem um importante significado social, já que abre novas possibilidades para o tratamento de milhares de pacientes [...] A cooperação com o IPEN/CNEN é um exemplo da cooperação internacional destinada à introdução de altas tecnologias no tratamento de oncologia em todo o mundo", comentou a CEO da Rusatom Healthcare, Natalia Komarova.O acordo estipula remessas mensais de isótopos lutécio-177 e actínio-225 ao Brasil. Acreditando-se que sejam promissores na indústria farmacêutica nuclear, as referidas variantes de elementos químicos receberam a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para posterior registro do radiofármaco DOT-IPEN-177, fabricado pelo IPEN/CNEN.Segundo avaliações dos cientistas que trabalham no desenvolvimento de remédios modernos, os medicamentos com lutécio-177 demonstram alta eficácia na terapia dirigida de uma série de doenças oncológicas, como câncer do pulmão, formas do câncer da próstata e tumores neuroendócrinos, entre outras.O actínio-225, por sua vez, utiliza-se atualmente na elaboração do radiofármaco na base do actínio-225 – o PSMA, que se espera vir a ser um novo produto da medicina nuclear do Brasil fabricado pelo IPEN/CNEN. Desde outubro de 2020, a empresa russa Isotope forneceu com sucesso vários lotes de Ac-225 ao IPEN/CNEN a fim de que a entidade brasileira avaliasse a qualidade do material russo.Vale destacar que a Corporação Estatal de Energia Nuclear Rosatom é a única companhia do mundo que disponibiliza capacidades tecnológicas para a produção de todos os tipos de lutécio-177 e ainda procura aumentar os volumes de suas entregas."A corporação estatal Rosatom, possuindo uma base tecnológica única de reatores de pesquisa, produz a linha mais ampla de isótopos para fins medicinais. Uma das tarefas-chave da Rusatom Healthcare é aumentar a acessibilidade dos produtos de radionuclídeos que são a fundação da medicina nuclear", ressaltou a CEO da empresa.Hoje em dia, no mundo existem dezenas de radiofármacos na base dos isótopos Lu-177 e Ac-225 em diferentes fases de testes clínicos. Do ponto de vista da comunidade científica mundial, os radiofármacos inovadores vão dar uma contribuição significativa no combate às doenças oncológicas mais comuns.O contrato celebrado consolida ainda mais as posições da corporação russa como o maior fornecedor de radioisótopos nos mercados da América Latina.As relações entre a Rosatom e IPEN-CNEN no âmbito da medicina nuclear têm se desenvolvido ativamente a partir de 2017, quando foi assinado o contrato para fornecimento dos tradicionais isótopos medicinais molibdênio-99 e iodo-131. No momento, a companhia estatal russa provém cerca de 50% das necessidades do Brasil em isótopos medicinais. -
- 07/06/2021 - O investimento em tecnologias não militares das Forças ArmadasIrradiação de alimentos, que prolonga a vida de frutas, e dispositivos de assistência cardiovascular são alguns dos projetos para a utilização de recursos concebidos a princípio com propósitos de defesa
Irradiação de alimentos, que prolonga a vida de frutas, e dispositivos de assistência cardiovascular são alguns dos projetos para a utilização de recursos concebidos a princípio com propósitos de defesa
Fonte: Defesa.NetO exemplo, convenhamos, é radical, porém ilustra de maneira extraordinária quanto uma tecnologia originalmente concebida para fins militares pode encontrar utilidades, nada bélicas, no dia a dia de pessoas comuns.Foi nos laboratórios das Forças Armadas americanas que, na década de 1960, nasceu este sinônimo da era digital: a internet. Em plena Guerra Fria, havia a preocupação do Pentágono de que arquivos secretos fossem preservados, mesmo na remota hipótese de um ataque soviético ao território dos Estados Unidos.Surgiu então a Arpanet, que conectava, por meio de cabos telefônicos, computadores do governo, os quais, desse modo, podiam compartilhar entre si documentos sigilosos. Pois a Arpanet viria a ser a matriz da web, a onipresente rede mundial que conhecemos hoje.Histórias parecidas à da internet têm o GPS, os equipamentos de ressonância magnética, o Teflon das panelas e frigideiras. Todos carregam consigo o traço da dualidade."Na verdade, essa é uma característica dos produtos de defesa mundo afora: algo a princípio desenhado para um emprego operacional militar ou estratégico, ou ao menos testado pioneiramente com tal fim, e que sempre transborda para o uso civil, com mais ou menos pressa, dependendo do segmento”, observou Marcos Degaut, que responde por essa área no Ministério da Defesa.No Brasil, a dualidade já integrava a Estratégia Nacional de Defesa, aprovada em 2008, e se manteve na Política Nacional de Defesa, de 2012, a qual explicitava, segundo Degaut, "que o fomento dessa indústria deve considerar o uso diversificado das tecnologias”."Inovação” é o mantra das Forças Armadas do país nesse front. Não é outra a bússola que orienta, por exemplo, os esforços para a instalação de centros de irradiação que utilizem tecnologias nucleares de esterilização de alimentos.Empregado especialmente em frutas e proteína animal, esse recurso — desenvolvido nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial e consolidado em decorrência das viagens tripuladas ao espaço — multiplica por três a vida útil de tais produtos, eliminando a contaminação por micro-organismos.Isso, sem transmitir radioatividade, ao contrário do que se poderia supor. O sistema é usado em larga escala pelos americanos, no México e, sobretudo, nas nações asiáticas.
Em São Paulo até existem centros de irradiação desenvolvidos a partir de tecnologias nucleares que tiveram origem nos estudos da área militar, mas eles são usados apenas no campo médico — o primeiro a se interessar pela técnica, investindo em equipamentos para esterilização de instrumental cirúrgico, máscaras, luvas, seringas descartáveis, agulhas, cateteres e materiais para implantes, entre outros.
Não por acaso, os 16 irradiadores que funcionam hoje no Brasil atendem, exclusivamente, esse setor. A ideia agora é estender a utilização para a agricultura, como forma de ajudar a impulsionar as exportações.
O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República criou em 2009 — e ampliou no ano passado — um grupo de trabalho para estudar a aplicação da energia nuclear em vários setores da sociedade, e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento imediatamente encampou a proposta — e a está levando adiante.
É a Amazul — Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A., empresa vinculada à Marinha — que realiza tratativas com a Pasta comandada pela ministra Tereza Cristina e outros órgãos federais, além da iniciativa privada, para a implantação de centros de irradiação no país. "A aplicação dessa tecnologia não tem limites”, disse o almirante Antonio Carlos Soares Guerreiro, diretor presidente da Amazul.
O setor exportador de frutas já manifestou interesse no projeto. "Esse recurso nos possibilita alcançar mercados longínquos sem qualquer risco, o que pode nos trazer vantagem pelo lado comercial”, afirmou Luiz Roberto Barcelos, da Comissão Nacional de Fruticultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Jorge Souza, gerente técnico da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas) ressaltou que, ao triplicar, em média, a vida dos produtos nas prateleiras, a tecnologia aumenta a competitividade nacional do setor. E permite que os alimentos cheguem à mesa "saborosos e livres de contaminação”.
Apesar de o tema ser pouco difundido por aqui, o Brasil importa alimentos irradiados, "como o alho, da China”, destacou Luís Rangel, assessor especial do Ministério da Agricultura, especializado em defesa agropecuária. "Irradiação é a bala de prata para a venda de produtos para o exterior porque dispensa qualquer outro tratamento químico ou hidrotérmico que busque eliminar fungos ou micro-organismos”, afirmou ele.
De acordo com o almirante Guerreiro, a tecnologia seria importante para eliminar o desperdício de frutas dentro do próprio território brasileiro, onde um produto leva dias, às vezes semanas, para chegar a seu destino.
Segundo ele, 25% da produção vai para o lixo entre sair do campo e encontrar o consumidor final. "O morango, por exemplo, começa a se deteriorar a partir do terceiro dia de colhido; se for irradiado, esse processo só tem início após o 21º dia”, atestou Guerreiro.
O diretor presidente da Amazul sublinhou que hoje não existe nenhum local no Brasil que irradie alimentos. Daí a importância da parceria firmada entre a empresa e o Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da Universidade de São Paulo (USP), que já estuda a irradiação desse tipo de produto.
O agronegócio respondeu por 21,4% do PIB em 2019, atingiu 26% no ano passado e a expectativa é de que cresça pelo menos 3% em 2021, mesmo com a pandemia. Atualmente, o país é o terceiro maior produtor de frutas do globo. Entretanto, figura apenas no 23º lugar como exportador, desempenho que pode crescer de maneira exponencial com a irradiação.
Em todo o planeta, cerca de 500 mil toneladas de alimentos são irradiadas anualmente para exportação. A China é a campeã, com 40%, seguida pelos Estados Unidos (20%) e pelo Vietnã (13%).
O almirante Guerreiro cita ainda outros usos da irradiação fora de seu campo de trabalho. Os irradiadores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), por exemplo, matam os fungos que ameaçam documentos e publicações do acervo histórico de São Paulo; obras de arte também são irradiadas para sua conservação; e até pneus são esterilizados por esse método a fim de ganharem aderência e se tornarem mais resistentes.
O processo de irradiação de alimentos, todavia, é somente um entre vários desdobramentos do emprego dual de tecnologia pela Marinha que beneficia a sociedade civil. Em parceria com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), a Amazul está concluindo o projeto detalhado do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), primeiro grande passo capaz de levar o país alcançar a autossuficiência na produção de insumos (radioisótopos) para a fabricação de radiofármacos empregados no diagnóstico e no tratamento do câncer e de outras doenças.
O Brasil não produz esses radiofármacos, que são utilizados, por exemplo, em exames com contraste — o país gasta cerca de R$ 80 milhões na importação de radioisótopos para a produção dos insumos.
O RMB, que está sendo desenvolvido com a participação da companhia argentina Invap, vai permitir que os exames sejam ampliados para largas faixas da população porque ficarão muito mais baratos.
Hoje em dia o número de procedimentos com aplicação de radiofármacos por aqui é em torno de 2 milhões ao ano, volume três vezes inferior ao do Chile e da Argentina. Desse total, apenas 6,3% são realizados no Sistema Único de Saúde (SUS).
O reator — e toda a planta laboratorial que está em andamento — foi orçado em US$ 500 milhões. Conforme assegurou o almirante Guerreiro, não há ainda sinalização da liberação dos recursos para sua construção. Apesar disso, ele estima que o projeto detalhado esteja pronto até o final do ano.
Outro projeto de alta complexidade também oriundo do uso dual da tecnologia militar pela Marinha é o que prevê o desenvolvimento de um dispositivo de assistência cardiovascular para auxiliar o bombeamento de sangue em pacientes com insuficiência cardíaca que estão na fila de espera do transplante.
O micromotor desse dispositivo de assistência ventricular será desenvolvido a partir de tecnologia utilizada nas ultracentrífugas da Marinha, que são empregadas para o enriquecimento do urânio destinado ao submarino de propulsão nuclear e também às usinas de Angra. O aparelho resultará de uma parceria entre Amazul, Fundação Zerbini e Instituto do Coração.
