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Olhar para o futuro: Reator Multipropósito Brasileiro será um “novo IPEN”, afirma José Augusto Perrotta

Instituto começou com um reator nuclear de pesquisas e se tornou uma referência em P&D, inovação e capacitação de pessoal. Modelo pode ser aplicado ao RMB, consolidando a área nuclear como estratégica para o país.

A apresentação de José Augusto Perrotta, coordenador técnico do projeto Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), encerrando as apresentações do webinar "60 anos do Ciclo do Combustível Nuclear no IPEN: Enredos de uma Conquista Estratégica”, foi bastante contundente, falando da importância de olhar para o passado a fim de não cometer erros no futuro. "O RMB não é um projeto de reator, é um novo Instituto. Começa igualzinho ao IPEN, com um reator nuclear de pesquisas, só que agora com 30MW de potência”, disse, ressaltando as características que o diferenciam dos reatores em operação atualmente.

Passado-futuro foi a tônica da fala de Perrotta. Começou mencionando as realizações do passado ressaltando que, quando se desenvolve C&T&I, "a ciência é a mesma, mas a tecnologia avança, progride” para explicar que a tecnologia que o IPEN/CNEN produziu há 60 anos era boa, à época, mas hoje não é totalmente aplicável. "O IPEN desenvolve tecnologia continuamente, não fica parado no tempo. Então, é sempre um desafio fazer o desenvolvimento tecnológico constante”.

Outro parâmetro fundamental é a gestão do conhecimento humano, disse Perrotta. "Espero que daqui a 60 anos, os novos pesquisadores, os jovens, que estão começando hoje, tenham o prazer de fazer essa mesma reunião, depois de 120 anos do IPEN, com novas inovações, novas tecnologias e que a população usuária tenha aumentado bastante. Esses aspectos do IPEN é que são fantásticos”, ressaltando que um incentivo do Estado foi fundamental e a nuclear é "uma área estratégica do país e tem que ser adotada e utilizada como estratégica para o país”.

Perrotta lembrou ainda que a competência desenvolvida no Instituto nesses anos de trabalho permite suporte à operação de todos os reatores nucleares do país, quando precisam. "O IPEN, portanto, é essencial para subsistência do Programa Nuclear Brasileiro na sua essência. O Instituto é ‘rei’ também na formação de recursos humanos. Somos bons nisso, mas somos péssimos em convencer as autoridades em ter pessoas para trabalhar. Parece que os dirigentes para cima falam outro idioma, não entendem que tudo isso é com muito esforço que se obtém”.

Caso não haja investimento em pessoas, toda essa tecnologia desenvolvida, laboratórios e o próprio legado não terão continuidade, salientou Perrotta. "Sem as pessoas não vai existir o IPEN. Vamos morrer na praia, se não colocarmos imediatamente pessoas para substituição dos mais antigos. Existem essas pessoas? Existem. Nós temos que mudar a gestão desse processo atual. São mais 1 mil alunos entre bolsistas, doutorados, pós-docs, extremamente competentes que podem ser incorporadas ao quadro. Aí, com metas, objetivos e recursos, certamente vão fazer ações muito importantes para o Instituto”.

Perrotta relembrou as principais realizações do IPEN/CNEN, desde o enriquecimento do urânio, melhoria de todo o processo e sistemas no Centro do Combustível Nuclear – produziu-se 19 elementos combustíveis do tipo placa igual ao RMB, mudou-se o núcleo do Reator IPEN/MB-01, e obteve-se a licença de operação permanente por dez anos. "São poucos os países que conseguem isso, foi um projeto dentro do IPEN, exclusivamente do IPEN, falando português”, disse, brincando que "os nêutrons falam português”.

"Isso é o IPEN, essa capacidade de fazer quando incentivado e motivado. Não é função de um Instituto de Pesquisa fazer produção seriada, ganhar dinheiro com isso. Nossa função é transformar ciência em tecnologia, desenvolver protótipos e instalações pilotos, e a parte industrial tem que ir para outro lugar, e nós temos que manter essa competência”, disse. Perrotta disse que todo esse contexto é importante para falar do RMB, tema de sua apresentação.

Ao citar os laboratórios que constituirão o RMB e suas aplicações, Perrotta afirmou: "Esse grande centro é o IPEN, transportado para lá [em Iperó, na região da Grande Sorocaba, São Paulo]. O RMB não muda a característica do IPEN, os Centros do IPEN continuam. Lá será uma grande instalação que fará produção e com uma ferramenta,emnível nacional, para os pesquisadores nacionais utilizá-la. E obviamente, terá ainda toda umaaçãopara desenvolver os recursos humanos e dar garantia de sustentabilidade ao longo do tempo, de formação e treinamento de recursos humanos, como o IPEN faz”.

O RMB é um projeto que chega a 12 anos e, para Perrotta, é um "grande mérito” permanecer todo esse tempo, conseguir fazer o que vem sendo feito nesse período sem recursos alocados. "Espero que sejam dados os recursos – este ano não teve recursos para a construção, no próximo ano não teremos também, e nem temos ainda recursos humanos para operar o reator. Espero que se corrija isso em um tempo muito próximo, porque, caso contrário, o IPEN vai ficar com história passada, e não uma história futura. E todos nós aqui queremos essa história passada também para o futuro”.


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