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Qualidade do ar e saúde humana - pesquisa inédita publicada na Nature Geosciences

Reduzir desmatamento também salva vidas

Fonte: Site do IFUSP

Um estudo publicado na revista Nature Geosciences mostra que a forte redução na taxa de desmatamento na Amazônia melhorou a qualidade do ar em grandes áreas da América Latina e reduziu a emissão de poluentes que afetam a saúde da população brasileira. Em uma combinação de dados, o estudo calcula que foram evitadas cerca de 1,7 mil mortes por ano.

O trabalho, com a participação do físico Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo (USP) e de pesquisadores ingleses das Universidades de Leeds e Manchester, mostra, pela primeira vez, que reduzir desmatamento resulta em ar mais puro e traz benefícios à saúde da população.

O desmatamento na Amazônia tem sido uma grande questão ambiental por muitas décadas. A cada ano, milhares de quilômetros quadrados de florestas são derrubados para preparação de novas terras à agricultura e à pecuária. A fumaça emitida a partir de grandes incêndios causa altos níveis de poluentes atmosféricos tais como material particulado, ozônio, monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e outros. Esses poluentes têm importantes efeitos negativos na saúde humana.

A fumaça é tão forte e tão extensa por grandes áreas da América do Sul que é facilmente detectada por satélites. A forte redução do desmatamento da Amazônia que, de uma área desmatada em 2003-2004 de 27.000 km² foi reduzida para cerca de 5.000 km² em 2013-2014, acarretou uma redução na emissão de gases de efeito estufa e de poluentes atmosféricos em cerca de 70%. Nenhum trabalho científico anterior havia estimado o impacto na saúde em termos continentais dessa redução.

Nesse estudo, a equipe de pesquisadores brasileiros e britânicos usou dados de satélites para examinar a quantidade de fumaça na atmosfera. Ficou demonstrado que, em anos com altas taxas de desmatamento, a atmosfera é muito mais poluída se comparada a anos com baixo desmatamento. Com a forte queda, os níveis de poluentes associados também diminuíram.

De acordo com Artaxo, essas observações de satélites foram combinadas com modelos atmosféricos de circulação global, mostrando que a concentração do particulado fino na região Sudeste do Brasil decresceu em cerca de 30% durante a estação seca como resultado da redução do desmatamento. A queda dos níveis de poluentes, por sua vez, foi então combinada com índices de mortalidade associadas à exposição de material particulado fino. Os resultados mostram que até cerca de 1,7 mil mortes por ano foram evitadas na América do Sul.

O estudo aponta que um novo benefício foi ganho pela redução do desmatamento da Amazônia, além dos benefícios usuais. A qualidade do ar em regiões longe da Amazônia melhorou significativamente e grande número de mortes adicionais foram evitadas pela redução da exposição a poluentes atmosféricos.

"A forte redução do desmatamento até chegarmos ao desmatamento zero traz benefícios extras que vão favorecer em muito não só o meio ambiente amazônico e global, mas também a saúde da população. Precisamos continuar o esforço de proteção da floresta amazônica, pois isso também salva vidas de brasileiros e auxilia na redução das mudanças climáticas globais", salientou Artaxo.

 

Mais informações: O trabalho "Air quality and human health improvements from reductions in deforestation-related fires in Brazil” foi publicado na edição online da revistaNatureGeosciencesem16 de setembro de 2015: http://www.nature.com/ngeo/journal/vaop/ncurrent/full/ngeo2535.html

 

Mais informações: Prof. Paulo Artaxo (artaxo@if.usp.brfone (11) 30917016.

Pesquisa realizada pelo programa INPA/LBA (Programa de Grande Escala da Biosfera e Atmosfera da Amazônia) e financiada pela FAPESP.


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