No Exército, projetos duais de peso incluem o sistema de veículos terrestres remotamente controlados, que integra técnicas e conhecimentos da Inteligência Artificial (IA) e da robótica.
No âmbito militar, eles podem ser usados na desativação de minas antipessoais. Já no plano civil, o mesmo equipamento terá utilidade na coleta de dados de meio ambiente em lugares de difícil acesso.
O Exército desenvolveu também o sistema aéreo remotamente pilotado, empregado em operações militares de reconhecimento de locais e que pode ser estendido para a indústria agropecuária.
O secretário de produtos de Defesa do Ministério da Defesa, Marcos Degaut, lembrou que a indústria química foi altamente beneficiada com o desenvolvimento do sistema Astros para fabricação de foguetes e mísseis.
Para produzi-los, a empresa Avibras teve de desenvolver e recuperar uma fábrica de um insumo básico que se chama PBHT, que havia sido desativada em 1995 e que é matéria-prima fundamental tanto como propelente de foguetes militares como civis e para lançamento de satélites. "Por conta desse projeto do Exército com a Avibras, recuperamos a capacidade de produção de PBHT nos últimos dois anos. Hoje podemos, inclusive, exportar esse produto, que é amplamente empregado em vários setores, caso do automobilístico”, atestou Degaut.
Por fim, a Aeronáutica também tem procurado enfatizar as características duais de seus avanços tecnológicos. No final de 2020, a Força Aérea Brasileira (FAB) adquiriu o satélite radar SAR, da empresa finlandesa Iceye, para ser operado pelo Centro de Operações Espaciais da Aeronáutica.
O satélite foi comprado sem licitação, por ser considerado um projeto estratégico, a ser empregado em áreas ligadas à segurança nacional.
Esse será o primeiro satélite do sistema do Projeto Lessonia-1, previsto no Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (Pese), cujo principal objetivo é prover infraestrutura espacial para ser usada estrategicamente, e de modo potencializador, no Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), no Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) e no Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Sisdabra).
O aparelho será ainda utilizado estrategicamente no Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), o maior projeto de vigilância ambiental da Terra.
Com previsão de entrar em funcionamento no segundo semestre de 2022, o satélite de sensoriamento remoto para radar de órbita baixa deverá ter uma de suas bandas destinadas ao uso civil. Embora o objetivo primordial do satélite seja uso militar, não será restrito às ações na área de defesa. A banda civil do satélite permitirá a utilização também para o controle de queimadas e desmatamento, a detecção de óleo no mar e do crescimento de cidades, por exemplo.
Segundo o Ministério da Defesa, toda a infraestrutura de solo para a operação, o treinamento e o suporte logístico do sistema do satélite radar foi orçada em um total de US$ 33,8 milhões, cerca de R$ 179 milhões.
O equipamento permite detectar o solo, mesmo que haja nuvens, de noite ou de dia, diferentemente de outros equipamentos que poderiam ser considerados semelhantes. Por isso, ainda segundo a FAB, ele é eficiente para a atuação na defesa nacional.
Em outra frente, o Centro de Operações Espaciais do Comando da Aeronáutica opera uma das bandas do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), uma parceria com o Ministério das Comunicações.
Pelo contrato firmado entre as partes, 30% do satélite se destinam ao uso estratégico das Forças Armadas, em apoio às operações militares com comunicações consideradas seguras, e os outros 70% são pilotados pela Telebrás, que utiliza o equipamento para distribuir internet de banda larga para comunidades isoladas.
Nos dias atuais, há 14 mil pontos instalados em 2.958 municípios, sendo a maior parte (10.600) em área rural. No total, 2,6 milhões de alunos foram conectados à internet pelo projeto, incluindo 248 escolas indígenas e 97 unidades quilombolas. Para elas, a sucessora da velha Arpanet não deixou de ser uma arma tecnológica — mas sem nada de bélica.
- Fonte: Revista Época, Por: Tânia Monteiro
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- 07/06/2021 - Os Desafios da Importação na Ciência e as Soluções trazidas pela Fundep para o Cenário da PandemiaEntre as cinco fundações nacionais e públicas que mais importam produtos de pesquisa, Fundep mira nova estrutura para diminuir os impactos das oscilações da economia brasileira e mundial
Entre as cinco fundações nacionais e públicas que mais importam produtos de pesquisa, Fundep mira nova estrutura para diminuir os impactos das oscilações da economia brasileira e mundial
Fonte: Site FundepQuem vê os resultados de pesquisas científicas nem sempre tem a chance de saber como um cientista chegou a eles. Alguns podem salvar vidas, melhorar setores econômicos ou criar inovações que serão lembradas por anos a fio. Desde o processo de planejamento da pesquisa até a sua concretização são diversas fases e participantes que constroem, tijolo por tijolo, um resultado. E neste contexto, desde o início da pandemia de covid-19, em 2020, trabalhar com a importação de insumos e equipamentos se tornou uma tarefa desafiadora.
Há pressões de todos os lados. Real desvalorizado frente ao dólar nos últimos dois anos, plantas de produção fechadas e com demanda represada em diversos países e, consequentemente, um aumento da espera para conseguir itens básicos. A Fundep está entre as cinco fundações nacionais e públicas que mais importam produtos para a pesquisa no Brasil e trabalha com itens heterogêneos – do setor naval, mineração, saúde – em função da sua atuação em diversas áreas do conhecimento. Há mais de 15 anos na Fundação, o coordenador de importação e exportação, Guilherme Matos, diz que o cenário atual na pandemia é bastante complexo.
Para tentar mitigar o alto custo do dólar, a tentativa tem sido reduzir o custo logístico fazendo aquisições mais consolidadas em blocos, e criar uma previsibilidade nos projetos. No entanto, situações como a escassez de voos em função da pandemia e a interrupção do canal de Suez, têm sido barreiras duras de serem transpostas. São mais de mil transações de importação feitas pela Fundep anualmente, 1/3 delas de fornecedores diferentes. "O analista precisa ser camaleão, entender um pouco como funciona cada área para negociar e inserir no plano de trabalho que temos. O valor do trabalho é esse. A intermediação é importante”, ressalta.
A aposta para diminuir os impactos das oscilações da economia brasileira e mundial é criar uma nova estrutura de compras fora do país. Uma trading pensada no final de 2019 e que deve começar a operar no segundo semestre deste ano a um custo inicial de US$ 10 mil. "A ideia é ter uma trading fora do país, com apoio da Fundepar (agência de investimentos da Fundep), para conseguir garantir poder de compra nos projetos e previsibilidade do custo. Ainda que não seja uma compra para agora, eu poderia deixar o recurso previamente alocado para uma aquisição”, diz. A vantagem seria uma proteção de desvalorização do recurso e aumento da confiabilidade dos parceiros que vendem para a Fundep.
A importância de um processo bem feito de importação pode ser vista em projetos recentes nos quais a Fundep teve participação. A construção de um nanoscópio por professores da UFMG, capitaneados pelo físico Ado Jorio, só foi possível tendo a importação como um alicerce. Mais do que isso, ela é responsável por prover boa parte dos materiais utilizados no trabalho do pesquisador mineiro. "Se você retirar o pagamento de pessoal e pensar só em equipamentos e insumos, 90% do que eu trabalho é importado. Tudo o que faço tem ótica, fontes de luz, lasers, detectores, parte ótica de alta qualidade, espelhos, filtros, tudo é importado”, explica. Segundo ele a importação de um único produto para o Brasil pode levar de quatro a seis meses. "Se você estiver nos EUA, na Europa, no Japão, você pega o telefone e o produto chega no dia seguinte”, diz.
Além da continuidade e desenvolvimento de pesquisas, a importação ajuda pesquisadores a garantir que o Brasil e Minas Gerais tenham equipamentos de boa qualidade que ajudam na atração de profissionais de ponta, dispostos a atuar no Estado. É o que conta o professor Gilberto Medeiros, do centro de Microscopia da UFMG, que atuou junto com Guilherme Matos e outros parceiros para conseguir trazer ao Brasil um microscópio doado pela Hewlett-Packard Company (HP). O equipamento, utilizado por cientistas do Brasil e do exterior, saiu de Palo Alto, no Vale do Silício e foi colocado em funcionamento em 2019.
Medeiros compara a chegada de equipamentos de qualidade via importação a uma maratona de longa distância em que é necessário estar sempre à frente. "Se você tem uma universidade com um parque de instrumentos bons, você vai conseguir atrair pesquisadores bons. Se não tem, às vezes a pessoa não quer começar do zero. Isso serve também para fazer boas contratações”, salienta. Para trazer o microscópio americano ao Brasil, foram necessários quase dois anos entre armazenamento na Califórnia, desembaraço aduaneiro e outros processos de registro.
Importação para a Fronteira do Conhecimento
No Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), a demanda por importação também é alta e complexa. Fernando Moreira, gerente do Escritório de Gestão de Projetos do Instituto, relata que em apenas um projeto foram importados seis equipamentos de grande porte para o desenvolvimento de pesquisas de ponta. Um deles é o acelerador de elétrons, que teve um custo avaliado em torno de R$ 2 milhões. "Esse equipamento não é vendido de prateleira, ou seja, precisa ser montado. Com a atuação da Fundep, conseguimos importá-lo da Coréia”, explica Fernando.
O equipamento é usado para desinfecção de efluentes industriais. "Por meio de um feixe de elétrons com alta energia, o equipamento desinfeta resíduos líquidos que poluem rios, por exemplo”, comenta. O acelerador de elétrons está sendo montado em uma carreta para percorrer todo o Brasil, desenvolvendo pesquisa e ensino e contribuindo com o tratamento de efluentes. "Tivemos que reforçar o chassi da carreta, porque o acelerador é muito pesado! Agora, teremos um equipamento único, itinerante e multiusuário, trazendo inúmeros benefícios em escala nacional. A participação da Fundep foi fundamental para atender todas as especificidades do projeto. Toda a negociação com o fornecedor foi feita pela Fundação, sempre com acompanhamento do Ipen”, finaliza Fernando.
Outros Setores
Segundo a Academia Brasileira de Ciências, em 40 anos, a partir de 1980, a produção de insumos farmacêuticos no Brasil caiu de 55% para 5% da necessidade de consumo. Com isso, o processo importação no setor se tornou imprescindível para a pesquisa. Na área de conservação e restauração o cenário é muito parecido.
"A restauração necessita de pigmentos, vernizes, andaimes, solventes. São muitos equipamentos. Nós até tentamos fazer um equilíbrio entre a compra de material nacional e internacional, mas em todas as áreas, em restaurações de grande e pequeno porte, a importação é um processo necessário. E a Fundep nos dá um apoio logístico fundamental”, afirma Bethania Reis, ex-diretora do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais (Cecor) ligado à Escola de Belas Artes da UFMG.
Ela cita a restauração do Presépio do Pipiripau, obra tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como um dos casos no qual a chegada de insumos para pintura e recuperação foi essencial. A obra tem um palco de 45 cenas com 586 personagens e peças contando a história de Jesus Cristo desde o seu nascimento até a ressurreição.
