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CTR promove talk sobre acidente de Chernobyl para servidores e pós-graduandos do IPEN

Rafael Garcia, do Centro do Combustível Nuclear, falou de aspectos técnicos do acidente e contou sobre sua experiência na visita à Pripyat, onde estava localizada a Usina Nuclear

Motivado pela série sobre o acidente nuclear de Chernobyl, veiculada no canal fechado de TV HBO, o pesquisador Rafael Garcia, do Centro do Combustível Nuclear (CECON), participou de um talk com servidores e pós-graduandos do Instituto sobre aspectos técnicos daquele acidente, ocorrido entre 24 e 25 de abril de 1986, e relatou a sua experiência na viagem a Pripyat, a cidade fantasma localizada ao norte da Ucrânia, perto da fronteira com a Bielorrússia, onde estava a Usina Nuclear de Chernobyl.

O acidente aconteceu na madrugada do dia 25, no reator no 4, durante um teste de segurança que simulava falta de energia da estação. Os sistemas de segurança e emergência e de regulagem de energia foram intencionalmente desligados, porém, uma combinação de fatores, tais como falhas no projeto do reator e erro dos operadores dos reatores, que organizaram o núcleo de uma maneira contrária à lista de verificação para o teste, resultou em condições de reação descontroladas.

"Foi o acidente nuclear mais lamentável da história, causando a morte de milhares de pessoas – os números totais ainda são uma incógnita, pois estudos recentes questionam esses dados, que estariam subestimados”, comentou Garcia. Esse episódio, segundo ele, ainda hoje repercute junto à opinião pública. "Lamentavelmente, observamos que o maior medo da população em geral, não só brasileira, é que haja um novo acidente parecido como o de Chernobyl”.

Contudo, acrescenta o pesquisador, foram feitas melhorias devidas no controle e segurança do radiador, que passou por uma enorme modificação exatamente para que acidentes dessa natureza e proporção não aconteçam novamente "Sempre é possível [ocorrer acidentes], mas os riscos são cada vez menores. Acredito que, se fosse para acontecer, já teria acontecido”, pondera Garcia.

Ele avalia que ainda há diversas especulações partindo da opinião pública com relação à energia nuclear, "mas é uma postura contraditória”, pois, como ressalta, outras fontes utilizadas para a geração de energia são "muito piores à saúde” e "continuam sendo preferidas”, como por exemplo, a queima de combustíveis fósseis.

Entre algumas dúvidas que surgiram na conversa, a maior parte delas se referia ao tempo de duração de uma contaminação radioativa e se é possível removê-la do ambiente. "Depende muito do tipo de contaminação. A causada por um acidente em uma usina nuclear está entre as piores possíveis, já que um reator desse tipo normalmente comporta toneladas de material radioativo no núcleo e pode espalhar material radioativo por uma grande área”, explicou Garcia.

O fato de a usina nuclear possuir elementos de variadas atividades e meias-vidas (nos processos radioativos, meia-vida é o tempo necessário para desintegrar a metade da massa de um isótopo, que pode ocorrer em segundos ou em bilhões de anos) também contribui para a gravidade desse tipo de acidente.

"Ou seja, embora a maior parte da radiação seja exaurida nos primeiros anos, alguns elementos demoram dezenas, centenas, milhares de anos até que os níveis de radiação se tornem aceitáveis. Nesse caso, podem-se remover esses materiais das superfícies contaminadas, destinando e estocando adequadamente esse material em local seguro, permitindo liberação da área”, acrescentou.

De acordo com o pesquisador, existem estudos que indicam que as usinas nucleares estão entre as formas mais seguras de produção de energia. "Se forem calculadas todas as perdas humanas causadas por acidentes nucleares e hidroelétricas, por exemplo, verifica-se que, para mesma quantidade de energia gerada, houve até 15 vezes mais mortes por conta de acidentes com hidrelétricas, quando comparada à nuclear”, ressaltou.

À medida que conversava com os servidores, Garcia mostrava imagens que ele próprio fez quando de sua visita à cidade fantasma de Pripyat. Também deu informações sobre logística e estimativa de valores para quem eventualmente tenha interesse em viajar até o local do acidente. O pesquisador finalizou dizendo que foi "uma das experiências mais incríveis” da sua vida.

Além de abordar aspectos técnicos do acidente e da radiação, outro objetivo do talk, segundo Garcia, é mostrar que a tecnologia nuclear vai muito além da geração de energia. "Permite que tenhamos alimentos mais frescos, produtos de melhor qualidade e diagnósticos médicos mais precisos, melhorando a qualidade de vida das pessoas, dentre outros benefícios”.

O talk foi na manhã desta quarta-feira, 3, na sala de reuniões do Centro de Tecnologia das Radiações (CTR). Dias antes, no dia 30 de junho, Garcia fez essa mesma apresentação no Galeria 540, bar localizado na Rua Mourato Coelho, 540, Pinheiros. Foi o "Bate-papo com ciência: O acidente nuclear de Chernobyl”, inspirado no Festival Pint Of Science, que aconteceu em maio, em bares de diversos países.

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Rafaelle Pereira, estagiária
Supervisão de Ana Paula Freire, jornalista MTb 172/AM
Assessoria de Comunicação Institucional

 

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