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IPEN confirma: material apreendido não indica presença de Urânio e não oferece risco à saúde, segundo pesquisadores

Laudo e relatório conclusivo já foi enviado à Policia Civil do Estado de São Paulo

(Atualizada em 13 de abril, 7h51)

O material apreendido pela Polícia Civil do Dstado de São Paulo, no último dia 8, trata-se de uma rocha de ocorrência na natureza, não indica presença de Urânio e não oferece qualquer ameaça à saúde, segundo o Laudo de Análise Química Semiquantitativa e o Relatório de Análise Radiométrica realizados nos laboratórios do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN-CNEN/SP), em São Paulo. As conclusões já foram enviadas ao delegado José Marques, D.P. Guarulhos.

De acordo com a análise radiométrica, "o material descrito não apresenta qualquer traço de produtos de decaimento de urânio nem de quaisquer outros materiais radioativos naturais ou artificiais em níveis superiores a 70 kBq/kg", valores de taxa de dose muito baixos, "com risco desprezível do ponto de vista de Radioproteção", segundo informou Demerval Leônidas Rodrigues, coordenador de Segurança Nuclear, Radiológica e Física do IPEN/CNEN.

Já o laudo de Análise Química Semiquantiativa concluiu que a rocha contém compostos de silício, alumínio, potássio, cálcio e ferro, comuns em rochas e solos. O material analisado foi recebido na forma de um fragmento de rocha de cor rósea, formato irregular e dimensões de aproximadamente 50x40x20 mm3, e uma parte foi fragmentada e triturada manualmente. O pó obtido foi analisado sem nenhum outro tipo de preparação.

O relatório radiométrico foi certificado pelo Laboratório de Análise Radiométrica, do Centro de Metrologia das Radiações do IPEN/CNEN, com a técnica de Espectrometria Gama de Alta Resolução com detector de germânio hiperpuro (HPGe), sob a responsabilidade de Marcelo Francis Maduar. 

O laudo de Análise Química Semiquantiativa, obtido pela técnica fluorescência de raios X por dispersão de comprimento de onda (WDS), foi emitido pelo Laboratório de Cristalografia Aplicada à Ciência de Materiais, do Centro de Ciência e Tecnologia dos Materiais (CCTM), sob a responsabilidade do físico Luis Gallego Martinez e do engenheiro Jesualdo Luiz Rossi.

Classificação da ONU

"Todo material radioativo pertence à Classe 7, na classificação de produtos químicos perigosos, que vai de 1 a 9.Contudo, a periculosidade dos materiais radioativos depende de vários fatores, o principal é a atividade radioativa em "Becquerel” (Bq) do material (antiga unidade Ci "Curie”). De acordo com o laudo apreendido junto ao material, pela Polícia, esse material teria o equivalente a 87g de Urânio, com taxa de dose muito baixa, o que, ainda assim, não apresentaria risco à saúde”, afirmou Rodrigues.

Rodrigues se refere à classificação da Organização das Nações Unidas (ONU), que separa os produtos químicos em nove classes: (1) explosivos; (2) gases; (3) líquidos inflamáveis; (4) sólidos inflamáveis; (5) substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos; (6) substâncias tóxicas e substâncias infectantes; (7) material radioativo; (8) substâncias corrosivas; E (9) substâncias perigosas diversas.

No caso dos materiais radioativos, de acordo com Rodrigues, os efeitos nocivos que podem causar danos à saúde humana decorrem da dose de radiação recebida por um indivíduo e essa, por sua vez, depende diretamente dos valores das taxas de exposição, da distância do indivíduo em relação ao material e do tempo de permanência próximo. Além disso, a dose de radiação recebida por um indivíduo também pode ser resultante da contaminação interna ou externa por materiais radioativos.

Essa rocha apreendida, em particular, apresentou valores de taxa de dose muito baixos, similares àqueles encontrados no meio ambiente, e o material não passou por nenhum processo de beneficiamento, ou seja, era apenas uma pedra com suspeitas de conter Urânio e Tório. Portanto, de acordo com Rodrigues, não foi necessário implementar qualquer medida de proteção, como, por exemplo, isolamento de área e do próprio material.

Rodrigues também afirmou que não existem quaisquer riscos resultantes ou associados a este material a moradores que vivem próximos à residência onde o material foi apreendido. As diferentes técnicas de análise foram necessárias para uma conclusão mais segura por parte dos pesquisadores e técnicos do IPEN/CNEN. 

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