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- 07/06/2021 - Ipen seleciona alunos para mestrado profissional gratuito em tecnologia das radiaçõesFonte: Agência FapespAgência FAPESP* – O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) recebe, até sexta-feira (11/06), inscrições para o mestrado profissional em Tecnologia das Radiações em Ciências da Saúde. O curso é voltado a profissionais que atuam em hospitais e clínicas, com radiações ionizantes e não ionizantes.
Podem se candidatar profissionais graduados em medicina, farmácia e bioquímica, odontologia, física médica,biologia, química, física, engenharias, radiologia ou áreas afins.
O objetivo do programa é tornar os profissionais aptos para o desenvolvimento de pesquisas, uso e implementação de novas técnicas ou processos com radiações para diagnóstico, terapia e aplicações diversas na área da saúde.
O curso tem período letivo semestral, com aulas de quartas às sextas-feiras, das 14hàs 19h30, e duração de dois anos. O número de vagas mínimo é 25. A modalidade é presencial, mas, devido à pandemia, o primeiro semestre do curso, de agosto a dezembro, terá aulas on-line, a maioria síncronas.
Os interessados devem se inscrever pelo e-mail smp@ipen.br. Deverão enviar os seguintes documentos: formulário de inscrição preenchido, foto colorida 3x4, diploma do curso de graduação registrado, histórico escolar do curso de graduação, documento de identificação, CPF e link para o currículo Lattes.
Os candidatos que tiverem suas inscrições homologadas poderão participar dos exames de proficiência em inglês. Os aprovados no exame de proficiência serão convocados para a entrevista com a Comissão do Processo seletivo do Programa.
O resultado final será divulgado em 2 de julho, pelo site do Ipen.
Mais informações: www.ipen.br/portal_por/portal/interna.php?secao_id=2954.
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- 25/05/2021 - Anvisa autoriza teste em humanos de soro do Butantan contra a Covid-19Fonte: Isto ÉPor Patrícia Vilas BoasSÃO PAULO (Reuters) – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o Instituto Butantan a testar em voluntários um soro hiperimune contra o novo coronavírus causador da Covid-19, informou o órgão regulador nesta terça-feira.
As pesquisas clínicas haviam sido aprovadas no mês de março, mas até então os testes se restringiram apenas aos animais. Essa será a primeira vez que o soro será aplicado em humanos.
O presidente do Butantan, Dimas Covas, disse em março que o instituto já tinha 3 mil frascos do soro contra a Covid para início dos testes em pessoas aguardando a autorização pela Anvisa.
De acordo com a Anvisa, a autorização da agência seguiu "uma avaliação criteriosa dos aspectos técnicos e de segurança do produto”.
O soro é produzido junto ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), e os estudos conduzidos em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e o Hospital do Rim e Hipertensão (HRim), em São Paulo.
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- 04/05/2021 - Cientistas comparam filtração de materiais de máscaras mais usadas; N95 (PFF2) tem a maior eficiênciaLaboratório de Física Atmosférica da USP analisou 300 máscaras comumente usadas pela população para se proteger da covid-19
Laboratório de Física Atmosférica da USP analisou 300 máscaras comumente usadas pela população para se proteger da covid-19
Fonte: Jornal da USPO uso de máscaras faciais é obrigatório em locais públicos em muitos países e tem se mostrado fundamental para diminuir a disseminação da covid-19. Nos países em desenvolvimento, máscaras caseiras com formatos e tecidos variados são usadas diariamente pela população. Estudos científicos indicam que a proteção contra o sars-cov-2 varia significativamente neste tipo de máscara. Por isso, uma equipe de pesquisadores da USP e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) realizou um extenso estudo com os materiais típicos das máscaras usadas pelos brasileiros, recentemente publicado na revista Aerosol Science & Technology.
As máscaras caseiras mais comuns utilizam uma ou mais camadas de tecidos de algodão ou tecido não tecido, chamado de TNT. O físico Fernando Morais, que liderou o trabalho, mediu a eficiência de filtração de aproximadamente 300 máscaras faciais, com diferentes combinações de tecidos, e comparou seu desempenho com o de máscaras cirúrgicas e N95, padrão correspondente ao PFF2, no Brasil. As N95 foram a que apresentaram maior poder de filtragem.
As medidas foram feitas no Instituto de Física (IF) da USP. Os pesquisadores seguem pesquisando a influência do manuseio de reciclagem das máscaras em sua eficiência e ressaltam que o uso de clipe nasal, embutido na máscara ou não, ajuda a evitar que o usuário respire o ar que entra pelas laterais de alguns modelos, sem passar pelo material que faz a filtragem.
"Essa é a vantagem do clipe, porque a máscara boa é aquela que você vê inflando e desinflando no rosto, significa que todo o ar tá passando pelo filtro e pela máscara, e não pelas laterais.”
Os valores de eficiência de filtração foram medidos produzindo-se partículas de aerossol de tamanhos variados e observando a concentração no ar antes e depois da filtragem pela máscara. Outro fator importante é a respirabilidade do tecido. Um tecido com trama muito fechada pode filtrar muito bem, mas será certamente removido do rosto por quem o utiliza. As medidas de respirabilidade foram realizadas nos laboratórios da Escola Politécnica (Poli) da USP e, junto com a eficiência de filtração, permitiram calcular o Fator de Qualidade (FQ) de cada máscara.
Imagens de microscopia digital mostrando diferentes tecidos. (a) Respirador N95; (b) Máscara cirúrgica; (c, d) SMS não tecido; (e) não tecido; (f) algodão com costura frontal; (g) algodão com trama aberta; (h) algodão com trama fechada; (i) algodão com tamanho heterogêneo e padrão de vazios (trama aberta) – Foto: Aerosol Science & TechnologyAs máscaras N95 apresentaram a maior eficiência para todos os tamanhos de partículas, em torno de 98%, e com bom Fator de Qualidade, e foram consideradas como referência para avaliação de desempenho de máscaras caseiras de tecido. As máscaras cirúrgicas têm uma ótima eficiência, de 89%, e um bom FQ. As máscaras de TNT mostraram uma eficiência média de 78% com um excelente FQ, podendo ser considerado o melhor material para a fabricação caseira de máscaras.
Mas o material mais comumente usado para máscaras caseiras é o algodão, que apresentou uma eficiência de filtração muito variável, entre 20% e 60% e com baixo FQ, portanto, não se mostrando a melhor opção para a confecção de máscaras.
Máscara do tipo N95 (PPF2)Ainda assim, as máscaras faciais sempre reduzem as gotículas e aerossóis emitidos por pessoas com covid-19, sintomáticas ou assintomáticas, e por isso diminuem a disseminação do vírus.
Entretanto, o resultado do estudo mostra que grande parte da população pode estar utilizando máscaras que não protegem significativamente. O ideal é sempre utilizar máscara, mas preferencialmente que sejam as produzidas industrialmente com padrão N95/PFF2, ou mesmo máscaras caseiras de TNT, desde que muito bem ajustadas ao rosto. É importante também manter o distanciamento social e estar sempre em locais ventilados, para reduzir a disseminação do vírus e proteger a saúde de todos.
O físico aponta que, embora o ajuste ao rosto de alguns modelos de máscara possa influir na vedação e em sua eficiência, seu uso é indispensável, e a pesquisa aponta a importância do uso de clipe nasal, que vem embutido em alguns modelos de máscara, enquanto outros possuem um espaço para ele ser inserido.
"Sem o clipe nasal, a pessoa acaba respirando por onde não deveria, quando se usa uma máscara muito dura, que não deixa passar o ar, ele entra pelo lugar errado, pelas bochechas, pelo queixo, e a máscara não filtra nada”, explica. "Essa é a vantagem do clipe, porque a máscara boa é aquela que você vê inflando e desinflando no rosto, significa que todo o ar tá passando pelo filtro e pela máscara, e não pelas laterais.”
De acordo com Moraes, outras pesquisas do laboratório analisam a influência do manuseio na eficiência das máscaras. "Recentemente publicamos um artigo junto com a Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) que aborda os métodos de reciclagem das máscaras de uso hospitalar, tais como a colocação em fornos para esterilização ou a aplicação de água oxigenada”, relata o físico. "Também há duas pesquisas em andamento, uma que testa a lavagem das máscaras para verificar quantas vezes elas podem ser lavadas sem prejudicar sua eficácia, e outra, sobre o uso de radiação ionizante na esterilização de máscaras, para determinar qual dose é suficiente para que possam ser reutilizadas sem riscos de contaminação.”
O projeto Respire USP é desenvolvido por uma grande equipe multidisciplinar e busca contribuir para melhorar a oferta de máscaras seguras para proteger a população brasileira. Mais informações neste link. O trabalho completo está disponível no site da revista: Filtration efficiency of a large set of COVID-19 face masks commonly used in Brazil.
Com informações da Assessoria de Comunicação do IF
Mais informações: e-mail comunica@if.usp.br, na assessoria do Instituto de Física
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- 03/05/2021 - Estudo avalia eficiência de filtragem de 227 tipos de máscara vendidos no Brasil 03 de maio de 2021Fonte: Agência FapespKarina Toledo | Agência FAPESP – A transmissão do novo coronavírus se dá principalmente pela inalação de gotículas de saliva e secreções respiratórias suspensas no ar e, por esse motivo, usar máscaras e manter o distanciamento social são as formas mais eficazes de prevenir a COVID-19 enquanto não há vacina para todos. Baratas, reutilizáveis e disponíveis em diversas cores e estampas, as máscaras de tecido estão entre as mais usadas pelos brasileiros. Contudo, sua capacidade de filtrar partículas de aerossol com tamanho equivalente ao do novo coronavírus pode variar entre 15% e 70%, como revela estudo conduzido no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP).
Coordenado pelo professor Paulo Artaxo e apoiado pela FAPESP, o trabalho integra a iniciativa (respire!, cujo objetivo foi garantir o acesso da comunidade uspiana a máscaras seguras. Os resultados foram divulgados na revista Aerosol Science and Technology.
"Avaliamos a eficiência de filtração de 227 modelos vendidos no Brasil, seja em farmácia ou lojas de comércio popular. Nosso objetivo era saber em que medida a população está realmente protegida com essas diferentes máscaras”, conta Artaxo à Agência FAPESP.
Para fazer o teste, os cientistas utilizaram um equipamento que produz, a partir de uma solução de cloreto de sódio, partículas de aerossol de tamanho controlado – no caso 100 nanômetros (o SARS-CoV-2 tem aproximadamente 120 nanômetros). Após o jato de aerossol ser lançado no ar, a concentração de partículas foi medida antes e depois da máscara.
Os modelos que se mostraram mais eficazes no teste, como esperado, foram as máscaras cirúrgicas e as do tipo PFF2/N95 – ambas de uso profissional e certificadas –, que conseguiram filtrar entre 90% e 98% das partículas de aerossol. Na sequência, estão as de TNT (feitas de polipropileno, um tipo de plástico) vendidas em farmácia, cuja eficiência variou de 80% a 90%. Por último vieram as de tecido – grupo que inclui modelos feitos com algodão e com materiais sintéticos, como lycra e microfibra. Nesse caso, a eficiência de filtração variou entre 15% e 70%, com média de 40%. E alguns fatores se revelaram críticos para aumentar ou diminuir o grau de proteção.
