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Ministro Marcos Pontes visita IPEN/CNEN com o objetivo de discutir projetos inovadores e estratégicos ao país

Impressionado com as diferentes instalações multiusuárias e inovadoras que o Projeto RMB proporcionará, ministro diz que já vem trabalhando fortemente no MCTI para viabilizar a liberação dos recursos necessários

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, reafirmou seu compromisso de trabalhar para que o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) "saia do papel”. Em visita ao IPEN/CNEN, nesta segunda-feira, ele conversou com o coordenador técnico do empreendimento, José Augusto Perrotta, e adiantou que vai propor reuniões interministeriais para apresentações técnicas com vistas à conscientização da importância desse megaprojeto para o Brasil.

"[O RMB] tem que sair do papel e se tornar realidade à sociedade brasileira. Trabalhamos fortemente no MCTI para viabilizar a liberação dos recursos necessários, via FNDCT [Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico], e vamos retomar as reuniões com os Ministérios da Saúde, da Defesa e outros que possam se interessar, inclusive com apresentações técnicas para a conscientização do potencial do empreendimento”, afirmou o ministro, referindo-se às diferentes instalações multiusuárias e inovadoras do RMB.

O novo reator vai produzir os radioisótopos de que o País precisa para suprir a demanda nacional na medicina nuclear, e que hoje são importados. A situação ficou crítica com a alta do dólar, já que o preço dos insumos é estabelecido na moeda americana, e se agravou ainda mais com a pandemia da Covid-19, que inviabilizou para muitos países a logística do transporte aéreo devido ao fechamento dos principais aeroportos internacionais.

No Brasil, só não houve desabastecimento graças ao esforço conjunto da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), do MCTI, da Casa Civil-PR e do Ministério das Relações Exteriores (MRE), que atuaram junto aos fornecedores internacionais para garantir a chegada de forma segura dos radioisótopos ao Centro de Radiofarmácia do IPEN/CNEN, evitando um colapso da medicina nuclear. Com o RMB em atividade, esse risco é praticamente nulo, e os custos de produção de radiofármacos serão reduzidos significativamente.

"Quando o ministro Pontes esteve pela primeira vez no Instituto, nós falamos da fragilidade a que a população brasileira ficou exposta no auge da pandemia. Não houve descontinuidade na produção, mas o risco existiu. Além disso, com a variação cambial, perdemos em torno de R$ 20 milhões do orçamento do MCTI. Se nos tivéssemos o RMB, o cenário seria totalmente diferente”, ressaltou Wilson Calvo, superintendente do IPEN/CNEN.

Novos fármacos

O ministro Marcos Pontes esteve no IPEN/CNEN para conhecer o projeto "Sistematização do método de xenotransplante suíno de rim no Brasil”, fruto de parceria entre a empresa XenoBR e a Universidade de São Paulo (USP), por meio do Instituto do Coração (InCor)e do Projeto Genoma. Ele foi recebido pelo presidente da CNEN, Paulo Roberto Pertusi, por seu diretor de Pesquisa e Desenvolvimento, Madison Coelho de Almeidapor Wilson Calvo.

Pertusi deu as boas-vindas em nome da CNEN, e Almeida fez uma breve apresentação da autarquia e suas unidades no Brasil, com destaque para o IPEN/CNEN, maior produtor de radiofármacos no país. O titular da DPD comentou sobre as aplicações da tecnologia nuclear na saúde – principal foco do IPEN/CNEN, na indústria, na agricultura e pecuária (com ênfase na irradiação de alimentos), no meio ambiente e na mineração, dentre outras.

Um dos projetos mais promissores, segundo Almeida, é o "Nanocarreamento de Hidroxcloroquina/Azitromicina”, liderado pelo IPEN/CNEN, em parceria com a Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP). À iniciativa, cooperará também o Laboratório Químico Farmacêutico do Exército (LQFEx). O objetivo é explorar o potencial da nanotecnologia para controlar a liberação de ativos dos fármacos e aumentar sua internalização celular, de forma a propiciar maior eficácia em dose baixa, obtendo redução expressiva de toxicidade.

Xenotransplante

XenoBR deverá ser abrigada na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo USP/IPEN, gerida pelo Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec). O objetivo do projeto é suprir a demanda reprimida para transplante de rim no país. De acordo com o departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil, o DATASUS, em 2019, o Brasil registrou 133 mil pacientes em diálise, dos quais 45% (59.850) são elegíveis para transplante.

O tempo médio do paciente na diálise, à espera do transplante, é de seis anos. Nesse tempo, são registrados 22 mil óbitos/ano e apenas seis mil procedimentos. Para efeitos de comparação, na Espanha, a permanência na fila do transplante é de apenas três dias. Assim, dos 59.850 elegíveis, menos os seis mil que são transplantados, a demanda anual no Brasil é de 53.850 pacientes.

O ministro Pontes mostrou-se entusiasmado com a iniciativa. Da mesma forma o secretário de Políticas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI, Marcelo Morales. O presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Waldemar Barroso Magno Neto, teceu comentários sobre como a agência atua em projetos inovadores de base tecnológica.

A pesquisa

Xenotransplante é a denominação dada ao transplante de órgãos entre diferentes espécies. Os suínos da espécie Sus scrofa domesticus, mais conhecida como "porco doméstico”, são os animais mais adequados para se tornarem doadores devido às suas características – fisiologia semelhante à humana, além de peso e medida do rim compatíveis. O projeto já obteve, até o momento, 76 linhagens de suínos, e todos os experimentos foram aprovados pelo Comitê de Ética do InCor e do Instituto de Biociências USP (IB-USP).

Na fase atual, os pesquisadores estão trabalhando na transferência nuclear de células somáticas, técnica utilizada para a criação de clones, por meio da introdução de um núcleo doador em um óvulo, que podem ser utilizados em pesquisas de células-tronco, na medicina regenerativa ou até mesmo com finalidades reprodutivas in vitro. É por meio dessa técnica de edição gênica que os pesquisadores pretendem "desativar” os genes que provocam rejeição no sistema imunológico humano.

Um dos coordenadores do projeto é o professor Silvano Raia, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Primeiro médico a realizar um transplante de fígado na América Latina e o primeiro transplante com doador vivo no mundo, coube a ele apresentar a pesquisa via web. As professoras Mayana Zatz, líder do Projeto Genoma, e Maria Rita Passos-Bueno, do IB-USP, mais o médico Jorge Kalil David Netto, diretor do Laboratório de Imunologia do InCor, presentes na reunião no IPEN/CNEN, também coordenam o estudo.

Foi apresentada ainda uma proposta de laboratório pela Biotec, do Grupo Foianesi, parceira do IPEN/CNEN no desenvolvimento de projetos inovadores na área de radiofarmácia. Com expertise em soluções personalizadas para instalações veterinárias, a empresa trabalha com Boas Práticas de Fabricação (BPF), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e do Food and Drug Administration (FDA), agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos.


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