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Ex-executivos da Eletronuclear receberam pagamentos, diz delator

Fonte: Valor Econômico

Por Rodrigo Polito | Valor 

O ex-presidente da Eletronuclear, Othon Pinheiro, e os ex-superintendentes da companhia José Eduardo Costa Mattos e Luiz Manuel Messias receberam pagamento de propina pela Odebrecht para não criarem dificuldades no cumprimento do contrato de troca do gerador de vapor da usina nuclear de Angra 1, em Angra dos Reis (RJ). A afirmação foi feita por Henrique Valladares, ex-executivo da Odebrecht da área de energia, em depoimento ao Ministério Público Federal, no âmbito de acordo de delação premiada.

A Odebrecht prestava serviço para o consórcio formado pela americana Westinghouse e a espanhola Ibedrola, que havia sido contratado para realizar a troca do equipamento.

"Começaram a colocar dificuldades para o andamento normal do serviço [...] e vieram com a cobrança [de pagamento] em cima do Herique [Pessoa, ex-dirigente da Odebrecht]. Está aqui o valor”, afirma Valladares, sem citar verbalmente a quantia.

O ex-executivo da Odebrecht disse ter sentido "vergonha” de avisar à Westinghouse e à Iberdrola que os então superintendentes haviam cobrado propina e que, por isso, a própria Odebrecht fez os pagamentos. "Nós exclusivamente assumimos o compromisso [de pagar a propina] para que a obra andasse, para que o americano [Westinghouse] não fosse embora, para que não criasse um problema muito maior. [...] Foi com essa faca no pescoço que concordei com esse pagamento, o que me deixou profundamente irritado”, completou Valladares.

O ex-executivo da Odebrecht explicou que, caso não fosse paga a propina, os então superintendentes criariam dificuldades na prestação do serviço, questionando vários itens e mandando refazer tarefas, o que comprometeria a rentabilidade do contrato.

"O Messias é o chefe da quadrilha, o mentor intelectual desse negócio todo. Ele era o ‘oportunista’”, disse Valladares. Questionado se Othon Pinheiro teria recebido alguma alcunha, Valladares disse que internamente chamava o almirante de "Xaréu”.

Valladares contou que a própria licitação para a contratação da troca do gerador de vapor de Angra 1 teve irregularidades. Segundo ele, a licitação teria sido vencida pela francesa Areva, que apresentou uma proposta de preço com valor inferior ao da Westinghouse/Ibedrola, que tinha se sagrado vencedora do processo, após a concorrência. "É ilegal você aceitar um negócio desses, depois da licitação”."Aí você vê o que é o cúmulo da perversidade. Os caras baixaram o preço ilegamente, nos submeteram ao preço que não era o preço justo do serviço que seria prestado e começaram a colocar dificuldades, sabendo que estávamos com a corda no pescoço”.

No depoimento, os procuradores perguntam sobre a participação do ex-diretor da Eletronuclear Edno Negrini no esquema. Valladares, no entanto, disse apenas que "esses dois [Mattos e Messias] estão lá de conluio desde 1992” e que os outros dois, Pinheiro e Negrini, "chegaram depois”. Ele disse não ter conhecido Negrini.

Na semana passada, Negrini, Mattos e Messias tiveram a prisão preventiva revogada pelo juiz da 7ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas. Eles haviam sido presos na operação "Pripyat”, que revelou que Pinheiro teria recebido R$ 12 milhões em propinas das obras de Angra 3. O ex-presidente da estatal permanece preso.

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