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IPEN recebe presidente da Nissan do Brasil para acordo na área de desenvolvimento de célula a combustível a etanol

Parceria visa desenvolver tecnologia para viabilizar uso do etanol em carros elétricos

IPEN e Nissan firmaram acordo para desenvolvimento do uso de etanol em veículos movidos a célula de combustível (fuel cell). O documento foi assinado pelo diretor do Instituto, Wilson Calvo, e o presidente da montadora no Brasil, Marco Silva, nesta segunda-feira, 25, no campus do IPEN. A intenção é viabilizar comercialmente o uso de Células de Combustível de Óxido Sólido (SOFC), capazes de fornecer autonomia superior a 600 quilômetros utilizando apenas 30 litros de etanol. Caberá aos pesquisadores desenvolver a célula a combustível a etanol.

Por contar com uma ampla rede de abastecimento de bioetanol – e ser um dos principais produtores do mundo –, o Brasil tem sido peça chave para o desenvolvimento e estudos de viabilidade do projeto. "Nossa pesquisa é fruto dessa vocação do Brasil com o etanol. Pouca gente no mundo estuda célula a combustível, e menos ainda célula a combustível a etanol. Nós pesquisamos há quase 15 anos. A Nissan nos identificou como uma competência para tocar esses estudos”, afirmou Fabio Coral Fonseca, pesquisador do IPEN, responsável pelo projeto.

No caso específico do veículo, Coral explica que os pesquisadores vão tentar viabilizar a tecnologia, a partir do protótipo desenvolvido pela Nissan. "Vamos trabalhar na engenharia da tecnologia, melhorar tamanhos, diminuir custos e aumentar desempenho. Ou seja, vamos otimizar a engenharia do dispositivo eletroquímico do veículo, a fim de barateá-lo e, com isso, disseminar a tecnologia, que é muito importante. Basicamente a pesquisa vai nessa direção”, acrescentou Coral, que é chefe do Centro de Células a Combustível e Hidrogênio do IPEN.

O pesquisador destaca dois aspectos importantes a serem levados em consideração: o fato de se buscar "desplugar” o carro elétrico e, com isso, deixá-lo imediatamente disponível, sem necessidade de infraestrutura de carregamento de eletricidade. "Nós vamos usar um combustível renovável, neutro em CO2, que você pode abastecer em qualquer posto na esquina. Então, é um conceito muito forte esse que a Nissan está trazendo, e é muito importante para o Brasil e em escala global. Fico feliz de colaborarmos”.

A parceria com o IPEN está inserida no conceito da Nissan Intelligent Mobility, visão da marca para transformar a maneira como os carros são conduzidos, impulsionados e integrados na sociedade. De acordo com Silva, a intenção é avaliar e viabilizar diferentes componentes para a introdução deste sistema em veículos de passeio. "O projeto é de grande interesse do Brasil por se encaixar na nossa matriz energética. Além disso, o conhecimento das instituições brasileiras, como o IPEN, é fundamental para o desenvolvimento desta nova tecnologia”, salientou o presidente da Nissan do Brasil.

Wilson Calvo destacou a tradição do IPEN de realizar e entregar produtos e serviços, e também com empresas, por meio da inovação. "Essa tradição é confirmada pelos indicadores: hoje, temos em carteira cerca de R$ 66 milhões investidos pela iniciativa privada em inovação. Estamos partindo para esse teste inicial de demonstração da tecnologia, mas esperamos que essa parceria possa ter duração de 60 meses, que é o nosso objetivo. Como já temos know-how nessa área específica, certamente os resultados serão muito promissores”, afirmou o diretor do Instituto, que é gerido técnica e administrativamente pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

Tecnologia limpa – O primeiro período de testes com o protótipo foi realizado no Brasil entre 2016 e 2017. Dois veículos e-NV200 equipados com o sistema SOFC foram testados pela equipe de Pesquisa e Desenvolvimento da Nissan do Brasil e demonstraram que a tecnologia se adapta perfeitamente ao uso cotidiano e ao combustível brasileiro, ainda mais pelo fato de o país ter infraestrutura já existente para abastecimento com etanol em todo o seu território.

A tecnologia da Célula de Combustível de Óxido Sólido conta com um sistema gerador de potência que se utiliza da reação química de diversos combustíveis com oxigênio, incluindo etanol e gás natural, para produzir hidrogênio e posteriormente eletricidade. O sistema é limpo, altamente eficiente e funciona 100% com etanol ou água misturada ao etanol. Suas emissões de carbono são tão limpas quanto a atmosfera, se inserindo como parte do ciclo natural do carbono e sendo absorvido durante a plantação da cana-de-açúcar.

Além de Marco Silva, Wilson Calvo e Fábio Coral, estiveram presentes na assinatura do acordo Ricardo Abe, gerente de Engenharia de Produto da Nissan do Brasil, Isolda Costa, coordenadora de Pesquisa, Desenvolvimento e Ensino do IPEN, Cláudio Rodrigues, diretor do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), os coordenadores de Administração e de Produtos e Serviços do IPEN, Kátia Santos e Jair Mengatti, respectivamente, Adriana Braz Vendramini Bicca Magalhaes, do NIT/IPEN, e parte da equipe de pesquisadores do CCCH, liderada por Coral. 

Após a formalização do acordo, Calvo acompanhou Silva em visita ao Espaço Marcello Damy, onde estão vários painéis que contam a história do IPEN e suas principais realizações.

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