"De modo geral, máscaras com costura no meio protegem menos, pois a máquina faz furos no tecido que aumentam a passagem de ar. Já a presença de um clipe nasal, que ajuda a fixar a máscara no rosto, aumenta consideravelmente a filtração, pelo melhor ajuste no rosto. Algumas máscaras de tecido são feitas com fibras metálicas que inativam o vírus, como níquel ou cobre, e por isso protegem mais. E há ainda modelos de material eletricamente carregado, que aumenta a retenção das partículas. Em todos esses casos, porém, a eficiência diminui com a lavagem, pois há desgaste do material”, comenta Fernando Morais, doutorando no IF-USP e no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), que é o primeiro autor do artigo.
Inspira e expira
Segundo Artaxo, as máscaras de algodão de duas camadas filtraram consideravelmente mais as partículas de aerossol que as feitas com apenas uma. Mas, a partir da terceira camada, a eficiência aumentou pouco, enquanto a respirabilidade diminuiu consideravelmente.
"Uma das novidades do estudo foi avaliar a respirabilidade das máscaras, ou seja, a resistência do material à passagem de ar. As de TNT e de algodão foram as melhores nesse quesito. Já as do tipo PFF2/N95 não se mostraram tão confortáveis. Mas a pior foi uma feita com papel. Esse é um aspecto importante, pois se a pessoa não aguenta ficar nem cinco minutos com a máscara, não adianta nada”, afirma Artaxo.
Como destacam os autores no artigo, embora com eficiência variável, todas as máscaras ajudam a reduzir a propagação do novo coronavírus e seu uso – associado ao distanciamento social – é fundamental no controle da pandemia. Eles afirmam ainda que o ideal seria a produção em massa de máscaras do tipo PFF2/N95 para distribuir gratuitamente à população – algo que "deveria ser considerado em futuras pandemias”, na avaliação de Vanderley John, coordenador da iniciativa (respire!, organizada pela Agência de Inovação da USP, e coautor do estudo.
"Hoje já está comprovado que a principal forma de contaminação é pelo ar e usar máscaras o tempo inteiro é uma das melhores estratégias de prevenção, assim manter janelas e portas abertas para ventilar os ambientes o máximo possível”, recomenda Artaxo.
O artigo Filtration efficiency of a large set of COVID-19 face masks commonly used in Brazilpode ser lido em www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/02786826.2021.1915466.
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- 26/04/2021 - Radiação ionizante: quanto tempo ela pode ficar no corpo humano?Fonte: CanaltechNesta segunda-feira (26), o acidente nuclear de Chernobyl completa 35 anos. Na época, a pequena cidade que era parte da União Soviética — hoje, Ucrânia — foi palco do primeiro acidente nuclear de nível 7 registrado pela humanidade e, passadas mais de três décadas, a região ainda sofre as consequências da radiação. Inclusive, as áreas próximas permanecem desabitadas e os corpos das vítimas ainda carregam algum grau de radiação ionizante.
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Para entender sobre os efeitos da radiação ionizante no corpo humano e por quanto tempo eles podem perdurar, o Canaltech conversou com Daniel Perez Vieira, pesquisador do Centro de Biotecnologia (CEBIO) do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN-SP).
Quanto tempo a pessoa pode ser exposta à radiação?
Antes de explorar os eventuais efeitos nocivos da exposição à radiação, é preciso entender quais tipos, de fato, trazem consequências para o corpo humano. Por exemplo, as radiações não ionizantes, como as ondas de rádio, TV e celular e microondas, não são capazes de induzir o corpo humano a complicações como as que aconteceram no acidente de Chernobyl, isso em nenhuma escala. São somente as radiações ionizantes, como raios-X, fótons gama, partículas alfa, beta, pósitrons, nêutrons ou prótons, capazes de afetar a saúde.
"É difícil dizer quanto tempo um ser vivo pode ser exposto a radiações ionizantes com segurança, sem levar em consideração três outros fatores: a distância da fonte; a atividade da amostra, ou seja, o número de átomos que se desintegram por segundo, liberando energia; e a energia da radiação", explica o pesquisador do CEBIO. "Em Chernobyl, por exemplo, os atingidos foram expostos a grandes atividades radiativas e a radiações de alta energia em distâncias muito pequenas da fonte, o que reduz o tempo de exposição considerado seguro", comenta Vieira sobre o porquê das consequências serem tão graves no acidente.
Questões similares valem também para o Acidente Radiológico de Goiânia — também conhecido como o acidente com césio-137 —, em 1987, quando um aparelho de radioterapia (fonte radioativa) foi manuseado por inúmeras pessoas sem a nenhuma proteção. "Os descontaminadores, tanto em Chernobyl quanto em Goiânia, só podiam permanecer por um tempo muito curto nas áreas contaminadas, como forma de reduzir a exposição às energias das radiações", afirma.
Doses de radiação e os seus efeitos no corpo humano
De forma geral, os riscos para alguém exposto à radiação ionizante dependem do tempo de exposição, da distância da fonte, da energia da radiação e da atividade da amostra. No entanto, o que seriam doses de radiação consideradas nocivas para o corpo?"As radiações ionizantes podem induzir patologias mensuráveis a partir de doses consideradas pequenas (ordem de 0,2-0,5 Sv - Sievert), mas que são muitíssimo maiores do que as doses envolvidas em exposições de diagnóstico", comenta o pesquisador Vieira.
Na prática, uma radiografia de tórax ou uma mamografia causam uma exposição muito menor do que as doses consideradas pequenas de radiação. Em média, a radiografia de tórax entrega 0,02mSv (mili Sievert), ou seja, é 25 mil vezes menor do que a quantidade nociva. Agora, a mamografia expõe a mama da paciente a uma dose de 0,4mSv, ou seja, é 1,2 mil vezes menor.
De acordo com a UNSCEAR (secretariado das Nações Unidas responsável pela padronização de medidas de radioproteção), o corpo humano é exposto, de forma natural, a uma radiação de 2,4mSv por ano. Segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) — o órgão brasileiro responsável por medidas de radioproteção —, o limite anual de exposição é de 3,4mSv por ano. "O 'excesso' de 1mSV poderia contemplar 50 radiografias de tórax, ou mais de duas mamografias, por exemplo, sem que haja aumento de risco carcinogênico nem desenvolvimento de sintomas", aponta o pesquisador.
No entanto, o cenário muda quando uma pessoa é exposta a doses acima de 0,2-0,5 Sv. Nesses casos, "o indivíduo afetado pode apresentar diversas patologias de pele na área atingida, como perda de pelos e escurecimento [maioria dos casos], bolhas, queimaduras e necrose, e apresentar sintomas como náusea, vômito e diarreia", conta Vieira.
Dependendo da dose de radiação, os sintomas iniciais podem evoluir para síndromes, como a da aplasia medular (SAM), que leva à redução da celularidade sanguínea, perda da capacidade do sistema imunológico, hemorragias e anemia. Outro exemplo é ado trato gastrointestinal (STG), conhecida por levar a perda da capacidade de absorção intestinal e hemorragias intestinais.Também há sintomas clássicos ligados à região do organismo que sofreu dano, como mucosite oral, pneumonite e pericardite, por exemplo.
"A maioria dos expostos em Chernobyl apresentou mucosites e efeitos cutâneos. Os expostos à doses maiores desenvolveram a síndrome aguda da radiação (SAR), na qual os expostos podem apresentar misturas dos sintomas citados acima, com predominância das mucosites, sintomas cutâneos, e danos na medula óssea e trato gastrointestinal", afirma o pesquisador. Além disso, algumas pessoas que foram expostas a doses menores desenvolveram sintomas não-agudos (posteriores), como cânceres de tireoide, ovário e pulmões.
Dá para calcular quanto tempo a radiação pode ficar no corpo?
Dependendo dos fatores de exposição, principalmente da forma como se deu a exposição, a radiação pode permanecer por muitos e muitos anos na superfície ou no corpo de um indivíduo. "Caso haja incorporação de material radioativo, cadáveres podem emitir radiação por vários anos ou séculos dependendo do isótopo incorporado", explica Vieira.
No caso de Chernobyl, a explosão da usina nuclear espalhou diversos isótopos, como o 60Co (cobalto 60) e o 90Sr (estrôncio 90), sendo que a meia-vida radioativa do 60Co é de 5,3 anos e a do 90Sr é de 29 anos. Vale explicar que o termo meia-vida radioativa é usado para definir o tempo que demora para que uma amostra de determinado isótopo perca metade de sua atividade. Dessa forma, "cadáveres contaminados por 90Sr ainda possuem pouco menos da metade da atividade de 1986", comenta Vieira sobre o caso ucraniano.
No caso de Goiânia, a meia-vida do 137Cs (césio 137) é de 30 anos. Por isso, os casos graves do incidente foram sepultados em caixões blindados, já que ainda há cerca de metade da radioatividade de 1987. No entanto, "essa situação ocorre apenas em caso de incorporação de isótopos radioativos. Casos que envolvem exclusivamente exposição, sem contato direto com o material, não contaminam e não deixam radioatividade residual", ressalta o pesquisador.
Atualmente, há diversas técnicas de descontaminação que removem isótopos da superfície ou do interior do organismo, o que reduz a incorporação e os efeitos em alguns casos, mas não há como remover o processo físico da radiação e nem o seu dano. "Uma vez lesado, o tecido vai apresentar várias reações patológicas irreversíveis. Para nos protegermos da energia devemos reduzir o tempo de exposição, aumentar a distância da fonte e usar blindagens quando possível", completa Vieira.
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- 24/04/2021 - Com potencial gigantesco, Brasil precisa ampliar instalações para irradiação de alimentos, diz estudoFonte: Revista CenariumSÃO PAULO – A irradiação de alimentos ainda é uma tecnologia pouco utilizada no Brasil, apesar de suas vantagens, como a eliminação de micro-organismos prejudiciais à saúde e o aumento do período de conservação. Para debater o uso da radiação de modo a alavancar a exportação brasileira, a Agenda Nuclear – Desafios Urgentes promoveu, no dia 8/4, o webinário "Irradiação de Alimentos – como viabilizar e implementar o negócio?”.
Durante evento, foram apresentados desafios como modelos de negócios, tecnologias mais adequadas ao mercado nacional, a visão dos setores produtivos e usuários, fontes de financiamento e a comunicação com a sociedade. Na abertura, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, foi representado por Ricardo Cesar Mangrich, coordenador-geral de Tecnologias Estratégias (CGTE) do MCTI.
O Ipen/CNEN participou das discussões com apresentações de Wilson Calvo, superintendente do Instituto, Anna Lúcia Villavicêncio, pesquisadora do Centro de Tecnologia das Radiações (Ceter/Ipen), Ana Paula Freire, da Assessoria de Comunicação Institucional, e Denise Levy, professora colaboradora em disciplina no Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear Ipen/USP e diretora de comunicação da Sociedade Brasileira de Proteção Radiológica (SBPR).
Calvo integrou a mesa que discutiu o tema "Modelos de Negócios”. O superintendente do Ipen/CNEN ressaltou a expertise do País e o "potencial gigantesco” para ampliação de instalações visando o processamento de materiais por radiação, se comparado a países como Japão, China e Estados Unidos. Frisou que todos equipamentos utilizados para irradiação, desde o projeto, construção e operação seguem normas de segurança internacionais e nacionais.
