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IPEN vai premiar a melhor tese do Programa de Tecnologia Nuclear com o nome de Shigueo Watanabe

Pesquisador Emérito do Instituto, Shigueo orientou mais de 100 alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado, e segue contribuindo para a formação de jovens pesquisadores

Um dos momentos mais emocionantes do XXI Workshop da Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear IPEN/USP, na sexta-feira, 14, foi o anúncio da criação do Prêmio Shigueo Watanabe de Melhor Tese IPEN, com a presença do homenageado, que fez questão de falar, mesmo com sua limitação auditiva. Antes, a diretora substituta do Instituto, Isolda Costa, fez um breve relato sobre a "inestimável” contribuição do professor Shigueo ao ensino e à pesquisa no IPEN.

Dirigindo-se, inicialmente, ao professor Shigueo, Costa mencionou a satisfação de tê-lo presente e disse que a escolha de seu nome para o prêmio se justifica pela sua história de dedicação e pioneirismo no Instituto. Comentou que, aos 98 anos, Shigueo ainda orienta alunos de iniciação científica e de doutorado, e é "um modelo de pesquisador que merece ser sempre homenageado por uma vida de entrega ao ensino e à formação de pessoas”.

Após a leitura de minibiografia de Shigueo e seus principais feitos acadêmicos e científicos, Costa destacou aquela que, segundo o próprio homenageado, foi sua principal contribuição científica: o trabalho teórico em física nuclear denominado "Espalhamento de Dêuterons de Alta Energia por Núcleos Complexos”. "Quando o próton e o nêutron se juntam, formando o dêuteron, apresentam um potencial diferente dos potenciais individuais, e o potencial proposto para o dêuteron recebeu o nome de "Potencial de Watanabe”, reportou a diretora do IPEN.

Costa mencionou premiações e condecorações recebidas, entre elas a Comenda Zuihosho Kunsanto (3º Grau, que éamais alta concedida para estrangeiros) pelo grande esforço ecolaboração para o desenvolvimento das relações culturais e científicas entre os países, em 1998. Essa homenagem ocorreu durante a comemoração dos 90 anos da imigração japonesa no país, e Watanabe recebeu do próprio Imperador Akihito do Japão.

A relação de Shigueo com o IPEN também foi comentada por Costa. Na época, o então superintendente do Instituto de Energia Atômica (IEA), Rômulo Ribeiro Pieroni, propôs ao professor custear seus estudos em um país onde a termoluminescência – técnica que se utiliza da luz emitida pelos materiais quando aquecidos – fosse desenvolvida, para que ele aprendesse e a trouxesse para o Brasil. Desafio aceito, oprofessor Shigueo foi para a Universidade de Austin (Texas, EUA), aprendeu, voltou e estabeleceu a termoluminescência no Brasil na década de 1970.

Ao agradecer o professor, reiterando que ele é "um exemplo [de pesquisador] a ser seguido por todos”, Isolda Costa chamou a coordenadora do Centro de Ensino, Martha Marques Vieira, ex-aluna de Shigueo, para dirigir algumas palavras. "Ele foi meu professor na graduação, no Instituto de Física [Ifusp], acompanhou toda a minha trajetória, e fui mais feliz ainda porque foi ele quem me deu a oportunidade de vir para o IEA. Então, toda a minha história aqui no IPEN foi graças ao professor Shigueo, a quem sou muito grata”.

"A grande vantagem de chegar aos 98 anos é não conseguir escutar se estão falando bem ou mal da gente”, brincou Shigueo. Dizendo-se agradecido pela homenagem do IPEN, ele contou como se deu a história da bolsa no exterior para estudar a termoluminescência. Lembrou que a proteção radiológica dos funcionários era feita por meio de filme, que não era um bom detector de radiação, mas era o que havia disponível na época.

"Então, o superintendente da época, professor Pieroni, um dia me chamou e disse que que me pagaria seis de bolsa onde eu quisesse para eu aprender a técnica da termoluminescência para dosimetria de radiação, que já era feita nos países avançados”, contou, acrescentando que escolheu a Universidade de Austin e que o estágio foi fundamental para o estabelecimento dessa área específica no país. "E eu fico muito contente quando vejo alunos que depois fizeram o curso comigo e continuaram suas carreiras. Muito obrigado a todos vocês”, disse.

Em 2005, Shigueo Watanabe recebeu o título de Pesquisador Emérito do IPEN. Ele continua orientando no Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear. Ao todo, já foram mais de 100 orientações, sendo três de iniciação científica (mais duas em andamento), 51 de mestrado e 32 de doutorado (cinco em andamento). "Quem quiser conhecer mais sobre o professor Shigueo basta acessar o seu currículo Lattes e poderá constatar a enorme contribuição para o avanço da ciência no Brasil”, concluiu Isolda Costa, pedindo uma salva de palmas ao homenageado.

A instituição do Prêmio Shigueo Watanabe de Melhor Tese IPEN foi aprovada por unanimidade em reunião ordinária do Conselho Técnico-Administrativo do IPEN, em 4 de fevereiro de 2022. O Instituto já estuda a possibilidade de edital futuro para dar continuidade ao projeto premiado.

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