IPEN promove curso sobre ciência forense nuclear para América Latina e Caribe
Organizado em parceria com a AIEA, objetivo é disseminar informação técnica vislumbrando a possibilidade de integração regional por meio de colaborações científicas
Desde meados da década de 1990, o tráfico e/ou posse não autorizada
de materiais nucleares ou fontes radiativas têm sido objeto de preocupação
internacional. Embora a maioria dos casos
confirmados tem uma dimensão criminal, o
uso desses aparatos por grupos extremistas não pode serdescartado Nesse contexto, surgiu a ciência forense nuclear, disciplina
científica que reúne conhecimento e práticas de várias ciências,
além das ações internacionais de não
proliferação e combate ao terrorismo.
Dessa forma, e com o objetivo de familiarizar profissionais da América Latina e do Caribe acerca do papel da ciência forense nuclear no regime de segurança nuclear, o IPEN promove esta semana, de 15 a 18, o "Curso Regional Introdução à ciência forense nuclear", organizado em parceria com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). "Queremos disseminar a informação técnica, vislumbrando a possibilidade de integração regional por meio de colaborações científicas”, afirma o pesquisador Jorge Eduardo Sarkis, coordenador do Programa de Internacionalização do Instituto.
Estão confirmados 42 participantes, dos quais 30 são de países latino-americanos. Sarkis destaca que, desde 1999, o IPEN desenvolvendo, de forma inédita no país, um programa de capacitação na área forense nuclear. "Aproveitando a experiência dos seus cientistas na área nuclear e da infraestrutura estabelecida, foi organizado aqui a Rede Brasileira de Laboratórios Forenses Nucleares, que contou com a colaboração da Polícia Científica do Estado de São Paulo e da Polícia Federal”, acrescentou.
Em linhas gerais, as atividades da ciência forense nuclear podem ser divididas em dois grandes grupos. O primeiro, chamado de inteligência nuclear, visa, dentro dos procedimentos legais de cada Estado, a investigação preliminar de pessoas, grupos e/ou instalações sob suspeita de manipulação, posse e/ou intenção de uso fora das leis e do regime de segurança nuclear estabelecidos no pais.
O segundo conta com a participação dos cientistas em apoio as ações de resposta face a uma ameaça ou investigação criminal. Essas ações envolvem apoio técnico aos organismos de Estado responsáveis por estas ações, principalmente no que tange a categorização, análise (química , física e isotópica) e identificação da origem do material apreendido ou sob suspeita.
"Ou seja, a ciência forense nuclear busca levantar informações sobre a história, o uso pretendido e, possivelmente, a origem dos aparatos fornecendo, assim elementos para a persecução penal no contexto civil, criminal ou do direito internacional”, explica Sarkis.
O curso será composto de palestras dirigidas por especialistas internacionais, durante as quais serão apresentados os conceitos e definições gerais da ciência forense nuclear. Também serão discutidos casos reais de ameaças e apreensões de material ilícito, seguidos de exercício de mesa com os participantes.
Estão programadas ainda visitas a alguns laboratórios da Rede Forense Nuclear do IPEN localizados no Centro de Química e Meio Ambiente (CQMA), no Centro de Ciência e Tecnologia de Materiais (CCTM), e os de Radioquímica e Reator Nuclear do Centro do Reator de Pesquisas (CRPQ) .
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