"Existe uma conjuntura brasileira que fortalece o Programa Nuclear Brasileiro dando segurança e incentivo, articulação e apoio a entes públicos e privados nessa temática de irradiação de alimentos”. O fortalecimento de parcerias entre governo, setor privado, instituições de pesquisa e financiadores para o empreendimento de novas instalações é fundamental, segundo Calvo. "O Brasil precisa de irradiadores, o agronegócio precisa, e nós precisamos que isso se torne uma realidade”.
Irradiador Multipropósito de Cobalto-60, instalação do Ipen/CNEN, em São Paulo (Rafael H.L. Garcia-IPEN/CNEN)Também participaram o diretor do Programa de Parcerias de Investimentos do Governo Federal (PPI) do Ministério da Economia (ME), Alceu Justos Filho, o coordenador geral de negócios da Amazul, Nilo de Almeida e o assessor da Secretaria Executiva do Ministério da Agricultura (Mapa), Luiz Eduardo Rangel. A moderação ficou a cargo de Tiago Rusin, da Coordenação-Geral de Desenvolvimento Nuclear (SCS/GSI/PR).
Outro tema apresentado foi "Modelos tecnológicos adequados ao País”. A pesquisadora Anna Lúcia C. H. Villavicêncio atuou como moderadora. Participaram o vice-presidente de Vendas da IBA Group – Tecnologias em Aplicações Radiativas, Mauro Ferreira, o diretor comercial no Brasil da Nuctech, Juliano Nogueira, e Murillo Freire Junior, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Villavicêncio afirmou que o Brasil já realiza processos de irradiação de alimentos há pelo menos 20 anos, mas nem todos os produtos são rotulados. "Nós temos um grupo muito pequeno de irradiadores comerciais, mas dedicados. Agora, com esse movimento, podemos expandir e colocar irradiadores de norte a sul do País. É isso que está faltando: máquinas. Nós, do Ipen/CNEN, temos bastante procura pelos agricultores interessados em aplicar o processo”.
Comunicação com a sociedade
Na mesa "Comunicação com a sociedade”, a jornalista Ana Paula Freire destacou que a área nuclear é um campo do conhecimento científico e ressaltou a importância da formação do comunicador para transmitir com clareza e simplicidade – "obviamente sem prescindir do rigor técnico”- e, principalmente, com transparência. Mencionou as ações do IPEN/CNEN e a sua contribuição na disseminação dos benefícios da tecnologia nuclear para diferentes públicos.
Levy encerrou a mesa apresentando projetos de educação científica por meio de plataformas digitais desenvolvidos durante suas pesquisas com Anna Lúcia Villavicencio e salientou a necessidade de se levar informações corretas para a sociedade, a fim de "combater o preconceito e a desinformação acerca da área nuclear”.
Também participaram dessa última mesa Thalita Antony de Souza, gerente geral de Alimentos da Anvisa, Luiz Roberto Barcelos, presidente da Comissão Nacional de Fruticultura da CNA, e Gustavo Chianca, representante Adjunto da FAO no Brasil. A moderação foi de Fabiano Petrucelli, assessor técnico do GSI/PR.
"Alinhamento”
Ricardo Cesar Mangrich ressaltou que a atividade nuclear necessita de incentivo e de atividades que estimulem a informação e esclarecimento público, principalmente voltados a segurança e aplicações. Comentou que "o MCTI está sempre alinhado a todas iniciativas nesse sentido, assim como está muito empenhado em atividades na área da saúde” e citou alguns projetos, dentre eles o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB).
O diretor do Departamento de Coordenação do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro, Capitão de Mar e Guerra Alexandre Itiro Villela Assano, representando o secretário de Coordenação de Sistemas do GSI/PR, Almirante André Macedo, abordou a tecnologia da irradiação como política pública e as ações do GSI na área.
O encerramento coube a Carlos Emiliano Eleutério, diretor executivo Planeja & Informa Comunicação e Marketing / Casa Viva Eventos, promotora do seminário. Mencionando a qualidade dos debates ao longo do dia, salientou que a comunicação é estratégica para a aceitação da área nuclear. Concluiu dizendo da importância de uma mesa específica para debater o tema "comunicação com a sociedade” e que "aprendeu muito com tudo o que foi apresentado”.
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- 19/04/2021 - NUCLEP participa da ampliação tecnológica do IPENFonte: NUCLEP na Mídia
Com sua expertise nuclear e capacidade fabril, a NUCLEP concluiu a fabricação da Caixa de Blindagem Radiológica para a Unidade Móvel de Irradiação com Acelerador Industrial de Elétrons, projetado pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).A unidade móvel, cujos requisitos de segurança são chancelados pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), pela BSS Serviços de Blindagem e pela CNEN, autarquia federal do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), à qual o IPEN está vinculado, tem várias aplicações. Esta possui um acelerador de feixe de elétrons responsável por tratar efluentes industriais para fins de reutilização, se apresentando como uma alternativa limpa e tecnológica para as empresas.
Com o laboratório móvel, que será usado por profissionais do IPEN no treinamento a empresas de todo país, é possível ampliar a capacidade nacional de tratamento de efluentes, gerando benefícios tecnológicos e econômicos em relação às técnicas convencionais.
A blindagem radiológica fabricada pela NUCLEP pesa cerca de 15,86t e tem como objetivo fornecer a proteção adequada durante as operações, promovendo a segurança dos trabalhadores e do ambiente.
Dentro da Unidade Móvel de Irradiação com Acelerador Industrial de Elétrons, serão aplicadas atividades de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e prestações de serviços em escalas laboratoriais e industriais.
A participação da NUCLEP neste projeto reforça a sua capacidade de atender as mais diversas demandas dos projetos nucleares e contribuir com a sociedade brasileira.
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- 19/04/2021 - Nuclep participa da ampliação tecnológica do IPENEmpresa entrega peça que vai colaborar com importantes pesquisas brasileiras sobre tratamento de efluentes
Empresa entrega peça que vai colaborar com importantes pesquisas brasileiras sobre tratamento de efluentes
Fonte: O Dia
Por Jupy Junior
ITAGUAÍ - Com experiência no setor nuclear e capacidade fabril, a Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep)– indústria estatal que atua no bairro de Brisamar, Itaguaí - concluiu a fabricação da Caixa de Blindagem Radiológica para a Unidade Móvel de Irradiação com Acelerador Industrial de Elétrons, projetado pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).A unidade móvel tem várias aplicações e conta com um acelerador de feixe de elétrons responsável por tratar efluentes industriais para fins de reutilização, o que viabiliza uma alternativa limpa e tecnológica para as empresas. Os requisitos de segurança são garantidos pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), pela BSS Serviços de Blindagem e pela CNEN - autarquia federal do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações a qual o IPEN está vinculado.Com o laboratório móvel, que será usado por profissionais da IPEN para realizar treinamentos em empresas de todo país, é possível ampliar a capacidade nacional de tratamento de efluentes, o que gera benefícios tecnológicos e econômicos em relação às técnicas convencionais.A blindagem Radiológica fabricada pela Nuclep pesa mais de 15 toneladas e tem como objetivo fornecer a proteção adequada durante as operações, promovendo a segurança dos trabalhadores e do ambiente.
A Unidade Móvel de Irradiação com Acelerador Industrial de Elétrons é importante na aplicação de atividades de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e prestações de serviços em escalas laboratoriais e industriais.
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- 31/03/2021 - Com edição de DNA, brasileiros avançam no transplante de órgãos de porcos para humanosTrabalho é coordenado pela geneticista Mayana Zatz e pelo médico Silvano Raia, da USP; primeiro objetivo é realizar transplantes de rim
Trabalho é coordenado pela geneticista Mayana Zatz e pelo médico Silvano Raia, da USP; primeiro objetivo é realizar transplantes de rim
Fonte: Folha de São Paulo
Reinaldo José Lopes
São Carlos (SP)
Usando técnicas de edição de DNA, pesquisadores brasileiros deram passos importantes para viabilizar o transplante de órgãos de porcos para seres humanos.
Eles conseguiram remover trechos de material genético que poderiam desencadear rejeições ou causar doenças nos pacientes que receberem os tecidos de origem suína. Seu primeiro objetivo é realizar transplantes de rim, o que poderia diminuir significativamente a fila de transplantes e a dependência de constantes sessões de hemodiálise por parte dos doentes.
O trabalho está sendo coordenado pela geneticista Mayana Zatz e pelo médico Silvano Raia, da USP. "Na parte molecular, temos tido bastante sucesso”, diz Zatz.
"Transplantes de rins suínos modificados dessa maneira para babuínos [que são primatas, como o ser humano] já mostraram que é possível uma sobrevida de longo prazo. Os macacos ficaram com os rins por dois anos e meio e foram sacrificados como parte do estudo, sem que isso tivesse relação com o transplante. O procedimento ainda não foi realizado com pacientes humanos em nenhum lugar do mundo, mas há equipes trabalhando para isso, e é um esforço que precisa ser realizado no Brasil também”, argumenta ela.
Os suínos são considerados fontes promissoras para esse tipo de xenotransplante (transplante entre espécies diferentes) há tempos. Tanto o tamanho dos animais quanto sua anatomia são compatíveis com as necessidades de receptores humanos.
Para que o transplante se torne viável, dois tipos de modificação genética são considerados necessários. O primeiro envolve a remoção de três trechos do DNA suíno que provocariam rejeição aguda nos pacientes. Além disso, é preciso extirpar ainda regiões do genoma conhecidas como Pervs (sigla inglesa de "retrovírus endógenos porcinos”).
Em essência, estamos falando de vírus "fossilizados”, que infectaram os ancestrais dos porcos de hoje e inseriram versões de seu material genético no genoma dos animais. É o que o vírus da Aids ainda faz hoje com as pessoas que infecta.
No organismo dos bichos, os Pervs são inócuos, mas há o risco de eles "ressuscitarem” e infectarem outra espécie que receber o órgão transplantado. Tanto no caso dos genes de rejeição quanto no dos Pervs, a equipe já dominou os métodos necessários para deletá-los, usando a técnica de edição de DNA conhecida como Crispr (pronuncia-se "crísper”).
O próximo passo, conta Silvano Raia, será transferir o núcleo das células suínas modificadas para óvulos cujo núcleo foi retirado — na prática, um processo de clonagem — e implantar o embrião assim gerado em fêmeas. Os rins dos filhotes que nascerem a partir desse processo serão testados em sistemas de circulação extracorpórea, para demonstrar que são capazes de realizar corretamente a função filtradora do órgão.
Isso, no entanto, ainda não será suficiente para que a pesquisa chegue ao teste clínico, com pacientes. Para isso, os pesquisadores estão em busca de financiamento para construir a chamada "pig facility”, uma instação em que os suínos seriam criados em condições livres de germes e, portanto, seguras para o transplante. A área já está disponível: um espaço de 1.100 m2cedido pelo Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), na capital paulista. "Com a ‘pig facility’, poderíamos começar os testes com pacientes num intervalo de seis meses a um ano”, diz Zatz.
