Convênio firmado com a Faculdade de Farmácia da USP explora expertise do Laboratório de Análises Química e Ambiental do IPEN (LAQA) para identificar dez minerais em alimentos.
O
projeto de pesquisa intitulado "Determinação de contaminantes inorgânicos
(minerais) em alimentos” que vem sendo desenvolvido por meio de um convênio
firmado em 2023 entre o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – IPEN, unidade
técnico-científica da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e a Faculdade
de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP) está contribuindo
para atualizar a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA).
O objetivo principal do convênio consiste em aprimorar e
aplicar as metodologias analíticas em alimentos, cujos dados obtidos serão
disponibilizados na Tabela Brasileira de Composição de Alimentos, sendo as
análises realizadas no Laboratório de Análises Química e Ambiental (LAQA) do Centro
de Química e Meio Ambiente (CEQMA/IPEN).
O coordenador do
projeto no IPEN, pesquisador João Cristiano Ulrich, explica que na prática o
Ipen está recebendo o material encaminhado pela USP para análise, como
temperos, carnes, plantas comestíveis, entre outros alimentos, por meio das
metodologias e equipamentos disponíveis no laboratório do IPEN. As análises identificam
e medem as quantidades de alguns minerais como Cálcio, Ferro, Sódio, Magnésio, Fósforo,
Potássio, Manganês, Zinco, Cobre, Selênio, presentes nas amostras.
"Nós já recebemos dois lotes de amostras para tratamento
e processamento para identificarmos a existência e as quantidades destes minerais.
Após as análises elaboramos um relatório e repassamos os dados ao Centro de
Pesquisa em Alimentos (Food Research Center/FoRC) na USP e estes disponibilizam
as informações nas atualizações da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos
– TBCA”, destacou João Ulrich.
O pesquisador, que é o responsável direto pelas análises,
destaca que o laboratório de análises Química e Ambiental do IPEN é um dos
poucos em São Paulo que se dispôs e tem condições de executar todo o processo de identificação de minerais
em um único local, desde o processamento das amostras, o que requer uma digestão
por sistema de micro-ondas com a ajuda de ácidos, até a leitura dos minerais a
partir da amostra líquida que é pulverizada em um espectrômetro
de emissão ótica que identifica e quantifica os minerais presentes em cada
amostra.
O diferencial deste estudo é o nível
de detalhamento das informações geradas sobre cada amostra que é analisada, em
duas ou mais versões: in natura, cozida, refogada ou frita dependendo do
material. Desta forma é possível conhecer a presença dos minerais em diferentes
situações.
Segundo a nutricionista e pesquisadora
do FoRC, Eliana Bistriche Giuntini, que trabalha
com avaliação e compilação de dados de composição de alimentos e gerencia a
Tabela Brasileira de Composição de Alimentos da USP, sendo uma das pesquisadoras
envolvidas na parceria com o IPEN para a realização de análise de minerais em
alimentos, as informações obtidas a partir deste
convênio servirão como referência no Brasil para
compor os rótulos de produtos que necessitam apresentar as composições por miligrama
(mg) nas tabelas de informações nutricionais de todo alimento embalado e comercializado.
"Dados de composição química de
alimentos, e sua apresentação em Tabelas de Composição de Alimentos, são
importantes porque permitem fazer avaliação de consumo alimentar de populações
e esses dados fornecem subsídios para estudos relacionando nutrientes, saúde e
doença, para determinar recomendações de ingestão de nutrientes, propor
políticas públicas visando a segurança alimentar, além da prescrição de dietas.
Esses dados também são usados como base no desenvolvimento de produtos,
avaliação de novas formas de plantio, cruzamento de variedades e espécies, por
exemplo, porque a composição depende de vários fatores, incluindo, variedade
solo e clima”, esclarece Eliana Giuntini.
A
pesquisadora ainda explica que os dados obtidos a partir das análises são
inseridos na TBCA na forma bruta, como ingrediente, e podem ser usados pela
população e por profissionais da área de Nutrição e ainda das áreas de Saúde e
Engenharia. "Os dados desses ingredientes são utilizados para estimar a
presença dos minerais nas preparações consumidas pela população brasileira, que
em sua maioria são calculadas a partir de receitas com dados analíticos de seus
ingredientes”, concluiu a pesquisadora.
Para João Cristiano participar desse projeto de
pesquisa é muito importante tanto para ele enquanto pesquisador quanto para o CEQMA
e o IPEN. "Além de realizar pesquisas nosso objetivo aqui no IPEN é gerar
benfeitorias para a sociedade, exatamente como os resultados deste trabalho com
a TBCA”, finaliza.
Sobre o CEQMA
O Centro de Química e Meio Ambiente (CEQMA) do Ipen
promoveu nos últimos anos a união de três fatores primordiais para colaborar na
segurança e com pesquisas na área de alimentos, a aquisição e manutenção de equipamentos
de ensaio, treinamento de seus colaboradores e a implementação do sistema de
gestão da qualidade em laboratórios baseado na norma ABNT NBR ISO/IEC 17025.
Com
estas ações garante o desenvolvimento, validação e implantação de metodologias
analíticas direcionadas para a determinação de contaminantes inorgânicos em
alimentos, bem como de minerais em geral. Além de contribuir de modo inequívoco
para o aprimoramento da TBCA, o projeto está colaborando para a formação de
profissionais e ampliação de serviços analíticos oferecidos pela Instituição.
Centro de
Pesquisa em Alimentos – FoRC
A
missão do Centro de Pesquisa de Alimentos é melhorar e promover a saúde e o
bem-estar através da pesquisa, educação e inovação em ciência dos alimentos. Os
objetivos são realizar pesquisas básicas avançadas e aplicação interdisciplinar
da ciência dos alimentos; estabelecer e fortalecer alianças com organizações
profissionais que possuam objetivos compatíveis; educar comunidades diversas
comrelação à ciência dos alimentos, nutrição e saúde; promover o
crescimento profissional e desenvolvimento de professores, estudantes e
profissionais nessas áreas.
A criação
do FoRC foi uma iniciativa dos pesquisadores da USP no sentido de serem
pioneiros na concepção do primeiro centro de pesquisa focado em alimentos e
nutrição no Brasil. Além disso, ele explora o fato da nutrição e saúde
apresentarem um caráter multidisciplinar, empreendendo diferentes contextualizações
que os vários perfis de profissionais podem elaborar acerca de um mesmo tema.
A Tabela
Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA) é um produto do trabalho conjunto
dos pesquisadores do FoRC, que permeia a ciência, a inovação e a disseminação
do conhecimento.
O projeto,
iniciado em 1998 na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São
Paulo, passou a ser coordenado pelo FoRC e foi totalmente reformulado.
Atualmente, a versão 7.2 contém dados de mais de 5.700 alimentos, sendo mais de
4000 preparações, dos diferentes tipos de alimentos (preparação com alteração
de textura, sem glúten, sem lactose e/ou vegana e vegetariana), com o objetivo
de permitir a avaliação da ingestão de nutrientes e facilitar a avaliação do
consumo alimentar, além da elaboração de planos alimentares da população
brasileira.
Saiba mais
sobre o Centro de Pesquisa em Alimentos - FoRC, aqui.
Saiba mais sobre a TBCA, aqui
Ulysses Varela - Jornalista Científico -
Bolsista BGE-DA/IPEN-CNEN