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ABDAN comemora 35 anos com avanços no Programa Nuclear Brasileiro e novas parcerias internacionais

Celebrando os feitos alcançados no passado e mirando nos próximos objetivos do futuro, a Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN) chega nesta quinta-feira (27) aos seus 35 anos de existência. Quando foi criada, em outubro de 1987, o setor nuclear brasileiro enfrentava dois grandes desafios: as obras de Angra 2 estavam paralisadas, enquanto Angra 1 passava por problemas técnicos que afetariam os seus primeiros anos de operação.

Fonte: Petronotícias

Por Davi de Souza

 "A ABDAN teve um papel muito importante no sentido de manter viva a importância do uso da tecnologia nuclear. Então, no passado, a ABDAN participou ativamente dessas discussões e incentivou as empresas a participarem do projeto nuclear brasileiro”, afirmou o presidente da entidade, Celso Cunha. O setor nuclear brasileiro conseguiu concluir Angra 2 e resolver os problemas que afetavam Angra 1. Contudo, atualmente existem ainda muitos desafios pela frente: o término de Angra 3, a construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), a democratização do acesso à medicina nuclear, entre outros. Todos esses são os assuntos que devem pautar a ABDAN pelos próximos anos. Cunha falou também das parcerias internacionais que estão sendo estabelecidas nos últimos anos pela associação – inclusive, um novo convênio do tipo será anunciado ainda neste mês. "O que podemos esperar da ABDAN é uma instituição cada vez mais forte. Para isso, estamos trabalhando com mais associados e com mais força, no sentido de demonstrar os benefícios que a tecnologia nuclear pode proporcionar aos brasileiros”, declarou.

Voltando um pouco no tempo, poderia falar do momento da criação da ABDAN, em 1987, e qual foi o papel da instituição naquele contexto?

Há 35 anos atrás, quando a ABDAN foi criada, as obras de Angra 2 estavam paralisadas. Era um momento de dificuldade do Programa Nuclear Brasileiro. Além disso, a usina de Angra 1 também sofria com problemas técnicos. Foi nesse contexto que a associação surgiu. A ABDAN teve um papel muito importante no sentido de manter viva a importância do uso da tecnologia nuclear. Então, no passado, a ABDAN participou ativamente dessas discussões e incentivou as empresas a participarem do projeto nuclear brasileiro.

Hoje, 35 anos depois, a instituição está com uma pujança cada vez mais significativa, não apenas com atuação nacional, mas também fazendo voos internacionais. Hoje, somos uma instituição com 31 empresas associadas, focando não apenas no segmento de geração de energia, mas também nas áreas de medicina nuclear e irradiação de alimentos. Esse é o papel da ABDAN atualmente: incentivar cada vez mais a cadeia produtiva do setor nuclear como um todo.
Gostaria de ouvir mais sobre esse processo de ampliação dos setores de atuação da associação e os resultados alcançados até aqui.

No ano de 2018, a diretoria da associação concordou que o objetivo da ABDAN é desenvolver atividades nucleares em vários setores, como define o próprio estatuto da instituição. Até aquele momento, ainda estávamos concentrados apenas na questão da geração de energia. Foi a partir de então que a ABDAN começou a cuidar da área da medicina nuclear. Esse é um setor que ainda precisa endereçar muitas questões. A conclusão do Reator Multipropósito Brasileiro é uma delas. O projeto executivo do empreendimento já está finalizado. Agora, é preciso garantir as verbas federais para tirar o projeto do papel.

Mas também conseguimos avanços, como a flexibilização na legislação que permitiu a entrada de agentes privados na produção de radiofármacos. Esse foi um trabalho árduo e esperamos que os brasileiros colham o fruto disso em breve. O acesso aos serviços de medicina nuclear no Brasil ainda é muito desigual. As regiões Sudeste e Sul possuem mais acesso, enquanto o Norte e o Centro-Oeste ainda têm muitas dificuldades. Precisamos romper essa fronteira e avançar.
A ABDAN passou a abraçar não apenas a medicina nuclear, mas também a irradiação de alimentos. Hoje, existe um desperdício de mais de 30% dos alimentos produzidos. É muita coisa. São alimentos que poderíamos colocar na mesa do brasileiro e de pessoas em outras partes do mundo. Por isso, esse também é um tema que está na pauta da ABDAN.

Além da atuação nacional, poderia falar também do movimento de expansão internacional da associação?
Nos últimos anos, a ABDAN conseguiu estabelecer parcerias internacionais muito fortes. Assinamos convênios com a World Nuclear Association (WNA), com a Nuclear Energy Institute (NEI) e, mais recentemente, com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Neste mês de novembro, a expectativa é que devemos anunciar mais uma parceria com uma instituição internacional do setor nuclear.

Especificamente falando do nosso convênio com a AIEA, essa parceria começou há dois anos e já deu frutos. Na questão dos pequenos reatores modulares (SMR), por exemplo, já estamos avançando. Mais recentemente, a ABDAN renovou seu convênio com a AIEA. Desta vez, a parceria terá duração de quatro anos e não abrangerá apenas o setor de geração, mas também os segmentos de irradiação e medicina nuclear. Vamos começar a pautar esses dois assuntos. A AIEA é o principal órgão do setor nuclear mundial e, por isso, esse convênio é tão fundamental.

Quais serão as novidades que a ABDAN pretende apresentar para o mercado nuclear brasileiro?
Estamos avançando no debate junto com outros países e angariando cada vez mais apoio no sentido de fortalecer a nossa cadeia produtiva. Isso é um tema importante. Nesse bojo, vamos realizar mais missões internacionais e levar nossas empresas para fora do Brasil. A ideia é que as companhias nacionais possam fornecer não só no Brasil, mas também em outros países. São ações que estão na pauta. Além disso, estamos trabalhando com as pequenas empresas e vamos avançar cada vez mais nesse sentido.

O que podemos esperar da ABDAN é uma instituição cada vez mais forte. Para isso, estamos trabalhando com mais associados e com mais força, no sentido de demonstrar os benefícios que a tecnologia nuclear pode proporcionar aos brasileiros. Afinal, nosso país domina o ciclo do combustível, temos capacidade de produção, temos minério etc. Temos todas as condições para desenvolver ainda mais esse setor. Precisamos de coordenação para que os projetos no segmento continuem.

Por fim, poderia deixar uma mensagem para os atuais colaboradores da ABDAN e também para aqueles que ajudaram a construir a história da entidade no passado?

O que torna a ABDAN um grande player no setor nuclear é a sua forma de trabalhar. A associação atua sempre de forma colaborativa. Como eu costumo dizer: "nada surge do nada”. Se chegamos até aqui, foi porque outros nos precederam. Outros ajudaram a pavimentar esse caminho e reconhecemos o valor da contribuição dessas pessoas. Mas tão importante quanto reconhecer o que já foi construído é apontar que existe um futuro no qual vamos trabalhar de braços dados com todos. A ABDAN estará de braços dados a todos aqueles que quiserem colaborar em prol do povo brasileiro. E que venham mais 35 anos!

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