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Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares

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19º Prêmio Claudia 2014 - Ciências - Revista Claudia

Bom humor é um dos principais atributos de Luciana Vanni Gatti. “Decidi estudar química porque me apaixonei pelo Ciclo de Krebs”, diz, às risadas, referindo-se a um processo de queima da gordura corporal, alvo de preocupação de dez em cada dez mulheres.


Brincadeiras à parte, a queima que hoje mais interessa a essa paulista de Birigui, interior do estado, é a da Floresta Amazônica.

Subordinada ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, uma autarquia do governo de São Paulo, Luciana ganhou notoriedade internacional em fevereiro deste ano, quando um estudo coordenado por ela, em parceria com dois experts estrangeiros, foi tema de capa da prestigiada revista científicaNature. "Os resultados que apresentamos surpreenderam todo mundo”, diz.

"Havia um consenso de que, a cada ano, a Amazônia absorvia cerca de 500 milhões de toneladas de carbono, o principal gás do efeito estufa. Constatamos que, por causa da seca, ela captou apenas 30 milhões em 2010. E, em 2011, ano mais úmido, 250 milhões.” Ocorre que, quando há mais água disponível, as plantas fazem mais fotossíntese e a mortalidade da vegetação não aumenta.

O trabalho de Luciana repercutiu porque é o mais abrangente cálculo de balanço de carbono já realizado no Brasil. Além de revelar taxas de absorção menores do que era esperado, ela descobriu que, devido às queimadas, a floresta lançou 510 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera em 2010 e, em 2011, 300 milhões.

Ou seja: a contabilidade nos dois anos, infelizmente, foi negativa. Chegar a esses números foi uma tarefa árdua e complexa. Com os pesquisadores Emanuel Gloor, da Universidade de Leeds, na Inglaterra, e John Miller, da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, a cientista fez um minucioso planejamento de voos a partir de quatro pontos da Amazônia: Santarém (PA), Alta Floresta (MT), Rio Branco (AC) e Tabatinga (AM). Desde 2010, a cada duas semanas, pequenas aeronaves sobrevoam esses locais com um equipamento acoplado.

E, em espiral, coletam amostras de ar de acordo com os parâmetros e com as altitudes determinadas pelo grupo. Depois disso, o material é enviado para o laboratório. "É a primeira vez que informações sobre a Bacia Amazônica inteira são levantadas e com essa frequência”, garante Luciana. "Estudos anteriores extrapolavam dados locais e faziam uma média para a região.”
O problema, segundo a pesquisadora, é que a floresta não se comporta de maneira uniforme. Para piorar, fenômenos climáticos esporádicos, como El Niño e La Niña, que afetam a temperatura do oceano e têm impacto na vegetação, pesam em análises pontuais e podem gerar visões distorcidas. É por isso que estudos de longo prazo são fundamentais.

O grupo de Luciana, que já tem dados dos últimos quatro anos apurados, pretende estender as coletas até completar ao menos uma década. "A qualidade técnico-científica desse trabalho é fantástica”, ressalta Jean Ometto, engenheiro do Centro de Ciências do Sistema Terrestre do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). "Ele não é algo trivial, representa um importante salto em termos de conhecimento sobre a Amazônia.”

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