Menu Principal
Portal do Governo Brasileiro
Logotipo do IPEN - Retornar à página principal

Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares

Ciência e Tecnologia a serviço da vida

 
Portal > Institucional > Notícias > Ipen na Mídia

O que é feito do lixo nuclear?

Questão de segurança, o armazenamento dos resíduos dura até milhares de anos, podendo ser usados para fins bélicos. Reciclagem é alternativa

Fonte: O Povo On Line - Fortaleza

"Sociedade sem energia normalmente não é uma sociedade bem desenvolvida”. A afirmação é do doutor em Engenharia Nuclear e professor do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares da Universidade de São Paulo (IPEN/USP), João Manoel Losada Moreira. Conforme ele, a energia nuclear como fonte de energia elétrica começou a ser utilizada de forma mais efetiva na década de 1960. Hoje, um dos seus maiores destaques é a não emissão de CO2 na atmosfera. Mas podem ser incluídas ainda, entre as vantagens, a grande disponibilidade de combustível (elementos radioativos), não depender de fatores climáticos e gerar pequena quantidade de resíduo.

 

"O volume de resíduos radioativos é pequeno em relação a uma fonte fóssil, como carvão ou gás natural, onde tudo que entra como matéria-prima é emitida para a atmosfera. Na nuclear, como é muita energia por unidade de massa, a quantidade emitida é pequena”, detalha o professor. Conforme ele, existem três tipos de rejeitos radioativos, de baixo, médio e alto níveis. O tempo de duração, que varia entre dezenas e milhares de anos, e o tipo de armazenagem os diferenciam e definirão quantidade e qualidade de barreiras de contatos. Os de alto nível podem durar entre 500 e até milhares de anos, enquanto os de médio têm duração de 300 anos e, os de baixo nível, cerca de 30 anos.

Para armazenar o lixo radiativo, o caminho é separá-lo ao máximo dos humanos. De acordo com João Manoel, o material é desidratado, misturado em uma matriz (cimento, por exemplo) que impeça qualquer reação química. Depois, há uma blindagem e ele é colocado em um tambor de ferro ou aço fundido.

 

A instalação, na maioria das vezes debaixo da terra, é uma das últimas barreiras. "Os de alto nível são colocados geralmente em uma área de montanha, que não tenha corpos aquáticos, com algumas galerias de rocha. Precisa monitorar, ver se não tem nenhum tipo de deterioração ou algum tipo de reação”. Resíduo, matriz, tambor, instalação, caverna, geosfera, biosfera, ser humano. Essa é a sequência de barreiras que, a depender do nível de resíduo, devem separar o lixo do contato com pessoas.

Reciclagem

O Brasil ainda não realiza, mas França, Japão e China já reciclam os rejeitos das usinas. "O combustível opera por um ano ou um ano e meio. A reciclagem poderia aproveitar 97,6% do material e armazenar apenas 2,4% (se for de nível médio)”, acrescenta. O fato de as usinas brasileiras ainda não reciclarem, diz ele, deve-se a uma "falta de decisão”. "Só temos dois reatores, então talvez, por enquanto, seja mais fácil guardar”.

 De acordo com João, os Estados Unidos não reciclam, com a intenção de guardar o material e usá-lo para fins bélicos. "Toda a questão de salvaguarda internacional são sobre estas matérias”, avalia. Os franceses possuem 58 reatores, os americanos têm cerca de 100 e estão construindo mais cinco. "Cerca de 70 reatores estão sendo construídos atualmente no mundo”.

"O volume de resíduos radioativos é pequeno em relação a uma fonte fóssil, como carvão ou gás natural, onde tudo que entra como matéria-prima é emitida para a atmosfera. Na nuclear, como é muita energia por unidade de massa, a quantidade emitida é pequena” 

 

Eventos