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Rosatom pede modelo de contratação para Angra 3

Fonte: Valor

Rodrigo Polito, de Sochi (Rússia)

Uma das proponentes a firmar parceria com a Eletronuclear para a conclusão da usina nuclear de Angra 3, a fabricante russa de equipamentos e fornecedora de combustível nuclear Rosatom diz ser flexível a qualquer modelo que o governo defina para a retomada do empreendimento, mas enxerga que, em termos de custo de energia, a solução por meio de contratação, ao invés de uma sociedade, é a mais barata para o país.

Em uma eventual composição societária, o investidor estrangeiro vai precificar os riscos de atraso no cronograma e de estouro de orçamento.

"Um modelo em que o governo contrata algum fornecedor de tecnologia e construção, em um contrato de EPC [sigla em inglês para engenharia, gestão de compras e construção], será o menos caro para o governo, porque não há risco para os contratados, se algo ocorrer de forma errada", afirmou o primeiro vice-diretor geral da Rosatom para Desenvolvimento Corporativo e Negócios Internacionais, Kirill Komarov. "Em todos os casos, se você utiliza dinheiro de governo é menos caro do que usar dinheiro privado. Tudo isso se reflete no preço final da energia elétrica", completou.

Questionado sobre a condição atual do governo brasileiro, que não possui recursos suficientes para arcar com o projeto, o executivo disse que existe possibilidade de empréstimos intergovernamentais. Ele citou como exemplo casos na Hungria, Índia, Bielorrússia e Bangladesh.

Com um portfólio de encomendas de US$ 133,2 bilhões para os próximos anos fora da Rússia, a Rosatom é uma das sete empresas que receberam carta-convite da Eletronuclear para enviar sugestões para a elaboração do modelo de negócios para a retomada das obras da terceira usina nuclear brasileira. Além dela, também foram sondados Westinghouse (Estados Unidos), EDF (França), Kepco (Coreia do Sul) e as chinesas CNNC, SNPTC e CGN.

Os interessados devem enviar suas contribuições à estatal brasileira até o fim deste mês. O modelo final deve ser definido pelo governo ainda no primeiro semestre, para ser lançado um edital de concorrência internacional no segundo semestre.

"Existe tempo suficiente para o governo brasileiro definir e dizer o que é o mais importante para eles. Nós somos muito flexíveis como companhia. Temos trabalhado em diferentes modelos", disse Komarov. Um total de 78 reatores fornecidos pela Rosatom estão em operação fora da Rússia. Outros 36 reatores produzidos pela companhia estão em construção em 12 países. Na Rússia, estão em construção outras seis unidades. O faturamento da companhia no ano passado somou 864,6 bilhões de rubros, cerca de R$ R$ 52 bilhões.

"Queremos ouvir os objetivos do governo [brasileiro]. E estaremos disponíveis para propor algum plano que possa ser confortável para nós, para o governo e para a economia brasileira", completou Komarov.

Segundo principal executivo do alto escalão da Rosatom, Komarov esteve no Brasil no início do mês para participar de reunião do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e do presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães, com executivos das principais proponentes para a parceria internacional para a conclusão de Angra 3.

Com cerca de 65% de índice de conclusão, Angra 3 teve as obras interrompidas em setembro de 2015, por falta de pagamentos a fornecedores. Ao todo já foram investidos R$ 13 bilhões no projeto, que ainda exigirá cerca de R$ 15,5 bilhões para ser concluído. O início de operação da usina está previsto para janeiro de 2026.

Komarov vê como positivo o atual momento para o setor de energia nuclear no Brasil, devido à posição favorável do governo Bolsonaro à expansão da oferta da fonte no país. "O Brasil precisa de mais energia. E o governo tem um caminho para resolver a questão. O governo brasileiro vê a energia nuclear como uma potencial solução para definir os caminhos e estabelecer o fornecimento de energia elétrica limpa, confiável e estável para o país."

O executivo, que participa nesta semana da AtomExpo 2019, feira e congresso da indústria nuclear mundial, em Sochi, na Rússia, também vê favoravelmente o cenário de expansão da energia nuclear em âmbito global, principalmente por ser uma fonte que não emite gases do efeito estufa e por ter custo de geração estável e previsível, fatores importantes principalmente para as indústrias.

"O custo do combustível [nuclear] no custo total da energia é de menos de 10%. Em usinas a gás ou carvão, o custo do combustível é próximo de 60% a 70% do custo total da eletricidade", afirmou Komarov.



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