Workshop com instrutores da AIEA consolida política institucional para a cultura da segurança nuclear
Ao longo da semana, servidores da CNEN e representantes de empresas estiveram reunidos em São Paulo, para workshop com instrutores internacionais. Evento, que se encerrou hoje, foi organizado pela Diretoria de Segurança do IPEN.
A cultura de segurança na área nuclear é definida como o conjunto de diretrizes específicas para segurança nuclear e proteção radiológica, com vistas a minimizar os riscos associados ao emprego das radiações ionizantes para fins pacíficos. No intuito de contribuir para maior proteção de seus servidores, da população em geral e do meio ambiente, o IPEN, unidade de pesquisa da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), promove treinamentos e cursos de capacitação em segurança de forma continuada.
Em parceria com a US Partnership for Nuclear Threat Reduction (PNTR) e a Civil Research and Development Foundation (CRDF Global), o IPEN, por meio de sua Diretoria de Segurança, realizou, ao longo desta semana, o "Workshop Nuclear Security Culture: Experience Sharing and Best Practice Exchange” (Workshop de Cultura de Segurança Nuclear: Compartilhamento de Experiências e Intercâmbio de Melhores Práticas, em tradução livre). O evento, realizado no Hotel Renaissance, em São Paulo, termina nesta sexta-feira, 24.
Dezoito servidores do Instituto participaram do workshop, que abordou três grandes temas na área de Segurança Nuclear: o conceito de segurança nuclear (NS) e cultura de segurança nuclear (NSC), a metodologia de auto-avaliação do NSC da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), e a melhoria e sustentabilidade da cultura de segurança nuclear.
"É política da Diretoria de Segurança reunir todo o conhecimento na área de proteção física distribuído nas diversas áreas do IPEN e concentrá-los para aplicar uma metodologia a fim de ampliar o conhecimento na cultura da proteção física do Instituto. E o workshop promoveu atividades e trabalhos em grupos utilizando-se da metodologia da AIEA”, afirmou Antônio Teixeira, diretor de Segurança do IPEN.
Teixeira se refere ao desenvolvimento de técnicas e habilidades na cultura de segurança da AIEA, publicadas na recém-lançada "Diretriz Técnica da IAEA para Auto-avaliação da Cultura de Segurança Nuclear em Instalações e Atividades” (Série de Segurança Nuclear No. 28). No Brasil, a elaboração de normas e procedimentos compete à CNEN, que é vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
"É muito importante para o IPEN conhecer essa metodologia voltada para o desenvolvimento da cultura de segurança e exemplos de países que a utilizaram com sucesso, como Indonésia e Bélgica”, complementou Teixeira, salientando que o workshop também foi a oportunidade de os servidores conhecerem o estágio da cultura de proteção física em empresas e instituições brasileiras.
Segundo Teixeira, foram convidadas empresas de todo o Brasil, inclusive a Eletrobrás Eletronuclear, o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), todos os institutos da CNEN, a CNEN sede e a Indústrias Nucleares do Brasil (INB).
Alto nívelPara Teixeira, o workshop "foi um sucesso pelo alto nível dos palestrantes e das palestras, pela aplicação de exercícios que levaram à melhor compreensão da metodologia da AIEA e pela possibilidade de uma grande integração entre os participantes das diversas organizações brasileiras presentes, que consideram o evento altamente produtivo, tanto nas informações apresentadas quanto na finalidade de aplicação da metodologia nas instituições”.
Momento certoPara Jorge Eduardo de Souza Sarkis, pesquisador do Centro de Lasers e Aplicações (CLA), "o olhar para esse curso está atrelado ao olhar que a instituição está tendo sobre a segurança nuclear”. O momento não poderia ser mais oportuno, segundo ele. "Mostra a iniciativa do IPEN em colocar a área da segurança nuclear com relevo, na pauta das discussões e ações internas. E o curso trata de uma etapa importante de qualquer processo, que é oself assessment, a auto-avaliação que nós temos do nosso programa e nossa área, visando identificando pontos fracos e ações de melhoria no sistema”.
Sarkis diz que essa reflexão é importante porque permite, identificando aspectos que precisam ser melhorados, estabelecer uma estratégia para o futuro com maior segurança e aderência aos princípios internacionais na área. "Nesse sentido, o curso vem numa hora importante, porque reúne profissionais do IPEN com experiência, que podem ser propagadores desses conceitos e, muito importante, profissionais que podem dar suporte à Diretoria de Segurança”, complementa o pesquisador, que trabalha há 20 anos com pesquisa e ensino na área de segurança nuclear e não está vinculado diretamente à área regulatória da DS.
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