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IPEN estuda produção de resina especial para aplicação na odontologia restauradora

Objetivo da pesquisa é chegar a um produto que, aplicado nos dentes, seja potencialmente bactericida e proteja contra infecções

O Laboratório de Biomateriais Poliméricos, do Centro de Química e Meio Ambiente (CQMA) do IPEN, está desenvolvendo estudos para a produção de resinas poliméricas adicionadas de nanopartículas com atividade antibacteriana, aplicadas à odontologia restauradora. O objetivo da pesquisa é chegar a um produto que, aplicado nos dentes, seja potencialmente bactericida, proteja contra a formação de biofilmes e de cáries secundárias, e também da sensibilidade dolorosa pós-operatória, que podem até provocar alterações pulpares (infecção do tecido).

O testes estão sendo feitos utilizando nanopartículas de MMT (montmorilonita) carregadas de Metronidazol em uma matriz orgânica à base de BisGMA/TEGDMA (bisfenol glicidil metacrilato e Dimetacrilato de tri-etileno-glicol, respectivamente). Segundo a pesquisadora Duclerc Parra, coordenadora da pesquisa, materiais poliméricos vêm sendo utilizados na odontologia por quase 60 anos para restabelecimento estético e funcional dos elementos dentários, e representam os maiores progressos na Dentística Restauradora.

Parra ressalta que as resinas compostas à base de BisGMA/TEGDMA já são amplamente utilizadas para restaurações dentárias diretas, mas os resultados ainda permanecem insatisfatórios, apesar do desenvolvimento tecnológico desses materiais. O inconveniente está na contração de polimerização gerada pela aproximação dos monômeros (pequenas moléculas que podem se ligar a outros monômeros formando moléculas maiores denominadas polímeros) durante a formação da cadeia polimérica permanece como a grande desvantagem.

"É que essa contração volumétrica, associada ao aumento do módulo de elasticidade, pode gerar tensões na interface dente/restauração, levando ao insucesso das restaurações de compósitos com perda de integralidade. Isso porque a resina composta aplicada atualmente, quando inserida em uma cavidade dentária,estabelece uma competição entre as forças de contração de polimerização e a resistência de união à estrutura dentária, podendo ocorrer formação de fendas marginais e a subsequente infiltração marginal”, explica Parra.

Segundo a pesquisadora, se a união dente-restauração for resistente para suportar as tensões da contração de polimerização, pode haver fraturas coesivas na estrutura dentária. Como conseqüências das tensões que implicam o processo de polimerização, podem ocorrer surgimento de fendas entre o dente e a restauração, dor pós-operatória, desprendimento da resina depositada, deflexão de cúspides, entre outros.

"O problema ocasionado pela contração de polimerização é crítico, pois a resina composta deve conservar-se intimamente ligada à cavidade dentária enquanto ganha rigidez e diminui suas dimensões”, acrescenta Parra. A incorporação de nanopartículas em compósitos dentários é um dos avanços mais importantes dos últimos anos nesse campo, e podem melhorar algumas propriedades como a resistência ao desgaste, a retenção de brilho, o aumento do módulo, a resistência à flexão, à tração diametral e à fratura, e a redução da contração de polimerização.

"Nossa pesquisa visa justamente desenvolver nanocompósitos odontológicos à base de BisGMA/TEGDMA com atividade antimicrobiana utilizando nanopartículas de MMT carregadas de Metronidazol, ou seja, ou seja, uma resina que promova uma liberação de fármaco controlada. É um trabalho bem interessante, que tem despertado o interesse de professores da Faculdade de Odontologia da USP (FOUSP), pois estamos aplicando a biofilmes com bons resultados, o que, para eles, é inovador. O que fazemos é encapsular antibiótico na resina e analisar a formação de halo (disco de mortalidade celular) em placa de cultura de bactérias, isso indica a morte das bactérias”, concluiu Parra.

Participam da pesquisa a mestranda Tamiris Ribeiro e as pós-doutorandas Luiza Campos de Paiva Melo e Leticia Boaro. Os recursos para o projeto são do IPEN, da FAPESP e da CAPES.

A pesquisa completa, com metodologias e experimentos já realizados, estará em destaque na edição de Janeiro/Fevereiro do informativo Órbita IPEN.

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Ana Paula Freire, jornalista MTb172/AM
Assessoria de Comunicação Institucional


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