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Em um ano, CCN produz 19 elementos combustíveis para o Reator IPEN/MB-01, um 'feito inédito'

Capacidade produtiva do Centro do Combustível Nuclear era, historicamente, de dez elementos combustíveis por ano. Com pouca gente e muito esforço empreendido, praticamente dobrou

O Centro do Combustível Nuclear (CCN) concluiu a produção dos 19 elementos combustíveis que serão utilizados para operar o núcleo do Reator IPEN/MB-01, que, entre outros objetivos, vai simular a física de nêutrons do núcleo do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). A entrega oficial ao Centro de Engenharia Nuclear (CEN) aconteceu na segunda-feira, 6, no próprio CCN, e contou com a presença do superintendente Wilson Calvo, do coordenador técnico do projeto RMB, José Augusto Perrotta, e de todos os pesquisadores e técnicos envolvidos.

De acordo com a gerente do CCN, Elita Urano, a produção desses elementos é parte de um compromisso estabelecido no Projeto FINEP "Adequação das instalações para o fornecimento de combustível para o Reator Multipropósito Brasileiro”, convênio Nº 01.13.0389.00/ RMB-25. Também é objetivo desenvolver e adequar a infraestrutura de fabricação de elementos combustíveis e alvos de urânio para o atendimento de fornecimento continuo à operação do reator do RMB e produção de 99Mo.

"Para o CCN, foi um grande aprendizado e um grande desafio. O projeto do combustível foi feito pelo grupo do CEN. A especificação desse combustível é extremamente rígida visto que, no novo núcleo, serão obtidos dados de física de reatores visando o núcleo do RMB. Como será feito um benchmarking, tudo é extremamente controlado, desde as análises da composição isotópica, composição química do material combustível utilizado, até os processos de laminação. Todos esses dados, com suas incertezas e propagação de erros”, afirmou Elita.

A gerente do CCN salientou que planejamento é algo primordial para a minimização de erros. "Três grupos estavam envolvidos sendo assim tínhamos que ter organização, planejamento e comprometimento concatenados. Realizamos reuniões mensais com todo o grupo envolvido e, separadamente, reuniões semanais com os dois grupos do IPEN, o CCN e o CEN. Esses atores, juntos ao Centro Tecnológico da Marina em São Paulo (CTMSP), tiveram total harmonia no desenrolar desta meta”, comemorou Elita.

"O desenho técnico do elemento combustível foi efetuado pelos projetistas do CEN e fornecido junto com as rígidas especificações técnicas para sua fabricação no CCN. O grupo de engenheiros do CEN deu total apoio técnico ao CCN no acompanhamento da fabricação dos elementos combustíveis, participando em conjunto com seus especialistas na definição do processo de fixação do fio de cádmio (usado como veneno queimável) no interior das placas combustíveis dos elementos”, explicou Ulysses D’Utra Bitelli, gerente do Reator IPEN/MB-01.

Historicamente, o CCN tinham capacidade produtiva de dez elementos combustíveis por ano. A produção dos 19EC foi iniciada em setembro de 2017 e finalizada nos primeiros dias de outubro de 2018, ou seja, os 19 elementos combustíveis foram produzidos em 12 meses. "Ressaltamos que isso só foi possível pelo comprometimento de todos os servidores do CCN e do grande apoio institucional e do RMB”, disse Elita, acrescentando que foram entregues somente agora os combustíveis por questões burocráticas junto a CNEN.

 

Além da burocracia nas etapas de liberação de licenças de processamento de material, a carência de recursos humanos, problemas com equipamentos e maquinários e morosidade de retorno da adequação foram as principais dificultadas enfrentadas, segundo Elita. Antes, ela fez um trabalho de "corpo a corpo” com os servidores do CCN. "Foi o primeiro ponto a ser trabalhado: mostrar para os servidores do CCN a importância de cada um dentro do nosso objetivo comum”, contou, reconhecendo o êxito ao final da produção.

 

Perguntada se a sensação é de "dever cumprido”, Elita disse que não usaria esse termo, porque ainda há muito a se fazer. "Tenho a sensação de bem estar profissional. Crescemos com as adversidades. Não desanimamos e nem buscamos culpados pelo insucesso de um ou outro fato, de etapas. Não nos permitimos. Buscamos vencer tudo isso, sem acomodação. Como disse, tenho a sensação de bem estar profissional. É uma sensação muito boa e temos muito mais a fazer”.

"É um feito que abre fronteiras em termos de pesquisa e desenvolvimento, produção de radioisótopos, testes de combustíveis nucleares, e é fruto da dedicação dos servidores deste Centro e do CEN”, afirmou Calvo, referindo-se, destacando também a "união muito bem sucedida” entre os parceiros do projeto: a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), a Marinha do Brasil, a INB, a FINEP e a Fundação Pátria. Na sequência da apresentação oficial, os 19 elementos combustíveis fora levados para o CEN, onde está localizado o reator de potência zero IPEN/MB-01.

Reportagem especial sobre esse grande projeto em seus desdobramentos será capa da edição de Maio/Junho do Órbita IPEN, que circula início de julho.

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