IPEN é contemplado com R$ 13,6 milhões pelo Governo do Estado, em edital da FAPESP
Recursos serão destinados à capacitação científica, tecnológica e também para infraestrutura na área de radiações a serviço da saúde. Superintendente Wilson Calvo destaca parceria com a SEDCTI
O IPEN foi uma das instituições contempladas pelo Governo do Estado na chamada "Desenvolvimento Institucional de Pesquisa dos Institutos Estaduais de Pesquisa no Estado de São Paulo”, da FAPESP, com R$ 13,6 milhões e uma bolsa extra de Jovem Pesquisador destinados ao projeto "Capacitação Científica, Tecnológica e em Infraestrutura em Radiofármacos e Radiações a Serviço da Saúde”. Foram selecionadas 12 propostas, apresentadas por 19 institutos de pesquisa, aos quais serão disponibilizados R$ 120 milhões, conforme previsto no edital. A decisão final, após revisões, foi anunciada na quarta-feira, 28.
"O fato de estarmos entre os Institutos de maior arrecadação nesse edital evidencia a excelência de nossas pesquisas e muito nos orgulha. Felizmente, a FAPESP entendeu as nossas necessidades e reconsiderou a nossa proposta, liberando mais R$ 4 milhões”, afirmou Marcelo Linardi, diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Ensino do IPEN. Ele se refere à primeira decisão anunciada em 23 de novembro, quando a FAPESP cortou 50% dos recursos solicitados, destinando R$ 10 milhões ao Instituto, dos R$ 20 milhões previstos na proposta original, o que poderia comprometer as metas do projeto.
"Nós solicitamos recursos visando alguns serviços para incrementar a pesquisa no Centro de Radiofarmácia, que foram cortados sem justificativa, e também um Snom, microscópio sub-nano a laser, equipamento essencial para o desenvolvimento de novos radiofármacos. Na primeira decisão, a FAPESP negou, alegando que já havia esse equipamento no Estado de São Paulo. Mas o que já existe é um de resolução de 100 nano, nós queríamos um sub-nano, portanto, não é o mesmo. Então, pedimos reconsideração e um adicional de R$ 4 milhões, eles entenderam nossas necessidades e confirmaram o valor final”, explicou Linardi.
O Snom (do inglês Near-field Scanning Optical Microscopy) é essencial, segundo Linardi, porque é o único método óptico (portanto, não invasivo) com super-resolução que permite mapear o interior de uma molécula com resolução sub-nanométrica. "Como os novos radiofármacos de alta tecnologia são nano-estruturados, esse equipamento é essencial, é umapotente ferramenta para estudar detalhes de amostras biológicas, pois fornece imagens ópticas com resolução espacial nanométrica e informação topográfica simultaneamente”, salientou o diretor da DPDE.
Ainda de acordo com Linardi, só há dois equipamentos Snom no mundo, o do IPEN será o terceiro. "Para dar uma ideia do alto nível de caracterização que o equipamento fornece, os grupos de pesquisa que o utilizam publicam com relativa frequência na Revista Nature, uma das mais prestigiadas revistas científicas do mundo, com fator de impacto 40. Significa que nós, no IPEN, estaremos habilitados a publicar em revistas de alto impacto”, ressaltou, acrescentando que o Instituto estará à altura de dar essa resposta à sociedade. "Agora nós teremos condições técnicas para produzir trabalhos na área e radiofarmácia e nanotecnologia de alto nível”.
"O IPEN será muito beneficiado por mais esta oportunidade que o Governo do Estado de São Paulo oferece nessa importante ação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, com recursos da FAPESP. Esperamos avançar ainda mais na pesquisa e fomentar o empreendedorismo no Instituto, incentivando a transferência do conhecimento em produtos e serviços de valor agregado para o mercado. Temos aqui o Cietec, que é a entidade gestora da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo USP/IPEN, com exemplos de sucesso nessa área. Então, essa parceria com a Secretaria é de extrema importância para nós", salientou Wilson Calvo, superintendente do Instituto.
O edital lançado pela FAPESP teve como objetivo modernizar os institutos de pesquisa do estado que "necessitavam de uma injeção de recursos que lhes permitisse atualizar suas atividades”, segundo declarou o presidente da FAPESP, José Goldemberg, na ocasião do lançamento, em 25 de maio de 2017. "Por essa razão”, complementou, "além de contemplar a aquisição de equipamentos modernos, deu grande ênfase à capacitação de pessoal de alto nível científico e tecnológico, capaz de utilizar esses equipamentos adequadamente”.
Mais informações sobre o Projeto estarão disponíveis no Órbita IPEN, edição Março-Abril.
-----
Ana Paula Freire, jornalista MTb 172/AM