IPEN é premiado em fórum internacional sobre tecnologias nucleares, realizado em Sochi, Rússia
De 16/04/2019 por dias.
Para o superintendente Wilson Calvo, o prêmio é um reconhecimento ao que o IPEN vem fazendo com excelência para oferecer soluções que possam dar mais qualidade de vida à população brasileira
Para o superintendente Wilson Calvo, o prêmio é um reconhecimento ao que o IPEN vem fazendo com excelência para oferecer soluções que possam dar mais qualidade de vida à população brasileira
Abertura: 16/04/2019
Objeto:
Para o superintendente Wilson Calvo, o prêmio é um reconhecimento ao que o IPEN vem fazendo com excelência para oferecer soluções que possam dar mais qualidade de vida à população brasileira
O projeto "Multipurpose Gamma Irradiation and Mobile Unit with na Electron Beam Accelerator
Developed in Brazil”, apresentado pelo IPEN no 11th International Forum ATOMEXPO 2019, foi o grande vencedor na categoria "Nuclear
Technologies for better life” ("Tecnologias nucleares para uma vida melhor”, em
tradução livre). A cerimônia de premiação foi nesta segunda-feira, 15, na
cidade de Sochi, Rússia, onde ocorre o evento.
Representando o superintendente
do Instituto, Wilson Aparecido Parejo Calvo, o pesquisador Emerson Bernardes,
colaborador do Centro de Radiofarmácia (CR), "É uma honra, em nome do IPEN,
receber este prêmio. Gostaria de agradecer aos organizadores e também à Rosatom
pela oportunidade de estar aqui esta noite”, disse Bernardes, referindo-se à Companhia
Estatal de Energia Nuclear russa que concentra todo o programa nuclear daquele
país, organizadora do ATOMEXPO 2019.
O tema principal do Fórum, que
encerrou-se nesta terça-feira, 16, foi desenvolvimento das tecnologias
nucleares para uma vida melhor. Foram discutidas perspectivas da energia
nuclear, bem como os desafios enfrentados pelo setor nuclear em vários países. Bernardes
foi convidado pela Rosatom para proferir palestra sobre os principais desafios
e gargalos enfrentados pelos produtores e distribuidores de radiofármacos no
Brasil e alternativas para superar as limitações atuais.
O pesquisador também abordou as
novas oportunidades de mercado para o uso de diferentes radioisótopos
terapêuticos combinados com traçadores novos ou convencionais, ampliando as
opções terapêuticas para pacientes com câncer. Brasil e Rússia têm cooperação
na medicina nuclear desde 2015, quando a empresa JSC Isotope e a Comissão
Nacional de Energia Nuclear (CNEN) assinaram acordo de fornecimento do
molibdênio-99, principal isótopo radioativo usado nos procedimentos de detecção
de câncer e das doenças cardiovasculares.
Aplicações pioneiras
O projeto vencedor, que em tradução livre
significa "Irradiador Gama Multipropósito e Unidade Móvel com Acelerador de
Feixe de Elétrons Desenvolvido no Brasil”, foi implementado pelo Centro de
Tecnologia das Radiações (CTR) do IPEN e refere-se a duas importantes
estruturas para a aplicação da tecnologia nuclear: um irradiador de uso
contínuo de Cobalto-60 e um acelerador de feixe de elétrons para tratamento de
efluentes industriais.
Com tecnologia totalmente
nacional e design revolucionário, o Irradiador Multipropósito de Cobalto-60 está
em atividade desde 2003 e é prioritariamente utilizado para as necessidades das
várias áreas de atuação do Instituto, como a esterilização dos recipientes
usados para transporte e uso de radiofármacos, esterilização de rações e outros
insumos do biotério e irradiações de suporte às pesquisas desenvolvidas no IPEN
e nas instituições parceiras.
Além disso, promove aplicações
pioneiras no Brasil, como a desinfestação e a contenção da proliferação de
microrganismos em bens culturais e obras de arte por meio da radiação ionizante
do 60Co. Dependendo da dose de radiação aplicada, o material pode
impedir a reprodução, garantindo a erradicação, ou esterilizar imediatamente o
produto com uma dose maior, se os possíveis efeitos colaterais desta dose não
forem deletérios ao material original.
Radiação para tratar efluentes
O outro componente do projeto é a
unidade móvel com um acelerador de feixe de elétrons para tratar efluentes
industriais para fins de reutilização, com requisitos de segurança chancelados
pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), pela BSS Serviços de
Blindagem e pela própria CNEN, autarquia federal do Ministério da Ciência,
Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), à qual o IPEN está vinculado.
A unidade móvel pode ser usada para
o tratamento de efluentes da produção de petróleo, para a dessulfurização de
petróleo (processo de remoção de enxofre) e para a degradação de compostos
orgânicos tóxicos em águas residuais com fins de reutilização. Um dos objetivos
do projeto é demonstrar a eficiência dessa tecnologia para resolver problemas
de efluentes industriais no Brasil, principalmente no caso da Companhia de
Saneamento de São Paulo (SABESP) e da Companhia de Petróleo PETROBRAS.
O Estado de São Paulo tem o
principal parque industrial do país, e, na região metropolitana, existem
indústrias metalúrgicas (incluindo mecânica e automobilística), têxtil,
alimentícia, química, elétrica, celulose e papel, contribuindo com quase 40% da
carga orgânica e inorgânica descarregada sem tratamento adequado, diretamente
ao principal rio da cidade de São Paulo, Tietê.
"Queremos ampliar a capacidade
nacional de tratamento de efluentes industriais utilizando aceleradores de
feixe de elétrons e acreditamos que a unidade móvel será bastante efetiva nessa
finalidade. Muitos estudos no país e em laboratórios estrangeiros já provaram
que o tratamento por radiação oferece benefícios tecnológicos e econômicos em
relação às técnicas convencionais para o tratamento de poluentes”, explicou
Wilson Calvo.
O custo total de investimento da
unidade móvel é de US$ 1,5 milhão, e o custo operacional total (custos anuais
fixos e variáveis) é de US$ 380,5 mil. O projeto conta com o apoio da AIEA, por
meio do Fundo de Cooperação Técnica, cujo objetivo é fornecer treinamento e
transferência de habilidades necessárias em termos de unidade móvel e
contribuir com a identificação e aquisição de acelerador de feixe de elétrons,
energia de 0,7 MeV e 20 kW.
Esforço coletivo
Calvo afirma que o prêmio é
motivo de muito orgulho para o IPEN e salienta o envolvimento de uma grande
equipe do CTR. "[o prêmio] é um reconhecimento ao que o IPEN vem fazendo com
excelência para oferecer soluções que possam dar mais qualidade de vida à
população brasileira. Gostaria de destacar todos profissionais envolvidos no
projeto, um esforço coletivo cujo resultado demonstra que estamos no caminho
certo”, disse o superintendente.
Compõem o projeto, além de Calvo,
os pesquisadores Celina L. Duarte, Samir Somessari, Francisco Edmundo Sprenger,
Fabio Eduardo da Costa, Anselmo Feher, Pablo A. Salvador Vásquez, Nelson M. Omi,
Leonardo G. Andrade Silva, Fabiana F. Lainetti, Renato Racher Gaspar, Paulo
Roberto Rela e Maria Helena Sampa.
Além da AIEA, o projeto vencedor é
apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelo
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTIC), pela
Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP/MCTIC), pela Nuclebrás Equipamentos
Pesados (NUCLEP) e pelo próprio IPEN/CNEN.
-----