Raia elenca os requisitos bioéticos para escolher os participantes: seriam pessoas cuja expectativa de vida ficaria maior com o transplante do que apenas com a continuidade da hemodiálise. Além disso, elas receberiam prioridade na fila de transplantes de órgãos humanos caso o procedimento não desse certo. "Seria possível fazer o xenotransplante sem retirar o rim ainda funcional do paciente, tornando-o reversível no caso de algum problema”, explica ele.
Os pesquisadores chegaram até a consultar autoridades religiosas — católicas, judaicas e muçulmanas — em busca de seu beneplácito para o procedimento. "Em essência, é algo permitido por todos”, diz Raia.
Recipiente térmico usado para transportar coração doado é colocado em uma canto da sala cirúrgica enquanto aguarda para ser transplantado em uma paciente no Instituto do Coração - (Lalo de Almeida/Folhapress)
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- 18/03/2021 - Rejeitos Radioativos: Como a biomassa vem auxiliando no tratamento desse tipo de resíduoEstudo desenvolvido por pesquisadores do Ipen usou cascas de arroz e café para a biossorção de radionuclídeos.
Estudo desenvolvido por pesquisadores do Ipen usou cascas de arroz e café para a biossorção de radionuclídeos.
Fonte: Biomassa BRO tratamento de rejeitos radioativos ainda é um desafio no Brasil e cada vez mais estudos e pesquisas buscam por soluções para fazer a destinação desse tipo de resíduo de forma correta.
Um estudo recente desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) entretanto visa modificar o cenário e mostrar o quanto o uso da biomassa pode ser eficaz e barato nesse tipo de tratamento.
De acordo com a Lei 10.308 de 2001, a qual trata sobre rejeitos radioativos, esse tipo de resíduo não pode ser descartado de forma qualquer e precisa de um tratamento específico para evitar danos graves a saúde e ao meio ambiente.A biomassa então entra como uma possível solução, visto que vem sendo cada vez mais objeto de estudo de pesquisadores para esse fim. Leandro Araujo, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo do Ipen, reforça que diversos tipos biomassa já estão sendo estudadas e trabalhadas para o tratamento de rejeitos radioativos.
Estudo utilizou cascas de arroz e café na biossorção de radionuclídeos
O estudo desenvolvido pelo Ipen teve como base de estudo o uso de cascas de arroz, assim como de café. De acordo com Araujo as mesmas foram utilizadas por se tratarem de resíduos agrícolas comuns e baratos no Brasil, um incentivo ainda maior para futuros investimentos.
O estudo teve como objetivo avaliar se as cascas possuíam propriedades atrativas na biossorção de radionuclídeos presentes em rejeitos radioativos. Na ocasião o estudo testou a biomassa especialmente em três tipos de rejeitos sendo urânio, amerício e césio.
Ainda de acordo com o pesquisador todo um processo foi realizado com a biomassa para que ela tivesse êxito durante o processo de tratamento do resíduo.
"As cascas foram preparadas por meio de lavagem com água destilada, secas em estufa a 80 graus celsius por 24h, esterilizadas por radiação UV, picadas e peneiradas. Parte desse material foi utilizado diretamente no tratamento do rejeito, ao passo de que outra parte foi ativada quimicamente com o uso de ácido nítrico e hidróxido de sódio e depois utilizada no tratamento do rejeito” explicou Araujo.
O que disseram os resultados para o tratamento dos resíduos
Os resultados apresentados pelo estudo foram bastante satisfatórios segundo Araujo, tendo a casca de café não processada com um ótimo produto de absorção de rejeitos de urânio e amerício. A expectativa agora é que mais estudos dêem continuidade e mostrem o quão importante a biomassa possa vir a ser na redução de rejeitos.
"Esses materiais se mostraram eficazes na remoção de radionuclídeos em solução de rejeito radioativo real, justificando a continuação desse estudo. Há também resultados atrativos de imobilização desses materiais com o uso de cimento Portland após o tratamento de rejeito radioativo. No momento temos trabalhado com outras biomassas, mas há a possibilidade de voltarmos a usar as cascas de café e arroz em trabalhos futuros” destaca Araujo.
O resultado positivo da pesquisa mostrou o quanto à biomassa bem exercendo um papel fundamental na redução dos impactos ambientais causados pelos poluentes e como incentivos para esse tipo de produção podem ser favoráveis para a preservação ambiental.
"Materiais como as cascas de café e arroz são de nosso interesse porque são resíduos agrícolas, gerados em quantidade significativa e que são baratos. Dessa forma, utilizamos um resíduo para tratar outro resíduo, diminuindo o impacto ao meio ambiente” finalizou Araujo.
Para quem possui interesse em acessar o estudo completo basta acessar o arquivo na plataforma SpringerLink clicando aqui: O uso de casca de arroz e café para biossorção de U (total), 241 Am e 137 Cs em resíduos orgânicos líquidos radioativos -
- 10/03/2021 - Aplicativo ajuda pacientes e médicos no controle da epilepsiaStartup da incubadora USP/Ipen-Cietec criou o app para fazer a gestão do quadro de saúde
Startup da incubadora USP/Ipen-Cietec criou o app para fazer a gestão do quadro de saúde
Fonte: Jornal da USP
De acordo com estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), há 65 milhões de pessoas com epilepsia no mundo, uma doença neurológica crônica caracterizada pela recorrência de crises epilépticas que podem se manifestar de diferentes formas dependendo do paciente. Um terço deles não responde à medicação ou cirurgia e, dessa forma, fica difícil prever quando haverá um momento de crise.Para auxiliar essas pessoas no controle da doença, foi criado um aplicativo inédito e gratuito, integrado a uma plataforma digital para médicos. O Epistemic App funciona como um diário. Por meio do preenchimento de um questionário sobre o dia a dia e das crises dos pacientes, o aplicativo armazena indicadores, como: registro de crises epilépticas e seus gatilhos, passando por qualidade do sono, alimentação, prática de esportes até registro e lembrete para medicamentos, entre outros.
A tecnologia foi desenvolvida pela Epistemic, uma startup residente na incubadora USP/Ipen-Cietec e especializada na gestão para tratamento de epilepsia. A proposta do aplicativo é organizar as informações sobre o cotidiano do paciente e facilitar a visualização pelo médico, possibilitando um melhor conhecimento dos padrões das crises.
As perguntas do diário são ajustáveis por paciente e ajudam o médico a entender seu quadro atual para que o tratamento seja feito da melhor forma possível. A ferramenta também permite que o responsável ou cuidador do paciente crie um usuário em nome dele e preencha o questionário com as informações do paciente.
"Temos sempre a preocupação com a comodidade do paciente na hora de administrar suas crises. Nem sempre lembramos tudo aquilo que vivemos. Por isso, o Epistemic App oferece um meio de registro diário através de um questionário com uma sequência de perguntas sobre seus hábitos e suas crises”, explica Paula Gomez, CEO da Epistemic.
O Epistemic App é integrado a uma plataforma digital para médicos, o Epistemic Web. Com esse painel de controle, o médico recebe os dados no formato de gráficos, caso o paciente autorize, contendo informações sobre as crises, o humor, a atividade física, o sono, a alimentação, o funcionamento do intestino, ingestão de medicamentos, entre outros.
Além disso, pelo Epistemic Web, é possível configurar notificações para receber lembretes no horário de tomar cada remédio. O aplicativo já está disponível em português e em inglês, para Android, no Google Play.
Versão Pro: mais funcionalidades
Além do Epistemic App e do Epistemic Web, a startup também disponibiliza o Epistemic Pro, uma versão que permite que o paciente sincronize as informações de diversas marcas de smartwaches. Dessa forma, os dados de sono e atividade física serão preenchidos no diário automaticamente. Com ele, também é possível enviar os dados preenchidos no Epistemic App para o médico, para que ele consiga ver o histórico de forma organizada e agregada na plataforma Epistemic Web. A assinatura do Epistemic Pro é mensal, no valor de R$ 34,90.
A Epistemic nasceu com o projeto do Aurora, tecnologia desenhada para prever crises de epilepsia com uma média de meia hora de antecedência. O dispositivo está em fase de desenvolvimento, pois trata-se de uma pesquisa de longo prazo. Foi com este projeto que Paula Gomez ganhou o prêmio Cartier, destinado a mulheres empreendedoras.
"Colaborar com o desenvolvimento de uma startup como a Epistemic, que tem um propósito tão importante para as pessoas com epilepsia, é gratificante e vai de encontro com a nossa missão de fortalecer e consolidar projetos que tenham o intuito de gerar negócios de impacto na sociedade”, afirma Sergio Risola, diretor-executivo do Cietec.
Da ideia à aplicação prática
Dentro do campus Cidade Universitária da USP, em São Paulo, funciona o Cietec. O Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia foi fundado em abril de 1998 para incentivar o empreendedorismo e a inovação tecnológica por meio da criação, fortalecimento e a consolidação de empresas de base tecnológica.
O Cietec apoia a transformação de conhecimento em produtos e serviços para o mercado, a inserção no ecossistema de inovação, a capacitação técnica e de comercialização, contribuindo para o aumento da competitividade no Brasil.
O centro é a entidade gestora da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da USP e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), onde são conduzidos processos de incubação de empresas inovadoras, em diferentes níveis de maturidade.
Nesses processos, são oferecidos serviços de apoio para demandas nas áreas de gestão tecnológica, empresarial e mercadológica, aproximação com o investimento-anjo, capital semente e venture capital, recursos de fomento público, além de infraestrutura física para a instalação e operação dessas empresas.
Mais informações: www.cietec.org.br/project/epistemic
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- 09/03/2021 - Como funciona o soro para Covid-19 testado pelo Instituto ButantanProduzido a partir do plasma de cavalos, ele busca amenizar os sintomas de pacientes já infectados pelo vírus. Entenda.
Produzido a partir do plasma de cavalos, ele busca amenizar os sintomas de pacientes já infectados pelo vírus. Entenda.
