IPEN é contemplado em edital para criação de Centro de Pesquisa em Novas Energias
A verba deste projeto destinada ao Instituto - cerca de US$ 5 mi, vai praticamente dobrar o orçamento para P&D nos próximos anos
O IPEN foi uma das três instituições contempladas, com USP e Unicamp, em edital para a criação do Centro de Pesquisa em Novas Energias, em São Paulo, confirmando sua excelência na área de energias sustentáveis. Fapesp e BG E&P Brasil, empresa subsidiária do Grupo Shell, são as financiadoras do projeto, estimado em US$ 16,6 mi. Desse montante, cerca de US$ 5 mi serão coordenados pelo Centro de Células a Combustível e Hidrogênio (CCCH), unidade principal que vai executar a pesquisa no Instituto. O resultado foi anunciado nesta quinta-feira, 21.
Desde 2000, o IPEN pesquisa sistemas energéticos eficientes e de baixo impacto ambiental, com foco no desenvolvimento da tecnologia de células a combustível, dispositivos que convertem a energia química do hidrogênio em energia elétrica de forma limpa. Ao longo de quase duas décadas, o Instituto se tornou referência nacional nesta área, conduzindo estudos em materiais, eletroquímica e catálise para células a combustível e para a produção de hidrogênio.
A chamada foi divulgada no primeiro semestre, com data limite para envio das propostas em 9 de junho de 2017. De acordo com a Fapesp, foram recebidas 12 submissões, cobrindo as quatro divisões com os seguintes tópicos de pesquisa : "Transportadores de alta densidade de energia”, "Armazenamento avançado de energia”, "Conversão de metano em produtos” e "Ciência de materiais computacional ”. Estas divisões comporão o novo centro de pesquisas em energias avançadas.
Cada proposta recebeu pareceres de assessoria ad hoc e foi analisada por um painel de especialistas. O Comitê Gestor avaliou a documentação e, após discussão preliminar, enviou críticas e pedidos de esclarecimento identificados nos pareceres, para manifestação dos proponentes. Depois de examinadas as respostas dos proponentes, o Comitê Gestor realizou as entrevistas de esclarecimentos previstas na chamada e, depois de quase seis meses de análises e expectativa, anunciou os vencedores.
"Esse projeto marca uma nova fase do CCCH, abrindo linhas de pesquisa inovadoras e consolidando nossa atuação no IPEN. Talvez os dois principais méritos da nossa proposta sejam o caráter inovador da pesquisa e a equipe reunida, composta por pesquisadores do CCCH, do CCTM, da Universidade Federal do ABC e nossos parceiros de centros de referência no mundo”, afirmou Fábio Coral, gerente do Centro.
O IPEN vai executar, junto com a Universidade Federal do ABC e parceiros da Dinamarca, Alemanha, França, Estados Unidos e Portugal, a divisão "Conversão do Metano para Produtos - Rota sustentável para a conversão de metano com tecnologias eletroquímicas avançadas”, tendo o físico Coral como PI (pesquisador principal – o "coordenador” do projeto).
"O principal objetivo desta divisão é investigar rotas para a oxidação parcial do metano em moléculas que são matéria-prima para indústria química e combustíveis, como o etano e o metanol. Cenários futuros prevêem que o metano será disponível e abundante, motivando o interesse em se estabelecer novas rotas tecnológicas para a conversão deste insumo em produtos de maior valor agregado”, explica Coral.
Este gás, segundo ele, pode ser considerado o "diamante dos gases" por sua estabilidade. "Portanto, o desafio será usar técnicas eletroquímicas, em reatores similares às células a combustível, para promover as reações de interesse. O tema é de fronteira e muito desafiador, representando novos rumos da pesquisa de todo o time envolvido”, acrescenta Coral.
O Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas e a Faculdade de Engenharia Química, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e o Instituto de Química de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP), foram contemplados para a Divisão "Portadores Densos de Energia”, Divisão "Armazenamento Avançado de Energia” e Divisão "Ciência dos Materiais Computacional”, respectivamente.
"Estamos muito orgulhosos dessa conquista. O processo de seleção foi duro, com várias etapas que incluíram entrevistas com assessores internacionais. Além disso, os concorrentes eram todos de excelente competência e de tradição. A seleção recaiu sobre um grupo de sangue jovem, criativo e de muita energia, sem trocadilhos. A verba deste projeto vai praticamente dobrar o orçamento IPEN para P&D nos próximos anos, além de sinalizar para a sociedade nossa excelência nesta área”, ressaltou Marcelo Linardi, diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Ensino (DPDE) do IPEN.
Parceria– Fapesp e BG E&P Brasil (Shell) mantêm um acordo de cooperação desde 2013. A duração do financiamento desse novo Centro de Pesquisa é de cinco anos. Os itens financiados pela empresa devem seguir o que é estabelecido pela Resolução ANP 50/2015 e seu respectivo Regulamento Técnico 3/2015, da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).