Fonte: SuperinteressanteNa última semana, o Instituto Butantan submeteu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o pedido de autorização para o início de testes clínicos do soro anti-Sars-CoV-2. Ao contrário das vacinas, o composto desenvolvido pelo Butantan deve ser utilizado quando o paciente já está infectado pelo vírus, e não como medida preventiva.Seu processo de fabricação é simples: primeiro, os cientistas injetam o coronavírus inativado em cavalos – ou seja, o vírus está inteirinho ali, mas não é capaz de causar a doença no animal. Os pesquisadores utilizaram radiação para inativar o Sars-CoV-2, contando com o auxílio do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).Depois de ser infectado com essa versão modificada do vírus, o cavalo começa a produzir anticorpos. A escolha do animal não é à toa: as proteínas de defesa geradas por ele são 50 vezes mais concentradas do que as produzidas por humanos. A partir daí, os cientistas extraem o plasma sanguíneo do equino e o purificam. Depois, o produto ainda precisa cumprir uma série de etapas para garantir o controle de qualidade.Ao final, restam apenas anticorpos envasados. O soro, ao ser oferecido às pessoas doentes, age no organismo combatendo o vírus e evitando sua replicação. Por enquanto, o produto foi testado apenas em hamsters infectados. Os cientistas aplicaram uma única dose de soro no roedor cerca de dois dias após o contato do animal com o Sars-CoV-2. O resultado foi um sucesso, mostrando diminuição da carga viral, preservação das funções pulmonares e mudança da resposta inflamatória.Com a liberação da Anvisa, o Instituto Butantan poderá iniciar os testes em humanos. Feito isso, primeiro os pesquisadores terão que aplicar o soro em um número restrito de pacientes, apenas para avaliar a segurança do composto e também a quantidade ideal de doses a serem oferecidas. Apresentando resultados positivos nessa primeira fase, os pesquisadores poderão seguir para ensaios clínicos maiores buscando avaliar a eficácia do soro contra a Covid-19.Os primeiros voluntários serão pacientes transplantados no Hospital do Rim e pessoas com comorbidades internadas no Hospital das Clínicas. O Instituto Butantan conta com 3 mil doses prontas para a fase de testes e outras 3 mil apenas aguardando o envasamento.E qual a vantagem de ter um soro agora que já temos vacinas no país? Um complementa o outro. Além das pessoas ainda não vacinadas, há também os pacientes com sistema imune suprimido devido ao transplante de órgãos ou tratamento para câncer e doenças autoimunes. A imunidade passiva – ou seja, que tem duração limitada oferecida pelo soro é essencial nestes casos.O Instituto Butantan não é o único a investir no soro anti-Covid-19. No ano passado, pesquisadores do Instituto Vital Brasil, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), anunciaram um tratamento parecido. A única diferença é que eles injetavam no cavalo apenas a proteína spike produzida em laboratório, e não a estrutura completa do vírus inativado.O mesmo foi feito na Argentina, país em que o soro está sendo aplicado em humanos desde janeiro, com autorização da Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica (Anmat). Até agora, foram apresentados resultados bastante positivos. Dados divulgados pela Universidade Nacional de San Mantín e expostos no portal G1 mostram que, considerando os 242 voluntários envolvidos nos testes, houve uma redução de 24% na necessidade de internação por UTI. Além disso, a mortalidade apresentou queda de 45% e o uso de suporte respiratório mecânico caiu 36%. -
- 08/03/2021 - Cietec anuncia Thiago Velloso como novo Diretor-PresidenteTomou posse, na última na segunda-feira, 1º, o novo Diretor-Presidente do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia – CIETEC, gestor da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo USP/IPEN-CIETEC, Thiago Velloso, em substituição ao Prof. Dr. Claudio Rodrigues, que ocupava o cargo desde 2008.
Tomou posse, na última na segunda-feira, 1º, o novo Diretor-Presidente do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia – CIETEC, gestor da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo USP/IPEN-CIETEC, Thiago Velloso, em substituição ao Prof. Dr. Claudio Rodrigues, que ocupava o cargo desde 2008.
Fonte: site TI inside
O novo Diretor-Presidente é executivo e empreendedor, especializado em gestão da inovação, e com um histórico de atuação multidisciplinar e passagens por organizações dos setores público e privado.
Recentemente, Velloso ocupou a Superintendência de Relações Institucionais e Mercado da Desenvolve SP, o banco de desenvolvimento do Governo do Estado de São Paulo onde liderou os esforços de captação de recursos da instituição, bem como sua atuação nas áreas de crédito e investimento em inovação e startups.
Paro o novo Diretor-Presidente, o CIETEC é uma instituição de referência no mercado de startups, que acumula conquistas ao longo de mais de duas décadas de atuação. "Somos um dos maiores ambientes de desenvolvimento de startups do país e inseridos em uma geografia extremamente privilegiada, nos campi da USP e IPEN/CNEN no coração da cidade de São Paulo. Dessa forma, nossa principal missão será extrair o máximo valor desses diferenciais competitivos", afirmou Velloso, em seu discurso de posse.
Para o Prof. Dr. Marcos N. Martins, o coordenador da Agência USP de Inovação – AUSPIN, o ingresso de Velloso na equipe do CIETEC deve oxigenar a instituição e ampliar a carteira de projetos em colaboração com a Universidade. "Esperamos colaborar intensamente e confiamos que o novo diretor irá aproximar ainda mais o mercado de investidores privados das nossas startups, um movimento fundamental para nossa estratégia de atuação", ressaltou Martins.
O Superintendente do IPEN/CNEN, Dr. Wilson A. P. Calvo, destacou a brilhante atuação da Incubadora, desde a sua criação em 1998, contribuindo de forma decisiva à formação de uma cultura empreendedora e de inovação no Instituto e na Universidade, com empresas que fazem a diferença nesse momento de pandemia do Covid-19, transformando ciência em tecnologia, no atendimento às necessidades imprescindíveis da População Brasileira.
"Tenho certeza de que a nova gestão saberá valorizar e cultivar as inúmeras conquistas da Incubadora USP/IPEN-CIETEC, além de promover a colaboração entre as nossas Instituições de forma participativa, em prol da melhoria do ambiente de negócios, da geração de renda e empregos ao País. Conte conosco nesse novo desafio", finalizou.
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- 08/03/2021 - Butantan submete à Anvisa pedido de autorização para testes clínicos com soro anti-COVIDFonte: Agência FapespAndré Julião | Agência FAPESP – O Instituto Butantan submeteu pedido de autorização à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o início dos testes clínicos com o soro anti-SARS-CoV-2 desenvolvido pela instituição. Composto de anticorpos que reconhecem diferentes partes das proteínas virais, o produto foi desenvolvido em apenas cinco meses. Já foram produzidas 3 mil unidades do soro para os testes com pacientes e outras 3 mil estão prontas para serem envasadas.
"Submetemos à Anvisa um dossiê de desenvolvimento clínico desse produto e devemos receber ainda hoje as observações da agência em relação a esse pedido. Estamos aguardando para começar um estudo clínico com pacientes transplantados de rim, com doutor [José Osmar]Medina no Hospital do Rim, e pacientes com comorbidade, com o doutor Esper [Kallás] no Hospital das Clínicas [da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo]", disse Dimas Tadeu Covas, diretor do Instituto Butantan, em coletiva realizada nesta sexta-feira (05/03).
O soro é obtido a partir da inoculação, em cavalos, do vírus inteiro, inativado por radiação graças a uma parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). Quando recebem o vírus, os animais produzem anticorpos para combatê-lo. O plasma sanguíneo, repleto dessas proteínas, é então extraído e passa por diferentes processamentos, além de purificação e controle de qualidade. O produto que vai nas ampolas é composto apenas de anticorpos, que por sua vez reconhecem proteínas presentes no vírus e, assim, podem impedir que ele se replique no organismo.
"Antes de injetar o vírus em animais, nós constatamos que, mesmo inativado, a sua composição proteica estava mantida, ou seja, todas as proteínas conhecidas como importantes para gerar resposta imune estavam preservadas. Assim, obteve-se um produto policlonal, em que há uma gama de anticorpos contra diferentes epítopos das proteínas virais. Espera-se que essa estratégia seja eficiente em reconhecer o vírus de forma mais abrangente do que, por exemplo, anticorpos dirigidos para apenas uma porção restrita de uma proteína. Isso pode ser uma vantagem no combate às novas variantes do vírus”, explica à Agência FAPESP Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, diretora de inovação do Instituto Butantan e responsável pelo desenvolvimento do soro.
A pesquisadora coordena o Centro de Excelência para Descoberta de Alvos Moleculares (CENTD), um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído pela FAPESP e pela farmacêutica GlaxoSmithKline no Instituto Butantan.
A geração e a inativação dos isolados virais ocorreram no âmbito do projeto "Infecção por Coronavírus (SARS-Cov2) em modelos celulares humanos: busca por estratégias terapêuticas”, financiado pela FAPESP.
Outros soros desenvolvidos contra o SARS-CoV-2 utilizam apenas a proteína S (spike), da espícula do vírus, como antígeno. Um desses produtos foi aprovado para uso em pacientes na Argentina em janeiro. Nos testes clínicos, o soro argentino teria reduzido a mortalidade, o número de dias em cuidados intensivos e a necessidade de respiradores pelos pacientes.
A principal vantagem de usar o vírus inteiro é a possibilidade de os anticorpos policlonais serem eficazes também em novas variantes do SARS-CoV-2. Colaboradores do projeto atualmente realizam testes para avaliar a capacidade do soro de neutralizar as cepas mutadas em circulação, entre elas a P.1. – considerada mais transmissível que as anteriores.
Os últimos testes exigidos pela Anvisa foram realizados no Instituto Butantan e no Laboratório NB3+ do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), em colaboração com Ana Marcia de Sá Guimarães e Edison Luiz Durigon, professores do ICB-USP. Nos experimentos, hamsters foram infectados com o vírus e tratados com uma única dose do soro dois dias depois, quando já apresentavam sintomas da doença. Os resultados revelaram diminuição da carga viral nos pulmões, modulação da resposta inflamatória e preservação das estruturas pulmonares nos animais tratados, quando comparados aos que não receberam o tratamento. A melhora foi estatisticamente significativa no grupo que recebeu o soro.
Pacientes
"O soro anti-SARS-CoV-2 é uma estratégia diferente, por exemplo, do plasma de pacientes convalescentes, que depende da disponibilidade de pessoas que se recuperaram da COVID-19 para doarem o plasma. Além da oferta incerta desse recurso, no plasma de pacientes não se controla a quantidade de anticorpos presentes. No soro, podemos garantir uma proporção de proteína neutralizante em função de uma quantidade de vírus”, diz Chudzinski-Tavassi.
A eficácia do uso de plasma de pacientes, aliás, tem sido questionada. Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos suspenderam recentemente um ensaio clínico que visava avaliar a segurança e a eficácia desse tratamento em infectados com sintomas leves a moderados de COVID-19. Um conselho independente avaliou que, embora a intervenção com plasma convalescente não causasse danos, era improvável que beneficiasse esse grupo de pacientes (leia mais em www.nih.gov/news-events/news-releases/nih-halts-trial-covid-19-convalescent-plasma-emergency-department-patients-mild-symptoms).
As pesquisas do Butantan com o soro obtido a partir da inoculação do vírus em cavalo tiveram como base os resultados de experimentos in vitro (em células em cultura) e in vivo (em animais), os pesquisadores podem sugerir a indicação da soroterapia para pacientes infectados em diferentes graus de intensidade da doença. A efetividade maior da soroterapia provavelmente ocorrerá enquanto o vírus estiver presente no organismo.
O soro pode ser especialmente importante para pacientes que estão com o sistema imune suprimido, como aqueles que receberam transplante de órgãos ou realizam tratamento para câncer e doenças autoimunes, por exemplo. Nesses casos, a imunidade passiva, como é chamado o efeito do soro, pode ser a única solução.
O Instituto Butantan tem em seu portfólio soros contra venenos de serpentes e artrópodes, difteria, tétano, botulismo e vírus da raiva. A fábrica do instituto tem capacidade para produção em larga escala.
"Uma das perguntas que fazem é: se estamos vacinando a população, para que desenvolver um soro? Da mesma forma que vacinamos contra difteria e tétano, por exemplo, nós temos os soros para essas doenças. Sempre haverá alguém que, por alguma razão, não tem anticorpos contra o vírus: aquelas que não se vacinaram ou que realizam tratamentos que suprimem a capacidade do sistema imune de produzir anticorpos são alguns exemplos. Essas pessoas são as que mais se beneficiam do soro”, conta Ricardo Palacios, diretor médico de pesquisa clínica do Instituto Butantan.
Palacios explica ainda que o soro poderia ser usado como forma de prevenção em pessoas expostas ao vírus que possuem comorbidades e podem desenvolver um quadro grave. "Um idoso que vive numa casa em que os outros moradores estão com a doença, por exemplo. Ao tomar o soro, quando o vírus infectá-lo, ele terá anticorpos que podem neutralizá-lo”, diz. O pesquisador ressalta, porém, que soros do tipo só devem ser administrados em ambiente hospitalar.
Monoclonais e policlonais
O soro de anticorpos policlonais pode ter vantagens em relação a outra terapia baseada no mesmo princípio, a de anticorpos monoclonais. A estratégia ficou conhecida por ter sido administrada no então presidente dos Estados Unidos Donald Trump, no ano passado.
O medicamento – aprovado para uso emergencial pela Food and Drug Administration (FDA, a agência norte-americana correspondente à Anvisa) – é composto de cópias sintéticas de anticorpos encontrados no sangue de pessoas que se recuperaram da COVID-19, com capacidade de neutralizar alguma proteína do vírus. Outro grupo do Butantan trabalha no desenvolvimento de uma terapia baseada nesse tipo de anticorpo (leia mais em agencia.fapesp.br/32964/).
"Anticorpos monoclonais são bastante específicos para uma parte do antígeno contra a qual foram desenvolvidos. Em uma situação de pandemia, uma desvantagem é que têm um tempo de desenvolvimento maior e um custo muito mais elevado do que anticorpos policlonais, como os presentes no soro”, diz Chudzinski-Tavassi.
A especificidade pode ainda se tornar uma desvantagem num cenário em que surgem mutações do SARS-CoV-2. O novo soro do Butantan, por sua vez, age sobre diferentes proteínas e por isso tem potencial para reconhecer mesmo as novas variantes do vírus.
Para Chudzinski-Tavassi, apesar da tradição do instituto na produção de soros e em toda a infraestrutura já presente, o novo soro trouxe uma série de aprendizados. Além da patente do antígeno de vírus inativado por radiação e seus usos, foram estabelecidas novas metodologias. A experiência de reunir uma equipe de mais de 70 pessoas mostrou ainda que é possível desenvolver na instituição um produto do começo ao fim em tempo recorde.
"Fica claro que, quando há uma infraestrutura pronta, investimento contínuo e uma equipe especializada, é possível dar uma resposta rápida, mesmo numa emergência como essa pandemia”, conclui.
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- 03/03/2021 - Estudo permite aperfeiçoar dispositivos que geram eletricidade a partir de etanolFonte: Agência FAPESP
Pesquisa conduzida no Centro de Inovação em Novas Energias (CINE) e publicada no International Journal of Hydrogen Energy contribui para melhorar a estabilidade de células de combustível a etanol. Esses dispositivos viabilizam um tipo de carro elétrico que não tem tanque de hidrogênio, não precisa de tomada para carregar a bateria e pode ser abastecido em qualquer posto do Brasil.O CINE é um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído pela FAPESP e pela Shell na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade de São Paulo (USP) e Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).
Segundo produtor mundial de etanol – e o primeiro em se tratando do etanol de cana-de açúcar –, o Brasil tem sabido aproveitar esse combustível renovável, vendido em todos os postos de gasolina do país. A novidade é que, além de encher os tanques dos carros que têm motor de combustão interna, essa rede de abastecimento pode servir para movimentar carros elétricos.
Isso porque o etanol pode ser usado para gerar hidrogênio e, a partir dele, produzir eletricidade. O processo, neutro em emissões de carbono, é integralmente realizado em um único dispositivo: uma célula a combustível de óxido sólido (SOFC, na sigla em inglês), assim chamada porque seu eletrólito é composto por um material sólido, geralmente um óxido.
No carro elétrico a etanol, cujo primeiro protótipo foi lançado pela Nissan em 2016, não há tanques de hidrogênio e as baterias dispensam tomadas para recarregá-las. Em vez disso, há uma célula a combustível a etanol.
Agora, uma pesquisa liderada por Fábio Fonseca, do CINE, deu um passo importante no sentido de melhorar o desempenho dessas células a combustível. "O trabalho aprofunda uma sequência de estudos em que tentamos avançar o uso de etanol em células a combustível de óxidos sólidos”, diz Fonseca, gerente do Centro de Células a Combustível e Hidrogênio do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).
"O impacto que essa tecnologia pode ter no país é gigantesco”, informa o pesquisador à Assessoria de Comunicação do CINE. "Podemos pensar em automóveis que dispensam tanques complexos de hidrogênio e capazes de abastecer em qualquer posto, com carregamento tão rápido quanto encher o tanque de etanol. Podemos ir além e levar eletricidade a comunidades distantes do grid, bastando abastecê-las com o etanol – um carregador denso de energia líquido, renovável e disponível”, completa.
As SOFCs estudadas por Fonseca e colaboradores são formadas por camadas de materiais diferentes que cumprem funções complementares. Duas camadas compõem o ânodo. Na catalisadora, o etanol é transformado em hidrogênio e compostos baseados em carbono. Na eletroquímica, a energia química do hidrogênio é convertida em energia elétrica por meio de reações redox. O processo, contudo, ainda apresenta limitações, principalmente, a formação de depósitos de carbono na célula a combustível, que prejudicam o seu desempenho ao longo do tempo.
Pensando em resolver esse problema, o grupo desenvolveu variantes do material que compõe a camada catalisadora do ânodo, normalmente constituída por um compósito de níquel (Ni) e óxido de cério (CeO2). Os pesquisadores introduziram pequenas proporções de outros elementos (todos metais não preciosos) no óxido de cério e avaliaram o desempenho de cada nova variante como catalisadora da conversão do etanol na SOFC. "Estudamos sistematicamente o uso de elementos dopantes visando melhorar o desempenho e minimizar a dependência de metais preciosos na conversão interna e direta de etanol em eletricidade”, conta Fonseca. "A ideia final é ter estabilidade e evitar a degradação do dispositivo”, completa.
O estudo mostrou que o óxido de cério dopado com zircônio ou nióbio evita os depósitos de carbono sem prejudicar a decomposição do etanol em hidrogênio e mantendo estável o funcionamento da SOFC por, pelo menos, cem horas. Em outras palavras, o material mostrou-se eficiente para transformar etanol em hidrogênio sem gerar efeitos não desejados em células a combustível de óxido sólido.
A pesquisa contou com a colaboração de pesquisadores do Ipen, da Universidade Federal Fluminense (UFF), do Instituto Militar de Engenharia (IME), do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e da Université Grenoble Alpes (França).
O artigo The role of the ceria dopant on Ni / doped-ceria anodic layer cermets for direct ethanol solid oxide fuel cell pode ser lido em
www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0360319920340040?via%3Dihub.
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- 10/02/2021 - Pesquisa refina método que usa radiação para conservar acervos históricosA radiação gama pode ser usada para proteger filmes fotográficos e cinematográficos da degradação causada pelas condições ambientais. A dose necessária é de 6 a 10 quilos gray (kGy)
A radiação gama pode ser usada para proteger filmes fotográficos e cinematográficos da degradação causada pelas condições ambientais. A dose necessária é de 6 a 10 quilos gray (kGy)
Fonte: Jornal da USPA aplicação de radiação é uma técnica de conservação de acervos históricos utilizada para proteção, desinfestação e desinfecção de materiais contaminados com insetos e fungos. A historiadora Maria Luiza Emi Nagai determinou o intervalo de doses de radiação gama e feixe de elétrons necessário para proteger filmes fotográficos e cinematográficos, sem alterar a composição do material. Os resultados mostraram que a dose ideal de radiação a ser aplicada com segurança nos filmes é de 6 a 10 quilos gray (kGy) – unidade de medida que representa a quantidade de energia de radiação ionizante absorvida por unidade de massa.O vasto acervo bibliográfico da USP conta com filmes fotográficos e cinematográficos compostos de triacetato de celulose, que é muito sensível às condições ambientais de temperatura e umidade. Umidade acima de 50% já começa a degradar os filmes em um processo chamado desacetilação. Esse processo é conhecido como "síndrome do vinagre”, porque filmes com essa composição contêm ácido acético (vinagre) em sua fórmula. Iniciada a degradação, o material começa a se desfazer, liberando o cheiro forte do ácido."Os filmes têm várias camadas e quando a síndrome do vinagre começa, elas começam a se desintegrar, deixando-os quebradiços”, explica Maria Luiza ao Jornal da USP. A radiação tem o poder de modificar os materiais e, nos filmes, ela atua conferindo maior resistência.A pesquisa foi realizada durante o mestrado de Maria Luiza pelo Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen/USP), sob orientação do professor Pablo Antonio Vásquez Salvador, do Ipen.A metodologiaPara a determinação da quantidade de radiação necessária para proteger os filmes, a pesquisadora utilizou o irradiador multipropósito de cobalto-60 do Centro de Tecnologia das Radiações do Ipen e filmes separados para descarte das bibliotecas da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), ambas da USP. Foi feita uma análise seletiva de filmes que poderiam ser destruídos no processo, para entender os efeitos da radiação gama nos filmes.
Imagem dos tipos de degradação de filmes fotográficos e cinematográficos – Foto: Reprodução do estudo
Os filmes selecionados foram caracterizados e identificados por espectroscopia infravermelho (FTIR-ATR). "Eu não tinha certeza sobre a composição dos filmes, não sabia se eles eram realmente de triacetato de celulose. Precisei fazer essa análise para me certificar”, conta Maria Luiza.Logo depois da caracterização, a pesquisadora dividiu a amostra de filmes em vários pedaços, que receberam doses de radiação. Assim, ela foi capaz de analisar os efeitos da radiação no material e entender o intervalo que não causa dano ao material, sendo responsável por ajudar na conservação. "Um dos maiores desafios foi saber quais eram os efeitos da deterioração e quais eram os da radiação”, diz.
Imagem dos efeitos da desacetilação dos filmes – Foto: Reprodução do estudo
Foi preciso levar em conta os diferentes graus de deterioração em que estavam os filmes. Até nas mesmas unidades há uma diferença porque pode ser que um dos lados tenha estado mais exposto à umidade do que o outro, por exemplo. Por isso, foi preciso levar em conta o estado da amostra para determinação do resultado.Resultados
A pesquisa mostrou que a dose de radiação necessária para proteger o material e eliminar fungos e insetos, sem danos, é de 6 a 10 kGy. "Com o estudo, é possível constatar que a radiação promove aumento da estabilidade dos filmes, o que é positivo porque, no caso de o material estar se danificando a ponto de ser perdido em um futuro próximo, há chance de aplicar radiação para conseguir digitalizá-lo”, conclui a historiadora.
Mais informações: e-mailmalunagai@usp.br, com Maria Luiza Nagai